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Leitura: competência, interpretação e filosofia

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Academic year: 2021

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Publicação

Anhanguera Educacional Ltda. Coordenação

Instituto de Pesquisas Aplicadas e Desenvolvimento Educacional - IPADE Correspondência

Sistema Anhanguera de Revistas Eletrônicas - SARE

rc.ipade@anhanguera.com PALAVRAS-CHAVE:

Leitura, competência, interpretação, filosofia. KEYWORDS: Reading, competence, interpretation, philosophy. Artigo Original Recebido em: 25/08/2010 Avaliado em: 24/09/2011 Publicado em: 09/05/2014

RESUMO: Esta pesquisa tem como tema a leitura e como objetivo fazer uma análise da leitura e suas competências, suas interpretações e seus aspectos filosóficos e suas utilidades multidisciplinares ao tornar acessível ao aluno o conhecimento dos gêneros discursivos e saber identificar e reconhecer a sua variedade e a sua importância. Esperou-se fornecer para alunos, professores e pessoas interessadas no tema material multidisciplinar, práticas e conceitos para fazer uma leitura proficiente e eficaz, uma vez que se julga relevante e importante o conhecimento e a compreensão da competência, da interpretação e da filosofia na prática da leitura, e enfim ter a preparação e a condição para obter uma conclusão pessoal e uma reflexão crítica do texto lido e aprendizados e valores apreendidos.

ABSTRACT: This research theme is the reading with the goal of making an analysis of reading and their skills, their interpretations and philosophical aspects of multidisciplinary and their utilities to make available to the student’s knowledge of genres and learn to identify and recognize its variety and its importance. It was expected to provide students, teachers and people interested in the subject material multidisciplinary practices and concepts to make reading a proficient and effective as it deems relevant and important knowledge and understanding of competence, interpretation and philosophy in the practice of reading, and finally have the preparation and condition for a personal conclusion and a critical reading of the text and values and lessons learned.

LEITURA

Competência, interpretação e filosofia

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1. INTRODUÇÃO

A leitura é o processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de compreensão e interpretação do texto, a partir de seus objetivos, de seu conhecimento sobre o assunto, sobre o autor, de tudo o que sabe sobre a linguagem, entre outros.

Este artigo vem apresentar, de acordo com alguns autores estudados como Lopes Rossi, Chauí, Aranha, Guimarães, Martinelli, entre outros, e o PCNs – Parâmetros Curriculares Nacionais, diante das normas gramaticais e da lingüística, e como o desenvolvimento da capacidade de ler e interpretar é de fácil aprendizado e, mais ainda, como utilizar a filosofia como ferramenta para estes atos se tornarem, necessariamente, reflexivos, críticos e, mais além, práticos, a partir do conhecimento aprendido. Pergunta-se então: as normas devem ou não devem ser seguidas na interpretação de texto? Será visto que sim, pois trata de extrair informação, decodificando letra por letra, palavra por palavra, trata-se de uma atividade que implica estratégias de seleção, antecipação, inferência e verificação e utilização da gramática, sem as quais não é possível proficiência. É o uso desses procedimentos que possibilita controlar o que vai sendo lido, permitindo tomar decisões diante de dificuldades de compreensão, avançar na busca de esclarecimentos e validar no texto suposições feitas.

Para considerar melhor ainda a eficiência da leitura, o conhecimento da diversidade e diferenças dos gêneros discursivos e as atividades organizadas devem-se saber diferenciadas e necessárias, respectivamente., uma vez que gêneros discursivos é toda produção de linguagem oral ou escrita identificada por seu objetivo comunicativo, suas características, seu estilo de produção e circulação. Ou seja, ter conhecimento dos diversos e diferentes gêneros discursivos e saber qual gênero o leitor irá ler, já é o primeiro passo de inferência ao que será lido, e produzir esquemas e resumos pode ajudar a apreensão dos tópicos mais importantes quando se trata de textos científicos é o segundo passo. Além disso, se os sentidos construídos são resultados da articulação entre as informações do texto e os conhecimentos ativados pelo leitor no processo de leitura, o modo de ler é também um modo de produzir sentidos e valores.

Vê-se, então, vislumbrar a ideia da filosofia linguística, um dos principais ramos da filosofia analítica. Esta filosofia colocou a linguagem como objeto de estudo da filosofia, originando o que mais tarde se chamou “giro linguístico” ou “virada linguística”, ou seja, a guinada da filosofia da direção da linguagem, e foi Wittgenstein quem a convencionou.

Dessa maneira, a única forma de lidar com os valores é estabelecer a prevalência de algum ou de alguns deles, mas esse tipo de opção valorativa precisa ser vista como a manifestação de uma posição ético-política e não de uma escolha racional. Vê-se, então, a importância dos estudos multidisciplinares para se chegar à eficiência da leitura com qualidade e aproveitamento não iludido, ao tentar tornar o leitor um leitor interessado e consciente de que cada leitura não deve ser em vão, pesquisa e estudo proposto e praticado neste artigo.

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2. A LEITURA

Como afirmado anteriormente, a leitura é o processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de compreensão e interpretação do texto, então, a partir de seus objetivos espera-se com este artigo fornecer para alunos, professores e pessoas interessadas no tema material multidisciplinar, uma vez que se julga relevante e importante o conhecimento e a compreensão da competência, da interpretação da leitura e da filosofia para a uma leitura proficiente, sua reflexão crítica e sua conclusão. Também é de grande valia conhecer as pessoas do discurso, uma contribuição para a formação do leitor eficiente e crítico desde o ensino fundamental, conforme os PCNs. – Parâmetros Curriculares Nacionais propõe: um projeto pedagógico em função da cidadania do aluno e uma escola em que se aprende mais e melhor.

Os PCNs, como uma proposta inovadora e abrangente, expressam o empenho em criar novos laços entre ensino e sociedade e apresentar idéias “do que se quer ensinar”, “como se quer ensinar” e “para que se quer ensinar”, uma vez que os PCNs não são uma coleção de regras e sim um pilar para a transformação de objetivos, conteúdo e didática do ensino.

Cabe a escola levar o aluno a ampliar os diferente níveis do seu conhecimento de mundo de forma que, progressivamente, ao chegar no ensino superior e durante ele o aluno se torne capaz de interpretar diferentes textos que circulam socialmente, de assumir a palavra como cidadão, de fazer leituras eficazes nas mais variadas situações, de reavaliar seus valores e aprender com elas.

Sendo assim, o objetivo principal deste artigo é tornar acessível ao aluno o conhecimento dos gêneros discursivos, das práticas de leitura e da filosofia lingüística, e fazer com que o aluno saiba identificá-los e reconhecê-los entre muitos, a fim de que cada um esteja apto a utilizá-los no seu cotidiano como uma das formas de expressão e de comunicação.

É comum a comunicação que propõe a construção de explicações, definições, estabelecimento de conceitos, e como comunicar significa interagir, estabelecer um contato, transmitir informações, buscar entendimento e estabelecer a compreensão é comum argumentar para que o entendimento seja convincente, portanto, enquanto a comunicação é feita a argumentação é necessária e sobreposta, que serve apenas como um guia e não como um paradigma normativo. (TELLES, 2009). Além disso, há o objetivo implícito que é o de levar o aluno à reflexão crítica ao elaborar pensamentos observando melhor a realidade política que está envolvido no momento e também trabalhar a linguagem do gênero; identificar o público alvo; observar os aspectos lingüísticos textuais; verificar a estrutura e a organização dos textos; levar o aluno a produzir o gênero; e desenvolver seu senso crítico. Aqui cabe mencionar a palavra Weltanschauungen (W) que significa, literalmente, percepção de mundo ou visão de mundo de um indivíduo, que é construída sobre seus valores e experiências de vida e funciona como um filtro para a informação afetando na interpretação e no julgamento que as pessoas fazem do que está ao seu redor, segundo Hebel apud Martinelli (2002).

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Na proposta de Martinelli (2002) para uma abordagem sistêmica aparece a preocupação com as diferentes Weltanschauungen. Este conceito se apoia nas idéias do filósofo Imanuel Kant, para quem o sentido e a razão deve combinar-se para construir nossa experiência do mundo. Para ilustrar as idéias de Kant nada melhor que o exemplo retirado do romance O Mundo de Sofia, de Jostein Gardner. Além das idéias de Kant é feita uma estreita relação com o conceito de percepção proposta pela psicologia “cada indivíduo tem sua própria imagem do mundo, pois esta deriva do somatório de variáveis próprias e exclusivas do indivíduo, como sua história passada, seu ambiente físico e social, sua personalidade e sua estrutura fisiológica e psicológica”. Portanto, a W ligada ao conceito de percepção, pode-se afirmar que é a estrutura mental que permite ao homem interpretar o mundo a sua volta.

Assim, finalmente chegou-se à necessidade de colocar em prática a teoria até aqui exposta e a metodologia aplicada foi a de pesquisa de campo com alunos formando do ensino superior, que previamente foram informados sobre a pesquisa e como ela será elaborada e concordância em participar, conforme seleção, divisão e formação aleatória de grupos.

3. A PRÁTICA DA LEITURA

A leitura, como prática de ensino, deve ser utilizada constantemente nas aulas de todas as disciplinas, pois constantemente o aluno estar em contato com ela a proficiência será antecipada e eficazmente será adquirida como pratica diária para os estudos curriculares. A seguir será exibido um exemplo fictício de prática escolar diária em sala de aula.

3.1. Exemplo de prática de leitura

O exemplo começa numa sala de aula de 1º semestre do curso superior e, para que a eficácia seja predeterminada para a execução da prática da leitura nos termos propostos, inicia-se com a explicação teórica sobre gêneros discursivos, desenvolvendo debates a respeito, a fim de que o aluno possa ter acesso aos diversos tipos de gêneros discursivos existentes para que saiba identificá-los e utilizá-los posteriormente. A prática poderá ser foi desenvolvida basicamente em três fases. A primeira é a competência da leitura, a segunda a interpretação de texto e a terceira a reflexão filosófica, como exposto logo a seguir.

1) Primeira fase: Competência da leitura

a) Identificar o gênero e seus aspectos discursivos.

b) Fazer o aluno a ler de forma crítica e refletir sobre o que está lendo. c) Conhecer a organização do texto.

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2) Segunda fase: Interpretação do texto

a) Fazer um levantamento das preferências dos temas pelos alunos.

b) Dividir a sala em grupos, de maneira que cada grupo se organize de acordo com suas preferências.

c) Fazer um roteiro do que é importante para a reflexão e interpretação.

d) Iniciar a leitura mostrando que o produto final levará um certo tempo. É importante que o aluno saiba disso para não ser desestimulado ou desmotivado. O professor deve ser mediador e interativo nesse processo de construção. O professor deve lembrar que o aluno está lendo seu primeiro texto nesta nova proposta, e que este será discutido quantas vezes forem necessários, até cada aluno chegar a sua interpretação final.

3) Terceira fase: Reflexão filosófica

a) Levar o aluno a procurar a sua reflexão pessoal. b) Pensar no público alvo.

c) Pensar até onde será levado a discussão sobre filosofia da linguagem de texto baseando-se na competência e na interpretação.

Ao final desta tarefa, a execução das três fases, o professor terá materiais suficientes para avaliar o nível de leitura e o conhecimento interpretativo e filosófico dos seus alunos, que poderá, com isso, reprogramar as aulas conforme esta avaliação, a ponto de que este tipo de leitura faça parte das aulas diárias como instrumento efetivo e multidisciplinar a ser utilizado para o aprendizado de seus alunos. Mas para conseguir esta avaliação por meio da prática de leitura e sua competência, interpretação e reflexão filosófica o professor deve antes relembrar ou estudar ou apreender esta proposta de leitura na sequência deste artigo, que serão expostas e explicadas as teorias e conceitos, segundo os autores mencionados anteriormente, resumido num ponto apenas: o leitor competente

4. O LEITOR COMPETENTE

Um leitor competente sabe selecionar, dentre os textos que circula socialmente, aqueles que podem atender a suas necessidades, conseguindo estabelecer as estratégias adequadas para abordar tais textos. O leitor competente é capaz de ler as entrelinhas, identificando, a partir do que está escrito, elementos implícitos estabelecendo relações entre o texto e seus conhecimentos prévios ou entre e outros textos já lidos. Nessa condição o leitor deve atentar-se para a diversidade de textos não submetendo os mesmos a um tratamento uniforme, a uma leitura igual. Cada texto tem seu gênero literário. (LOPES-ROSSI, 2002)

A linguagem verbal ou escrita tende a ter caráter interacionista, uma vez que contribui para o entendimento entre os elementos da comunicação que deve ser entendida não só como transmissão de informações de um emissor a um receptor, mas enquanto interação

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humana. Sob essa perspectiva, o sujeito se constitui na linguagem na medida em que interage com o Outro, o que possibilita, também, a criação de “jogos” com os seus signos e suas significações. Daí o caráter de abertura inventiva que a linguagem permite. Deve reforçar o seu caráter salientando o seu conhecimento ético. (NICÉSIO, 2009)

E a grande inovação da linguagem surgiu com Ludwig Wittgenstein, filósofo britânico de origem austríaca, principal representante da filosofia analítica e da corrente pragmática e que viveu na Grã-Bretanha onde estudou Matemática e Filosofia com Bertrand Russel. Wittgenstein expôs a concepção figurativa da linguagem, segundo a qual a função da linguagem é representar o mundo, que deixa de ver a linguagem com olhos metafísicos e passa a vê-la com olhos mais práticos. Sua intenção é ver como a linguagem funciona. É aí que surge o conceito de jogos de linguagem, tais como comandar, descrever um objeto, relatar um acontecimento, expor uma hipótese, entre outros. O que o filósofo com crises de teimosia e insegurança, com estilo de vida simples, embora fosse de família rica, queria dizer com isso é que só apreendemos a realidade através do que pensamos sobre ela e, mais ainda, do que falamos sobre ela. Aí é que entra a linguagem na composição do mundo, questão debatida ao longo de toda sua obra que, apesar de densa e complexa, é salpicada de imagens criativas, pitorescas, que tornam sua leitura um pouco mais amena. (GUIMARÃES, 2008)

Mostrar agora os pensamentos de Immanuel Kant e tendo como linha de raciocínio principal seu pensamento crítico e a reflexão filosófica, será visto que, em termos educacionais, a Filosofia tem uma urgente e grandiosa missão a desempenhar em nossas escolas. Como parte essencial dessa missão, está a tarefa de desenvolver no estudante o senso crítico, que implica a superação das concepções ingênuas e superficiais sobre os homens, a sociedade e a natureza, concepções estas forjadas pela ideologia social dominante. Para isso é necessário que o ensino da Filosofia estimule o desenvolvimento da reflexão do estudante e forneça-lhe um conjunto de informações sobre reflexões já desenvolvidas na história do pensamento filosófico. O resultado desse processo é a ampliação da consciência reflexiva do estudante, voltada a dois setores fundamentais: a consciência de si mesmo, a autocrítica e a consciência do mundo. (GUIMARÃES, 2008)

Quanto a este aspecto é necessário compreender claramente que a Filosofia não deve servir, apenas, para pensar o mundo, mas para transformá-lo.

Já o construtivismo de Jean Piaget, psicólogo suíço que, com 10 anos, escreveu seu primeiro artigo “Um pardal albino” o primeiro de muitos e mais, precisamente, 600 artigos, 95 livros, e quando se fala em Piaget logo vem à mente a escolas construtivista. Não é apenas um conceito educacional. É, na verdade, uma das três grandes correntes que explicam a inteligência humana, porque Kant se expôs ao dizer que a crítica é a própria análise reflexiva, que consiste em remontar do conhecimento às condições que o tornam eventualmente

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legítimo. Do mesmo modo todos concordam que é preciso ser justo, que a coragem vale mais do que do que a covardia, que não se deve mentir, entre outros. Os juízos rigorosamente verdadeiros, isto é, necessários e universais, são a priori, isto é independentes dos azares da experiência, sempre particular e contingente. À primeira vista, parece evidente que esses juízos a priori são juízos analíticos. Juízo analítico é aquele cujo predicado está contido no sujeito. (GUIMARÃES, 2008)

Considera-se, então, que o conhecimento não é o reflexo do objeto exterior, é o próprio espírito humano que, com os dados do conhecimento sensível, é o objeto do seu saber e a filosofia moral se diferencia por trazer o imperativo categórico, que nada mais é do que uma obrigação incondicional que temos independentemente de nossa vontade. Ou seja, baseado na intuição do filosófico de Kant que toda reforma interior depende do nosso esforço, o interessante é que ser professor é seguir sua intuição de professor (GUIMARÃES, 2008).

Assim e do ponto de vista da Educação, para Aranha (2008) o docente continua tão importante quanto sempre foi. Ou seja, o docente comanda a sala de aula intuitivamente e como um treinador, ele tem que manter a sala em funcionamento, disciplinada e com vontade de sempre aprender e fazer o melhor, ser ético consigo mesmo e com seus alunos. Na verdade a ética e a moral entremeiam o tempo todo a educação, o ensino-aprendizagem, a relação professor-aluno, a leitura e sua prática, tal como dito devem estar contidos nas práticas citadas para uma leitura eficaz, muito mais ainda no que tange a leitura crítica acionando os conhecimentos da filosofia.

E como falar de moral e ética sem antes fazer um breve relato sobre o homem e o homem e a sociedade. A Antropologia é o estudo do homem como ser biológico, social e cultural. Sendo cada uma destas dimensões por si só muito ampla, o conhecimento antropológico geralmente é organizado em áreas que indicam uma escolha prévia de certos aspectos a serem privilegiados. Além disso, podemos utilizar termos como Antropologia, Etnologia e Etnografia para distinguir diferentes níveis de análise ou tradições acadêmicas. Uma pessoa pode ser bem sucedida e certamente será sucesso, com ou sem educação formal, se tiver caráter, compromisso, convicção, cortesia e coragem. (ARANHA, 2008)

Convém aqui também mencionar a Sociologia que é a ciência que tenta explicar a vida social. A sociologia é um conjunto de conceitos, de técnicas e de métodos de investigação produzidos para explicar a vida social e o comportamento humano em função do meio e os processos que interligam os indivíduos em associações, grupos e instituições. Como princípio a sociologia é o resultado de uma tentativa de compreensão de situações sociais radicalmente novas, criadas pela então nascente sociedade capitalista. Pode-se entender a sociologia como uma das manifestações do pensamento moderno. (COSTA, 2008).

Pensamento moderno, compreendido na Sociologia que, muitas vezes, é acionado no momento da leitura dependendo da situação social do leitor, influenciando na interpretação e na reflexão do texto.

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Fica evidente que a força motivacional do ser humano, o estado de espírito e as atitudes se sobrepõem ao conhecimento e as técnicas. Estas são conseqüências da vontade do homem. O grande Sócrates, pai da filosofia, disse que pessoas educadas sabem lidar com as circunstâncias que encontram no dia-a-dia e raramente perdem de vista o adequado plano de ação. O mesmo Sócrates disse ainda que estas pessoas educadas mantêm seus prazeres sob controle e não se deixam vencer por infortúnios. Ora, não obstante a educação intelectual influencia a mente e a educação baseada em valores influencia o ser humano no todo, ou seja, uma pessoa moralmente educada estará muito mais equipada para ter êxito e sucesso. E muitos sabem que para se obter sucesso é preciso saber sobre Ética, usar e ter Ética. Muitos sabem ou pelos menos intuem o que seja ética; todavia, explicá-la é tarefa difícil. Além do mais, tentar definir a ética seria nos privar de toda a amplitude de seu significado que pode surgir do fruto do desenvolvimento do pensamento humano. (SCURO, 2004)

Etimologicamente o termo ética deriva do grego ethos que significa modo de ser, caráter. Designa a reflexão filosófica sobre a moralidade, isto é, sobre as regras e os códigos morais que norteiam a conduta humana. Sua finalidade é esclarecer e sistematizar as bases do fato moral e determinar as diretrizes e os princípios abstratos da moral. Neste caso, a ética é uma criação consciente e reflexiva de um filósofo sobre a moralidade, que é, por sua vez, criação espontânea e inconsciente de um grupo. Pode ser entendida como uma reflexão sobre os costumes ou sobre as ações humanas em suas diversas manifestações, nas mais diversas áreas. Também, pode ser ela tida como a existência pautada nos costumes considerados corretos, ou seja, aquele que se adequar aos padrões vigentes de comportamento numa classe social, de determinada sociedade e que caso não seja seguido, é passível de coação ao cumprimento por meio de punição. (DIAS, 2005)

Em suma, temos a ética como estudo das ações e dos costumes humanos ou a análise da própria vida considerada virtuosa. Pode ser considerada ainda como a parte da filosofia que tem como objeto o dever-ser no domínio da ação humana. Distingue-se da ontologia cujo objeto é o ser das coisas. Propõe-se, portanto, a desvendar não aquilo que o homem de fato é, mas aquilo que ele faz de sua vida. Seu campo é o do juízo de valor e não o do juízo de realidade, ou da existência. Estuda as normas e regras de conduta estabelecidas pelo homem em sociedade, procurando identificar sua natureza, origem, fundamentação racional. Em alguns casos, conclui por formular um conjunto de normas a serem seguidas; em outros, limita-se a refletir sobre os problemas implícitos nas normas que de fato foram estabelecidas, tal como a filosofia embutiu a ética e a moral como um de seus principais objetos de estudo. (COSTA, 2008)

A filosofia pode ser, então, considerada conhecimento dos conhecimentos. E para caracterizar a filosofia, pode-se dizer que a atividade filosófica é eminentemente teoria e ética, que surge procurando explicar a realidade de maneira diversa à do mito, que procura

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conhecer a realidade por meio da razão, do pensamento e da reflexão. Isso quer dizer que precisamos da razão, da teoria, do pensamento, da filosofia. Pensar é atividade intimamente ligada à prática. Desse modo, é o pensamento que desperta a liberdade de refletir, que é uma estratégia de aprendizagem inverso do senso comum que busca uma leitura de mundo que não é convencional, mas que rompe com o que a maioria pensa, ou melhor, vai além do que é opinião comum, ao encontro da causa, da essência, do ser, da razão das coisas, é a decisão de não aceitar como óbvias e evidentes as coisas, as idéias, os fatos, as situações, os valores, os comportamentos de nossa existência cotidiana, a visão de mundo. (CHAUÍ, 2003).

Retomando a abordagem de no campo da visão, Martinelli (2002) explica que ter visão sistêmica de mundo é como ter habilidades necessárias para lidar com essas diferentes visões e interpretações de mundo é estar mais preparado para poder conhecê-las e compreendê-las, que visão sistêmica é o oposto do pensamento analítico, que enfoca as partes de uma área de estudo, ou seja, para entender algo é necessário entendê-lo num contexto mais amplo, dando ênfase ao enfoque holístico de natureza multidisciplinar da ciência de sistemas incorporando outros campos como: jurisprudência, ética, sociologia e a história, alargando assim o horizonte científico, idéia central de sistema composto de componentes interdependentes. Tem, também, a abordagem sistêmica que é como um sistema composto por um conjunto de partes inter-relacionadas e interdependentes, organizada de maneira a produzir um todo unificado, um conhecimento prévio, bem como conhecimento de seus conceitos e de sua importância em um contexto global.

Como exemplo Martinelli (2002) dá a TGS - Teoria Geral dos Sistemas, mais que uma teoria pode ser compreendida como um modelo de análise empírica utilizado para analisar fenômenos complexos como sistemas, podendo, portanto, ser utilizado no estudo da leitura, entre outros tantos estudos.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considera-se ao final deste artigo, com suas pesquisas e práticas, que desenvolver habilidades tornou-se um diferencial. Que ter habilidades necessárias para lidar com essas diferentes visões e interpretações de mundo é estar mais preparado para obter uma visão holística para poder conhecê-las e compreendê-las, como foi deixado para realçar as considerações finais do artigo.

E neste artigo pode-se constatar que o conceito de conteúdo de mundo, paralelamente de um texto lido, gira em torno de três grandes eixos: linguagem, lógica e ética, indissoluvelmente relacionados, uma vez que o mundo não está composto por coisas e, sim por fatos. As coisas ou objetos combinam-se entre si para formar estados de coisas, mas tais estados de coisas não necessariamente correspondem ao mundo real, caso correspondam aí

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sim estaremos falando de fatos. Estes fatos servem de base para uma série de interpretações e competências no campo da Linguagem, da Ética, da Moral, do Direito e, principalmente, da Educação.

Por isso, não se deve esgotar a exigência da leitura como disciplina, de forma não obrigatória, e sim exigente por ser eficientemente interpretativa, reflexiva e crítica, tal como a importância e a preocupação que se dá tanto para escrita e a matemática como resolução de problemas, uma vez que a leitura, sua interpretação e sua reflexão são meio de comunicação tão importante quanto a própria escrita, pois tem seus signos e significados, tem a leitura nas entrelinhas, que só é lido aquele que desenvolve o gosto e a habilidade competente da leitura.

Juntamente com todas as disciplinas e desde o ensino fundamental, a leitura deve ser praticada, a exemplo citado das três fases da leitura, para que o aluno aprendiz, o professor mediador, pessoas diretamente ligadas ao ensino-aprendizagem, possam de vez entender que existe de fato ligação concreta e indispensável entre a leitura, a interpretação e a filosofia, logo a habilidade, a competência e a educação, logo a vida pessoal, social e profissional do homem como um todo.

Portanto, percebeu-se que há necessidade de se revisar e repensar na estrutura e nos parâmetros curriculares das instituições educacionais, no ensino-aprendizagem, nas disciplinas obrigatórias e exigentes e refazer os pensamentos ao aceitar a leitura como ferramenta multidisciplinar e essencial por fazer parte importante e indissolúvel de um todo, a educação do aluno.

REFERÊNCIAS

ARANHA, Maria Lucia de Arruda. Filosofia da Educação. 3ª ed. São Paulo: Moderna, 2008. CHAUÍ, MARILENA DE SOUZA., Marilena. Convite à Filosofia. 13ª ed. São Paulo: Ática, 2003. COSTA, Maria Cristina Castilho. (org.). Sociologia: introdução à ciência da sociedade. 3ª ed. São Paulo: Moderna, 2008.

DIAS, Reinaldo. Introdução a Sociologia. 1ª ed. São Paulo: Pearson Education, 2005. GAARDEM, Josteim. O Mundo de Sofia. 4 ª ed. São Paulo: Cia das Letras, 1995.

GUIMARÃES, Thelma; CUCHIERATO, Guilherme; ATTI, César. Leituras Clássicas. São Paulo: Pearson, 2006.

LOPES-ROSSI, Maria A. G. A produção de texto escrito com base em gêneros discursivos. In:SILVA, E. R. da (org.) Texto & Ensino. Taubaté: Cabral Editora Universitária, 2002.

MARTINELLI, D. P. Negociação Empresarial: Enfoque Sistêmico e Visão Estratégica. 1ª ed. São Paulo: Manole, 2002.

PERRENOUD, Philippe. Dez Novas Competências para Ensinar. Porto Alegre (Brasil), Artmed Editora, 2000.

SCURO, Pedro. (org.). Sociologia ativa e didática. São Paulo: Saraiva, 2004. 1ª ed. São Paulo: Saraiva, 2004.

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NICÉSIO, Guilherme Alves de Lima. “Elementos da comunicação e suas formas de planejamento”. Material da 3ª aula da Disciplina Técnicas de Comunicação Docente, ministrada no Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Didática e Metodologia do Ensino Superior – Programa Permanente de Capacitação Docente. Valinhos, SP: Anhanguera Educacional, 2009.

NICÉSIO, Guilherme Alves de Lima. “A Estrutura Textual II”. Material da 4ª. aula da Disciplina Perfil Corporativo, Crenças e Valores, Programas Institucionais, ministrada no Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Didática e Metodologia do Ensino Superior – Programa Permanente de Capacitação Docente. Valinhos, SP: Anhanguera Educacional, 2009.

TELLES, Luís Fernando Prado. “Elementos da comunicação e suas formas de planejamento”. Material da 1ª. aula da Disciplina Técnicas de Comunicação Docente, ministrada no Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Didática e Metodologia do Ensino Superior – Programa Permanente de Capacitação Docente. Valinhos, SP: Anhanguera Educacional, 2009.

TELLES, Luís Fernando Prado. “Alguns aspectos da variação lingüística”. Material da 2ª. aula da Disciplina técnicas de Comunicação Docente, ministrada no Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Didática e Metodologia do Ensino Superior – Programa Permanente de Capacitação Docente. Valinhos, SP: Anhanguera Educacional, 2009.

PCNs. – Parâmetros Curriculares Nacionais - de Língua Portuguesa Brasil. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília.

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