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Apostila EXECUÇÃO TRABALHISTA

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Academic year: 2021

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1 CURSO DIREITO

Disciplina: DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO - 4ª Série Professor: FLAVIO ERVINO SCHMIDT

APOSTILA - EXECUÇÃO

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

Sumário:

1. DA EXECUÇÃO NO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 1.1 Histórico do processo de execução

1.2 Princípios informativos da execução trabalhista 1.2.1 Princípio da utilidade para credor

1.2.2 Princípio da não-prejudicidade do devedor 1.2.3 Princípio da igualdade de tratamento das partes 1.2.4 Princípio da especificidade

1.2.5 Princípio da livre disponibilidade do processo pelo credor 1.2.6 Princípio do não-aviltamento do devedor

1.2.7 Princípio da natureza real

1.2.8 Princípio da responsabilidade pelas despesas processuais 1.2.9 Princípio da limitação expropriatória

1.3 Lei de Execução Fiscal

1.4 Atos atentatórios à dignidade da justiça 1.5 Requisitos necessários para realizar a execução 1.6 Formas de execução

1.7 Execução provisória 1.8 Legitimidade ativa 1.9 Desistência da execução

1.10 Execução para entrega de coisa

1.11 Execução de obrigação de fazer e não fazer 1.12 Execução por prestações sucessivas

1.13 Execução por quantia certa contra devedor solvente 1.13.1 Citação

1.13.2 Depósito da condenação e nomeação de bens 1.13.3 Penhora

1.13.4 Penhora on line

1.13.5 Bens penhoráveis e impenhoráveis 1.14 Execução da contribuição previdenciária 1.15 Embargos à execução

1.15.1 Legitimação

1.15.2 Matéria de defesa nos embargos 1.15.3 Rejeição dos embargos

1.15.4 Competência para julgamento dos embargos do executado e da impugnação do exequente 1.16 Impugnação a sentença

1.17 Alienação de bens 1.18 Praça e leilão

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2 1. DA EXECUÇÃO NO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

1.1 Histórico do processo de execução

No Direito Romano, a legislação que vigorava era extremamente rigorosa em relação as pessoas que deixasse de cumprir a obrigação assumida, e a execução era sobre a pessoa do próprio devedor, não podendo incidir sobre o patrimônio.

No sistema manus iniectio, já consagrado na Lei das XII Tábuas, decorrido trinta dias da data do proferimento da sentença, poderia o credor levar a juízo e neste caso o devedor poderia ter duas opções pagar a dívida ou encontrar um terceiro que o fizesse.

Não sendo a dívida saldada, o devedor era conduzido a casa do credor e permanecia acorrentado em regime de prisão domiciliar, e podendo o credor anunciar a dívida em três feiras continuas onde parentes ou terceiros a pagasse, caso não ocorresse o pagamento, o credor poderia matar o devedor ou vendê-lo como escravo, e se tivesse vários credores eram divididos tanto o esquartejamento ou o mais usado a divisão do produto na proporção dos seus créditos.

Diferentemente foi na Lex Poetelia (séc.V), como leciona Teixeira Filho (2005. P. 53), onde o devedor perante a dívida assumida, já não respondia com o próprio corpo e sim com o conjunto de bens economicamente avaliáveis. Alias o cristianismo teve uma significativa influencia no movimento que a doutrina mais recente viria a denominar “humanização das execuções por dívida”, fazendo justamente, com que os atos executivos incidissem no patrimônio e não no corpo do devedor. Vindo o aprimoramento da execução patrimonial com a pignoris capio, onde o credor poderia aprender bens do devedor, desde que o fizesse na presença de três testemunhas, não havendo necessidade da presença do magistrado e do devedor, sendo assim era uma apreensão extrajudicial, mas esta penhora tinha apenas a intenção de intimidar o devedor uma vez que os bens não poderiam ser vendidos.

No bonorum venditio, efetuava a arrecadação de todos os bens do credor, que eram administrados pelo curator bonorum, cuja a indicação deste era feita pelos credores e posteriormente os bens eram alienados e hasta pública, vindo também, a bonorum cessio, onde o devedor entrega de maneira espontânea a totalidade dos seus bens aos credores, quando o produto da venda não fosse suficiente , sua obrigação subsistia quanto o valor remanescente.

Como leciona Teixeira Filho (2005, p. 55):

“O direito justinianeu, encerra o ciclo evolutivo do ordenamento jurídico concebido pelo gênio romano, basicamente, quatro formas de satisfação dos crédito, mediante execução: a) pelo manejo da actio iudicati, que fazer surgir uma outra ação quando a sentença fosse impugnada pelo devedor; essa oposição á sentença, porém não acarretava, como antes, o pagamento em dobro da dívida: b) pela apreensão (penhora), de bens do devedor, que eram, depois, vendidos em hasta pública, sendo o produto entregue ao credor; c) mediante a bonurum cessio, na hipótese de o devedor ser insolvente, quando então se formava um concurso de credores; d) pela modalidade específica ou em espécie”.

1.2 Princípios informativos da execução trabalhista

A base de todas áreas do direito são os princípios, sendo assim destaca-se os principais princípios da Execução Trabalhistas.

1.2.1 Princípio da utilidade para credor

Princípio da Utilidade para o Credor, a norma diz que não se fará penhora quando evidente que o produto da alienação dos bens foi inteiramente absorvido pelo pagamento das custas da execução,

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conforme o art. 659, § 2º, dom CPC e em seu § 3º, diz que o oficial de justiça descreverá na certidão os bens que guarnecem a residência ou o estabelecimento do devedor, que neste caso o juiz deverá suspender a execução, que será reativada quando forem localizados bens capazes de permitir a total satisfação do crédito do exequente, reportando a Lei nº 6.830/80, art. 40 caput e § 3º.

Portanto este princípio impede o credor por razões éticas do credor fazer uso das vias executórias apenas para acarretar danos ao devedor.

1.2.2 Princípio da não-prejudicidade do devedor

Princípio da não-prejudicidade do devedor embasado pelo art. 620 do CPC, que ensina: “Quando por vários meios o credor puder promover execução, o juiz mandará que se faça pelo modo menos

gravoso para o devedor”.

E também para reforçar este entendimento, o art. 574 do CPC, que trata: “O credor ressarcirá

ao devedor os danos que este sofreu, quando e a sentença, passada em julgado, declarar inexistente, no em todo ou em parte, a obrigação, que deu lugar a execução”.

1.2.3 Princípio da igualdade de tratamento das partes

Princípio da Igualdade de Tratamento das Partes, fundamentado este princípio pelo próprio texto constitucional em seu art. 5º caput, dizendo que todos são iguais perante a lei, mas esta igualdade, pode ser considerada no processo de conhecimento, onde o princípio do contraditório é essencial, mas na execução já não há contraditório, não havendo mais equilíbrio entres as partes, pois uma exige que se proceda, a outra não podendo impedir o que se faz em seu prejuízo, e tão somente que a lei seja observada.

1.2.4 Princípio da especificidade

Princípio da especificidade, conforme entendimento de Teixeira Filho1, “O princípio respeita,

apenas à execução para a entrega de coisa e ás obrigações de fazer e de não fazer, pois somente em casos excepcionais se permite a substituição da prestação pelo equivalente em direito.” Reporta-se ao

entendimento do art. 627 do CPC, como segue: O credor tem direito a receber, Além de perdas e danos, o valor da coisa, quando esta não lhe for entregue, se deteriorou, não for encontrada ou não for reclamada do poder de terceiro adquirente. De mesma forma o art. 633 caput, do CPC, entende que: “Se no prazo

fixado, o devedor, não satisfazer a obrigação, é lícito ao credor, nos próprios autos do processo, requerer que seja executada à custa do devedor, ou haver perdas e danos; caso em que ela se converte em indenização”.

1.2.5 Princípio da livre disponibilidade do processo pelo credor

Princípio da livre disponibilidade do processo pelo credor, este princípio faculta ao credor desistir da execução ou de algumas medidas executivas, independente de concordância do devedor, embasado pelo art. 569 do CPC.

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4 1.2.6 Princípio do não-aviltamento do devedor

Princípio do não-aviltamento do devedor, embora o credor tenha posição superior sobre o devedor, a execução não pode ser forma de humilhar a dignidade humana do devedor, tirando-lhe bens indispensáveis á sua subsistência e á dos membros de sua família.

É o que traduz o art. 649 do CPC: São absolutamente impenhoráveis: os alienáveis e os declarados por atos voluntários, não sujeitos a execução. Os móveis, pertences e utilidades domésticas que guarnecem a residência do executado (...). Os vestuários bem como os pertences de uso pessoal do executado, salvo se de elevado valor. Os vencimentos, subsídios, soldos, salários remunerações, proventos de aposentadoria, pensões, pecúlios e montepios, limite de até quarenta salários mínimos a quantia depositada em caderneta de poupança. Entre outros.

Mas o art. 650 do CPC autoriza que sejam penhoráveis os frutos dos rendimentos das coisas inalienáveis, salvo destinados a satisfação de prestação alimentícia.

1.2.7 Princípio da natureza real

Princípio da Natureza Real, a execução nos tempos contemporâneos, tem como objetivo o patrimônio do devedor, indicado pelo art. 646 do CPC, sendo assim é de natureza real.

Conforme Teixeira Filho (2005, p. 116), “O princípio em questão significa que os atos

executórios atuam sobre os bens do devedor e não sobre a pessoa física deste, entende-se por patrimônio, para esses efeitos, o conjunto de bens, corpóreos e incorpóreos, presentes ou futuros, de direito e de obrigações economicamente apreciáveis”.

E como o art. 646 do CPC, declara que a execução por quantia certa se destina a expropriar bens do devedor, com finalidade de satisfazer o direito do credor, visa preservar a dignidade do devedor.

1.2.8 Princípio da responsabilidade pelas despesas processuais

Princípio da Responsabilidade pelas despesas processuais, será de obrigação do devedor em pagar não somente as verbas devidas ao credor, mas também das custas, dos emolumentos, dos honorários periciais, das despesas com publicações de editais, e demais despesas processuais.

1.2.8 Princípio da limitação expropriatória

Princípio da Limitação Expropriatória, o objetivo da execução é fazer com que o devedor cumpra a obrigação contida no título executivo, e sendo assim o limite de expropriar venha a ser até o limite desta obrigação, com os devidos acréscimos legais.

Fundamento este princípio no art. 659 do CPC, que ensina que a penhora devera incidir em tantos bens quantos bastem para o pagamento do principal atualizado, juros custas e honorários advocatícios.

1.3 Lei de Execução Fiscal

A Lei 6.830, de 22 de setembro 1980, que passou a reger a cobrança dos créditos da Fazenda Pública, retomou a eficácia do art. 889 da CLT, sendo seu texto:

“Aos tramites e incidentes do processo da execução são aplicáveis, naquilo em que não contravierem ao presente Título, os preceitos que regem o processo dos executivos fiscais para a cobrança judicial da dívida ativa da Fazenda Pública Federal”.

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E segundo Martins (2007. p. 657), as normas previstas na Lei nº 6.830/80 serão aplicadas subsidiariamente na execução trabalhista, na inexistência de norma específica na CLT, ou seja primeiramente irá se socorrer a CLT ou de lei trabalhista nela não inserida, não havendo disposição nestas, aplica-se a Lei nº 6.830/80, e caso esta última norma também não resolva a questão, será aplicado o CPC.

Dificuldade então seria em saber quando efetivamente há omissão na CLT e quando existe compatibilidade com os princípios processuais trabalhistas, o que demanda interpretação e divergência de posicionamentos.

E como exceção à regra seria o art. 882 da CLT, que dispõe ser a ordem preferencial para indicação de bens à penhora contida no art. 655 do CPC, nesse caso, não se aplica a Lei nº 6.830/80.

1.4 Atos atentatórios à dignidade da justiça

O art. 600 do CPC determina em que casos, ocorre o ato atentatório à dignidade da Justiça, quando o devedor:

a) Frauda a execução;

b) Opõe-se maliciosamente à execução, empregando ardis e meios artificiosos; c) Resiste injustificadamente às ordens judiciais;

d) Intimado, não indica ao juiz, em cinco dias, quais são e onde se encontram os bens sujeitos à penhora e seus respectivos valores.

E no entendimento de Martins (2007, p. 657 e 658), ocorre a fraude à execução quando há a alienação ou oneração de bens se:

a) Sobre eles pender ação fundada em direito real;

b) ao tempo da alienação ou oneração corria contra o devedor demanda capaz de reduzi-lo á insolvência (art. 593 do CPC). Esta última hipótese é a que mais ocorre no processo do trabalho, nos casos em que se verifica fraude à execução.

1.5 Requisitos necessários para realizar a execução

Tanto no processo civil quanto no do trabalho, a possibilidade de promover-se qualquer execução está condicionada à concorrência de dois requisitos fundamentais: a) inadimplemento do devedor; b) a existência de título executivo, entendimento do art. 580 e 583 do CPC.

No entendimento de Teixeira Filho (2005, p.179), “(...) os pressupostos do inadimplemento do

devedor e do título executivo são específicos, porquanto a execução, como as ações em sentido amplo, não dispensa a presença do interesse de agir, da legitimidade ad causam e da viabilidade jurídica do pedido, ou seja, das condições necessárias ao exercício do direito de invocar a tutela jurisdicional do Estado.”

São títulos executivos judiciais: Sentença transitada em julgado, acordo inadimplido.

E são títulos extrajudiciais: termo de ajuste de conduta firmado perante o Ministério Público do Trabalho e os termos de conciliação firmado perante as Comissões de Conciliação Prévia, entendimento no art. 876 da CLT.

1.5 Formas de execução

A sentença poderá especificar as condições em que será cumprida, explanação esta indicada no art. 832, §1º, da CLT, e sendo assim a execução compreenderá aquilo que, assim foi determinado na

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sentença. Se o exercício da condição depender do credor, este não poderá exigir a obrigação da parte contraria, antes de cumprida a sua obrigação, conforme o art. 582 do CPC, como segue:

Art. 582 – Em todos os casos em que é defeso a um contraente, antes de cumprida a sua obrigação, exigir o implemento da do outro, não se procederá à execução, se o devedor se propõe satisfazer a prestação, com meios considerados idôneos pelo juiz, mediante a execução da contraprestação pelo credor, e este sem justo motivo, recusar a oferta.

O devedor, porém poderá eximir-se da obrigação, depositando em juízo a prestação ou a coisa; caso em que o juiz suspenderá a execução, não permitindo que o credor a receba, sem cumprir a contraprestação, que lhe tocar.

Mas segundo Martins, contendo a decisão parte líquida e parte ilíquida, o credor poderá promover, simultaneamente, a execução daquela e liquidação desta, conforme esclarecimento no art. 586, § 2º do CPC.

Para executar a decisão será o Presidente do Tribunal, e na Vara, será o Juiz, que tiver conciliado ou julgado originalmente o dissídio, conforme o art. 877 da CLT.

1.6 Execução provisória

É definitiva a execução de sentença transitada em julgado e provisória a execução de sentença quando se tratar de decisão impugnada mediante recurso ao qual não foi atribuído efeito suspensivo, entendimento este no art. 475-I, § 2º do CPC.

E no entendimento de Martins (2007, p. 659), em relação ao Art. 475-O do CPC:

Art. 475-O A execução provisória da sentença far-se-á, no que couber, do mesmo modo que a definitiva, observado o seguinte:

I - corre por iniciativa, conta e responsabilidade do exequente, que se obriga, se a sentença for reformada, a reparar os danos que o executado tenha sofrido.

O exequente terá de pagar ao executado os prejuízos por ele sofridos se a decisão for modificada pela instancia superior. A execução será feita pelo próprio processo, pois decorre da sentença proferida pela justiça do trabalho.

Não é possível que, em prejuízo aos princípios da celeridade e da economia processual, a empresa tenha de promover outra ação contra o autor para se ressarcir dos valores a ele pagos indevidamente. A execução para ressarcimento do valor recebido indevidamente pelo autor deve ser feito nos mesmos autos em que se promoveu a execução anterior.

...

II – fica sem efeito, sobrevindo acórdão que modifique ou anule a sentença objeto da execução, restituindo-se as partes ao estado anterior e liquidados eventuais prejuízos nos mesmos autos, por arbitramento.

Está claro que os prejuízos serão liquidados nos próprios autos. O meio de liquidação será por arbitramento e não por cálculos ou por artigos.

...

III – o levantamento de depósito em dinheiro e a prática de atos que importem alienação de propriedade ou dos quais possa resultar grave dano ao executado dependem de caução suficiente e idônea, arbitrada de plano pelo juiz e prestada nos próprios autos.

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§ 2º A caução a que se refere o inciso III poderá ser dispensada pelo juiz, e não que ela será dispensada pelo juiz num sentido imperativo. Fica ao critério do juiz dispensar ou não, de acordo com o que estiver no processo:

I – quando, nos casos de crédito de natureza alimentar ou decorrente de ato ilícito, até o limite de sessenta vezes o valor do salário mínimo, o exequente demonstrar situação de necessidade:

O crédito tem de ser até 60 salários mínimos e não cada parte do crédito. Assim se o valor for de 70 salários mínimos, não se liberam sem caução 60 salários mínimos. Haverá, porém, necessidade de o trabalhador provar que está em situação de necessidade, como exemplo, de estar desempregado.

A execução provisória irá apenas até a penhora, conforme o art. 899 da CLT, parando ao alcançar essa fase processual.

...

II – nos casos de execução provisória em que penda agravo de instrumento junto ao STF ou ao STJ (art. 544), salvo quando da dispensa possa manifestamente resultar risco de grave dano, de difícil ou incerta reparação.

O art. 893, § 2º da CLT, prevê que a execução de recurso para o STF não prejudicará a execução do julgado, mas a execução só pode ser provisória e não definitiva.

Ainda que não seja completamente aceita admite-se no processo de trabalho a execução provisória de obrigação de fazer, as hipóteses de obrigação de fazer contidas geralmente na sentença são reintegração ou readmissão do empregado, concessão de ferias, anotação de CTPS, fornecimento de carta de referencia, entre outras.

Porém é controvertida na doutrina e na jurisprudência a possibilidade de execução provisória de obrigação de fazer. Argumenta-se, por exemplo, que se o empregado for reintegrado, o empregador irá contar com sua prestação de serviços e terá de pagar salário. Muitas vezes, porém, o empregador não quer mesmo é contar com a prestação de serviços do empregado, pelo mais variados motivos, por se aquele desagregador do ambiente de trabalho, porque prefere pagar uma indenização, mas ficar livre do empregado.

Outro dos fundamentos para justificar a impossibilidade da execução provisória de obrigação de fazer seria o próprio art. 273, § 2º do CPC, quando menciona que havendo perigo de irreversibilidade do provimento antecipado, a tutela antecipatória não seria concedida.

1.7 Legitimidade ativa

A execução poderá ser promovida por qualquer interessado, pela parte, de oficio pelo juiz e pela Procuradoria do Trabalho, em relação às custas e multas administrativas impostas pelas turmas ou pelo Pleno do Tribunal Regional do Trabalho.

Poderá o juiz determinar ex offício, o andamento da execução, sem provocação da parte. Trata-se de impulso determinado pelo próprio legislador, o objetivo é fazer com que haja o efetivo cumprimento da decisão, pois o crédito trabalhista tem natureza alimentar e deveria ser executado mais rapidamente do que qualquer outro.

O juiz por sua vez não irá fazer prova pela parte, apenas irá impulsionar o processo sem esperar a vontade da parte em fazê-lo, exemplificando, mandando os autos ao contador para que sejam feitas as contas determinando penhora em certo bem, se este está descrito nos autos, o juiz evidentemente não poderá propor artigos de liquidação pela parte, mas poderá intimar as partes para que o façam.

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Art. 567 - podem promover a execução, ou nela prosseguir:

I – o espólio, os herdeiros ou sucessores do credor, sempre que, por morte deste, lhes for transmitido o direito resultante do titulo executivo;

II – o cessionário, quando o direito resultante do título executivo, lhes foi transferido por ato entre vivos;

III – o sub-rogado, nos casos de sub-rogação legal ou convencional.

1.8 Legitimidade passiva

A legitimidade passiva caberá ao executado, que é o responsável pelo cumprimento da condenação, conforme o art. 880 da CLT.

Mas também, conforme o art. 4º da Lei 6.830/80, não só o devedor poderá ser legitimado passivamente para execução, mas também o fiador, o espólio, a massa falida, o responsável a qualquer título.

Conforme Martins (2007, p. 665), “A empresa será responsável pelo cumprimento da

condenação, ou seja, o conjunto de bens materiais e imateriais que compreendem o empreendimento. Serão os bens da empresa que estarão sujeitos a execução, pois os direitos dos empregados não serão prejudicados pela mudança da propriedade da empresa ou de sua estrutura jurídica (art. 10 e 448 da CLT).”

O art. 2º, §2º da CLT, e o art. 3º, §2º da Lei nº 5.889/73 mostram que existe solidariedade passiva no grupo de empresas, podendo o empregado exigir obrigação de qualquer uma das empresas pertencentes ao grupo, mas para eu uma empresa do grupo possa ser executada, é necessário que ela tenha participado da relação processual e tenha havido o transito em julgado da decisão em relação a ela.

Os bens particulares dos sócios, entretanto, não respondem pelas dívidas da sociedade, senão nos casos previstos em lei, e os casos previstos são decorrentes da responsabilidade na legislação comercial, mas mesmo que o sócio seja demandado para o pagamento da dívida, tem direito de exigir que sejam executados em primeiro lugar os bens da sociedade, interpretação do art. 596 do CPC. A relação a qualquer tipo de sociedade, até dois anos de averbada a modificação do contrato, responde solidariamente com o cessionário, perante a sociedade e terceiros, pelas obrigações que tinha como sócio, entendimento este no art. 1003, § único do C.C.

No entendimento de Martins (2005, p. 668), “A extensão da responsabilidade ao sócio na

execução justifica-se em hipótese de fraude á execução, nos termos do art. 593 do CPC, como, por exemplo, se ao tempo da alienação ou oneração, corria contra o devedor demanda capaz de reduzi-lo à insolvência.”

1.9 Desistência da execução

O credor tem a faculdade de desistir de toda a execução ou de apenas algumas medidas executivas. A lei não obriga que o credor execute todo o julgado, podendo, se assim entender, executar apenas parte dele. Na desistência da execução, deve-se observar o seguinte:

a) serão extintos os embargos que versarem apenas sobre questões processuais, pagando os honorários advocatícios;

b) nos demais casos, a extinção dependerá da concordância do embargante, entendimento este no art. 569 do CPC.

1.10 Execução para entrega de coisa

A execução pode ser feita sobre produtos rurais, como gêneros alimentícios, tratando-se coisa incerta , o devedor deverá ser citado para entregá-la individualmente, se a escolha lhe couber; se a escolha couber ao credor, este a indicará na petição inicial, entendimento do art. 629 do CPC.

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Podendo qualquer da partes impugnar a escolha em 48 horas, feita pela parte contrária, devendo o juiz decidir de imediato, ou ouvindo perito que for nomeado, conforme art. 630 do CPC.

Conforme o art. 621 do CPC, para entrega de coisa haverá a citação do executado para dentro de dez dias satisfazer a obrigação, segurando o juízo ou depositando a coisa para apresentação dos embargos.

Depositada a coisa, o exequente não poderá levantá-la antes do julgamento dos embargos, entendimento do art. 623 do CPC.

Não sendo a coisa entregue ou depositada, nem admitidos embargos suspensivos da execução, será expedido mandado de imissão de posse ou de busca e apreensão da coisa, conforme o art. 625 do CPC.

Logo se a coisa foi alienada quando já litigiosa, o mandado será expedido contra o terceiro adquirente. Este só será ouvido depois de depositar a coisa, art. 626 do CPC.

Quando a coisa se deteriorar, não for encontrada ou for reclamada do terceiro adquirente, o exequente deverá pagar o valor a que corresponderia a coisa, conforme art. 627 do CPC.

1.11 Execução de obrigação de fazer e não fazer

As condenações de obrigações de fazer no processo do trabalho são: entregar a guia para levantamento do FGTS ou do seguro desemprego, de anotação da CTPS ou de conceder férias.

Conforme Martins (2007, p. 672), “Se a empresa não procede à anotação da CTPS do

empregado, a própria secretaria da Vara irá suprir essa falta, procedendo à anotação. Quanto as guias mencionadas, caso não sejam entregues, o devedor deverá pagar o valor correspondente á importância, que deveria ter sido depositada no FGTS ou do montante da indenização devida a título de seguro desemprego.”

No art. 632 do CPC, nos ensina - Quando o objeto da execução for obrigação de fazer, o devedor será citado para satisfazê-la no prazo que o juiz lhe assinar, salvo se outro não estiver determinado na sentença. Logo, se no prazo fixado, o devedor não satisfazer a obrigação, é lícito ao credor, nos próprios autos do processo, requerer que ela seja executada à custa de devedor, caso em que se converte em indenização, entendimento pelo art. 633 do CPC.

1.12 Execução por prestações sucessivas

Nas prestações sucessivas por tempo determinado, a execução pelo não-pagamento de uma prestação compreenderá as que lhe sucederem, entendimento no art. 891 da CLT. Seria o ocorrido no caso de acordo não cumpridos, e o não-pagamento de uma prestação importa o vencimento das subsequentes envolvendo a exigência antecipada das demais prestações.

Assim tanto há cobrança das prestações já vencidas como das vincendas, pois o atraso no pagamento das primeiras importa na exigência das segundas. E conforme o art. 892 da CLT – nas prestações sucessivas por tempo indeterminado, a execução compreenderá inicialmente as prestações devidas até a data do ingresso na execução.

1.13 Execução por quantia certa contra devedor solvente 1.13.1 Citação

Iniciada a execução, o executado será citado para cumprir espontaneamente a sentença ou o acordo, da forma como estabelecida na decisão, a citação poderá ser requerida pela parte ou determinada

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de ofício pelo juiz, sendo requisito do mandado de citação que conste a decisão exequenda ou de termo de acordo não cumprido, sob pena de nulidade, mas também é necessário constar o nome do juiz.

No mandado, deverá ainda constar, ainda, que o executado terá 48 horas para pagamento da condenação ou garantia da execução, sob pena de penhora, conforme o art. 880 da CLT. Devendo a inicial ser instruída com o demonstrativo do débito atualizado até a data da propositura da ação, quando se tratar de execução por quantia certa.

Conforme Martins (2007, p. 674), “A citação na execução é feita pelos oficiais de Justiça. Não se

diz aqui que ela deve ser pessoal. O importante é a citação ser feita no endereço do executado. Na execução a citação será feita em relação ao executado e não na pessoa de seu advogado, como se verifica no art. 880 da CLT.”

Na execução, não há citação por hora certa, procurado o executado por duas vezes no espaço de 48 horas e não encontrado, deve o oficial certificar, passando-se diretamente à citação por edital, conforme art. 880, §3º da CLT.

Já o art. 881, parágrafo único da CLT, tem a interpretação que o pagamento da importância reclamada poderá ser feito perante o escrivão ou o chefe e secretaria, lavrando–se termo de quitação, em duas vias, assinada pelo exequente, pelo executado e outra juntada aos autos, caso o exequente não esteja presente, será depositado em conta em estabelecimento oficial de crédito ou em outro banco idôneo.

No processo do trabalho o devedor é citado para pagar em 48 horas ou nomear bens a penhora, conforme art. 880 da CLT.

Não sendo requerida a execução no prazo de seus meses, o juiz mandará arquivar os autos, sem prejuízo de seu desarquivamento a pedido da parte, conforme o art. 475-J, do CPC. Já no processo do trabalho, existe regra do art. 878 da CLT, a execução poderá ser promovida por qualquer interessado, ou ex

officio pelo próprio Juiz ou Presidente ou Tribunal competente.

Leciona Martins (2007, p. 674):

“(...) o juiz também poderá mandar arquivar ou autos quando decorrido o prazo máximo de um ano, sem ser localizado o devedor ou encontrados os bens penhoráveis (§2º do art. 40 da Lei nº 6.830/80). Encontrados, a qualquer tempo, o devedor ou os bens, serão desarquivados os autos para prosseguimento da execução, sendo o (§2º do art. 40 da Lei nº 6.830/80). No processo do trabalho será aplicáveis os prazos dos parágrafos do art. 40 da Lei nº 6.830/80, por força do art. 889 da CLT.”

1.13.2 Depósito da condenação e nomeação de bens

O executado pretendendo discutir a execução poderá garanti-la, efetuando o depósito da quantia devida, acrescida de juros correção monetária e outras despesas processuais, ou oferecer bens a penhora, no prazo de 48 horas, e a redação do art. 882 da CLT, recomenda primeiro o depósito depois o pagamento da quantia.

O quantum devido, no entendimento de Martins (2007, p. 677) , “(...) não poderá ser

depositado em duas etapas, como ocorria anteriormente, (...) Antes da citação do devedor (art. 880 da CLT), há necessidade de se proceder à atualização do Débito.”

Os bens a penhora não poderão ser indicados pelo devedor apenas para garantir o principal, mas o principal, a atualização monetária e os juros, garantindo-se assim toda a execução.

A ordem de nomeação de bens é, preferencialmente, a seguir: dinheiro, em espécie ou em depósito ou aplicação em instituição financeira, veículos de via terrestre; bens móveis em geral; bens imóveis; navios e aeronaves; ações de quotas de sociedades empresariais; percentual do faturamento de empresa devedora; pedras e metais preciosos; títulos da dívida pública da União, Estados e Distrito Federal

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com cotação em mercado, títulos e valores mobiliários com cotação em mercado; outros direitos, conforme art. 655 do CPC.

Sendo também de responsabilidade do devedor:

 Quanto aos bens imóveis, indicar-lhes as transcrições aquisitivas, situá-los e mencionar as divisas e confrontações;

 Quanto aos imóveis, particularizar-lhes o estado e lugar em que se encontram;

 Quanto aos semoventes, especificá-los, indicando o número de cabeças e imóvel em que se acham;

 Quanto aos créditos, identificar o devedor e qualificá-lo, descrevendo a origem da dívida, o título que a representa e a data de vencimento;

 Atribuir valores aos bens nomeados a penhora.

É dever também do executado, no prazo fixado pelo juiz, indicar onde se encontram os bens sujeitos à execução, exibir a prova de sua propriedade se for o caso certidão negativa de ônus.

1.13.3 Penhora

A penhora consistirá na apreensão dos bens do executado, tantos quantos bastem ao pagamento da condenação atualizada, acrescida de juros e demais despesas processuais, sendo estes, em qualquer caso, devidos a partir da data em que for ajuizada a reclamação inicial embasado pela Lei nº 8.177/91em seu art. 39 § 1º.

A penhora de bens com base no inciso IV do art. 7º e do art. 14 da Lei nº 6.830/80, aplicados subsidiariamente por força do art. 889 da CLT, entende-se que há ordem do juiz para registro da penhora, independentemente do pagamento de custas ou outras despesas. Isso é feito pelo oficial de justiça, que entregará a ordem judicial no registro competente para esse fim. Não caberá, portanto, ao exequente providenciar o registro no ofício imobiliário, mas ao próprio oficial de justiça.

Do auto de penhora deverá constar:

a) A indicação do dia, mês, ano e lugar e que foi feito; b) Os nomes do credor e do devedor;

c) A descrição dos bens penhorados, com suas características; d) A nomeação do depositário dos bens (art.665 do CPC);

O oficial de justiça deverá entregar contrafé ou cópia do termo: a) no ofício de imóveis;

b) no Detran, se for veículo;

c) na junta comercial, bolsa de valores, e na sociedade comercial, se forem ações, debêntures, partes beneficiárias, cotas ou outro título, crédito ou direito societário nominativo, entendimento no art. 14 da Lei nº 6.830/80.

1.13.4 Penhora on line

A penhora on line no processo trabalhista é uma realidade, embora não tenha não tenha exatamente uma previsão em Lei, no entendimento de Martins (2007 p. 681) sendo apenas uma autorização judicial para bloqueio de valores.

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O mesmo entendimento leciona Teixeira Filho (2005. p. 118). “Por haver improbidade técnica

nessa denominação, pois o que se tem, em rigor, é mero bloqueio on line.”

O TST e o Banco Central firmaram convênio em 5 de março de 2002 para estabelecer a penhora

on line no processo trabalhista, permitindo assim o bloqueio de contas correntes e de aplicação financeiras

para garantir o pagamento de dívidas trabalhistas.

Ficou então determinado no provimento nº 1 do TST, de 25 de junho de 2003, dando cumprimento a à penhora on line, e o provimento da Corregedoria Geral da Justiça do Trabalho, nº 3, de 23 de novembro de 2003, permite às empresas estabelecidas em várias localidades do território nacional o cadastramento de conta bancária apta a sofrer bloqueios on line realizados pelo site Bacen Jud.

Para possibilitar a penhora on line de dinheiro ou aplicação financeira, o juiz a requerimento do exequente, requisitará à autoridade supervisora do sistema bancário, preferencialmente por meio eletrônico, informações sobre a existência de ativos em nome do executado, podendo ao mesmo tempo determinar sua indisponibilidade, até o valor indicado na execução, embasado pelo art. 655-A do CPC, não podendo o valor a ser empenhado superior ao previsto na execução.

Poderá ser feita a penhora on line em varias contas do devedor, se o montante não é suficiente em uma delas.

1.13.5 Bens penhoráveis e impenhoráveis

Não podem ser penhorados: 1) os bens inalienáveis;

2) os móveis, pertences e utilidades domésticas que guarnecem a residência do executado, salvo os de elevado valor ou que ultrapassem as necessidades comuns correspondentes a um médio padrão de vida.

3) Os seguros de vida;

4) Até o limite de 40 salários mínimos, a quantia depositada em caderneta de poupança. 5) Os vestuários, bem como pertences de uso pessoal do executado, salvo se de elevado valor; 6) A pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família; 7) Os vencimentos, subsídios, soldos, salários, remunerações, proventos de aposentadoria, pensões, pecúlios e montepios; as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e sua família, os ganhos do trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal;

Sobre os que podem ser penhoráveis:

É possível penhorar aparelho de som, televisor, aparelho DVD, que não estão ligados à sobrevivência e bem-estar da família.

Entendimento este no STJ (1º T., Resp. 31.390-8-SP, Rel. Min. Milton Luiz Pereira, j. 14/12/94, DJU, I, 20/2/95, p. 3.152-3).

O imóvel que tem divisão sendo penhorável a parte locada ao comércio e a terceiro.

Ás vagas na garagem do condomínio, a pequena propriedade rural que não é trabalhada pela família, entre outros.

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1.14 Execução da contribuição previdenciária

Pretendendo-se regulamentar o art. 114, § 3º da CF, a Lei nº 10.035, de 25/10/2000, deu nova redação e acrescentou artigos à CLT, no que diz respeito a execução das contribuições previdenciárias nos autos do processo trabalhista.

O INSS passou a ser terceiro interessado no processo, quanto às contribuições previdenciárias, na fase de execução, intervindo ou sendo impulsionado de oficio pelo juiz, seguindo as determinações contida nos art. 889 e seguintes da CLT.

O juiz do trabalho será competente para dizer sobre o que incide a contribuição previdenciária, tomando como base as verbas salariais, mas o art. 831, § único da CLT, fundamenta, “No caso de

conciliação, o termo que for lavrado valerá como decisão irrecorrível, salvo a Previdência Social quanto ás contribuições que lhe forem devidas.”

O INSS será intimado, por via postal, das decisões homologatórias de acordos que contenham parcela indenizatória, sendo facultado interpor recurso relativo ás contribuições que lhe forem devidas, entendimento do art. 832, § 4º da CLT.

1.15 Embargos à execução

Após estar garantida a execução pela penhora ou feito depósito da condenação o executado poderá apresentar embargos em 5 dias, cabendo igual prazo ao exequente para a impugnação, entendimento do art. 884 da CLT.

Conforme Martins (2007, p. 705), “Somente nos embargos, o executado poderá impugnar a sentença de liquidação, se o juiz não tiver aberto vista nos autos para se falar sobre as contas de liquidação, cabendo ao exequente igual direito e no mesmo prazo. Os embargos e a impugnação à liquidação será julgados na mesma sentença (§ § 3º e 4º do art. 884 da CLT).”

Os embargos poderão versar sobre:

a) incompetência do juízo de execução, suspeição e impedimento do juiz, desde que a parte não tenha conhecimento desses últimos fatos na fase de conhecimento ou sobrevier novo motivo;

b) excesso ou nulidade da execução até a penhora. O excesso de execução não se confunde com excesso de penhora, pois esta pode ser reduzida ou transferida, a requerimento do interessado.

Logo o excesso de execução ocorre quando: a) o credor pleiteia quantia superior à do título;

b) se processa de modo diferente do que foi determinado na sentença c) recai sobre coisa diversa daquela declarada no título;

d) o credor não prova que a condição se realizou, conforme determina o art. 743 do CPC. e) o credor, sem cumprir a prestação que lhe correspondia, exige o adimplemento;

1.15.1 Legitimação

O devedor, sujeito passivo da execução forçada, é quem, em princípio, tem legitimidade ativa para opor embargos, mas são também legitimados os terceiros com responsabilidade executiva, tais como o fiador, sócio, sucessor, desde que, tendo integrado a relação processual no processo de conhecimento, tenham sido atingidos pela execução.

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O terceiro, que não foi parte no feito, se atingido por atos da execução, vale dizer, teve seus bens atingidos pela constrição judicial, tem nos embargos de terceiro a ação para tentar livrá-los da penhora.

Se são vários executados, mas a penhora só recaiu sobre os bens de um deles, todos os devedores têm legitimidade para opor embargos à execução. O entendimento jurisprudencial, bem ou mal, tem sido esse, embora não siga a melhor doutrina, como se vê em Humberto Theodoro Jr. (1997, p. 274), no seu Curso de Direito Processual Civil.

Dispõe a CLT:

“Art. 884. Garantida a execução ou penhorados os bens, terá o executado 5 (cinco) dias para apresentar embargos, cabendo igual prazo ao exequente para impugnação.”

No Processo Trabalhista o prazo para o executado embargar é de cinco dias, quando no Processo Civil, o prazo é de dez dias. A impugnação a que se refere o artigo é a que se poderia dar o nome de resposta do embargado, a sua defesa, que não deve ser confundida com a impugnação referida nos parágrafos 3º e 4º do artigo 884.

O prazo começa a fluir, no Processo do Trabalho, a contar do depósito da importância da condenação ou da assinatura do termo de penhora dos bens oferecidos ao gravame ou da penhora de bens levada a efeito pela iniciativa do oficial de justiça-avaliador.

O prazo para impugnação (resposta) aos embargos é também de cinco dias, a contar da intimação.

Os embargos trabalhistas são opostos mediante petição escrita, dirigida ao juiz da execução (CLT, art. 877), por meio de simples juntada aos autos principais, sem necessidade de apensamento, uma vez que a execução trabalhista não cuida de títulos extrajudiciais.

A inicial dos embargos à execução obedece, no que couber, ao disposto no artigo 840, parágrafo 1o., da CLT, e no artigo 282 do Código de Processo Civil.

1.15.2 Matéria de defesa nos embargos

A CLT dispõe no parágrafo 1º do artigo 884, que trata especificamente dos embargos à execução:

“A matéria de defesa será restrita às alegações de cumprimento da decisão ou do acordo, quitação ou prescrição da dívida.”

Como não se pode discutir, no processo de execução, matérias já decididas no processo de conhecimento, as alegações nos embargos só serão válidas se versarem sobre causas supervenientes à sentença.

Pode, porém, o executado alegar a nulidade da sentença, por falta ou nulidade da citação, se a ação tiver corrido à sua revelia.

No Processo do Trabalho, como se verifica do § 3º do art. 884 da CLT, o exequente, no mesmo prazo que tem o executado para embargar, poderá impugnar a sentença de liquidação.

O juiz, na mesma sentença, julga os embargos do devedor e a impugnação do credor (§ 4º). Essa impugnação, que se processa depois da decisão homologatória da liquidação, não se confunde com aquela que o credor-exequente apresenta a título de contrariedade aos embargos opostos pelo devedor-executado (art. 884, caput), nem tampouco com a que se refere o parágrafo 2º do artigo 879 da Consolidação das Leis do Trabalho, que se traduz em fala sobre os cálculos de liquidação, caso o juiz abra vista.

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O prazo de 5 dias para o exequente impugnar os cálculos de liquidação começa a fluir do momento em que toma ciência inequívoca da garantia da execução, da penhora, ou do pagamento.

O levantamento pelo exequente, autorizado pelo juiz, do depósito em dinheiro do montante da execução, não prejudica o seu direito de impugnar a liquidação, desde que o tenha feito no prazo.

Se, todavia, o exequente, intimado dos cálculos, antes de decisão homologatória e de qualquer procedimento de constrição sobre os bens do executado, alertado sobre a cominação da preclusão, deixa transcorrer o prazo de 10 dias sem se pronunciar, é-lhe defeso depois proceder à impugnação, porque terá incorrido na preclusão a que se refere o parágrafo 2º do artigo 879 Consolidado:

“Elaborada a conta e tornada líquida, juiz poderá abrir às partes o prazo sucessivo de 10 (dez) dias para impugnação fundamentada com a indicação dos itens e valores objeto da discordância, sob pena de preclusão.”

É certo que o parágrafo 3º do artigo 884 da CLT diz que somente nos embargos à penhora poderá o executado impugnar a sentença de liquidação, cabendo ao exequente igual direito (entenda-se: direito de impugnar, não de embargar) e no mesmo prazo. A jurisprudência é tranquila quanto ao entendimento de que se o executado e o exequente não se manifestam, quando da vista dos cálculos, fica-lhes precluso o direito de embargar e de impugnar, por força do parágrafo 2º do artigo 879 da Consolidação das Leis do Trabalho.

1.15.3 Rejeição dos embargos

Os embargos, no Processo do Trabalho, podem ser rejeitados quando: a) apresentados fora do prazo legal (CLT, art. 884);

b) quando a matéria de defesa exceder as alegações de cumprimento da decisão ou do acordo, quitação ou prescrição da dívida (CLT, art. 884, § 2º).

Da decisão que inadmitir os embargos à execução, cabe agravo de petição para o TRT, no prazo de 8 dias, e não agravo de instrumento, uma vez que o agravo de instrumento destina-se a hostilizar decisão que denega seguimento a recurso e embargos à execução não são recurso e sim ação.

1.15.4 Competência para julgamento dos embargos do executado e da impugnação do exequente

Como na execução trabalhista o juiz presidente atua monocraticamente, ou seja, sem a participação dos juízes classistas, ele é o órgão competente para julgar os embargos do executado e a impugnação do exequente, numa mesma sentença.

As partes são intimadas da decisão proferida nos embargos e na impugnação do exequente, e contra essa decisão, que é proferida pelo Juiz Presidente, cabe, em princípio, agravo de petição, no prazo de oito dias, para uma das Turmas do Tribunal Regional do Trabalho.

1.16 Impugnação a sentença

Garantida a execução ou penhorados os bens, terá o exequente 5 (cinco dias), que foi alterado pela Medida Provisória nº 2.180-35/01, para 30 dias, para apresentar impugnação, entendimento este no Art. 884 da CLT.

Ambos o exequente como o executado poderão oferecer impugnação a sentença de liquidação, conforme o art. 884, § 3º da CLT, e o procedimento a serem adotado serão o mesmo dos embargos à execução.

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16 1.17 Alienação de bens

Se os bens objeto da apreensão judicial estão penhorados, é preciso sua alienação, para a conversão em pecúnia do valor devido ao exequente. A título de história, Hasta Pública vem do direito romano, no sentido e que a arrematação era feita numa praça, afixando-se a hasta, ou seja, a lança no chão.

O bem sendo adquirido por terceiro, deposita o valor arbitrado, dá-se a arrematação, ou seja é o ato de adquirir em hasta pública ou leilão pelo melhor lanço.

Ocorre a adjudicação quando o próprio exequente prefere receber os bens como forma de pagamento de seu crédito., logo a remição ocorrerá, quando o executado, visando impedir a alienação dos bens penhorados, deposita o valor da condenação em dinheiro.

Com o avanço da tecnologia o art. 689-A do CPC, ensina que, “(...) a requerimento do

exequente, é possível a substituição da alienação de bens do devedor por alienação realizada por meio da rede mundial de computadores, com uso de páginas virtuais criadas pelo tribunais ou por entidades publicas ou privadas em convenio com eles firmado.”

1.18 Praça e leilão

A praça será realizada no próprio edifício do fórum trabalhista e o leilão no lugar onde estiverem os bens, ou no lugar no lugar designado pelo juiz, entendimento do art. 686, § 2º do CPC.

Segundo Martins (2007, p. 716), ”A rigor, no processo do trabalho, inexiste leilão. Há apenas

segunda praça, pois o leilão não deveria ser feito por funcionários da justiça do trabalho, mas sim por leiloeiro.”

Conforme o art. 888 da CLT, “concluída a avaliação, dentro de 10 (dez) dias, contados da data

da nomeação do avaliador, seguir-se á arrematação que se será anunciada por edital afixado na sede do juízo ou tribunal e publicado no jornal local, se houver, com antecedência de 20 (vinte dias).”

E no entendimento de Martins (2007, p. 718), no processo do trabalho dificilmente irá haver leilão, mas segunda praça, de modo que o preço vil não seria aplicável conforme o art. 692 do CPC, pois o art. 888 da CLT, é bem claro sobre este assunto, ou seja, que os bens serão vendidos pelo maior lance, tendo o exequente preferência para a adjudicação.

Mas para Teixeira Filho (2005, p. 538), o entendimento é oposto, conforme segue:

“Quando o art. 888, §1º, do texto trabalhista declara que os bens penhorados serão vendidos a quem oferecer o maior lanço não está, como se possa supor, vetando a possibilidade da incidência supletiva do art. 692, parte final do CPC. Podemos mesmo asseverar que ambos os dispositivos legais se completam, em absoluta harmonia. Dessa forma, os bens serão arrematados por quem ofertar o melhor preço, contando que o lanço não seja vil.”

Mas como já se relatou anteriormente, o CPC, é utilizado subsidiariamente, nos casos omissos pela CLT.

1.19 Impugnação aos Cálculos de Liquidação Trabalhista

A CLT dispõe no artigo 879, § 2º, que: “Elaborada a conta e tornada líquida, o juiz poderá abrir

às partes prazo sucessivo de 10 (dez) dias para impugnação fundamentada com a indicação dos itens e valores objeto da discordância, sob pena de preclusão.”

Entendo que em face do citado § 2º do artigo 879 acrescentado pela Lei Nº 8. 432, de 11 de junho de 1992, existem hoje duas hipóteses para impugnação do cálculo de liquidação:

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a) se for aberta vista às partes antes da homologação, a parte interessada deverá oferecer sua impugnação no prazo assinado pelo juiz, sob pena de preclusão (CLT, art. 879, § 2º);

b) se os cálculos forem homologados de imediato, vale dizer, sem oitiva das partes, o devedor deverá utilizar-se dos embargos do executado e o credor da impugnação de que trata o artigo 884, § 3º da CLT.

O juiz da execução não está obrigado (trata-se de uma faculdade: “poderá”) a abrir vista às partes dos cálculos de liquidação efetuados, porque deles o executado fica ciente quando citado para pagamento, correndo, daí, após garantido o juízo, o prazo para opor embargos à execução e o exequente apresentar também a sua impugnação aos cálculos (CLT, art. 884, § 3º). Mas se se decidiu pela oitiva das partes antes da homologação dos cálculos, só não haverá preclusão, se da intimação, cientificando-as da apresentação dos cálculos, não constou a cominação da pena de preclusão a que se refere o parágrafo 2º do artigo 879 da Consolidação das Leis do Trabalho.

Verifica-se da leitura do § 2º do artigo 879 transcrito, que o tempo verbal “poderá” indica que se trata de uma faculdade do juiz da execução, embora bastante salutar e processualmente econômica. Mas nada impede a que o juiz homologue os cálculos, sem oitiva das partes, cabendo-lhes apresentar embargos, se devedor, ou impugnação, se credor, nos termos do artigo 884, § 3º, da Consolidação.

REFERENCIAS:

MARTINS, Sergio Pinto, Direito Processual do Trabalho: doutrina e prática forense, modelos de petições, recursos, sentenças e outros. 27ª ed. São Paulo: Atlas, 2007.

TEIXEIRA FILHO, Manoel Antonio, Execução no Processo do Trabalho. 9ª ed.. São Paulo; LTr, 2005.

Referências

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