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O impacto das despesas nas instituições financeiras frente ao valor das ações negociadas: uma análise dos cinco maiores bancos com operações na B3

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UNIJUI – UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO RIO GRANDE DO SUL

DACEC – DEPARTAMENTO DE ESTUDOS DA ADMINISTRAÇÃO, CONTABILIDADE, ECONOMIA E DA COMUNICAÇÃO

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM FINANÇAS E MERCADO DE CAPITAIS

CAROLINE BEAL DILL

O IMPACTO DAS DESPESAS NAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS FRENTE AO VALOR DAS AÇÕES NEGOCIADAS: UMA ANÁLISE DOS CINCO MAIORES

BANCOS COM OPERAÇÕES NA B3

Prof.ª Orientadora: EUSÉLIA PAVEGLIO VIEIRA

IJUÍ (RS) 2019

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2 O IMPACTO DAS DESPESAS NAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS FRENTE AO

VALOR DAS AÇÕES NEGOCIADAS: UMA ANÁLISE DOS CINCO MAIORES BANCOS COM OPERAÇÕES NA B3

Caroline Beal Dill1 Euselia Paveglio Vieira2

RESUMO

As instituições financeiras são intermediários financeiros que recebem recurso dos poupadores e os emprestam aos tomadores, muitas destas possuem ações negociadas em Bolsas de Valores, estes Bancos precisam cumprir alguns requisitos, como ser uma empresa de capital aberto (regulamentada pela Lei das SAs), cadastrada na CVM, e também na B3, além de normas de órgãos específicos, convivendo com vasta normatização. Uma das exigências é a divulgação das demonstrações contábeis de forma que estejam publicadas em local de amplo acesso. Sendo assim, estas empresas divulgam seus relatórios nos seus sites e no site da B3. O objetivo do estudo é analisar a relação existente entre os custos e despesas com a cotação das ações nas cinco maiores instituições financeiras com operação na B3. Com base na pesquisa descritiva, qualitativa e a coleta de dados direto no site da B3, especificamente da DRE e das Notas Explicativas das instituições objeto da pesquisa, os quais foram sistematizados em planilhas e transformados em informações subsidiando a sua análise e interpretação. Os resultados apontam que são diversos os fatores que influenciam na cotação das ações, são fatores externos a instituição, como economia nacional e internacional, a política e fatores de natureza psíquica e social, e fatores internos a esta, como a governança na instituição, o resultado apresentado, além da possibilidade de rentabilidade futura do banco. Conclui-se com este estudo que não há relação direta entre os custos e as despesas com a cotação da ação, sendo que nenhum item analisado variou na mesma proporção que a variação da cotação da ação no dia do envio da demonstração a B3.

PALAVRAS-CHAVE: Instituições financeiras; Bolsa de valores; Ação; Cotação; Demonstrações Contábeis.

1 INTRODUÇÃO

Na atual conjuntura tecnológica a informação passou a ser repassada instantaneamente a todos os cantos do mundo e como consequência seus efeitos passaram a ser percebidos também com maior rapidez. O mesmo ocorre quando se fala sobre o mercado financeiro, em ações e suas cotações. As notícias sobre as companhias com negociação em bolsa de valores, mesmo a informação contábil passou a ser disponibilizada no mundo online, onde qualquer

1 Bacharel em Ciências Contábeis. Pós-graduanda em Finanças e Mercado de Capitais- Unijui/Ijuí/RS. 2 Professora do DACEC, mestre em Contabilidade e professora Orientadora

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3 pessoa com acesso à internet pode visualiza-las. O presente trabalho objetivou analisar até que ponto a informação contábil, mais precisamente a presente na Demonstração do Resultado do Exercício nos itens de custos e despesas, afetaram a cotação das ações ordinárias, no ano de 2018, das cinco principais instituições financeiras com o maior volume de ações negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo, a B3 S. A. - Brasil, Bolsa, Balcão.

O mercado financeiro é regulado pelo Conselho Monetário Nacional, o qual estabelece as normas para o bom andamento do mercado de capitais. O Banco Central do Brasil (BACEN) é o responsável pelas instituições financeiras e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) pelo mercado de valores mobiliários, o mercado de capitais.

Para atingir o objetivo deste trabalho foram estudados os principais aspectos que podem influenciar a precificação das ações, a sua cotação. Entre fatores como economia global, o andamento do setor em que a empresa atua tanto internacionalmente como no próprio país, perspectivas da economia nacional, a política governamental, fatos naturais, mesmo esporádicos e a psicologia do comportamento, o estado do mercado, além das perspectivas de crescimento da própria empresa, sua rentabilidade e outros.

Dentro dessas informações para tomada de decisões de compra e venda de ações entra a contabilidade, como fonte de dados das empresas, afinal é a contabilidade que traz as informações de como está o patrimônio da entidade, ativos, passivos e patrimônio líquido, além do lucro líquido, e até mesmo perspectivas de rentabilidade futura e crescimento da instituição. Conforme Marion e Santos (2018, p. 4) a Contabilidade “é o instrumento que fornece o máximo de informações úteis para a tomada de decisões dentro e fora da empresa. Ela é muito antiga e sempre existiu para auxiliar as pessoas a tomarem decisões”. Com o passar do tempo, o governo começa a utilizar-se dela para arrecadar impostos e a torna obrigatória para a maioria das empresas. Ressalta que a contabilidade não deve ser feita visando basicamente atender às exigências do governo, mas, o que é muito mais importante, auxiliar as pessoas a tomarem decisões.

A contabilidade trabalha com as demonstrações contábeis ou também chamadas demonstrações financeiras, sendo estas o meio para atingir seu objetivo principal (auxiliar as pessoas a tomarem decisões), a Lei 6.404/1976 define, que, conforme Quintana (2009, p. 47) “ao final de cada exercício social, a diretoria fará elaborar, com base na escrituração mercantil da companhia, as seguintes demonstrações:” Balanço Patrimonial (BP), Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA), Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) e a Demonstração do Valor Adicionado (DVA),

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4 tendo ainda como complemento a estas demonstrações as Notas Explicativas. Neste conjunto de demonstrações que estão disponibilizadas no site da B3 é possível analisar como está a situação financeira da instituição, onde cada demonstração possui uma informação diferente e complementar a outra, sendo todas estas padronizadas para melhor entendimento de qualquer pessoa que venha a ter interesse pela informação.

Neste cenário, as instituições financeiras são regulamentadas por normas e procedimentos geridos pelo BACEN, já frente ao mercado de ações são fiscalizadas pela CVM, tendo ainda que prestar contas ao governo, que também regulamenta a contabilidade das empresas para haver a padronização, correta análise do resultado e o recolhimento do imposto devido no final. Como um dos requisitos para o mercado acionário, as instituições objeto desta pesquisa, publicam suas informações financeiras no site da B3 S.A. – Brasil, Bolsa, Balcão, que é quem administra o mercado de ações, tendo como obrigação a publicação das demonstrações financeiras. Também no site especifico de cada instituição, constam as informações contábeis e financeiras com suas respectivas notas explicativas. Para responder a questão do estudo foram analisadas na demonstração de resultado do exercício de cada instituição, as receitas da intermediação financeira, as despesas e o lucro líquido de cada período.

Baseado no exposto, a questão do estudo é saber: Entre os fatores determinantes na variação do preço das ações nas instituições financeiras, das que mais movimentam o mercado de ações, qual é o impacto do custo e da despesa nesta relação?

Para isto neste estudo será analisada a relação existente entre os fatores internos e externos e sua relevância na variação do preço das ações nas instituições financeiras. Por fator interno, neste estudo, utilizou-se as informações do site das Instituições e também do site da B3, onde constam as demonstrações financeiras, de receitas, custos e despesas, e notas explicativas. Já os fatores externos a empresa, que tem impacto na precificação das ações, principalmente em Bancos públicos, depende muito de fatores políticos, enquanto nos Bancos privados, depende mais do mercado, tendências e outros.

No estudo realizado por Bernardo (2001), teve como finalidade examinar a forma pela qual os investidores brasileiros reagem às divulgações trimestrais de resultados, e as evidências encontradas sustentaram a suposição de que as divulgações trimestrais de resultado conduzem informação útil para a avaliação de empresas, admitindo que o valor da ação corresponde à melhor estimativa possível do valor presente dos fluxos de caixa futuro com base nas informações disponíveis.

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5 Enquanto Sarlo Neto (2004) em sua pesquisa teve como objetivo principal averiguar se as informações contidas nas demonstrações contábeis e divulgadas ao mercado são refletidas pelos preços das ações, demonstrando a utilidade da contabilidade como fonte de informação para o mercado. As evidências encontradas confirmaram a relevância dos resultados contábeis divulgados como fonte de informação para os investidores no mercado acionário. Apesar da divergência entre as reações dos retornos anormais à divulgação dos lucros anormais, constatou-se a eficiência, na forma semiforte, no mercado brasileiro.

Sarlo Neto, Galdi e Dalmácio (2009), estudaram a influência de algumas características sobre a reação dos preços das ações à divulgação das informações contábeis. Os resultados encontrados indicaram que apenas algumas características interferem na reação das ações à divulgação das informações contábeis. Os resultados encontrados indicam que “controle acionário” e “liquidez” influenciam de forma significativa sobre a diferença entre as médias dos retornos anormais. Já as variáveis “tipo de ação” e “regulamentação” apresentaram capacidade de explicação, mas somente quando exercem a sua influência em conjunto com as outras variáveis “controle acionário” e “liquidez”.

São diversos os estudos sobre a influência da informação contábil no preço da ação, da reação dos acionistas à divulgação do resultado, inclusive sobre o perfil destas ações que reagem ao resultado, do efeito das decisões de investimento na cotação de ação, o impacto da regulamentação na ações no setor financeiro e elétrico, e a eficiência informacional no mercado brasileiro, no entanto, nenhum faz uma análise mais aprofundada dos itens de custos e despesas da DRE, nas instituições financeiras.

Para atender os objetivos propostos, este artigo está estruturado em quatro partes. Primeiramente a introdução com a questão problema e o objetivo do estudo. Após, na segunda fase apresenta-se o referencial para suporte do tema em estudo. Na terceira etapa foram descritos os procedimentos metodológicos utilizados, e no quarto momento foi feita a análise dos dados coletados, assim como as conclusões acerca do tema da pesquisa.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Neste item buscou-se pesquisar estudos referentes ao sistema financeiro nacional, a cotação de valor de uma ação e tudo o que a influencia, tanto interna, quanto externamente, além das demonstrações contábeis, pesquisando em várias publicações que fundamentam o embasamento teórico para a realização do estudo aplicado. Também foram objeto de estudo, pesquisas já realizadas sobre o impacto da informação contábil no preço da ação.

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6 2.1 Sistema financeiro nacional

O Sistema Financeiro Nacional do Brasil (SFN), segundo Fortuna (2013, p. 16), é “um conjunto de instituições que se dedicam, de alguma forma, ao trabalho de propiciar condições satisfatórias para a manutenção de um fluxo de recursos entre poupadores e investidores”. Para Pinheiro (2005, p. 38) “podemos entender, também, o sistema financeiro como a soma das unidades operacionais que o compõem e dos responsáveis pelas políticas monetárias, creditícia, cambial e fiscal”. Pinheiro (2005, p. 39) alega ainda que o sistema financeiro “é um dos setores mais regulamentados do mundo. Isso ocorre porque os governantes devem aumentar a informação disponível aos participantes, garantir o adequado funcionamento do sistema e melhorar ou exercer controle sobre a oferta de moeda”.

Assaf Neto (2008, p. 34) afirma que:

Todo processo de desenvolvimento de uma economia exige a participação crescente de capitais, que são identificados por meio da poupança disponível em poder dos agentes econômicos e direcionados para os setores produtivos carentes de recursos mediante intermediários e instrumentos financeiros. E é em função desse processo de distribuição de recursos no mercado que se evidencia a função econômica e social do sistema financeiro.

O SFN foi estruturado e regulado pela Lei da Reforma Bancária (1964) Lei de Mercado de Capitais (1965) e mais recentemente com a Lei dos Bancos Múltiplos (1988). É constituído por todas as instituições financeiras, públicas ou privadas existentes no país, sendo um subsistema normativo (regula e controla o subsistema operativo, através de normas legais) e outro operativo ou de intermediação financeira (instituições financeiras públicas ou privadas, que atuam no mercado financeiro).

Dentre as diversas instituições do SFN, cabe destaque ao Conselho Monetário Nacional (CMN), que é o órgão máximo normativo. Sua finalidade é a fixação das diretrizes das políticas monetárias, creditícia e cambial do País. Não desempenha nenhuma atividade executiva. Cabe ao CMN orientar o Banco Central do Brasil (BACEN) e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

O BACEN é uma autarquia federal, vinculada ao Ministério da Economia, e foi criado pela Lei 4.595, de 31/12/1964, que estabelece as suas competências e atribuições. O órgão executivo central do sistema financeiro, executa as orientações do CMN, é considerado o gestor do Sistema Financeiro Nacional, o executor da política monetária e o banqueiro do governo. É ele quem exerce a fiscalização das Instituições Financeiras. Já a CVM foi criada em 07/12/1976 pela Lei 6.385/76, com o objetivo de fiscalizar, normatizar, disciplinar e desenvolver o mercado

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7 de valores mobiliários no Brasil, é uma entidade autárquica em regime especial, também vinculada ao Ministério da Economia

A Lei da Reforma Bancária (Nº 4.595/1964), em seu artigo 17 define “Consideram-se instituições financeiras, para os efeitos da legislação em vigor, as pessoas jurídicas públicas ou privadas, que tenham como atividade principal ou acessória a coleta, intermediação ou aplicação de recursos financeiros próprios ou de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, e a custódia de valor de propriedade de terceiros”.

Existem diferentes classificações para as instituições financeiras, Assaf Neto (2008, p. 34) separa em “bancárias ou monetárias e não bancárias ou não monetárias”. Fortuna (2013, p. 17) separa as instituições financeiras em dois grandes grupos, “os intermediários financeiros e as chamadas instituições auxiliares”. As primeiras emitem seu próprio passivo, e posteriormente aplicam esses recursos junto às empresas, por intermédio de empréstimos e financiamentos. Já as auxiliares propõem-se a colocar em contato poupadores com investidores. Entre as principais instituições financeiras estão os bancos comerciais, que têm como atividade básica contas correntes livremente movimentáveis, são intermediários financeiros que recebem recurso dos poupadores e os emprestam aos tomadores.

Já como instituição auxiliar tem-se a bolsa de valores, que é um ambiente de negociação no qual investidores podem comprar ou vender seus títulos emitidos por empresas, sejam elas com capitais públicos, mistos ou privados. Esse processo é intermediado com auxílio de correspondentes de negociações, as corretoras. A bolsa de valores deve garantir as condições necessárias para o bom andamento das transações. Na visão de Assaf Neto (2008, p. 44) as bolsas de valores devem “dotar seu local de funcionamento de todas as condições para que os negócios se efetuem num mercado livre e aberto, obedecendo a suas próprias regras e propiciando a continuidade dos preços e a liquidez dos negócios realizados”. E segue afirmando que estas instituições “têm responsabilidade pela fixação de um preço justo, formado por consenso de mercado mediante mecanismos de oferta e procura”. A Comissão Nacional de Bolsas (2005, p. 32) afirma que as bolsas de valores “têm por objetivo social, entre outros, manter local adequado ao encontro de seus membros e a realização entre eles, de transações de compra e venda de títulos e valores mobiliários, em mercado livre e aberto, especialmente organizado e fiscalizado por seus membros, pela autoridade monetária e, em especial, pela CVM”.

No Brasil a Bolsa de Valores é administrada pela B3 S.A. – Brasil, Bolsa, Balcão, sociedade de capital aberto, sujeita a supervisão da CVM e as diretrizes e políticas emanadas

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8 do CMN. A B3, conforme informado em seu site eletrônico, é uma empresa de infraestrutura de mercado financeiro, com atuação em ambiente de bolsa e de balcão. As atividades incluem criação e administração de sistemas de negociação, compensação, liquidação, depósito e registro para todas as principais classes de ativos, desde ações e títulos de renda fixa corporativa até derivativos de moedas, operações estruturadas e taxas de juro e de commodities. A B3 também opera como contraparte central garantidora para a maior parte das operações realizadas em seus mercados e oferta serviços de central depositária e de central de registro. (B3, 2019)

Para ter ações negociadas na bolsa de valores as empresas precisam cumprir alguns requisitos, como ser uma empresa de capital aberto (regulamentada pela Lei Nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976 - Lei das Sociedades por Ações/Lei das SAs.), cadastrada na CVM, e também na B3. A Lei das SAs. em seu art. 289, parágrafo primeiro determina que “A Comissão de Valores Mobiliários poderá determinar que as publicações ordenadas por esta Lei sejam feitas, também, em jornal de grande circulação nas localidades em que os valores mobiliários da companhia sejam negociados em bolsa ou em mercado de balcão, ou disseminadas por algum outro meio que assegure sua ampla divulgação e imediato acesso às informações”, sendo atualmente possível o acesso as demonstrações contábeis destas empresas em seus sites eletrônicos, e no site da B3.

2.2 Cotação e valor de uma ação

Assaf Neto (2008, p. 49) define ação como “a menor parcela do capital próprio das companhias ou sociedades anônimas”. Pinheiro (2005, p. 142) as rotula como “um ativo de renda variável, um título patrimonial (negociável) e, como tal, concede aos seus titulares, os acionistas, todos os direitos e deveres de um sócio, no limite das ações possuídas”, já o artigo 2º, inciso I, da a 6.385/76 a qualifica como um valor mobiliário. Assaf Neto (2008, p. 177) também coloca que “apenas as ações emitidas por companhias autorizadas a funcionar pela CVM e BACEN (companhias abertas), podem ser negociadas publicamente no mercado de valores mobiliários”. Lima, Lima e Pimentel (2007, p. 69-70) classificam as ações quanto a espécie em “ordinárias, com direito a voto, ou preferenciais, com direito de preferência sobre os lucros a serem distribuídos aos acionistas, seja na forma de dividendos ou juros sobre o capital próprio”. Já quanto à forma qualificam como escriturais (mais utilizadas, não há identificação do titular, apenas de sua conta depósito) ou nominais (com certificado eletrônico ou físico, registrada com o nome do titular). Estes últimos seguem afirmando que as ações

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9 podem trazer retorno ao acionista na forma de dividendos, bonificação em ações ou em dinheiro, direito de subscrição, venda de direito de subscrição, ou lucro pela variação do preço. A Comissão Nacional de Bolsas (2005, p. 86) explica que para negociar uma ação “o investidor emite uma ordem de compra ou venda à sua corretora, que o executa no pregão”. Os detentores de ações não são seus credores e sim proprietários, sendo que as ações não possuem prazo pra resgate (COMISSÃO NACIONAL DE BOLSAS, 2005, p. 46).

Estas ações negociadas em Bolsa de Valores (na B3 no caso do Brasil), sofrem variações em seus preços de compra e venda com grande frequência, sendo que são diversos os fatores que alteram a cotação da ação. Basicamente o que influencia o valor de mercado de uma ação é a sua demanda, se as ordens de compra são maiores que as ordens de venda o preço tende a subir, e o inverso, se a demanda for menor que a oferta o preço tende a baixar, trata-se da dinâmica do mercado, a mão invisível de Adam Smith. Sá (1971, p. 9) afirma que “determinar o valor das ações é um problema que, constantemente, se apresenta no mundo dos negócios e na vida particular das pessoas”.

Conforme Oliveira, Galvão e Ribeiro (2006, p. 436), “quando um investidor compra uma ação, ele o faz na expectativa de obter um ganho futuro que o recompense pela renúncia à possibilidade de consumo atual”. Esse ganho é representado pelo fluxo de caixa esperado de dividendos e pelo preço de venda da ação em um instante qualquer no futuro. A liquidez do mercado acionário permite ao investidor ter a opção de se retirar da sociedade e migrar para outro negócio mais atraente, a qualquer momento, o que faz com que o preço das ações seja bem volátil, influenciado por diversos fatores que afetam o mercado. Fortuna (2013, p. 583) cita que “uma ação em bolsa é fruto das condições de mercado (oferta e demanda) que reflitam as condições estruturais e comportamentais da economia do País e específicas da empresa e de seu setor econômico”, ou seja, o valor das ações é resultado das expectativas de investidores em relação ao País e consequentemente das empresas.

Na sua obra Manual Bursátil, Machado (apud SÁ, 1971, p. 13) classifica como fatores que influenciam na determinação de valor das ações em bolsa:

 Fatores de ordem interno:

a) Diretamente relacionados com a empresa: perspectivas, planos e capacidade de ganhos da empresa, rentabilidade de suas ações, situação econômica e financeira; b) Indiretamente vinculados com a empresa: atividade desenvolvida com relação a atualidade econômica do país (conjuntura), medidas econômicas e políticas governamentais, acontecimentos políticos internos, situação do mercado mobiliário, estado do mercado, em particular, das ações da empresa, fatos naturais, esporádicos, fatores psicológicos diversos.

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 Fatores de ordem externa: acontecimentos econômicos estrangeiros, vinculados com o país, sucessos econômicos exteriores com reflexo no país, situação dos mercados mobiliários das principais nações.

Ou seja, tem-se três fatores, os que se criam dentro da empresa, os fora da empresa, mas dentro do país e, os fora da empresa e fora do país. Sá (1971, p. 14) ressalta que “todos os fatores possuem condições de influência, porém variam de acordo com a importância em um dado momento”. Quando o país de encontra em desenvolvimento, estabilizado politicamente, os fatores internos a empresa passam a preponderar, principalmente os refletidos no seu Balanço, daí a importância deste como elemento norteador ao investidor. No entanto, quando há desordem interna no país, nem sempre um bom balanço irá levar as cotações a uma alta. Sá (1971) coloca que não existem fatores absolutos, onde os fatores de alteração na cotação podem também ser classificados como:

 Fatores Econômicos na formação dos valores: responsáveis pelo “clima favorável de investimento”, fatores de natureza psíquica, sociais, econômicos propriamente ditos e políticos;  Fatores Contábeis na formação dos valores: responsável pela evidenciação da empresa, são eles a produtividade da empresa, a rentabilidade, sanidade administrativa, equilíbrio financeiro, probabilidades e tendências positivas dos negócios.

Como fatores psíquicos, Sá (1971, p. 20) afirma que “Só há investimento onde haja crença”, um clima de confiança, faz com que o investidor se sinta mais confortável para aplicar sua renda extra no mercado acionário. A sociedade necessita criar o hábito de investir, tendo assim mais um fator de estímulo ao investimento em ações. Também impactam na cotação as questões de conjuntura econômica, se o mercado está em expansão ou se retraindo, a taxa de juro, a facilidade de acesso ao crédito pela população e empresas, questões políticas e fiscais, assim como rumores, a manipulação do mercado (notícias falsas, eventos falsos ou artificiais) e a especulação.

As perspectivas dos investidores são igualmente influenciadas por notícias sobre o mercado no qual a empresa atua, divulgação das demonstrações contábeis da empresa (com dados favoráveis ou desfavoráveis), notícias sobre fusão de companhias, mudanças tecnológicas e muitas outras que possam afetar o desempenho da empresa emissora da ação. Também tem impacto na expectativa dos aplicadores a forma como a companhia é gerida, o nível de governança corporativa, seu ramo de atuação, a transparência na divulgação das informações, o retorno que a empresa traz para sociedade, a sustentabilidade e outros.

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11 Fortuna (2013, p. 583) afirma que “a tendência de cotação das ações é estudada por duas escolas, que se conjugam para uma decisão”. A Escola Gráfica ou Técnica e a Escola Fundamentalista. A primeira baseia-se na análise gráfica, pelo método de barras ou de ponto, tendo como base os volumes e os preços pelos quais foram comercializadas as ações nos pregões anteriores. Tem como premissa que uma boa análise gráfica não precisa fazer uma pesquisa dos fundamentos da empresa, pois o gráfico é a soma de todos os conhecimentos, esperanças e expectativas sobre uma determinada ação. Por intermédio de suas técnicas indica a tendência futura, é fundamental para a escolha do melhor momento para compra ou venda de determinada ação o market timing e, tem maior utilidade para o investidor que pretende ficar um curto espaço de tempo com a ação.

A Escola Fundamentalista, conforme Fortuna (2013, p. 584) “baseia-se na análise fundamentalista dos resultados setoriais e específicos de cada empresa, dentro do contexto da economia nacional e internacional”. É fundamental para o stock picking, ou seja, a escolha da empresa cuja ação deve ser adquirida, e como consequência, a determinação de qual deve ser vendida em um determinado intervalo de tempo. Utiliza como indicadores:

 o índice preço da ação no mercado/lucro por ação;

 o índice preço da ação no mercado/valor patrimonial da ação;

 o índice retorno sobre o patrimônio líquido (Return On Equity – ROE);

 o índice dividendo pago pela ação/preço da ação no mercado; - cash yield ou dividend yield;  o índice dividendo pago pela ação/lucro por ação – pay-out;

 o índice preço da ação no mercado/fluxo de caixa operacional;  o índice FV/EBITDA (capacidade de geração de caixa da empresa);

 o beta com o índice da bolsa (movimento da ação em relação ao movimento do índice e que representa a parcela de risco não diversificável de uma ação);

 o índice PIB/Valor de Mercado.

Sá (1971, p. 10) afirma que “o valor de Bolsa de um título seja o real é fugir dos princípios técnicos, sendo que o valor de negociação não pode ser confundido com o real valor de uma ação”. Ainda assim, conforme a Comissão Nacional de Bolsas (2005, p. 52) as ações possuem valores monetários de referência diferentes, podendo ser valor contábil (no Estatuto e Livros da Companhia), valor patrimonial (Patrimônio Líquido do exercício dividido pelo número de ações emitidas), valor intrínseco (apurado pela análise fundamentalista), valor de liquidação (para caso de encerramento das atividades), valor unitário (capital social de uma empresa dividido pelo número de ações emitidas), de subscrição (preço de emissão fixado em

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12 subscrições para aumento de capital, não pode ser inferior ao valor contábil) e por fim, o valor de mercado (cotação em bolsas de valores). Pinheiro (2005, p. 148) coloca também “o valor nominal, que seria o valor impresso na ação, o capital, dividido pelo número de ações”.

Sá (1971, p. 18) destaca que “Existem leis, normas, preceitos, que regem a teoria econômica, mas, no campo da aplicação, torna-se necessário observar o comportamento de cada ambiente. Um mercado mobiliário de ações não tem padrões aplicáveis a todos os países”, e complementando, nem a todas as épocas, assim como a sociedade está mudando a todo instante, o mercado de capitais precisa seguir estas mudanças para se manter estável.

2.3 Contabilidade, demonstrações contábeis e despesas

Lins e Francisco Filho (2012) relatam que a contabilidade atual no Brasil passou pela sua maior e mais radical modificação ocorrida desde a Lei das SAs. A busca da padronização com a contabilidade internacional fez com que diversos procedimentos fossem modificados, possibilitando que uma Demonstração Contábil (DC) elaborada pelas normas brasileiras não sofresse modificações significativas ao ser submetida as normas de outros países que adotam a contabilidade internacional. Os autores seguem afirmando (2012, p. 2) que o objetivo principal da contabilidade é “gerar informações relevantes e confiáveis para os seus usuários tomadores de decisões”. Esses usuários, também denominados no mercado de stakeholders, são formados de maneira geral por investidores atuais e futuros, bancos (financiadores), governo, administradores e acionistas da empresa. Cada grupo desses usuários pode ter interesses distintos em relação as informações a serem extraídas das demonstrações contábeis.

A contabilidade possui como objeto o patrimônio, ela o estuda, analisa, e o controla, registrando todas as ocorrências econômicas nele verificadas. O campo de aplicação da contabilidade são as entidades econômicas e administrativas, com ou sem fins lucrativos e a finalidade da ciência contábil é assegurar o controle do patrimônio administrado, retratando os elementos de que ela se compõe e suas respectivas variações (SILVA, 2019). A ciência contábil registra os fatos econômicos e atinge, assim, os objetivos propostos, mediante uma técnica chamada Escrituração. “Para colocar ordem no caos e compor a estrutura dos elementos – as contas e os respectivos valores – ela faz a montagem de seus demonstrativos, ou “demonstrações financeiras”, conforme consta da nomenclatura legal”, (CHAGAS, 2013, p. 2). Silva (2019, p. 39) cita as principais normas brasileiras que disciplinam a publicação de Demonstrações Contábeis: “Lei no 6.404/1976 – Lei das Sociedades Anônimas (LSA); Lei no 10.406/2002 – Novo Código Civil (NCC)”.

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13 A Lei no 6.404/1976 (Lei das Sociedades Anônimas – LSA), com a edição da Lei no 11.638/2007 e da Lei no 11.941/2009 (Medida Provisória no 449/2008), sofreu profundas modificações nos artigos que dispõem quanto à forma de contabilização e evidenciação dos fatos contábeis das sociedades anônimas e das sociedades de grande porte, e na estrutura das demonstrações contábeis, que as fez convergir para os padrões internacionais de contabilidade, (SILVA, 2019). Dessa forma, foi estabelecida uma nova Estrutura Conceitual Básica para a Elaboração e Apresentação das Demonstrações Contábeis, a qual está regulamentada pelos seguintes atos:

■ CPC 26 (R1) – Apresentação das Demonstrações Contábeis.

■ CPC PME (R1) – Contabilidade para Pequenas e Médias Empresas.

Alguns segmentos econômicos possuem regulamentação contábil complementar, derivada das especificidades de seu negócio, entre os quais destacam-se as instituições financeiras, seguradoras e concessionárias de serviços públicos.

Conforme destacado no Relatório Final da Audiência Pública do Pronunciamento Conceitual Básico – Estrutura Conceitual, emitido pelo CPC, a legislação brasileira veda, completamente, que órgãos governamentais deleguem os poderes que legalmente lhe tenham sido dados. Assim, a CVM, o BACEN, a SUSEP e outros órgãos não podem delegar o poder de normatizar ao CPC. Com isso, somente eles podem emitir as genuínas normas. Em razão disso, para viabilizar a adoção de normas de forma legal, os órgãos que legalmente têm poder normatizador (CFC, CVM, BACEN, SUSEP, ANEEL, ANTT e ANS) sistematicamente aprovam os atos expedidos pelo CPC (Pronunciamentos – CPC, as Interpretações Técnicas – ICPC, e as Orientações Técnicas – OCPC). (SILVA, 2019, p. 39)

O Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC 26 R1, 2011, p. 27) define:

As demonstrações contábeis são uma representação estruturada da posição patrimonial e financeira e do desempenho da entidade. O objetivo das demonstrações contábeis é o de proporcionar informação acerca da posição patrimonial e financeira, do desempenho e dos fluxos de caixa da entidade que seja útil a um grande número de usuários em suas avaliações e tomada de decisões econômicas. As demonstrações contábeis também objetivam apresentar os resultados da atuação da administração, em face de seus deveres e responsabilidades na gestão diligente dos recursos que lhe foram confiados. Para satisfazer a esse objetivo, as demonstrações contábeis proporcionam informação da entidade acerca do seguinte: a) ativos; b) passivos; c) patrimônio líquido; d) receitas e despesas, incluindo ganhos e perdas; e) alterações no capital próprio mediante integralizações dos proprietários e distribuições a eles; e f) fluxos de caixa. Essas informações, juntamente com outras informações constantes das notas explicativas, ajudam os usuários das demonstrações contábeis a prever os futuros fluxos de caixa da entidade e, em particular, a época e o grau de certeza de sua geração.

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14 As demonstrações contábeis, segundo Quintana (2009, p. 47), “são relatórios elaborados com base na escrituração mercantil mantida pela entidade, com a finalidade de apresentar aos diversos usuários informações principalmente de natureza econômica e financeira, relacionadas à gestão do patrimônio no decorrer de um exercício social”. Silva (2019, p. 3) destaca que a contabilidade, ao longo dos anos, “vem se firmando como importante instrumento de controle gerencial, bem como sua relevância aos investidores de capital, observando o destacado pelo megainvestidor”. Para Buffett e Clark (2010 apud Silva 2019, p. 3) é preciso entender de contabilidade e deve compreender as nuances dessa ciência, “esse é o idioma dos negócios, um idioma imperfeito, porém, a menos que esteja disposto a fazer o esforço de aprender contabilidade, como ler e analisar demonstrações financeiras, não deveria escolher ações por conta própria”.

As demonstrações contábeis são compostas pelo:

 Balanço Patrimonial (BP): segundo Iudícibus, Martins e Gelbcke (apud QUINTANA, 2009, p. 54) “tem por finalidade apresentar a posição financeira e patrimonial da empresa em determinada data, representando, assim, uma posição estática da empresa”.

 Demonstração do Resultado do Exercício (DRE): Marion e Reis (apud QUINTANA, 2009, p. 62) evidenciam que a DRE é um “valioso instrumento de análise econômico-financeira e preciosa fonte de informações para a tomada de decisões administrativas”, em razão de apresentar, de forma ordenada, todos os itens que interferem positiva ou negativamente no resultado.

 Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA): evidencia o movimento ocorrido na conta Lucros ou Prejuízos Acumulados. Quando a companhia elaborar e publicar a DMPL, estará́ dispensada da elaboração da DLPA (§ 2o do art. 186 da Lei n. 6.404/1976).  Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL): demonstra as mudanças, em natureza e valor, havidas no patrimônio líquido da entidade, em determinado período de tempo.  Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC): relatório contábil das transações ocorridas em um determinado período que provocaram modificações no saldo da conta Caixa. A DFC deve ser elaborada pelas sociedades anônimas de capital aberto, pelas sociedades de grande porte e pelas sociedades anônimas de capital fechado com Patrimônio Líquido superior a R$ 2.000.000, (SILVA, 2019).

 Demonstração do Valor Adicionado (DVA): demonstração contábil que relata, de forma concisa, os dados e as informações do valor da riqueza gerada pela entidade em determinado

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15 período e sua distribuição. A DVA é obrigatória somente para as companhias abertas (SILVA, 2019).

Além das demonstrações contábeis propriamente ditas, também são publicadas junto a elas as notas explicativas dessas demonstrações. Essas notas explicativas são detalhamentos da composição das contas constantes nas demonstrações contábeis, bem como outras informações pertinentes as mesmas. Todas as empresas de capital aberto com ações na bolsa de valores são obrigadas a publicar todas as demonstrações contábeis, como também as notas explicativas. Ressalte-se ainda que a norma atual determina que as sociedades limitadas, classificadas como grande porte, também devem seguir as normas das sociedades anônimas, inclusive com a publicação das demonstrações contábeis. Nesse sentido, são consideradas empresas limitadas de grande porte aquelas com ativo total superior a R$ 240 milhões ou receita bruta anual igual ou superior a R$ 300 milhões (LINS; FRANCISCO FILHO, 2012).

A contabilidade classifica suas contas como Ativo, Passivo, Receitas, e Despesas. Dentro do item despesas temos o custo e a despesa. Martins (2010, p. 25) conceitua custo como “o gasto relativo a bem ou serviço utilizado na produção de outros bens ou serviços”. Crepaldi e Crepaldi (2018, p. 23) explicam que “só são reconhecidos como custos no momento da fabricação de um produto ou execução de um serviço e que a classificação dos custos vai depender do enfoque que for atribuído a ela, podendo ser determinada quanto à natureza, à função, à contabilização, ao produto e à formação ou produção”.

Já despesa, conforme Martins (2010, p. 25) é “o bem ou serviço consumido direta ou indiretamente para a obtenção de receitas. São itens que reduzem o Patrimônio Líquido e que têm essa característica de representar sacrifícios no processo de obtenção de receitas”.

Martins (2010, p. 26) explica que “todos os custos que são ou foram gastos se transformam em despesas quando da entrega dos bens ou serviços a que se referem”. O autor segue explicando que em entidades comerciais e financeiras, os custos imediatamente se transformam em despesas, sem fase de estocagem, como exemplo o serviço de câmbio de um Banco o qual possui gastos que se transformam em custos de serviços que se tornam imediatamente despesas.

Sarlo Neto, Lopes e Loss (2002, p. 4 e 5) explicam em seu artigo que na contabilidade brasileira, a regulamentação sobre a apresentação das demonstrações financeiras é composta basicamente pelas seguintes normas: Lei 6.404/76, de 15 de dezembro de 1976, Normas da CVM e por Normas de órgãos específicos e que assim, alguns grupos de empresas acabam por conviver com um elevado grau de incidência de regulamentação, e devido a algumas

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16 características, alguns setores sofrem a incidência de todas as normatizações listadas acima. Neste caso, encontram-se, por exemplo, o setor financeiro que compreende o conjunto de instituições financeiras como bancos, seguradoras e previdência privada.

Por ser um elemento importante para a política monetária do país, a contabilidade do setor financeiro é fiscalizada e regulamentada pelo Banco Central do Brasil (BACEN). A regulamentação do setor é composta basicamente pelo COSIF – Plano Contábil das Instituições do Sistema Financeiro Nacional – que compreende as normas gerais, os procedimentos e critérios de escrituração contábil para a elaboração das demonstrações financeiras das empresas. (SARLO NETO, LOSPES, LOSS, 2002, p. 5)

2.4 Hipótese da eficiência de mercado

A Hipótese da Eficiência de Mercado (HEM) constitui “um dos pilares da Moderna Teoria de Finanças. Sua origem e desenvolvimento se deram no decorrer do século passado, principalmente a partir de modelos econômicos desenvolvidos ao longo da década de 60”, (CAMARGOS; BARBOSA, 2003, p. 4). A HEM está baseada na afirmação de que a cotação de uma ação reflete as informações disponíveis a respeito da instituição que a emitiu. Dessa forma, “novas informações afetarão sua cotação, de maneira mais rápida ou mais lenta”, Salles (1991, apud CAMARGOS; BARBOSA, 2003, p. 3).

Os preços dos títulos são influenciados por vários tipos de informação (preços passados, lucros futuros, volatilidade, índices econômico-financeiros da análise fundamentalista, variáveis econômicas, fatores políticos, etc.), que provocam alterações maiores ou menores, dependendo do contexto do mercado, da relevância da informação e do timing que essa informação leva para ser incorporada pelo mercado, (CAMARGOS; BARBOSA, 2003, p. 3).

Para Brealey; Myers e Allen (2018, p. 310) um mercado em que “o preço das ações reflete integralmente as informações é denominado um mercado eficiente”, os autores colocam que os economistas definem três níveis de eficiência para o mercado, que se distinguem pelo grau de informação refletido nos preços dos títulos:

1) No primeiro nível, os preços refletem a informação contida no histórico. Essa forma de eficiência é designada como fraca. Se os mercados são eficientes no sentido fraco, então é impossível ganhar, continuamente, grandes lucros por meio do estudo do histórico dos retornos. 2) O segundo nível de eficiência requer que os preços reflitam não apenas o seu comportamento passado, mas também toda as informações públicas, por exemplo, da internet ou da mídia financeira. Isso é designado como forma semiforte da eficiência do mercado. Se os mercados

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17 forem eficientes nesse sentido, então os preços se ajustarão imediatamente pela informação pública, como um relatório trimestral de lucros, uma nova emissão de ações ou uma proposta de fusão de duas empresas.

3) Com a forma forte da eficiência, os preços refletem toda a informação que pode ser obtida, com base em uma análise apurada da empresa e da economia. Camargos e Barbosa, 2003, pg. 9, acrescentam que são informações históricas, públicas e privadas, e que assim, um insider (pessoa que tem acesso à informações privilegiadas nas empresas), de posse de informações privadas, não conseguiria auferir retornos extraordinários, pois o ajuste dos preços no mercado é instantâneo, (BREALEY; MYERS; ALLEN 2018).

A HEM, na sua forma semiforte, contraria o pressuposto da análise fundamentalista, uma vez que esta, se utiliza de informações públicas para antecipar o comportamento futuro dos preços e obter maior rentabilidade em aplicações no mercado de capitais. É a existência dessas tentativas de antecipação que faz com que as informações se reflitam instantaneamente sobre os preços, quando de sua publicação. Segundo Camargos e Barbosa, (2003, p. 10) contrário à HEM, “a análise fundamentalista supõe que o mercado não é eficiente. Os fundamentalistas estimam que o mercado reage mais lentamente à chegada de novas informações e que os preços não refletem imediatamente essas informações”

Conforme Cova (2011, p. 4) em um mercado eficiente, “as variações dos preços evidenciam um comportamento aleatório, sem um padrão definido, em virtude de refletirem instantaneamente as informações novas que chegam ao mercado, porquanto estas, por sua vez, também não podem ser deduzidas de informações anteriores e, por isso, são consideradas independentes ao longo do tempo”. O aspecto mais importante decorrente da verificação da hipótese de eficiência do mercado consiste no fato de que, se ela existe, então não é possível ao investidor adotar alguma estratégia de seleção de ativos para conseguir obter uma performance superior a um portfólio de mercado, ou seja, uma carteira que represente o mercado como um todo, tal como os índices Dow Jones e o Ibovespa.

A maioria dos testes da HEM “simplesmente contempla a questão de quão rápido as informações são incorporadas, mas não considera se o são corretamente”, (CAMARGOS; BARBOSA, 2003, p. 5)

2.5 Estudos anteriores

Na pesquisa foram encontrados alguns estudos referente ao impacto da informação contábil no preço da ação, tendo como base o mercado acionário brasileiro. No estudo “Reações

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18 do Mercado Acionário a Variações Inesperadas nos Lucros das Empresas: um Estudo sobre a Eficiência Informacional no Mercado Brasileiro” de Perobelli e Ness Jr (2000), os autores tinham como objetivo acessar a questão da eficiência informacional no mercado acionário brasileiro, em sua forma semiforte, a partir da observação de reações nos preços das ações à divulgação de lucros trimestrais que tenham sido superestimados ou subestimados. A partir de testes de significância dos retornos diários realizados, constataram que o mercado não promove ajustes instantâneos por ocasião da divulgação dos lucros trimestrais, havendo um intervalo de um dia útil para o início da incorporação da informação ao preço. Adicionalmente, o mercado promove ajustes nos dois dias subsequentes e na direção esperada apenas na ocorrência de informações favoráveis, revelando-se ineficiente em relação às demais informações.

Na pesquisa de Bernardo (2001), com o objetivo examinar a forma pela qual os investidores brasileiros reagem às divulgações trimestrais de resultados, reação esta medida pela subsequente alteração nos preços das respectivas ações. A autora avaliou se os relatórios trimestrais carregam "conteúdo informacional" e, se a hipótese de eficiência semiforte se aplica no mercado brasileiro de ações em relação à divulgação trimestral dos resultados contábeis. Neste estudo, para delimitar o assunto, foram analisadas a resposta do mercado de ações brasileiro a um tipo específico de informação, aquela contida nos resultados líquidos (lucro ou prejuízo líquido) divulgados pelas empresas através dos demonstrativos contábeis. O período de análise foi de janeiro de 1996 a janeiro de 2001, tendo as observações dos preços das ações sido iniciadas em maio de 1995, para permitir acomodar o período de estimação inicial. As evidências encontradas sustentaram a suposição de que as divulgações trimestrais de resultado conduzem informação útil para a avaliação de empresas, admitindo que o valor da ação corresponde à melhor estimativa possível do valor presente dos fluxos de caixa futuro com base nas informações disponíveis, concluindo que os demonstrativos contábeis, representados pela figura do lucro por ação, demonstraram ter "conteúdo informacional".

O estudo realizado por Antunes e Procianoy (2002) analisou os efeitos das decisões de investimento das empresas sobre os preços de suas ações no mercado de capitais. Com base no método de estudo de evento, foi realizada uma pesquisa exploratória no mercado brasileiro. A variação do ativo permanente foi considerada como uma sinalização onerosa das decisões de investimento e investigou-se os efeitos desses sinais na motivação de uma reavaliação das expectativas do mercado acionário. Os resultados indicaram que existe relação entre a variação do ativo permanente e a variação do valor da ação da empresa no mercado. Observou-se reação do mercado tanto por causa da divulgação das demonstrações financeiras quanto em virtude das

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19 variações dos ativos permanentes e imobilizados (VAP e VImob). Os resultados mostram que a divulgação das demonstrações financeiras é um evento relevante no mercado brasileiro. Provavelmente, foram as variações VAP e VImob (verificadas nos balanços patrimoniais) que causaram reação nos preços das ações negociadas na Bolsa de Valores. Contudo, os autores destacaram que outros fatores, como o lucro, também podem contribuir para a reação do mercado. Os autores apontaram ainda que o fato de existir reação no preço das ações em virtude da divulgação dos informes financeiros das empresas pode ser interpretado como ineficiência do mercado acionário brasileiro, caso o anúncio desses investimentos já tenha sido feito em momento anterior, pois a reação nos preços das ações deveria ter acontecido antes e não quando foram disponibilizados os informes.

Mais diretamente no setor financeiro, Sarlo Neto, Lopes e Loss (2002), procuraram evidências da influência da regulamentação sobre a relação entre os lucros contábeis e as variações dos preços das ações no Mercado Brasileiro, particularmente na Bolsa de Valores de São Paulo. Foi considerado nesta pesquisa a capacidade da regulamentação de interferir sobre a capacidade informacional da contabilidade. O estudo foi elaborado por meio de testes empíricos utilizando lucros contábeis e variação dos preços das ações de três grupos de empresas: o primeiro, as empresas do setor financeiro; o segundo, as empresas de energia elétrica; e o terceiro, as empresas que não sofrem regulamentação contábil específica. Os dois primeiros grupos de empresas possuem regulamentação especial. Para a constituição da amostra da pesquisa foram selecionadas todas as ações, ordinárias e preferenciais, negociadas na Bolsa de São Paulo, totalizando 182 ações, durante o período de 1995 a 1999, não foram incluídas as ações que não tinham qualquer dado disponível em qualquer um dos anos observados. O modelo aplicado apontou evidências de que a regulamentação influencia a sensibilidade dos preços das ações das empresas do setor financeiro, tornando-os menos sensíveis aos lucros contábeis, entretanto as evidencias encontradas foram fracas. Pelo modelo aplicado neste estudo, os lucros contábeis não explicam as variações dos preços nem em empresas do setor elétrico e nem em empresas que não possuem regulamentação específica, portanto, não há evidências que sustentem a hipótese de que a regulamentação seja relevante nestes grupos por meio do teste da variável lucro contábil. Os pesquisadores tiveram como conclusão que o Lucro contábil não se apresenta como uma variável adequada para avaliar o impacto da regulamentação sobre os preços das ações da maioria das empresas, tendo os pesquisadores deixado como sugestão para melhor análise a realização de estudos similares que envolvam períodos mais longos.

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20 Enquanto Sarlo Neto (2004) em sua pesquisa procurou encontrar evidências sobre a relevância das informações divulgadas pela contabilidade para os investidores. O estudo seguiu a abordagem positiva e foi baseado em uma investigação empírica sobre a relação entre as variações dos resultados contábeis (lucros anormais) e os retornos anormais das ações. Teve como objetivo principal averiguar se as informações contidas nas demonstrações contábeis e divulgadas ao mercado são refletidas pelos preços das ações, demonstrando a utilidade da contabilidade como fonte de informação para o mercado. Sarlo Neto levou em conta neste estudo os tipos de ações (Ordinárias e Preferenciais), a regulamentação específica (presente nos setores elétrico e financeiro), os tipos de controlador (estatal ou privado) e a anomalia das empresas negligenciadas. A metodologia adotada foi um estudo de evento, onde foram comparados os retornos anormais acumulados dos ativos em torno da data de divulgação dos resultados contábeis. A amostra foi formada com os dados das empresas e com as ações negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo (B3). O período analisado compreende o intervalo de 7 (sete) exercícios de apuração de resultados, de 1995 a 2002. As evidências encontradas confirmaram a relevância dos resultados contábeis divulgados como fonte de informação para os investidores no mercado acionário.

No estudo Sarlo Neto (2004) relata que sobre o conjunto de evidências encontradas, verificou-se a interferência das características do mercado brasileiro sobre a reação dos preços à divulgação dos lucros anormais. Entretanto, essa interferência não foi observada em todos os grupos de ativos. A interferência não foi verificada nos casos em que foram analisados o comportamento das ações de empresas com controle estatal e de empresas com incidência de regulamentação específica. A relevância das informações divulgadas pela contabilidade foi observada nos grupos de ativos que atendam os seguintes requisitos: ações preferenciais, ações de empresas não regulamentadas, ações de empresas com controle privado e ações de pouca liquidez. Pelo comportamento das ações Ordinárias constatou-se que a informação contábil é importante somente nos casos de lucros anormais negativos. Foi observado também nesta pesquisa que os lucros anormais negativos divulgados são antecipados com maior rapidez pelo mercado do que lucros anormais positivos, e que o mercado tende a antecipar resultados ruins e prefere ser cauteloso ao antecipar resultados bons.

Na evolução dos retornos anormais das empresas que tenham como característica a contabilidade sob alguma incidência governamental - via controle acionário ou via regulamentação específica – Sarlo Neto (2004) não observou evidência sobre a reação dos preços à divulgação dos resultados contábeis, porém a indiferença à divulgação também não

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21 pode ser evidenciada. Esses resultados podem ser uma indicação de que, ao invés do lucro contábil, outras variáveis contábeis (Patrimônio Líquido, Investimentos, entre outros) tenham maior relevância para os investidores. Outra indicação dos resultados seria a possível relevância de outras fontes de informações (sinais emitidos pelo governo, investimentos aprovados, etc.), porém segundo o pesquisador a relevância dessas fontes ainda carece de evidências. Apesar da divergência entre as reações dos retornos anormais à divulgação dos lucros anormais, constatou-se a eficiência, na forma semiforte, no mercado brasileiro.

Na análise sobre o perfil das ações brasileiras que reagem à publicação dos resultados contábeis Sarlo Neto, Galdi e Dalmácio (2009), estudaram a influência de algumas características sobre a reação dos preços das ações à divulgação das informações contábeis. A pesquisa realizada procurou verificar se a média dos retornos anormais das ações são sensibilizadas pelas seguintes características: tipo de ação, regulamentação, controle acionário e liquidez. No seu desenvolvimento, foi utilizada como metodologia a técnica estatística MANOVA. A amostra pesquisada foi composta por ações negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo, durante o período de 1995 a 2002. Os pesquisadores encontraram evidências de que lucro e preço, apesar de seguirem a mesma direção, apresentam escalas de variação diferente. Em parte, o motivo para a falta de correlação perfeita está no fato de que os preços captam o impacto de um conjunto de informações muito mais amplo do que o representado apenas por lucros contábeis. Por exemplo, os preços reagem a coisas tão exóticas como boatos de guerra e tão corriqueiras quanto variações da taxa de juros de Letras do Tesouro.

Os resultados encontrados indicam que o “controle acionário” e “liquidez” influenciam de forma significativa sobre a diferença entre as médias dos retornos anormais. Já as variáveis “tipo de ação” e “regulamentação” apresentaram capacidade de explicação, mas somente quando exercem a sua influência em conjunto com as outras variáveis “controle acionário” e “liquidez”. Estes dados indicaram que apenas algumas características interferem na reação das ações à divulgação das informações contábeis, (SARLO NETO, GALDI; DALMÁCIO 2009).

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Tendo o propósito de analisar o processo de cotação de ações nas instituições financeiras e se o mesmo tem alguma relação com os custos e despesas ocorridos no período, a natureza da pesquisa se caracteriza como aplicada. Aplicada por ser voltada ao estudo de uma situação específica, da precificação das ações das cinco instituições financeiras com maior volume de negociação em Bolsa de Valores, no Brasil. A pesquisa aplicada “visa gerar conhecimentos

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22 para aplicação prática voltados à solução de problemas específicos da realidade. Envolve verdades e interesses locais”, (ZAMBERLAN et al. 2014, p. 94).

Referente aos objetivos de pesquisa, esta caracteriza-se como descritiva, em função de descrever, interpretar os dados colhidos das Demonstrações do Resultado do Exercício e das Notas Explicativas, nos sites da B3 e das instituições analisadas. Na concepção de Gil (2010, p. 27) “as pesquisas descritivas têm como objetivo a descrição das características de determinada população. Podem ser elaboradas também com a finalidade de identificar possíveis relações entre variáveis”. Beuren et al., (2004, p. 81) afirma ainda que “descrever significa identificar, relatar, comparar, entre outros aspectos.” E Vergara (2009, p. 42) aborda que a pesquisa descritiva “expõe características de determinada população ou de determinado fenômeno. Pode também esclarecer correlações entre variáveis e definir sua natureza. Não tem compromisso de explicar os fenômenos que descreve, embora sirva de base para tal explicação”.

Sob o ponto de vista da abordagem da investigação é considerada como qualitativa e quantitativa. Qualitativa em função da análise e interpretação dos fatores determinantes na variação dos preços das ações. Zamberlan et al., (2014, p. 94), trata que “a interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são requisitos básicos no processo de pesquisa qualitativa, que é também descritiva”. Beuren et al., (2004, p. 92), afirma que neste tipo de pesquisa “concebem-se análises mais profundas em relação ao fenômeno que está sendo estudado, visa destacar características não observadas por meio de um estudo quantitativo”. Por outro lado, também se classifica como quantitativa na medida que foram elaboradas planilhas Excel, com uso de indicadores de performance e de causa-e-efeito, sendo que a pesquisa quantitativa se caracteriza pelo uso de instrumentos estatísticos. Richardson (apud Beuren et al, 2004. p. 92) caracteriza a pesquisa quantitativa “pelo emprego de quantificação tanto nas modalidades de coleta de informações, quanto no tratamento delas por meio de técnicas estatísticas”. Zamberlan et al. (2014, p. 94) afirma ainda que este método de pesquisa “é utilizado na descrição de fenômenos e em suas explicações, pois servem para investigar as relações de causa-e-efeito tanto entre fenômenos quanto entre as variáveis selecionadas e também para esclarecer as influências destas variáveis em relação às demais”.

A coleta de dados foi realizada a partir do conhecimento técnico utilizado no desenvolvimento do estudo, da pesquisa bibliográfica em diversas publicações, da análise de conteúdo dos sites da Bolsa de Valores (B3) e das cinco instituições financeiras, e um estudo, caracterizando-se como estudo de multicaso. Martins e Lintz (2000, p. 29) afirmam que a

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23 pesquisa bibliográfica “procura explicar e discutir um tema ou um problema com base em referencias teóricas publicadas em livros, revistas, periódicos etc., um excelente meio de formação científica quando realizada independentemente ou como parte de investigações empíricas”. Por fim, o estudo multicaso das cinco instituições financeiras com maior volume de negociação em Bolsa de Valores do Brasil, no ano de 2018. Segundo Gil (2010, p. 37), o estudo de caso “consiste no estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento, tarefa praticamente impossível mediante outros delineamentos”. Martins e Lintz (2000, p. 36) classificam um estudo que envolve dois ou mais sujeitos, duas ou mais situações, quando tratar-se de casos múltiplos como um estudo multicaso. Tratam o estudo de caso (ou multicaso) aqueles que tem o objetivo de aprender a totalidade de uma situação e, criativamente, descrever a complexidade de um caso concreto.

Inicialmente, para coletar os dados foi apurado quais foram as cinco instituições financeiras com maior volume de negociação na Bolsa de Valores brasileira, no ano de 2018, sendo estas o Banco do Brasil SA (BB), o Banco do Estado do Rio Grande do Sul SA (BANRISUL), o Banco Bradesco SA (BRADESCO), o Itaú Unibanco Holding SA (ITAÚ) e o Banco Santander (Brasil) SA (SANTANDER). A pesquisa documental ocorreu por intermédio da busca nos sites da B3 e nos sites dos bancos pesquisados. Foi realizada uma análise dos conteúdos publicados. Todos os dados coletados foram sistematizados em planilhas Excel, os quais foram analisados, estruturados por trimestre, apurados os percentuais de representatividade de cada banco pesquisado, tendo como referência o crescimento ou decrescimento frente ao trimestre anterior, assim como foi feito um comparativo com os outros bancos que fizeram parte da pesquisa e de suas respectivas cotações pelo período de 21 dias úteis antes e após a data de divulgação a B3 da primeira versão das demonstrações contábeis de cada instituição.

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

Sendo que este trabalho teve por objetivo a observação das divulgações das demonstrações financeiras e os custos e despesas descritos nestas, foi realizada uma análise do impacto da divulgação da Demonstração do Resultado do Exercício e as despesas constantes nesta, no preço das ações das cinco principais instituições financeiras com ações na B3, sendo estes Banco do Brasil S. A. (BBAS3), o Banco do Estado do Rio Grande do Sul S. A. (BRSR3), o Banco Bradesco S. A. (BBDC3), o Itaú Unibanco Holding S.A. (ITUB3) e o Banco Santander (Brasil) S. A. (SANB3). O período analisado foi o ano de 2018 e, utilizou-se o ano de 2017

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24 apenas como referência para estudo da variação frente ao primeiro trimestre de 2018, sendo separadas as demonstrações de cada trimestre e observada a variação em relação aos três meses anteriores. Já as cotações das ações foram analisados as ações ordinárias destas instituições, seus fechamentos diários, 21 dias úteis antes do envio a B3 (D-1) da primeira versão das demonstrações financeiras e 21 dias úteis após este envio (D+1), além do dia do envio (cada instituição envia em dias diferentes) a B3 (B0), estes dados foram retirados do site Uol.

Para esta análise, foi extraído da DRE dos Bancos apenas a receita da intermediação financeira, por ser a receita da atividade fim das instituições, ou seja, a principal. Estes dados foram agrupados e sistematizados em gráficos, por trimestre, que contemplam: Receitas da Intermediação Financeira; Despesas da Intermediação Financeira; Outras Despesas Operacionais; Imposto de Renda e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (IR e CSLL); Participações/Contribuições Estatutárias; Total Despesas e Lucro/Prejuízo do Período. Todos os dados foram extraídos da DRE das instituições enviadas ao site da B3, tendo como parâmetro o primeiro envio da referida demonstração, não sendo analisados retificações posteriores.

Estes grupos, foram analisados trimestre a trimestre, e comparados o quanto cada item, de cada instituição, evoluiu, em comparação ao trimestre anterior. Já como forma de apresentar o grau de variação das ações, foi feito a média da variação das ações comercializadas, 21 dias úteis antes a data da entrega (30 dias corridos) a B3 (D-1), a variação na data da apresentação a B3 dos relatórios (D0), e a média 21 dias úteis (30 dias corridos) após a publicação (D+1), sendo feita comparação das variações, trimestre a trimestre, banco a banco. Para análise dos dados, deve-se levar em conta que o lucro do período é divulgado normalmente em data anterior, além disso as instituições enviam em datas diferentes, sendo que o período D-1 e D+1 não são exatamente o mesmo para todos os Bancos, assim como D0.

O quadro 1 apresenta as médias das variações das cotações das ações das instituições em D-1, e D+1, além da variação em D0, ou seja, demonstra a média de variação do preço das ações 21 dias antes e 21 dias após o envio da demonstração a B3, e o quanto a ação variou na data do envio, isto no primeiro trimestre de 2018. Esta análise é necessária para qualificar o impacto do envio da DRE na cotação, tendo como base o período anterior, é possível perceber se o impacto do envio das demonstrações de determinada instituição foi considerado promissor aos acionistas (ações com variação positiva nos próximos períodos) ou foram considerados os resultados como ruins, como abaixo do esperado (variação da cotação das ações na data e em período posterior negativa).

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Quadro 1 – Variação cotação ações Primeiro trimestre (01 de janeiro a 31 de março de 2018). Fonte: Uol – Cotações Históricas (2019).

Para analisar possível correlação entre despesa e cotação (variação apurada no quadro 1), apresenta-se os gráficos, com a variação frente ao trimestre anterior dos itens analisados da DRE na sequência de análise citada anteriormente.

Gráfico 1 – Variações itens DRE. Primeiro trimestre (01 de janeiro a 31 de março de 2018).

Fonte: Dados conforme pesquisa (2019)

1 TRIMESTRE

BBAS BBDC BRSR ITUB SANB

D-1 -0,209523 -0,275238 -1,456666 -0,098571 0,290952 D0 -3,670000 0,190000 -0,060000 -3,490000 -1,550000 D+1 -1,443809 -0,910476 -0,897619 -0,443333 -0,666666 -14 ,11% -15,65% -6,95% -10 7,49% -11,36% -13,53% -10,66% -120,00% -100,00% -80,00% -60,00% -40,00% -20,00% 0,00% BBAS 1 TRIMESTRE -1,28% -22,69% 19,12% 129,28% 0,00% -1,00% 17,81% -50,00% 0,00% 50,00% 100,00% 150,00% BBDC 1 TRIMESTRE 9,77% -24,45% -48,38% 477,64% 0,00% -33,18% 15,44% -100,00% 0,00% 100,00% 200,00% 300,00% 400,00% 500,00% 600,00% ITUB 1 TRIMESTRE -10,83% -69,17% 171,63% -157,56% 0,00% -27,62% 114,12% -200,00% -100,00% 0,00% 100,00% 200,00% SANB 1 TRIMESTRE -12,63% -20,05% -0,36% -42,55% -34,59% -13 ,98% -52,75% -60,00% -50,00% -40,00% -30,00% -20,00% -10,00% 0,00% BRSR 1 TRIMESTRE

(26)

26 Os valores apresentados como 0 (zero) absoluto é devido a instituição não apresenta-lo na sua Demonstração de Resultado do Exercício, não sendo possível sua análise, por não ser disponível a todos os bancos, em todos os períodos de exame. Assim como, o item IR e CSLL, que apresentam variações muito extremas.

No primeiro trimestre pode-se observar que, a única instituição a apresentar variação positiva na cotação da ação, em D0 foi o Bradesco. No entanto, no período analisado outras instituições também apresentaram aumento no Lucro Líquido (além do Bradesco, o Itaú e o Santander), mas apenas o Itaú teve aumento na Receita Líquida, com relação ao trimestre anterior. Entre as instituições analisadas todas tiveram reduções tanto nas Despesas da Intermediação Financeira, e no total de suas despesas. Banco do Brasil e Banrisul tiveram queda em todos os itens analisados, inclusive na variação da cotação das ações, cabe destacar que ambas instituições possuem o Governo como principal acionista, o Governo do Estado do Rio Grande do Sul é o principal acionista do BANRISUL e a União Federal do BB, sendo que estes bancos sofrem influência política direta, servindo inclusive como meio de interferência estatal na economia.

Outro ponto de importante destaque do Quadro 1 é que as variações das cotações do período analisado, tanto anterior à data de divulgação quanto após a data são negativas, a única exceção refere-se ao Santander, e ainda assim com leve alta em D0, o que indica uma tendência do mercado de queda ou mesmo do setor.

No segundo trimestre verifica-se uma diferença com relação ao primeiro, pode-se observar que as instituições vinham com uma média de variação da cotação em D-1 positiva, cenário que começa a se alterar em D0.

Quadro 2 – Variação da cotação das ações - Segundo trimestre (01 de abril a 30 de junho de 2018).

Fonte: Uol – Cotações Históricas (2019)

Na sequência pode-se verificar os resultados do gráfico 2, onde assim como nas cotações, há diferença em relação ao primeiro trimestre.

2 TRIMESTRE

BBAS BBDC BRSR ITUB SANB

D-1 0,564285 1,064761 0,376666 0,822857 0,874285

D0 2,970000 -3,450000 -2,800000 1,480000 5,560000

(27)

27

Gráfico 2 – Variações itens DRE. Segundo trimestre (01 de abril a 30 de junho de 2018).

Fonte: Dados conforme pesquisa (2019)

No segundo trimestre as médias das variações das cotações em D-1 foram positivas para todos os bancos analisados, em D0, BB, Itaú e Santander apresentaram variação positiva, ao passo que o Santander e o Banrisul tiveram variação negativa. Em D+1 todas as variações médias dos preços das ações são negativas.

39,12% 55,28% 4,45% -1561,96% 9,46% 37,53% 13,98% -2000,00% -1500,00% -1000,00% -500,00% 0,00% 500,00% BBAS 2 TRIMESTRE -26,93% 48,89% -3,36% 460,59% 0,00% 39,62% 1,37% -100,00% 0,00% 100,00% 200,00% 300,00% 400,00% 500,00% BBDC 2 TRIMESTRE 14 ,33% 35,55% -15,51% -217,07% 0,00% -10,77% -10,11% -250,00% -200,00% -150,00% -100,00% -50,00% 0,00% 50,00% ITUB 2 TRIMESTRE 7,90% 11,70% 64,92% -252,31% 0,00% 7,52% 1,70% -300,00% -250,00% -200,00% -150,00% -100,00% -50,00% 0,00% 50,00% 100,00% SANB 2 TRIMESTRE 17,37% 31,92% 3,36% -1,63% 2,57% 16,63% 7,38% -5,00% 0,00% 5,00% 10,00% 15,00% 20,00% 25,00% 30,00% 35,00% BRSR 2 TRIMESTRE

Referências

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