• Nenhum resultado encontrado

Produção rural e sustentabilidade no município de Candelária/RS

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Produção rural e sustentabilidade no município de Candelária/RS"

Copied!
28
0
0

Texto

(1)

UNIJUÍ - UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

DEPARTAMENTO DE HUMANIDADES E EDUCAÇÃO CURSO DE GEOGRAFIA

PRODUÇÃO RURAL E SUSTENTABILIDADE NO MUNICÍPIO DE CANDELÁRIA/RS

Suzan Gewehr Trindade

(2)

SUZAN GEWEHR TRINDADE

PRODUÇÃO RURAL E SUSTENTABILIDADE NO MUNICÍPIO DE CANDELÁRIA/RS

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado ao Curso de Geografia da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUI, como requisito parcial para a obtenção do título de licenciado em Geografia.

(3)

À minha amada mãe Leocádia (in memoriam), que com seu amor e seu exemplo foi minha maior incentivadora, mostrando que tudo é possível com esforço e dedicação.

(4)

AGRADECIMENTOS

Ao meu esposo e grande companheiro Evandro, pelo apoio e incentivo nos momentos em que pensei que não seria possível continuar, e por todos os cuidados com nossa filha recém-nascida quando precisei me afastar para dedicar-me aos estudos.

Ao meu querido pai, que com toda a paciência me levou e me acompanhou nas pesquisas de campo.

À minha sogra, que com todo o carinho cuidou da minha filha quando precisei ir à campo.

À Minha filha Isadora, amor e razão da minha vida.

Aos professores do curso de Geografia, em especial, à professora Dóris, pela orientação e apoio na construção deste trabalho.

(5)

RESUMO

INTRODUÇÃO: Atualmente o desafio para a humanidade é o de tentar aliar o desenvolvimento à sustentabilidade, e isto vai muito além do campo ambiental, pois engloba também os aspectos sociais, históricos e culturais de cada sociedade. O meio ambiente precisa ser preservado e para isto, é também necessário que se encontre uma forma de conciliar a preservação com a produção, visando suprir as necessidades de consumo e reduzir os impactos ambientais. Para isto, a produção agrícola deve ser incentivada com o emprego de técnicas avançadas que possibilitem diminuir as agressões ao meio ambiente e que paralelamente, tais técnicas sejam portadoras de alta produtividade, visando suprir as necessidades do mercado e elevar o rendimento médio dos trabalhadores, para que estes não se sintam penalizados. Desta forma, para que a produção rural ocorra de maneira sustentável, é necessário que se busquem alternativas que permitam ao agricultor conciliar a produção e a preservação de forma harmônica, produtiva e satisfatória.

(6)

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 07

1. O MUNICÍPIO DE CANDELÁRIA...09

2. SUSTENTABILIDADE NO MEIO RURAL...12

2.1 Agricultura Familiar: agente principal em busca da sustentabilidade no campo. 13 2.2 Técnicas para uma agricultura sustentável e de base ecológica ... 14

2.3 AFECAN – Associação dos Feirantes de Candelária ... 18

2.3.1 Agroindústria Familiar e Museu Rural... 20

2.3.2 Floricultura ecológica e produtos da terra ... 22

2.3.3 Jovens empreendedores do campo ... 24

3 CONSIDERAÇOES FINAIS... 26

(7)

INTRODUÇÃO

O meio ambiente ultrapassa o natural, pois é também o meio onde o homem vive e atua, histórica e socialmente. Assim, o meio ambiente é também o meio geográfico, pois contém a natureza e a sociedade localizadas, e situadas histórica e espacialmente.

Atualmente o meio natural foi substituído pelos espaços urbanos, e estes, são o palco das relações entre a comunidade humana e o meio físico. Desta maneira é impossível definir o meio ambiente sem levarmos em conta a relação homem/natureza, visto que a natureza é socializada pelo homem.

As intervenções na natureza aumentam gradativamente na medida em que o homem procura satisfazer suas necessidades e seus desejos crescentes, e estas necessidades por vezes geram conflitos no que se refere ao uso dos espaços e ao aproveitamento dos recursos.

A partir da segunda metade do século XX, a humanidade começou a vivenciar o conflito entre o crescimento econômico e a preservação ambiental, e o conceito de Desenvolvimento Sustentável vem para associar a temática econômica com a temática ambiental.

Se o que move uma nação é a sua economia, precisamos também levar em conta as consequências geradas pelo modo de desenvolvimento econômico que cada país e sociedade implantam. Hoje, o maior desafio para a humanidade é o de tentar aliar desenvolvimento e sustentabilidade, e isto vai muito além do campo ambiental, pois engloba também os aspectos sociais, históricos e culturais de cada nação e sociedade.

O meio ambiente precisa ser preservado e para isto, é também necessário que se encontre uma forma de conciliar a preservação com a produção, visando suprir as necessidades de consumo e reduzir os impactos ambientais.

Candelária é um município que possui sua economia baseada na produção rural de pequenas propriedades. Este trabalho visa investigar e entender de que maneira os produtores rurais tentam, dentro da sua realidade, amenizar os impactos e conciliar a produção rural com a preservação ambiental no município.

Em um primeiro momento, foi feito contato com Secretaria Municipal de Agricultura e Meio Ambiente e também com a Emater, buscando-se ter um ponto de partida com respeito às propriedades rurais a serem pesquisadas. Ambos os órgãos indicaram as propriedades que tentam produzir de forma sustentável.

(8)

A Secretaria de Meio Ambiente enfatizou ainda que, embora haja uma grande necessidade das propriedades adaptarem-se à sustentabilidade, poucas aderem ao modo sustentável de produção, pois a grande maioria quer aumentar a produção e obter lucro a qualquer custo.

Este trabalho visa buscar o entendimento sobre de que forma os produtores rurais conciliam a produção com a preservação, praticando uma agricultura sustentável; quais são as técnicas utilizadas para plantio, cultivo, colheita; quais as técnicas para prevenção de pragas e para adubagem das lavouras; há incentivos do governo; e qual o entendimento de cada produtor a respeito da sustentabilidade e da preservação do meio ambiente.

Esta pesquisa foi desenvolvida com base em pesquisas bibliográficas; pesquisas em sites da internet; contato e pesquisa na Secretaria Municipal de Agricultura e Meio Ambiente de Candelária e na Emater/RS - Ascar; e também, coleta de dados em pesquisa de campo, cujos resultados veremos a seguir.

(9)

1. O MUNICÍPIO DE CANDELÁRIA

Candelária é um município de porte médio, com área total de 944 Km2, pertencente à Região Geográfica Sul do estado do Rio Grande do Sul, à Mesorregião Centro Oriental Rio-Grandense e à Microrregião Santa Cruz do Sul. Possui uma população (2010) de 30.171 habitantes e sua densidade demográfica é de 32 hab./Km2, com um Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M) de 0,757.

O município faz limite com os municípios de Rio Pardo, Santa Cruz do Sul, Vera Cruz, Vale do Sol, Cerro Branco, Passa Sete e Sobradinho, e fica à uma distância de 195 km de Porto Alegre.

As principais vias de acesso ao município são a RS 287, RS 153, RS 400 e RST 410. A altitude da sede é de 70 metros e a região encontra-se em uma área de transição entre os domínios morfoclimáticos das Araucárias e das Pradarias. Seu clima é subtropical com zonas úmidas.

Com origem na colonização alemã, assim como a maior parte dos municípios do Vale do Rio Pardo, Candelária possui 4.725 propriedades rurais, com média de 40ha.

Os principais pontos turísticos e locais de lazer são a Praça Alberto Blanchardt da Silveira, Cerro Botucaraí, Ponte do Império, Cascata Ferradura, Aqueduto, Cascata Véu de Noiva, Praia Carlos Larger, Redução Jesus Maria, Fósseis de Dinossauros, Rampa de Vôo Livre, Casa de Cultura Marco Mallmann e Museu Municipal Aristides Carlos Rodrigues.

Economicamente, o município possui indústrias calçadistas, moveleiras, de construção e alimentícias que geram emprego para grande parte da população urbana, e outra parte desta população trabalha no comércio. A economia está também fortemente relacionada com a plantação de fumo, principal cultura da região. Ocorre também a rotação de culturas com o plantio de feijão, soja e milho, e o plantio de arroz irrigado nas várzeas e áreas irrigadas.

A agricultura familiar tem uma participação muito representativa na agricultura do município, onde são produzidos produtos como derivados do leite, cana de açúcar, mel e hortifrutigranjeiros cujo excedente é vendido no comércio local e na feira de produtores rurais. Muitas propriedades associam o plantio com a criação de ovinos, gado de corte, gado leiteiro, suínos ou aves.

A forma de trabalho e também o nível de desenvolvimento de determinada propriedade rural, estão fortemente relacionados com as tecnologias que lhe são acessíveis,

(10)

bem como a herança cultural de seus proprietários e o conhecimento adquirido no dia-a-dia da produção.

As fontes de energia (combustíveis e energia elétrica) não são produzidas na cidade. A água utilizada para consumo humano e também para a irrigação das lavouras vem do rio Pardo.

(11)

Localização - Fonte: IBGE

(12)

2. SUSTENTABILIDADE NO MEIO RURAL

Quando pensamos em sustentabilidade, o primeiro termo que nos remonta é o de Desenvolvimento Sustentável.

A Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento define Desenvolvimento Sustentável como “aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras satisfazerem a suas próprias necessidades”.

A Constituição Federal de 1988 em sua Carta Magna refere-se da seguinte forma à defesa dos direitos do meio ambiente em seu art. 225, caput. :

“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preimpondo-servá-lo para as presentes e futuras gerações”.

Sobre o desenvolvimento sustentável, a ECO/92 tem como seu princípio de número 4: “A fim de alcançar o desenvolvimento sustentável, a proteção do meio ambiente deverá constituir-se como parte integrante do processo de desenvolvimento e não poderá ser considerada de forma isolada”.

No meio rural, sustentabilidade importa a união de três quesitos: sustentabilidade econômica, social e ambiental.

Praticar uma agricultura sustentável e de base ecológica implica em realizar uma transição da agricultura convencional para a agricultura sustentável. Significa utilizar de forma sustentável os recursos naturais e aplicar métodos que não agridam o ambiente, resultando em alimentos mais saudáveis para quem produz e para quem consome.

Para isto, a produção agrícola deve ser conciliada com o emprego de técnicas que possibilitem diminuir as agressões ao ambiente e que sejam portadoras de alta produtividade, visando suprir as necessidades do mercado e elevar o rendimento médio dos trabalhadores. Desta forma, o produtor busca e utiliza alternativas que permitam conciliar a produção e a preservação de forma harmônica, produtiva e satisfatória.

(13)

Segundo VEIGA (1994), são vários os objetivos a serem alcançados pelo desenvolvimento sustentável quanto a práticas agrícolas:

“A manutenção por longo prazo dos recursos naturais e da produtividade agrícola; O mínimo de impactos adversos ao ambiente; Retornos adequados aos produtores; Otimização da produção com mínimo de insumos externos; Satisfação das necessidades humanas de alimentos e renda; Atendimento das necessidades sociais das famílias e das comunidades rurais”.

O palco principal para a agricultura sustentável geralmente são as pequenas propriedades em que a agricultura familiar é a forma de produção, onde os próprios agricultores dirigem o processo produtivo por meio da diversificação e do trabalho familiar.

Na região do Vale do Rio Pardo, a alta produtividade das pequenas propriedades de agricultura familiar, contrasta com grandes áreas ocupadas pelas lavouras de monoculturas como fumo e arroz irrigado e as pastagens de pecuária extensiva.

A constatação da importância da produção agrícola em pequenas propriedades surge como uma nova e mais diversificada alternativa de produção à agricultura convencional das grandes propriedades, pois opta pelo uso de práticas tradicionais que possuem menor impacto sobre o ambiente além de produzirem de forma mais diversificada durante o ano todo gerando renda e oferecendo maior variedade de produtos ao mercado.

2.1 Agricultura Familiar: agente principal em busca da sustentabilidade no campo

A agricultura familiar é um importante instrumento de desenvolvimento socioeconômico do país. Segundo dados do IBGE, pelo Censo Agropecuário Brasileiro de 2006, a agricultura familiar abrangia 84,4% do campo, absorvendo 74,4% da mão de obra - cerca de 12 milhões de pessoas -, com uma produção que abastece o mercado interno de alimentos e de matérias-primas. O Censo Agropecuário de 2009 do IBGE mostra que a agricultura familiar produz 70% dos alimentos consumidos diariamente por brasileiros em

(14)

apenas 24% da terra agricultável no país, sendo 89% mais produtiva do que a agricultura patronal e responsável por 10% de todo o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.

O documento “Diretrizes de Política Agrária e Desenvolvimento Sustentável para o Brasil” apresentado em 1994 pela FAO/INCRA denota a dimensão social da sustentabilidade, pois menciona que:

“para alcançá-la a sociedade brasileira deve optar pelo fortalecimento e expansão da agricultura familiar através de políticas públicas como forma de reduzir os problemas sociais, englobando políticas agrícolas, industriais e agrárias de curto, médio e longo prazo”. FAO/INCRA (1994).

A agricultura sustentável implica na necessidade de rompimento com velhos conceitos de que ela resultaria em produtos de menor qualidade e menor valor de mercado, de agricultura de baixa renda, pequena produção ou agricultura de subsistência. Ou seja, é preciso estar aberto às mudanças e principalmente, que se desenvolva um novo olhar sobre este meio de produção, para que se possa usufruir de todas as vantagens que ele oferece: sustentabilidade econômica, social e ambiental.

É também fundamental o desenvolvimento de uma consciência ecológica, mas principalmente a necessidade de cada agricultor sentir-se parte integrante do ambiente, e optar por preservá-lo por estar preservando também o seu meio. E este, como já foi mencionando anteriormente, ultrapassa o natural, pois é o meio onde o homem vive e atua, histórica e socialmente. Ou seja, é o meio geográfico, pois contém a natureza e a sociedade localizadas, e situadas histórica e espacialmente.

Dito isto, é impossível definir o meio ambiente sem levarmos em conta a relação homem/natureza, visto que a natureza é socializada pelo homem. Se o homem se colocar no papel de integrante do ambiente, mais fácil acontecerão as mudanças nas suas concepções de sustentabilidade, e a produção acontecerá de forma simples, natural e bem sucedida.

2.2 Técnicas para uma Agricultura Sustentável e de base ecológica

Os impactos negativos causados ao meio ambiente são consequências de desmatamentos, queimadas, redução da biodiversidade, emissão de gases de efeito estufa,

(15)

mudanças climáticas, uso indiscriminado de agroquímicos, degradação do solo, poluição da água e diminuição da sua disponibilidade. Para mudar este cenário e conciliar consumo/produção/sustentabilidade, é necessário que se adotem técnicas e alternativas sustentáveis que busquem otimizar o manejo do o solo e da água, e que paralelamente possibilitem ao produtor aumentar e diversificar a sua renda.

No meio rural, produzir de forma sustentável requer o conhecimento de técnicas simples e acessíveis que viabilizem e coloquem a sustentabilidade ao alcance de todos. A Emater/RS- Ascar e seus parceiros buscam recuperar e valorizar os conhecimentos e saberes adquiridos pela experiência dos agricultores, e unir a isto o saber científico, para que se possam criar condições para produzir alimentos mais saudáveis preservando o meio ambiente. Para isto, fomos buscar por meio de pesquisa junto à Emater/RS- Ascar algumas das principais técnicas que podem ser utilizadas pelos produtores rurais em suas propriedades:

Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN) - é considerado um dos processos naturais mais importantes do planeta, ao lado da fotossíntese. É realizada por bactérias presentes no solo, ou adicionadas via inoculantes, que se associam às plantas, geralmente às raízes, captam e transformam o nitrogênio do ar. Possibilita a troca de nutrientes e diminui a necessidade de adubação química nitrogenada. Essa tecnologia, que envolve o uso de bactérias fixadoras de nitrogênio, gera maior rendimento na produção, ajuda a recuperar áreas degradadas, melhora a fertilidade do solo e a qualidade da matéria orgânica, reduz o uso de insumos industriais na agricultura e contribui para reduzir a emissão de gases de efeito estufa (GEE).

Tratamento de Resíduos Animais - Neste caso, existe uma pergunta pertinente: O que fazer com os resíduos da produção animal, potenciais poluidores dos solos, águas e causadores de desequilíbrios climáticos por meio da produção dos gases de efeito estufa (GEE)? A melhor forma de solucionar o problema gerado pelos resíduos animais é utilizá-los e reciclá-los para o uso agrícola. O tratamento da matéria orgânica é capaz de produzir resultados para a geração de energia como o biogás e para o uso agrícola em forma de biofertilizante para adubação das plantações, podendo substituir os fertilizantes químicos. Estes dois processos possibilitam a melhoria das condições ambientais das propriedades rurais, além da economia com energia elétrica e também a segurança alimentar, pois reduz o

(16)

uso de fertilizantes químicos, substituídos pelo adubo orgânico. E, principalmente, contribui para a redução de emissão dos gases de efeito estufa (GEE).

Sistema de Plantio Direto – Este é um dos mais eficientes e sustentáveis sistemas de produção agrícola. Baseia-se em três princípios: não arar ou gradear o solo antes do plantio, mantê-lo coberto com restos vegetais ou com plantas vivas durante o ano e promover a rotação de culturas. Tais atitudes diminuem os processos erosivos e a degradação do solo, possibilitam também, a melhoria de seus atributos químicos, físicos e biológicos, mantém a umidade natural e aumentam a sua matéria orgânica. Desta forma, reduz os custos e aumentam a produção, favorecendo o meio ambiente e o agricultor.

Segundo a Emater/RS- Ascar:

O Brasil é líder em produção agrícola com esse sistema, graças ao empenho, ao empreendedorismo e à capacidade de inovação do agricultor brasileiro, que, com apoio da pesquisa e assistência técnica, promoveu uma expansão da adoção do sistema em todos os biomas. Por exemplo, esse sistema já é adotado em mais de 50% das lavouras de grãos no Brasil. E o objetivo é ampliar seu uso, que traz impactos positivos para produtores rurais de todo o País, em termos de aumento na produtividade, com ganhos ambientais, sociais e econômicos.

Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF) - É uma das mais importantes formas para uma produção agropecuária sustentável, pois baseia-se na possibilidade de integrar as atividades agrícolas, pecuárias e florestais na mesma área. Os benefícios dessa estratégia de produção são a diversificação na renda do produtor rural, a redução do desmatamento, e a diminuição das emissões de gases de efeito estufa (GEE). Possibilita ainda melhorias no solo, equilibrando a utilização dos recursos naturais e mantendo a qualidade das águas.

Segundo a Emater/RS- Ascar, tal tecnologia possibilita duplicar a produção de grãos e de produtos florestais e triplicar a produção pecuária nos próximos 20 anos, apenas com a recuperação de pastagens degradadas e sem a necessidade de desmatamento. Com seu uso, ganham a economia, o produtor e o planeta.

Sistemas de Produção Sustentável – Agricultura Orgânica - “Alimentos orgânicos: Faz bem para quem consome, faz bem para quem produz; Faz bem para a

(17)

natureza, faz bem para a sociedade.” (Emater/RS- Ascar). A produção orgânica é uma forma de cultivo que não utiliza adubos químicos e nem pesticidas, priorizando o uso de recursos naturais renováveis locais, utilizando tecnologias que visem à conservação do ambiente e da biodiversidade. Segundo a Emater/RS- Ascar, o Brasil é o 4º maior produtor em Agricultura Orgânica e vem crescendo cerca de 20% ao ano.

Na produção orgânica, os alimentos in natura e industrializados são produzidos nas épocas mais apropriadas, respeitando o ciclo natural de cada espécie, para que possam ter máxima qualidade. É na estação de cada espécie que elas alcançam seu ápice em termos de sabor, aroma, vitaminas e minerais. A colheita na época correta também as torna mais nutritivas. Desta forma, são oferecidos alimentos produzidos na região, respeitando os ciclos naturais, de forma mais saudável, barata e livre de resíduos químicos sintéticos e que se conservam por mais tempo. Ou seja, a qualidade destes alimentos é muito maior.

Produzir alimentos fora do ciclo natural geralmente exige grandes quantidades de fertilizantes e agrotóxicos químicos, o que além de elevar o custo da produção ainda é extremamente prejudicial à saúde humana e ao meio ambiente, visto que provoca a formação de agroecossistemas cada vez mais resistentes ao seu uso, criando um circulo vicioso quanto à demanda e oferta das quantidades empregadas na terra e água.

Rotação de Culturas – Operação colher/semear - O uso indevido do solo com relação a sua vocação agrícola causa degradação, e a ausência da rotação de culturas reduz a infiltração da água causando erosão e perda dos nutrientes. A operação colher/semear tem como vantagens otimizar o uso da terra, propiciando obter o maior número de safras ao ano; aumentar a produtividade, melhorar a atividade biológica e a fertilidade do solo; manter o solo sempre coberto para que preserve sua umidade e nutrientes; produzir grande quantidade de resíduos culturais que podem ser utilizados como fertilizante ou no trato dos animais; reduzir a perda de água e erosão.

Outras alternativas que podem ser utilizadas para produzir de forma sustentável:  Semear plantas de cobertura ou adubação verde em pomares. Gramíneas como a aveia (Avena sativa L.) ou leguminosas como a ervilhaca (Vicia sativa L.) são boas opções;

 Cultivar plantas repelentes de insetos em hortas. Exemplo: manjericão (Ocimum basilicum) e tagetes (Tagetes patula);

(18)

 Utilizar extrato de plantas como inseticidas e repelente de insetos. Exemplo: alho (Allium sativum L), pimenta (Capsicum spp) e cinamomo (Melia azedarach L.).

Utilizar óleos de nim (Azadiractha indica A. juss.) e mamona (Ricinus comunnis L.) no controle de pragas em hortaliças.

Estas e outras técnicas buscam soluções para o manejo adequado do solo e da água, possibilitando seu uso de forma mais eficiente e sustentável, respeitando o os ciclos naturais e os microssistemas ecológicos, e produzindo de forma mais saudável e eficiente.

2.3 AFECAN – Associação dos Feirantes de Candelária

A partir do contato com a Secretaria Municipal de Agricultura e Meio Ambiente e também com a Emater/RS - Ascar, obteve-se um ponto de partida com respeito às propriedades rurais a serem pesquisadas. Ambos os órgãos indicaram as propriedades que tentam produzir de forma sustentável no município e todas elas fazem parte da AFECAN – Associação dos Feirantes de Candelária.

A AFECAN - Associação dos Feirantes de Candelária é uma importante associação que surgiu no início da década de 80 pela iniciativa de quatro famílias de produtores rurais que gostariam de comercializar o excedente produzido. Atualmente participam cerca de 20 famílias que produzem cerca de 170.000 kg de produtos ao ano, entre hortifrutigranjeiros e seus derivados, derivados do leite, derivados da cana de açúcar e produtos coloniais em geral.

São requisitos para participar da associação: ser uma pequena propriedade rural, que tenha sua base na agricultura familiar, e que produza exclusivamente de forma orgânica/sustentável. Ou seja, nenhum produto poderá ser produzido com o uso de agrotóxicos, fertilizantes ou pesticidas químico-sintéticos. Toda a matéria prima deverá ser produzida na propriedade ou adquirida entre os associados e produtores.

A associação tem reuniões mensais que são intercaladas entre a sede da Emater de Candelária e as propriedades das famílias participantes. Tais reuniões servem para a troca de experiências, troca de sementes crioulas e de mudas, dicas de como produzir, e técnicas para a agricultura orgânica.

(19)

Com o auxílio e incentivo da Emater/RS- Ascar em parceria com a Fundação GAIA de José Lutzenberger, cujo objetivo é promover a consciência ecológica e o desenvolvimento sustentável, orientando e acompanhando a pratica da agricultura ecológica, regenerativa, a educação ambiental e a conscientização ecológica para a comunidade, e também, com o apoio do CAPA – Centro de Apoio ao Pequeno Agricultor que busca contribuir para a afirmação da agricultura familiar como parte de uma estratégia de desenvolvimento rural sustentável, a AFECAN vem crescendo, encontrando seu espaço e destacando-se na produção de produtos orgânicos na região.

De tempos em tempos são realizados cursos e palestras visando oportunizar aos homens, mulheres e jovens do campo, a construção de conhecimentos tecnológicos ajustados às atividades agroindustriais e de produção, alinhadas ao desenvolvimento sustentável, objetivando:

 Melhoria na qualidade de vida;  Agregação de renda;

 Resgate da cidadania;

 Preservação do meio ambiente;

 Promoção da educação ambiental, consciência ecológica e reforço os laços com o meio ambiente.

Tais cursos são realizados pela Emater/RS- Ascar em convênio com a Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Governo Estadual, em parceria com entidades públicas e privadas, buscando o desenvolvimento social, econômico, ambiental e cultural da família rural no Rio Grande do Sul.

Parte das famílias associadas à AFECAN participa do Programa Nacional de Alimentação Escolar - PNAE criado pelo governo federal. Este programa determina a utilização de no mínimo, 30% dos recursos repassados pelo FNDE para alimentação escolar, na compra de produtos da agricultura familiar e do empreendedor familiar rural ou de suas organizações. O programa objetiva que, sempre que possível, a aquisição de gêneros alimentícios para a merenda escolar seja realizada no mesmo município das escolas, e as escolas poderão complementar a demanda entre agricultores da região, território rural, estado e país, nesta ordem de prioridade. Segundo o programa:

(20)

 Para a agricultura familiar, é uma excelente possibilidade de comercializar seus produtos no próprio município, sem custos secundários com transporte;

 Para os escolares, é uma possibilidade de qualificar sua alimentação com alimentos frescos, saudáveis e diversificados;

 Para o município, é o estímulo ao desenvolvimento rural;

 Para o ambiente, é uma possibilidade de educação agroecológica e recuperação dos microssistemas ecológicos.

Ao todo são 44 diferentes produtos que são fornecidos às escolas do município de Candelária e da região, seguindo o calendário agrícola de sazonalidade. Para suprir as necessidades do programa, os associados da AFECAN fazem um rodízio onde cada um fornece os produtos que tem disponível, até que sejam fechadas as quantidades necessárias para o programa.

2.3.1 Agroindústria Familiar e Museu Rural

A primeira propriedade visitada está localizada em Alto Passa Sete, cerca de 16km da sede do município de Candelária. A Agroindústria familiar produz derivados de cana-de-açúcar como melado, cana-de-açúcar mascavo, schmier colonial, rapaduras, puxa-puxa e cri-cri. Seu proprietário é um dos fundadores da AFECAN - Associação dos Feirantes de Candelária.

Inicialmente a família trabalhava exclusivamente no plantio do fumo, utilizando o chamado “pacote tecnológico” que incluía a ampla a utilização de agrotóxicos visando a redução dos inimigos naturais da planta e aumentando a produção. Com o passar do tempo, a família percebeu que sua saúde estava ficando frágil, pois além da superexposição aos agrotóxicos e fertilizantes químicos, tal cultura ainda exigia que os trabalhadores ficassem expostos ao sol por muito tempo e a produtividade da propriedade era baixa com um único tipo de cultura, além de gerar uma renda limitada e alcançada apenas uma vez ao ano – durante a safra.

Há cerca de 30 anos a família optou por deixar a cultura do fumo e investir em uma vida mais saudável. O que teria despertado a consciência deles para uma vida mais ecológica e saudável,foi uma palestra realizada naquela localidade no final da década de 70, onde um médico chamava a atenção da população do campo para os perigos de trabalhar e consumir

(21)

produtos com agrotóxico. Neste momento, além de todas as questões que envolvem a saúde, uma outra questão os fez refletir “se o fumo acaba, o fumante até pode viver sem o fumo, mas se a comida acaba, ele não pode viver sem a comida – sem o boião ninguém pode viver”. A partir daí, a família decidiu por uma alternativa de vida e de produção mais saudável para eles e para o ambiente.

Tomada a decisão de produzir de forma saudável, a primeira iniciativa foi desfazer-se dos agrotóxicos que ainda existiam na propriedade e buscar novas alternativas de produção.

Com o auxílio da Emater/RS- Ascar, a família realizou cursos e conquistou o Certificado de Produção Orgânica pela Rede Ecovida – Certificação Participativa.

Ao longo dos anos, a família produziu hortifrutigranjeiros e derivados da cana-de-açúcar para o comércio na feira de produtores rurais e para seu consumo próprio.

Há cerca de seis anos a família aderiu ao Programa Agroindústria Familiar do governo estadual, o qual financiou R$ 40 mil através do PRONAF MAIS INDÚSTRIA. O dinheiro foi investido na construção de um prédio e na compra de equipamentos para o seu empreendimento. Atualmente a família produz hortaliças e legumes, milho e feijão apenas para consumo próprio, também cria gado, porcos e galinhas. A produção da cana-de-açúcar, amendoim e frutas é destinada para os produtos da agroindústria que são: derivados da cana-de-açúcar como melado, açúcar mascavo e puxa-puxa, schmier colonial, rapaduras, e cri-cri.

Neste mesmo período, um curso sobre Turismo Rural promovido pelo SENAR – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural em parceria com o Sindicato Rural de Candelária despertou o potencial turístico da propriedade da família, que possuía um grande acervo de equipamentos, utensílios e materiais da cultura alemã. Desta forma, surgiu o Museu Rural. A família reformou um galpão e montou um belo museu, aberto a visitação e parte integrante da “Rota Caminho dos Tropeiros”, roteiro turístico do município. As visitas são agendadas e tem o custo e R$ 1,00 por pessoa. Desta forma, além de preservar a história da colonização, é também uma oportunidade da família complementar a renda e vender seus produtos para os visitantes.

Algumas importantes colocações mencionadas pela família com relação à agricultura orgânica:

 É necessário gostar de consumir produtos orgânicos para gostar de produzi-los;  É fundamental a consciência ecológica, o amor pela terra e pelo ambiente;  É necessária a preservação da cadeia natural;

(22)

 É preciso paciência até que a terra e o ambiente degradado se recupere;  É notável a melhoria da qualidade de vida e das condições de trabalho;

 A propriedade se tornou mais verde, a flora mais rica e aumentaram as espécies da fauna que frequentam o ambiente;

 Os legumes e verduras são mais saborosos;

As técnica utilizada para o cultivo é a rotação de culturas. Como fertilizantes são utilizados o esterco animal e matéria orgânica. O controle de pragas é feito com produtos caseiros e totalmente ecológicos como o óleo de nin e de mamona, o plantio de espécies repelentes à insetos e receitas ecológicas formecidas pela Emater-RS/Ascar, além da preservação da cadeia natural e do microssistema ecológico.

Quando questionados sobre qual levantamento fariam da sua experiência com a agricultura sustentável, afirmam:

A partir do momento em que começamos a trabalhar de forma ecológica, nossa vida melhorou muito em termos de saúde e também financeiramente. Somos uma família pequena e produzimos dentro das nossas limitações, mas hoje temos tranquilidade e estabilidade financeira e podemos investir na nossa propriedade. Visto isso, nosso filho que morava e trabalhava na cidade voltou para o campo, está trabalhando conosco e vai tocar tudo para nós no futuro. Queremos preservar a propriedade para ele e para nossas futuras gerações. Hoje temos uma vida mais saudável e tranquila e podemos ter uma boa visão do futuro. Ganhamos muito com esta escolha.

2.3.2 Floricultura ecológica e produtos da terra

A segunda propriedade fica à 10 km da sede do munícipio de Candelária, na localidade de Sesmaria do Pinhal, às margens da rodovia RSC 287.

A proprietária adquiriu a propriedade a cerca de três anos, quando resolveu sair da cidade e ir morar no campo com o objetivo de ter uma melhor qualidade de vida e ficar próxima à natureza.

Junto com as duas filhas e o esposo que largou a construção civil para trabalhar com a família no campo, a proprietária transformou a propriedade que antes cultivava apenas fumo, em uma propriedade mais verde e ecológica. O pomar existente foi preservado e ao pé das

(23)

mais de 30 árvores frutíferas o solo que antes era pobre e limpo, agora é coberto por espécies nativas de gramíneas e arbustos. A antiga lavoura de fumo foi substituída pelo plantio de batatas, aipim, milho, feijão e hortaliças. Entre as árvores da propriedade, caixas de abelha para coletar o mel silvestre.

Tudo o que é produzido é vendido na feira de produtores rurais. São diversos tipos de frutas, flores, hortaliças e mel.

As técnica utilizada para o cultivo é a rotação de culturas. Como fertilizantes é utilizada uma mistura de terra do mato com matéria orgânica (galhos e folhas secasa) e farinha de osso. As sementes crioulas são adquiridas pela troca entre os integrantes da AFECAN, ou na Casa do Produtor Rural no Município de Santa Cruz do Sul. O controle de pragas é feito com produtos caseiros e totalmente ecológicos como a pasta de mamona, óleo de nin, extrato de urtigão e o plantio de espécies repelentes como a, tagetes (Tagetes patula), a beldroega (Portulaca oleracea) e o caruru (Amaranthus deflexus), além da preservação da cadeia natural e do microssistema ecológico. Também é seguido o calendário agrícola com os ciclos de plantio e as fases da lua adequadas.

A água para irrigação das espécies vem de um córrego que corta a propriedade.

A proprietária participou de diversos cursos realizados pelo SENAR e Sindicado Rural, e pela Emater/RS – Ascar e procura estar sempre atualizada nas técnicas de cultivo e agroecologia. No momento ela está fazendo um curso de Paisagismo e Produção de Mudas Ornamentais por correspondência, pela Universidade de Viçosa/MG, e seu principal objetivo é cultivar e vender flores e folhagens.

Em sua propriedade, às margens da rodovia RSC 287, ela construiu uma estrutura que futuramente irá abrigar a sua floricultura ecológica. Atualmente vende seus produtos (mel, frutas, flores e hortaliças) todas as quintas-feiras, na Feira do Produtor Rural de Candelária.

Algumas considerações feitas por ela, quando questionada sobre a mudança da cidade para o campo, e sobre a prática da agricultura sustentável:

 A qualidade de vida melhorou muito com a mudança para o campo, pois agora a família trabalha de forma mais unida e consome produtos mais saudáveis produzidos por eles mesmos ou adquiridos na feira rural;

 A propriedade melhorou nos aspectos ecológicos com o abandono do cultivo de fumo, com a reestruturação da flora e a produção orgânica;

(24)

 A família pode vivencia e pode visualizar um futuro mais seguro quanto aos aspectos financeiros;

 O ambiente foi reestruturado e recuperado e está retribuindo para eles na forma de produtos bonitos e saudáveis que são cultivados de forma sustentável.

2.3.3 Jovens empreendedores do campo

A terceira pertence a um casal de jovens e fica à 7 km da sede do município, às margens da rodovia RS 400, na localidade de Passa Sete.

Os 12 hectares de terra são herança da família que sempre morou e produziu no meio rural. Na década de 80, seus pais ajudaram a fundar a AFECAN - Associação dos Feirantes de Candelária e no ano de 2005 passaram a propriedade para os filhos administrarem. Atualmente trabalham cinco pessoas.

Nesta propriedade todos os potenciais são aproveitados. Aqui são produzidos mais de 40 tipos de hortaliças, cerca de 20 tipos de frutas, flores de corte, produtos de origem animal, além de bolos, bolachas, pães, massas e geleias. Há criação de porcos, ovelhas, galinhas, vacas leiteiras e de corte, e peixes num pequeno açude.

As hortaliças são produzidas em estufas irrigadas com água do poço artesiano e também vinda da nascente de uma propriedade vizinha. Como fertilizantes são utilizados esterco animal e material orgânico coletado na propriedade. O cultivo é com rotação de culturas.

O controle das pragas é feito exclusivamente com produtos ecológicos fornecidos pela Emater/RS - Ascar, com os óleos de nin ou mamona, e com o plantio de espécies repelentes como alho (Allium sativum L), pimenta (Capsicum spp), manjericão (Ocimum basilicum).

Segundo o proprietário:

O ponto negativo deste tipo de controle é que quando ocorre alguma praga mais resistente, a perda da safra é inevitável. Este ano, por exemplo, ocorreu uma praga na lavoura de tomates e perdemos a safra toda, pois os produtos ecológicos não conseguiram dar conta. As pragas estão mais resistentes devido ao forte uso de agrotóxicos e pesticidas por outros produtores. Quando optamos por produzir de forma ecológica, sabemos que às vezes se perde e às vezes se ganha. Outro fator é tempo que nem sempre nos ajuda, sol demais, sol de menos, muita chuva ou pouca chuva, geada, granizo ou ventos fortes... Por isto precisamos respeitar o ciclo natural de

(25)

cada produto e plantar cada coisa na sua estação, assim conseguimos aumentar a produtividade sem o uso de fertilizantes e aditivos químicos.

A renda familiar vem exclusivamente da venda de todos os produtos na Feira de Produtores Rurais. A família também consome estes produtos

Uma interessante questão é que os jovens pretendem continuar no campo por toda a vida, seguindo o que seus avós e seus pais também fizeram.

A vida no campo não é fácil, ainda mais quando vemos tantos jovens como nós abandonando as propriedades para estudar ou trabalhar na cidade. Mas aqui, vivemos e trabalhamos em família, lidamos com a terra e com a natureza e gostamos do que fazemos. Somos tranquilos economicamente e também com boa saúde. Não há motivos para ir embora.

Quando questionado sobre a produção sustentável, afirmam:

Aqui tudo se aproveita, desde o bagaço das frutas até o esterco dos animais. Na lavoura, tudo se renova a cada plantio e a propriedade é verde como o mato que tem ao seu redor. Isso é a terra retribuindo o nosso esforço.

(26)

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Produzir de maneira sustentável traz inúmeros benefícios econômicos, ambientais e também educacionais para o município de Candelária e para seus habitantes.

Preservando e reconstituindo o meio ambiente nas propriedades antes degradadas pelo uso exacerbado de aditivos, fertilizantes e defensivos químicos, a fauna e a flora se tornaram mais ricas e as propriedades continuam produzindo, porém, de forma sustentável, gerando renda para seus proprietários, saúde para os consumidores dos produtos, bem como proteção e preservação dos recursos naturais e do ambiente.

Com a educação ambiental é possível desenvolver em cada cidadão uma consciência ecológica e também a responsabilidade por tudo aquilo que nos cerca, além do desejo de preservar os recursos naturais para as gerações futuras.

O incentivo do turismo rural, é capaz de despertar a admiração e o respeito pelas tradições e costumes do homem do campo, além de gerar renda e promover a valorização das propriedades rurais e o uso de todos os seus potenciais.

Desta forma, pequenas iniciativas demonstram que é necessário aliar o pensamento sustentável à ações concretas e eficientes, pois não basta apenas pensar em sustentabilidade, é necessário agir sustentavelmente. Tal atitude não exige necessariamente estudo, tecnologia, ou simplesmente jovialidade, mas sim uma consciência ecológica aliada ao desejo de viver de forma segura e saudável, o amor pela terra e pela cadeia natural, a vontade de fazer o que é certo para o ambiente e para si próprio, bem como desfrutar da consciência tranquila de quem está fazendo a sua parte.

Produzir de maneira sustentável significa praticar ações simples e eficientes que não requerem laboratórios ou equipamentos arrojados, mas conhecimento e boa vontade, amor pela terra, pelas plantas e pelos animais. É também o ato de trocar experiências e sementes e poder renovar a esperança em cada colheita e em cada plantio. É depender do tempo, do clima, dos microrganismos, da cadeia natural e do ecossistema. É o ato de esperar cada época, cada fase, cada estação. É ter paciência com os ciclos da terra e da água, respeito pelo ambiente e por tudo que pode ser gerado com o seu devido uso.

É estar ciente das possíveis perdas, mas principalmente, dos muitos ganhos que esta escolha traz para o ambiente, para quem produz e para quem consome.

É poder contar com o auxílio de associações, entidades e também do Estado que desenvolve e incentiva tais iniciativas, facilitando e investindo em técnicas e métodos

(27)

sustentáveis, cursos e palestras para qualificação e certificação, e com a criação de programas que beneficiam os produtores que optam por este tipo de produção.

Em última análise, percebe-se que aliar a produção rural com sustentabilidade é um ato que provém da ação conjunta entre produtor, ambiente e Estado. Mas que principalmente, nasce lá no íntimo de cada cidadão do campo que esteja unido de uma forma bem íntima com a terra e com o ambiente que o cerca.

O ensino de Geografia tem um papel fundamental na construção da consciência ecológica e no desenvolvimento das atitudes sustentáveis em cada um dos cidadãos no âmbito escolar. Inicialmente, além de transmitir cuidados e métodos para vivermos de forma mais consciente e sustentável, o ensino de Geografia permite o amplo conhecimento do meio em que vivemos e a partir daí, podem ser traçadas estratégias simples, capazes de guiar as escolhas e as atitudes dos cidadãos com relação ao meio ambiente e à sociedade, desenvolvendo indivíduos mais conscientes e seguros, mostrando-lhes que se cada um fizer a sua parte minimizando seus impactos e melhorando suas atitudes, visando preservar a natureza, o meio ambiente e os bens comuns à sociedade, poderemos viver em uma comunidade e em mundo melhor. Fundamental também é que se desenvolva em cada um o sentimento de valorização da agricultura ecológica e o gosto pelos produtos e pelas atitudes sustentáveis, para que entendam que é possível contribuir por meio de gestos simples que geram grandes resultados. E principalmente, fazer com que cada cidadão se sinta responsável por tudo aquilo que o cerca, pois somente desta forma poderá acontecer uma transformação dentro de cada um.

(28)

REFERÊNCIAS

ATKINSON, Célia Clarice; AZAMBUJA, Leonardo Dirceu de. Espaço e paisagem. Ijuí: Ed. Unijuí, 2009. 36 p. (Coleção educação a distância. Série livro-texto).

ATKINSON, Célia Clarice; AZAMBUJA, Leonardo Dirceu de. Teoria e Método Geográfico; Ijuí: Ed. Unijuí, 2010. 55p. (Coleção Educação a Distância. Série livro-texto).

AZAMBUJA, Leonardo Dirceu de. Geografia, natureza e sociedade. Ijuí: Ed. Unijuí, 2009, 62 p. (Coleção educação a distância. Série livro-texto).

AZAMBUJA, Leonardo Dirceu de. Pensamento geográfico. Ijuí: Ed. Unijuí, 2008. 52 p. (Coleção Educação a Distância. Série livro-texto).

BARBOSA, Gisele Silva; O Desafio do Desenvolvimento Sustentável -, Revista Visões 4ª edição, Nº4, Volume 1 - Jan/Jun 2008;

CLARO, as. Referenciais tecnológicos para a agricultura familiar ecológica: a experiência

da Região Centro-Serra do Rio Grande do Sul. EMATER/RS, 2001. EMATER/RS – Disponível em: http://www.emater.tche.br/site/ EMBRAPA – Disponível em: http://www.embrapa.br/

FAO/INCRA Diretrizes de política agrária e d esenvolvimento sustentável. Brasília: FAO/INCRA,1994. 24p. (Versão resumida do relatório final do projeto UTF/BRA/036)

GASS, Sidnei Luís Bohn. Organização do espaço Agrário; Ijuí: Ed. Unijuí, 2010. 94p. (Coleção Educação a Distância. Série livro-texto).

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Seção: Cidades – RS – Candelária 2007. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/cidadesat/default.php>

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Disponível em: http://www.mma.gov.br/sitio/

PREFEITURA MUNICIPAL DE CANDELÁRIA. Plano Ambiental de Candelária-RS, 2008, 201 p.

PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA, Portal Educação. Desenvolvimento Sustentável, Ano 2, 2010.

SACHS, Ignacy. Estratégias de transição para o século XXI: desenvolvimento e meio ambiente. São Paulo: Studio Nobel: Fundação do desenvolvimento administrativo (FUNDAP), 1993.

VEIGA, J. E. Problemas da transição à agricultura sustentável. Estudos econômicos. São Paulo: v. 24, n. especial, p. 9-29, 1994.

Referências

Documentos relacionados

Oferecemos soluções para telefonia fixa e móvel, monitoração e gravação de chamadas telefônicas, fidelizadores inteligentes de operadoras, consultoria em

Atendendo que não existia ainda um Regulamento Interno para este espaço e de forma a regular todo o funcionamento do Museu Etnográfico é presente a proposta de Regulamento Interno do

Para preparar a pimenta branca, as espigas são colhidas quando os frutos apresentam a coloração amarelada ou vermelha. As espigas são colocadas em sacos de plástico trançado sem

5 “A Teoria Pura do Direito é uma teoria do Direito positivo – do Direito positivo em geral, não de uma ordem jurídica especial” (KELSEN, Teoria pura do direito, p..

Os resultados são apresentados de acordo com as categorias que compõem cada um dos questionários utilizados para o estudo. Constatou-se que dos oito estudantes, seis

•   O  material  a  seguir  consiste  de  adaptações  e  extensões  dos  originais  gentilmente  cedidos  pelo 

Resumo A presente pesquisa teve como objetivo investigar a produção de significados de estudantes com deficiência visual para tarefas sobre Educação Financeira e avaliar, através

cinnamomi homologous to gip genes, and analyze their expression when this species grows in cultures whit different carbon sources and during host plant infection.. Materials