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Natação paralímpica : queixas físicas de atletas com deficiência físico/motora

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA

THÁLITA GONÇALVES SANTOS

NATAÇÃO PARALÍMPICA: QUEIXAS FÍSICAS DE ATLETAS COM DEFICIÊNCIA FÍSICO/MOTORA

CAMPINAS 2018

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THÁLITA GONÇALVES SANTOS

NATAÇÃO PARALÍMPICA: QUEIXAS FÍSICAS DE ATLETAS COM DEFICIÊNCIA FÍSICO/MOTORA

Dissertação apresentada à Faculdade de Educação Física da Universidade Estadual de Campinas como parte dos requisitos exigidos para a obtenção do título de Mestra em Educação Física na Área de Atividade Física Adaptada.

ORIENTADOR: Prof. Dr. Edison Duarte

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELA ALUNA

THÁLITA GONÇALVES SANTOS, E ORIENTADA PELO PROF. DR. EDISON DUARTE

________________________________________

CAMPINAS 2018

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COMISSÃO EXAMINADORA

Prof. Dr. Edison Duarte Orientador

Profa. Dra. Marília Passos Magno e Silva Membro Titular

Prof. Dr. Orival Andries Júnior Membro Titular

A Ata da defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se no processo de vida acadêmica da aluna.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a minha amada mãe Graça, irmã Tatiane e ao mais novo membro da família Victor Gabriel. Meu amor, admiração e gratidão a vocês!

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AGRADECIMENTO

A Deus, ofereço este trabalho como maior e o primeiro dos meus agradecimentos. Ao querido professor, orientador Edison Duarte, pela oportunidade e acompanhamento na trajetória acadêmica, oferecendo-me condições para que este estudo pudesse ser concretizado. Com você aprendi muito, os valores ensinados através de cada conversa foi uma lição para ser utilizada por toda vida, muito obrigada. Ao professor e amigo José Júlio Gavião de Almeida, um dos responsáveis por esta conquista, muito obrigada por sua humildade, respeito e companheirismo. Agradeço muito a professora Maria Luiza Alves Tanure por todos os ensinamentos e momentos compartilhados. Muito obrigada Aos professores Orival, Marília, pelo incentivo acadêmico e contribuições durante a qualificação desse trabalho.

A Simone, secretária do programa de pós-graduação da FEF/UNICAMP, pela eficácia, dedicação, atenção e carinho nos atendimentos, assim como a todos os queridos funcionários (Geraldinho, Dulce, Andreia, Marli, Seu Vilson, Beroth) que foram sempre atenciosos e amigos.

Aos colegas da Gavião Corporation e do Laboratório de Atividade Motora Adaptada, pela partilha do conhecimento e oportunidades de aprendizado. Agradecimento mais que especial a minha querida amiga Jalusa que está sempre a meu lado, sem você este trabalho não seria desta forma e Gabriela H. por toda amizade. Aos colegas do Laboratório de Estudo de Pedagogia do Esporte e Laboratório de Cinesiologia Aplicada, obrigada pela parceria.

Aos colegas da UNICAMP, pela amizade e parceria. Guardarei vocês em meu coração! Aos professores da pós-graduação da FEF-UNICAMP, os quais proporcionaram momentos importantes de aprendizado acadêmico e profissional.

À CAPES e CNPq, pela concessão da bolsa de estudos e incentivo a pesquisa. Aos coordenadores, técnicos, treinadores e atletas das instituições de Natação Paralímpica, meu sincero agradecimento pela parceria e oportunidade de concretizar esse estudo.

Agradeço a meus familiares, primas (Isabela, Maristela, Valdirene, Ana Paula), tias (Maria de Fátima, Ana Isabel), cunhado (Gilberto). A meus queridos e especiais amigos de Campinas, Limeira, Brasil e Mundo que estão sempre presentes acompanhando-me em minha jornada.

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RESUMO

A natação paralímpica (NP) permite a participação de atletas com deficiências física, visual e intelectual agrupados em classes esportivas (CE). A busca por melhores resultados no processo de treinamento leva o atleta a um alto limiar de estresse, aumentando então, sua exposição a riscos de lesões esportivas. Para a contextualização do trabalho realizamos uma revisão sistemática de literatura (artigo 1), por meio da adaptação do protocolo de metodologia de revisões sistemáticas e meta-análise PRISMA. As buscas foram realizadas nas bases de dados Web of Science, Science Direct, Scopus, Scielo, Pubmed, a partir dos termos Paralympic and swimming or swimmers, publicados entre os anos 2000 e 2018. Esta revisão nos trouxe seis artigos presentes nas áreas de saúde/ medicina do esporte/ epidemiologia. O artigo 2 deste trabalho teve por objetivo caracterizar a prevalência de queixas físicas em atletas com deficiência física da NP brasileira. Esta é uma pesquisa epidemiológica descritiva com delineamento transversal, o instrumento de coleta utilizado foi a adaptação do Protocolo de Lesão Esportiva no Esporte Paralímpico (PLEEP). Participaram do estudo 85 atletas da NP. Para a caracterização das queixas utilizou-se a estatística descritiva, testes Qui-quadrado e teste Exato de Fisher. Nossos resultados trouxeram o total de 201 queixas reportadas, para contabilização das queixas foi realizado um agrupamento das classes esportivas. As classes baixas (S1 - 4) apresentaram 13,9% queixas, as médias (S5 – 7) 42,3% queixas e as altas (S8 – 10) 43,8% queixas. A dor com 103 casos foi o tipo de queixa mais reportado dentre todas as classes, assim como o ombro com 49 casos foi a estrutura corporal mais relatada. A prevalência de queixas físicas por grupo de classes baixas, médias e altas, foram respectivamente 78,6%, 84,6% e 84,4%. Podemos concluir que existe diferenças entre o padrão e prevalência de queixas das classes baixas para com as demais. As classes altas apresentou similaridades com a literatura apresentada na natação olímpica, em relação aos segmentos corporais acometidos. Faz-se importante ressaltar que as características das queixas físicas relatadas parecem depender da natureza da deficiência e do esporte praticado.

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ABSTRACT

Para swimming (PS) allows the participation of athletes with physical, visual and intellectual impairment grouped in sports classes (SC). Bringing better results in the training process leads the athlete to a high stress threshold, thus increasing their exposure to the risk of sports injuries. For the contextualization of the research we carried out a systematic review of the literature (article 1), through the adaptation of the methodology protocol of systematic reviews and meta-analysis PRISMA. The databases researches were Web of Science, Science Direct, Scopus, Scielo, Pubmed, from the terms Paralympic and swimming or swimmers, published between the years 2000 and 2018. Six papers were found in the Health / Sports medicine / epidemiology area. Article 2 of this study aimed to characterize the prevalence of physical complaints in athletes with physical disability of Brazilian PS. This is a descriptive epidemiological survey with a cross-sectional design. The instrument used was the adaptation of the Sport Injury Protocol in Paralympic Sport (PLEEP). Height-five athletes participated in the study. Descriptive statistics, Chi-square tests and Fisher's exact test were used to characterize the complaints. Our results brought the total of 201 reported complaints, a grouping of sports classes was performed to account for the complaints. The lower classes (S1 - 4) presented 13.9% complaints, the mean (S5 - 7) 42.3% complaints and the high (S8 - 10) 43.8% complaints. The pain with 103 cases was the most reported type of complaint among all the classes, just as the shoulder with 49 cases was the most reported body structure. The prevalence of physical complaints per group of low, medium and high classes were respectively 78.6%, 84.6% and 84.4%. We can conclude that there are differences between the pattern and prevalence of complaints from the lower classes to the others. The upper classes presented similarities with the literature presented in the Olympic swimming, in relation to the affected body segments. It is important to emphasize that the characteristics of the reported physical complaints seem to depend on the nature of the disability and the sport practiced.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

ARTIGO 2

Figura 1. Diagnóstico da deficiência dos participantes (%) ... 57 Figura 2. Estruturas corporais mais acometidas dentre todas as classes esportivas ... 60 Figura 3. Prevalência de queixas físicas, tipo, localização, mecanismos e nado de ocorrência

da queixa em atletas da natação paralímpica, de acordo com as classes esportivas... 69

Figura 4. Participação nos treinamentos e/ou competições por atletas com queixas físicas da

natação paralímpica. ... 70

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Medalhas Brasileiras e da Equipe Brasileira nos Jogos Paralímpicos ... 18

Tabela 2. Número máximo de pontos obtidos nas avaliações físicas e técnicas ... 22

Tabela 3. Classes esportivas com base nos totais de pontos obtidos após a Avaliação Física e Avaliação Técnica e (se necessário) Observação durante a Competição. ... 23

ARTIGO 2 Tabela 1. Queixas físicas relatadas por grupo de classes esportivas. ... 62

Tabela 2. Estrutura corporal relatada por acometimento de queixas físicas... 63

Tabela 3. Hemicorpo relatado por acometimento de queixas físicas. ... 64

Tabela 4. Mecanismo das queixas físicas relatadas. ... 65

Tabela 5. Diagnósticos relatados pelos participantes. ... 66

Tabela 6. Nado e queixas físicas relatados. ... 67

Tabela 7. Tempo de treinamento semanal por grupo de classes esportivas. ... 68

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CE – Classe esportiva

CF – Classificação Funcional

CPB – Comitê Paralímpico Brasileiro DF – Deficiência Física

DI – Deficiência Intelectual DV – Deficiência Visual EP – Esporte Paralímpico

FINA - Fédération Internationale de Natation

IOSDS - International Organisation of Sport for People with Disabilities IPC – International Paralympic Committee

NP – Natação Paralímpica

PLEEP - Protocolo de Lesão Esportiva no Esporte Paralímpico TCLE – Termo de Consentimento Livre Esclarecido

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SUMÁRIO

1INTRODUÇÃO ... 13

2CONSIDERAÇÕES SOBRE A NATAÇÃO PARALÍMPICA ... 17

2.1A Natação Paralímpica (NP) ... 17

2.2Classificação Funcional ... 19

2.3Características da prova da Natação Paralímpica (NP) ... 23

2.4Biomecânica do nado ... 27

2.5Definição de termos ... 33

3ARTIGO 1: NATAÇÃO PARALÍMPICA: REVISÃO DE LITERATURA... 35

3.1Introdução ... 36 3.2Método ... 37 3.3Resultados ... 39 3.4Discussão ... 42 Considerações finais ... 45 Referências ... 45

4 ARTIGO 2: NATAÇÃO PARALÍMPICA: QUEIXAS FÍSICAS DE ATLETAS COM DEFICIÊNCIA FÍSICO/MOTORA ... 53 4.1Introdução ... 54 4.2Método ... 56 4.3Resultados ... 60 4.4Discussão ... 70 Considerações finais ... 86 Referências ... 87 CONCLUSÃO ... 94 REFERÊNCIAS ... 96 ANEXO A ... 101 ANEXO B ... 104 ANEXO C ... 105 ANEXO D ... 106 ANEXO E ... 107

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1 INTRODUÇÃO

A Natação é uma modalidade esportiva presente nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos. Para a prática da natação paralímpica (NP) são considerados seis tipos de diagnósticos clínicos: lesão na medula espinhal (LM), paralisia cerebral (PC), amputação, deficiência visual (DV), deficiência intelectual (DI) e Les Autres) (WEBBORN; VLIET, 2012).

Para que um atleta com deficiência possa competir, ele necessita estar em uma classe esportiva, sendo esta, a principal diferença entre o esporte convencional e o esporte paralímpico. O sistema de classificação funcional na natação agrupa em classes atletas com deficiência física/motora, visual e intelectual, estas são representadas por números e siglas referentes aos nados; S – Swimming (livre, costas, borboleta); SB – Breaststroke (peito); e SM – Medley (junção dos quatro nados: costas, peito, borboleta e crawl/livre) (IPC, 2018). Atletas com deficiência física/motora estão classificados em 10 classes para os nados livre, borboleta, costas e medley e em nove para o nado peito (ABRANTES; LUZ; BARRETO, 2006; IPC, 2018).

Nas Paralimpíadas do Rio 2016 a equipe brasileira da modalidade alcançou a marca de 19 medalhas, do total de 72 medalhas conquistadas pelo país (CPB, 2018). Em busca de melhores resultados, o esporte de alto rendimento envolvendo uma somatória de fatores físicos e psicológicos, exige uma dinâmica de treinamento exaustiva com o objetivo de promover melhora constante na performance dos atletas (SILVA; RABELO; RUBIO, 2010). Durante o processo de treinamento o atleta atinge alto limiar de estresse aumentando, então, sua exposição a riscos de lesões (FAGHER; LEXELL, 2010; SILVA; RABELO; RUBIO, 2010). Por vezes, a interrupção do trabalho, pode causar insegurança quanto a perda de posição na equipe por parte dos atletas, fazendo com que os mesmos omitam a existência de dores e desconfortos, e continuem a treinar e competir, sem procurar atendimento especializado em quadros iniciais de queixas, o que resulta, em possíveis lesões e/ou estado permanente de dor (SILVA; RABELO; RUBIO, 2010).

Estudos acerca de prevalência em lesões esportivas são importantes para o desenvolvimento de estratégias eficazes para a prevenção na fase inicial das lesões através das queixas, influenciando inclusive na qualidade de vida do atleta (SILVA, A. et al. 2013; 2011; SILVA, M., 2013a). Existe uma variabilidade significativa entre as definições de lesões, encontradas nas abordagens analíticas de estudos que examinam lesões em atletas com

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deficiência, principalmente durante as duas últimas décadas, aonde os estudos sobre estes temas vêm aumentando (WEILER et al. 2016). Após grandes estudos epidemiológicos realizados posteriormente aos Jogos Olímpicos em Londres/2012, passou a ocorrer certa padronização nas definições acerca do tema.

Para identificação das queixas e direcionamento adotamos o conceito de lesões esportivas trazidos atualmente na literatura e utilizadas em grandes estudos epidemiológicos, definido como "qualquer lesão recém-adquirida, bem como exacerbações de lesões preexistentes ocorridas durante o treinamento e/ou competição (DERMAN et al. 2013;

ENGEBRETSEN et al. 2013; SILVA, M., 2013a). Consideramos como queixas físicas decorrentes da prática esportiva qualquer queixa (estrutural ou funcional) referida pelo atleta no momento da competição ou treinamento, relacionada ao exercício ou prática esportiva, mesmo sem a avaliação médica ou presença de períodos de afastamento da atividade esportiva (ENGEBRETSEN et al. 2013; SEIDEL et al. 2007).

Investigações acerca do tema de lesões esportivas (LE) no esporte paralímpico (EP), não devem ser estudadas de forma generalizada (FERRARA; PETERSON; 2000). Burnham, Newell e Steadward, (1991), Derman et al. (2013) e Willick et al. (2013) afirmam que as diferentes deficiências e esportes podem manifestar diferentes padrões de lesões. As características das lesões esportivas parecem depender da natureza da deficiência e do esporte, porém em sua maior parte estes dados aparecem em estudos de forma incoerente e trazidos de forma inespecífica. Apresentando dados de diferentes tipos de deficiências e modalidades esportivas juntas ou informações sobre LE a partir do agrupamento das deficiências, sem considerar a modalidade esportiva, o que pode gerar conflitos no entendimento das informações (DERMAN et al., 2013; FERRARA; PETERSON et al., 2000; NYLAND et al., 2000; WEBBORN; EMERY, 2014; WEILER et al., 2016; WILLICK et al., 2013).

Diante deste contexto, de acordo com Webborn e Emery (2014) um único agrupamento de esportes por deficiência não nos traz o panorama dos fatores de riscos de lesões, pois estes possuem características diferentes quanto à participação, modificação de regras e categorias específicas (WEBBORN; EMERY, 2014). Poucos são os estudos que caracterizam as lesões esportivas na NP, com informações específicas como deficiência e classe esportiva (CE) (DERMAN et al., 2018; KATELARIS et al., 2006; SILVA, M., et al. 2011, 2013b; VITAL et al., 2002; VITAL et al., 2007; WILLICK et al., 2013).

Nos estudos mais recentes como o de Derman et al. (2018), foram trazidas informações em relação a taxa de incidência de doenças que acometeram os atletas nas

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Paralímpiadas do Rio 2016, sendo a taxa da NP de 12,6 (95% IC 10,2 a 15,6) por 1.000/ atletas dias. A partir de dados obtidos nas Paralímpiadas de Londres 2012, Willick et al. (2013) apresentam informações quanto ao número de lesões (NP= 62; 12,4%), mecanismos por modalidades esportivas (NP= 47% lesões agudas) e taxa de incidência 8,7 (95% IC 6,8 a 11,4) por 1.000/ atletas dias, no entanto ambos estudos não apresentam caracterização como estrutura corporal e tipo de lesão especificados por classes esportivas.

Silva, M., et al. (2013b) e Vital et al. (2007) trouxeram uma caracterização mais abrangente sobre lesões esportivas na modalidade, entretanto apenas Silva, M., et al. (2013b) realizou análises a partir da modalidade, deficiência e CE trazendo informações sobre as taxas de incidência das lesões encontradas.

Relatos como quadros de dores são encontrados comumente na literatura citada. O componente subjetivo da dor, somado às diversas implicações, demonstram a necessidade de intensificar a atenção no trato de queixas dolorosas (SILVA; RABELO; RUBIO, 2010). Esta manifestação pode, de certa forma, ocultar conteúdos relacionados a aspectos físicos, pessoais, sociais e mentais dos atletas, podendo influenciar sua vida profissional, devido a interferências em seu desempenho esportivo (SILVA, M., et al., 2013b; SILVA; RABELO; RUBIO, 2010; VITAL et al., 2007).

Considerando a natação paralímpica (NP) como modalidade relevante no cenário de alto rendimento no esporte Paralímpico, nos perguntamos quais são as principais queixas físicas que acometem os atletas com deficiência físico/motora entre os grupos de classes esportivas (baixas, médias, altas) na NP. Assim sendo, esse trabalho teve por objetivo geral verificar a prevalência de queixas físicas em atletas com deficiência físico/motora na NP, como objetivos específicos buscou-se caracterizar os tipos de queixas relatadas em localização, hemicorpo, mecanismos e evento esportivo gerador das queixas.

Esta dissertação está estruturada em: um capítulo geral de contextualização com revisão de literatura de aspectos relevantes da NP e dois artigos. O primeiro artigo refere-se à pesquisa de “Natação paralímpica: revisão de literatura”. Neste, foi feito um agrupamento dos principais temas abordados na literatura da NP. Assim, foram encontrados artigos inseridos na temática de biomecânica, história/sociologia, fisiologia, psicologia, desempenho esportivo, saúde/ medicina do esporte/ epidemiologia, treinamento, classificação, composição corporal, nutrição. No entanto, a descrição dos achados foi realizada para a temática de saúde/medicina do esporte e epidemiologia, visto que o procedimento da revisão sistemática foi necessário para

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maior abrangência com a temática de medicina do esporte. Os artigos encontrados nas demais áreas foram utilizados para embasamento teórico do corpo do trabalho.

Este primeiro artigo foi necessário para dar o suporte teórico e compreender o contexto atual dos estudos sobre lesões de atletas de alto rendimento com deficiência físico/motora na modalidade natação.

O segundo artigo da dissertação intitula-se “Natação Paralímpica: queixas físicas de atletas com deficiência físico/motora”, o mesmo traz a caracterização de queixas físicas apresentadas por 85 atletas. O instrumento utilizado foi o Protocolo de Lesões Esportivas nos Esportes Paralímpicos (PLEEP) aplicado por meio de entrevistas, para a caracterização das queixas físicas as CE foram subgrupadas, por classes baixas (S1 - 4), médias (S5 – 7) e altas (S8 – 10). Este estudo, foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa envolvendo seres humanos / CEP - UNICAMP, com o número CAAE de 55947316.6.0000.5404.

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2 CONSIDERAÇÕES SOBRE A NATAÇÃO PARALÍMPICA

Neste tópico de introdução abordaremos aspectos gerais da natação paralímpica relacionados aos dois artigos de nossa dissertação. São informações que contextualizam o tema e ao mesmo tempo apresentam ao leitor, detalhes que são importantes para a compreensão do presente estudo, como por exemplo o tópico referente a classificação funcional.

2.1 A Natação Paralímpica (NP)

A natação está presente nas competições para pessoas com deficiências desde os primeiros Jogos Paralímpicos, realizados em Roma, em 1960, com participação exclusiva de deficientes físicos. Com seu desenvolvimento e crescente popularização a natação passou então a incluir as demais deficiências, atualmente participam da modalidade, atletas com deficiência física, visual e intelectual (IPC, 2018; MELLO; WINKCLER, 2012). As regras são semelhantes à da natação convencional, e o atleta deve estar inserido em uma classe esportiva (IPC PARA SWIMMING, 2018). O sistema de classificação funcional (CF) da NP agrupa os atletas em grupos entre as deficiências físico/motora, visual e intelectual (IPC PARA SWIMMING, 2018).

A primeira representação brasileira na modalidade em Jogos Paralímpicos foi em Heidelberg, 1972 (IPC, 2018; MELLO; WINKCLER, 2012). Em 1984 nos Jogos Paralímpicos de New York e Stoke Mandeville, vieram às primeiras medalhas conquistadas pelo Brasil, a natação brasileira ficou na 18ª posição com a conquista de sete medalhas, deixando o país entre os 24 primeiros participantes (IPC PARA SWIMMING, 2018; IPC RESULTS, 2018; MELLO; WINCKLER, 2012)

O Brasil também esteve presente no quadro de medalhas dos Jogos Paralímpicos de Seul/1988, Barcelona/1992 e Atlanta/1996, entretanto foi a partir de Sydney/2000 que o país deu um salto em suas conquistas, alcançando melhores posições (IPC PARA SWIMMING, 2018; MELLO; WINCKLER, 2012). Este feito foi resultado de investimentos e ações destinadas ao desenvolvimento de atletas brasileiros realizados pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) (ABRANTES; LUZ; BARRETO, 2006; MELLO; WINCKLER, 2012).

No Brasil a NP está sob responsabilidade do CPB, e responde apenas ao Comitê Paralímpico Internacional (International Paralympic Committee - IPC) (MELLO;

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WINCKLER, 2012). Desde sua criação em 1995, o CPB articula ações voltadas para o desenvolvimento do EP, como o aperfeiçoamento de treinadores e atletas, além da criação de critérios técnicos para a convocação dos mesmos (CPB, 2018). O CPB também estabelece estratégias de incentivos, que vão desde a divulgação e organização de competições até o envio de atletas para competições internacionais, promovendo assim, melhoras significativas em seus resultados (ABRANTES; LUZ; BARRETO, 2006; MELLO; WINCKLER, 2012).

Os resultados derivados dos investimentos realizados, podem ser observados na Tabela.1, que apresenta o crescimento no número de medalhas conquistadas em Jogos Paralímpicos após 1996, principalmente quando comparado aos Jogos Paralímpicos de Barcelona/1992. Este quadro foi apresentado por Mello e Winckler (2012) e atualizado pela autora em janeiro/2018 através do Ranking disponível na página online do IPC.

Tabela 1. Medalhas Brasileiras e da Equipe Brasileira nos Jogos Paralímpicos.

Jogos Paralímpicos

Brasil Natação Paralímpica

Ouro Prata Bronze Total Ouro Prata Bronze Total

Barcelona 1992 3 0 4 7 0 0 3 3 Atlanta 1996 2 6 13 21 1 1 7 9 Sydney 2000 6 10 6 22 1 6 4 11 Atenas 2004 14 12 7 33 7 3 1 11 Pequim 2008 16 14 17 47 8 7 4 19 Londres 2012 21 14 8 43 9 4 1 14 Rio de Janeiro 2016 14 29 29 72 4 7 8 19

Fonte: Extraído do livro Esporte Paralímpico Mello e Winckler (2012. pág. 170); IPC Results, 2018.

Notas: Informações adaptadas e atualizadas pela autora, dados inseridos: Barcelona 1992; Londres 2012 e Rio de Janeiro 2016, em janeiro/2018.

Nesta tabela podemos verificar a evolução da modalidade, pautada em conquistas de medalhas desde Barcelona em 1992 até os Jogos Paralímpicos do Rio de Janeiro em 2016. Segundo o CPB a natação é a segunda modalidade que mais medalhas deu ao Brasil em Paralimpíadas (CPB, 2018).

Em nível internacional a NP é gerida pelo IPC e coordenada pelo Comitê Técnico de Natação (Paralympic Committee Swimming - IPC Swimming). O IPC Swimming coordena e fiscaliza as Organizações Internacionais de Esporte para Pessoas com Deficiências

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(International Organisation of Sport for People with Disabilities - IOSDs), responsáveis por estabelecerem as adaptações necessárias para os atletas com deficiências participarem de EP (ABRANTES; LUZ; BARRETO, 2006;IPC, 2018; MELLO; WINCKLER, 2012).

As regras utilizadas nas competições da NP, advém de modificações das regras da Federação Internacional de Natação (Fédération Internationale de Natation - FINA). Essas regras são utilizadas pelo IPC Swimming para organizar e gerir as normas que envolvem o desenvolvimento da modalidade como arbitragem, calendário de competições, rankings, recordes e classificação (IPC RULES AND REGULATIONS, 2018).

2.2 Classificação Funcional

A principal diferença entre as modalidades esportivas Olímpicas e Paralímpicas é o uso do sistema de classificação (IPC CLASSIFICATION RULES AND REGULATIONS, 2018). A classificação é obrigatória para a competição no EP e, iniciou-se em 1948 em Stoke Mandeville (CPB, 2018; IPC, 2018; MELLO; WINCKLER, 2012; ROSEN, 1973; TWEEDY; HOWE, 2011). Neste período e até meados da década de 70, utilizava-se a classificação médica, processo que levava em consideração a deficiência do atleta baseando-se apenas em seu diagnóstico e não nas habilidades funcionais que poderia ser utilizada para o esporte (ROSEN, 1973).

Com o desenvolvimento do EP, seu caráter voltado apenas para a reabilitação e lazer foi modificando-se, assumindo também o caráter cada vez mais competitivo (BAILEY, 2008; TWEEDY; VANLANDEWIJCK, 2011). A classificação passou por várias alterações acompanhando a evolução do esporte. Atualmente, o sistema mais utilizado é a Classificação Funcional (CF) que objetiva proporcionar uma competição mais equiparada possível. Este sistema foi apresentado em 1976 pelo professor Horst Strohkendl com auxílio de Bernard Coubaiaux e PhillCraven. Sendo oficialmente testado nas Paralimpíadas de Seul, em 1988 (IPC, 2018; VANLANDEWIJCK, 1996).

Na CF atletas com deficiências diferentes podem estar na mesma classe esportiva (CE), visto que estas são direcionadas com base no impacto que a deficiência tem especificamente sob a modalidade e não somente sob o atleta (IPC RULES AND REGULATIONS, 2018). É importante ressaltar que todo atleta precisa apresentar elegibilidade mínima para sua participação, visto que o IPC reconhece algumas categorias de deficiências

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para a participação em competições: deficiência visual, deficiência intelectual, paralisia cerebral, lesão medular, amputação e les autres (os outros) (IPC Swimming, 2018). Apenas atletas com deficiência visual ainda utilizam o sistema da classificação médica (IPC SWIMMING, 2018).

Cada modalidade esportiva apresenta o seu modelo de CF. No entanto, todos devem seguir o código de classificação universal desenvolvido pelo IPC em 2003 (World Para

Swimming), o código está em constante desenvolvimento e atualização, este objetiva coordenar

e dar suporte ao desenvolvimento de sistemas de classificações direcionados aos EP de forma eficaz e confiável (IPC CLASSIFICATION RULES AND REGULATIONS, 2018).

Para a nomenclatura das classes são utilizadas siglas derivadas das palavras de língua inglesa, que indicam as provas e números que indicam a classe esportiva do atleta (IPC CLASSIFICATION RULES AND REGULATIONS, 2018). Na NP as classes diferenciam-se entre os estilos de nados, sendo: letra S (swimming) para provas de nados livre, costas ou borboleta; SB (breaststroke) para o nado peito; e SM (medley) no medley (IPC SWIMMING, 2018). Quanto menor o número dentro da classe, mais alto é o nível de comprometimento causado pela deficiência (ABRANTES; LUZ; BARRETO, 2006; IPC, 2015a; IPC RULES AND REGULATIONS, 2018).

A organização das classes esportivas da natação a partir do tipo de deficiência é apresentada abaixo no quadro 1:

Quadro 1: Classes esportivas na natação paralímpica.

Fonte: IPC Classification Rules and Regulations, 2018.

Deficientes físicos Deficientes visuais Deficientes intelectuais

S1/SM1 SB1 S11/SM11/SB11 S14/SM14/SB14 S2/SM2 SB2 S12/SM12/SB12 S3/SM3 SB3 S13/SM13/ SB13 S4/SM4 SB4 S5/SM5 SB5 S6/SM6 SB6 S7/SM7 SB7 S8/SM8 SB8 S9/SM9 SB9 S10/SM10

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Dentro da classificação do nado peito para atletas com deficiência físico/motora existem apenas nove classes (de SB1 a SB9) (ABRANTES; LUZ; BARRETO, 2006; IPC, 2018).

A partir deste ponto, faremos apenas observações sobre as características das CE para atletas com deficiência físico/motoras na NP.

Para ser elegível na NP os atletas com deficiência físico/motora (DF) devem ter pelo menos uma das deficiências abaixo, consideradas como elegíveis pelo IPC Classification

Rules And Regulations (2018). Sendo estas:

Força muscular comprometida: Atletas com ausência ou redução na capacidade de contração muscular voluntária para movimentar-se ou produzir força, como: lesão medular (completa ou incompleta, tetra/paraplegia ou paraparesia), distrofia muscular, síndrome pós-pólio e espinha bífida.

Deficiência nos membros: Atletas com ausência total ou parcial de ossos ou articulações, como: amputação traumática, doença (amputação por câncer nos ossos) ou deficiência de membros congênitos (dismelia).

Diferença de comprimento da perna: Atletas com diferença de comprimento de suas pernas, como: dismelia, transtorno congênito ou traumático no crescimento dos membros.

Baixa estatura: Atletas com baixa estatura, com comprimento reduzido de ossos nos membros superiores, inferiores e / ou tronco, como: acondroplasia, disfunção do hormônio do crescimento e osteogênese imperfeita.

Hipertonia: Atletas que apresentem elevada tensão muscular e uma capacidade reduzida de alongamento, como: paralisia cerebral, lesão cerebral traumática e acidente vascular encefálico.

Ataxia: Atletas com movimentos descoordenados causados por danos ao sistema nervoso central, como: paralisia cerebral, lesão cerebral traumática, acidente vascular encefálico e esclerose múltipla.

Atetose: Atletas com fluxo de movimentos involuntários lentos, contínuos e contorcidos, como: paralisia cerebral, lesão cerebral traumática e acidente vascular encefálico.

Amplitude de movimento prejudicada: Atletas com restrição ou falta de movimento passivo em uma ou mais articulações, como: artrogripose, contrações

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resultantes de imobilização crônica das articulações ou traumas que afetem a articulação.

Para analisar o impacto das deficiências na natação, os classificadores através de testes atribuem pontos a cada estrutura funcional do corpo dentro e fora da água (IPC CLASSIFICATION RULES AND REGULATIONS, 2018). A CF apresenta três etapas: avaliações físicas, técnicas e a fase de observação. A avaliação física avalia as capacidades funcionais do atleta, realizando testes musculares, coordenativos, medição de membro, altura, diferenças de comprimento, deficiência de membro e mobilidade nos movimentos. A avaliação técnica é realizada em seguida, a qual inclui o teste na água envolvendo movimentações especificas da natação. A fase de observação, analisa o atleta durante a competição para que deste modo possa haver a confirmação da classe.

A alocação do atleta para a classe esportiva dependerá da somatória de pontos atribuídas a partir da aplicação dos testes (IPC CLASSIFICATION RULES AND REGULATIONS, 2018). O código de classificação e regras para a natação do IPC (2018), apresenta a numeração máxima de pontos que podem ser obtidos nas avaliações físicas e técnicas, assim como podemos ver na Tabela 2.

Tabela 2. Número máximo de pontos obtidos nas avaliações físicas e técnicas. Número máximo de pontos

para classe S

Número máximo de pontos para classe SB Braços 130 110 Pernas 100 120 Tronco 50 40 Início/Mergulho 10 10 Virada/ Propulsão 10 10 Total 300 290

Critérios mínimos de deficiência 285 275

Fonte: Extraído de IPC World Para Swimming Classification Rules and Regulations (2018), Pág. 58.

A pontuação destinada a cada CE, pode variar entre 24 e 35 pontos entre uma e outra. A pontuação da classe S (livre, costas ou borboleta) baseia-se na numeração de zero a 285 pontos e a classe SB (peito) de zero a 275 pontos (IPC CLASSIFICATION RULES AND REGULATIONS, 2018). Assim como apresentado na Tabela 3.

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Tabela 3. Classes esportivas com base nos totais de pontos obtidos após a Avaliação Física e

Avaliação Técnica e (se necessário) Observação durante a Competição.

Fonte: Extraído de IPC Classification Rules And Regulations, 2018. Pág. 99.

Nota: *S6 / SB6 também inclui atletas com baixa estatura; **S7 / SB7 também inclui atletas com baixa estatura.

O atleta com baixa estatura (acondroplasia), apresenta característica específica e não requer alocação de pontos, sua avaliação é realizada através de medições, caso este atleta tenha altura máxima de 130 cm no sexo feminino e altura máxima de 137 cm no sexo masculino, sua CE será a S6 - SB6. Para os atletas que apresentam uma altura máxima de 137 cm no sexo feminino e altura máxima de 145 cm no sexo masculino, sua classe esportiva será S7 - SB7 (IPC CLASSIFICATION RULES AND REGULATIONS, 2018).

Alguns atletas, devido à severidade da deficiência, podem receber observações quanto a exceções para a realização das provas (no processo de entrada, viradas, saída da piscina e sinais de largadas). Estas exceções são verificadas no momento da avaliação técnica e repassadas a arbitragem (IPC CLASSIFICATION RULES AND REGULATIONS, 2018). Atualmente o sistema de classificação caminha para o desenvolvimento de uma classificação baseada em evidências cientificas, a fim de diminuir análises realizadas de modo subjetivo, preservando então seu objetivo de proporcionar uma competição mais equiparada possível (IPC CLASSIFICATION RULES AND REGULATIONS, 2018).

2.3 Características da prova da Natação Paralímpica (NP)

Assim como na Natação Olímpica a NP abrange quatro nados: crawl (libre), peito, costas e borboleta. As competições são divididas em categorias masculinas e femininas e as

Classe Esportiva Total de pontos Classe Esportiva Total de pontos

S1 ≤ 65 SB1 ≤65 S2 66-90 SB2 66-90 S3 91-115 SB3 91-115 S4 116-140 SB4 116-140 S5 141-165 SB5 141-165 S6* 166-190 SB6* 166-190 S7** 191-215 SB7** 191-215 S8 216-240 SB8 216-240 S9 241-265 SB9 241-275 S10 266-285

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provas disputadas podem ser individuais ou em equipe de revezamento (IPC RULES AND REGULATIONS, 2018). Os trajes dos competidores devem ser adequados para o esporte (como maiôs, shorts, sungas esportivas) sem com que haja alterações e/ou modificações com intuito de ajudar ou realçar o desempenho esportivo (ABRANTES; LUZ; BARRETO, 2006; IPC RULES AND REGULATIONS, 2018). A entrada na água deve ocorrer sem a utilização de qualquer dispositivo, próteses ou acessórios salvo tocas e óculos esportivos.

A estrutura da piscina competitiva, deve ter o comprimento de 50 ou 25 metros, largura de 25 metros e profundidade mínima de 1m35cm, estendendo-se de 1,0 a pelo menos 6,0 metros da extremidades parede de piscinas com blocos saída. Uma profundidade mínima de 1,0 metro é exigida nas demais áreas (IPC RULES AND REGULATIONS, 2018). Podem conter de oito ou 10 raias com pelo menos 2,5 m de largura entre as mesmas (IPC, 2018). A temperatura deve estar entre 25°C – 28°C (IPC RULES AND REGULATIONS, 2018).

Nas principais competições, o controle de tempo durante a prova é realizado por equipamentos eletrônicos com precisão de centésimos de segundo, acoplados as paredes da piscina (ABRANTES; LUZ; BARRETO, 2006; IPC, 2018). As principais adaptações da regra para a NP acontecem nas largadas, viradas e chegadas.

Os atletas com alterações de equilíbrio são autorizados a receberem suporte para manter-se no bloco de saída, podendo ser segurados nos quadris, mão ou braço (IPC RULES AND REGULATIONS, 2018). Alguns atletas podem assumir posição diferenciada em cima do bloco de saída, como é o caso de um atleta com apenas uma perna totalmente funcional, desde que este atleta tenha uma mão ou outra parte do braço na frente do bloco de saída, o mesmo não precisará manter seu pé a frente (IPC RULES AND REGULATIONS, 2018). Os atletas também podem ser autorizados a iniciar ao lado ou sentado no bloco de saída. Neste último caso, para evitar escoriações é permitido haver uma camada de toalha, ou similar, sob o bloco de saída (IPC RULES AND REGULATIONS, 2018).

Atletas das classes baixas (S1/SB1/SM1 - 3) podem ser autorizados a iniciar a prova de dentro da água, desde que mantenham contato com a parede no local de saída até que o sinal de largada seja dado (IPC RULES AND REGULATIONS, 2018). No caso do atleta não conseguir agarrar o local de saída, o mesmo poderá ter o suporte ou ser apoiado por alguém ou até mesmo utilizar algum dispositivo/acessório (IPC RULES AND REGULATIONS, 2018). O dispositivo/acessório deve ser operado apenas no momento da saída e sua utilização deve ser considerada segura pelo World Para Swimming antes do início da competição. O suporte pode ajudar o atleta a permanecer nas posições para início das provas, no entanto, estes não devem

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ser impulsionados, pois nenhum tipo de suporte deve proporcionar vantagens frente aos demais competidores (ABRANTES; LUZ; BARRETO, 2006; IPC RULES AND REGULATIONS, 2018). Amparados pelos códigos de exceções, os atletas que apresentam dificuldades funcionais, por exemplo, a saída de um atleta com deficiência auditiva pode ser utilizado sinais luminosos e em casos de dificuldades de viradas e chegadas na realização de toques simultâneos, o momento das viradas pode ser realizado com toque não simultâneo (ABRANTES; LUZ; BARRETO, 2006; IPC RULES AND REGULATIONS, 2018).

A variação das provas acontece segundo a classificação funcional, pois todas as provas (50 m, 100 m, 200 m 400 m livre; 50 m, 100 m costas; 50 m, 100 m peito; 50 m, 100 m borboleta; 100 m, 200 m medley) são oferecidas para ambos os sexos (ABRANTES; LUZ; BARRETO, 2006; IPC, 2018).

Abaixo encontra-se o programa de provas apresentados pela World Para Swimming rules and regulation com suas respectivas classes funcionais. A World Para Swimming pode selecionar quaisquer provas abaixo para compor suas competições (Tabela 4):

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Tabela 4. Programa de eventos e suas respectivas classes esportivas.

Eventos individuais 50m Livre S1 – 13 100m Livre S1 – 14 200m Livre S1 - 5, S14 400m Livre S6 – 14 50m Costas S1 – 5 100m Costas S1-2, S6 – 14 50m Peito SB1 – 3 100m Peito SB4 - SB9, SB11- 14 50m Borboleta S2 – 7 100m Borboleta S8 – 14

75m Ind. Medley SM1 - 4 (trecho curto sem borboleta) 100m Ind. Medley SM5 - 13 (apenas um trecho curto) 150m Ind. Medley SM1 - 4 (sem borboleta)

200m Ind. Medley SM5 – 14 Revezamentos 4 x 50m Livre Máx. 20 pts p/ S1-10 4 x 100m Livre Máx. 34 pts p/ S1-10 4 x 100m Livre S14 4 x 50m Medley Máx. 20 pts p/ S1-10 4 x 100m Medley Máx. 34 pts p/ S1-10 4 x 100m Medley S14 4 x 100 m Livre Máx. 49 pts p/ S11-13 4 x 100m Medley Máx. 49 pts p/ S11-13 Misto 4 x 50m Livre Máx. 20 pts p/ S1-10 Misto 4 x 50m Medley Máx. 20 pts p/ S1-10 Misto 4 x 100m Livre S14 Misto 4 x 100m Livre Máx. 49 pts p/ S11-13 Misto 4 x 100m Medley Máx. 49 pts p/ S11-13

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2.4 Biomecânica do nado

Segundo Willig et al. (2012) características morfológicas apresentadas por nadadores com deficiência física podem influenciar na hidrodinâmica e consequentemente na força de arrasto nos nados. No entanto, em muitos casos os parâmetros de comparação do desenvolvimento técnico continuam sendo aqueles descritos na literatura, ou seja, os parâmetros dos competidores olímpicos (SANTOS; GUIMARÃES, 2002).

No nado realizado na posição frontal dois fatores contribuem para manter uma orientação longitudinal ideal. O primeiro é a posição da mão em relação à cabeça e aos ombros quando introduzida na água: para minimizar o movimento lateral do corpo, a entrada da mão deve ser feita entre a linha média da face e a extremidade lateral do ombro, ou seja, o lado do corpo da mão observada. O segundo fator é a contribuição da batida de perna: o papel principal da batida de perna no nado frontal é manter a posição do corpo próxima a superfície e proporcionar estabilidade lateral ao tronco, tanto durante a fase de recuperação do braço acima da água, quanto no período da tração subaquática (PRINS; MURATA, 2008).

Prins e Murata (2008) avaliaram a mecânica de natação dos nadadores com deficiências física (DF), em geral foi observado que a eficiência da propulsão depende da estrutura corporal afetada pela deficiência. A perda da função dos membros, como se vê na paraplegia, também pode afetar a eficiência da natação em decorrência do aumento das forças de arrasto adquiridas de acordo com mudanças no perfil frontal (PRINS; MURATA, 2008).

Santos e Guimarães (2002) notam características ausentes nos nadadores com DF e deficiência visual (DV) quando comparados ao estilo de nado de atletas sem deficiência, abordaremos neste estudo as características apresentadas apenas em relação aos nadadores com DF. As observações dos autores quanto a saídas dos nados constataram que, atletas com ausência de funcionalidade em membros inferiores saíam de duas formas; a primeira de dentro da água e a outra de cima do bloco. Foi observado que dentre estes atletas, os que executavam as saídas de cima do bloco, apenas caiam na água. Atletas com controle de movimento nos membros inferiores, neste estudo, realizavam saídas com alterações na fase aérea ocasionando em ineficiência na penetração na água. De modo geral, as grandes variações foram encontradas na fase de entrada na água, visto que o corpo tocava a água de modo integral e simultaneamente ou quase simultaneamente (SANTOS; GUIMARÃES, 2002). Além do fator deficiência, faz-se importante ressaltar que o tempo de prática e treinamento podem influenciar na característica técnica destes nadadores.

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Dingley, Pyne e Burkett (2014b), apontam que o tempo de saída de bloco demonstrou-se significativamente diferente entre grupos de atletas com deficiências em membros superiores e atletas com paralisia cerebral (PC). Os autores afirmam que apesar do comprometimento neuromuscular em indivíduos com PC, causando atraso no planejamento de movimento (por exemplo, reação a um sinal de partida), estes nadadores geraram grande força no momento da saída, transferindo-a ao longo dos 15 m, através de sua velocidade.

Santos e Guimarães (2002) observaram batidas de pernas e rotação de braços antecipados na fase de deslize o que influenciou de modo negativo o desempenho do nado. As batidas de pernas apresentaram flexão excessiva dos joelhos na pernada de borboleta e saída da perna da água no nado crawl. No nado costas alguns atletas demostraram quebrar o ritmo das braçadas, excessiva rotação em um dos ombros e corpo, transposição da linha média do corpo na fase aérea e tração ineficiente na fase principal, este último ponto ocorrendo também no nado livre (SANTOS; GUIMARÃES, 2002). No nado peito foi observado recolhimento precoce dos cotovelos no final da fase de tração e abertura lateral exagerada dos membros superiores (SANTOS; GUIMARÃES, 2002).

Dificuldades na fase de tração dos nados em pessoas com deficiência física foram decorrentes das complicações de manutenção da posição mais adequada das mãos na fase subaquática, assim como a manutenção dos membros superiores estendidos na maior parte da execução da fase (SANTOS; GUIMARÃES, 2002). Santos e Guimarães (2002) também reportaram menor velocidade durante a fase subaquática, justificando tais resultados através do comprometimento físico apresentado por cada atleta.

No momento das viradas, de acordo com Santos e Guimarães (2002) fatores como: alinhamento do corpo após saída da parede; rotação rápida do corpo com flexão nos quadris e joelhos; preparação do posicionamento do corpo para o toque na borda, são determinantes para melhor desempenho. No entanto, em atletas com ausência de funcionalidade em membros inferiores, tais fatores não foram observados.

As oscilações laterais (de uma raia à outra) do corpo foram observados em todos aqueles atletas que não apresentavam controle sobre abdome e membros inferiores, também podendo ser potencializados por deficiências na técnica de tração (nado costas e crawl) (SANTOS; GUIMARÃES, 2002).

Oh et al. (2013) nos trazem informações sobre a biomecânica na NP a partir das classes esportivas (CE), em seus estudos os mesmos reportam que o arrasto passivo, experimentado pelos nadadores paralímpicos, foi associado ao seu nível de DF. Os nadadores

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com deficiências mais severas, alocados em classes baixas, apresentaram arrasto passivo mais altos. Variabilidade do arrasto passivo também foi observado dentro das CE (OH et al. 2013).

As classes mais baixas podem incorporar maior diversidade de tipos de deficiência do que as classes superiores. Segundo Oh et al. (2013) indivíduos das classes baixas podem ter maior variação em fatores que influenciam o arrasto, como forma do corpo, força, coordenação e amplitude de movimento das articulações que indivíduos de classes altas. Os autores enfatizam que a alta variabilidade no arrasto intra-classe existe principalmente devido aos diferentes tipos de deficiência presentes nas mesmas classes esportivas (por exemplo, amputação, LM, PC). Quando o arrasto foi corrigido para massa corporal, essa variabilidade diminuiu substancialmente nas classes de sete a 14, mas manteve-se relativamente alta nas classes de um a seis (OH et al., 2013).

A amplitude de movimento também é um fator analisado pelos autores Oh et al. (2013), os nadadores com limitação na amplitude de movimento ou rigidez no mesmo, baixa estatura e amputação na virilha dos dois membros inferiores, quando avaliados, neste estudo, criaram maior arrasto passivo normalizado do que os outros grupos de deficiência (OH et al., 2013).

Burkett, Mellifont e Mason (2010), destacam, assim como Oh et al. (2013), a variabilidade de habilidades e nível de função física existentes entre as CE. Os autores defendem a importância de considerar CE juntamente com as deficiências que a compõe, para que deste modo algumas características-chave do desempenho do atleta não sejam ocultas. Um exemplo desta premissa é observado nos atletas com PC, que apresentam-se em diversas classes e têm comprometimento no padrão motor neuromuscular, o que afeta a execução de padrões de movimentos e provoca atraso no planejamento do mesmo.

Em seus estudos, Burkett, Mellifont e Mason (2010) indicam não existir diferenças significativas do tempo de início absoluto entre três grupos de atletas com deficiências, sendo estas: amputação de braço, amputação de perna e PC. O tempo de saída do bloco dos atletas com amputação (S9 e S10) foram semelhantes, enquanto que os atletas com PC (S8), tiveram um tempo de saída significativamente mais lento, quando comparados aos outros grupos (BURKETT; MELLIFONT; MASON, 2010).

Segundo Lecrivain et al. (2010), quando nos referimos a atletas com amputação, é possível verificar diferentes influências no nado em decorrência do tipo de amputação apresentada pelo atleta.

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Atletas com amputação do braço ao nível do cotovelo, utilizam a rotação do tronco com intuito de contribuir na propulsão do nado. Lecrivain et al. (2010) afirmam que o aumento no rolamento corporal máximo eleva o efeito propulsor do membro afetado, visto que estes atletas são privados de mão e/ou antebraço, importante superfície propulsora. A junção do rolamento do tronco gera uma força propulsora eficaz na maior parte da fase de tração, não sendo efetiva apenas do final da varredura para cima (LECRIVAIN et al., 2010).

Outra ação observada por nadadores com amputação unilateral de membro superior (classe S8 e S9) devido à necessidade de compensação diante da falta de segmentos propulsivos, é a utilização de aumento da frequência gestual, a fim de conseguirem aumentar a velocidade de nado (BURKETT; MELLIFONT; MASON, 2010; PRINS; MURATA, 2008; WILLIG et al., 2012).

Prins e Murata (2008) analisaram o tempo do ciclo do nado entre atletas com amputação de membros superiores e sem deficiência, foi observado que, embora os déficits unilaterais pudessem afetar as fases do nado, os efeitos foram mais visíveis nas fases que exigiam movimentos de braços alternados, como no nado crawl e costas. Ao comparar as durações totais do ciclo de nado de nadadores com amputação abaixo do cotovelo e nadadores sem deficiência, foi evidente que, embora as durações gerais para cada ciclo de nado fossem muito similares, variando em apenas um décimo de segundo (1,47 vs. 1,57 s), existiam diferenças de tempo dentro de cada fase de um ciclo de nado, principalmente na fase de tração. Para compensar as áreas reduzidas do membro amputado, os atletas aumentaram a frequência das braçadas a fim de gerar forças propulsoras na água (PRINS; MURATA, 2008). Assim como apresentado por Burkett, Mellifont e Mason, (2010) e Willig et al. (2012).

O nadador com amputação de perna unilateral congênita realiza movimentos de rotação extremos do tronco devido à deficiência, assim como entrada de braço exagerada, prejudicando desta forma o alinhamento corporal no nado (PRINS; MURATA, 2008).

De acordo com Prins e Murata (2008), a perda de ambos os membros inferiores, como no caso dos amputados abaixo do quadril, gera um posicionamento do corpo quase horizontal em relação à superfície, apresentando resistência frontal e massa corporal consideravelmente reduzida, exigindo menos esforço por parte dos braços durante a propulsão. No entanto, os autores observam que embora a resistência frontal seja consideravelmente reduzida, existe em contrapartida, a incapacidade de recrutamento das extremidades inferiores para a propulsão ou resistência às forças de rotação criadas pelas extremidades superiores (PRINS; MURATA, 2008).

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Willig et al. (2012) a partir da caracterização do estilo de nado de uma nadadora com má formação congênita com diferenciação no comprimento nos membros superiores, constatou que a velocidade e a distância de ciclo de nado diminuíram durante o percurso da prova de 50 m livres (principalmente na primeira metade), enquanto que a frequência gestual manteve decaimento regular, gerando, diminuição da força de arrasto hidrodinâmico. Os autores sugeriram que a frequência gestual estava associada à alteração da variação intracíclica de velocidade, afirmando que a assimetria coordenativa já era esperada para este tipo de deficiência. O modelo de coordenação utilizado pela nadadora foi o de catch-up (WILLIG et al., 2012).

Prins e Murata (2008) ao observar os padrões de movimento de um atleta com má formação congênita nos quatros membros, constataram a execução de movimentos rotacionais e/ou palmateios, empregando combinações de ambos os tipos de forças propulsoras, isto é, “arrasto” e “sustentação hidrodinâmica”. Alguns dos nadadores com amputações ou má formação congênita empurram a água para trás com um movimento de remada, outros, foram incapazes de produzir forças de arrasto suficientes ou realizar pequenos graus de deslocamento lineares com seus membros superiores, estes nadadores devido ao tipo de deficiência apresentado tendem a realizar padrões de movimento específicos para propulsão (PRINS; MURATA, 2008).

Os nadadores com PC hemiparética nos estudos de Bosko (2017) apresentaram: 1) menor distância percorrida do membro afetado pela deficiência do que as realizadas pelo membro funcional devido à contratura das articulações; 2) angulação quase constante nas articulações do membro afetado, devido à impossibilidade de extensão total do braço (acarretando na entrada do braço na água com o cotovelo, afetando negativamente a eficiência da técnica de natação); 3) realização do movimento de braçada, por parte do membro funcional, em forma de ‘S’, sendo esta a movimentação mais eficaz; 4) grande carga nos membros inferiores, quando as mãos são mais afetados e vice-versa (BOSKO, 2017).

Bosko (2017) afirma que a restrição na utilização dos membros acometido pela PC hemiparética leva a assimetria na execução da técnica para realização dos movimentos com mãos e pernas, visto que a espasticidade muscular presente nestes atletas acarretam em limitações motoras.

Ângulos de flexão na articulação do cotovelo do membro afetado por espasticidade e contraturas foram constantes em quase todos movimentos, o que gerou restrição na realização de uma movimentação completa de mão. Portanto, esses atletas com menor amplitude de

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braçada e menor propulsão compensaram a velocidade da natação com aumento no ritmo dos movimentos. A ausência de força nas pernas provocou alterações no equilíbrio horizontal e lateral (BOSKO, 2017).

De modo geral, de acordo com Bosko (2017), atletas com PC diplégica espástica e hemiparética apresentam para a técnica de nado características como: manutenção do membro acometido pela deficiência em uma posição mais simples possível; este membro mantém-se quase sem movimentação, pois devido à espasticidade dos músculos extensores ocorre a permanência das pernas em semi-angulação durante a movimentação e realização de movimentos amplos e fortes pelo membro sem deficiência. A eficácia das mãos dos nadadores com diplegia espástica é maior que a encontrada em nadadores com PC hemiparéticas (BOSKO, 2017). Os autores nos trazem que a técnica do nado costas, realizada por atletas com PC, tem suas próprias especificações, no entanto não foram retratadas no estudo.

Prins e Murata (2008) verificaram o efeito da flutuabilidade e posição do corpo no caso de paralisia em membros inferiores. Os mesmos identificaram aumento da resistência frontal devido à ausência de flutuabilidade de extremidades inferiores e tronco, principalmente frente a incapacidade de usar as pernas para gerar força propulsora (BOSKO, 2017; PRINS; MURATA, 2008).

Já a observação de um nadador com quadriplegia, apresentou-se com flutuação imóvel na água (PRINS; MURATA, 2018). Em uma posição propensa a flutuação, os autores observaram que o tronco superior do nadador foi mantido em uma posição horizontal próxima à superfície, enquanto apenas as pernas, não suportadas, afundaram (PRINS; MURATA, 2018).

Prins e Murata (2008) nos trazem que a flutuação resultante da posição dos membros inferiores são consequência de vários graus de eficiência propulsora. Em seus estudos, verificaram que quando um nadador com paraplegia assume uma posição propensa a flutuabilidade na água, a paralisia flácida existente pode resultar na flexão das articulações do quadril e joelho, alterando o alinhamento do corpo (PRINS; MURATA, 2018). As forças propulsoras produzidas pelos braços, junto a força da água que atua contra os membros inferiores, causam flutuações nas extremidades inferiores (PRINS; MURATA, 2018).

Os mesmos autores ao examinarem os movimentos oscilantes das pernas deste nadador, no plano sagital, principalmente a partir das articulações do quadril e joelho, observaram alterações dos graus desta flexão em função das velocidades no nado (PRINS; MURATA, 2018). Os membros inferiores começam a estender-se à medida que as forças propulsoras são aplicadas, atingindo a extensão máxima no momento em que a velocidade

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máxima é alcançada (PRINS; MURATA, 2018). À medida que a velocidade começa a diminuir, os membros começam a flexionar-se, voltando para a posição inicial (PRINS; MURATA, 2018). De acordo com os autores, embora as posições dos membros flutuantes dependam da flutuabilidade natural das extremidades inferiores de cada indivíduo, os graus subsequentes dos movimentos de quadril e joelho são um indicador da eficiência das forças propulsoras produzidas pelas mãos (PRINS; MURATA, 2018).

A análise biomecânica do nado na NP, apresenta-se como uma tarefa complexa. Santos e Guimarães (2002) atribuem esta complexidade a grande gama de deficiências encontradas dentre os atletas paralímpicos, esta variedade também encontra-se presente principalmente dentro de cada classe esportiva (OH et al., 2013). Tais variáveis dificultam a análise da execução dos nados na NP, devido à exigência de maior especificidade e tecnologia utilizada.

2.5 Definição de termos

Prevalência: A prevalência é definida como a proporção da população que apresenta uma lesão

ou doença em um momento específico. Esta, quantifica o número de lesões, existentes em qualquer momento no tempo, relativo ao tamanho da população em risco. Para seu cálculo o numerador abrange o total de atletas que apresentam lesões ou doenças em um período determinado e o denominador é a população total exposta ao risco no mesmo período (KNOWLES; MARSHALL; GUSKIEWICZ, 2006; SILVA, M., 2013a; WALDMAN, 1998).

Queixas físicas: Segundo Seidel et al. (2007) queixas articulares são caracterizadas por: rigidez

ou limitação de movimento, mudança no tamanho ou contorno, edema ou eritema, dor contínua ou dor com um movimento em particular, envolvimento uni ou bilateral, interferência nas atividades diárias, bloqueio articular ou incapacidade funcional. Já as queixas musculares podem referenciar-se a: limitação de movimentos, fraqueza ou fadiga, paralisia, tremor, tiques, espasmos, incapacidade, atrofia, desconforto ou dor. E as queixas esqueléticas podem referir-se a: dificuldades com a marcha ou claudicação; dormência, formigamento ou referir-sensação de pressão; dor com o movimento, crepitação; deformidade ou alteração no contorno esquelético. A partir de tais características consideramos queixas físicas decorrente da prática esportiva, qualquer queixa (estrutural ou funcional) referida pelo atleta no momento da competição ou

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treinamento relacionada ao exercício ou prática esportiva, mesmo sem a avaliação médica ou presença de períodos de afastamento da atividade esportiva (ENGEBRETSEN et al. 2013; SEIDEL et al. 2007).

Localização: A localização da lesão esportiva, pode estar relacionada ao hemicorpo, posição,

segmento e região corporal e estrutura corporal (SILVA M., 2013a). Neste estudo utilizaremos a estrutura corporal acometida como forma de localização.

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3 ARTIGO 1: NATAÇÃO PARALÍMPICA: REVISÃO DE LITERATURA

RESUMO

A revisão de literatura acerca da natação paralímpica (NP), permite fornecer uma visão dos conceitos e teorias presentes. O objetivo desta revisão sistemática foi verificar os aspectos da NP e medicina do esporte. Utilizamos a adaptação do protocolo de metodologia de revisões sistemáticas e meta-análise PRISMA. As bases de dados utilizadas foram Web of Science, Science Direct, Scopus, Scielo, Pubmed, a partir dos termos de busca: Paralympic and swimming or swimmers, publicados entre 2000 e 2018. Os artigos encontrados foram selecionados através de critérios de exclusão e inclusão específicos. Como resultados, tivemos 66 artigos (41%) incluídos na pesquisa. Estes foram subdivididos em grupos segundo a temática abordada: biomecânica, história/sociologia, fisiologia, psicologia, desempenho esportivo, saúde/ medicina do esporte/ epidemiologia, treinamento, classificação, composição corporal, nutrição. Para melhor entendimento acerca do tema principal de estudo, a discussão foi realizada em relação a produção literária acerca dos temas saúde/medicina esportiva/epidemiologia. Encontramos seis artigos relacionados a esses temas, que trazem características sobre aspectos da NP, em sua maioria, por deficiência. É realizado principalmente, um levantamento sobre doenças e lesões osteo-mio-esqueléticas presentes na NP, assim como valores de incidência e prevalência. A região do tronco e membros superiores tendem a ser prevalentemente mais acometidos assim como o segmento ombro. Os tipos de queixas mais relatados encontram-se entre tendinopatias, espasmos/contratura, algias na coluna vertebral e doenças no sistema respiratório. Lesões por mecanismo de sobrecarga foram mais comuns na modalidade. É possível verificar que a caracterização de lesões esportivas na NP, ainda apresenta grande lacuna em relação aos grupos de classes, principalmente quando se trata das classes para atletas com deficiência física e intelectual.

ABSTRACT

The literature review on Para swimming (NP) allows us to provide a view of the concepts and theories present. The objective of this systematic review was to verify aspects of NP and sports medicine. This study was conducted in accordance with the adaptation of the methodology protocol of systematic reviews and meta-analysis PRISMA. The databases used were Web of Science, Science Direct, Scopus, Scielo, Pubmed, from search terms: Paralympic and swimming or swimmers, published between 2000 and 2018. The articles found were selected using specific exclusion and inclusion criteria. As results, we had 66 articles (41%) included in

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the research. These were subdivided into groups according to the theme: biomechanics, history / sociology, physiology, psychology, sports performance, health / sports medicine / epidemiology, training, classification, body composition, nutrition. For a better understanding about the main theme of the study, the discussion was carried out in relation to the literary production on the topics health / sports medicine / epidemiology. We found six articles related to these themes, which present characteristics about aspects of PN, most of them deficiencies. A survey of the diseases and ortho-myoskeletal lesions present in the NP is performed, as well as incidence and prevalence values. The region of the trunk and upper limbs tend to be prevalently more affected as well as the shoulder segment. The most reported types of complaints are among tendinopathies, spasms/contractures, spinal cord injuries, and diseases of the respiratory system. Injuries due to overload mechanism were more common in the modality. It is possible to verify that the characterization of sports injuries in the NP, still presents great gap in relation to the class groups, mainly when it comes to the classes for athletes with physical and intellectual impairment.

3.1 Introdução

A natação encontra-se dentre as modalidades mais populares dos esportes paralímpicos (IPC SWIMMING, 2018). A modalidade apresenta características semelhantes à natação olímpica, adotando variações nas saídas, viradas e chegadas dos atletas (IPC SWIMMING, 2018). A possibilidade de participação ocorre para três grupos de deficiências, físico/motora, visual e intelectual, para tanto, no contexto competitivo de alto rendimento os participantes devem apresentar critérios mínimos de elegibilidade e estar inseridos em uma classe esportiva (IPC CLASSIFICATION RULES AND REGULATIONS, 2018).

Além de sua versatilidade e inúmeros benefícios, o dinamismo da modalidade é observado através da crescente participação de delegações em jogos paralímpicos (MANSOLDO, 2009). Em sua primeira edição realizada em Roma 1960, a modalidade contou com a participação de 15 países e 77 atletas, já nas últimas edições, houve a participação de mais de 74 delegações e 604 atletas (IPC SWIMMING, 2018). Assim como a participação, o nível da competição e exigências também aumentam (WEILER et al., 2016).

A compreensão e interpretação, das relações existentes entre a grande variação das deficiências presentes na natação paralímpica (NP) e medidas de desempenho esportivo, ainda não são bem compreendidas (DINGLEY; PYNE; BURKETT, 2015). A morfologia de um nadador influencia em seu potencial de gerar, manter a propulsão e minimizar as forças resistivas, porém apesar do grande número de estudos sobre medidas morfológicas na natação para pessoas sem deficiência, há poucos dados sobre este tema em nadadores com deficiência

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de alto rendimento (BENJANUVATRA; BLANKSBY; ELLIOTT, 2001; DINGLEY; PYNE; BURKETT, 2015; PYNE; ANDERSON; HOPKINS, 2006).

Dingley, Pyne e Burkett (2015) avaliam que a falha para esta compreensão está na utilização frequente, por parte de treinadores e cientistas esportivos, da mesma abordagem para nadadores sem deficiência em nadadores paralímpicos.

Quando comparado à literatura da natação olímpica verificamos que a temática da NP apresenta número reduzido de pesquisas, estes dados reforçam a importância de pesquisas na área. Deste modo, mesmo que necessário a uma pesquisa de revisão, a aplicação de critérios de exclusão e inclusão muito específicos, reduzem ainda mais a localização dos campos de estudos da NP presentes na literatura, isso fica evidente em relação à temática de medicina esportiva.

Devido a generalização acerca da temática de medicina esportiva no esporte paralímpico, ao trazermos descritores muito específicos sobre a NP, corre-se o risco de realizarmos uma pesquisa de revisão com baixa abrangência. Isso acontece devido a inespecificidade e incoerência encontradas em estudos epidemiológicos, trazidos a partir de dados de diferentes tipos de deficiências e modalidades esportivas juntos, dificultando assim interpretações mais coerentes em relação a realidade da NP (DERMAN et al., 2013; FERRARA; PETERSON et al., 2000; NYLAND et al., 2000; WEBBORN; EMERY, 2014; WEILER et al., 2016; WILLICK et al., 2013).

A revisão acerca da NP, permite fornecer uma visão dos conceitos e teorias referentes ao nível atual de conhecimentos presente na literatura (FORTIN; GAGNON, 2015). Considerando o exposto anteriormente, o objetivo desta revisão foi verificar a literatura existente sobre aspectos da natação paralímpica e medicina do esporte.

3.2 Método

Revisão sistemática de literatura foi realizada por meio da adaptação do protocolo desenvolvido de acordo com a metodologia de revisões sistemáticas e meta-análise PRISMA apresentado por Moher et al. (2015).

As bases de dados utilizadas para a revisão foram Web of Science, Science Direct, Scopus, Scielo, Pubmed. Os termos de busca utilizados foram Paralympic and swimming or

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