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Perfil e modalidades de atendimento de mulheres depressivas assistidas em um centro de atenção psicossocial

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RIO GRANDE DO SUL - UNIJUI

CLEIDE ESTELA DOS SANTOS ALFING

PERFIL E MODALIDADES DE ATENDIMENTO DE MULHERES DEPRESSIVAS ASSISTIDAS EM UM CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL

Ijuí (RS) 2012

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PERFIL E MODALIDADES DE ATENDIMENTO DE MULHERES DEPRESSIVAS ASSISTIDAS EM UM CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado na forma de artigo ao Curso de Enfermagem do Departamento de Ciências da Vida – DCVida da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ como requisito parcial para a obtenção do título de Enfermeira.

Orientadora: Prof.ª Me.Eniva Miladi Fernandes Stumm

Ijuí (RS) 2012

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DEDICATÓRIA

Dedico minha trajetória como acadêmica de enfermagem à DEUS que foi minha fortaleza, à meu esposo Fabio que me incentivou a cursar Enfermagem, à meu amado filho Gustavo, aos meus pais, irmã, sogros, cunhada(os)e amigos por todo apoio. Em especial à minha orientadora que não mediu esforços para me instruir na construção deste trabalho.

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AGRADECIMENTOS

Aos meus mestres que foram como fontes de saber na caminhada do conhecimento.

“Pense nas pessoas que, com ações generosas, nos indicam um caminho pleno de realizações, sem a necessidade de machucar ninguém, nem a si mesmas. Chamo essas pessoas de Heróis de Verdade” (Shinyashiki).

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PERFIL E MODALIDADES DE ATENDIMENTO DE MULHERES DEPRESSIVAS ASSISTIDAS EM UM CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL

Cleide Estela dos Santos Alfing Eniva Miladi Fernandes Stumm RESUMO

O estudo busca analisar o perfil e modalidades de atendimento de mulheres com diagnóstico médico de depressão, assistidas em um Centro de Atenção Psicossocial- CAPS da Região Noroeste do Rio Grande do Sul. Estudo documental, quantitativo, descritivo em 196 prontuários de mulheres assistidas no CAPS I de Ijuí, em fevereiro e março de 2012. Projeto aprovado por Comitê de Ética, Parecer 033/2012. Variáveis: idade, estado civil, religião, filhos, residência, escolaridade, tempo e modalidades de tratamento, internações, sintomas. Dados analisados com estatística descritiva. 50% com 40-60 anos incompletos, 54,4% casadas, 84,7% com filhos, baixa escolaridade, 94,9% reside na cidade, 56,1% católicas, 48,3% em tratamento de 1-5 anos, 67,3% nunca internaram, 58,5% apresentaram primeiros sintomas com 30-50 anos, 48% estão na modalidade semi-intensiva, 39,8%não intensiva e, 12,2% intensiva. Resultados mostram efetividade do CAPS na atenção à mulheres depressivas. Estudos do perfil dessas mulheres podem contribuir para qualificar a assistência. PALAVRAS-CHAVE: Depressão; Mulher; CAPS; Equipe multiprofissional; Enfermagem; Perfil; Modalidades de atendimento; Assistência.

ABSTRACT

The research aims to analyze the profile and arrangements for care of women with a diagnosis of depression, assisted in a psychosocial center of attention-CAPS in the northwestern region of Rio Grande do Sul, Documentary, quantitative and descriptive study, 196 charts of women assisted in the CAPS I Ijuí, in February and March, 2012. Project approved by the Ethics Committee, Opinion 033/2012. Variables: age, marital status, religion, children, residence, education, time and modalities of treatment, hospitalization, symptoms. Data were analyzed with descriptive statistics. 50% with 40-60 years old, 54.4% married, 84.7% with children, low education, 94.9% live in the city, 56.1% are Catholic, 48.3% in the treatment of 1-5 years , 67.3% had never been hospitalized, 58.5% had first symptoms at 30-50 years old, 48% are in semi-intensive mode, 39.8% and 12.2% non-intensive and intensive. Results show the effectiveness of the CAPS attention to depressed women. Studies of the profile of these women may contribute to qualify for assistance.

KEYWORDS: Depression; Women; CAPS; Multidisciplinary Team; Nursing; Profile; Methods of Service; Assistance.

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RESUMEN

El estudio tiene el propósito de analizar el perfil y modalidades de atendimientos de mujeres con diagnostico medico de depresión, asistidas en un Centro de Atención Psicosocial - CAPS de la región del noroeste del estado del Rio Grande Del Sur. Estudio documental, Cuantitativa, descriptiva en 196 prontuarios de mujeres asistidas no CAPS I de Ijuí, en febrero y marzo de 2012. Proyecto aprobado por el Comité de Ética, Parecer 133/2012. Variables: edad, estado civil, religión, hijos, residencia, escolaridad, tiempo y modalidades de tratamientos, internación, síntomas. Datos analizados con estadística descriptiva. 50% con 40-60 años incompletos, 54,4% casadas, 84,7% con hijos, baja escolaridad, 94,9% con residencia en La ciudad, 56,1% de La religión católica, 48,3% en tratamiento de 1-5 años, 67,3% nunca tuvieron internación, 58,5% presentaran los primeros síntomas con 30-50 años, 48% están en La modalidad semi-intensivo, 39,8% no intensiva y 12,2% en la intensiva. Los resultados muestran efectividad del CAPS en la atención a las mujeres depresivas. El estudio del perfil de esas mujeres pueden contribuir para calificar la asistencia.

PALABRAS-CLAVE: Depresión; Mujer; CAPS; Equipo Múltiplos-Profesionales; Enfermería; Perfiles; Modalidades de Atendimientos; Asistencia.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO... 06

2 METODOLOGIA... 08

3 RESULTADOS... 09

4 DISCUSSÃO DOS DADOS... 12

5 CONCLUSÃO... 15

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1 INTRODUÇÃO

A depressão é um problema de saúde pública, evidenciado pelos elevados índices de incidência a cada dia, crescentes, em diferentes faixas etárias. O referido transtorno compromete o cotidiano das pessoas no âmbito pessoal, familiar, profissional e social. Estima-se que em 2020, a depressão será a segunda causa de incapacidade no mundo. Estudos internacionais e nacionais mostram que os sintomas de depressão e de ansiedade estão presentes, preferencialmente, em mulheres (MARTIN, QUIRINO e MARI, 2007). Como síndrome é caracterizada por um conjunto de sintomas que compreendem alterações no humor (tristeza, culpa), no comportamento (isolamento), nos padrões de pensamento e na percepção da pessoa (menor concentração, menos autoestima), queixas físicas (sono, alimentação, sexo) e alto risco de suicídio (FUREGATO, SANTOS e SILVA, 2008).

Estudos epidemiológicos realizados nos Estados Unidos mostram prevalência de depressão para o tempo de vida em 17,1% da população geral, principalmente em mulheres. Estima-se que o risco de desenvolver depressão, ao longo da vida, seja de 10% para homens e de 20% para mulheres. No Brasil, pesquisa mostrou que a depressão ocorre, igualmente, mais em mulheres, com variação de 3,8% a 14,5% (CRUZ, SIMOES e CURY, 2005). De acordo com o National Comorbidity Survey, a prevalência de depressão ao longo da vida foi de 17,1% na população norte-americana, acometeu 21,3% das mulheres e, 12,7 % dos homens. (VERAS e NARDI, 2008).

A depressão, atualmente, é considerada uma doença mental, assistida por profissionais da saúde, em hospitais gerais e em centros de atenção psicossocial-CAPS. O hospital geral surge com o objetivo de quebrar paradigmas recorrentes da história psiquiátrica e qualificar a assistência ao sujeito em sofrimento psíquico (CÁCERES, 2010). Os CAPS vem realizar o resgate da história, da construção da cidadania e do direito à vida (FILHO, MORAES e PERES, 2009).

O espaço do CAPS se constitui em uma das alternativas de solução dos problemas da Saúde Mental, um espaço de construção de um mundo aberto e reabilitador (FILHO, MORAES e PERES, 2009). A partir das Portarias Ministeriais 189/91, 224/92 e 336/02 e 189/02, os CAPS são definidos como serviços comunitários ambulatoriais, com a responsabilidade de cuidar de pessoas que sofrem de transtornos mentais. O atendimento nesses serviços ocorre de forma Intensiva, Semi-intensiva e Não intensiva. A primeira modalidade é diária e oferecida à pessoa em sofrimento psíquico ou em situação de crise. Já,

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na semi-intensiva, o usuário pode ser atendido até 12 dias no mês e em presença de sofrimento e desestruturação psíquica. A terceira modalidade, Não intensiva, é oferecida às pessoas que não requerem acompanhamento contínuo da equipe e podem ser assistidas até três dias no mês.

O trabalho no CAPS é construído por uma equipe multiprofissional que visa integração dos profissionais e troca de conhecimentos (VASCONCELLOS, 2010). O enfermeiro é um dos profissionais que integra a equipe, participa dos projetos terapêuticos e ações desenvolvidas neste espaço. A partir da criação dos CAPS, o enfermeiro é desafiado para uma assistência inovadora e promissora, que inclui coordenação de atividades grupais, grupos de estudo, reuniões de famílias e equipe, visitas, dentre outras. A atuação do enfermeiro remete a novas possibilidades de reflexão e atitudes no cuidado ao individuo em sofrimento psíquico, especificamente os com diagnóstico de depressão (FILHO, MORAES e PERES, 2009).

As atividades em um CAPS são direcionadas às necessidades do usuário, daí a ser importante reavaliar os conceitos de saúde e de doença. As formas de assistência ao sujeito em sofrimento psíquico devem ser diversificadas, analisadas pelos diferentes profissionais. A escuta, convivência começa a fazer parte de o novo cuidar na saúde mental. Este novo fazer deve possibilitar ao enfermeiro análise do seu cuidado. Neste caso torna-se necessário repensar e inventar uma nova prática de enfermagem, numa perspectivada de criação e imaginação. Trata-se de redimensionar o papel do enfermeiro, no sentido da relação de reciprocidade com usuário e familiares. As mudanças na prática da enfermagem em saúde mental requerem percepção, sensibilidade, criatividade e perspicácia para construção do conhecimento. Que não seja vinculada somente a aprendizagem, mas ao aprender a pensar e ser. Isto inclui aprender a ser, partilhar, a ver o doente mental merecedor de cuidados e atenção personalizados e integrais (FILHO, MORAES e PERES, 2009).

Com base nessas considerações, busca-se com a presente pesquisa responder a questão: qual o perfil de mulheres com diagnóstico de depressão, assistidas em um Centro de Atenção Psicossocial-CAPS I, bem como as modalidades de atendimento estabelecidas pela equipe? Visando respondê-la, tem-se como objetivo: analisar o perfil e modalidades de atendimento de mulheres com diagnóstico médico de depressão, assistidas em um CAPS da Região Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul.

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2 METODOLOGIA

O estudo realizado é quantitativo, descritivo, documental, desenvolvido no CAPS I do Município de Ijuí da região Noroeste Estado do Rio Grande do Sul. O CAPS é um centro de referência em doença mental, que compreende álcool e drogas. O usuário vem encaminhado da Unidade Básica de Saúde onde reside e é avaliado pela equipe multiprofissional. Após, é prescrito seu plano terapêutico.

Para a construção dessa pesquisa, foram observados todos os preceitos éticos que regem uma pesquisa com seres humanos, mesmo que de forma indireta (RESOLUÇÃO 196/96 DO CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE, BRASIL, 1996). A coleta de dados foi realizada após aprovação do projeto de pesquisa pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Unijuí, sob Parecer Consubstanciado n° 033/2012.

Integrou a mesma todos os prontuários das mulheres (196) com diagnóstico médico de depressão, assistidas no referido CAPS. Os dados foram obtidos diretamente dos prontuários das respectivas usuárias em tratamento, nos meses de fevereiro e março de 2012. Os instrumentos de coleta de dados utilizados foram: dados de caracterização, sociodemográficos e plano terapêutico, e incluíram as variáveis: idade, estado civil, religião, filhos, residência, escolaridade, idade que apresentou os primeiros sintomas, tempo de tratamento, número de internações e modalidades de tratamento.

Além dessas, foi analisado o plano terapêutico instituído para cada uma das mulheres assistidas, referente às modalidades de atendimento: Intensivo, Semi Intensivo e Não Intensivo. As informações obtidas dos prontuários das mulheres pesquisadas foram analisadas mediante estatística descritiva, com o auxilio do Software Estatístico SPSS e os resultados são apresentados em tabelas cruzadas.

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3 RESULTADOS

Na tabela 1 é apresentada a caracterização das 196 mulheres que integraram a pesquisa. Nesta observa-se que 50% delas estão na faixa etária entre 40 a 60 anos incompletos e as demais, em percentuais aproximados, nas outras faixas etárias.

Tabela 1. Caracterização das mulheres depressivas em um Centro de Atenção Psicossocial, Ijuí/RS, Fevereiro/2012.

Características N % válido Idade Menos de 30 30 |--- 40 anos 40 |--- 50 anos 50 |--- 60 anos 60 anos ou mais 30 36 56 45 29 15,3 18,4 28,6 23,0 14,8 Estado Civil* Casado Divorciado/Separado Solteiro Viúvo 98 28 25 7 54,4 15,6 13,9 3,9 Escolaridade*** Não alfabetizado Fundamental Incompleto Fundamental Completo Médio Incompleto Médio Completo Superior Incompleto Superior Completo 2 59 21 10 40 9 5 1,4 40,4 14,4 6,8 27,4 6,2 3,4 Religião** Católica Evangélico Outra 92 61 11 56,1 37,2 6,7 Filhos Sim Não 166 30 84,7 15,3 Número de filhos 1 a 3 filhos 4 a 6 filhos 7 ou mais filhos Não tem filhos

138 23 4 31 70,4 11,7 2,0 15,8 Onde mora Cidade Interior 186 10 94,9 5,1 % válido; *16 não informados; **32 não informados; ***50 não informados

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Em relação ao estado civil das mulheres, constata-se que metade delas é casada e as demais, em percentuais, igualmente aproximados, são solteiras, divorciadas ou em união estável. Evidencia-se que 5% delas são viúvas. Do total de pesquisadas, a maioria possui filhos e reside na zona urbana da cidade.

Quanto à escolaridade das mulheres, o maior percentual é das que cursaram o ensino fundamental incompleto, seguido das que concluíram o ensino médio. Observa-se também que os menores percentuais obtidos foram das que concluíram o ensino superior e das não alfabetizadas. No que tange a religião, constata-se que mais da metade professa a católica e um percentual próximo de 40%, a evangélica.

No período de coleta de dados diretamente dos prontuários das mulheres integrantes da pesquisa, observou-se falta de informações, mais especificamente, referentes a estado civil, religião e escolaridade.

Sequencialmente, na tabela 2 são descritas as variáveis “tempo de tratamento”, “número de internações”, “idade dos primeiros sintomas” e “plano terapêutico”. Nesta verifica-se que praticamente a metade delas está em tratamento para depressão de 1 a 5 anos. Observam-se percentuais aproximados, nos intervalos de 5 a 10 e de 10 a 15anos em tratamento da referida doença mental. Observou-se um número elevado (76) de registros incompletos nos prontuários, os quais não continham a informação referente à variável “tempo de tratamento”.

Em relação à variável “número de internações hospitalares”, constata-se que praticamente a maioria delas nunca internou e 20% internou uma única vez no hospital para tratamento da depressão.

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Tabela 2. Tempo de tratamento, número de internações, idade dos primeiros sintomas e plano terapêutico das mulheres depressivas em um Centro de Atenção Psicossocial, Ijuí/RS, Fevereiro/2012.

Características N % válido Tempo de tratamento* Menos de 1 ano 1 a 5 anos 5 a 10 anos 10 a 15 anos Mais de 15 anos Vários anos 13 58 23 18 6 2 10,8 48,3 19,2 15,0 5,0 1,7 Número de internações Não internou Uma vez Duas vezes Três vezes

Mais de seis vezes

132 38 12 6 8 67,3 19,4 6,1 3,1 4,1 Idade dos primeiros sintomas**

Menos de 30 30 |--- 40 anos 40 |--- 50 anos 50 |--- 60 anos 60 anos ou mais 23 35 34 18 8 19,5 29,7 28,8 15,3 6,8 Modalidades de atendimento Intensivo Semi-intensivo Não intensivo 24 94 78 12,2 48,0 39,8 *76 não informados; **78 não informados.

Observa-se que os primeiros sintomas de depressão nas mulheres pesquisadas foram relatados entre 30 a 50 anos de idade. Destaca-se que essa variável, igualmente em relação à descrita anteriormente, apresenta um número elevado de não informados, ou seja, 78 prontuários das mulheres pesquisadas não continha essa informação. Em relação ao plano terapêutico, constata-se que mais de 40% das mulheres encontram-se na modalidade de atendimento semi-intensivo, 38% não intensivo e o menor índice (12,2%) em atendimento intensivo.

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4 DISCUSSÃO DOS DADOS

Em relação à idade das mulheres pesquisadas, faixa etária de 40 a 60 anos de idade, vem ao encontro de estudos de Apóstolo et al(2011), com 179 mulheres que sofriam de depressão. Destas, 38% estavam na faixa etária entre 45-54 anos e vivenciavam o climatério e a menopausa. Polisseni et al (2009) em estudo com mulheres depressivas e climatéricas, afirmam que este é um período de mudança da fase reprodutiva para a não reprodutiva e que requer avaliação de alterações físicas, hormonais e psíquicas e portanto, podem influenciar na saúde mental.

Quanto à baixa escolaridade das mulheres integrantes da pesquisa, estudo realizado por Martin, Quirino e Mari (2007) sobre depressão em mulheres, evidenciou que o fator baixa escolaridade e situação econômica podem favorecer o desenvolvimento da depressão. Ruschi et al (2007), em uma investigação sobre depressão pós parto, evidenciou que quanto menor o grau de conhecimento da mãe, ou seja, a baixa escolaridade, maior a incidência de depressão pós-parto.

Em relação ao percentual elevado de mulheres casadas, pesquisa realizada por Borloti, Bezerra e Neto (2010) com mulheres e estressores vivenciados no relacionamento interpessoal, mostrou que a mulher é mais susceptível aos estressores devido ao acúmulo de atividades no cotidiano. Estes envolvem inúmeras questões, dentre elas, ser mãe, esposa, profissional, dentre outras. Um estudo realizado por Gimenis (2010) referente à trajetória histórica da mulher, concluiu que a mesma é preparada para ser educada, obedecer, ser passiva e nas relações conjugais, ser submissa e satisfazer o desejo do homem. Segundo o autor, não lhes era permitido à manifestação de sonhos e desejos, contribuindo para a ocorrência de depressão. Pesquisa realizada por Martin, Quirino e Mari (2007) relacionou a violência doméstica vivida pela mulher aos transtornos mentais e à depressão. Eles afirmam que a violência atua como um fator negativo à saúde mental das mulheres e, Pereira et al (2009),em estudo com 749 mulheres no climatério, afirmam que existe maior tendência de ansiedade em mulheres casadas e que a depressão pode estar relacionada com a trajetória de vida, experiências das mulheres, dentre outras.

Das mulheres pesquisadas, a maioria possui filhos. Esse resultado remete a estudo realizado por Beretta et al (2008), no qual evidenciaram que a maternidade pode ser um fator que contribui para o desenvolvimento da depressão, mais especificamente, o nascimento de um filho, o qual pode fazê-la reviver um problema antigo. Ruschi et al (2007), realizaram uma

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pesquisa com 292 mulheres com depressão pós parto e os fatores desencadeantes foram: número de gestação, partos, número de filhos vivos, tempo de relacionamento. Os autores evidenciaram que as mulheres que vivenciam estes fatores podem ter probabilidade maior de desenvolver depressão.

Quanto a variável residência das mulheres pesquisadas, o maior percentual delas reside na zona urbana, resultado que vem ao encontro de pesquisa realizada por Baptista, Vargas e Baptista (2008) na qual constataram que a maioria dos eventos negativos ocorre com maior frequência e número na zona urbana. Afirmam também que esse fato pode comprometer o bem estar e o cotidiano do individuo e levá-lo ao desenvolvimento de depressão.

O fato de a maioria das mulheres integrantes da pesquisa ora analisada, professarem a religião católica, vem ao encontro de estudo de Stroppa e Moreira (2008), o qual versou sobre a influência da religião e religiosidade na saúde. Os autores afirmam que a crença religiosa pode influenciar no estilo de vida, e que os maiores níveis de envolvimento religioso podem estar associados positivamente a indicadores de bem-estar psicológico. Eles se reportam a religião como fator de satisfação com a vida, felicidade, afeto, melhor saúde física e mental. Complementam, ao afirmarem que atualmente já existem cursos de medicina que contemplam em seus currículos a espiritualidade como proposta terapêutica.

Em relação a variável tempo de tratamento das mulheres pesquisadas, o maior percentual obtido foi no intervalo de 1 a 5 anos. Nesse sentido, estudo realizado por Gonçalves e Machado (2008), sobre a história de mulheres em depressão, mostrou que o tempo de depressão varia de pessoa para pessoa, algumas podem realizar tratamento por toda vida, outras apresentar apenas crises ou recaídas. Assim, o individuo pode apresentar desde uma depressão leve até uma depressão crônica e esta interfere no tempo de tratamento.

Quanto a variável “número de internações hospitalares”, foi constatado que praticamente a maioria das mulheres nunca internou, mas as que internaram foi pelo menos uma vez. Nesse contexto, pesquisa de Delfini, Roque e Peres (2009), realizada com 100 pacientes em um hospital filantrópico, a qual visou avaliar sintomas de ansiedade e de depressão. Eles constataram que em relação ao percentual de internações em hospitais gerais, 30% a 60% ocorrem por algum distúrbio psiquiátrico, com maior frequência, a depressão. Esses resultados remetem a repensar as formas de cuidado e ações de prevenção em saúde mental, no sentido de contribuir para a redução dos índices de internação hospitalar.

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A variável relacionada aos primeiros sintomas de depressão mostra que esses ocorreram nas mulheres de 30 a 50 anos de idade. Estudo realizado por Borloti, Bezerra e Neto (2010) contribui, ao pontuarem que os primeiros sintomas da depressão podem ocorrer na idade fértil, na qual a mulher vivencia diferentes transformações, físicas e psíquicas. Neste caso, segundo os autores, essas fases do ciclo reprodutivo podem contribuir para o estresse e torná-las mais vulneráveis para a ocorrência de transtornos psíquicos.

Em relação ao plano terapêutico instituído pela equipe responsável pelo cuidado dessas 196 mulheres que participaram da pesquisa, mais especificamente, as modalidades de atendimento, foi evidenciado que, a maioria das mulheres está inserida na modalidade de atendimento semi-intensivo. Nesse sentido, as modalidades de atendimento em Saúde Mental são preconizadas pelo Ministério da Saúde, o qual as estabelece com o objetivo de qualificar a atenção.

Cada modalidade de tratamento instituída pela equipe multiprofissional visa o bem estar do usuário. No caso deste apresentar sofrimento psíquico ou crise, o atendimento é intensivo; em quadros estabilizados de sofrimento e desestruturação psíquica, o atendimento é semi-intensivo e quando não requer acompanhamento contínuo da equipe, a modalidade de atendimento é não intensiva. Nesse contexto, Pinto et al (2011) se reportam as referidas modalidades e afirmam que elas fundamentam os projetos dos sujeitos que necessitam frequentar, semanalmente, o CAPS, de forma intensiva ou não. Em estudo realizado por Kantorski et al (2010) com 21 profissionais de um CAPS referente a concepção deles frente ao projeto terapêutico, mostrou que o mesmo é um importante mecanismo para a reabilitação do doente mental, desenvolvimento do cuidado integral, para a autonomia e inclusão social.

Outro fator importante evidenciado foi de se ter um número expressivo de registros incompletos, ou seja, nos prontuários das mulheres não constava a informação referente ao estado civil, escolaridade, religião, tempo de tratamento e primeiros sintomas de depressão. O prontuário é do usuário, de construção coletiva, neste devem ser registradas todas as ações, num universo de linguagens e de relações entre os saberes e as práticas dos profissionais que integram a equipe de saúde (MESQUITA e DESLANDES, 2010).

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5 CONCLUSÃO

A depressão é um transtorno que acomete o cotidiano das pessoas. A análise das informações contidas nos prontuários das 196 mulheres com diagnóstico médico de depressão, assistidas no CAPS I do Município de Ijuí, mostra que o perfil delas é: 50% na faixa etária de 40 a 60 anos incompletos, 54,4% casadas, 84,7% possuem filhos, 94,9%reside na zona urbana da cidade. Quanto a religião que professam, 56,1% são católicas. Do total de mulheres pesquisadas, 48,3% está em tratamento entre 1 a 5 anos, 19,2% de 5 a 10 anos, e 15% de 10 a 15anos. Em relação à internação hospitalar, 67,3% nunca internaram e 19,4%internaram uma vez e os demais, em percentuais menores, mais de duas vezes. Os primeiros sintomas foram identificados na faixa etária de 30 a 50 anos, totalizando 58,5%. Quanto as modalidades de tratamento instituídas pela equipe, 48% das mulheres está inserida na modalidade de atendimento semi- intensiva, 39,8% na não intensiva e 12,2% em atendimento intensivo.

Os resultados obtidos com essa pesquisa são importantes para profissionais de saúde que atuam em Saúde Mental, em especial para enfermeiros, no sentido de favorecer reflexões, discussões e ações que visem subsidiar políticas públicas de atenção a esse expressivo contingente populacional. Eles, igualmente mostram a efetividade do CAPS I na atenção às mulheres depressivas. Considera-se que estudos do perfil dessas mulheres são importantes e contribuem para qualificar a assistência.

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6 REFERÊNCIAS

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