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Influência da composição corporal na aptidão física funcional de mulheres pós-menopáusicas

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UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

INFLUÊNCIA DA COMPOSIÇÃO CORPORAL NA APTIDÃO FÍSICA

FUNCIONAL DE MULHERES PÓS-MENOPÁUSICAS

Dissertação de Mestrado em Gerontologia: Atividade Física e Saúde no Idoso

PAULO MARCELO NOGUEIRA BARROS

Orientadora: Prof.ª Doutora Maria Helena Rodrigues Moreira

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UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

INFLUÊNCIA DA COMPOSIÇÃO CORPORAL NA APTIDÃO FÍSICA

FUNCIONAL DE MULHERES PÓS-MENOPÁUSICAS

Dissertação de Mestrado em Gerontologia: Atividade Física e Saúde no Idoso

PAULO MARCELO NOGUEIRA BARROS

Orientadora: Prof.ª Doutora Maria Helena Rodrigues Moreira

Composição do Júri:

__________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________

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Dissertação acadêmica apresentada para a obtenção do grau de Mestre em Gerontologia: Atividade Física e Saúde no Idoso, pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, sob a orientação da Prof.ª Doutora Maria Helena Rodrigues Moreira, da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.

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AGRADECIMENTOS

A DEUS, que sempre me deu forças para acreditar no meu sonho, iluminando a minha vida e guiando-me em meus caminhos.

Ao meu pai - Didi Barros - que não mediu esforços para me oferecer educação, motivando-me sempre e permeando os valores da humildade e da esperança. Se sou algo hoje, sem dúvidas que foi por teu cuidado e amor. Amo-te!!!

À minha orientadora - a Professora Doutora Maria Helena Rodrigues Moreira - que sempre me apoiou na construção do trabalho e no meu amadurecimento académico. Ser-lhe-ei eternamente grato, pois acreditou no meu sonho, quando nem eu acreditava mais. A minha eterna gratidão e afeto.

Aos meus familiares, que sempre me incentivaram e transmitiram boas energias e orações, fortalecendo-me nos momentos de dificuldade e de incerteza.

Aos meus grandes amigos Caveiras, que comigo sonharam, ajudaram e motivaram para avançar com o trabalho, procurando um constante enriquecimento académico.

A todas as pessoas que estiveram sempre ao meu lado e me incentivaram na conclusão desta etapa académica, o meu obrigado.

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vi

RESUMO

A menopausa marca a transição de uma fase reprodutiva para uma não reprodutiva, traduzindo-se no aumento dos níveis de adiposidade total e intra-abdominal e no agravamento da condição muscular e óssea da mulher, com consequências adversas na sua qualidade de vida e independência funcional. O presente estudo, desenvolvido com mulheres pós-menopáusicas, procurou analisar a influência da composição corporal no desempenho dos testes de aptidão física funcional.

A amostra incluiu 53 mulheres pós-menopáusicas, com média de idades de 69,116,80 anos. A composição corporal foi obtida com a bioimpedância tetrapolar (Maltron BF-906) e a aptidão física funcional foi avaliada através da bateria de testes de Rikli e Jones (2001). As mulheres obtiveram um valor médio de taxa metabólica basal (TBM) de 1104,89 kcal/dia e mais de metade da amostra ostentou níveis inferiores ou iguais a 1101 kcal/dia. Os valores médios de massa gorda (MG) e de perímetro da cintura (PC) foram, respectivamente, 37,98% e 94,24 cm, apresentando 81,1% das mulheres níveis elevados de adiposidade intra-abdominal. O desempenho nos testes de aptidão física funcional foi, na sua globalidade, classificado em muito fraco (levantar e sentar na cadeira; flexão do antebraço; levantar,

andar 2,44 m e voltar a sentar e, andar 6 minutos) e fraco (sentado e alcançar), tendo 71,7%

das mulheres alcançado um nível satisfatório no teste alcançar atrás das costas. A TMB, a %MG e a idade explicaram em 50,4% a variação do desempenho das mulheres no teste

levantar e sentar da cadeira. As mulheres mais velhas e com maior PC exibiram pior

resultado no teste alcançar atrás das costas (R2 Ajustado×100 = 37,7%). O desempenho no teste andar 6 minutos foi comprometido pela idade e pela presença de maiores níveis de %MG. As mulheres com TMB≤1101 kcal/dia exibiram uma melhor flexibilidade superior e melhor equilíbrio dinâmico, quando comparadas com as que tinham uma TMB superior ao valor de corte indicado. Em conclusão, os resultados sugerem que %MG influencia a variação da aptidão aeróbia e da força e resistência muscular ao nível dos membros inferiores. Esta relação não é independente da idade e, no segundo caso, também da TMB. Um maior gasto energético diário está associado a uma pior flexibilidade e equilíbrio dinâmico. A flexibilidade superior é influenciada pela adiposidade central e pela idade.

Palavras-chave: Menopausa, massa gorda, perímetro da cintura, aptidão física funcional, taxa metabólica basal.

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ABSTRACT

Menopause marks the transition from a reproductive to a non-reproductive phase, resulting in increased levels of total and intra-abdominal adiposity and worsening of the muscular and bone condition of the woman, with adverse consequences on her quality of life and functional independence.

The present study, developed with postmenopausal women, sought to analyze the influence of body composition on performance in functional physical fitness. The sample included 53 postmenopausal women, average age 69.116.80 years. The body composition was obtained with octopolar bioimpedance (Maltron BF-906) and the functional physical fitness was evalu-ated through the test battery of Rikli e Jones (2001). Women had an average value of the basal metabolic rate (TMB) of 1104.89 kcal/day and more than half of the sample shewed levels lower than or equal to 1101 kcal/day. The mean values of fat mass (MG) and waist circumfer-ence (WC) were, respectively, 37.98% and 94.24 cm, with 81.1% of women presenting high levels of intra-abdominal adiposity. The performance in the tests of functional physical fitness was, in its entirety, classified as very weak (Chair Stand Test, Arm Curl Test, 8-Foot

Up-And-Go Test, 6-Minute Walk Test) and weak (Chair Sit-And-Reach Test), with 71.7% of women

achieving a satisfactory level in the Back Stratch Test. The BMR, %FM and age accounted for 50.4% of the variation in the performance of the women in the Chair Stand Test. Older women with higher WC had worse results in the Back Strach Test (Adjusted R Square×100= 37.7%). The performance in the 6-minute walk test was compromised by age and by the pres-ence of higher levels of %FM. Women with BMR ≤1101 kcal/day exhibited better superior flexibility and better dynamic balance, as compared to those with a BMR higher than the indi-cated cutoff value.

In conclusion, our results suggest that %FM influences the variation of aerobic fitness and muscle strength and endurance at the level of the lower limbs. This relationship is not inde-pendent of age and, in the second case, also of TMB. A higher daily energy expenditure is associated with a worse less flexibility and dynamic balance. Superior flexibility is influenced by central adiposity and age.

Key words: Menopause, fat mass, waist circumference, functional physical fitness, basal metabolic rate.

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ÍNDICE GERAL

AGRADECIMENTOS ... v

RESUMO ... vi

ABSTRACT ... vii

ÍNDICE GERAL ... viii

ÍNDICE DE FIGURAS ... ix

ÍNDICE DE TABELAS ... x

LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS, SÍMBOLOS OU ACRÓNIMOS ... xi

CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO ... 1

CAPÍTULO 2 – REVISÃO DA LITERATURA ... 3

2.1. TERMINOLOGIA ASSOCIADA À MENOPAUSA ... 3

2.2. COMPOSIÇÃO CORPORAL NA MULHER PÓS-MENOPÁUSICA ... 4

2.2.1 ADIPOSIDADE TOTAL E CENTRAL ... 5

2.2.2 CONDIÇÃO MUSCULAR ... 5

2.2.4 AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL ATRAVÉS DA BIOIMPEDÂNCIA TETRAPOLAR MALTRON BF-906 ... 7

2.3. APTIDÃO FÍSICA FUNCIONAL NA PÓS-MENOPAUSA ... 8

2.3.1 CONCEITO DE APTIDÃO FÍSICA FUNCIONAL ... 8

2.3.2 AVALIAÇÃO DA APTIDÃO FÍSICA FUNCIONAL ATRAVÉS DA BATERIA DE TESTES DE RIKLI & JONES (2001) ... 8

2.3.3 RELAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL COM A APTIDÃO FÍSICA FUNCIONAL DE MULHERES PÓS-MENOPÁUSICAS ... 12

CAPÍTULO 3 – METODOLOGIA ... 13

3.1. DESENHO DE ESTUDO ... 13

3.2 AMOSTRA ... 13

3.3. FORÇA DE PREENSÃO MANUAL... 13

3.4. ANTROPOMETRIA/COMPOSIÇÃO CORPORAL ... 14

3.5. APTIDÃO FÍSICA FUNCIONAL ... 15

3.6. ANÁLISE ESTATÍSTICA ... 15

CAPÍTULO 4 – APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS ... 17

CAPÍTULO 5 – DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ... 22

CAPÍTULO 6 – CONCLUSÕES ... 26

CAPÍTULO 7 – PROPOSTA DE ESTUDOS FUTUROS ... 27

REFERÊNCIAS ... 28

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ÍNDICE DE FIGURAS

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ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 2.1 – Sequência de aplicação dos testes de aptidão física funcional de Rickli & Jones (2001), sua designação elementos avaliados. ... 9 Tabela 2.2 - Classificação de desempenho das mulheres nos testes de aptidão física funcional de Rikli & Jones (2001). ... 10 Tabela 4.1 – Análise descritiva da amostra (n=53). 17

Tabela 4.2 - Classificação de algumas variáveis nos dois géneros. ... 18 Tabela 4.3 – Análise da associação dos testes de aptidão física funcional com outras variáveis consideradas no estudo. ... 20 Tabela 4.4 – Regressões lineares múltiplas stepwise desenvolvidas no estudo em função das associações registradas na Tabela 4.3. ... 20 Tabela 4.5 – Confrontação dos valores médios (Levantar, Andar 2,44 m e Voltar a Sentar) e de tendência central (Sentado e Alcançar e Levantar e Sentar na Cadeira) na amostra, em função dos grupos de taxa metabólica basal definidos no estudo (TBM≤ 1101 kcal/dia e TMB> 1101 kcal/dia). ... 21

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xi

LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS, SÍMBOLOS OU ACRÓNIMOS

ACSM American College of Sports Medicine

ALT Altura

IC Indicador de condição IL-6 Interleucina 6

IMMA Índice de massa muscular apendicular

IMS International Menopause Society

MG Massa gorda

MMA Massa muscular apendicular

NAMS North American Menopause Society

P Peso

PC Perímetro da cintura

PV Proporção da variação de cada um dos coeficientes de regressão estimados r Grau de correlação das variáveis independentes

TH Terapia hormonal

TMB Taxa metabólica basal TNF-α Fator de necrose tumoral alfa

tol Tolerância

VIF Fator de inflação da variância

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1

CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO

Com o aumento da expectativa de vida, principalmente nas mulheres, a comunidade científica voltou seus olhos a essa fração da população, existindo uma preocupação crescente com a promoção da sua qualidade de vida. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - PNAD, a quantidade de idosos no Brasil passou de 9,7%, em 2004, para 13,7%, em 2014, sendo a faixa etária que mais cresceu na população brasileira, sendo constituída na sua maioria por mulheres (IBGE, 2015).

Na pós-menopausa a composição corporal da mulher sofre alterações significativas, elevando-se os níveis de adiposidade total e central e diminuindo as componentes da massa magra (Messier et al., 2011; Kuczmarski, Weddle, & Jones, 2010), favorecendo a perda gradativa da aptidão funcional (Kotronen et al., 2011; Seo et al., 2009). Estas mudanças da composição corporal comprometem a autonomia e a qualidade de vida desta população, refletindo-se no aumento do risco de queda, da morbilidade e da institucionalização. Atentar para essas particularidades do envelhecimento, bem como desenvolver políticas públicas e programas de exercício que atendam às necessidades específicas dessas idosas, constitui uma prioridade.

Os estudos que analisam a relação da aptidão física funcional com a composição corporal são ainda limitados na literatura (Mazo, Külkamp, Lyra, & Prado, 2006; Rech, Cruz, Araújo, Kalinowski, & Dellagrana, 2010). O entendimento de como a composição corporal pode afetar a capacidade da mulher em desenvolver as suas atividades do dia a dia de forma autônoma revela-se muito importante no desenvolvimento e monitorização de programas de exercício nesta etapa do climatério e no reforço da adesão de um estilo de vida saudável, ajudando a mulher a tornar-se um agente ativo na promoção do seu bem-estar. Neste contexto, o objetivo deste estudo foi analisar a influência de algumas componentes da massa corporal na variação do desempenho de alguns testes de aptidão física funcional em mulheres com amenorreia permanente e sem menopausa precoce.

A presente dissertação está estruturada em sete capítulos, iniciando-se com uma análise do estado da arte acerca da temática analisada. O Capítulo 2, expõe alguma terminologia associada à menopausa, as alterações da composição corporal associadas à depleção estrogénica e a sua relação com a aptidão física funcional. No Capítulo 3, é apresentada a metodologia de trabalho, sendo descritos os instrumentos e os procedimentos implementados na recolha dos dados. Os resultados são apresentados e discutidos,

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2 respetivamente, nos Capítulos 4 e 5, sendo o Capítulo 6 reservado à exibição das conclusões do estudo e, o Capítulo 7, à apresentação de algumas propostas de estudo futuro.

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3

CAPÍTULO 2 – REVISÃO DA LITERATURA

2.1. TERMINOLOGIA ASSOCIADA À MENOPAUSA

A menopausa é caracterizada, segundo a Organização Mundial de Saúde (1996), como a interrupção permanente da menstruação, decorrente da ausência de atividade folicular ovariana. Tem como característica o período de 12 meses consecutivos de amenorreia, quando ocorre de forma natural, e acontece habitualmente entre os 48 e os 55 anos, com uma média de instalação de 51 anos.

O CLIMATÉRIO espelha a transição do período reprodutivo para um não reprodutivo e inclui a PERIMENOPAUSA. Esta engloba o período de transição da menopausa e o primeiro ano após a instalação da amenorreia permanente. O termo TRANSIÇÃO DA MENOPAUSA identifica o período imediatamente antes do final do período menstrual, em que a duração do ciclo menstrual sofre grandes alterações (7 ou mais dias de intervalo entre ciclos menstruais consecutivos no estádio inicial e, depois, igual ou superior a 60 dias no espaço de 1 a 3 anos antes da menopausa) (Harlow et al., 2012). As mudanças endócrinas que ocorrem neste período refletem-se no aparecimento de vários sintomas (afrontamentos, dores musculares e articulares, atrofia urogenital, entre outros), com um impacto importante na saúde e na qualidade de vida da mulher (Barrett-Connor & Bush, 1993).

A menopausa é classificada como NATURAL, se a perda da atividade folicular sobrevém após 12 meses consecutivos de amenorreia e se ocorreu sem causa patológica óbvia; ou CIRÚRGICA se resulta da remoção cirúrgica dos dois ovários (ooforectomia

bilateral) ou da adulteração da função ovárica, decorrente de fatores externos como a radiação ou a quimioterapia (Utian, 2004).

A menopausa também pode ser classificada de ANTECIPADA, quando ocorre aos 45 anos ou menos, advindo numa idade inferior à média estabelecida para a menopausa natural (51,4 anos) ou PRECOCE, quando sucede numa idade inferior a 40 anos, independentemente da sua natureza (NAMS, 2010). Vários fatores podem desencadear um aparecimento mais cedo da menopausa. De entre esses fatores, destacamos a presença de hábitos tabágicos (Bromberger et al., 1997; Kato et al., 1998), a etnia (mulheres afro-americanas mais sensíveis que as caucasianas), a presença de um número limitado de gravidezes de termo (Kato et al., 1998), a existência de ciclos menstruais inferiores a 28 dias e irregularidade dos mesmos na idade entre 20 e 35 anos (Bromberger et al., 1997; WHO, 1996). Segundo Tremollieres,

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4 Pouilles e Ribot (1996) e Svendsen, Hassager e Christiansen (1995), com o aumento do tempo de menopausa, a massa gorda total e do tronco da mulher tende a aumentar, contudo, o estudo desenvolvido por Moreira e Sardinha (2003) não documentou alteração da massa gorda abdominal interna em função dos anos de menopausa exibidos pela mulher.

Na mulher pós-menopáusica, a diminuição da produção endógena de hormonas gonodais e/ou deficiência hormonal por reflexo de intervenções cirúrgicas gera habitualmente a prescrição clínica de terapia hormonal (Castro, 1998). A terapia hormonal (TH) pode ser administrada por diversas vias (intra-uterina, oral ou transdérmica), podendo variar nas dosagens relativas ao progestágenio e ao estrogénio bem como no grau de androgenecidade da primeira componente, com resultados diferenciados nos níveis de triglicéridos e do colesterol das lipoproteínas de elevada densidade (Tikkanen, 1999). O tratamento hormonal quando administrado, obedecendo ás particularidades individuais de cada mulher, contribui para o combate dos sintomas do climatério (ressecamento vaginal, ondas de calor, atrofia urogenital, entre outros) e de alterações sistémicas ocasionadas pela diminuição dos níveis de progestágenio e estrogénio (osteoporose, doenças cardiovasculares e metabólicas, sarcopenia, etc.). Devemos considerar que a TH deve ser um elemento integrante de uma estratégia global de intervenção, podendo agir em sinergia com a dieta, a prática regular de exercício físico, o controlo no consumo de álcool, entre outros (De Villiers et al., 2013a; De Villiers et al., 2013b).

2.2. COMPOSIÇÃO CORPORAL NA MULHER PÓS-MENOPÁUSICA

As transformações no funcionamento ovariano causadas pelo abatimento da produção estrogénica, concorrem para alterações significativas na composição corporal da mulher pós-menopáusica, ampliando os níveis de adiposidade total e central e comprometendo a sua condição muscular e óssea (Messier et al., 2011; Kuczmarski et al., 2010). Segundo Moreira e Sardinha (2003), essa transformação na condição adiposa acontece em sinergia com as alterações no metabolismo, independentemente da idade, do tempo e da natureza da menopausa (induzida ou natural). A acumulação de massa gorda, principalmente intra-abdominal, associada a um estilo de vida sedentário, geram o desenvolvimento de doenças relacionadas á inatividade física, caracterizado pela manifestação de várias condições crónicas de saúde, entre as quais se incluem a diabetes, o cancro, a demência, entre outras (Pedersen, 2009).

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5 2.2.1 ADIPOSIDADE TOTAL E CENTRAL

O processo de envelhecimento associado à menopausa desencadeia diversas transformações na composição corporal da mulher (Kuczmarski et al., 2010). O hipoestrogenismo interfere ativamente no padrão de distribuição da adiposidade, gerando uma topografia corporal do tipo androide, resultado da ação mais acentuada da lipoproteína lipase nos adipócitos viscerais (Pedersen, 2009).

Os maiores níveis de massa gorda na mulher são atingidos entre os 50 e os 60 anos (Chumlea et al., 2002), podendo ser agravados pela presença de vários fatores, entre os quais se enquadram a privação de sono, a depressão, o sedentarismo ou o limitado nível de escolaridade (Baber et al., 2016). O aumento da adiposidade central, parece ser o fator determinante para o desenvolvimento da resistência insulínica e para o aparecimento/agravamento da diabetes tipo 2 (Lobo et al., 2014). Segundo Zain e Alex (2015) as mulheres obesas tendem a manifestar mais sintomas vasomotores, devido ao efeito isolante térmico da camada de gordura. Ainda não há um consenso sobre se a menopausa é a principal vilã para as mudanças que ocorrem na deposição de gordura corporal, mas, de acordo com Teede, Lombard e Deeks (2010), essa condição parece alterar o metabolismo do tecido adiposo, interagindo de maneira diferente nas regiões glútea e abdominal, favorecendo a distribuição centralizada da massa gorda.

Segundo a International Menopause Society (IMS), a TH prescrita nos primeiros anos da menopausa natural, pode contribuir para o alívio das dores musculares e articulares, melhorando os níveis de humor e a atividade sexual da mulher. Também contribui para a redução do risco de fratura e para a preservação da saúde dos tendões (maior presença de fibrilas), melhorando os problemas osteoarticulares comuns nesta etapa do climatério (Baber

et al., 2016). Ainda em consenso com os autores já citados, a TH também parece ajudar na

redução de problemas cognitivos como Alzheimer, além de prevenir/melhorar possíveis patologias endócrinas e metabólicas (Lobo, 2016).

2.2.2 CONDIÇÃO MUSCULAR

A definição do declínio da massa muscular decorrente do envelhecimento foi criada em 1989 por Rosenberg, oriunda do grego sarx (carne) e penia (perda). Segundo Clark & Taylor (2011), a cada 5 anos depois dos 65 anos de idade, a redução da força muscular

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6 encontra-se entre 4,5% e 5,5%, comprometendo a massa muscular e a ativação dos neurónios motores pelo sistema nervoso. Essa condição manifesta-se pela influência de vários elementos dentre os quais se destacam o envelhecimento, nutrição inadequada, caquexia, distúrbios hormonais, bem como reduzidos níveis de atividade física habitual (Cruz-Jentoft et al., 2010). A perda progressiva da massa muscular esquelética pode traduzir-se em relevantes problemas de saúde para a mulher, incrementando o risco de osteoporose e de fratura osteoporótica (Boirie, 2009). Quando a sarcopenia coabita com elevados níveis de adiposidade gera grande comprometimento da aptidão física funcional da mulher pós-menopáusica (Moreira et al., 2008). Mais um evidente problema relacionado com a sarcopenia é o medo de cair, que antecede o ato real da queda, afetando a confiança da idosa e favorecendo o isolamento social e a restrição dos níveis de atividade física habitual (Trombetti et al., 2016).

2.2.3 CONDIÇÃO ÓSSEA

No que diz respeito à condição óssea, as hormonas estrogénicas estão de forma geral, relacionadas com a produção de colagénio, mais precisamente do colagénio do tipo I, presente nos músculos, ossos, pele, vasos e mucosas. A ausência de estrogénio por longos períodos pode desencadear quadros de osteopenia e de osteoporose (Silva, Sauerbronn, & Romito, 2006). Em condições hormonais normais, o processo de formação e de reabsorção óssea é equilibrado e não causa prejuízos da massa óssea. No entanto, na ausência do estrogénio, o equilíbrio é perdido e a reabsorção óssea supera a formação, favorecendo a fragilidade e aumentando o risco de fratura osteoporótica (Dawson-Hughes, Fuleihan, & Clark, 2013). Ainda de acordo com os autores, essa condição osteoporótica prejudica a qualidade de vida da mulher, além de gerar grandes riscos de saúde, como fraturas decorrentes de quedas, que são potencializadas pela perda gradual de massa muscular esquelética nesta fase do climatério.

Em contrapartida, a saúde óssea está diretamente relacionada aos níveis de atividade física, nutrição e outros aspetos associados ao estilo de vida, entre os quais se incluem os hábitos tabágicos. Outros fatores como o treino de força, exercícios com o suporte ativo do peso (dança, saltar à corda, corrida, etc.) podem atenuar a perda de massa óssea associada ao processo de envelhecimento e à menopausa e minimizar o risco de fratura (Dawson-Hughes et

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7

2.2.4 AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL ATRAVÉS DA

BIOIMPEDÂNCIATETRAPOLAR MALTRON BF-906

A bioimpedância é um método não invasivo e prático de avaliação da composição corporal. A avaliação ocorre pela passagem de corrente elétrica através do corpo do indivíduo, por intermédio dos elétrodos. Com esse processo, pode-se predizer a massa isenta de gordura e a água corporal total, bem como a sua distribuição no meio intracelular e extracelular. Em contrapartida, a massa gorda oferece maior oposição à condução da carga elétrica (Heyward & Wagner, 2004).

A bioimpedância tetrapolar Maltron BF-906 (Maltron International Ltd., UK) é composta por 4 elétrodos, sendo colocados na mão e, os outros dois, no pé do lado direito do corpo do indivíduo (Figura 2.1). O sujeito é posicionado em decúbito dorsal sobre uma superfície não condutora de eletricidade, tendo os membros superiores e inferiores ligeiramente afastados. Dos 4 elétrodos que compõem o equipamento, dois deles são elétrodos estimuladores ou distais (posicionados na articulação dos metacarpos com as falanges e na articulação dos metatarsos com as falanges) e, os outros dois, eléctrodos sensores ou proximais (colocados nos processos estilóides do rádio e do cúbito e nos maléolos do perónio e da tíbia (Heyward & Wagner, 2004). Os eléctrodos são colocados transversalmente às fibras musculares e ligados por material recomendado pelo fabricante do analisador de bioimpedância.

Figura 2.1– Aparelho de bioimpedância Maltron BF-906.

A precisão desta avaliação impõe a satisfação de algumas normas de preparação entre as quais se incluem as seguintes (Heyward & Wagner, 2004): não consumir álcool 48 horas antes da avaliação e restringir a prática de exercício de intensidade moderada a vigorosa nas

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8 12 horas precedentes à sua realização. O sujeito também não deverá comer ou beber 4 horas antes e deverá urinar cerca de 30 minutos antes da realização da avaliação. O teste não deverá ser efetuado na presença de um estado de desidratação e devem ser removidos, para efeitos de avaliação, todos os adereços em metal (relógios, brincos, etc.)

A validade deste equipamento de bioimpedância na estimação da percentagem de massa gorda é documentada por Both, Matheus, e Behenck (2015) em homens adultos, com idades compreendidas entre os 18 e os 30 anos, tendo sido utilizado como método de referência a pesagem hidrostática.

2.3. APTIDÃO FÍSICA FUNCIONAL NA PÓS-MENOPAUSA

2.3.1 CONCEITO DE APTIDÃO FÍSICA FUNCIONAL

A aptidão funcional é, de forma genérica, caracterizada pela competência em executar as atividades habituais com autonomia e sem fadiga em excesso, espelhando-se na melhoria da qualidade de vida da população idosa (Botelho, 1999; Rikli & Jones,1999). A aptidão física funcional inclui várias componentes como a aptidão cardiorrespiratória, a aptidão muscular (flexibilidade e força) e a composição corporal.

2.3.2 AVALIAÇÃO DA APTIDÃO FÍSICA FUNCIONAL ATRAVÉS DA BATERIA DE TESTES DE RIKLI & JONES (2001)

Essa bateria de avaliação inclui sete testes que devem ser executados numa determinada ordem, após a realização de um aquecimento prévio (Rikli & Jones, 2001). A referida bateria é bem aceite na comunidade científica, sendo amplamente referenciada na literatura (Elias, Gonçalves, Moraes, Moreira, & Fernandes, 2012; Alves, Mota, Costa, & Alves, 2004; Biel, 2011). Os testes avaliam a força muscular dos membros superiores e inferiores, flexibilidade superior e inferior, aptidão aeróbia e velocidade, agilidade e equilíbrio dinâmico (Quadro 2.1).

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9 Tabela 2.1 – Sequência de aplicação dos testes de aptidão física funcional de Rickli & Jones (2001), sua designação elementos avaliados.

Sequência Designação do Teste Avaliação

1 Levantar e Sentar na Cadeira Força e Resistência Muscular dos Membros Superiores 2 Flexão do Antebraço Força e Resistência do Membro Superior Dominante

3 Estatura e Peso Índice de Massa Corporal

4 Sentado e Alcançar Flexibilidade Inferior

5 Sentado, Caminhar 2,44 m e Voltar a Sentar Velocidade, Agilidade e Equilíbrio Dinâmico

6 Alcançar Atrás das Costas Flexibilidade Superior

7 Andar 6 Minutos ou Step Test 2 Minutos Aptidão Aeróbia

LEVANTAR E SENTAR NA CADEIRA

Objetivo do teste: Avaliar a força e a resistência dos membros inferiores.

Equipamentos: Cadeira encostada a uma parede (com encosto, sem braços e 43 cm de altura até ao assento) e cronómetro.

Procedimento: O teste é iniciado com a participante sentada da cadeira, com costas direitas, pés afastados à largura dos ombros e braços cruzados ao peito. Em seguida, a avaliada levanta-se realizando a extensão completa dos membros inferiores, e depois retorna a sentar, com o objetivo de realizar o maior número de repetições em 30 segundos.

FLEXÃO DO ANTEBRAÇO

Objetivo do teste: Avaliar a força e a resistência do membro superior dominante.

Equipamento: Cronómetro, cadeira encostada à parede (com encosto, sem braços e 43 cm de altura até ao assento) e haltere de 2,77 kg.

Procedimento: Participante sentada e com as costas eretas e juntas ao encosto da cadeira. Segurando o haltere com o membro superior dominante em extensão e solicitado para executar o maior número de flexões do antebraço sobre o braço durante 30 segundos.

(21)

10 Objetivo do teste: Avaliar a flexibilidade do membro inferior escolhido.

Equipamento: Cadeira (com encosto, sem braços e 43 cm de altura) e uma régua de 50 cm. Tabela 2.2- Classificação de desempenho das mulheres nos testes de aptidão física funcional de Rikli & Jones (2001). Percentil Idades 60-64 65-69 70-74 75-79 80-84 85-89 90-94 LEVANTAR E SENTAR NA CADEIRA (n=595) (n=1027) (n=1240) (n=937) (n=502) (n=205) (n=141) 10 9 9 8 7 8 5 2 25 12 11 10 10 9 8 4 50 15 14 13 12 11 10 8 75 17 16 15 15 14 12 11 90 20 18 18 17 16 15 14 FLEXÃO DO ANTEBRAÇO (n=598) (n=1034) (n=1255) (n=953) (n=519) (n=229) (n=146) 10 10 10 9 8 8 7 6 25 13 12 12 11 10 10 8 50 16 15 15 14 13 12 11 75 19 18 17 17 16 15 13 90 22 21 20 20 18 17 16 SENTADO E ALCANÇAR (n=591) (n=1027) (n=1250) (n=954) (n=514) (n=332) (n=151) 10 -7,6 -7,6 -8,9 -10,2 -11,4 -11,4 -17,8 25 -1,3 -1,3 -2,5 -3,8 -5,1 -6,4 -11,4 50 5,1 5,1 3,8 2,5 1,3 -1,3 -5,1 75 12,7 11,4 10,2 8,9 7,6 6,4 2,5 90 17,8 16,5 15,2 14 12,7 11,4 8,9 S, C 2,44 M E V A SENTAR (n=594) (n=1033) (n=1244) (n=938) (n=497) (n=305) (n=148) 10 6,7 7,1 8,0 8,3 10,0 11,5 13,5 25 6,0 6,4 7,1 7,4 8,7 9,6 11,5 50 5,2 5,6 6,0 6,3 7,2 7,9 9,4 75 4,6 4,8 4,9 5,2 5,7 6,2 7,3 90 3,7 4,5 4,0 4,3 4,4 5,1 5,3 ALCANÇAR ATRAS DAS COSTAS (n=592) (n=1030) (n=1246) (n=946) (n=517) (n=323) (n=148) 10 -14,0 -15,2 -16,5 -19,1 -20,3 -25,4 -29,2 25 -7,6 -8,9 -10,2 -12,7 -16,0 -17,8 -20,3 50 -1,3 -2,5 -3,8 -5,1 -6,4 -10,2 -11,4 75 3,8 3,8 2,5 1,3 0 -2,5 -2,5 90 10,2 8,9 7,6 7,6 6,4 5,1 5,1 ANDAR 6 MINUTOS (n=356) (n=617) (n=728) (n=513) (n=276) (n=152) (n=79) 10 453 402 386 334 283 238 178 25 498 457 439 393 352 311 251 50 553 528 503 466 421 389 320 75 606 588 562 535 494 456 402 90 649 636 617 599 558 544 475

Procedimento: Com o indivíduo sentado na borda da cadeira e com a perna escolhida totalmente estendida é-lhe solicitado para realizar a flexão anterior do tronco, procurando alcançar com a ponta dos dedos a ponta do pé da perna em extensão. O resultado é considerado positivo, se o indivíduo conseguir ultrapassar com as mãos os dedos dos pés; ou

(22)

11 negativo, senão conseguir alcançar até aos dedos dos pés. O mesmo será nulo se alcançar a ponta do pé.

ALCANÇAR ATRÁS DAS COSTAS

Objetivo do teste: Avaliar a flexibilidade dos membros superiores. Equipamento: Régua de 50 cm.

Procedimento: Com o indivíduo em pé, o mesmo deve tentar aproximar os dedos médios das mãos o máximo possível, atrás das costas. Não é permitido puxar e nem segurar os dedos. A pontuação será a medição da distância (cm) entre os dedos médios das mãos, podendo o resultado ser positivo (distância da sobreposição dos dedos) ou negativo (distância mais curta entre os dedos médios). Será contabilizada a melhor execução de duas tentativas.

SENTADO, CAMINHAR 2,44 M E VOLTAR A SENTAR

Objetivo do teste: Avaliar a velocidade, agilidade e o equilíbrio dinâmico.

Equipamento: Cadeira (com encosto, sem braços e 43 cm de altura até ao assento), cronómetro, fita métrica e cone sinalizador (2,44 de distância entre a parte anterior do cone e a cadeira).

Procedimento: Com o avaliado sentado na cadeira, com os pés na largura dos ombros e as mãos apoiadas nas coxas. Ao sinal de “partida” o avaliado tem que se levantar e andar o mais rápido possível, contornando o cone e volta a sentar-se na cadeira. São realizados dois ensaios e contabilizado o melhor. O cronómetro é acionado ao sinal de “partida” e é parado quando o avaliado se senta na cadeira.

ANDAR 6 MINUTOS

Objetivo do teste: Avaliar a resistência aeróbia.

Equipamento: Percurso retangular com 46 m (marcar 10 troços com 4,57 m); Identificadores do número de voltas (para dar aos avaliados), cronómetro, 10 Cones, cadeiras (para repouso) e fita métrica.

Procedimento: O teste consiste em percorrer um trajeto previamente estabelecido. Ao sinal de “largada” a avaliação começa tendo os avaliados de percorrer os cones o mais rápido possível sem correr. Cada volta será contabilizada pelo avaliador que ficará dentro do retângulo, avisando os participantes quando metade do tempo estiver cumprido e quando faltarem dois minutos para o fim do teste. Os participantes podem parar e descansar nas

(23)

12 cadeiras, mas o tempo não será parado. Após o término do teste, o avaliador irá contabilizar a distância percorrida por cada indivíduo.

2.3.3 RELAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL COM A APTIDÃO FÍSICA FUNCIONAL DE MULHERES PÓS-MENOPÁUSICAS

O processo de envelhecimento na mulher como já foi citado anteriormente, está associado a diversas mudanças fisiológicas, sociais e principalmente na composição corporal que refletem negativamente na qualidade de vida e independência dessa população (Canning, Brown, Jamnik, & Kuk, 2014; Gadelha et al., 2016). Tais transformações também parecem estar relacionadas a alterações na funcionalidade dos indivíduos. O aumento dos depósitos de gordura e circunferência abdominal, estão associados com a mobilidade reduzida em idosos (Ensrud et al., 1994; Jenkins, 2004). Corroborando com as ideias supracitadas, alguns trabalhos já documentaram a relação inversa entre o excesso de peso com índices de funcionalidade em pessoas com idade avançada (Mazo et al., 2006; Barbosa, Souza, Lebrão, & Marucci, 2007; Sarkisian et al., 2000; Villareal, Banks, Siener, Sinacore, & Klein, 2004; Blaum, Xue, Michelon, Semba, & Fried, 2005).

Essas transformações também impactam a biomecânica de locomoção, pois com o aumento excessivo da adiposidade central, o centro de gravidade é alterado, desencadeando uma sobrecarga postural anterior e alterando os padrões de marcha e equilíbrio, influenciando na aptidão funcional dos mesmos (Del Porto, H., Pechak, C., Smith, D., Reed-Jones, R. (2012). A redução das reservas fisiológicas, adoção de hábitos sedentários e o gradativo comprometimento funcional, repercutem nos sistemas de forma generalizada, ocasionando a fragilidade do indivíduo, favorecendo a perda de autonomia e qualidade de vida, bem como aumentando os riscos de mortalidade (Mazo et al., 2006).

(24)

13

CAPÍTULO 3 – METODOLOGIA

3.1. DESENHO DE ESTUDO

Os dados desta investigação, de natureza transversal, foram obtidos na cidade de Quixadá (Ceará, Brasil). A referida pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética para Seres Humanos do Centro Universitário Católica de Quixadá (Unicatólica), Ceará, CE, Brasil com o registro nº 1.793.710 (Anexo 1). Foram desenvolvidas várias ações de dinamização do programa de exercício, incluindo publicidade, cartazes, palestras e divulgações volantes, tendo todos os elementos da amostra integrado voluntariamente a pesquisa.

O estudo atendeu aos procedimentos descritos na declaração de Helsinki (WMA, 2008), bem como as recomendações do Conselho Nacional de Saúde (CNS) Resolução 466/12, tendo sido obtido de todas as participantes o termo de consentimento informado assinado (Anexo 2). A cada uma delas, foi atribuído um código, com o objetivo de salvaguardar o estatuto de confidencialidade dos dados. As avaliações foram conduzidas no Laboratório de Cineantropometria da UNICATÓLICA - Centro Universitário Católica de Quixadá (Ceará, Brasil), por dois técnicos previamente treinados para o efeito e supervisionados pelo responsável do projeto de investigação.

3.2 AMOSTRA

A amostra incluiu 53 mulheres pós-menopáusicas (Harlow et al., 2012), com média de idades de 69,116,80 anos. Os critérios de inclusão na amostra foram observados através da aplicação de um questionário (Anexo 3), sendo os mesmos os seguintes: (1) ausência de menopausa precoce (Shuster et al., 2010); (2) não existência de doença cardiovascular (sintomas de angina de peito ou de enfarte no miocárdio nos últimos 3 meses); (3) inexistência de hipertensão descontrolada (pressão arterial sistólica superior a 200 mmHg e diastólica superior a 105 mmHg); (4) inexistência de limitações músculo-esqueléticas passíveis de condicionarem a sua participação no exercício ou serem exacerbadas pela sua concretização e (5) não utilizadoras de medicamentos betabloqueadores ou anti-arritmicos.

3.3. FORÇA DE PREENSÃO MANUAL

A avaliação da força de preensão manual foi realizada com o dinamómetro E-Clear® modelo EH101 (Cei Technology, Taoyuan City, Taiwan), já utilizado em outro trabalho por

(25)

14 Santos, Fernandes, Casotti, Coqueiro e Carneiro (2014). Nesta avaliação, foi considerado o protocolo descrito por Roberts et al. (2011). Assim, foi solicitado ao indivíduo para se sentar numa cadeira com suporte de braços, colocando os seus antebraços sobre os mesmos. A pega do dinamómetro foi ajustada a cada participante e a base do equipamento foi suportado pela mão do avaliador, sem restringir a aplicação do maior nível de força por parte da executante. Foram obtidos de cada lado 3 medições, sendo considerado o melhor resultado das 6 medições realizadas.

3.4. ANTROPOMETRIA/COMPOSIÇÃO CORPORAL

A altura (ALT) foi medida em posição antropométrica, com o estadiómetro Sanny® ES 2020 (Sanny, Fortaleza, Brasil), sendo o resultado apreciado no final da inspiração profunda. O perímetro da cintura foi medido com a fita antropométrica Cescorf® (Cescorf Equipamentos para Esporte Ltda, Porto Alegre, Brasil), seguindo as orientações da OMS (WHO, 2003, 2008), sendo a fita posicionada na meia distância entre o topo da crista ilíaca direita e o bordo inferior da grelha costal. O peso (P), a massa gorda (MG) e a massa isenta de gordura foram avaliados através da bioimpedância de frequência simples tetrapolar Maltron® BF906 (Maltron International Ltd, Essex, UK), estando a precisão deste equipamento documentada na literatura (Both et al., 2015). Foram consideradas as seguintes normas de preparação: (1) estar em jejum; (2) não consumir álcool 48 antes do teste; (3) não realizar exercício de intensidade moderada a elevada nas 12 horas antes da avaliação; (4) não efetuar o exame perante a presença de um estado febril ou de desidratação; (5) não utilizar bijuterias metálicas ou implantes dentários com metal; (6) não ingerir café e; (7) realizar a avaliação em fato de banho ou roupa interior (Candia, 2007). Os elétrodos estimuladores ou distais foram posicionados na articulação dos metacarpos com as falanges e na articulação dos metatarsos com as falanges e, os eléctrodos sensores ou proximais, foram colocados nos processos estilóides do rádio e do cúbito e nos maléolos do perónio e da tíbia.

O indivíduo permaneceu em posição de decúbito dorsal, com os membros superiores ligeiramente afastados do tronco e os membros inferiores sem contactarem um com o outro. Foi aplicada ao corpo das participantes uma corrente elétrica de baixa intensidade (800 μA) e uma frequência de 50 KHz (Ferigolo, Trentim, & Confortin, 2012). A massa gorda relativa foi classificada de acordo com os critérios de Lohman & Going (1998), considerando-se existir obesidade para valores de MG≥ 35%. O valor de corte do PC foi de 80 cm (IDF, 2006). A taxa metabólica basal (TMB) foi estimada através da bioimpedância. A massa muscular

(26)

15 apendicular foi obtida através da equação: Massa muscular apendicular (MMA, kg) = 0,2487×P (kg) + 0,0483×ALT (cm) - 0,1584× Perímetro da Anca (cm) + 0,0732× Preensão Manual (kg) +2,5843 × Género + 5,8828. O índice de massa muscular apendicular (IMMA) foi obtido pela equação: IMMA= MMA (kg) / ALT2 (m). A classificação do IMMA foi feita

de acordo com os critérios definidos por Baumgartner (1998), considerando existir sarcopenia quando os valores de IMMA eram inferiores a 5,45 kg/m2.

3.5. APTIDÃO FÍSICA FUNCIONAL

Os parâmetros físicos relacionados com a mobilidade e o funcionamento independente foram apreciados através da bateria de testes de Rikli e Jones (2001), já utilizada na população brasileira (Mazo, Petreça, Sandreschi, & Benedetti, 2015) e validada internacionalmente (Rikli & Jones, 2001), sendo aplicados os seguintes testes: levantar e

sentar na cadeira (força e resistência dos membros inferiores), flexão do antebraço (força e

resistência do membro superior dominante), sentado e alcançar (flexibilidade do membro inferior preferencial), sentado, caminhar 2,44 m e voltar a sentar (velocidade, agilidade e equilíbrio dinâmico), alcançar atrás das costas (flexibilidade dos membros superiores) e

andar 6 minutos (aptidão aeróbia). A todas as participantes foi solicitado o uso de vestuário

desportivo confortável e a restrição da prática de exercício intenso no dia anterior.

A aplicação dos testes foi precedida de um aquecimento de 12 a 15 minutos (Anexo 4), sendo os testes de apreciação da aptidão muscular executados antes do teste de apreciação da aptidão aeróbia.

3.6. ANÁLISE ESTATÍSTICA

A análise estatística foi realizada com o Programa SPSS (versão 22 SPSS Inc, Chicago, Illinois, USA), sendo estabelecido um grau de significância estatística de 5%. Foram eliminados da amostra os sujeitos cujos valores das variáveis em estudo se situavam 3aQ abaixo do primeiro quartil e 3aQ acima do terceiro quartil. Os dados estão expressos em médiadesvio padrão, sendo exibida a respetiva amplitude. Com base na classificação de algumas variáveis (aptidão física funcional, perímetro da cintura, MG e IMMA) foi exposta a frequência dos dados. A associação dos testes de aptidão física funcional com a idade, a composição corporal, a taxa metabólica basal e o tempo de menopausa foi analisado através do coeficiente de correlação r de Pearson. A influência destas variáveis na variação dos testes de aptidão física funcional foi examinada através de modelos de regressão stepwise. A

(27)

16 multicolinearidade foi analisada em função do grau de correlação das variáveis independentes (r), da proporção da sua variação em função do conjunto dos restantes preditores introduzidos no modelo (tol, tolerância), do fator de inflação da variância (VIF=1/tolerância), do indicador de condição (IC) e da proporção de variação de cada um dos coeficientes de regressão estimados (PV). Foram rejeitados os modelos com r > 0,90, tol < 0,1, VIF > 10, PV ≥ 90% e IC > 30 para mais de um coeficiente (Pestana & Gageiro, 2014). Em relação aos testes

levantar e sentar na cadeira, sentado e alcançar e andar 2,44 m e voltar a sentar foram

confrontados os valores de tendência central em função do valor de corte estabelecido na investigação (1101 kcal/dia).

(28)

17

CAPÍTULO 4 – APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

A Tabela 4.1 ilustra a análise descritiva da amostra, sendo indicada a média, o desvio padrão e a amplitude das variáveis. A idade média da amostra foi de 69,11 anos (6,80) e o tempo de menopausa variou entre 4 e 37 anos.

Tabela 4.1– Análise descritiva da amostra (n=53).

Variáveis MédiaDP Amplitude

Idade (anos) 69,116,80 60 - 87

Tempo de menopausa (anos) 17,757,61 4 - 37

Força de Preensão Manual (kg) 20,784,90 10,00 -30,00

Taxa Metabólica Basal (kcal/dia) 1104,8957,77 991,00 – 1231,00

Antropometria/Composição Corporal

Peso (kg) 57,588,35 45,30 – 84,20

Altura (m) 1,540,06 1,21 – 1,63

Índice de Massa Corporal (kg/m2)

24,383,76 19,90 - 36,10

Massa Gorda (%) 37,986,34 27,30 – 52,70

Perímetro da Cintura (cm) 94,2810,01 77,00 – 122,00

Perímetro da Anca (cm) 100,947,546 84 - 125

Massa Muscular Apendicular (kg) 13,171,44 11,27 – 18,86 Índice de Massa Muscular Apendicular (kg/m2)

5,570,65 4,61 – 7,87

Aptidão Física Funcional

Levantar e Sentar na Cadeira (nº de execuções) 9,001,49 6,00 – 13,00 Flexão do Antebraço (nº de execuções) 9,911,80 7,00 – 13,00 Alcançar Atrás das Costas (cm) -2,293,25 -13,00 – 3,00

Sentado e Alcançar (cm) -0,811,76 -5,00 – 5,00

Levantar da Cadeira, Andar 2,44 m e Voltar a Sentar (s) 10,491,55 6,00– 13,55

Andar 6 minutos (m) 349,5848,56 274,20 - 475,28

DP- Desvio padrão

O valor médio da TMB foi de 1104,89 kcal/dia, incluindo a amostra 27 mulheres com valores inferiores ou iguais a 1101 kcal/dia. Os valores médios de MG e de PC foram, respectivamente, 37,98% e 94,24 cm, exibindo 66% das mulheres obesidade e 81,1% um PC igual ou superior a 80 cm (Tabela 4.2).

Vinte e oito mulheres exibiram sarcopenia (Tabela 4.2), variando o IMMA entre 4,61 e 7,87 kg/m2 (Tabela 4.1).

(29)

18 Tabela 4.2- Classificação de algumas variáveis da amostra..

Variáveis Número Percentagem

Massa Gorda Sem obesidade 18 34 Com obesidade 35 66 Perímetro da Cintura Normal 10 18,9 Elevada 43 81,1 Condição Muscular Normal 25 47,2 Sarcopenia 28 52,8

Levantar e Sentar da Cadeira

Muito fraco 39 73,6 Fraco 14 26,4 Flexão do Antebraço Muito fraco 44 83,0 Fraco 7 13,2 Satisfatório 2 3,8

Alcançar Atrás das Costas

Muito fraco 2 3,8 Fraco 13 24,5 Satisfatório 38 71,7 Sentado e Alcançar Muito fraco 9 17 Fraco 42 79,2 Satisfatório 2 3,8

Levantar, Andar 2,44 e Voltar a Sentar

Muito fraco 50 94,3 Fraco 2 3,8 Satisfatório 1 1,9 Andar 6 Minutos Muito fraco 51 96,2 Fraco 2 3,8

A maioria dos elementos da amostra ostentou níveis muito fracos de aptidão aeróbia (96,2%), de velocidade/agilidade e equilíbrio dinâmico (94,3%) e de força superior (83%), sendo os valores médios, respetivamente, 349,58 m, 10,49 s e 9,91 execuções. Em relação aos

(30)

19 testes de flexibilidade, a maior parte das executantes evidenciou um satisfatório desempenho no teste alcançar atrás das costas (n=38), mas fraco em relação ao teste sentado e alcançar.

A Tabela 4.3 apresenta a associação dos testes de aptidão física funcional com outras variáveis de estudo. As mulheres mais velhas, há mais anos em menopausa e com maiores níveis de adiposidade total exibiram uma menor (p≤ 0,01) aptidão aeróbia, força e resistência muscular inferior e flexibilidade superior. A TMB revelou uma associação inversa e significativa com o teste levantar e sentar na cadeira (r= -0,33, p≤ 0,05). O PC e a MMA apenas apresentaram associações significativas (p≤ 0,05) com os dois testes de flexibilidade, sendo essa relação inversa.

A idade (= -0,340, p≤ 0,05) e a %MG (= -0,372, p≤ 0,05) explicaram em 25,8% a variação no desempenho do teste andar 6 minutos, com um erro de estimação de 41,821 m (Tabela 4.4).

Em relação ao teste levantar e sentar na cadeira, a sua variação foi explanada em 50,4% pela %MG (= -0,322, p≤ 0,05), TMB (=-0,327, p≤ 0,05) e, sobretudo, pela idade (=-0,52, p≤ 0,01).

As mulheres mais velhas (= -0,495, p≤ 0,01) e com maior PC (=-0,450, p≤ 0,01) revelaram piores resultados no teste de flexibilidade superior (R2 Ajustado× 100= 37,7%, EPE=2,565 cm). A TMB explicou de forma independente (= -0,323, p≤ 0,01) a variação do teste Sentado e Alcançar (R2 Ajustado× 100= 8,6%, EPE=1,677 cm) e do teste Levantar,

Andar 2,44 m e Voltar a Sentar (R2 Ajustado× 100= 13,0%, EPE=1,442 execuções).

Confrontados os valores médios (levantar, andar 2,44 m e voltar a sentar) e de tendência central (sentado e alcançar e levantar e sentar na cadeira) dos testes de aptidão física funcional em mulheres com TMB≤ 1101 kcal/dia e TMB> 1101 kcal/dia, foram identificadas diferenças com significado estatístico para os testes sentado e alcançar (p= 0,004) e levantar,

(31)

20 Tabela 4.3– Análise da associação dos testes de aptidão física funcional com outras variáveis consideradas no estudo.

Variáveis Idade (anos) TM (anos) MG (%) PC (cm) MMA (kg) IMMA (kg/m2) TMB (kcal/dia)

Levantar e Sentar na Cadeira (nº de execuções) -0,52** -0,47** -0,47** -0,25 -0,15 -0,04 -0,33*

Flexão do Antebraço (nº de execuções) -0,18 -0,22 -0,19 0,25 0,16 0,26 -0,11

Alcançar Atrás das Costas (cm) -0,45** -0,40** -0,36** -0,40** -0,35** -0,18 -0,14

Sentado e Alcançar (cm) -0,03 -0,03 -0,53** -0,28* -0,30* -0,30* -0,38**

Levantar, Andar 2,44 m e Voltar a Sentar (s) 0,28* 0,25 0,19 -0,02 0,00 -0,03 0,38**

Andar 6 minutos (m) -0,39** -0,37** -0,42** -0,21 -0,22 -0,22 -0,25

TH, terapia hormonal; TM, tempo de menopausa; MG, massa gorda; PC, perímetro da cintura; MMA, massa muscular apendicular; IMMA, índice de massa muscular apendicular; TMB, taxa metabólica basal; *p≤ 0,05; **p≤ 0,01.

Tabela 4.4 – Regressões lineares múltiplas stepwise desenvolvidas no estudo em função das associações registradas na Tabela 4.3.

Variáveis Dependentes

Variáveis Independentes () R2

Ajustado× 100

EPE Idade (anos TM (anos) MG (%) PC (cm) MMA (kg) TMB (kcal/dia)

Levantar e Sentar na Cadeira (nº de execuções) -0,526** --- -0,322* NI NI -0,327* 50,4% 1,052

Alcançar Atrás das Costas (cm) -0,495** --- --- -0,450** --- NI 37,7% 2,565

Sentado e Alcançar (cm) --- NI NI NI --- -0,323* 8,6% 1,677

Levantar, Andar 2,44 m e Voltar a Sentar (s) --- NI NI NI NI 0,383** 13,0% 1,442

Andar 6 minutos (m) -0,340* --- -0,372* NI NI NI 25,8% 41,821

TM, tempo de menopausa; MG, massa gorda; PC, perímetro da cintura; MMA, massa muscular apendicular; TMB, taxa metabólica basal; R2 ajustado ao número de repressores e expresso em percentagem; EPE, erro

(32)

21 Tabela 4.5 – Confrontação dos valores médios (Levantar, Andar 2,44 m e Voltar a Sentar) e de tendência

central (Sentado e Alcançar e Levantar e Sentar na Cadeira) na amostra, em função dos grupos de taxa metabólica basal definidos no estudo (TBM≤ 1101 kcal/dia e TMB> 1101 kcal/dia).

Variáveis TMB≤ 1101 kcal/dia

(n=27)

TMB> 1101 kcal/dia

(n=26) P

Levantar e Sentar na Cadeira (nº de execuções)  9,301,84 8,690,97 0,237

Sentado e Alcançar (cm) -0,111,83 -1,541,36 0,004

Levantar, Andar 2,44 m e Voltar a Sentar (s) 9,951,67 11,061,19 0,007

(33)

22

CAPÍTULO 5 – DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

O presente estudo analisou a influência da composição na variação da aptidão física funcional de mulheres pós-menopáusicas.

Maiores níveis de adiposidade total estão associados a uma menor força e resistência muscular dos membros inferiores e a um comprometimento da aptidão cardiorespiratória, enquanto que a maior adiposidade central está acomunada a uma menor flexibilidade superior nas mulheres pós-menopáusicas, sendo o desempenho nestes testes também agravado com a idade. As mulheres com TMB 1101 kcal/dia apresentaram, em relação às participantes com TMB≤ 1101 kcal/dia, piores desempenhos nos testes de apreciação da flexibilidade inferior e da força e resistência muscular dos membros inferiores.

Sessenta e seis por centro da amostra apresentou uma sobrecarga ponderal patológica, corroborando os resultados encontrados pela North American Menopause Society (NAMS, 2012), que apontam para uma elevada prevalência desta condição na pós-menopausa. Ainda em concordância com a instituição supracitada, as mulheres são particularmente mais propensas a desenvolverem obesidade e, quando entram na menopausa, o aumento do peso, faz-se à custa da redução das componentes da massa magra e do aumento dos níveis de adiposidade. A NAMS (2012), tambem afirma que o envelhecimento, o estilo de vida e fatores comportamentais como a falta de exercício e o aumento da ingestão calórica, estão intimamente ligados ao ganho de adiposidade nesta fase do climatério.

Mais de 81% das mulheres exibiu um excesso de adiposidade intra-abdominal, espelhado na presença de um PC igual ou superior a 80 cm. Esta situação decorre do efeito da depleção estrogénica que age diretamente no aumento da gordura visceral, incrementando a ação da lipoproteína lípase nos adipócitos viscerais e concorrendo para a aquisição de um formato corporal do tipo androide. A deposição centralizada da massa gorda favorece o surgimento de problemas cardiometabólicos e outros (Kuk, Saunders, Davidson, & Ross, 2009), de entre os quais salientamos a síndrome metabólica, a sarcopenia e a osteoporose (Pansini et al., 2008; Bennet et al., 1997; Rolland et al., 2009; Khalil et al., 2011; Schrager et

al., 2007). Essa deposição é agravada com a perda de massa muscular associada ao

envelhecimento e à menopausa e pelo agravamento dos níveis de atividade física habitual da mulher (Tengvall et al., 2009; Rebuffé-Scrive, Eldh, Hafström, & Björntorp, 1986; Messier et

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23 A sarcopenia foi identificada em mais de 52% da amostra, sendo esta condição definida, de acordo com Cruz-Jentoft et al. (2010), pela perda de massa muscular associada à redução da força muscular ou do desempenho físico (aptidão física funcional, velocidade da caminhada, equilíbrio). No nosso estudo, a definição de sarcopenia foi realizada alicerçada apenas na apreciação da massa muscular, de acordo com os critérios definidos por Baumgartner (1998), o que poderá ter influenciado os resultados obtidos. Segundo Tyrovolas

et al. (2016), a prevalência da sarcopenia situa-se entre 5% a 13% em indivíduos com idades

compreendidas entre os 60 e os 70 anos e 11% a 50% em sujeitos com mais de 70 anos, dependendo dos métodos e critérios utilizados na sua apreciação. No nosso estudo, a maior parte da amostra (n=32) enquadrou-se no primeiro grupo etário indicado.

A apreciação da condição muscular na pós-menopausa revela-se particularmente importante já que a sarcopenia tende a estar associada à diabetes do tipo 2, à síndrome metabólica (Reaven, 1998) e a um maior risco de fraturas de fragilidade (Cederholm et al., 2013).

Apesar da MMA apresentar, no nosso estudo, uma correlação significativa com os testes alcançar atrás das costas e sentado e alcançar, esta variável da composição corporal não ostentou capacidade explicativa significativa na variação dos desempenho destes testes, com base nos modelos de regressão stepwise desenvolvidos Não constituindo a bioimpedância, sobretudo a de frequência fixa, um método de referência da avaliação da composição corporal, é possível que os resultados encontrados pudessem ter sido outros se a condição muscular tivesse sido apreciada através da utilização de equipamentos como a ressonância magnética ou a densitometria radiológica de dupla energia (Cruz-Jentoft et al., 2010).

O nosso estudo revelou que as mulheres mais velhas e com mais massa gorda relativa apresentavam um pior desempenho no teste de aptidão aeróbia, independentemente do tempo de menopausa, concordando com os achados do estudo de Aragão, Moreira, Gabriel e Abrantes, (2013). Apesar do efeito da menopausa na aptidão aeróbia ainda não estar perfeitamente esclarecido na literatura (Hawkins & Wiswell, 2003), sabe-se que o consumo máximo de oxigénio (VO2max) diminui cerca de 10% em cada década (Hawkins & Wiswell,

2003; Yu et al., 2011), sendo a partir dos 40 anos essa diminuição mais acentuada na mulher em relação ao homem (Fleg et al., 2005).

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24 Segundo Aragão, Moreira, Gabriel e Abrantes (2015) a aptidão cardiorrespiratória na mulher pós-menopáusica diminui com a idade e com o tempo decorrido desde a instalação da amenorreia permanente, agravando-se com a presença de elevados níveis de adiposidade total e central e com a existência de uma limitada massa muscular esquelética. Para os mesmos autores (Aragão et al., 2013), níveis de intensidade de 40% a 70% da frequência cardíaca de reserva são os que melhor se ajustam a mulheres nesta fase do climatério.

Alguns autores relatam que a terapia hormonal tende a estar associada a numa melhor condição cardiorrespiratória da mulher pós-menopáusica (Green et al., 2002). Outros autores (Mercuro et al., 2007; Stathokostas, Kowalchuk, Petrella, & Paterson, 2008) sugerem não existir uma relação da TH com a condição cardiorespiratória nesta fase do climatério. No nosso estudo e no que se reporta às características da menopausa, foi observada uma relação do tempo de menopausa (r= -0,37, p≤ 0,01) com o teste andar 6 minutos, mas esta variável independente não revelaria capacidade explicativa significativa da variação deste teste.

Mais de 94% das mulheres da presente investigação evidenciou um desempenho classificado de muito fraco no teste levantar, andar 2,44 m e voltar a sentar, sendo o mesmo agravado pela presença de menores níveis de TMB. O estudo identificou que as mulheres com TMB> 1101 kcal/dia gastavam, comparativamente às que apresentavam uma TMB≤ 1101 kcal/dia, mais 1,12 segundos na execução deste teste. Julgamos que os resultados possam ter sido influenciados pelo valor médio de gasto energético da amostra de 1104,89 (57,77) kcal/dia e pelo método utilizado na sua estimação (bioimpedância de frequência fixa).

Segundo alguns autores (Rolland & Vellas, 2009), a perda de agilidade está relacionada com a diminuição da massa muscular esquelética e, em especial, com o comprometimento das fibras musculares de contração rápida, com reflexos também adversos no tempo de reação. A capacidade de manutenção do equilíbrio corporal na mulher mais velha é determinante na prevenção da queda e da gravidade das lesões dela decorrentes (Buranello, Campos, Quemelo, & Silva, 2011).

A maior parte das mulheres exibiu um bom desempenho no teste de alcançar atrás das costas mas fraco no teste sentado e alcançar, tal fenômeno pode estar relacionado com a prória dificuldade biomecânica de flexão de tronco, devido à elevada circunferência abdominal que impede a ação de alcançar os pés, refletindo em um problema de mobilidade estrutural (Del Porto et al., 2012). Segundo Kannus, Sievanen, Palvanen, Jarvinen e Parkkari (2005) a perda da flexibilidade em indivíduos mais velhos, está relacionado com a inatividade

(36)

25 física e se associado com a diminuição da força e da MME, podem potencializar a probabilidade de quedas, que contribuem para a incapacidade física da população em questão

A maior parte das mulheres exibiu um desempenho fraco no teste levantar e sentar na

cadeira e na flexão do antebraço, sendo o primeiro comprometido pela MG e, sobretudo, pela

idade. De acordo com Clark & Taylor (2011), após os 65 anos e a cada 5 anos a redução da força muscular situa-se entre 4,5% e 5,5%, afetando a capacidade de ativação dos neurónios motores pelo sistema nervoso, especialmente nos grandes grupos musculares. A menopausa gera uma diminuição da globulina de ligação às hormonas sexuais e o aumento da produção de citocinas pró-inflamatórias, como a interleucina 6 (IL-6) e o fator de necrose tumoral alfa (TNF-α), ambos produzidos nas células adiposas e ampliadas com o incremento dos níveis de adiposidade, aumentando o catabolismo das proteínas (Rolland & Vellas, 2009), com o consequente comprometimento da condição muscular da mulher.

Vários estudos já contribuíram para orientar a prescrição de exercício e a monitorização do mesmo em mulheres pós-menopáusicas (Moreira et al., 2008; Bann et al., 2014; Messier et al., 2011). Pitanga, Pitanga, Gabriel e Moreira (2014) sugerem que a prática de caminhada, reunindo um dispêndio energético semanal de 816 kcal, com intensidade de leva a moderada, previne a sarcopenia em mulheres pós-menopáusicas. Além do exercício aeróbio, é de suma importância a prática do treinamento de força e de acordo com Rocha et

al. (2012), a combinação dos dois métodos, com intensidade moderada a vigorosa revela-se

muito importante na pós-menopausa, ativando a produção de enzimas oxidativas nas mitocôndrias e favorecendo a síntese proteica (Short, Vittone, Bigelow, Proctor, & Nair, 2004).

A presente investigação contempla alguns aspetos importantes, como a confirmação da influência da composição corporal na aptidão física funcional da mulher pós-menopáusica, constituindo um pequeno contributo para a para melhoria dos programas de exercício orientados especificamente para as necessidades desta população. Porém, algumas limitações dessa investigação devem ser apontadas. Em primeiro lugar, os equipamentos utilizados para a avaliação da força de preensão manual e da composição corporal são amplamente reportadas na literatura, mas não estão entre os equipamentos mais rigorosos para avaliar as variáveis analisadas na presente investigação. Em segundo lugar, o estudo teria beneficiado da utilização de uma amostra mais representativa e da classificação da condição muscular, de acordo com a proposta do European Working Group on Sarcopenia in Older People (Cruz-Jentoft et al., 2010).

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CAPÍTULO 6 – CONCLUSÕES

Os nossos resultados sugerem que a massa gorda relativa influencia a variação da aptidão aeróbia e da força e resistência muscular ao nível dos membros inferiores, não sendo essa relação independentemente da idade e, no segundo caso, também da taxa metabólica basal. Um maior dispêndio energético diário está associado a uma pior flexibilidade inferior e equilíbrio dinâmico. A flexibilidade superior é influenciada pela adiposidade central e pela idade.

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CAPÍTULO 7 – PROPOSTA DE ESTUDOS FUTUROS

É bem verdade que esta investigação é apenas mais uma contribuição para a percepção da influencia da composição corporal na aptidão física funcional das idosas na pós-menopausa, e torna-se imperativo sugerir logo abaixo, algumas propostas para novas perspectivas de investigação, buscando novas evidencias que corroborem e fortaleçam os conhecimentos alusivos ao exercício físico e seus benefícios na saúde da mulher.

 Aumentar o tamanho da amostra, e buscar indivíduos de outras regiões.

 Avaliar a composição corporal, com instrumentos mais rigorosos.

 Reproduzir esse tipo de investigação com uma análise longitudinal, possuído um grupo controle, e acompanhado a amostra por 12 semanas ou mais, separando os grupos por praticante ou não praticante de exercício físico; ou em sarcopênicas e não sarcopênicas.

 Fazer o registro nutricional das participantes, minimizando os efeitos da ingestão calórica como variável interveniente da composição corporal.

 Incluir outras variáveis, como: escolaridade, histórico de quedas, medo de cair; e relacionar com os níveis de aptidão física funcional.

 Comparar os níveis de aptidão física funcional com o uso ou não, da terapia hormonal.

 Avaliar os níveis de aptidão física funcional e composição corporal, antes, durante, e depois do uso da terapia hormonal.

 Investigar o efeito do treinamento de oclusão vascular na aptidão física funcional em mulheres pósmenopáusicas.

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REFERÊNCIAS

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Imagem

Figura 2.1– Aparelho de bioimpedância Maltron BF-906.
Tabela 2.2 - Classificação de desempenho das mulheres nos testes de aptidão física funcional de Rikli &amp; Jones  (2001)
Tabela 4.1 – Análise descritiva da amostra (n=53).
Tabela 4.4 – Regressões lineares múltiplas stepwise desenvolvidas no estudo em função das associações registradas na Tabela 4.3
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