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Celebrando festas rurais: diálogos entre campo e cidade.

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Academic year: 2021

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Celebrando festas rurais: diálogos entre campo e cidade1

Josiane Carine Wedig – Licenciada e Bacharel em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e Mestre em Desenvolvimento Rural pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). E-mail: josi_wedig@yahoo.com.br

Renata Menasche – Doutora em Antropologia Social. Professora da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), vinculada ao Bacharelado em Antropologia e ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais; Professora do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Rural da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (PGDR/UFRGS). E-mail: renata.menasche@pq.cnpq.br

Resumo:

Neste estudo buscamos refletir acerca de um movimento crescentemente observável, de valorização do rural por parte dos moradores da cidade – a partir da busca de paisagens, história, costumes, que se expressam através do consumo, entre outros, de turismo rural, sítios de lazer, alimentos naturais, festas rurais –, que se dá concomitantemente à ocorrência de ressignificações, entre aqueles que vivem no campo, de seu próprio espaço e do espaço urbano. Nosso olhar detém-se nas festas rurais e em seus significados entre citadinos e camponeses, observando mudanças e permanências associadas às transformações nas relações entre o campo e a cidade. Os dados analisados têm origem em pesquisas realizadas junto a moradores da cidade de Porto Alegre e a famílias rurais do Vale do Taquari (também no Rio Grande do Sul), onde a pesquisa etnográfica foi realizada por meio de observação participante e convívio em localidade rural, sendo complementada por entrevistas. Percebemos diferenciação entre as festas rurais realizadas na comunidade (organizadas para um público externo) e as festas da comunidade (organizadas pela comunidade e para si). Da observação das festas rurais, de como nelas interagem citadinos e camponeses, procuramos buscar apreender os significados atribuídos ao campo e à cidade, em tempos de circularidade, em que essas e outras fronteiras mostram-se cada vez mais fluídas.

Palavras-chave: campesinato, festas rurais, campo-cidade, percepções do rural.

1 Trabalho apresentado na 27ª Reunião Brasileira de Antropologia, realizada entre os dias 01 a 04 de agosto, Belém, Pará, Brasil.

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Introdução:

Podemos notar estar em curso um movimento de valorização do rural - de suas tradições, paisagens, história, alimentos naturais - pela população urbana, que busca acessar alimentos de qualidade, moradia para os finais de semana, turismo e também festas rurais, num movimento que pode ser compreendido como correspondente a uma idealização do rural. Entendemos que essa valorização urbana do espaço rural também cria reconfigurações por parte da população rural sobre seu próprio espaço. Isso temos observado em nossas pesquisas, junto a camponeses do Vale do Taquari e citadinos de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Neste trabalho, em que o olhar debruça-se sobre as festas, buscamos identificar quais as representações de agricultores e citadinos sobre as mesmas, ao mesmo tempo em que relacionamos a elas permanências e mudanças associadas a transformações mais profundas nas relações entre o rural e o urbano.

Nos contextos de nossas pesquisas, esse movimento de idealização do rural é observável a partir da valorização, por citadinos e agricultores, do modo de vida no campo, percebido enquanto lugar de bem-viver, de bem comer, de calma e tranquilidade. O reconhecimento do espaço rural pela população urbana é evidenciado a partir da instalação de casas para passar finais de semana e da circulação de pessoas que vêm da cidade, especialmente para usufruir da paisagem, comprar alimentos e celebrar as festas rurais.

Comida caseira, produtos artesanais e festas tradicionais compõem como que uma cesta de itens resgatados de um passado, agora admirado e desejado, demandados por turistas e visitantes. Nesse processo, práticas e tradições são atualizadas, voltando a fazer parte de contextos rurais, ressignificadas e reelaboradas, remetendo à memória do passado. Interessa-nos aqui refletir sobre como ocorre o processo de reinvenção dessas práticas, identidades e tradições, associado ao consumo de bens, à sua constituição enquanto patrimônio e, ao mesmo tempo, a reconfigurações das fronteiras entre campo e cidade, à medida em que se dá a atualização desses processos.

Do estigma à idealização: ressignificação do rural

Para a construção da reflexão acerca do processo de valorização do rural (de suas tradições, paisagens, produtos, festas, entre outros) por parte de indivíduos oriundos da cidade, nos voltamos a estudos que têm observado essa dinâmica em

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diferentes contextos (Champagne, 1977; Carneiro, 1998; Cristóvão, 2002; Menasche, 2009). Estes estudos têm demonstrado que entre a população urbana há os que buscam no rural espaços e produtos capazes de os (re)conectar com um estado de pureza, de autenticidade e de vida natural, supostamente perdidos nas urbes mas resguardados no espaço rural. A demanda desse segmento urbano caracteriza o que Champagne (1977) denominou de “moda do antigo”, cujo movimento provém, conforme Menasche (2009), da construção da imagem de um “rural idealizado”.

Cabe ressaltar que esse movimento de (re) valorização do rural é um contraponto recente ao que se consolidou a partir da difusão da agricultura moderna, quando saberes e práticas de camponeses foram intensamente estigmatizados e entendidos como símbolos de atraso e fadados ao desaparecimento, na medida em que não seguiam o processo de modernização, difundido por governos, meios de comunicação, mediadores, entre outros. Esses processos, associados ao histórico desprestígio dos modos de vida rurais, concorreram para um intenso êxodo rural.

Uma interessante referência sobre a mudança de percepções sobre o rural (agora positivado) é o estudo de Champagne (1977), no contexto de uma comunidade rural francesa. Em análise contextualizada na França do final dos anos 1970, esse autor aponta um movimento inverso àquele ali observado nos anos 1950, quando – no momento em que tudo o que tinha ligação com o modo de vida camponês era considerado arcaico – os camponeses desfizeram-se, por exemplo, dos antigos móveis de família, de madeira, adquirindo móveis de fórmica, então símbolo, a seus olhos, de “modernidade”. Champagne observa, no período mais recente, uma reviravolta nos valores dominantes, já que os móveis de estilo rústico voltam à cena com valor decorativo: os móveis dos ancestrais passam a ter um valor afetivo (são os móveis de família) e um valor simbólico. O autor evidencia um movimento de valorização do passado, da natureza, da agricultura tradicional, isso como contraponto ao avanço da civilização urbano-industrial.

Esse movimento de valorização do rural pode também ser notado com relação às escolhas alimentares (Menasche, 2004). Em pesquisa realizada junto a moradores de Porto Alegre, observou-se que, frente à desconfiança expressa por consumidores com relação a alimentos industrializados, percebidos como excessivamente manuseados e, ainda, provenientes de lugares distantes, o natural e o rural seriam identificados como autênticos, o que estaria associado a uma busca (urbana) por produtos locais e

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artesanais. Como evidenciado no estudo citado, “a ruralidade, mais que qualquer outro atributo, parece condensar todas as vantagens que distinguem o alimento desejável do alimento industrializado.” (Menasche, 2004, p. 122).

A valorização recente, por moradores da cidade, dos atributos rurais implica também em novos significados atribuídos pelos moradores do campo a seus modos de vida. Assim, teríamos que, ao ressignificar positivamente práticas e identidades até pouco estigmatizadas, ou seja, ao demandar um rural idealizado, consumidores urbanos estariam contribuindo para uma reinvenção dessas práticas, identidades e tradições entre aqueles que vivem no campo. (Menasche, 2009). Ao mesmo tempo, vale mencionar que, antes desse processo de ressignificação do rural, era já possível observar um tipo de valorização do rural por parte desses que ali habitam. Na comunidade2 de Fazenda Lohmann (Vale do Taquari), por exemplo, os agricultores narram que durante o processo de industrialização e modernização do campo, a maior parte das famílias rurais adquiriu máquinas e implementos agrícolas, adaptando seus sistemas de produção, estabelecendo parcerias com agroindústrias na produção de porcos, aves, leite, entre outros. Na adesão às novas tecnologias, os agricultores viram-se compelidos a adequar-se aos padrões produtivos urbano-industriais, estabelecidos pelas agroindústrias. No entanto, o que aqui interessa notar é que, ao mesmo tempo, elementos do “modo de vida rural” eram reafirmados, como, por exemplo, a manutenção das práticas produtivas tradicionais na produção de alimentos, especialmente na produção de leite e criação de porcos e galinhas destinados ao autoconsumo da família, parentes e vizinhos.

A partir desse exemplo, centrado na alimentação das famílias rurais, podemos sugerir que, em momentos em que seu modo de vida era desvalorizado em decorrência do ideal “moderno”, os camponeses, ainda que de forma velada, permaneceram, de algum modo, valorando positivamente sua alimentação, o que não se deu sem contradições, uma vez que, ao mesmo tempo, também os alimentos industrializados eram positivamente valorizados.

Neste sentido, podemos observar que parte do atual movimento de valorização do rural por citadinos está relacionado a elementos do modo de vida rural que, ainda que

2 Neste artigo o uso da expressão “comunidade rural” evoca, tal como indicado por Comerford (2005, p.112), não apenas um “grupo concreto delimitado em termos territoriais (a população de uma localidade, distrito, município) e em termos de sua atividade (pessoas que se ocupam de atividades ‘rurais’, ligadas à agricultura e à pecuária)”, mas também um grupo que “se organiza a partir de relações de proximidade e solidariedade”, em que encontram relevância as relações de “parentesco, vizinhança, cooperação no trabalho, co-participação nas atividades lúdico-religiosas”.

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timidamente, permaneceram coexistindo com o processo de modernização da agricultura, que se pretendia homogenizador.

Hoje, a valorização do rural é explicitada, através da busca por comidas caseiras, produtos artesanais, festas tradicionais, entre outros elementos associados a um passado agora admirado e desejado, que vem sendo demandado por turistas, visitantes e parentes, habitantes de espaços urbanos. Nesse processo, são revividas e reordenadas práticas e representações tradicionais que, em alguns contextos rurais, haviam praticamente desaparecido.

Tomando como foco de observação as festas rurais, buscamos refletir sobre essa reinvenção de práticas, identidades e tradições, bem como sobre os significados a elas atribuídos pelas famílias rurais e por citadinos.

As festas como rituais que falam da organização social

Compreendemos que as festas, enquanto rituais que ocorrem nas mais diversas sociedades, apresentam-se como espaços/tempos privilegiados de demonstração de valores dos grupos que as realizam, constituindo-se como atos simbólicos que falam da organização social e da sociabilidade desses grupos.

Rituais festivos apresentam-se, nas palavras de Perez (2002), como bons para pensar: pensar os fundamentos dos vínculos coletivos, o que faz a sociedade. Eles têm dinâmicas próprias, constituindo-se como atos coletivos “extraordinários”, “extra-temporais” e “extra-lógicos”, espaços em que se interligam elementos do comer, beber, partilhar e alegrar-se. Nesse sentido, neles se realizam consumação, dispêndio, sacrifício, troca-dom, reciprocidade, ou seja, o ato mesmo de produção da vida (Perez, 2002). Para essa autora, a festa é o tempo-espaço do excesso, em que se rompe a temporalidade linear, a lógica da utilidade e do cálculo, opondo-se ao ritmo regular e rotineiro da vida, doando-se ao dispêndio, à exacerbação.

No entanto, podemos também encontrar nos rituais festivos aquilo que está presente no dia-a-dia, já que no ritual expandem-se e ressaltam-se as representações e valores de uma sociedade, presentes em seu cotidiano em manifestações muitas vezes mais sutis. (Peirano, 2003).

Compreende-se, desse modo, que as transformações mais amplas dos significados dos espaços e dos modos de vida rurais podem também ser observadas através desses rituais, que, reelaborados, evidenciam adaptações a espaços e tempos

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distintos daqueles em que foram gestados e, neste aspecto, corrobora-se com Douglas (1966), que explica que os rituais animam a memória e ligam o presente com o passado.

Para o desenvolvimento destas reflexões, tomamos como inspiração, entre outros, o estudo realizado por Champagne (1977) – anteriormente mencionado –, em que o autor analisa as transformações ocorridas, em contexto francês, nos valores e modos de vida camponeses no que concerne às práticas “tradicionais” e àquelas importadas do “exterior”. O autor analisa algumas festas camponesas locais, entendendo que exprimem a unidade e integração desses camponeses, bem como as mudanças que os afetam.

Aqui cabe menção à interessante diferenciação estabelecida por Champagne no contexto das festas rurais em comunidade rural francesa por ele estudado. O autor aponta um processo de mudança nas festas, que traduz as mudanças mais amplas nos modos de vida das famílias rurais, mudanças que estariam relacionadas à questão de quem organiza e “para quem” é realizada a festa. Teríamos, assim, a festa antiga (da aldeia) e a festa “à” antiga ou na aldeia.

As festas na comunidade, segundo a classificação de Champagne (1977), são aquelas em que é reconstruída uma tradição local, para um público externo ver, num movimento recente (a partir dos anos 1970, no caso por ele estudado) de revalorização do rural pela sociedade englobante. O público presente nessas festas é constituído principalmente de pessoas estrangeiras à comunidade e por jovens locais, sendo que os moradores locais mais velhos não participam. Já nas festas da comunidade, como observou o autor, a presença das famílias, do conjunto da comunidade, é muito importante, pois é ela que organiza a festa, para si.

Vale ainda mencionar que as festas apresentam-se como um modo privilegiado de organização em torno do princípio da reciprocidade, como proposto por Mauss (1950). Para esse autor, este princípio vai para além da troca, referindo-se ao ritual da troca como mais importante do que as coisas trocadas em si, já que não são trocadas apenas coisas economicamente úteis, mas antes de tudo gentilezas, banquetes, ritos, danças e festas. A reciprocidade está alicerçada no movimento de dar, receber e retribuir, constituindo laços sociais; é assentada na obrigação e associada à liberdade de retribuir. É assim que observamos, nas comunidades pesquisadas, como as festas comunitárias alimentam laços de sociabilidade entre os membros da própria comunidade e desses com os de outras comunidades próximas, a quem são oferecidos convites de

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participação nas festas, abundância de comidas, danças, alegrias, que serão novamente retribuídas.

Entendemos, finalmente, que as festas podem ser reconhecidas como “fato social total” (Mauss, 1950), na medida em que integram, em um “todo”, as dimensões familiares, técnicas, sociais, culturais, econômicas, jurídicas, estéticas, religiosas, entre outras, que passam a compor o sistema em sua totalidade. Assim, podemos apreender, com Tedesco e Rosseto (2007, p.19), a festa

como momento de situações profanas e sagradas, relacionais e grupais; em última instância, comunitárias; é o passado, ou algo do passado cotidiano e tradicional que busca manter e atualizar significações, expressar relações simbólicas, formatos societais, hierarquias, posições sociais, performance de grupos étnicos nacionais que buscam fortalecer um sentimento próprio de si mesmos, porém em correlação.

Isso posto, entendemos que a festa também define identidades, construídas na inter-relação entre o tradicional e moderno. As festas traduzem simultaneamente dimensões que se opõem e se complementam: religioso e profano, trabalho e lazer, gênero e geração, entre outros. Tendo em conta a diversidade de sociabilidades que se expressam nas festas, procuramos apreender, junto às comunidades rurais estudadas, interlocutoras das pesquisas aqui referenciadas, como as festas são realizadas e significadas, ou ressignificadas, tendo presente o contexto, antes comentado, de valorização do rural. Do mesmo modo, buscamos apreender os significados atribuídos à festa pelos participantes de fora (citadinos).

As festas locais ou da comunidade: a manutenção de laços comunitários e de espaços coletivos

Buscando refletir, a partir das festas, sobre a questão do rural revalorizado, remetemo-nos, entre outros, a trabalhos etnográficos realizados por nós anteriormente, quando foram observadas festas em Fazenda Lohmann (Menasche e Schmitz, 2009 e Wedig, 2009) e em Jacarezinho (Menasche, 2007) – na região do Vale do Taquari, Rio Grande do Sul. Em Fazenda Lohmann, nos debruçamos, de modo mais difuso, sobre o calendário de festas, enquanto que em Jacarezinho dirigimos o olhar para a festa em alusão à migração dos ascendentes italianos.

Em Fazenda Lohmann, pode-se registrar um amplo calendário de festas familiares e coletivas, que, entre o plantio e a colheita, marcam o ano dos camponeses. Podemos observar a integração do calendário festivo e religioso ao calendário agrícola,

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intercalando trabalho, lazer e sociabilidades. A maioria das festas que ocorrem nesta comunidade – excetuando-se, eventualmente, alguma promovida pela Prefeitura Municipal (como a Festa do Suíno, realizada a cada ano em uma diferente localidade rural do município) – são celebrações coletivas, essencialmente locais, isto é, reúnem principalmente as pessoas residentes na localidade e os parentes que vêm de fora, constituindo-se naquilo que Champagne (1977) denominou de festas “entre si”, ou da comunidade marcadas por um caráter familiar e parental. A característica familiar dessas festas pode ser percebida durante os festejos: nos comentários, os convivas são identificados como parentes ou conhecidos de alguém que pertence à comunidade.

As festas da comunidade que se estabelecem nestes contextos revelam, por exemplo, uma modalidade de mutirão que permanece viva, evidenciando a organização da comunidade, que prepara os cultos ou missas e os bailes, decora o salão e a igreja e elabora com capricho a refeição da festa. A respeito da refeição festiva, vale remetermo-nos a Da Matta (1987), que afirma que é a qualidade da comida, servida com capricho e de maneira farta, que exprimirá a consideração para com os convidados (humanos e divinos). A comida é, ainda segundo esse autor, um elemento que congrega, na medida em que a festa enseja o comer e o beber, apresentando-se, desse modo, o caráter socializante da comida.

A partir dessas observações e das falas dos agricultores, corroboramos, em nosso estudo, com o que Lameiras (1997) observou em pesquisa realizada em uma comunidade rural portuguesa. Esse autor mostra que o sistema de prestações alimentares nas ocasiões festivas define-se por duas motivações: por um lado, a necessidade de dividir os alimentos com aqueles que são considerados como parte do próprio grupo, reforçando laços afetivos e sociais; por outro, a vontade de obter prestígio, demonstrando uma grande generosidade e ostentando riqueza pela grande quantidade de alimentos oferecidos.

Nas festas locais “entre si”, o público presente é normalmente a própria comunidade, pessoas que costumam vir de localidades próximas, assim como parentes que já não moram mais ali, mas que fazem questão de comparecer – observamos, deste modo, a manutenção dos laços familiares e comunitários de pertencimento. As festas ali são organizadas por diretorias locais e a arrecadação dessas festas é utilizada para a manutenção do salão de festas, da escola comunitária, da igreja, do campo de futebol, bem como do coral, da Ordem Auxiliadora das Senhoras Evangélicas (OASE), do time

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de futebol, do clube de mães, do culto infantil, ou seja, os espaços físicos e relações sociais que ali se realizam. Essas relações são alimentadas pelo princípio da dádiva e reciprocidade, fortalecendo os laços entre as famílias.

As festas comunitárias envolvem períodos de preparação anteriores (dias ou semanas), em que os membros das diretorias da comunidade reúnem-se – desse processo fazem também parte os cônjuges e muitas vezes as (os) filhas (os). A participação na preparação da festa não se constitui em uma atividade remunerada, todos trabalham gratuitamente, pela comunidade. Tomar parte nessa organização é associado a honra e prestígio.

As atividades realizadas pela diretoria organizadora de cada festa, em Fazenda Lohmann, são as seguintes:

– o ritual de carnear para a festa, que ocorre de dois a três dias antes da festa, na casa de um dos membros da comunidade, aquele que tem os instrumentos necessários para a realização da atividade ou aquele que vendeu para a comunidade o boi ou porco gordo que será carneado. O carnear para a festa ocorre ao longo de todo um dia, quando se juntam de quatro a cinco casais, que deixam toda a carne pronta para o dia da festa;

– o envio de convites para outras comunidades;

– a coleta de doações, que ocorre nos dias que antecedem a festa, quando membros da diretoria passam pelas casas dos moradores da comunidade a fim de recolher produtos (açúcar, banha, farinha, fermento, manteiga, nata, óleo, ovos, sal, vinagre, etc) necessários para preparar a comida da festa. Esses produtos são doados pelas famílias de acordo com a disponibilidade, sendo que aquilo que faltar para a preparação da comida será adquirido no supermercado, na cidade;

– a venda de fichas para almoço ou jantar, quando algum membro da diretoria percorre as casas das famílias da comunidade com essa finalidade;

– as bebidas (adquiridas nos mercados locais) são colocadas para gelar no dia anterior à festa, tarefa realizada pelos homens;

– a confecção coletiva de pães e cucas, produzidos no salão da comunidade, no dia anterior à festa, pelas mulheres. São elas também que preparam as saladas (que muitas vezes são compostas por legumes e verduras que vêm de suas hortas caseiras, ou então são compradas do batateiro, vendedor que passa semanalmente pela comunidade). Cabe destaque ao Kartoffelsalat (salada de batatas), que não pode faltar;

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– o churrasco é assado e servido, no dia da festa, pelos homens, no salão da comunidade. Eles também são responsáveis pelas bebidas. O espaço da churrasqueira e copa é masculino, enquanto que as mulheres preparam e servem as saladas, cucas e pães no espaço da cozinha;

– a limpeza do salão da comunidade, após a festa, cabe ao grupo que organizou a festa.

Observa-se na festa uma clara separação de trabalho por gênero, situação que também é observada no cotidiano. Igualmente, tal como ocorre nas casas, no salão de festas há a separação dos espaços que envolvem o trabalho feminino (a cozinha) e masculino (churrasqueira e copa). Nas mesas e na pista de dança é que se encontram homens e mulheres, para partilhar o comer e o dançar.

As festividades ocupam espaço destacado na circulação da comida e na realimentação dos laços sociais, pois, como ensina Lameiras (1997), a vida é, em parte, orientada pela dádiva alimentar no relacionamento social dos moradores com a vizinhança, o exterior e a divindade, que, em boa medida, se realiza na circulação de alimentos que se dá na festa.

Deste modo é que entendemos que convidar as pessoas para comer em casa ou, no caso das festas comunitárias, no salão da comunidade, tem um significado simbólico-ritual, já que a intenção não é somente a de alimentar corpos biológicos, mas sim alimentar e reproduzir relações sociais. É assim que o ato de convidar implica igualmente que sejamos convidados, reproduzindo-se, também nessas ocasiões, dádiva e reciprocidade.

A festa de Kerb: as adaptações das festas e dos modos de vida das famílias rurais Em pesquisas de campo realizadas no Vale do Taquari, percebemos uma série de adaptações que vêm ocorrendo nas festas, a exemplo da festa de Kerb3. Em Fazenda

Lohmann, mesmo tendo passado por adaptações, essa festa mantém vários elementos religiosos, perpetuados ao longo dos anos. Fato emblemático é que os recursos obtidos durante a celebração do Kerb são todos revertidos para a igreja, para a manutenção desse espaço da coletividade.

3 Ritual religioso e festivo, que acompanhou os colonos migrantes que vieram da Alemanha. Refere-se à comemoração do aniversário da igreja (para os evangélicos luteranos) ou do dia do padroeiro da paróquia (para os católicos).

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Até os anos de 1980, a Festa de Kerb em Fazenda Lohmann era realizada ao longo de três dias, em que eram intercaladas atividades religiosas e lúdicas, domésticas e comunitárias. Como observaram Menasche e Schmitz (2009, p.177),

Nesse período, o trabalho na propriedade era interrompido, sendo realizado apenas o estritamente necessário, como a ordenha. Com antecedência, tempo era dedicado ao preparo de alimentos e à organização da casa para receber os visitantes. Não era pouco o trabalho necessário para preparar as refeições oferecidas às dezenas de pessoas recebidas, assim como para alimentar os animais que as transportariam.

Economizava-se o ano inteiro para proporcionar a fartura de comidas, bebidas, músicas, danças por ocasião dos dias de Kerb, quando ocorria o reencontro de parentes e amigos, dispersos na região colonial (Moraes, 1981). “É o evento em que a quantidade e a diversidade devem ser apresentadas aos familiares visitantes” (E.Woortmann, 2007, p.189). Como contam os agricultores, antigamente vinham trinta pessoas para pousar em casa. Cada família da comunidade recebia os convidados durante o Kerb, que ficavam hospedados na casa dos anfitriões de um a três dias. Nesse período, eram intercalados as refeições cerimoniais em casa, os cultos e os bailes comunitários, realizados no salão da comunidade.

Os agricultores contam que no período que antecedia o Kerb carneavam-se porcos, bois, ovelhas; assavam-se pães, bolos, cucas; faziam-se doces em calda, queijos e salames, Sauerkraut4, conservas de pepino, rabanete e couve; preparava-se o Spritzbier5 e providenciavam-se os demais comes e bebes que comporiam a refeição em casa.

Nos dias de Kerb, para o almoço eram servidos carne assada de porco e gado, tripa recheada, chucrute e saladas. As bebidas, antigamente, eram preparadas em casa, posteriormente a cerveja e a gasosa passaram a serem compradas. Já o café-da-tarde era farto em cucas, bolos, frutas em calda e uma variedade de bolachas (Mehl Toss – bolachas de farinha, Schnee Toss – bolachas de merengue e polvilho e Ram Toss – bolachas de nata). Todas as guloseimas eram preparadas pelas mulheres, dias antes da festa (Menasche e Schmitz, 2009).

4 Conserva de repolho em vinagre, água e sal, sinônimo de chucrute.

5 Bier significa cerveja. Spritz vem do verbo Spritzen, esguichar. O nome deriva do fato de o fermento fazer estourar as rolhas das garrafas, quando não a garrafa. Isso ocorria em dias quentes, quando as garrafas não estavam em locais frescos, como o porão, onde eram comumentemente guardadas. A bebida é feita com gengibre, água, açúcar, fermento, suco de limão e claras em neve (Muller, 1984).

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Ainda hoje se podem observar no porão das casas as grandes mesas e bancos de madeira, que naquela época reuniam os numerosos convivas. Três dias de intensa convivência, em que agregavam-se parentes e amigos que vinham de longe, retribuindo visitas que anteriormente haviam sido feitas, em festividade de Kerb ocorridas em outras localidades. Eram, assim, reforçados os laços sociais, a partir da reciprocidade e da dádiva, presentes na retribuição de visitas, da comensalidade e das festas.

Em casa, almoçavam e festejavam até o início da noite, quando todos voltavam para o baile, que ocorria no salão. Assim sucedia-se durante os três dias de festividades (só o culto religioso é que ocorria apenas no primeiro dia). No domingo, ocorria o baile dos jovens, na segunda, o baile dos velhos, sendo que o baile da terça-feira era para que todos participassem (Menasche e Schmitz, 2009).

Uma das principais atrações do baile de Kerb são as Gildas, bonecas montadas a partir de pequenas garrafas vazias de refrigerante, enfeitadas com papel crepon. Em cada uma delas é colado um rosto de alguma artista famosa, recortado de revista. Essas bonecas ficam penduradas no centro do salão de dança e o casal que arranca uma Gilda deve pagar seis cervejas. Há um certo status associado à quantidade de Gildas que são levadas para casa, simbolizando a prosperidade daquele agricultor, que pode arrancar as Gildas, já que tem dinheiro bastante para gastar na noite de Kerb. Esse gasto está relacionado à honra e ao prestígio da família, que pode pagar, especialmente tendo em conta que o dinheiro da festa é destinado à igreja. Cabe notar que, nos dias de festa, são permitidos os excessos que em outros dias não são vistos com bons olhos: na festa se gasta para beber e comer à vontade.

Atualmente, a festa de Kerb continua sendo realizada, porém com transformações que falam daquelas que vêm ocorrendo no meio rural de uma maneira mais ampla, a saber, a busca dos jovens pelas ocupações não-agrícolas, os agricultores que estão muitas vezes ocupados em cuidar de seus aviários e chiqueiros de integração ligados às grandes empresas e, em razão disso, os tempos vão se adequando aos ditames da indústria, estando bem menos ligados ao tempo do ciclo agrícola que envolvia as atividades familiares até alguns anos atrás.

Mesmo com essas múltiplas transformações no tempo camponês, as festas continuam perpassando o calendário agrícola, agora já com conformações que são exigidas por um tempo diverso, um tempo do mercado, mas que não faz desaparecer antigas práticas que são, no entanto, readaptadas.

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Como exemplos dessas adaptações, temos (como já observado em Menasche e Schmitz, 2009) que foram trocados os utensílios utilizados na cozinha do salão comunitário, por exemplo, o forno de barro, em que anteriormente eram assadas as cucas, foi substituído por um forno elétrico, em que as cucas são assadas mais rapidamente. Também foi introduzido o aparelho de buffet, em que as pessoas devem servir-se ao invés de serem servidas, como ocorria anteriormente.

Além disso, atualmente a festa de Kerb ocorre em apenas um dia e já não se reúnem tantas pessoas como ocorria nas festas até a década de 1980. Hoje, reúnem-se principalmente os parentes mais próximos, reduzindo-se geralmente aos filhos que moram ou trabalham fora da propriedade rural. No almoço, que ocorre no domingo na casa das pessoas da comunidade, vemos agora vários alimentos que são comprados, o tempo é pouco para preparar tudo em casa. Compram-se, os galetos, os doces em calda, muitas vezes também as tortas, as cucas e os pães.

Um elemento interessante é que em uma das Festas de Kerb que presenciamos em Fazenda Lohmann, apresentou-se um grupo de jovens com músicas e danças “típicas” alemãs. Esse grupo estava vestido com trajes também considerados “típicos”, as moças trajavam longos vestidos e avental e os rapazes calças meia-canela, com coletes e botas. A existência deste tipo de grupo pode ser visto frequentemente em comunidades rurais. A apresentação do grupo de dança pode ser entendida como processo de folclorização das danças realizadas antigamente, abandonadas pelos agricultores. Pode-se sugerir, do mesmo modo, a redefinição da participação dos jovens nos espaços de baile: já não tão envolvidos com a participação na organização das festas, dão sua contribuição a partir das danças típicas, que, pelo modo de vestir e de dançar, pouco lembram os bailes rurais. As vestimentas estereotipam o “modo camponês de ser”, ao mesmo tempo em que realizam uma referência étnica à germanidade – ausente, enquanto tal, do cotidiano dessas pessoas –, na medida em que são danças aprendidas na Alemanha, remetendo-se aos camponeses de lá.

Quanto à sequência do Kerb em Fazenda Lohmann, a festa segue com música, dança, comes, bebes e as Gildas, que hoje são ainda testemunhas de um passado que readapta-se e segue reunindo a comunidade e reforçando os laços de sociabilidade.

Deste modo, “falar” da Festa de Kerb, de sua organização e de suas mudanças, é, na realidade, “falar” da organização da comunidade como um todo e das mudanças mais amplas que se processaram na vida desses camponeses.

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As festas na localidade: a apresentação para um público externo.

Ocorrem atualmente, em diferentes regiões coloniais do Rio Grande do Sul – bem como em outras regiões do País – um investimento cada vez maior das Prefeituras Municipais e outros patrocinadores para difundir festas relacionadas a produtos agrícolas, que tem como objetivo divulgar o município, comercializar produtos locais e gerar renda para os organizadores. Neste contexto, a visitação de pessoas “de fora” do município é condição para o sucesso da festa.

No trabalho etnográfico realizado por (Ramos, 2007) no município de Maquiné – no litoral norte gaúcho, a autora observa a Festa da Polenta e do Vinho, em que são apresentados atrativos para turistas e visitantes, com cenas que remetem ao “contexto colonial” e que são construídas para a festa, como é o caso de um museu colonial, montado a partir de peças de mobiliário, roupas, utensílios domésticos e ferramentas de trabalho usadas pelas famílias de imigrantes italianos que ocuparam a região no passado; ou a polenta, que é preparada em fogões a lenha, especialmente montados pela prefeitura, e distribuída gratuitamente para os visitantes, com ar de comida de festa.

A Festa da Polenta apresenta, para seus visitantes, a imagem de um rural marcado por tradições familiares e agrícolas. Tradições que, muitas vezes, já não são mais vividas cotidianamente – e tampouco desejadas – por parcela significativa dos moradores locais.

Caso emblemático, nesse sentido, é o da ressignificação da polenta, que para os colonos italianos, ainda na Itália ou nos primeiros anos de chegada no Brasil, foi a comida que, nos períodos de escassez, assegurou sua manutenção. Esse alimento está relacionado à memória de escassez e, por isso, muitas vezes não é mais consumido no cotidiano das famílias. Contudo, na Festa da Polenta, em Maquiné (Ramos, 2007), e no Filó do Jacarezinho, em Encantado (Menasche, 2007), a polenta toma um lugar central, na medida em que é consumida como alimento emblemático e tradicional, fazendo referência à italianidade. Nessas festas, as tradições italianas também são revividas na celebração religiosa, nos cantos, vestimentas e objetos, que remetem a um passado (épico) de migração e ocupação do território.

A Festa da Polenta e do Vinho em Maquiné, assim como a Festa do Suíno e do Frango, que ocorre no interior do município de Roca Sales, no Vale do Taquari, ou a Suinofest, realizada em Encantado, também nessa região, são muito mais construídas e

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voltadas para um público de fora, representando um rural que se imagina ser aquele desejado pelos prováveis visitantes – um “rural idealizado” – capaz de oferecer paisagens, alimentos e tradições autênticas, naturais.

A visitação de pessoas “de fora” do município é aí condição para o sucesso da festa. Como atrativos para turistas e visitantes, observam-se situações e cenas que remetem ao “contexto colonial”, construídas na época da festa, a partir da exposição de peças de mobiliário, roupas, utensílios domésticos e ferramentas de trabalho usadas pelas famílias de imigrantes que ocuparam a região no passado.

Neste movimento de valorização do rural, podemos reconhecer que, ao serem ressignificadas positivamente práticas e identidades que até recentemente haviam sido estigmatizadas, consumidores urbanos contribuem para a valorização e ressignificação das tradições, identidades e práticas dos moradores do campo. (Menasche, 2009)

Porém, para os grupos rurais, ao mesmo tempo em que percebem a valorização de seus modos de vida e que passem também a valorizá-los explicitamente, isso se dá ao mesmo tempo em que são também valorizados elementos associados à modernidade. Esses movimentos, contraditórios e complementares, podem ser observados em suas refeições cotidianas, em que estão presentes, lado a lado, alimentos industrializados e aqueles produzidos em casa, do mesmo modo que ocorre em suas práticas agrícolas, em que coexistem modos de fazer antigos e tecnologias modernas. Esses elementos modernos têm sido reconhecidos, pelas famílias rurais, como mais práticos e facilitadores do trabalho.

Também os jovens rurais têm buscado, cada vez mais, acessar o que identificam como cultura urbana, adotando práticas desses grupos e habitando ou circulando pelos centros urbanos.

Frente a esses movimentos, de diferenciadas idealizações, entre citadinos e agricultores, percebe-se que novos significados são atribuídos ao urbano e ao rural, ocorrendo uma permeabilidade entre esses dois “mundos”, num processo de circularidade, em que tais fronteiras estão cada vez mais diluídas.

Vale mencionar, por último, que não buscamos aqui identificar algumas festas como mais tradicionais ou autênticas do que outras: procuramos apenas chamar atenção para o movimento crescente de busca pelo rural por parte da população urbana, atentando, ao mesmo tempo, para investimentos que vem sendo realizados por administrações municipais no sentido do incentivo e valorização do rural,

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principalmente a partir do turismo rural, de divulgação e comercialização de produtos agrícolas, ou seja, no sentido de uma dimensão que converte esses fenômenos em consumo. A partir disso, refletimos sobre as mudanças que vem se operando nas festas camponesas e que falam de mudanças mais amplas, na agricultura e nas relações que se estabelecem entre os espaços rural e urbano.

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