Comportamentos considerados como
Art.39, CDC – É vedado ao fornecedor
de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas:
I – condicionar o fornecimento de
produto ou de serviço ao fornecimento de outro produto ou serviço, bem
como, sem justa causa, a limites quantitativos.
Consiste em atrelar o fornecimento de
produto – menos frequente de serviço – à aquisição de outro produto.
Exemplo: bancos (contrato de
empréstimo atrelado à aquisição de seguro).
STJ reconheceu que “são direitos básicos
do consumidor a proteção contra práticas abusivas no fornecimento de serviços e a efetiva prevenção/reparação de danos
patrimoniais, sendo vedado ao fornecedor condicionar o fornecimento de serviço,
sem justa causa, a limites quantitativos, exigir do consumidor vantagem
manifestamente excessiva, bem como
elevar sem justa causa o preço de serviços (STJ, Resp.655.130, Rel. Min. Denise
Exemplo: empresa cinematográfica que
permite o ingresso do consumidor na sala de exibição apenas com a pipoca que vende (se a atividade comercial é essencialmente alimentícia, é permitida a proibição).
Condicionamento de produtos ou
serviços a limitações quantitativas: taxista.
Art.39, II – recusar atendimento às
demandas dos consumidores, na exata medida de suas disponibilidades de
estoque, e, ainda, de conformidade com os usos e costumes.
Impõe-se ao fornecedor o dever de
concluir negócio jurídico com os
consumidores, em conformidade com os usos e costumes e na medida exata de suas disponibilidades de estoque.
O fornecedor não pode escolher
consumidores arbitrariamente,
vendendo a este mas não àquele.
Exemplo: hotel que recusa hóspede
havendo vagas (caberá indenização por danos morais);
Obs.: não aceitação de cheques pelo
Art.39, III – enviar ou entregar ao
consumidor, sem solicitação prévia,
qualquer produto, ou fornecer qualquer serviço.
Se o fornecedor faz uso de técnicas
agressivas de marketing, os riscos são seus.
O produto ou serviço é tido como amostra
Art.39, IV – prevalecer-se da fraqueza
ou ignorância do consumidor, tendo em vista sua idade, saúde, conhecimento ou condição social, para impingir-lhes seus produtos ou serviços.
A norma, preocupada com as
circunstâncias da contratação, diz ser prática abusiva aquele em que o
fornecedor, de modo abusivo, se vale das vulnerabilidades específicas do consumidor.
Exemplo de prática abusiva: banco que, ao
conceder empréstimo consignado, exige dos aposentados taxas de juro acima do mercado.
Art.39, V – exigir do consumidor
vantagem manifestamente excessiva.
Busca equilíbrio material, ante a
Art.39, VI – executar serviços sem a
prévia elaboração de orçamento e
autorização expressa do consumidor, ressalvadas as decorrentes de práticas anteriores entre as partes.
Necessária a prévia e clara informação
Exemplo: carro deixado na
concessionária para orçamento, e o serviço foi feito.
Não haverá dever de adimplir, podendo
– sem dano ao consumidor – haver o
retorno ao estado anterior, se é que ele é possível (retirada, célere e sem danos, das peças introduzidas no veículo).
Art.39, VII – repassar informação
depreciativa, referente a ato praticado pelo consumidor no exercício de seus direitos.
Se isso ocorre, o fornecedor
responderá, inclusive, sendo o caso,
Art.39, VIII – colocar no mercado de
consumo qualquer produto ou serviço em desacordo com as normas expedidas pelos órgãos oficiais competentes ou, se normas específicas não existirem, pela Associação Brasileira e Normas Técnicas ou outra
entidade credenciada pelo Conselho
Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial – CONMETRO.
Se o produto ou serviço está em
desacordo com as normas
administrativas pertinentes, ele, por si só, já é potencialmente perigoso ao
consumidor;
Crime contra as relações de consumo
Art.39, IX – recusar a venda de bens ou
a prestação de serviços, diretamente a quem se disponha a adquiri-los
mediante pronto pagamento,
ressalvados os casos de intermediação regulados em leis especiais (hipótese parecida com o inciso II).
Exemplo: certos blocos de carnaval em
Salvador que negaram acesso à pessoas negras (ainda que não explícita, mas obliquamente).
Além de danos morais, gera a
obrigação de fazer com tutela específica.
Art.42, CDC – Na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente não será
exposto a ridículo, nem será submetido a qualquer tipo de constrangimento ou
ameaça.
CDC proíbe o uso de meios agressivos ou humilhantes.
Exemplo: Faculdade privada que expõe em local visível a lista dos inadimplentes.
Aborrecimentos triviais, no entanto,
não ensejam danos morais.
STJ: “mero aborrecimento, dissabor,
mágoa, irritação ou sensibilidade exacerbada estão fora da órbita do dano moral” (STJ, REsp. 303.396, Rel Min. Barros Monteiro, 05/11/02).
STJ: “1. Os alunos já matriculados, salvo quando
inadimplentes, terão direito à renovação das matrículas, observado o calendário escolar da instituição, o
regimento da escola ou cláusula contratual. 2. Deveras, são proibidas a suspensão de provas escolares, a
retenção de documentos escolares ou a aplicação de quaisquer outras penalidades pedagógicas por motivo do inadimplemento, sujeitando-se o contratante, no que couber, às sanções legais e administrativas,
compatíveis com o Código de Defesa do Consumidor,
caso a inadimplência perdure por mais de noventa dias” (STJ, REsp.837.580, 31/05/07).
Se a cobrança indevida ou excessiva
ocorrer, o CDC ordena solução clara: a repetição do indébito ao consumidor, em valores correspondentes ao dobro do que pagou em excesso.
O consumidor cobrado em quantia
indevida tem direito à repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de
correção monetária e juros legais, salvo hipótese de engano justificável.
TJSP - Apelação APL 58943520088260047 SP 0005894-35.2008.8.26.004...
Data de Publicação: 22/02/2011
Ementa: DANOS MORAIS. Alegação de cobrança vexatória, em razão de inadimplência, causando
constrangimentos ao apelante junto aos vizinhos e colegas de trabalho. Provas, inclusive
testemunhais, de que o preposto da apelada não relatou a inadimplência a terceiros. Mero
TJSP - Apelação APL 9131965412006826 SP 9131965-41.2006.8.26.0000...
Data de Publicação: 15/03/2011
Ementa: PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS EDUCACIONAIS. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS DE ORDEM MORAL.
COBRANÇA VEXATÓRIA DO DÉBITO. DANO MORAL CONFIGURADO. FIXAÇÃO ADEQUADA. RECURSOS
IMPROVIDOS. A constatação de que a cobrança propiciou uma situação vexatória e constrangedora à devedora,
prática expressamente vedada pelo artigo 42 do Código de Defesa do Consumidor , enseja reparação por danos morais Deve prevalecer o valor fixado pela sentença, porque
TJPI - Apelação Cível AC 201100010002468 PI (TJPI) Data de Publicação: 20 de Abril de 2011
Ementa: CIVIL. CONSUMIDOR. AÇAO DE INDENIZAÇAO POR DANOS MORAIS. COBRANÇA VEXATÓRIA. AMEAÇA DE RETOMADA DO PRODUTO ADQUIRIDO. IMPOSSIBILIDADE. CONSUMIDOR ADIMPLENTE. DANO MORAL. CONFIGURADO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO EMPREGADOR.
INTELIGÊNCIA DO ART. 932 , III , DO CDC . FIXAÇAO DO
QUANTUM INDENIZATÓRIO. ADEQUADA. 1. A apelante não se desincumbiu de seu ônus de provar que a apelada
encontrava-se inadimplente, bem como de que não realizara cobrança vexatória.
TJMA - APELAÇÃO CÍVEL AC 85022009 MA (TJMA)
Data de Publicação: 29 de Julho de 2009
Ementa: APELAÇÃO CÍVEL . CONSUMIDOR . DANO
MORAL . COBRANÇA VEXATÓRIA NO LOCAL DE TRABALHO . QUANTUM INDENIZATÓRIO .
PROPORCIONALIDADE . CARÁTER PUNITIVO E
REPARADOR . I O quantum fixado a título de danos morais pela cobrança vexatória de dívida no local de trabalho da consumidora deve ser proporcional ao dano sofrido, bem como deve possuir caráter