• Nenhum resultado encontrado

Frans Janszoon Post: estudo da invenção e da intertextualidade sobre o Forte Reis Magos

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Frans Janszoon Post: estudo da invenção e da intertextualidade sobre o Forte Reis Magos"

Copied!
65
0
0

Texto

(1)

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES DEPARTAMENTO DE ARTES

CURSO DE LICENCIATURA EM ARTES VISUAIS

PROFESSOR DR. TASSOS LYCURGO GALVÃO NUNES ALUNO. HERBTON SEVERO CALAFANGE DA SILVA

FRANS JANSZOON POST: ESTUDO DA INVENÇÃO E DA INTERTEXTUALIDADE SOBRE O FORTE REIS MAGOS.

NATAL/RN 2019

(2)

FRANS JANSZOON POST: ESTUDO DA INVENÇÃO E DA INTERTEXTUALIDADE SOBRE O FORTE REIS MAGOS.

Trabalho de conclusão de curso apresentado à universidade federal do rio grande do norte – UFRN como parte dos requisitos para obtenção do título de Licenciado em Artes Visuais.

ORIENTADOR: Tassos Lycurgo Galvão Nunes

NATAL/RN 2019

(3)

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Departamento de Artes – DEART

Silva, Herbton Severo Calafange da.

Frans Janszoon Post : estudo da invenção e da intertextualidade sobre o Forte Reis Magos / Herbton Severo Calafange da Silva. - 2019. 63 f.: il.

Monografia(licenciatura) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes. Licenciatura em Artes Visuais, Natal, 2019.

Orientador: Prof. Tassos Lycurgo Galvão Nunes.

1. Fortaleza dos Reis Magos (Natal, RN). 2. Arte holandesa - Brasil - História. 3. Post, Frans Jansz, 1612-1680 - Primeira fase, 1637-1644. 4. Intertextualidade. I. Nunes, Tassos Lycurgo Galvão. II. Título.

RN/UF/BS-DEART CDU 75.047

(4)

Trabalho de conclusão de curso apresentado à universidade federal do rio grande do norte – UFRN como parte dos requisitos para obtenção do título de Licenciado em Artes Visuais.

_______________________________________

Prof. Dr. Tassos Lycurgo Galvão Nunes – Universidade Federal do Rio Grande do Norte – Orientador.

_______________________________________

Prof. Dr. Vicente Vitoriano Marques Carvalho – Universidade Federal do Rio Grande do Norte

_______________________________________

(5)

Dedico este trabalho à minha família, especialmente a minha tia Francisca Ângela da Silva que tem possibilitado conhecê-la melhor nos últimos anos, e a minha mãe Tereza Cristina Barata. Finalizo com a frase de Aristóteles “a arte é a ideia da obra, a ideia, a ideia que existe sem matéria”.

(6)

Primeiramente, quero agradecer ao Deus Supremo, Onipotente e Trinitário pela iluminação de abrir meus caminhos para adentrar no Curso de Artes Visuais. Agradeço também, profundamente ao Professor Vicente Vitoriano Marques Carvalho que ao longo dos anos 2016 a 2019 me favoreceu estudos sobre a História das Artes no Rio Grande do Norte, sem dúvida, o professor Vicente é uma pessoa dedicada e feliz por ser professor, artista e pesquisador em Artes Visuais. Ao meu orientador do TCC II, o professor Tassos Lycurgo Galvão Nunes que tem sido bastante transparente com sua generosidade e testemunho de cristão e de pessoa humana. Por mim, quero agradecer aos professores e professoras do DEART, particularmente, ao professor Rogerio Junior Correia Tavares que sempre foi prestativo a ensinar as disciplinas de Desenho em Computador, e oferecido um excelente dialogo humano; a professora Laurita Ricardo de Salles que tem sido uma mãe no Curso de Artes Visuais; aos meus colegas e funcionários terceirizados e públicos que prestaram maiores forças nos momentos difíceis.

(7)

Frans Post, que procura destacar sua pintura do Forte Reis Magos do Rio Grande do Norte, mas abrange também a região do Nordeste, pois é analisada toda a primeira fase do pintor entre os anos de 1637 a 1644 do século XVII. Porém o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) não finaliza somente na descrição das obras de Frans Post, mas também verifica a relação intertextual da iconografia do Forte Reis Magos desde Frans Post até a contemporaneidade. A pesquisa na arte holandesa no Brasil deve ser levada em conta duas dimensões: a primeira o contexto da invasão dos holandeses entre os anos de 1630 a 1655 no Nordeste; e a segunda a presença dos viajantes entre eles o pintor Frans Post, que teve a missão de registrar o paisagismo do Novo Mundo. A divisão dos capítulos foi feita pensando na melhor maneira de apresentar a influência do pintor na arte, ou seu estilo de técnica lavando em conta a palavra naïf que caracteriza aquele que nunca passou por uma escola de artes. A procura de investigar se os registros pintados no Nordeste por Frans Post pode ser considerado uma invenção ou uma criação somente fazendo mais pesquisa sobre esta problematização de analisar os efeitos de composição e efeito pictórico das obras, mas refletindo sobre esses aspectos pode-se perceber que nas ultimas fases do pintor as obras parecem fazer parte de uma recriação das primeiras fases.

Palavras-chave: História das Artes; Forte Reis Magos; Intertextualidade; Primeira fase (1637-1644); Invenção.

(8)

This dissertation seeks to understand Frans Post's artistic processes applied on his painting of the Reis Magos fortress, located at the State of Rio Grande do Norte, Brazil. It's also an Art History work that analyses Post's first artistic stage - between 1637 and 1644 - 17th Century. It does not only elaborates a description of Post's work, since this work is also concerned with the intertextual relations within the Reis Magos fortress' iconography since Post's years until nowadays. Research on Dutch art in Brazil has to be taken in two dimensions: firstly, considering the Dutch invasion and occupation of the Northeast of Brazil during the period of 1630 to 1655; secondly, considering the constant presence of the pilgrims - Post being of of those - that had the mission of register the new word's landscape. The chapters were chosen with the intent of present the painter's influence in the arts or even his naif style, taking into consideration that he's never been to a school of arts. This work also intends to investigate whether Post's artworks on the Brazilian Northeast themes can be considered as a creation in itself. In order to do so, this work tries to get deeper into the composition effects and into Post's artwork pictorial effects. This dissertation concludes that Post's latter artistic stages are to be considered as a recreation of the former stages of his works.

(9)

Figura 1 - Retrato de Frans Post...11

Figura 2 - Retábulo de Gante...21

Figura 3 - A Vigia da Noite...23

Figura 4 - Carro de Boi...27

Figura 5- Forte Ceulen...29

Figura 6 - Vista de Itamaracá...35

Figura 7 - Carro de Boi...36

Figura 8 – Forte Ceulen...37

Figura 9 – Vista da Cidade Frederica na Paraíba...38

Figura 10 – O Rio São Francisco...40

Figura 11 – Porto Calvo...41

Figura 12 – Forte Frederik Hendrik...42

Figura 13 – Forte Reis Magos...46

Figura 14 – Forte Ceulen...47

Figura 15 – Castel Eulen Aen Rio Grande...48

Figura 16 – Fluvius Grandis...49

Figura 17 – Forte Reis Magos...51

Figura 18 – Forte Reis Magos...52

Figura 19 – Forte Reis Magos...53

Figura 20 – Forte Reis Magos...54

(10)

INTRODUÇÃO...11

1. CAPÍTULO I: A influência artística de Frans Post na História da Arte holandesa..20

1.1. Arte renascença e a Arte holandesa...20

1.2. O protestantismo na Arte holandesa...22

1.3. Frans Post e sua produção artística...24

2. CAPÍTULO II: Primeira fase (1637-1644) de Frans Post no Nordeste...32

2.1. A primeira pintura de Frans Post...33

2.2. As pinturas de 1638 de Frans Post...34

2.3. As últimas pinturas da primeira fase...38

3. CAPÍTULO III: A intertextualidade da iconografia do Forte Reis Magos a partir do Frans Post...42

3.1. Pintura de Post verso a pintura de Thiéry sobre o Forte Reis Magos...45

3.2. Gravura do Forte Reis Magos...47

3.3. Fotografia do Forte Reis Magos...51

CONCLUSÃO...55

REFERÊNCIAS...58

(11)

INTRODUÇÃO

O presente Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) no formato monográfico tem por objetivo manifestar a contribuição do pintor Frans Post para história da arte, particularmente, na área artística. O trabalho monográfico está dividido em três capítulos: o primeiro capítulo, a influência artística de Frans Post na História da Arte holandesa; o segundo capítulo, a primeira fase (1637-1644) de Frans Post no Nordeste; e o terceiro capítulo, a intertextualidade da iconografia do Forte Reis Magos a partir de Frans Post. Consequentemente, a partir da construção dos capítulos tenta-se problematizar duas questões direcionadas para o objetivo relatado sobre a história da arte em Post, tanto, na região do Nordeste como especificando diretamente para o Estado do Rio Grande do Norte. A primeira problematização procura responder o aspecto da invenção na construção artística do pintor a partir da primeira fase que constitui a produção artística de Post no Nordeste. A segunda problematização averígua a relação intertextual ou a intertextualidade na iconografia do Forte Reis Magos a partir de Frans Post.

Fiigura 1 - Retrato de Frans Post.

Detalhe de gravura feita por Frans Hals, em meados da década de 1660.

Segundo Lago e Lago (2009) na biografia de Frans Post como pintor deve ser levada em conta as quatro fases da sua vida como artista, pois sua trajetória no desenvolvimento na

(12)

formação artística é considerada complexa de ser analisada, principalmente por ausência de informação sobre sua vida. No entanto, do que foi possível identificar sobre Frans Post os autores nos proporciona verificar. O que se sabe sobre Frans Janszoon Post (1612-1680) foi que ele era filho de Jan Jansz Post e de Francyntie Peters sendo o terceiro filho do casal nascido na Cidade de Leyden, localizada nos Países Baixos, mas logo que completara dois anos ficou órfão do seu pai que falecera. Seus irmãos são constituídos por três membros: Pieter Janszoon Post o mais velho (1608), Anthoni Janszoon Post (1610) e Johanna Janszoon Post (1614).

Antes da partida para o Brasil, o dado mais relevante da vida de Frans Post é sua proximidade com o irmão mais velho Pieter (1608-1669), também pintor, que se tornaria um dos mais famosos arquitetos na Holanda de seu tempo. Tanto quanto se sabe, a vida de Frans Post fois sempre muito envolvida com a arquitetura, talvez até mais do que com a pintura, devido, certamente, à influência de seu irmão Pieter Post. Com seu pai Jan, pintor sobre vidro, morreu quando Post tinha somente dois anos de idade, sua importância deve ter sido apenas a de um exemplo distante. Acredita-se que a influência de maior peso em sua formação tenha sido realmente a de Pieter, quatro anos mais velho e já membro da guilda de São Lucas de pintores de Haarlem em 1623 (LAGO E LAGO, 2009, p. 23).

A formação artística de Frans Post é atribuída a partir da influência do seu próprio irmão Pieter Post que foi uns dos melhores arquitetos de Haarlem, na Holanda, pois como não houve contato direto com seu pai que também teria sido artista, acabou transferido toda sua referência para seu irmão.

Post é não somente o primeiro pintor de paisagem brasileira, como também o primeiro paisagista das América. Tem, para a arte brasileira uma posição de importância fundamental, e permanece hoje como o exemplo mais acabado do “olhar distante” exercido pelo artista estrangeiro que descobre a surpresa e o fascínio de um jovem pintor de 24 anos, formado na escola de Haarlem, habituado aos céus baixos e à topografia plana da Holanda, diante da natureza exuberante, da nova luz, flora, fauna e raças que descobre ao desembarcar em Pernambuco (LAGO E LAGO, 2009, p. 09).

Contudo sem querer desvincular ou fugir do foco sobre a produção artística de Frans Post na primeira fase, é importante destacar a participação histórica dos holandeses no Brasil, principalmente liderada pelo Conde João Maurício de Nassau (1604-1679). Os holandeses se

(13)

fizeram presente ao Novo Mundo (no Brasil) a partir da primeira tentativa em terras baianas, nos anos 1624 sem sucesso, pois a defesa portuguesa estava eficiente à tentativa de invasão. Porém em Pernambuco, nos anos de 1630, os holandeses conseguiram encontrar abertura para invadir o Novo Mundo, pois a defesa militar da corte portuguesa já não era tanto eficiente quanto na Bahia.

A presença holandesa deve ser explicada neste contexto de invasão não apenas como mais uma nação interessada em exportar da colônia a principal produção econômica do período do século XVII, o açúcar, mas constatar as contribuições positivas que os holandeses proporcionaram como fontes históricas a realidade do século XVII no Brasil. O trabalho de Nassau na nova colônia possibilitou trazer para a viabilidade novos conceitos de arquitetura, de pintura, de política e de ciência. As produções feitas pelos holandeses podem ser percebidas por meio dos seus mapas, livros, quadros a óleo, gravuras, novas informações geográficas, botânicas, zoológicas, étnicas sobre a América e seus novos conhecimentos científicos. Nesse sentido, é provável que sem a presença dos holandeses no Brasil no século XVII não teríamos fontes históricas voltadas para ilustrações sobre esse período, pois os viajantes em sua maioria foram holandeses que descreveram e desenharam o Brasil.

Entretanto, o século XVII deve ser levado em conta o apogeu da Holanda em duas características: a primeira uma sociedade burguesa mercantil influenciada por ideia calvinista, e a segunda pela sua grandiosa relação com a arte realista que se tornou um berço para o estudo do paisagismo, ou o “século de ouro” da Holanda. Os pintores Rembrandt e Hals representaram esse crescimento da arte na Holanda, e podem ser considerados os pais da arte holandesa. No entanto, o século XVII não pode ser analisado na História das Artes uma ruptura integral com a arte da Idade Média, pois o Renascimento ainda possuía vestígios aprisionados dentro dos limites dos elementos visuais. Por isso o pintor não obtinha nenhuma reflexão especial, ou garantia de uma posição diferenciada na sociedade.

“(...) o pintor integrava-se sem conflitos na ordem social. Nada está mais distante dos costumes dessa época do que a revolta do incompreendido ou a vontade obstinada de originalidade. O artista procura utilizar bem, ou melhor, uma técnica, que era em suma artesanal, na qual tivera um aprendizado, mas sobre cuja natureza profunda ele não se interroga. Os pintores formam uma guilda, a que chegam pelos degraus habituais: foram aprendizes de um mestre que os fez lavar os pincéis e varrer o ateliê; montaram os cenários para as telas do mestre; pintaram uma figura acessória no quadro no qual o mestre se reservava o principal; trabalharam sobre seus esboços. Quando se tornam

(14)

mestres, afinal, vão abastecer um mercado com cotações regidas pelas leis gerais do comércio. O trabalho não merece, como tal, nem consideração nem honra particulares” (Zumthor, 1989: 240).

Frans Post viveu apenas sete anos no Novo Mundo, entre 1637 e 1644, mas sua produção artística no Nordeste somente pode ser analisada entre 1637 a 1640, ou correspondendo a sua primeira fase. As demais obras que poderiam ser fontes históricas para a pesquisa artística são consideradas inexistentes, pois não há informações sobre os paradeiros delas. Porém, Post merece ser considerado essencial na construção do paisagismo do Novo Mundo não porque fosse holandês, ou porque tivesse sido formado nos moldes tradicionais dos ateliês. Pelo contrário, sem sua vinda para o Novo Mundo é provável que jamais tivesse sido conhecido na História das Artes, pois sua carreira artística é desconhecida sem informações anterior a 1637. Post merece ser contextualizado pela sua criatividade de misturar sua formação artística da Holanda com as perspectivas.

No entanto, é importante apontar que alguns autores estudiosos sobre a História das Artes não consideram o pintor Frans Post como um pintor que tenha sido moldado ou formado realmente sobre a escola de arte da Holanda. Alguns se referem à aparente falta de antepassados para o estilo de Post no Brasil, como George Gordon, que evoca a dificuldade de identificar para Post uma filiação artística clara nas obras holandesas anteriores. O extraordinário naturalismo de Post, que já foi equivocadamente associado a uma postura naïf, nada tem haver com limitações técnicas, mas antes com um descompromisso com as convenções vigentes, que surpreende num artista ainda jovem, mas suficientemente maduro para que já tivesse incorporado muitos dos cacoetes de seus contemporâneos.

No entanto, definindo melhor a construção da monografia em Artes Visuais sobre o pintor Frans Post é verificado que percorremos detalhadamente sobre cada capítulo definido. O primeiro capítulo procura se basear na influência da Arte holandesa para o pintor Frans Post, e consequentemente, a influência que a Arte holandesa possui da Arte do Renascimento. A construção do primeiro capítulo é uma tendência marcada por uma referência que possa contribuir para o entendimento do estilo do pintor holandês no Brasil. Esse capítulo não procura destacar nenhuma hipótese desconhecida que não seja baseada nas referências pesquisadas, principalmente, almejando dialogar a questão da invenção nas obras de Frans Post. A invenção é sugerida nessa monografia como maneira refletiva de questionar e problematizar até que ponto pode-se dizer que as impressões deixadas nas obras desenhadas e

(15)

pintadas do pintor Frans Post podem nos afirmar que as descrições repassadas foram impressões reais de uma região nordestina do Novo Mundo.

O segundo capítulo tem por finalidade identificar as sete obras que compõem a primeira fase de Frans Post no Brasil, especificamente no Nordeste. Este levantamento sobre as sete obras foi constituída a partir de pesquisa feita nos teóricos em História das Artes, principalmente, nos autores Lago e Lago (2009). As abordagens foram feitas por leitura dos livros sobre o pintor Frans Post, e a leitura visual das imagens das sete obras. A única obra que pode ser analisada no Brasil é a obra do Forte Frederik Hendrik (1640), que está localizada no Instituto Ricardo Brennand em Recife-PE. Nesse capítulo procura-se verificar duas dimensões sobre as obras. A primeira a descrição das imagens, os personagens, os pigmentos utilizados, a técnica de pintura, a composição de cores e as semelhanças da tonalidade de cores nas imagens. A segunda destaca-se pela análise nas imagens, assim observando o contexto histórico do período do século XVII, a presença dos holandeses no Nordeste, as construções arquitetônicas, as etnias presentes nas imagens, os fortes em destaques, particularmente, o Forte Reis Magos (1637). O segundo capítulo pode-se dizer que iluminado pelo ensinamento apreendido na disciplina de História das Artes do Curso de Artes Visuais do departamento de Artes.

O terceiro capítulo investiga-se relacionar a relação intertextual da iconografia do Forte Reis Magos, desde o desenho, a pintura e a gravura do pintor Frans Post em outras obras produzidas posteriormente sobre o Forte Reis Magos, que abrangem as seguintes estruturas: na pintura, na gravura e na fotografia. A intertextualidade é tudo aquilo que está referenciada em uma base constituída por algum artista que, nesse caso, inicia-se a partir de Frans Post. A intertextualidade serve como forma de contribuir identificar as possíveis relações que uma obra possui de outro artista ou de um estilo artístico. Quando nos referimos à intertextualidade podemos verificar que, geralmente, um artista é influenciado por um estilo e nas imagens podemos conectar os traços presentes nas obras. Em relação à intertextualidade, na disciplina de História das Artes do Rio Grande do Norte, observamos que a intertextualidade pode ser analisada no pintor Newton Navarro, que nas suas imagens possibilita visualizar sua influência no expressionismo.

As demais fases são compostas das seguintes etapas: a segunda fase (1645-1660) de Post corresponde aos primeiros 15 anos após seu retorno à Holanda, e se estendeu dos 33 aos 48 anos de idade do pintor. Os quarenta quadros hoje identificados que pertencem a essa

(16)

período estão certamente entre os melhores da obra de Post, pois representa seu aperfeiçoamento de técnica de paisagismo. A terceira fase (1661-1669) é considerada um período curto de nove anos, geralmente, considerado como o mais brilhante e prolífico da produção do artista, dos 49 aos 57 anos. Sendo 71 quadros ser inseridos nesta terceira fase elevando a média de menos de três quadros por ano da fase anterior para quase oito nesta década que provavelmente corresponde ao momento de maior popularidade de sua obra. As composições tornam-se livres, e Post excuta agora Capricci1 com variados elementos brasileiros para satisfazer a curiosidade e o gosto pelo exotismo de sua nova clientela, que na sua maioria nunca esteve no Brasil. A quarta fase (1670-1680) corresponde a ultima fase de Post em vida coincidindo o período que é considerado como decrescente, dos 58 aos 67 anos de idade. Nessa temporada, supõe-se que sua saúde e habilidades estivessem diminuídas, e que problemas de alcoolismo o tenham atormentado.

A contribuição das pinturas que marcam a primeira fase das obras brasileiras algumas está localizada no Estado de Pernambuco, e outras estão concentradas no museu Louvre na França. Percebe-se que a pintura de Post centraliza-se no paisagismo, mas coloca em destaque o pitoresco de pequenas figuras ou personagens que não são muito relevantes nas obras, assim sendo, uma maneira de oferecer ao leitor visual uma interpretação horizontal do local, ou como é mais conhecido como paisagismo. Entre as obras destacam-se na primeira fase: “Vista de Itamaracá”, “Rio São Francisco”, “Engenho com Capela”, “Ruínas da Sé de Olinda”, “Paisagens das Vizinhanças de Pernambuco”, “Cachoeira de Paulo Afonso”, “Engenho de Açúcar”, “Paisagem de Pernambuco com Casa Grande” e “O Forte dos Reis Magos”.

Se fosse possível observar as quase 160 pinturas conhecidas de Post num mesmo ambiente, se tornaria fácil perceber os artifícios usados para recriar as paisagens brasileiras. Vários de seus quadros trazem o título Paisagem brasileira ou Paisagem no Brasil. Quase todos usam o recurso do repoussoir, em telas ou pranchas de tamanho médio, com palmeiras e vegetação exuberante no primeiro plano, concentradas à esquerda ou à direita. As cenas têm ao fundo um horizonte relativamente baixo, que faz o céu ocupar cerca de metade da tela: no plano intermediário trazem construções como casas-grandes, engenhos, igrejas ou ruínas e, usualmente, um pequeno grupo de escravos, homens e mulheres brancos ou mesmo mestiços, perto das construções ou num terreiro em frente a elas, conversando, dançando ou em afazeres

1

(17)

cotidianos. Aparecem ainda, especialmente em seus quadros da terceira fase, animais tropicais junto à vegetação do primeiro plano.

Com efeito, a fonte de dados desse trabalho é do livro Frans Post (1612-1680): obra completa, de Pedro e Bia Corrêa do Lago (2009), que permite entender, sobretudo, a perspectiva da primeira fase de Post no Nordeste, e, possivelmente, o sentido da imagem do Forte dos Reis Magos, que constitui a única obra de Post na região do Estado do Rio Grande do Norte. Em tese, Lago e lago (2009) permitem conhecer as possibilidades que o Forte dos Reis Magos representava naquela época do século XVII. A obra não teria sido concluída pelo pintor no mesmo dia e nem no mesmo local, isso permite indagar que Frans Post não teria passado muito tempo no Rio Grande do Norte. O motivo de sua rápida visita ao Estado não é conhecido, mas o pouco que se sabe da presença de Frans Post se repassa por meio do paisagismo sobre a margem do Forte.

Contudo, o importante de observar, historicamente, a imagem do Forte dos Reis Magos de Frans Post está, sobretudo, em contribuir para o estudo da História da Arte local, particularmente, no período Colonial. O estudo sobre a História da Arte no Rio Grande do Norte ainda é uma lacuna, principalmente entre os séculos XVI a XIX, pois não há registros que informem oficialmente pinturas desses séculos. Quando remota a História do Rio grande do Norte entre os séculos citados, geralmente, se encontra em registros de viajantes que por algum motivo específico, acabaram desenhando o paisagismo local, mas, além disso, não permite fazer alguma análise da construção artística na história local.

No período do Brasil Colônia, 1530 a 1808, o país vivia sob a visão da colonização e da expansão mercantil, porém esse interesse da metrópole de escravizar negros e trazer para as grandes capitanias do Brasil permitiram desta maneira as invasões de outras nacionalidades no Brasil, principalmente, na região do Nordeste. Por volta de 1621, à Holanda, interessada por matéria prima do açúcar, faz sua primeira expedição para invadir o Brasil através da capitania baiana, mas não houve conquista pela força portuguesa de evitar a invasão. Todavia, o Brasil nesse período do século XVII vivia também constantes rebeliões entre aldeias indígenas, sobretudo, os patiguara que viviam na região litoral do Nordeste. Por esse motivo, muitos soldados que estavam na Bahia temiam vir para o Estado de Pernambuco. Assim sendo, a cidade de Recife ficou a mercê de resguardar a região de uma possível invasão, mas por desprimorosa dificuldade de guardas suficientes para combater estrangeiros não puderam fazer nada. Quando os holandeses resolveram investir numa segunda tentativa de invadir o

(18)

Brasil através da capitania pernambucana sob o comando de Maurício de Nassau. Entre 1630 a 1654, os holandeses fixaram, quase que totalmente, na região do Nordeste em busca de plantação açucareira.

O Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) foi desenvolvido sobre a orientação metodológica demostrada por Lakatos (2001), pois, expressa um caminho para o entendimento sobre o que se pretende estudar como forma de monografia. A partir do momento que existe uma pergunta a ser questionada existe uma possibilidade de construir um TCC, mas para isso é preciso saber como se repassar uma construção de um projeto e posteriormente de uma escrita acadêmica que, nesse caso, está direcionado para o pintor Frans Post.

Considerando que a metodologia utilizada neste Trabalho de Conclusão de Curso refere-se ao processo que caracteriza uma monografia, que possui um interesse de apresentar o pintor Frans Post como referência de arte na História do Brasil e, especialmente no Estado do Rio Grande do Norte. Geralmente, a problematização é uma questão simples, mas não pode se superficial, pois não possibilita construir uma linha direta sobre a temática estudada. Nesse Caso, Frans Post é uma temática que possibilita um estudo em Artes Visuais, mas contextualizar sobre a iconografia do Forte Reis Magos, desde Frans Post até um fotógrafo não é fácil, porém também não é impossível.

Michel de Certeau (1982) demonstra que o papel da história é proporcionar também memória viva sobre os acontecimentos passados, ou revivendo fatos mortos. Nessa sequência, transmite que um espaço ou até mesmo um lugar arquitetado pode ser perspectiva de reconhecimento ou de nova leitura histórica, mas para que um monumento se torne resinificado para uma sociedade é preciso que saia do esquecimento e do abandono, possibilitando encontrar seu verdadeiro sentido ou sua origem. O Forte Reis Magos, objeto de estudo nos faz caminhar sobre os passos desse significado de construção físico como espaço de fortaleza, e por lado nos permiti revelar um espaço de imagem artística.

A narrativa histórica, como a escrita da história, em uma formulação “tem uma função simbolizadora, permite a uma sociedade situar-se, dando-lhe na linguagem um passado e abrindo um espaço próprio para o presente: marcar um passado é dar lugar à morte, mas também redistribuir o espaço das possibilidades, determinar negativamente aquilo que está por fazer e, consequentemente, utilizar a narratividade que enterra os mortos como meio de estabelecer um lugar para os vivos” (CERTEAU, 1982, p. 107).

(19)

Simon Schama (1996), “Paisagem e Memória” busca identificar a mitologia da natureza no Ocidente em suas várias manifestações. Com uma erudição impressionante, Simon Schama faz uma análise detalhada e profunda das significações atribuídas à paisagem natural em diversas épocas e lugares, mostrando o que se conserva e o que se perde, na visão de natureza culturalmente herdada. Shama mesmo sendo um autor direcionado para o campo da História nos proporciona perceber na construção do Trabalho de Conclusão de Curso em Artes Visuais que o Forte Reis Magos construído no século XVI tinha uma perspectiva militar de fortaleza, mas ao longo dos séculos tornou-se um objeto de arte.

(20)

CAPÍTULO I: A influência artística de Frans Post na História da Arte holandesa.

1.1. Arte renascença e a Arte holandesa.

Primeiramente, este capítulo tem por objetivo apresentar a influência do Renascimento na pintura holandesa, e posteriormente o interesse de Frans Post nos pintores holandeses Pieter Post, Pieter Molijn e Van Ruysdael preponderados pelo estilo do realismo.

A arte do Renascimento pode ser caracterizada como um modo de resgatar as antigas origens das artes do período clássico, particularmente, as artes gregas e romanas. No entanto, no início da transição estava de um lado à arte gótica um estilo ainda influenciado pela teologia cristã onde a Arte era uma manifestação divina, que tudo centralizava em Deus, tanto, na arte, na filosofia, na política e na cultura. Por outro lado, com o surgimento do Renascimento em meado do século XV, na Itália, os caminhos artísticos foram sendo manifestados de maneiras diversas, as escolas de pintura italiana e flamenga apresentam os mesmos fenômenos, mas o Realismo começa a destacar com maior nitidez na arte. Nesse sentido, a arte no renascimento é encarada com novos olhos, encanta o artista como um espetáculo maravilhoso, mesmo ainda com designação religiosa, mas a representação muda para a própria imagem e não mais para o simbolismo.

No transcorrer das mudanças, observamos que os flamengos2 deixam-se levar pelo instinto, diferentemente dos florentinos que são levados pela própria lógica do estilo da racionalidade. O novo modo da arte renascentista tinha sido influenciado pelos clássicos, o retorno da arte grega possibilitara a mudança de perspectiva deixando de ser naturalista para ser idealizada na busca pela perfeição.

O humanismo fez recuar a cultura, e então a antiguidade apareceu como um espelho. Portanto, toda a vida intelectual do século XV se tornou imitação do antigo: imitação filológica e estilística, imitação dos sistemas filosóficos, imitação dos costumes. Mas o humanismo não representava somente um fato cultural, correspondia também a uma nova atitude espiritual com relação à pessoa humana. Humanismo significava estima do homem, admiração por suas qualidades e certeza do seu eterno destino, porque nas bibliotecas, juntamente com os autores pagãos, havia os cristãos que os humanistas estudavam. A apologia da idade antiga sempre neles se encontra com a exaltação da própria idade e da confiança desmedida em suas forças pela consciência de não tão-somente imitar e, sim superar os modelos antigos. (MONTERADO, 1978, p. 86).

2

Adj. De ou pertencente ou relativo à Flandres. Cada um dos dialetos do neerlandês, falados na Bélgica e na região de Dunquerque (França). (FERREIRA, 1988, p. 299).

(21)

No entanto, é evidente, que essa mentalidade não apenas desenvolveu uma crise na arte cristã, mas como os próprios artistas renascentistas como Leonardo da Vinci, Rafael e Miguel Angelo são exemplos de terem deixado o velho estilo voltado para as Igrejas Católicas, ou pelo menos mostrar que o pensamento já não era mais medievo na arte.

A arte flamenga do século XV é a grande escola de pintura, tendo como iniciadores os irmãos Van Eyck, Hubrecht e Jan. Eles conseguem libertar a pintura da escravidão do livro e da arquitetura monumental criando o quadro de cavalete tal como o entendemos hoje, portátil, destinado à decoração de interiores. Em cooperação pintam o famoso retábulo do Cordeiro Místico. Introduziram o princípio do realismo completo aceitando o espírito da Renascença.

Figura 2 (Jan Van Eyck, Hubrecht Van Eyck. Retábulo de Gante, 3,5 x 4,6m. Madeira, têmpera, tinta a óleo,

(22)

1.2. O protestantismo na Arte holandesa.

Como consequência das guerras religiosas cristãs, particularmente entre o catolicismo e a reforma protestante no século XV, as províncias do norte da Europa se separam dos países Baixos, ao norte eram protestantes como na Holanda, tendo o sul do país permanecido católico. Nas províncias do norte, implantou-se uma democracia laica alicerçada numa sociedade burguesa sob o espírito luterano e Calvinista sem hierarquia. Nem os grandes programas civis ou religiosos e nem a mitologia interessava os comerciantes de Amsterdã ou Haarlem. O estilo que predominava a região holandesa era admirável com o uso da pintura realista.

A Holanda pode ser visualizada nesse período a partir de dois grandes pintores holandeses que se propuseram em destacar uma arte local. O primeiro, Frans Hals (1580-1666) de Haarlem, retratista e pintor de cenas de costumes ou pinturas cotidianas, no seu estilo de pintar se preocupava mais com o efeito pictórico do que com a qualidade de modelo. O segundo, e talvez o mais celebre entre os holandeses, Harmensz Rembrandt Van Rijn (1606-1669). Rembrandt tinha na pintura um contato excepcional e espiritual, dessa forma a realidade física dos personagens perde toda a importância, o que interessava era a interioridade expressiva de suas almas. O pictórico nas pinturas se misturava com emoção, sentimento e dor entre os personagens que eram pintados.

(23)

O tema essencial deste retrato retrata de uma vigia onde é possível observar homens de várias categorias de classes juntos por um ideal defender uma mulher que aparece no meio do lado esquerdo do quadro iluminada de cor dourada. Observa-se que na frente estão dois homens que possivelmente seriam príncipes ou pessoas de alto escalão, pois pelas vestimentas de roupas se destacam dos demais. Em suas telas é perceptível que Rembrandt não era um artista como qualquer outro da época da “Idade do Ouro”, pois possuía uma técnica que permitia o contraste entre luz e sombra e também deslumbrante de um sentimento de ternura, ou seja, transmiti sentimentos reais por meio da arte.

Nessa pintura, o artista estava usando a perspectiva linear de ordem geométrica, quando se observa no fundo da pintura. Porém, a luz destaca-se nos personagens desconhecidos da obra, principalmente, a mulher meia de desesperada que algo estivesse para acontecer. Apesar de destacar-se pelos efeitos óticos das suas telas, o artista conferiu ao quadro uma paleta de cores tranquila. Em muitas de suas pinturas usava ultramarinos naturais. O elemento visual da luz é o maior exemplo da qualidade de Rembrandt na pintura.

É evidente notar que Rembrandt apresenta sua influência com o realismo, e ao mesmo momento o estilo flamengo de não se deter apenas a geométrica, linha direta do estilo, mas sua criatividade de recriar a partir do próprio instinto de passar para o quadro a maneira que pensava na realidade.

Contudo, é louvável explicar que a arte neerlandesa foi construída sobre a existência camponesa e burguesa, enquanto a italiana se baseia na vida da cidade, sua visão aristocrática. A essência da arte holandesa é a pintura dos campos, dos sítios, dos banquetes, dos costumes cotidianos. A Holanda foi à primeira em toda Europa a deter sua técnica para o campo e destacando sua dimensão natural.

Entretanto, não querendo distanciar do objeto deste primeiro capítulo da monografia para outro viés ou outros caminhos sobre Frans Post, mas manifestar que o “conhecimento” prescreve sobre os pilares anteriores da arte holandesa ao pintor. Buscaremos a partir das páginas a seguir deter a Frans Post, diretamente, sua atuação como pintor holandês.

(24)

1.3. Frans Post e sua produção artística.

Anne Cauquelin (2007) descreve uma história de uma menina que é levada pela fantasia a acreditar que as coisas acontecem por meio dos sonhos, que a luz e a sombra estão ligadas por meio da invenção que é aproximada aos objetos. A paisagem é uma invenção a partir da perspectiva, que inaugura um novo regime ótico. Na antiguidade não havia noção de paisagem entre os filósofos gregos já que a imagem era apenas uma forma de fundo para narrar, para contar estórias sob o signo do princípio, da razão. A invenção é uma construção mental dada pela possibilidade de ver, de criar e de perspectiva.

A paisagem é uma invenção de uma técnica do olhar. Segundo Cauquelin: “vemos em perspectiva, vemos em quadros, não vemos nem podemos ver senão de acordo com as regras artificiais estabelecidas em um momento preciso, aquele no qual, com a perspectiva, nasce a questão da pintura e a da paisagem?” (CAUQUELIN, 2007, p. 79).

Segundo Lago e Lago (2009) são prováveis que nesse período de transição da Idade Média para o Renascimento, o país da Holanda tem dedicado sua expressão de arte para as paisagens tanto nas pinturas e nos desenhos, assim configurando um marco na história do paisagismo ao longo dos séculos XV, XVI e XVII. O século XVII foi marcado por um período chamado “século de ouro” da arte holandesa. No qual marcou um período de vários artistas que eram especializados na pintura de paisagens e criavam obras notáveis.

Continuando, Constantijn Huygens (1596-1687), que era secretário das províncias unidas dos Países Baixos, também conhecido como poeta, compositor, diplomata e grande conhecedor de arte considerou a arte de paisagistas holandeses da seguinte maneira: “a lavra de pintores de paisagens (é assim que chamo aqueles que se especializam na pintura de florestas, campos, montanhas e aldeias) é tão vasta e tão afamada em nossa terra que a relação dos artistas, por nome, certamente daria um pequeno livro” (LAGO e LAGO, 2009, p. 10).

Entretanto, segundo o levantamento histórico realizado pelos pesquisadores Lago e Lago, a pintura de paisagens na Holanda não estava apenas restrita nos registros de rios, pôlderes3 e diques4, principalmente, das regiões dos interiores holandesas, mas encontravam-se também em pinturas e deencontravam-senhos de viajantes que encontravam-se aventuravam em ultrapassar as fronteiras para conhecer outros climas naturais e objetos desconhecidos na região da Holanda.

3

S.m. Planície que, inundada ou sujeita a inundação pelo mar ou rios, é protegida por diques e dessecada continuamente com o fim de torna-la utilizável na agricultura e/ou na habitação. Grande parte do território da Holanda é constituído de pôlderes. (FERREIRA, 1988, p. 514).

4

(25)

O pintor e desenhista Roelant Saverx (1576-1639) representa um desses viajantes que trabalhou para a Corte do Imperador Rodolfo II, em Praga, onde foi possível registrar montanhas e florestas.

Depois de viajar, ainda jovem, ao sul da Noruega e da Suécia, Allart Van Everdingem (1621-1675) apresentou à arte neerlandesa a paisagem escandinava com suas cachoeiras, formações rochosas e chalés de troncos de madeira, outros artistas contentaram-se em seguir o estilo de seus pares de ofício viajantes. Por exemplo, Jacob Van Ruisdael pintou muitas paisagens com cachoeiras, provavelmente sem ter jamais visto uma, e a luz dourada que banha as paisagens tardias de Aelbert Cuyp equivocadamente sugere que ele tenha viajado à Itália. (LAGO e LAGO, 2009, P. 10).

Diante disso, se observam que existiam nesse período do Renascimento alguns tipos de viajantes, aqueles que pintavam segundo o que visualizava na realidade e registrando na obra; outros que por seguir o estilo semelhante buscava predominar na obra fragmento pictórico parecido sem jamais ter conhecido o que pintou. No caso de Jacob5, que gostava de estudar o efeito e a sombra sobre esses terrenos, e sendo especializado em cenas florestais.

Com efeito, o pintor Frans Post é contextualizado como um desses pintores que são considerados viajantes, ou estrangeiros que registrou no seu paisagismo uma série de imagens do Novo Mundo. Nascido em Haarlem, Post merece especial destaque, pois foi o primeiro pintor a sair da Europa para o novo continente e, certamente tinha bastante interesse de conhecer a visão exótica que se passava na mente dos europeus sobre o Novo Mundo. Nesse sentido, Post pode ser caracterizado diferente dos seus colegas holandeses, pois pela sua temática exótica o assegurava uma posição diferenciada em relação à profusão de paisagens executadas no norte da Holanda no século XVII.

Lago e Lago (2009) enxergam que as pinturas de Post não podem ser divididas em dois momentos, um na Holanda e outro no Brasil, mas que consistem pinturas que se encaixa na própria característica do pintor paisagista. O que diferencia é a posição dele no Novo Mundo, onde o registro mudava dos demais que foram considerados viajantes. A pintura holandesa de paisagem continua sendo a mesma para Post, apenas seu tema muda.

É evidente perceber que Post, semelhante os seus contemporâneos, tinha o objetivo de fazer parte de um grupo de artistas nativos da Holanda que estava vivendo um período de século de ouro. Como explicar um fenômeno artístico num só lugar? Por isso, não podemos

5

LAGO e LAGO (2009) destaca o pintor Jacob como um exemplo de um pintor que tentava pintar certas pinturas pictóricas sem nunca ter visto algumas paisagens. Na informação nítida de quem seria Jacob, mas é utilizado apenas como exemplo no livro: Obras Completas de Frans Post.

(26)

deixar de pensar Post fora desse contexto artístico. Sua tendência na pintura paisagística teve início na realidade e na própria cultura holandesa.

Em meio a essa profusão de artistas Pieter Brueghel, o velho (1525-1569) e Herdrick Goltzius (1558-1617), pintores desenhistas e gravuristas, todos eles trabanhando em Haarlem e todos eles especializados em paisagística, encontramos Frans Post, filho do pintor de vidros Jan Jansz Post e irmão mais moço do arquiteto e pintor Pieter Jansz Post (1608-1669). Sem dúvida, Frans entrou em contato com artistas e arquitetos quando era ainda muito jovem, e, portanto, não surpreende que, apesar do tema não-holandês, seus trabalhos de desenhos e pinturas – no Brasil e mais tarde na Holanda – estivessem sintonizados, de muitas maneiras,com a obra de seuscompanheiros de oficio em Haarlem. As paisagens de Post são muito parecidas com as de seus conterrâneos, tanto em termos de paleta quanto de composição: em geral, trazem um horizonte posicionado ligeiramente abaixo do meio da pintura e um repoussoir (elemento de primeiro plano que realça a sensação de profundidade). (LAGO e LAGO, p. 17).

Figura 4 (Frans Post. Carro de Boi. 61.00 x 88.00 cm. Óleo sobre tela. Museu de Louvre, França, 1638).

Contudo, observa-se que o termo de primeiro plano é apresentado como uma técnica utilizada já na Holanda e o pintor Frans post destaca em todas as sete obras. Assim, caracterizando na sua dimensão visual o estilo de repoussoir. É interessante destacar que Post nunca se deteve em retratar na Holanda aspectos voltados para dunas, florestas, estradas de terra, trigais ou rios. Lago e Lago destacam que antes de sua vinda ao Brasil os retratos de Post não são conhecidos, dando certa obscuridade e mistério sobre suas obras anteriores. O

(27)

que se conhece sobre Frans Post se baseia a partir dos desenhos e pinturas de paisagens brasileiras. Diante disso, nos arquivos e antigos catálogos de venda de obras de arte não há quaisquer referências a paisagens holandesas de sua autoria.

Contudo, o que se sabe sobre Frans Post como artista, se torna possível, principalmente na Europa, que foi o primeiro artista a retratar a paisagem tropical com suas palmeiras e fauna e flora exótica. A escolha pelo tema foi proposta pelo Conde João Maurício de Nassau – Siegen (1604-1679), nomeado governador de geral da colônia holandesa no Brasil na sua expedição de oferecer a Post uma missão de registrar paisagem visual.

João Maurício convidou Post, juntamente com outros artistas e cientistas, a acompanhá-lo em sua viagem ao Novo Mundo. Assim, enquanto Albert Eckhout (1610-1666), representava em desenhos e pinturas a população, as plantas e os animais locais, Frans Post se ocupava do registro visual da paisagem brasileira. (LAGO e LAGO, 2009, p. 17).

Com efeito, as principais características técnicas da pintura de Frans Post, cujo estilo varia ao longo das quatro fases de sua carreira que foram identificadas pelos autores Lago e Lago são concentradas em dois pares: o primeiro na primeira e segunda fase. O segundo na terceira e quarta. Porém, os autores apontam que na primeira fase é mais nítida da veracidade na realidade das obras, mas não descarta as demais fases, mesmo que sejam consideradas posteriores da presença de Post no Brasil, ou lembrança da presença no Nordeste.

Lago e Lago (2009) apontam que pela ausência de conhecimento das obras anteriores da presença de Frans Post no Brasil, apenas pode-se ser analisada a partir da primeira fase onde se encontra sete telas remanescentes. A dificuldade de identificar para Post uma filiação artística clara nas obras holandesas não é evidente, pois apenas com sua chegada ao Novo Mundo é que Frans Post se destaca como artista, anterior a isso, na Europa Frans Post não pode ser visualizado. Provavelmente, Post chegou ser reconhecido como artista depois da sua volta para Holanda, tendo sua experiência exterior como tendência focalizada nas imagens pictóricas e exóticas do Brasil configurando como o pintor viajante.

No entanto, a técnica que caracteriza Frans Post pode ser vista, desde o primeiro plano em seus propósitos de composição. A mesma característica pode ser vista em Forte Ceulen no Rio Grande, o reflexo da figura é visto apenas parcialmente em primeiro plano.

(28)

Figura 5 (Frans Post. Forte Ceulen. 60.00 x 86.00 cm. Óleo sobre tela. Museu de Louvre, França, 1638).

Analisando a obra do Forte Ceulen observa-se que o primeiro plano está voltado para o lado esquerdo no quadro, onde é possível enxergar a dimensão dos recifes logo no primeiro plano seguindo para o céu cinzento, provavelmente, no momento chuvoso ou nublado, na região da profundidade visualiza-se o Forte e mais à frente figuras pictóricas representando possivelmente indígenas.

Embora as paisagens brasileiras sejam finalizadas de forma aleatória em um dos seus lados, a maioria delas exceto duas são ancoradas cuidadosamente em um dos lados por uma árvore ou um conjunto de árvores. O clássico efeito Repoussoir (elemento lateral de primeiro plano visando acentuar o efeito de perspectiva). O conjunto de arbustos, à esquerda pode ser visto mesmo em vista de Itamaracá. A exceção fica por conta de Forte Ceulen, uma composição sofisticada, cuja âncora, à esquerda, formada por planícies de lama das marés, é deliberadamente sobrepujada pela linha de fuga também à esquerda. (LAGO e LAGO, 2009, p. 69).

Lago e Lago (2009) descrevem que as obras remanescentes de Post foram todas executadas a óleo sobre suporte em telas do mesmo tamanho, com pequenas variações. Várias destas telas estão atualmente envelhecidas, mas que representam, de certa maneira, um traço da textura holandesa, e que a forma de U e é decorrente da fibra do tecido, e da camada de pintura em datas posteriores.

Entretanto, a presença da arte holandesa no Brasil possui em parte um conceito de Michel de Foucault sobre os dispositivos (FOUCAULT, 2002, p. 291), ou os poderes que

(29)

impõem a sociedade como servidora do poder. Frans Post pode ser considerado o primeiro pintor estrangeiro em terras do Novo Mundo. Porém deixa claro, que sua presença possuía parcialmente a tentativa de registrar o paisagismo brasileiro, assim não se pode negar que as evidencias deixadas mostraram que Frans Post era influenciado pela arte holandesa. As autoridades presentes no Brasil possuíam a mentalidade fixada na religiosidade, mas os holandeses não. A missão de Frans Post não pode ser comparada apenas por que não fosse católico, mas pelo seu trabalho de registrar monumentos importantes em cada província que passou. O caso do Forte Reis Magos e não outro lugar no Rio Grande pode estar ligado pela cidade ser pequena.

O efeito sobre a pintura da vitória do protestantismo foi ainda mais acentuado. Sabemos que a catástrofe foi tão grande que tanto na Inglaterra como na Alemanha, onde as artes haviam florescido não menos que em qualquer outro país na Idade Média, a carreira de um pintor ou escultor deixou de atrais os talentos nativos. Recordemos que nos Países Baixos, onde era tão forte a tradição de bons artífices, os pintores tinham que se concentrar em certos ramos da arte para os quais não houvesse objetos de fundo religioso. (GOMBRICH, 1999, p.413).

Nesse sentido, os gêneros de pinturas holandesas são expressivos por meios de retratos da natureza morta, a paisagem de vida cotidiana e doméstica. Outra característica na sensação holandesa é que a particularidade surge também com o retrato coletivo que reúne várias pessoas. O objetivo na arte holandesa é, sobretudo, o externo aquilo que se manifesta de fora para dentro. Diferentemente da concepção religiosa que concebia que não podia haver grandiosidade humana, já que o Criador deveria ser sempre o centro de tudo.

Nesse ponto de vista investigam-se duas realidades sobre o foco na pintura. O primeiro, o objeto sensível ao pintor para registrar a realidade ao seu redor, a paisagem é um grande exemplo que os pintores adquiriram como maneira de se apropriar do que era possível na época. O segundo se refere da formação de registrar o cotidiano da vida, quer que seja coletivo ou individual, mas que mostrasse claramente a distância daquele modelo de pintura cristã do catolicismo que era configurado pela religiosidade.

O que caracteriza a diferença entre os pintores da Holanda é sua ideia de viver sem a necessidade de fazer uma obra e depois procurar um comprador: “... num aspecto, é possível que os artistas se alegrassem ao ficar livres de patrocinadores que interferiam na sua obra...” (Gombrich, 1999, p.416).

Segundo Wölfflin (2000), o sentimento de nacionalidade (conceito revolução francesa), é um gesto formal que entra em contato com os elementos espirituais e morais de

(30)

um povo. Por isso a história da arte tem seu lado positivo de apresentar tantos estilos presentes na evolução da arte. As coisas estão em plena relação umas com as outras. Separá-la seria o mesmo que criar outra coisa. Os quadros holandeses também foram sintonias com o mundo, mesmo que essa relação não seja mais aquela que foi na Idade Média.

O espirito ou a essência da alma holandesa é definido pela sua relação com seu povo, em outro sentido, chamada flamenga (PEIXOTO, 2014, p. 51), essa relação não pode ser julgada apenas pela cisma protestante, mas também pelo sentido de nacionalidade que desenvolvia na Holanda. O estilo marca um conceito de carimbo nacional, todos que pintavam na Holanda possuíam essa identidade ou era influenciado pela na arte renascentista.

Como decorrência dessa nacionalidade pode-se observar que afirmar um estilo nacional é desafiador, pois se trata de uma possível influência de um estilo original como é ensinado na representação gráfica; formas que geram formas diferentes, mas que em certos sentidos conservam-se sua originalidade da forma primeira. "Épocas diferentes produzem artes diferentes; o espírito da época mescla-se ao espírito de raça. É preciso estabelecer, em primeiro lugar, os traços gerais de um estilo antes de o considerarmos um estilo propriamente nacional” (Wölfflin, 2000, p.11).

Portanto, se considerar que Post usufruiu talvez mais do que os outros colegas de profissão, todas as oportunidades da Holanda de seu tempo, principalmente, para servir à nobreza e viajando ao Novo Mundo deve exclusivamente ao cenário histórico em que Frans Post viveu e a seu serviço de pintar paisagens marcadas por um gênero de mercado garantido.

No entanto, é possível identificar um ponto em comum em todas as obras de Post, ele pintava com o espírito de um holandês ou seguia as tradições pictóricas e descritivas da pintura de paisagem neerlandesa. Assim, construindo cenas teatrais delimitadas pelo repoussoir (elemento de primeiro plano), de vegetação exuberante e pelo amplo horizonte ao fundo, que destacava sua arte visual, elevadas por um céu bastante luminoso que pode ser visualizada no clima da região do Nordeste do Brasil.

Em contrapartida, a escolha de Post pela pintura de paisagens pode também ter outro sentido, pois é averiguado na Holanda do século XVII que somente os artistas incapacitados executavam retratos, ou seja, esses artistas sentiam reprimidos de executar quadros considerados neutros para depois vender: “e a única maneira de muitos deles conseguirem adquirir reputação consistia em se especializarem num determinado ramo ou gênero de pintura” (Gombrich, 1999: 418).

(31)

Nesse segmento, refletindo nas declarações de Lago e Lago sobre a dificuldade de analisar as obras de Post anteriores a vinda ao Brasil pode estar relacionada ao sentido os quais o pesquisador em artes Gombrich define que seria apenas mais um dos pintores menores que atuavam nos Países Baixos, e que repetia o esgotamento do mesmo tema, principalmente a partir da circunstância em que o iniciante e burguês marcado pela arte holandesa começaria a consumir sua produção.

Apesar disso, o reconhecimento artístico de Frans Post somente pode ser visualizado por meio das suas obras brasileiras. Então, fica uma indagação sobre a obra de Post não seria na verdade uma recriação do Novo Mundo? Se observar a perspectiva do europeu sobre o novo mundo partia sobre o imaginário em consideração ao outro (MBERMBE, 2018, p. 25) a partir de então, muito deve aos amplos espaços, céus límpidos, casas de fazenda, engenhos e capelas, além de personagens quase sempre sem rosto: brancos, mestiços, negros e índios pintados por Post.

Por conseguinte, as quatro fases que constitui o trabalho de Frans Post em vida artística estão ligadas, diretamente, ao tema do Novo Mundo e a partir da segunda fase até as últimas são enxergadas como recriação da primeira fase, então parece que Frans Post não saia do tema exótico depois que retornou para Haarlem. É provável que sua tendência estivesse ligada ao mercado interessado em obras exóticas.

Consequentemente, se Post fazia parte de uma burguesia e estava ligado ao serviço de Nassau seguindo o modo de um padrão mercantil não se pode definir que a visão seiscentista apenas era configurada por uma sociedade ligada ao poder econômico e político, mas pode se definir que os elementos apresentados de Frans Post mostram que sua tendência no Brasil e na Holanda é determinada como um artista que pintava um gesto de produção de venda. É comprovável que o espírito protestante é relacionado com a visão capitalista, que Deus abençoa que trabalha. Caminha-se, nessa direção, é capaz de enxergar na obra de Post essa dimensão de garantia de venda.

(32)

2º Capítulo: Primeira fase (1637-1644) de Frans Post no Nordeste.

O segundo capítulo é configurado a partir da primeira fase de Frans Post no Brasil, particularmente, na região do Nordeste entre os Estados do Rio Grande do Norte, da Paraíba, de Pernambuco e de Alagoas, que inicia no ano de 1637 com a sua chegada até o ano de 1644 que finaliza sua estadia no Brasil e retorna para a Holanda. O objetivo deste capítulo é analisar as sete obras que compõem as telas que sobreviveram, mas que representam a importância do artista no reconhecimento das produções realizadas no Nordeste.

Segundo Lago e Lago (2009), a primeira fase deveria ser composta por 18 telas, mas apenas sete obras são consideradas na atualidade sobreviventes as demais que deveriam fazer parte do conjunto ou as 11 que são desconhecidas não tem informações do que aconteceu com elas. O que se pode determinar que a primeira fase fosse analisada somente pela as sete obras que algumas estão localizadas no museu do Louvre na França, e outras estão no Instituto Ricardo Brennand no Estado de Pernambuco.

Antes de iniciar o registro das sete obras procura-se estabelecer neste capítulo o levantamento da missão de Frans Post como pintor oficial convidado por Nassau para registrar as paisagens do Nordeste. É evidente perceber em cada imagem que Post registrou desta fase não apenas caracteriza um espaço “imaginário” (Tuan, 1983, p. 30), construído sobre o Comando da Corte portuguesa, mas também permite catalogar os principais monumentos importantes das regiões. Por outro lado, se a intenção de Nassau era promover por meio do artista Frans Post imagens que representassem o cotidiano das vilas, dos costumes, das culturas e da economia daquele tempo pode-se imaginar que cada obra da primeira fase permite refletir que os locais escolhidos representam, sobretudo, pontos estratégicos criados sob o poder português, como o caso explícito do Forte Reis Magos.

(33)

2.1. A primeira pintura de Frans Post.

Figura 6 (Vista de Itamaracá, Frans Post, 63,5x88,5 cm, oléo sobre tela, 1637).

Esta obra da figura 6, da Vista de Itamaracá, localizada no Estado de Pernambuco marca o início da primeira fase do pintor Frans Post no Nordeste como trabalho artístico registrado sobre o poder holandês.

A imagem da Vista de Itamaracá é a única que foi desenhada e pintada no ano de 1637, possivelmente, o motivo seja por ser a mesma data que marca a chegada de Frans Post no Nordeste.

O primeiro óleo conhecido pintado por Frans Post no Brasil é esta Vista de Itamaracá, executado em 1637, no mesmo ano da chegada do artista ao Nordeste. Foi também o primeiro dos quadros desaparecidos das coleções reais a ser reencontrado na França, nos anos 1880, quando foi adquirido pelo Rijksmuseum, que em 1953 o emprestou de forma permanente ao Mauritshuis, em Haia (LAGO e LAGO, 2009, p. 86).

(34)

Em primeiro plano é possível observar dois europeus um cavaleiro montado no cavalo olhando na direção de outro cavalo sendo conduzido por um possível negro vestido de índio, que aparentemente o cavalo branco esteja querendo comer a cesta de frutas que estão à frente do escravo; o outro europeu do lado esquerdo está de costa para o quadro, talvez representando à admiração a ilha de Itamaracá, que aponta na direção do sul. E afastado outro negro vestido de índio como estivesse chegando de uma suposta colheita, pois em cima de sua cabeça segura uma cesta caminhando na direção dos dois europeus. O céu destaca um amarelado cinzento entre o primeiro plano, mas no terceiro plano o céu é composto por um amarelo mais claro puxado mais para o branco.

2.2. As pinturas de 1638 de Frans Post.

Figura 7 (o carro de bois, Frans Post, 62x95 cm, oléio sobre tela, 1638)

A segunda obra de Frans post “o carro de bois” é considerada como uma das mais belas paisagens que registra a natureza típica do Nordeste. Além de ser uma imagem que sempre apresenta o primeiro plano em destaque também considera as figuras pictóricas não idealizadas, pois apenas destaca as possíveis figuras, que neste caso da tonalidade da cor

(35)

pode-se deduzir que sejam negros trabalhando na roça utilizando a carroça como instrumento de transporte.

Trata-se, sem dúvida, do vilarejo da vila Formosa de Serinhaém, onde havia importantes engenhos de açúcar. O oceano é visível, a distância. À esquerda e na beira do rio observam-se os telhados vermelhos da cidade em torno de um largo, bem como duas construções mais alongados, que provavelmente abrigavam escravos, mas a esquerda, próxima a ribanceira do rio, está a casa do plantador, que se sobrepõe à capela (LAGO e LAGO, 2009, p. 90).

Assim como na imagem anterior da obra “o carro de bois” o céu é destacado sobre uma tonalidade amarelada, mas que neste caso, o céu é visualizado mais claro sem a presença de sombra permitindo traduzir que seja cerca de meio dia. Além dessa interpretação do tempo, a árvore à esquerda é vista sem sombras e claridade da árvore sugere que o tempo era claro.

Figura 8 (Forte Ceulen, Frans Post, 62x95 cm, óleo sobre tela, 1638)

A terceira obra composta por Frans Post seja, talvez a única que é descrita sem vegetação no primeiro plano, apenas destaca a beira da praia a presença de índios tapuias, com lanças de pesca que parecem ter acabado de desembarcar da canoa. No segundo plano pode-se observar o Forte Reis Magos, possivelmente, com sua construção original; no terceiro

(36)

plano visualiza-se dunas cobertas por vegetações típicas de restingas que são espécies herbáceas e pequenos arbustos da região.

(...) A preparação cinza-azul do quadro é em parte deixada visível em algumas áreas do primeiro plano, o que aparentemente foi intencional. Post usa isso para representar o tom da estrutura sedimentar debaixo da borda onde a areia da camada superior foi levada pela água (...) (LAGO e LAGO, 2009, p. 96).

Se observar a Vista de Itamaracá com o Forte Ceulen pinturas feitas por Frans Post visualiza-se as semelhanças das composições de cores usadas no céu, na água e horizonte. Assim percebe-se que o pintor representou o céu a partir de uma analogia da tonalidade da areia para representar o céu cinzento. Porém o Forte é registrado com bastante nitidez entre a cor secundária do marrom puxado para o vermelho e amarelo. Os recifes merecem destaque pela sua visibilidade realista que procura apresentar a tonalidade das rochas e assim as biodiversidades existentes nos recifes. É provável, que o pintor esteve do lado oposto da entrada do Forte, pois a sensação que parece é a intenção de mostrar no fundo da pintura as dunas apontando para o sul.

(37)

Obviamente que os lugares que foram destaques de esboços na visão do pintor Frans Post sejam todos considerados uma obra prima, pois não apenas oferecem uma visibilidade panorâmica dos principais povoados como também permiti enxergar o cotidiano daquele tempo do século XVII. Nesse sentido, a quarta obra de Post merece um destaque especial, pois é a única obra que registra a cidade de João Pessoa, anteriormente, chamada de Felipéia, em homenagem ao rei Felipe da Espanha, que durante a invasão holandesa passou a ser homenageada como a Cidade Frederica em homenagem ao príncipe Frederik de Orange.

Segundo Lago e Lago (2009), o ano de 1638 do século XVII representou o principal momento que Nassau teria escolhido para viajar entre as províncias da Paraíba e do Rio Grande, no qual se encontrava sobre o domínio holandês. É provável que o ano de 1638 tenha sido o maior tempo que Frans Post pintou mais ou menos três obras. Segundo o cronograma de ano os registros apontam no mínimo três pinturas.

Esta obra merece ser considerado como a única que apresenta a cidade de João Pessoa e o povoamento daquele tempo e ainda o convento dos franciscanos abaixo as margens do rio. Mesmo a Ordem OFM (ordem franciscana menor) seja ligada à Igreja Católica Apostólica Romana, o pintor Post destaca quase que no centro da obra.

A vista da cidade Frederica na Paraíba aparece na composição com pigmentos diferente das demais obras pintadas no ano de 1638, pois Post apresenta o céu de maneira mais realista puxado para a cor azul escuro e o branco, somente pouca parte é possível visualizar manchas amarelas entre as nuvens como o pintor estivesse destacando o início do pôr do sol. Além disso, à direita é possível observar que a presença de animais exóticos próximos da floresta esteja ligada a intenção do pintor de mostrar a imaginação entre as fronteiras da cidade com a mata.

(38)

2.3. As últimas pinturas da primeira fase.

Figura 10 (o Rio São Francisco, Frans Post, 62x95 cm, óleo sobre tela, 1639)

A quinta obra denominada “o Rio São Francisco” foi registrada no ano de 1639 do século XVII, que possivelmente apresenta a trajetória de Frans Post sobre as margens do Rio São Francisco. A obra é a única entre as sete que destaca no primeiro plano uma Capivara e mais atrás como fosse o segundo plano um cacto deixando o leitor visual imaginar o toque poético do pintor sobre sua pintura. Por outro lado, tanto a Capivara como o cacto não estariam no quadro apenas por uma visão romântica do Nordeste, mas por uma influência de outros pintores que registravam a Capivara ou o porco d´água como era conhecida.

É o único quadro conhecido do período brasileiro de Post em que um animal exótico aparece claramente no primeiro plano da composição. A presença da Capivara mostra bem a grande liberdade com que Post abordava a execução de seus óleos pintados no Brasil, que tinham objetivo claramente decorativo, em oposição à preocupação documental que o artista demonstrará em seus desenhos que servirão de base anos mais tarde para as gravuras no livro de Barlaeus (...) (LAGO e LAGO, 2009, p. 102-104).

(39)

É interessante perceber que quando o desenho do Rio São Francisco é gravado a Capivara é retirada da cena, mas é aproveitado o fundo mostrando a fuga dos portugueses após um ataque bem-sucedido de Nassau à região. Nesse sentido, pode-se pensar que a visão de Post de substituir a Capivara na tela a óleo por portugueses fugindo na gravura imaginar que a filosofia de Heráclito levemente atravessa a ideia do vir a ser, (HERÁCLITO, 1985, p, 42), que tudo muda nada permanece a mesma coisa, uma vez já passado.

Figura 11 (Porto Calvo, Frans Post, 63x89 cm, óleo sobre tela, 1639)

A sexta obra destaca uma visão bem clara de uma cena cotidiana entre a dominação holandesa no Nordeste, localizada no Estado de Alagoas. No primeiro plano observa tropas auxiliares formadas por índios que descem o vale em direção ao Forte. Porém do lado esquerdo da árvore é possível observar duas pessoas descansando um completamente deitado e outro meio sentado. É importante analisar os dois homens que estão próximos da árvore, pois a sensação que o pintor Post teve foi descrever a realidade do clima da nova colônia holandesa sugerindo certa preguiça.

Além do que foi descrito sobre a obra pode-se visualizar que o Forte está no segundo plano quase que não sendo percebido, mas representava um dos mais importantes da região.

(40)

No fundo da obra observa-se a dimensão do horizonte infinita que o pintor Post deixou como traços, talvez mostrando a dimensão territorial da dominação holandesa sobre o Estado da Alagoas. O céu aparece nitidamente claro sobre o Estado da Alagoas. O céu aparece nitidamente claro dando a sensação que o dia estava chegando à tarde do pôr do sol, a presença das sombras de nuvens entre a árvore e o caminho da estrada para o Forte deixa evidente que o clima estava quente.

Figura 12 (Forte Frederik Hendrik, Frans Post, 66x88 cm, óleo sobre tela, 1640)

Este quadro é considerado o último dos sete sobreviventes dos 18 óleos pintados por Frans Post no Nordeste, especificamente em Pernambuco. É o único da primeira fase que está conservado na Capital do Recife no Instituto Ricardo Brennand, desde 1999 voltou para o local onde foi pintado.

Lago e Lago (2009) descrevem que a obra do Forte Frederik Hendrik representa uma obra prima, pois não apenas destaca o cotidiano daquele tempo do século XVII, mas concentra-se a cena no primeiro plano, composta por três personagens: um europeu de costas para o quadro, um chapéu sobre a cabeça segurando uma lança, vestido aparentemente um

Referências

Documentos relacionados

5 “A Teoria Pura do Direito é uma teoria do Direito positivo – do Direito positivo em geral, não de uma ordem jurídica especial” (KELSEN, Teoria pura do direito, p..

Diversos métodos foram usados para avaliar a fertilidade masculina, inclusive desprendimento, coloração e germinação de pólen e formação de sementes após "sib-matings";

Buscando contribuir para a composição do estado da arte da pesquisa contábil no Brasil, a investigação lançou mão de técnicas de análise bibliométrica para traçar o perfil

O candidato deverá apresentar impreterivelmente até o dia 31 de maio um currículo vitae atualizado e devidamente documentado, além de uma carta- justificativa (ver anexo

Direitos Fundamentais da União Europeia, deve ser interpretado no sentido de que não se opõe a uma regulamentação de um Estado-Membro que submete o recurso de uma decisão

Além disso, a percepção de fadiga ele- vada obteve associação estatisticamente significante com a capacidade inadequada para o trabalho, uma vez que a prevalência da

Realizar a manipulação, o armazenamento e o processamento dessa massa enorme de dados utilizando os bancos de dados relacionais se mostrou ineficiente, pois o

Este estudo apresenta como tema central a análise sobre os processos de inclusão social de jovens e adultos com deficiência, alunos da APAE , assim, percorrendo