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Trabalho informal e cidadania: uma análise das alternativas de qualificação dos catadores de materiais recicláveis no município de Ijuí

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UNIJUÍ - UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

Departamento de Economia e Contabilidade Departamento de Estudos Agrários Departamento de Estudos da Administração

Departamento de Estudos Jurídicos

CURSO DE MESTRADO EM DESENVOLVIMENTO

ÂNGELA GOMES DOS SANTOS COSTA

TRABALHO INFORMAL E CIDADANIA: UMA ANÁLISE DAS ALTERNATIVAS DE QUALIFICAÇÃO DOS CATADORES DE MATERIAIS RECICLÁVEIS NO

MUNICÍPIO DE IJUÍ

Ijuí (RS) 2012

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ÂNGELA GOMES DOS SANTOS COSTA

TRABALHO INFORMAL E CIDADANIA: UMA ANÁLISE DAS ALTERNATIVAS DE QUALIFICAÇÃO DOS CATADORES DE MATERIAIS RECICLÁVEIS NO

MUNICÍPIO DE IJUÍ

Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação

Stricto Sensu em Desenvolvimento – Mestrado, Área

de concentração: Direito e Desenvolvimento, Linha de Pesquisa: Direito, Cidadania e Desenvolvimento, da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUI, requisito parcial para aprovação no referido curso e obtenção do título de Mestre em Desenvolvimento.

Orientador: prof. Gilmar Antonio Bedin

Ijuí (RS) 2012

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C837t Costa, Ângela Gomes dos Santos. Trabalho informal e cidadania : uma análise das alternativas de qualificação dos catadores de materiais recicláveis no município de Ijuí. / Ângela Gomes dos Santos Costa. – Ijuí, 2012. –

106 f. ; 29 cm.

Dissertação (mestrado) – Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Campus Ijuí). Desenvolvimento.

“Orientador: Gilmar Antonio Bedin”.

1. Cidadania. 2. Trabalho. 3. Direitos. 4. Proteção social. 5. Catadores de material reciclável. I. Bedin, Gilmar Antonio. II. Título. III. Título:

Uma análise das alternativas de qualificação dos catadores de materiais recicláveis no município de Ijuí.

CDU: 331:342.71(816.5) Catalogação na Publicação Frederico Cutty CRB 10/ 2098

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UNIJUÍ - Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento – Mestrado

A Banca Examinadora, abaixo assinada, aprova a Dissertação

TRABALHO INFORMAL E CIDADANIA: UMA ANÁLISE DAS

ALTERNATIVAS DE QUALIFICAÇÃO DOS CATADORES DE MATERIAIS RECICLÁVEIS NO MUNICÍPIO DE IJUÍ

elaborada por

Ângela Gomes dos Santos Costa

como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Desenvolvimento

Banca Examinadora:

Prof. Dr. Gilmar Antonio Bedin (UNIJUÍ): ________________________________________

Profa. Dra. Rosângela Angelin (URI/SA):__________________________________________

Prof. Dr. Daniel Rubens Cenci (UNIJUÍ): _________________________________________

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Para minha filha Daiane Costa, Fábio Lemes e demais pessoas que povoam a minha existência, deixando-a mais feliz.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço, primeiramente a Deus, que em sua infinita bondade, me fornece a dose de coragem necessária para ir avançando e vencendo os desafios.

Especialmente, agradeço ao meu orientador professor Gilmar Antonio Bedin, que com

seu conhecimento e paciência infinita, me conduziu, entre tropeços e sufocos, por esse longo caminho que é o mestrado. Agradeço ao professor Lauri Basso, que muito me auxiliou, disponibilizando seus

livros e sua calma nos tensos momentos do mestrado. À Incubadora de Economia Solidária e Tecnologia Social (ITECSOL) que oportunizou minha pesquisa e ampliou o meu conhecimento a partir da colaboração dos colegas de trabalho. Agradeço aos demais amigos, que estiveram comigo nessa luta, me animando e me mostrando que eu era capaz e, portanto, aqui estou.

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O mundo que Deus nos deu é mais do que suficiente, ~ segundos os cientistas e pesquisadores para todos; existem riquezas mais do que de sobra para todos, é só uma questão de reparti-la bem, sem egoísmo. Madre Tereza de Calcutá

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RESUMO

O presente estudo, realizado através de uma pesquisa bibliográfica, com

método hipotético dedutivo, tem por tema central a cidadania dos catadores de

materiais recicláveis, focando o olhar mais profundamente nos catadores da

cidade de Ijuí-RS, com o objetivo de se analisar as condições de vida e trabalho

excludentes desses trabalhadores, para identificar caminhos que permitam

buscar o resgate de sua cidadania. A justificativa para a realização do estudo

deve-se ao fato que existe uma necessidade urgente e ampla de se conhecer e

compreender a realidade dos catadores de materiais recicláveis, de forma que

possam ser vistos como cidadãos que são. O estudo apresenta considerações

sobre as políticas públicas desenvolvidas em Ijuí, bem como algumas propostas

ainda em andamento e outras que podem ser aplicadas para a melhoria das

condições de trabalho dos catadores. O estudo revela que esses grupos,

formados por trabalhadores de baixo nível de renda e escolaridade, não estão

sendo alcançados pelos direitos previstos na legislação trabalhista, sendo

submetidos a condições inumanas de trabalho e vida, que os coloca à margem da

sociedade, impossibilitando-os de acessar seus direitos fundamentais. O estudo

mostra ainda que são vários os caminhos que devem ser buscados de forma a se

construir condição adequadas de trabalho para esses cidadãos que desenvolvem

uma atividade de grande importância para a sobrevivência do planeta e que,

entretanto, não vêm sua contribuição, enquanto trabalhadores e seres humanos,

ser reconhecida minimamente, com a concessão de seus direitos.

Palavras-chave: Catadores de material reciclável. Trabalho. Direitos. Proteção

Social. Cidadania.

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ABSTRACT

This study, conducted through a literature search, with hypothetical

deductive method, is the central theme of citizenship collectors of recyclable

materials, focusing on looking deeper into the city of scavengers Ijuí-RS, with

the objective of analyzing the conditions living and working exclusionary these

workers, to identify paths that allow seek redemption of their citizenship. The

rationale for the study due to the fact that there is an urgent and wide to meet

and understand the reality of recyclable material collectors, so they can be seen

as citizens they are. The paper presents considerations on public policies in Ijuí

and some proposals still in progress and others that can be applied to improve

the working conditions of scavengers. The study reveals that these groups

consisting of workers from low income and education are not being achieved by

the rights under labor legislation, being subjected to inhuman conditions of work

and life, which puts them on the fringes of society, preventing them to access

their fundamental rights. The study also shows that there are many ways to be

sought in order to build adequate working conditions for those people who

develop an activity of great importance for the survival of the planet and that,

however, did not have their contribution as workers and human beings,

minimally be recognized with the granting of rights.

Keywords: Collectors of recyclable material. Work. Rights. Social Protection.

Citizenship.

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LISTA DE SIGLAS

Acata Associação de Catadores de Materiais Recicláveis de Ijuí AIPAN Associação Ijuiense de Proteção ao Ambiente Natural ARB Associação de Recicladores de Bogotá

ARL6 Associação de Reciclagem Linha 6

ASSAPEL Associação Amigos do Papel

BID Banco Interamericano de Desenvolvimento

CBO Classificação Brasileira de Ocupações

DIEESE Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos

EES Empreendimentos de Economia Solidária

ES Economia Solidária

FARRGS Federação das Associações de Recicladores do Estado do Rio Grande do Sul

FECOSOL Feira e Comércio da Economia Solidária IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

ITECSOL Incubadora de Economia Solidária, Desenvolvimento e Tecnologia Social

MCBI Movimento Comunitário de Base de Ijuí MERCOSUL Mercado Comum do Sul

MNCR Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis OIT Organização Internacional do Trabalho

ONG Organização Não Governamental

ONU Organização das Nações Unidas

OSCIPS Organização da Sociedade Civil de Interesse Público OSCS Organizações da Sociedade Civil

PEP Planejamento Estratégico Participativo

PEV Ponto de Entrega Voluntária

PPA Plano Plurianual

PREALC Programa Regional de Emprego para a América Latina e Caribe REVIVA Programa Reciclagem, Vivência e Valorização

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SENAES Secretaria Nacional de Economia Solidária

SGA Sistemas de Gestão Ambiental

SMMA Secretaria Municipal de Meio Ambiente

UNIJUÍ Universidade Regional do Noroeste do Rio Grande do Sul

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INTRODUÇÃO ... 12

1.. OS TIPOS DE ECONOMIA E AS FORMAS DE TRABALHO ... 17

1.1. A economia capitalista ... 17

1.2. O trabalho assalariado ... 19

1.3. A economia solidária ... 29

1.4. O trabalho associativo ... 33

2. TRABALHO INFORMAL E SUAS FORMAS DE ORGANIZAÇÃO ... 39

2.1. O trabalho informal ... 39

2.2. A diversidade do trabalho informal ... 41

2.3. Formas de organização do trabalho informal dos catadores de materiais recicláveis ... 49

2.4. O movimento dos trabalhadores informais ... 58

3. O TRABALHO INFORMAL DOS CATADORES DE MATERIAIS RECICLÁVEIS NO MUNICÍPIO DE IJUÍ ... 63

3.1. O Município e o Trabalho em Ijuí ... 63

3.2. O trabalho informal e os catadores de materiais recicláveis em Ijuí ... 69

3.3. Condições de vida e de trabalho dos catadores de materiais recicláveis em Ijuí ... 72

3.4. As alternativas para a qualificação do trabalho dos catadores de materiais recicláveis em Ijuí ... 80

3.4.1. O processo de mobilização dos trabalhadores ... 86

3.4.2. A coleta seletiva do lixo ... 87

3.4.3. A organização da triagem e da reciclagem dos materiais ... 90

3.4.4. A forma de coleta e de transporte de resíduos sólidos recicláveis aos locais de entrega ... 92

CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 96

REFERÊNCIAS ... 102

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A geração de trabalho e renda está relacionada ao incentivo ao associativismo, cooperativismo, empreendedorismo e ao trabalho em equipe; habilidades de gestão, essas, que tendem a possibilitar ao trabalhador a tomada de decisão. Se, por um lado, essas formas de gestão e organização do trabalho respondem pela sobrevivência dos trabalhadores, por outro, estão associadas ao regime de acumulação flexível, o qual tem ditado as regras para a constituição de instrumentos de regulação social, afinados com as necessidades de coesão do sistema de reprodução do capital.

Na implementação dessas formas de gestão do trabalho, torna-se comum a presença de populações que foram, de certa forma, afastadas das possibilidades de trabalho e são "capturadas" em estratégias que, ao aproximá-las do trabalho, as faz reféns de práticas que competem para a manutenção e conservação das relações sociais instituídas. Esta realidade se constitui num cenário desafiador, tanto para a compreensão quanto nas relações de trabalho, pois, em certa medida implica no deslocamento para a sociedade das tarefas de enfrentar a pobreza e a exclusão social.

Diferentemente da acumulação capitalista, tendente a contrair o volume de emprego, a acumulação autônoma rege-se pela oferta de trabalho, daí que, neste momento, com a crise de emprego, a produção simples de mercadorias, a partir de materiais recicláveis, vem se constituindo pelos governos (e trabalhadores) como um meio importante para absorver, produtivamente, o grande número de excluídos do mercado de trabalho assalariado.

As políticas de geração de trabalho e renda, com o intuito de reduzir a pobreza e a exclusão social, têm tido alguns resultados positivos, contudo, estas políticas apresentam

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dificuldades em alcançar o trabalho informal.

No Brasil, o entendimento do trabalho informal está diretamente associado à legislação, caracterizado quando a atividade não for praticada mediante o registro em carteira, registro de autônomo ou registro de condição de empregador. Assim, nessa categoria se enquadram os “trabalhadores por conta própria”, “trabalhadores não-remunerados” como os “trabalhadores familiares”, “diaristas” e “trabalhadores sem carteira”.

A existência de altos níveis de informalidade, principalmente nas últimas décadas, no mercado de trabalho brasileiro, tem gerado intensos debates na sociedade e na literatura econômica. Existe uma preocupação cada vez maior com a informalidade e seus impactos, em especial, a questão dos diferenciais de salários e de condições de trabalho entre os que exercem atividade no setor formal e os que estão na informalidade.

Nessa realidade, estão incluídos, de maneira ampla os catadores de materiais recicláveis, profissionais esses que lentamente foram se inserindo na sociedade, ocupando o espaço deixado pela necessidade de se reciclar materiais descartados que ainda possam ser utilizados. Apesar da grande importância da atividade dos catadores de materiais recicláveis, para as cidades e para o planeta de uma maneira geral, essa profissão necessita ser amparada pelas políticas públicas, que não alcançam muitas vezes esses trabalhadores. Na verdade, aos catadores de materiais recicláveis são dirigidas ações mais do campo das políticas sociais e não do campo das políticas de trabalho e renda.

A análise das condições de vida e trabalho excludentes, às quais os catadores de materiais recicláveis estão submetidos, sem vínculo empregatício e sem direitos, da

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aproximação aos processos sociais em que se inserem, possibilita desvelar acomodações, resistências e lutas, bem como as expectativas de mudança das condições de vida e trabalho dessa população.

Partindo-se desse pressuposto, além de pesquisas e estudos realizados com alguns desses grupos, que são compostos por trabalhadores de baixo nível de renda e escolaridade, cujas residências ou barracões e organizações de trabalho estão localizados nos cinturões de pobreza, confirma-se a sua condição de excluídos. Exclusão essa que os impede de acessar seus direitos como trabalhadores, de conhecer e participar das articulações com instâncias organizadas para reivindicações e luta por melhores condições de trabalho, impõe que a sua condição de vida, saúde, educação, habitação esteja na dependência de explorações e “assistencialismo” e, por que não dizer, de favores. Tal situação se choca com os direitos fundamentais desses indivíduos, definidos na Carta Constitucional1, impedindo-os de viver com dignidade e de desfrutar a sua condição de cidadão.

Nesse contexto, portanto, é importante que seja pesquisado o desenvolvimento de ações do poder público, secretarias, coordenadorias do município de Ijuí e do catador na construção de espaços de discussão de políticas públicas, ou seja, quais as limitações encontradas para desenvolver uma gestão que possibilite construir resultados positivos na melhoria da condição de vida, através do trabalho e renda, que efetivamente contribua para o crescimento socioeconômico dos catadores.

Com o objetivo de melhorar as circunstâncias e condições nas quais trabalham os

1

Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição (BRASIL, 1988).

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catadores de materiais recicláveis, bem como resgatar seus direitos de cidadania e de trabalhadores, o município de Ijuí promove ações que busca a organização dos coletivos de catadores em associações ou cooperativas. Essa proposta tornou-se um desafio a ser vencido pela municipalidade ijuiense, previsto para o período de 2010 a 2012, por meio da formalização de convênios firmados entre a Prefeitura Municipal de Ijuí e a Incubadora de Economia Solidária, Desenvolvimento e Tecnologia Social da Unijuí, juntamente com o poder público, secretarias, coordenadorias e trabalhadores da reciclagem.

O objetivo principal desse convênio é abrir espaço para o debate e implementação do Programa Reciclagem, Vivência e Valorização (REVIVA) e do Grupo Eco Socioambiental para Catadores de Material Reciclável. A proposta que foi regulamentada pela Lei Municipal nº 5.096/2009 (IJUÍ, 2009), será desenvolvida tendo a participação dos catadores de materiais recicláveis e da sociedade civil, de forma a promover a defesa do meio ambiente, a mudança de comportamento social, de forma a estimular a geração de trabalho e, por decorrência, a renda dos trabalhadores e suas famílias.

A relevância deste estudo e a instigação pelo tema justificam-se pela necessidade de compreender a realidade complexa e multifacetada destes catadores de materiais recicláveis, onde se criam alternativas forjadas por múltiplas condições sócio-históricas, configurando-se pela falta de oportunidades de trabalho na economia formal e pela disponibilidade de materiais recicláveis no “lixo da sociedade”

Pelo exposto ressalta-se a importância do desenvolvimento do presente trabalho, que tem por tema central a cidadania dos catadores de materiais recicláveis. Ressaltando-se, no decorrer do estudo, a importância das instâncias organizadas para o fortalecimento das

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reivindicações e luta por melhores condições de trabalho e vida do trabalhador, catador de materiais recicláveis, com a relação à implementação de políticas públicas de trabalho e renda e para a defesa de seus direitos. Este tema trata particularmente do profissional catador do município de Ijuí- RS.

O estudo está dividido em três capítulos, sendo que o primeiro discorre sobre os tipos de economia e as formas de trabalho, tendo como foco a economia capitalista, o trabalho assalariado, a economia solidária, o trabalho associativo e cooperativo.

O segundo capítulo apresenta informações sobre o trabalho informal e suas formas de organização, subdividindo-se nas seguintes seções: O trabalho informal; A diversidade do trabalho informal; Formas de organização do trabalho informal; O movimento dos trabalhadores informais. O terceiro capítulo apresenta, especificamente, as discussões sobre o trabalho informal no município de Ijuí, apresentando as seguintes seções: O município e o trabalho em Ijuí; O trabalho informal e os catadores de materiais recicláveis; Condições de vida e de trabalho dos catadores; As alternativas para a qualificação do trabalho dos catadores; processo de mobilização dos trabalhadores; Definições e considerações sobre a coleta seletiva; A organização da triagem e da reciclagem dos materiais; A forma de coleta e de transporte de resíduos sólidos recicláveis aos locais de entrega.

O método utilizado na realização da pesquisa foi o método hipotético dedutivo. A técnica de pesquisa utilizada, a pesquisa bibliográfica, com consultas a livros, artigos, dados econômicos, estudo de relatórios. Além disso, foram coletados alguns dados na Secretaria Municipal de Meio Ambiente do município de Ijuí.

(18)

1. OS TIPOS DE ECONOMIA E AS FORMAS DE TRABALHO

O presente capítulo trata dos tipos de economia e a sua relação com as formas de trabalho, visto que um produz influência no outro. Assim, aprofundando-se no tema,

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discorre-se sobre a economia capitalista e suas características, bem como o trabalho assalariado, a economia solidária e o trabalho associativo e cooperativo.

1.1. A economia capitalista

Nos últimos séculos, notadamente no período pós Revolução Industrial, iniciada no século XVII, por volta de 1760, o desordenado crescimento econômico registrado veio também acompanhado de profundas transformações tecnológicas, intensificando a urbanização em todo o planeta. Num primeiro momento, passou-se do trabalho manual para a produção de máquinas a vapor, provocando transformações sociais e econômicas.

A Revolução Industrial intensificou a urbanização e, em consequência, o aumento da produção e do consumo se consolidou de modo crescente e contínuo, e ainda possibilitou aos operários a formação de uma classe consumidora, mesmo com baixos salários, impulsionando a produção da época.

Conforme Vita (2003), o capitalismo tende a investir mais em máquinas e equipamentos tecnológicos do que na compra de força de trabalho, evitando desta forma a elevação dos salários. Isso pode ser comprovado pela automação dos processos de trabalho/produção.

Assim, segundo Coraggio (2003), desde a economia do capital, o conjunto da economia é visto a partir da lógica do capital e de sua acumulação e o sistema de interesses na sociedade resulta hegemonizado pelos interesses gerais ou de determinadas frações dos capitalistas. Destaca-se que desde a economia do trabalho o conjunto da economia é visto a partir da lógica do trabalho e de reprodução ampliada, confrontando essa hegemonia e

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afirmando a primazia dos interesses dos trabalhadores e de suas múltiplas identidades e agrupamentos.

Vive-se atualmente a era técnico-científico-informacional (SANTOS, 1994), que alterou significativamente os modos de produção, as formas de relação de trabalho, pessoal, cultural, entre outras, causando assim uma ressignificação do tempo, do espaço e do saber; conceitos de outrora estão debilitados: velhos paradigmas entram em crise, as tradições e os costumes enfraquecem o mundo não reconhece mais as suas fronteiras, as informações se processam com muita rapidez, quer aconteçam aqui ou do outro lado do mundo, prevalecendo a lógica do mercado.

Neste novo contexto, denominado globalização, na colocação de Scariot (2007), exige que se revejam velhos conhecimentos, uma vez que hoje tudo é novo e imediato, e quem estiver mais preparado, informado e “disciplinado”, certamente sobressairá frente às exigências dessa nova escala de valores.

Pode-se dizer que se vive atualmente uma situação política e econômica que tem por base um Estado neoliberal, voltado para os interesses do mercado, centrado na sociedade de consumo, que transforma a mercadoria em detrimento do humano, das relações sociais, das identidades, pertencimento, cultura, afetos e muitas outras coisas importantes para o estabelecimento de laços sociais.

1.2. O trabalho assalariado

Ao publicar a obra Trabalho Assalariado e Capital, Marx (1987) propunha descrever de forma popular as relações econômicas que constituem a base material da luta de classes na

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sociedade capitalista. Pretendia dar ao proletariado a arma teórica do conhecimento científico profundo, da base sobre a qual repousam na sociedade capitalista o domínio de classe da burguesia e a escravidão assalariada dos operários. Ao desenvolver os pontos de partida da sua teoria da mais-valia, Marx formula em termos gerais a tese do empobrecimento relativo e absoluto da classe operária sob o capitalismo.

Na concepção de Marx, o capital consiste de matérias-primas, instrumentos de trabalho e meios de subsistência de toda a espécie que são empregados para produzir novas matérias-primas, novos instrumentos de trabalho e novos meios de subsistência. Todas essas partes constitutivas são criações do trabalho, produtos do trabalho e trabalho acumulado, que serve de meio para nova produção de capital.

O capital não consiste somente dos meios de subsistência, instrumentos de trabalho e matérias-primas, de produtos materiais; consiste, em igual medida, de valores de troca e, todos os produtos de que consiste são mercadorias. O capital não é, portanto, somente uma soma de produtos materiais, é uma soma de mercadorias, de valores de troca e de grandezas sociais. O corpo do capital pode se transformar continuamente, sem que o capital sofra a menor alteração. Mas, se todo o capital é uma soma de mercadorias, de valores de troca, nem toda a soma de mercadorias, de valores de troca é ainda capital (MARX; ENGELS, 1987).

Cresce o capital, então cresce a massa do trabalho assalariado, assim cresce o número dos operários assalariados e, dessa forma, o domínio do capital estende-se sobre uma massa maior de indivíduos. E, em situação favorável, quando o capital produtivo cresce, cresce a procura do trabalho. Sobe, portanto, o preço do trabalho, o salário (MARX; ENGELS, 1987).

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O preço em dinheiro do trabalho, o salário nominal, não coincide, por conseguinte, com o salário real, isto é, com a soma de mercadorias que é realmente dada em troca do salário. Ao se falarmos da subida ou descida do salário, não deve ser considerado apenas o preço em dinheiro do trabalho, o salário nominal (MARX; ENGELS, 1987).

Mas, nem o salário nominal, a soma em dinheiro por que o operário se vende ao capitalista, nem o salário real, a soma de mercadorias que pode adquirir com esse dinheiro, esgotam as relações contidas no salário. O salário é, principalmente, determinado ainda pela sua relação com o ganho, com o lucro do capitalista — salário comparativo, relativo.

O salário real exprime o preço do trabalho em relação ao preço das demais mercadorias; o salário relativo, pelo contrário, manifesta a quota-parte do trabalho direto, no valor por ele criado de novo em relação com a quota-parte dele, que cabe ao trabalho acumulado, ao capital.

A condição mais favorável para o trabalho assalariado é o crescimento mais rápido possível do capital produtivo, que significa apenas: quanto mais depressa a classe operária aumentar e ampliar o poder que lhe é hostil, a riqueza alheia que lhe dá ordens, em tanto mais favoráveis condições lhe são permitido trabalhar de novo para o aumento da riqueza burguesa, para a ampliação do poder do capital.

A burguesia rural2, constituída por camponeses mais abastados e dispondo de terrenos de maior dimensão, começou a contratar numerosos trabalhadores rurais como

2Por burguesia entende-se a classe dos Capitalistas modernos, proprietários dos meios de produção social e empregadores de trabalho assalariado. Por proletariado, a classe dos trabalhadores assalariados modernos, os

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assalariados. Esta burguesia carecia de pessoal para os afazeres nas suas lavouras, o que conduziu à tomada de medidas coercivas para recrutar trabalhadores assalariados entre os pequenos produtores rurais que tinham sido reduzidos à qualificação indistinta.

Os fatores concretos determinantes dessa pressão apontaram para a criação de condições favoráveis à espoliação de uma parte da população rural, retirando-lhes a posse de quaisquer instrumentos de trabalho ou negando-lhes a possibilidade de aproveitar os meios naturais de produção, como a terra e outros bens a ela associados. As funções exercidas por esses trabalhadores eram generalizadas, ou determinadas, e definidas por um começo de divisão de trabalho na agricultura. Nas grandes unidades econômicas, sobretudo as pertencentes aos templos, grupos de assalariados, que chegavam a atingir centenas de indivíduos, que trabalhavam todo o ano ou apenas no período das colheitas.

Já os artesãos, só esporadicamente, utilizavam força de trabalho fornecida por indivíduos a quem tinham de pagar um salário. Ainda, por volta do século XVI, os trabalhadores das oficinas artesanais eram pagos segundo as suas qualificações, as suas técnicas, a quantidade produzida e a qualidade dos seus produtos. Nessa época, o mercado de trabalho começou a ganhar forma e, no século seguinte, já existiam muitos artesãos em busca de trabalho. Nas zonas urbanas, com o desenvolvimento dos diversos ramos de produção artesanal, sobretudo têxtil, chegaram a funcionar oficinas com pessoal em grande parte assalariado. Nas corporações de artífices, os trabalhadores que não dispunham de meios e instrumentos de trabalho, assumiam-se como assalariados e eram mal pagos. A multiplicação dos aprendizes, incentivada pelo domínio do capital sobre a produção, servia para aumentar o número dos que estavam destinados a ser, por toda a vida, assalariados (GOMES, 2008).

quais, não tendo meios próprios de produção, estão reduzidos a vender a sua força de trabalho [labour-power] para poderem viver. (Nota de Engels à edição inglesa de 1888.)

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A procura crescente de assalariados adquiriu maior dimensão com o crescimento econômico, em paralelo com o incremento da influência da burguesia junto ao poder central. O trabalho assalariado no comércio não teve uma projeção significativa.

Os trabalhadores assalariados adquiriram a “liberdade” de poder vender a sua força de trabalho, fato que a transforma numa mercadoria trocada por um salário. Perante o costume ou a lei estabelecida, o trabalhador é livre para escolher ou mudar de patrão. Porém, a sua liberdade é apenas aparente, pois na realidade encontram-se sujeitos às relações econômicas e sociais características do sistema capitalista. Era frequente a intervenção do Estado na regulamentação do trabalho assalariado e, bem assim, na fixação de salários máximos ou mínimos, conforme a conveniência dos empregadores. Os salários mínimos só eram fixados em circunstâncias específicas, como em épocas quando a inflação rápida dos preços tornava obsoleta qualquer limitação ou eram tão baixos que ameaçavam provocar o êxodo rural.

Com o crescimento da técnica e da concentração do capital necessário para concretizar uma atividade econômica, restava aos pequenos produtores rurais, aos artífices e até aos mercadores menos abastados, uma ocupação que não requeria a disposição destes fatores. Criou-se o embrião duma classe de trabalhadores que se viu obrigada a vender a sua força de trabalho para assegurar a sua sobrevivência. Isto não significa que, nos séculos XVI ou XVII, o proletariado já constituísse uma parcela importante da população. Uma boa parte do trabalho assalariado era ainda executado por aqueles que mantinham uma ligação com a terra, embora frágil e precária. Só no período da Revolução Industrial é que, na Europa Ocidental, o semiproletariado rural viria a ser ativamente retirado da terra. Vencidos os

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obstáculos à sua deslocação da aldeia para a cidade, só então a indústria capitalista pôde atingir a sua maturidade (GOMES, 2008).

Na Europa, século XVIII, o início da industrialização esteve na origem efetiva da formação do proletariado, constituído por trabalhadores assalariados, que viviam dos frutos do seu trabalho nas minas, nos transportes ou nas indústrias transformadoras. O contato constante dos seus elementos nos espaços restritos das fábricas ou dos navios, e o fato de viverem próximos uns dos outros em bairros operários, contribuiu para o aparecimento rápido duma consciência de classe que depressa conduziria ao desempenho dum papel preponderante na defesa dos seus interesses e à participação em movimentos organizados de protesto social (GOMES, 2008).

O desenvolvimento industrial provocou um acréscimo do proletariado urbano indispensável às pequenas e grandes indústrias e, mesmo, às empresas comerciais. Progressivamente, esses trabalhadores deixaram de ser trabalhadores especializados, de possuir instrumentos de trabalho e de se beneficiar da proteção das corporações. Nas áreas industriais, a política tendente para a baixa de salários favoreceu o setor empresarial. Foram fixadas taxas máximas de salários e estabelecidas duras condições proibitivas de greves.

Vive-se, atualmente, sob o domínio da produção capitalista em que uma grande e sempre crescente classe da população só pode viver se trabalhar, a troca de um salário, para os proprietários dos meios de produção - ferramentas, máquinas, matérias-primas e meios de subsistência.

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naquela soma de meios de subsistência ou do seu preço em dinheiro, que são, em média, necessários para o tornarem capaz de trabalhar, mantê-lo capaz de trabalhar e para o substituírem, por outro operário, quando do seu afastamento por doença, velhice ou morte, para reproduzir, portanto, a classe operária na força necessária.

O trabalho assalariado, alienado e explorado, é uma invenção histórica central da sociedade capitalista. O trabalho para deixar de ser alienado e explorado pelo capital, para que a sociedade possa se estruturar em bases distintas das atuais - propriedade privada e sem pleno controle capitalista da divisão social do trabalho e da riqueza socialmente produzida - é necessário que a venda da força de trabalho deixe de ser premissa necessária para o acesso dos trabalhadores aos meios de vida. Ao mesmo tempo, é necessário tirar do capital a hegemonia, representada pela dominação econômica e política complementada com legitimação ideológica, que lhe permite dominar/explorar a vitalidade do corpo e do espírito do trabalhador, diariamente vendida e comprada, usada e abusada para azeitar a máquina ensandecida do lucro. (MARX; ENGELS, 1987).

Para isto busca-se apreender as principais determinações concretas da crise e das metamorfoses do mundo do trabalho no contexto da mundialização do capital, reportando a Antunes e Alves (2004) em procurar compreendê-la, em sua conformação atual. Desse modo, para se compreender a nova forma de ser do trabalho, a classe trabalhadora hoje, é preciso partir de uma concepção ampliada de trabalho (ANTUNES; ALVES, 2004). Ela compreende a totalidade dos assalariados, homens e mulheres que vivem da venda da sua força de trabalho, não se restringindo aos trabalhadores manuais diretos, incorporando também a totalidade do trabalho social, a totalidade do trabalho coletivo que vende sua força de trabalho como mercadoria em troca de salário.

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Incorpora assim,

[...] tanto o núcleo central do proletariado industrial, os trabalhadores produtivos que participam diretamente do processo de criação de mais-valia e da valorização do capital (que hoje, como vimos acima, transcende em muito as atividades industriais dadas a ampliação dos setores produtivos nos serviços) e abrange também os trabalhadores improdutivos, cujos trabalhos não criam diretamente mais-valia, uma vez que são utilizados como serviço, seja para uso público, como os serviços públicos, seja para uso capitalista. Podemos também acrescentar que os trabalhadores improdutivos, criadores de antivalor no processo de trabalho, vivenciam situações muito aproximadas com aquelas experimentadas pelo conjunto dos trabalhadores produtivos (ANTUNES; ALVES, 2004).

Para Antunes e Alves (2004), as pessoas nunca precisaram tanto do seu trabalho e do seu salário para sobreviver, mas para isso ressalta que é preciso uma noção mais ampliada de trabalho e de classe trabalhadora. Com a nova reconfiguração do espaço e do tempo da produção, ditada pelo capital global, novas regiões industriais surgem e outras desaparecem e a estrutura sindical tradicional mostra-se incapaz de estruturar um projeto contrário à lógica do capital.

Entende Antunes e Alves (2004) ser imprescindível resgatar o sentido de pertencimento de classe desses novos proletariados, reatando os laços de solidariedade e consciência daqueles que vivem do trabalho ou são excluídos dele. Para esse autor, essa interação entre o trabalho e a ciência produtiva leva a um processo de retroalimentação que exige cada vez mais força de trabalho com novas características, pois se torna mais complexa e multifuncional. E à medida que se acentua a transformação do trabalho vivo em trabalho morto, novas formas e modalidades de trabalho são recriadas.

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E assim, a compreensão do conjunto de transformações que vêm ocorrendo no mundo do trabalho nas últimas décadas permite concluir que o trabalho ainda constitui-se na forma de realização da dignidade e da própria condição da humanidade.

Em relação à concretização da cidadania por meio do trabalho assalariado, tem-se que as conquistas históricas dos trabalhadores quanto aos direitos políticos e sociais no Brasil, principalmente na década de 30 do século XX, estão inseridas no contexto do trabalho assalariado. Do trabalho e a efetivação da cidadania surge o desenvolvimento social humano, pois sem trabalho não há que se analisar cidadania e sequer em desenvolvimento. Nesse sentido, a partir da Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 1988) resgatou-se a cidadania e os valores sociais do trabalho, que também passaram a constituir os fundamentos de um Estado Democrático de Direito.

Atribuindo caráter progressivo à cidadania, afirma Bedin (2002) que a luta pela cidadania tem obtido sucesso, tendo sido enriquecida por várias gerações de direitos cada vez mais amplos, como se fosse uma história sem-fim, à qual de tempos em tempos são acrescentados novos conjuntos de direitos. Nesse sentido, Bedin (2002) ainda defende que os direitos da cidadania moderna são de quatro gerações: direitos de primeira geração, formados pelos direitos civis, surgidos no século XVIII; direitos de segunda geração, formados pelos direitos políticos, surgidos no decorrer do século XIX e a terceira geração de direitos, ou seja, econômicos e sociais, surgidos no início do século XX, dentre os quais interessa a esta dissertação os direitos sociais, principalmente aqueles relativos às pessoas trabalhadoras.

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Entre os direitos relativos ao pessoas trabalhadoras estão o direito à liberdade de trabalho, o direito ao salário mínimo, o direito à jornada de trabalho de oito horas, o direito ao descanso semanal remunerado, o direito a férias anuais, o direito à igualdade de salários para trabalhos iguais, o direito à liberdade sindical e o direito de greve.

A quarta geração de direitos surgiu no final da primeira metade do século XX e pode ser denominada de direito de solidariedade. Dentre as prerrogativas da quarta geração de direito pode-se citar o direito ao desenvolvimento (BEDIN, 2002).

Ao pensar o mundo do trabalho na contemporaneidade, torna-se imprescindível o questionamento da forma atual e hegemônica de uma globalização em crise. Fenômeno que tem, em suas raízes, uma nova forma de pensar e agir no contexto mundial, promovendo cotidianamente transformações na mente e na vida dos seres humanos.

Buscando compreender a globalização, é preciso entender que a história é marcada pela técnica e pela política, as quais estão intrinsecamente ligadas. A técnica é apresentada como um meio que estabelece a expansão das nações através da informação e da unificação do mercado. Todo esse processo de alteração em curtos intervalos de tempo possui grandes e graves consequências, que ainda não são possíveis de serem medidas. Nessa grande rede que se formam, as pessoas se relacionam com qualquer outra pessoa e de qualquer lugar do mundo, sendo chamados de cidadãos do mundo e encurtando grandes distâncias.

Essas redes que transformam as pessoas em cidadãos do mundo facilitam a circulação em nosso planeta, que é somente barrado pelo capital. O uso e conhecimento das técnicas, com a finalidade de buscar um desenvolvimento apropriado para o mundo globalizado, são fundamentais para garantir a sobrevivência nessa livre e grande concorrência

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global pelo capital. As estratégias estão presentes em quase todos os países do mundo, demonstrando que as guerras ocorridas, atualmente, não surgem do nada, a origem está na diferença e desequilíbrio de trabalho e renda. A “tecnologia de ponta” é outra característica do

uso das técnicas, onde a concentração delas demonstra a força e o poder de uma determinada nação.

Isso evidencia que a função de concentrar o capital, conhecimento, força e poder são marcos característico do sistema capitalista e este fato é intensificado com o processo político gerido pela globalização. O manuseio dessas duas forças, atualmente em poder de grandes potências econômicas, impõe uma globalização perversa que reflete no desemprego crônicoe na pobreza exacerbada. Essa condição de processo histórico, gerada por palavras manipuladas, que faz o povo acreditar naquilo que se quer que acredite, como estratégia de domínio e unificação da atual globalização, leva ao detrimento da liberdade e união dos povos (SANTOS, 2001).

Atualmente, a classe trabalhadora também incorpora o proletariado rural, que vende a sua força de trabalho para o capital, de que são exemplos os assalariados das regiões agroindustriais incorporando também o proletariado precarizado, o proletariado moderno, fabril e de prestação de serviços, que se caracteriza pelo vínculo de trabalho temporário, como um trabalho precarizado em expansão na totalidade do mundo produtivo; incluindo, ainda a totalidade dos trabalhadores desempregados.

1.3. A economia solidária

As diferentes culturas do trabalho carregam a historicidade das relações dos indivíduos com a natureza e com os outros indivíduos e, assim, devem ser analisadas como

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referência a uma determinada relação social de produção, em um dado momento histórico. Sob a submissão ao senhor, o servo e o escravo nas formações sociais pré-capitalistas, mantiveram uma posição de alienação em relação à propriedade dos meios de produção.

Sob outra lógica, Tiriba (2001) traz uma leitura reveladora no plano teórico, ético e da práxis, que para a classe dos trabalhadores, especialmente os excluídos do trabalho assalariado estável movido primeiramente por sua necessidade de se manterem vivos desvendando velhas e criando novas formas de produção associada.

O tempo social dedicado ao trabalho, conforme argumenta Tiriba (2001 p. 86) “tem como referência a quantidade de valores de uso necessários para manutenção do senhor e das determinações da própria natureza definidoras da amplitude do trabalho”.

A partir da segunda metade da década de 1970, o desemprego estrutural em massa voltou a ser uma constante na vida dos trabalhadores. Nas décadas seguintes, ocorreu a desindustrialização dos países centrais e mesmo de países semi-industrializados, como o Brasil, eliminando milhões de postos de trabalho formal. Ter um emprego passou a ser privilégio de uma minoria. Os sindicatos perderam sua capacidade de lutar pelos direitos dos trabalhadores.

Neste contexto, na argumentação de Nascimento (2011, p. 97), a economia solidária ressurgiu com força em muitos países. Na verdade, ela foi reinventada. O que distingue este “novo cooperativismo” é a volta aos princípios, o grande valor atribuído à democracia e à igualdade dentro dos empreendimentos, a insistência na autogestão e o repúdio ao assalariamento.

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A estratégia da economia solidária autogestionária, confere Nascimento (2011, p. 97), “se fundamenta na tese de que as contradições do capitalismo criam oportunidades de desenvolvimento de organizações econômicas cuja lógica é oposta à do modo de produção capitalista”. Todavia, a reinvenção e o avanço da economia solidária não dependem apenas dos próprios desempregados e não prescindem do apoio do Estado e do fundo público, mas também de várias agências de fomento (NASCIMENTO, 2011).

Cumpre afirmar que, na concepção de Nascimento (2011, p. 97),

[...] para uma ampla faixa da população, construir uma Economia Solidária, depende primordialmente dela própria, de sua disposição de aprender e experimentar, de sua adesão aos princípios da solidariedade, da igualdade e da democracia e também da disposição de seguir estes princípios na vida cotidiana.

O caráter emergencial das experiências de geração de trabalho e renda, que precisam ser viabilizadas no mercado capitalista, faz com que os trabalhadores necessitem de conhecimentos instrumentais.

Cabe perguntar em que medida os processos de capacitação desenvolvidos apontam para a formação de sujeitos emancipados com um projeto coletivo alternativo. Kisch (2006) ressalta que na perspectiva da educação popular e da economia solidária, a emancipação dos setores populares pode ser construída tendo por base conhecimentos estratégicos, como reflexão e questionamento da realidade, construção coletiva de outras formas de comercializar, produzir, gestionar e de desenvolver uma região. Por outro lado, completa a autora que a “demanda imediata dos trabalhadores volta-se para os conhecimentos instrumentais”. Ao que lhe parece, há uma contradição entre os conhecimentos instrumentais

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A economia solidária como outra forma de trabalho, é um fenômeno novo, ainda que, em diferentes épocas seja possível localizar experiências que também eram pautadas por princípios de autogestão, democracia, igualitarismo, cooperação no trabalho, autosustentação. Destaca-se neste trabalho a economia solidária como um projeto econômico diferente do capitalista, no qual os meios de produção são dos operários e as relações de trabalho são permeadas pela solidariedade.

A revitalização do trabalho autogestionário se dá, concomitante, ao aumento crescente do desemprego.

Frente ao contexto excludente e revigorado pela abertura política, setores da Igreja Católica e algumas organizações não governamentais norteiam seus projetos, já na década de 1990, para a geração de trabalho e renda e para a construção de cidadania. Identificadas a demanda por renda e a incapacidade do mercado formal em supri-la, além do crescimento do trabalho por conta própria, as entidades buscam promover assessoria e financiamento que alavanque outro tipo de desenvolvimento.

Este desenvolvimento é definido como vinculação entre econômico e social, proteção da qualidade da vida em geral, justiça social, superação da acumulação de riquezas e das desigualdades sociais, viabilidade econômica e promoção da autonomia e soberania das diversas culturas (MILANEZ, 2003).

Tiriba (2000, p. 102) afirma que “poucos trabalhadores têm conseguido produzir a si

mesmos como senhores do seu próprio trabalho, articulando ciência e técnica, teoria e prática, a partir de seus interesses de classe”. Assim, as atividades de capacitação e formação visam,

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conteúdos teóricos, em encontros de vários grupos, reuniões com representantes de empreendimentos e acompanhamento das atividades dos trabalhadores.

É no processo de assessoria que as experiências de geração de trabalho e renda vão, progressivamente, sendo identificadas como Empreendimentos de Economia Solidária (EES) e configurando a economia solidária ou economia popular solidária.

Aos agentes, segundo Tiriba (2001, p. 87) “são aqueles que fora do empreendimento

apoiam, estimulam, financiam e/ou assessoram os trabalhadores autogestionários”, destacando-se que o grande desafio está em construir um processo de assessoria em conjunto com os trabalhadores.

Kirsch (2006, p. 1) denota que ‘[...] o processo se fundamenta somente quando os

trabalhadores se assumem como sujeitos emancipados, tanto no processo de trabalho, autogestão endógena ao empreendimento, quanto na constituição da economia solidária, autogestão exógena [...]’.

Em suma, livrar-se do poder exercido por outros, conquistando ao mesmo tempo, a plena capacidade civil e de cidadania no Estado democrático de direito.

1.4. O trabalho associativo

O trabalho associativo converte-se numa força produtiva peculiar e decisiva. A posição que os trabalhadores ocupam, dentro de uma organização cooperativa e solidária, nas

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relações entre si e perante os demais fatores de produção, é inerente à eficiência demonstrada e indispensável à realização de suas metas econômicas e extra-econômicas.

Nesta perspectiva Frantz (2005, p. 60) destaca que o associativismo e o cooperativismo têm se apresentado como um aliado eficiente na busca por soluções aos problemas sociais enfrentados por grande parte da população que nem sempre consegue contar com o apoio do Estado, tampouco do mercado. Segundo ele, é histórica a noção de trabalho conjunto voltado para as necessidades humanas e coletivas da sociedade, que, embora seja uma prática fundamentalmente econômica, se torna também “uma questão política, social e cultural, exatamente na medida em que assume importância econômica, seja para seus associados, seja para a economia em geral”.

Para além de seu sentido econômico, político, social e cultural, o autor entende o cooperativismo como um processo educativo, pois produz conhecimento “a respeito da vida na realidade social, certamente, com profundo reflexo no processo de educação mais amplo da sociedade, deitando nelas raízes de muitos de seus valores e comportamentos sociais” (FRANTZ, 2003, p. 22).

Esta “outra economia” (CATTANI, 2003), baseada na solidariedade, não apenas contrapõe-se à economia capitalista e sim propõe um novo modelo de desenvolvimento, a partir do estímulo e criação de novos espaços associativos e cooperativos, que congreguem trabalhadores que não conseguem mais uma colocação no mercado formal de trabalho, devido a um quadro conjuntural e estrutural de desemprego que atravessa o país nas últimas décadas.

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produção provocada pelo grande capital para lançar os alicerces de novas formas de organização da produção, à base de uma lógica oposta àquela que rege o mercado capitalista". Tudo leva a acreditar que a economia solidária permitirá, ao cabo de alguns anos, dar a muitos, que esperam em vão um novo emprego, a oportunidade de se reintegrar à produção por conta individual ou coletivamente, “[...] os indivíduos voltarão a poder escolher e experimentar formas alternativas de organizar sua vida econômica e social”. (SINGER, 1998, p. 138).

Dentro da perspectiva de fomento à economia solidária, surgem as Incubadoras de Economia Solidária, com o objetivo de incubar e assessorar as experiências desenvolvidas pelo setor informal. Para além desta troca de experiências pretendem ser também um espaço para o desenvolvimento de pesquisas nesta mesma linha.

Segundo Singer (2002 p. 123),

As incubadoras universitárias decidem integrar uma rede para a troca de experiências e a ajuda mútua, tendo em vista estabelecer em cada universidade não só um centro de extensão (em que se enquadra a incubação), mas também de ensino e pesquisa. O ensino é necessário para formar quadros para as próprias cooperativas e para entidades de apoio à economia solidária que continuam se multiplicando.

A pesquisa é indispensável para conhecer a realidade da economia solidária no Brasil e também no exterior, de modo a sistematizar a análise e avaliação das experiências para gerar proposições teóricas que sirvam para tornar a economia solidária mais autêntica e mais efetiva.

Os empreendimentos econômicos solidários têm concentrado os mais diversos segmentos da economia: artesanato, agricultura, comércio, indústria, reciclagem etc. A reciclagem é uma destas áreas e tem sido bastante incentivada, uma vez que, mediante a

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criação de associações ou cooperativas, tem oportunizado trabalho e renda a muitos trabalhadores, agora denominados catadores e/ou recicladores.

Uma forma que se mostrou eficaz é a cooperativa, à qual pertencem parte dos catadores de material reciclável. A cooperativa tem por base a solidariedade entre os trabalhadores, que impede a concorrência entre eles. No caso dos catadores, por exemplo, ela lhes permite barganhar de igual para igual com os recicladores e eventualmente até substituí-los pela própria cooperativa. Uma cooperativa que reunisse todos ou a maioria dos vendedores ambulantes poderia distribuí-los de forma racional pelos espaços da cidade, sem impedir a circulação dos clientes potenciais, organizar em parceria com o poder público shoppings populares e até desenvolver novas atividades para ocupar os excedentes.

A organização em cooperativa permite transformar o trabalho informal em formal e a pequena produção, fragilizada pelo tamanho reduzido das unidades, em produção em escala média e grande. Isso, porém, exige capital, que pode vir de fonte pública (programas de geração de trabalho e renda) ou, melhor ainda, da poupança da própria classe operária, depositada em cooperativas de crédito que se organizem em bancos cooperativos. Se for possível organizar em cooperativas uma grande parte do trabalho informal, ele deixará de fazer parte da população relativamente excedente e seus integrantes deixarão de estar condenados a trabalhar jornadas máximas para ganhar um mínimo (SINGER, 2002).

Conforme Rodriguez (2002) a criação de cooperativas de reciclagem em Bogotá, na Colômbia, é um exemplo dessas alternativas. Através delas, grupos marginalizados se organizam coletivamente criando estratégias para seguir em frente. A cooperativa possibilitou aos membros associados benefícios que antes não tinham: os recicladores sócios passaram a

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ter garantias sociais como planos de saúde, aposentadoria, direito a benefícios de prêmios e seguro-desemprego. Enfim, pela primeira vez puderam exercer direitos de cidadania social.

Isso acabou se refletindo em seu cotidiano, melhorando as suas condições de vida e trabalho, o relacionamento com a comunidade onde convivem e com a sociedade em geral e, também, nos cuidados com o próprio corpo, no respeito pelos outros e criando uma convivência familiar mais pacífica e responsável.

É uma utopia real, porque é suficientemente radical para não se conformar com a regulamentação do mercado sem alterar a divisão entre capital e trabalho, e suficientemente real para ser viável nas condições do mercado contemporâneo. E, na medida em que tem vocação global, pode vir a ser uma forma de globalização contra-hegemônica. Porém, para isto, as empresas cooperativas, dentro e fora dos setores populares, têm ainda um longo caminho a percorrer (RODRIGUEZ, 2002).

O crescente aumento dessa categoria de trabalhadores tem se tornado um fenômeno mundial e requer soluções urgentes pela situação dramática de exclusão enfrentada por eles: a situação de pobreza ou miséria que em que a maioria se encontra, a rejeição social à sua forma de vida (por viverem nas ruas) e ao seu ofício (trabalhar com o lixo) (RODRIGUEZ, 2002).

As estatísticas mostram que a reciclagem movimenta, anualmente, no Brasil, cerca de R$ 8 bilhões e que o setor tem potencial para crescer, visto que em todo o país, apenas 12%

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do - que é considerado - lixo3 urbano é reciclado e que, somente, 7% dos municípios fazem coleta seletiva. De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), pelo menos 500 mil brasileiros tiram seu sustento do lixo produzido nas grandes cidades. São eles que livram as ruas e os rios de materiais poluentes, como plásticos que demorariam mais de cem anos para se decompor ou latas de alumínio que levariam mais de mil anos para desaparecer da natureza. Apesar da importância da função, na maior parte do Brasil as condições de trabalho dos catadores são indignas e eles não ganham o suficiente para sustentar a família à reciclagem é o principal “emprego verde” do Brasil.

Dentre um dos municípios da região Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, o município de Ijuí possui 76.739 habitantes, dos quais 69.281 residem na área urbana. É considerada uma das 30 maiores economias do Estado e gera aproximadamente 900 toneladas de resíduos sólidos por mês, sendo a coleta deste material terceirizada pelo Poder Público Municipal. Desde novembro de 2007 é realizada a coleta seletiva, recolhe material reciclável, e representa cerca de 3% do volume total, destinado a associações de catadores existentes no município.

Na região sul do Brasil, a maioria desses trabalhadores provém do meio rural, onde trabalhavam em atividades ligadas à agricultura, que os descartou uma vez que as transformações do mundo do trabalho atingem também os processos produtivos ligados ao campo. Nas cidades, onde se estabeleceram à procura de um novo trabalho, viram-se duplamente excluídos, pois estas, com sua base voltada à indústria e ao comércio, também.

3 Neste estudo, tenta-se não identificar todo o material que é descartado pelas pessoas como lixo, visto que de acordo com o Dicionário Houaiss (2009), lixo é “qualquer material sem valor ou utilidade, ou detrito oriundo de trabalhos domésticos, industriais, etc. que se joga fora”, e o material a que se refere este estudo, será reutilizado, tendo ainda, portanto, utilidade.

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2. TRABALHO INFORMAL E SUAS FORMAS DE ORGANIZAÇÃO

O presente capítulo refere-se ao trabalho informal e suas formas de organização, mostrando que a informalidade é um grande problema do mercado de trabalho brasileiro, prejudicando o trabalhador e subtraindo seus direitos.

2.1. O trabalho informal

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a unidade econômica como ponto de partida. Assim, a tal unidade é caracterizada pela produção em pequena escala, baixo nível de organização e pela pouca relação entre capital e trabalho. Segundo o Programa Regional de Emprego para a América Latina e Caribe (PREALC) da Organização Internacional do Trabalho (OIT), o setor informal é composto por pequenas atividades urbanas, geradoras de renda, que se desenvolvem fora do âmbito normativo oficial, em mercados desregulamentados e competitivos. Estas atividades utilizam técnicas rudimentares e força de trabalho pouco qualificada, falta de acesso aos financiamentos e créditos disponíveis para o setor formal e principalmente pela baixa capacidade de acumulação de capital e riqueza.

Uma das características do trabalho informal conforme estudos realizados por Singer (2000), é que ele se restringe a poucos ramos de atividade. Os mercados do trabalho informal são o logradouro de toda a força de trabalho que desistiu de procurar emprego ou deixou de contar com suporte material para fazê-lo. Assim, existe excesso de oferta de força de trabalho muitas vezes desqualificada ao mercado, que não são explorados por empresas em termos permanentes, mas são vítimas da espoliação de intermediários, fiscais e até por policiais corruptos (SINGER (a), 2000).

Para os economistas liberais, segundo Singer, Jakobsen e Martins (2000) a economia informal não é um setor definido com precisão, pois inclui todas as atividades econômicas extralegais, inclusive a produção e o comércio orientados pelo mercado ou subsistência direta. Discorre o autor que a origem da informalidade é atribuída à excessiva regulamentação da economia pelo Estado e que

[...] o trabalho informal seria a resposta popular às restrições legais, derrubando com sucesso a barreira estatal legal, implantando a desregulamentação de fato e

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representando a irrupção das forças do mercado contra a economia engessada pela regulamentação (SINGER; JAKOBSEN; MARTINS, 2000, p. 14).

O imenso contingente de trabalhadores cujas atividades encontram-se à margem de qualquer regulamentação ou controle por parte do poder público, constituindo o chamado setor informal, ocupa uma parte significativa da economia brasileira e latino-americana.

A Organização Internacional do Trabalho avalia que entre 1986 e 1996, para cada cem novas ocupações criadas na América Latina, 80 eram informais.

2.2. A diversidade do trabalho informal

A definição operacional de setor informal utilizada para a construção dos indicadores estatísticos deste estudo obedece aos critérios da OIT4 contidos na Recomendação aprovada na 15ª Conferência de Estatísticos do Trabalho, em 1993, além de acrescentar o segmento “assalariados sem carteira de trabalho assinada”. Este estudo compreende as seguintes categorias (Organização... 1993):

• Assalariados em empresas com até cinco empregados: a) com carteira assinada

4 A OIT vem, desde a década de 1920, desenvolvendo recomendações para a coleta e sistematização de informações sobre mercado de trabalho. Na Conferência da OIT, em 1966, diante das intensas discussões sobre subutilização da força de trabalho nos países em desenvolvimento, foi elaborada uma recomendação relativa ao cálculo de subemprego. A Conferência, realizada em 1982, pretendeu dar continuidade aos avanços metodológicos na área de identificação e mensuração do setor informal. Nas Conferências posteriores, realizadas em 1993 e 1997, a delimitação do setor informal adquire maior clareza.

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b) sem carteira assinada

• Assalariados sem carteira assinada em empresas com mais de cinco empregados • Empregadores em empresas com até cinco empregados

• Donos de negócio familiar • Autônomos:

a) que trabalham para o público b) que trabalham para empresas • Empregados domésticos • Trabalhadores familiares

Estas categorias obedecem às seguintes definições:

• Assalariado: é o trabalhador que tem vínculo empregatício caracterizado pela legislação vigente, com ou sem carteira de trabalho assinada. Sua jornada de trabalho é prefixada pelo empregador e sua remuneração normalmente é fixa, sob forma de salário, ordenado ou soldo, podendo incluir adicionais por tempo de serviço, cargos de chefia, insalubridade e periculosidade. Em alguns casos, a remuneração pode estar composta por duas partes: uma fixa, prevista no contrato de trabalho, e outra variável, sob a forma de comissão que pode ser paga pelo empregador, pelo cliente ou por ambos. Inclui também o indivíduo que presta serviço religioso, assistencial ou militar obrigatório com alguma remuneração.

• Autônomo ou por conta própria: pessoa que explora seu próprio negócio ou ofício e presta seus serviços diretamente ao consumidor ou para determinada(s) empresa(s) ou pessoa(s).

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Esta categoria se subdivide em:

• Autônomo para empresa: é o indivíduo que trabalha por conta própria exclusivamente para determinada(s) empresa(s) ou pessoa(s), mas não tem uma jornada de trabalho prefixada contratualmente, nem trabalha sob o controle direto da empresa, tendo, portanto, liberdade para organizar seu próprio trabalho (horário, forma de trabalhar e ter ou não ajudantes). Essa categoria inclui também o trabalhador vinculado a uma empresa que recebe exclusivamente por produção, cujo vínculo é expressamente formalizado em contrato de autônomo.

• Autônomo para o público: é identificado como a pessoa que explora seu próprio negócio ou ofício, sozinho ou com sócio(s) ou ainda com a ajuda de trabalhador(es) familiar(es) e eventualmente tem algum ajudante remunerado em períodos de maior volume de trabalho. O indivíduo classificado nessa categoria presta seus serviços diretamente ao consumidor, sem usar a intermediação de uma empresa ou pessoa.

• Empregador: é identificado como a pessoa proprietária de um negócio e/ou empresa ou que exerce uma profissão ou ofício e tem normalmente um ou mais empregados assalariados, contratado(s) de forma permanente.

• Dono de negócio familiar: é o indivíduo dono de um negócio ou de uma empresa de sua propriedade exclusiva ou em sociedade com parentes e que nunca trabalha sozinho. Normalmente, neste tipo de negócio, só trabalham parentes que não recebem remuneração salarial, podendo, porém, haver situações nas quais trabalham um ou dois empregados de forma permanente e remunerada.

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• Empregado doméstico: é o indivíduo que trabalha em casa de família, contratado para realizar serviços domésticos. Pode ser mensalista ou diarista. O primeiro caso refere-se ao empregado que recebe salário mensal e o segundo à pessoa que trabalha em casa de uma ou mais famílias recebendo remuneração por dia.

• Trabalhador familiar: é a pessoa que exerce uma atividade econômica em negócios ou no trabalho de parentes sem receber um salário como contrapartida, podendo, no entanto, receber uma ajuda de custo em dinheiro ou mesada.

Com o Estado pouco representativo no que se refere às questões sociais, o mercado voltado apenas à acumulação de capital, em que o trabalho assalariado tem-se reduzido, o aparecimento de iniciativas econômicas de setores populares tem-se tornado mais expressivo.

Não restou alternativa a parcelas da sociedade civil, senão se organizar coletivamente para reivindicar seus direitos e criar condições de sustentabilidade, organizando-se em espaços alternativos denominados de Terceiro Setor, onde o primeiro setor é o governo, que é responsável pelas questões sociais, o segundo setor é o privado, responsável pelas questões individuais. Com a falência do Estado, o setor privado começou a amparar nas questões sociais, através das inúmeras instituições que compõem o chamado terceiro setor. Ou seja, o terceiro setor é constituído por organizações sem fins lucrativos e não governamentais, que tem como objetivo gerar serviços de caráter público que funcionam, poder-se-ia dizer, como um mecanismo de controle e de autonomia da sociedade civil.

Nesta perspectiva os movimentos sociais, a Organização Não Governamental (ONGs), as Organizações da Sociedade Civil (OSCs), a Organização da Sociedade Civil de

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Interesse Público (OSCIPSs), Cooperativas, Associações etc. têm contribuído significativamente no sentido de debilitar o status quo e na proposição de alternativa de mudança (KANITZ, 2011).

Os diversos Movimentos Sociais, conforme Gohn (2003) perpassam ações sociais coletivas de caráter sócio-político e cultural que viabilizam diferentes formas de a população se organizar e expressar suas demandas, adotando estratégias, tais como denúncias, pressões diretas e indiretas. Segundo a autora, atualmente os movimentos sociais atuam através de redes sociais, locais, regionais, nacionais e internacionais, fazendo uso de diversos meios de comunicação. Destacam-se, principalmente pelas lutas de defesa de culturas locais, contrárias à globalização, de reivindicação ética na política, e ações que visam à autonomia priorizando a cidadania, e os interesses dos grupos envolvidos com autodeterminação.

Argumenta, ainda, Gohn (2003), que os movimentos sociais propiciam identidades aos grupos, e em suas ações dão aos seus membros sentimentos de pertencimento social; que eles propiciaram o surgimento do novo associativismo, que possui como conceito básico a participação cidadã. Na participação cidadã busca-se a igualdade, reconhecendo a diversidade na luta por uma sociedade mais democrática e justa.

Segundo Tiriba e Picanço (2004, p. 21):

Nas décadas de 1950-60, as atividades econômicas de iniciativa dos setores populares eram consideradas ‘marginais’ e associadas a ‘ofícios da pobreza’ (Escola Desenvolvimentista) ou, então, consideradas como produtos do ‘capitalismo periférico’, nos países onde se concentrava a maior parte do ‘exército industrial de reserva’, necessário à substituição e reprodução da força de trabalho assalariada (Teoria da Dependência).

Referências

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