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Jornal de Estudos Espíritas - Resumo - Art. N. 010301

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Jornal de Estudos Espíritas 5, 010301 (2017) - (5pgs.) Volume 5 – 2017

Francisco Valdomiro Lorenz: Evidências de Reencarnação e

Fenomenologias Anímica e Mediúnica

Leonardo Marmo Moreira

1,a

, Edmilson Marmo Moreira

2

1

Centro Espírita Caminho da Paz (CECAPAZ, São João del-Rei, MG)

2Núcleo Espírita Fraternidade e Amor (NEFA, Itajubá, MG)

e-mail:a leonardomarmo@gmail.com

(Publicado em 06 de Abril de 2017).

Artigo apresentado noIII CONICE - 2016 - Santa Rita do Sapucaí - MG, e reproduzido do respectivosite.

RESUMO

Francisco Valdomiro Lorenz foi um paranormal que nasceu na Boêmia e que migrou para o Brasil, tendo sido reconhecido como um dos maiores linguistas espiritistas da história do Movimento Espírita. Tendo apresentado notáveis fenômenos anímicos e mediúnicos, Lorenz também chamou atenção pela sua elevada moralidade. Em que pese o volume pouco numeroso de dados biográficos e bibliográficos relacionados à obra de F. V. Lorenz, seria muito enriquecedor para o Movimento Espírita um maior esforço no estudo da vida e da obra desse relevante confrade, uma vez que sua trajetória reúne evidências de princípios doutrinários de indiscutível importância, tais como imor-talidade da alma, emancipação da alma, comunicabilidade dos espíritos e pluralidade das existências. O presente artigo aborda aspectos da atuação de Lorenz visando enfatizar evidências de reencarnação e fenomenologias aní-mica e mediúnica. Trata-se de estudo introdutório à correlação dos respectivos tópicos, os quais apresentam vastas implicações, podendo constituir importante subsídio para os confrades que buscam aprofundamento doutrinário em prol de todo o Movimento Espírita.

Palavras-Chave: Lorenz, Biografia, Reencarnação, Mediunidade. DOI:10.22568/jee.v5.artn.010301

I

INTRODUÇÃO

Francisco Valdomiro Lorenz consiste em um exem-plo de extraordinário missionário da Espiritualidade, cuja vida deveria ser estudada sob vários aspectos. No en-tanto, a vida, a obra e os diversos fenômenos associados à atuação de F. V. Lorenz não são conhecidos por mui-tos adepmui-tos do Espiritismo, o que significa a perda de uma fonte de inumeráveis evidências da existência, pré-existência em relação ao corpo e imortalidade da alma.

É difícil definir F. V. Lorenz, considerando suas mul-tifacetadas habilidades e atuações, mas, ainda assim, de forma simplificada, pode-se resumir seu perfil afirmando que F. V. Lorenz era espírita, erudito linguista e esperan-tista, sendo um admirável exemplo de autodidata ( PLA-NETA,1973).

As diversas aptidões de F. V. Lorenz deveriam, real-mente, ser mais profundamente analisadas pelos estudio-sos espíritas, em particular, e espiritualistas de maneira geral. De fato, Lorenz não deixa de representar aquilo que se convencionou denominar um “caso não resolvido de reencarnação” (ANDRADE,1986).

Lorenz nasceu num lar humilde. Seu pai era afiador de facas e sua mãe seguia a rotina de dona de casa. Por-tanto, Lorenz trazia em seu Espírito conhecimentos de existências passadas (ELOÍSA, 2014), considerando to-dos os seus talentos. Tendo estudado muito pouco na escola, tornou-se autodidata e com 22 anos já falava 24 idiomas; em 1929, com 56 anos, atende a convite do então governador do Rio Grande do Sul (RS), Getúlio Vargas,

para trabalhar na Secretaria do Interior e Justiça, no De-partamento de Relações Consulares, onde sua imagem de tradutor seria ponto relevante para o Brasil e as relações com os outros países, pois já dominava mais de cinquenta idiomas. De fato, Lorenz atende ao chamado de Vargas, fruto do resultado de um exame que ele teve que se sub-meter promovido pela Biblioteca de Porto Alegre, no qual comprovou seus conhecimentos linguísticos que, a essa altura da vida, já contemplavam 52 idiomas (LORENZ,

1998). Posteriormente, desencarnaria aos 84 anos, em 1957, com o domínio de 104 idiomas. Lorenz foi o pri-meiro esperantista do Brasil e um dos pioneiros da Lín-gua Internacional. Em 1890, quando o Esperanto contava menos de três anos, o prof. Lorenz editou Plena

Lerno-libro de Esperanto por Cehoj (GENTILE, 1991). Vale

registrar que em 1955, portanto com 82 anos, enquanto trabalhava, sofreu uma trombose cerebral, ficando, desde então, semidesmemoriado, impossibilitado de reconhecer e entender aqueles que se aproximavam dele (LORENZ,

1998). Portanto, é como se Lorenz aprendesse mais de um idioma por ano durante sua vida de 84 anos, sendo que nesses dois últimos anos de existência física, sofreu de completa limitação para os mínimos trabalhos inte-lectuais, o que equivale a afirmar que teve menos tempo ainda para realizar seus feitos.

Lorenz publicou 72 livros, basicamente sobre assuntos linguísticos e espiritualistas. No entanto, infelizmente, nos dias atuais, somente dez destes 72 livros podem ser encontrados (G1 REPORTAGEM, 2015). Dentre esses

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dez livros, pode-se citar, a título de ilustração, a obra esperantista Esperanto Sem Mestre (LORENZ,1998).

Para se ter uma noção da contribuição de F. V. Lo-renz nessa área, basta dizer que logo ao chegar a Dom Feliciano, percebendo que a população predominante-mente constituída por imigrantes poloneses não domi-nava o português, teria elaborado um dicionário

polonês-português (RBSTV REPORTAGEM, 2011). Segundo

biógrafos, Lorenz também escreveu trabalhos linguísti-cos complexos sobre a língua Tupi-guarani, sem nunca ter tido qualquer contato na presente vida física (pelo menos, em estado de vigília ordinária), com qualquer tra-balho dessa língua ou índio ou descendente de índio que conhecesse a respectiva língua nativa do território brasi-leiro (LORENZ, 1998;RBSTV REPORTAGEM,2011). Também dominava o sânscrito, o que propiciou a Lo-renz fazer uma tradução do Bhagavad-Gitá, em versos no mesmo ritmo do original (GENTILE, 1972).

Apesar da importância dos temas reencarnação, fenô-meno anímico e fenôfenô-meno mediúnico, com exceção deste último, não existem muitos estudos científicos no âmbito do Movimento Espírita, e mesmo nos ambientes acadê-micos, sobre tais tópicos. Realmente, esses estudos estão circunscritos a algumas universidades, poucas organiza-ções e pesquisadores isolados. Neste contexto, a biografia de Francisco Waldomiro Lorenz fornece valiosos elemen-tos de estudo desses três temas. Portanto, este artigo apresenta um estudo introdutório correlacionando alguns dos diversos fenômenos registrados em relação à pessoa deste personagem histórico do Movimento Espírita no Brasil, buscando enfatizar os três temas supracitados.

Em relação ao método de pesquisa, este trabalho foi estruturado com base em uma pesquisa bibliográfica e qualitativa. Por se tratar de uma pesquisa bibliográfica independente, ou seja, não vinculada a outro método de pesquisa, ela percorreu todos os passos formais do tra-balho científico com objetivo de encontrar elementos que sustentassem a argumentação apresentada. Assim, o ar-tigo tem a seguinte estrutura: na próxima seção destaca-se o trabalho de F. V. Lorenz em sua obra A Voz do

Antigo Egito, na qual o autor demonstra os seus

conheci-mentos linguístico e espírita. Em seguida, na seção três, é comentado sobre a atuação de Lorenz na Medicina. Na seção quatro, a análise é estendida para uma visão da vida deste personagem à luz do conhecimento espírita. A seção subsequente comenta a comunicação mediúnica recebida pelo médium Francisco Cândico Xavier do Es-pírito Francisco Valdomiro Lorenz. Finalmente, a última seção finaliza o artigo com as principais conclusões obti-das.

II

A

RELEVANTE OBRA DE

F. V. LORENZ

DENOMINADA

A Voz do Antigo Egito

Lorenz utilizou seu conhecimento linguístico e espírita para fazer uma avaliação do legado gerado pela

mediuni-dade de Rosemary, médium inglesa que, sob a influência de antiga rainha egípcia, Lady Nona, produziu comple-xas mensagens em egípcio antigo (GENTILE,1972; LO-RENZ, 1975). Dessa forma, Lorenz, na primeira parte da obra A Voz do Antigo Egito, fez uma profunda in-trodução sobre a língua egípcia antiga e sobre a cultura desse povo (conhecimentos esses que a médium não pos-suía). Na segunda parte da obra, o autor faz uma análise à luz do seu conhecimento espírita, mediúnico, linguís-tico e cultural dos fenômenos e mensagens obtidos por Rosemary, baseado em três livros, escritos em inglês, de autoria de Frederic H. Wood (LORENZ,1975).

Vejamos o que F. V. Lorenz afirma no capítulo VIII, denominado “Por que falou o antigo Egito?” da segunda parte de A Voz do Antigo Egito:

Não nos esqueçamos de que Rosemary, quando se achava no seu estado normal, isto é, sem transe, não sabia nenhuma palavra egípcia, e o Dr. Wood sempre precisava procurar nos dicionários as significações das palavras e frases egípcias, pronunciadas pela médium e por ele anotadas e, geralmente, podia interpretá-las só depois de meses, senão depois de um ou dois anos. Lembrando-nos disso, compreenderemos que é inadmissível a explicação dos fatos metapsíquicos das reminiscências mediúnicas de Rosemary, relativas à sua vida anterior no antigo Egito, pela hipótese tele-pática ou qualquer outra de base materialista; a única explicação admissível deste fenômeno é a da Doutrina Espírita sobre a alma imortal, que existe eternamente, reencarnando-se periodicamente em corpo material, porém conservando no seu organismo espiritual as re-cordações da vidas anteriores, ainda que seja difícil, na época atual, à consciência normal penetrar nesse arquivo, guardado nos subterrâneos da subconsciên-cia (LORENZ,1975, p. 159-160).

O esforço de interpretação linguística de F. V. Lo-renz, registrado na obra A Voz do Antigo Egito, consiste realmente em contribuição relevante, pois uma médium inglesa receber mensagens de uma entidade que utiliza uma língua do Antigo Egito é algo difícil de ocorrer em função da necessidade de matrizes anímicas no médium para a filtragem mediúnica. Ora, o inglês moderno é língua completamente diferente do egípcio antigo, o que demonstra que tais mensagens espirituais constituem evi-dência extraordinária da autenticidade da fenomenologia paranormal1 em questão, tanto pela dificuldade da

lín-gua, sua distância linguística em relação à língua nativa da médium e pelo desconhecimento da língua da grande maioria dos amigos, familiares e companheiros de tra-balho espiritual da médium, o que torna desprezível a possibilidade de comunicação entre vivos, seja consciente ou inconscientemente. O próprio F. V. Lorenz afirma no capítulo XIII, intitulado “Língua e Escrita”, da primeira parte da referida obra o seguinte:

1

Nota adicionada à presente versão reproduzida no JEE : foi mantida a palavra “paranormal” aqui e em outras partes do texto apenas em referência aos estudiosos de outras religiões e doutrinas que denominavam o sr. F. V. Lorenz dessa maneira. Mas, em Espiritismo, essa fenomenologia é considerada absolutamente normal, baseada em leis naturais que regem o intercâmbio mediúnico.

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A língua do antigo Egito apresenta analogia com as línguas semíticas (como a hebraica e a árabe) e as khamíticas (como os idiomas berberes e cuchitas). Os seus documentos literários mais antigos começa-ram mais de três mil anos antes do nascimento do Cristo (LORENZ,1975, p. 83).

Trata-se, por conseguinte, de importante trabalho, dentro da mediunidade de efeitos intelectuais, para a comprovação da imortalidade da alma, entre outras rele-vantes contribuições.

No livro A Voz do Antigo Egito, percebe-se que Lorenz, provavelmente, notando que ele mesmo tinha uma indiscutível aptidão para aprendizado de idiomas, interessou-se pelos fenômenos paranormais de Rosemary (estudados por F. H. Wood), os quais tinham no com-pleto desconhecimento da língua egípcia por parte da médium, pelo menos em estado de vigília, uma fortíssima evidência da autenticidade do fenômeno. É possível su-por que o próprio amadurecimento espiritual e doutriná-rio que Lorenz adquiriu estudando suas próprias facilida-des idiomáticas tenha predisposto o missionário a estudar e a contribuir na análise de fenômenos que gerassem evi-dências linguísticas de autenticidade espiritual, tal como ele mesmo era um exemplo dos mais contundentes da his-tória do Espiritismo. Assim, ele ajudaria, uma vez mais, a despertar um número cada vez maior de consciências obnubiladas a respeito da realidade espiritual da vida.

III

A

ATUAÇÃO DE

LORENZ NA MEDICINA

E SEUS DESAFIOS EXISTENCIAIS

Como possuía conhecimentos de medicina e farmaco-logia homeopática, e a comunidade bem como a região de Dom Feliciano não possuía médico, preencheu as forma-lidades dos dispositivos da Lei da época e passou a clini-car como médico homeopata, desde o recebimento de sua licença em 1912, motivado pelo ideal da solidariedade, sem visar lucro. A título de ilustração dessa atuação de F. V. Lorenz, é interessante registrar que durante a céle-bre gripe espanhola de 1918 tratou 502 pacientes, sendo que apenas um dos pacientes perdeu a vida física durante essa epidemia (LORENZ,1998).

É importante registrar que F. V. Lorenz foi um tra-balhador rural, que praticamente chegou a passar fome, tendo vivenciado uma existência muito difícil, e conse-guido sustentar 12 filhos e a esposa com o seu trabalho de lavrador. Ademais, fundou uma escola e foi profes-sor de crianças e jovens de Dom Feliciano e região (G1 REPORTAGEM, 2015). Na escola, era o professor res-ponsável por 50 a 70 alunos (LORENZ,1998). Esse con-texto de muita dificuldade para a manutenção material reforça o caráter extraordinário da sua vida e obra, uma vez que ele não teve tempo e muito menos infraestru-tura e/ou apoio mais efetivo de terceiros para adquirir a cultura que conseguiu apresentar em vários e reiterados momentos de sua trajetória física.

Morando em Dom Feliciano, no município de Encruzi-lhada do Sul, no estado do Rio Grande do Sul, sem acesso

às grandes capitais, teve um intervalo de 51 anos entre seu primeiro livro e sua segunda obra, sendo que, nesse intervalo redigiu artigos para jornais e revistas. Assim, em 1929, publicou sua segunda e relevante obra Iniciação

Linguística, que projetou seu nome como autoridade na

área linguística (WANTUIL,1998).

IV

ANÁLISE DA VIDA E OBRA DE

F. V. L

O-RENZ À LUZ DA

DOUTRINA

ESPÍRITA

Os cinco princípios básicos do Espiritismo são: Exis-tência de Deus; ExisExis-tência e Imortalidade da Alma; Co-municação dos Espíritos; Pluralidade das Existências; e Pluralidade dos Mundos Habitados.

Muitos paranormais2, anímicos e/ou mediúnicos,

for-necem evidências relacionadas a dois princípios: Existên-cia e Imortalidade da Alma; e Comunicabilidade dos Es-píritos. Alguns conseguem apresentar evidências de três desses princípios (Existência e Imortalidade da Alma; Comunicabilidade dos Espíritos; e Pluralidade das Exis-tências), ou seja, acrescentam evidências de reencarnação à fenomenologia anímico-mediúnica, seja por se lembra-rem de vidas físicas passadas, seja pelas demonstrações de capacidades inatas, que sugerem, fortemente, apren-dizado previamente desenvolvido, ou seja, vivências inte-lectuais anteriores a presente vida física.

Francisco Valdomiro Lorenz é figura notável no sen-tido supracitado, pois favorece evidências dos 3 conceitos básicos do Espiritismo discutidos acima. Tal contribuição não constitui em algo irrelevante. Muito pelo contrário. Na história do Espiritualismo de uma forma geral e mais particularmente do Espiritismo, há muitos exemplos de médiuns que, surpreendentemente, negavam a reencarna-ção e, até por isso, não aceitavam integralmente as obras codificadas por Allan Kardec.

De fato, alguns médiuns do século XIX, sobretudo de origem anglo-saxônica, apesar de aceitarem, obviamente, os princípios Existência e Imortalidade da Alma e Comu-nicabilidade dos Espíritos, dos quais forneciam inúmeras e contundentes evidências, não defendiam a existência da reencarnação. De forma paradoxal, tais médiuns ge-ravam fenômenos ostensivos de manifestações de Espí-ritos desencarnados, muitas vezes guardavam dúvidas a respeito da existência ou não da “palingenesia” ou “re-nascimento”, tal como muitos denominavam também o fenômeno reencarnatório.

Devido, basicamente, a essa resistência ao princípio da “pluralidade das existências”, muitos rejeitaram, de uma forma geral, grande parte da obra de Allan Kar-dec. Um exemplo dessa atitude foi o posicionamento do médium Daniel Dunglas Home, o que se pode inferir de um registro de Hermínio C. Miranda, em suas obras

Sobrevivência e Comunicabilidade dos Espíritos e Reen-carnação e Imortalidade. Home teria registrado em seu

livro Luzes e Sombras do Espiritualismo uma mensagem mediúnica atribuída a Kardec-Espírito (por um médium chamado Morin), no qual o Codificador desencarnado es-taria confessando uma série de erros em atitudes que

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postamente teria apresentado, enquanto Codificador do Espiritismo no plano corpóreo (MIRANDA, 1976,1977;

NETO, 2011). Interessante acrescentar que até mesmo célebres pesquisadores do fenômeno anímico, como, por exemplo, Alexandre Aksakof, guardavam dúvidas e/ou restrições à respeito do princípio básico da Doutrina Espí-rita conhecido como “Pluralidade das Existências” ( AK-SAKOF,1978).

Nesse sentido, Yvonne do Amaral Pereira seria uma médium3 extraordinária, pois forneceu abundantes

evi-dências dos três princípios básicos do Espiritismo ( PE-REIRA, 1997, 2006). F. V. Lorenz, por sua vez, tam-bém está no rol dos paranormais4 que, à semelhança de

Yvonne A. Pereira, forneceram evidências dos três aspec-tos discutidos acima.

A fenomenologia mediúnica depende da fenomenolo-gia anímica. Realmente, o desenvolvimento anímico fa-vorece a manifestação mediúnica (vide tópico 6, denomi-nado Médiuns Sonâmbulos, itens 172 e 173 do capítulo XIV – Os Médiuns, da Segunda Parte de O Livro dos

Mé-diuns(LM)). Certamente, o fato de Lorenz ter sido um

grande paranormal, manifestando fenômenos anímicos e mediúnicos, deve estar relacionado com a sua capacidade extraordinária de aprendizado e/ou “lembrança” de idi-omas assimilados no pretérito espiritual. De fato, a pa-ranormalidade anímica está profundamente relacionada com a paranormalidade mediúnica e com a lembrança de vidas passadas. Essa abordagem não tem sido explorada significativamente pelos estudiosos do Movimento Espí-rita e, mais especificamente, pelos biógrafos de F. V. Lo-renz. Seria interessante um maior esforço dos confrades no estudo desse ângulo da vida e da obra de Lorenz, pois tal empreendimento poderia contribuir para um grande avanço nos estudos sobre o animismo e a mediunidade bem como a correlação entre tais fenômenos.

V

FRANCISCO

VALDOMIRO

LORENZ NO

MUNDO ESPIRITUAL

A dezenove de janeiro de 1959, Francisco Cândido Xa-vier, já em Uberaba, para onde tinha se mudado recen-temente, recebe uma mensagem espiritual de Francisco Valdomiro Lorenz que havia desencarnado há, aproxima-damente, um ano e meio (XAVIER,1976).

A maneira como F. V. Lorenz desperta no mundo espiritual, segundo suas próprias palavras revela muito sobre esse notável Espírito:

Despertando, fora da roupagem constringente do corpo físico, e sobrepujando-nos à comoção natural do processo liberatório da alma, insopitável anseio

de expansão nos excita.

Compelidos a reajustar o quadro informativo das definições teológicas, acordamos e, reconhecendo

o impositivo da própria renovação, sonhamos perlustrar os caminhos do mundo.

Conhecer, enfim, a Terra! Auscultar-lhe a an-cianidade e a grandeza! Penetrar a cultura dos povos e sentir-lhes de perto o conjunto de tradições

e lendas, crenças e costumes! (XAVIER,1976, p. 3, grifos nossos).

De fato, segundo o próprio Lorenz, após os períodos iniciais de adaptação ao mundo espiritual, o desejo de expansão de possibilidades e conhecimentos concomitan-temente com o reconhecimento da própria necessidade de renovação constituem os anseios predominantes. Amais, percebe-se o amor de Lorenz pela Terra e seu de-sejo de “penetrar a cultura dos povos”, ele que, eviden-temente, já era um Espírito erudito. Essa humildade e esse desejo de aprender cada vez mais sugere como foi o caminho percorrido por esse Espírito em busca do co-nhecimento. Logo nessas primeiras palavras, Lorenz de-monstra um desejo de aprender mais intelectualmente, aprofundar sua reforma íntima e, além disso, demons-tra um profundo amor pelo planeta e seus povos, com as diversas culturas que os diversos grupos da Terra apre-sentam.

Todo projeto de obra mediúnica a ser obtida por Chico Xavier requisitava ser previamente aprovado por Emmanuel, o que equivale a afirmar que F. V. Lorenz recebeu esse respaldo do referido benfeitor espiritual ape-nas um ano e meio, aproximadamente, após sua desen-carnação. Essa chancela não deixa de ser um estímulo para que se conheça um pouco mais a respeito da vida, da obra, dos fenômenos e do legado de uma forma geral de Francisco Valdomiro Lorenz, a fim de que uma maior compreensão sobre diversos tópicos de relevância doutri-nária possa ser logrado.

VI

CONSIDERAÇÕES

FINAIS

Estudar a biografia, o pensamento e o legado de Fran-cisco Valdomiro Lorenz pode representar em esforço pro-dutivo para o aprendizado de diversos tópicos associados a três dos princípios fundamentais da Doutrina Espírita assim como à correlação entre eles, o que ainda é um es-tudo que precisa ser bastante aprofundado no Movimento Espírita visando a um maior desenvolvimento doutrinário por parte dos adeptos do Espiritismo.

Destaca-se, entretanto, que a principal dificuldade no desenvolvimento desta pesquisa está relacionada à pe-quena quantidade de material disponível a respeito de F. V. Lorenz. Ainda assim, o pouco que se encontra fornece uma quantidade significativa de informações dos fenômenos que ocorreram com esta personalidade e em torno dela. Neste sentido, espera-se que este artigo, de certa forma introdutório, motive novas pesquisas relacio-nadas a este trabalhador espírita, com vistas a esclarecer os pontos ainda obscuros dos fenômenos que ocorreram com ele e fornecer novos elementos de estudo e aprendi-zado.

3Aqui, especialmente, trocamos a palavra paranormal presente no artigo original por médium, por ser a palavra mais adequada para representar a tarefa espírita de D. Yvonee do Amaral Pereira.

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REFERÊNCIAS

AKSAKOF, A. 1978. Animismo e Espiritismo. 3a Edição. FEB, Rio de Janeiro, RJ.

ANDRADE, H. G. 1986. Reencarnação no Brasil. 2aedição. Casa Editora O Clarim, Matão, SP.

G1 REPORTAGEM. 2015. “Conheça a História do Agricultor que Sabia Falar Mais de 100 Idiomas.” Disponível nestelink. Acesso em 02 de Março de 2017.

GENTILE, S. 1972. ANUÁRIO ESPÍRITA. IDE, Araras, SP. ————. 1991. ANUÁRIO ESPÍRITA. IDE, Araras, SP. LORENZ, F. V. 1975. A Voz do Antigo Egito. 3a Edição. FEB,

Rio de Janeiro, RJ.

LORENZ, W. 1998. Fatos Mediúnicos da Vida de Francisco

Val-domiro Lorenz. Sociedade Editora Espírita F. V. Lorenz, Rio de

Janeiro, RJ.

MIRANDA, H. C. 1976. Reencarnação e Imortalidade. 1aEdição. FEB, Rio de Janeiro, RJ.

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NETO, P. 2011. “Espíritos amigos de Chico Xavier”, Espiritismo &

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PEREIRA, Y. A. 1997. À Luz do Consolador. 3a Edição. FEB, Brasília, DF.

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PLANETA ESPECIAL. 1973. Os Mestres do Espírito. Tradução de Luís Carlos Lisboa. Editora Três, São Paulo, SP.

ELOÍSA. 2014. “Ludwik Lejzer Zamenhof e Francisco Valdo-miro Lorenz”, Seareiro - Órgão divulgador do Núcleo de

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Disponí-vel em:http://www.espiritismoeluz.org.br/seareiro/ seareiro_121.pdf. Acesso em 22 de julho de 2016.

RBSTV REPORTAGEM 2011. “A Vida de Francisco Valdomiro Lorenz.” Muitas Vidas. Porto Alegre: RBSTV, Programa de TV. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v= d1TcAhaZ4Uc. Acesso em 18 de julho 2016.

XAVIER, F. C. 1976. O Esperanto Como Revelação. Ditada pelo Espírito Francisco Valdomiro Lorenz. IDE, Araras, SP. WANTUIL, Z. 1998. Grandes Espíritas do Brasil. 3aEdição. FEB,

Brasília, DF.

Title and Abstract in English

Francisco Valdomiro Lorenz: Evidence of Reincarnation and Animism and Mediunity

phenomena

Abstract: Francisco Valdomiro Lorenz was a paranormal that was born in Bohemia and migrated to Brazil, being recognized as

one of the greatest spiritist linguist from the history of the spiritist movement. Presenting remarkable animistic and mediumistic phenomena, Lorenz also has drawn people’s attention by his superior morality. Considering the low number of biographic and bibliographic sources related to F. V. Lorenz work, we consider that an effort to study the life and work of this important fellow would be very enriching to the spiritist movement, since his life path congregates evidences of doctrinal principles of unquestionable importance, such as immortality of the soul, communication ability of the spirits and plurality of the existences. The present article addresses aspects of Lorenz actions aiming to emphasize evidences of reincarnation and animistic and mediumistic phenomena. This is an introductory study about the correlation of the above respective topics, which present several implications that might constitute important sources to fellows that seek doctrinal strive for the spiritist movement.

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