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COBERTURA VACINAL DO HPV: UMA ANÁLISE SOBRE FATORES QUE IMPLICAM NA BAIXA ADESÃO À VACINA.

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Revista Transformar |13(1), jan./jul. 2019. E-ISSN:2175-8255 560

COBERTURA VACINAL DO HPV: UMA ANÁLISE SOBRE

FATORES QUE IMPLICAM NA BAIXA ADESÃO À VACINA.

HPV VACCINE COVERAGE: AN ANALYSIS ON FACTORS IMPLICATING

LOW ADHERENCE TO THE VACCINE.

COBERTURA VACINAL DEL VPH: UN ANÁLISIS SOBRE FACTORES QUE IMPLICAN BAJA ADHERENCIA A LA VACUNA.

Alice Ludugério Rodrigues

Graduanda em Biomedicina pelo Centro Universitário São José de Itaperuna – UNIFSJ.

Marina Fulgêncio Barros

Graduanda em Biomedicina pelo Centro Universitário São José de Itaperuna – UNIFSJ.

Samara Francine Dos Reis Meirelles

Graduanda em Biomedicina pelo Centro Universitário São José de Itaperuna – UNIFSJ.

Dhyemila De Paula Mantovani

Possui graduação em Farmácia e Bioquímica pela Universidade Nova Iguaçu- Campus V/ Itaperuna (2007) e Licenciatura em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF), modalidade a distância (CEDERJ) (2011). Pós graduada em Farmacoterapêutica e Atenção Farmacêutica, pela Faculdade Redentor (2009) , especialista em Farmácia Hospitalar e Farmácia Clínica, pelo Instituto Racine (2013). Mestre em Engenharia de Materiais, área de concentração: Materiais e Meio Ambiente, linha de pesquisa: aproveitamento de resíduos industriais, pela Universidade Estadual do Norte Fluminense(UENF) (2017). Farmacêutica diretora técnica da Farmácia de Todos Unidade Patrocínio do Muriaé (2010-atual) e professora do Centro Universitário São José de Itaperuna (2017- atual).

Resumo: O presente trabalho trata-se de uma revisão bibliográfica sobre a baixa adesão à vacina contra o HPV, investigando a sua importância na prevenção do câncer de colo de útero e os fatores que configuram a não adesão. Este estudo abordou as indicações, os efeitos colaterais, a eficácia e as contraindicações da vacina. A metodologia utilizada baseou-se em pesquisas realizadas por meio de consulta a artigos científicos selecionados através de buscas no banco de dados da MEDLINE (Literatura Internacional em Ciências da Saúde), PubMed, LILACS (Literatura Latino-americana em Ciências da Saúde), SCIELO (Scientific Electronic Library Online), INCA e BIREME, dissertações e teses publicadas. Com este trabalho pôde-se

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Revista Transformar |13(1), jan./jul. 2019. E-ISSN:2175-8255 561 constatar que a vacinação é uma das formas mais eficazes de proteção contra o HPV, pois através dela podem ser evitados novos casos de câncer, sendo estes: colo de útero, vulva, vagina, pênis, ânus e de orofaringe, além de reduzir a transmissão do vírus na população.

Palavras-chave: Papilomavírus Humano (HPV), vacinação, câncer cervical, imunização, prevenção.

Abstract: The present work is a bibliographic review about the non-adoption of the second dose of the HPV vaccine, investigating its importance in the prevention of cervical cancer and the factors that configure non-adherence. This study addressed the indications, side effects, efficacy and contraindications of the vaccine. The methodology used was based on research carried out by means of consulting selected scientific articles through searches in the Scielo database; Pubmed; Medline; Ministry of Health; INCA and Google academic. With this work it was found that vaccination is one of the most effective forms of protection against HPV, because through it new cancer cases can be avoided, such as: cervix, vulva, vagina, penis, anus and oropharynx , in addition to reducing the transmission of the virus in the population.

Keywords: Human Papillomavirus (HPV), vaccination, cervical cancer, immunization, prevention.

Resumen: El presente trabajo es una revisión bibliográfica sobre la no adopción de la segunda porción de la vacuna contra el VPH, investigando su importancia en la prevención del cáncer cervical y los factores que configuran la no adherencia. Este estudio abordó las indicaciones, los efectos secundarios, la eficacia y las contraindicaciones de la vacuna. La metodología utilizada se basó en la investigación realizada mediante la consulta de artículos científicos seleccionados mediante búsquedas en la base de datos de MEDLINE (Literatura Internacional en Ciencias de la Salud), PubMed, LILACS (Literatura Latinoamericana en Ciencias de la Salud), SCIELO (Scientific Electronic Library Online), INCA y BIREME, disertaciones y tesis publicadas. Con este trabajo fue posible verificar que la vacunación es una de las formas más efectivas de protección contra el VPH, ya que a través de ella se pueden

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Revista Transformar |13(1), jan./jul. 2019. E-ISSN:2175-8255 562 evitar nuevos casos de cáncer, a saber: cuello uterino, vulva, vagina, pene, ano y orofaringe, además de reducir la transmisión del virus en la población.

Palabras clave: Virus del Papiloma Humano (VPH), vacunación, cáncer cervical, inmunización, prevención.

Considerações iniciais

No contexto do sistema de vacinação é de suma importância salientar o sucesso na erradicação e o controle de diversas patologias como, por exemplo, a poliomielite, sarampo, rubéola, entre outras doenças infectocontagiosas que propagam em grande escala quando não controladas, trazendo grande prejuízo a saúde humana causando um cenário crítico que pode ser evitado através da imunização. Fatores relacionados ao conhecimento prévio sobre doenças evitáveis por vacina direcionam para uma sociedade protegida, com índices epidemiológicos controlados. Uma das vacinas implementadas a nível mundial para o controle de complicações é a vacina contra o papilomavírus humano, fornecida com o intuito de diminuir a incidência de câncer cervical, uma doença possivelmente refreada a partir da realização profilática da cobertura de vacinação em jovens.

O presente artigo, entretanto, propõe reflexões relacionadas a baixa adesão às vacinas contra o HPV, baseado em grupos resistentes que questionam efeitos adversos e possíveis pensamentos equivocados que dificultam o reconhecimento de sua eficácia. Aborda-se a temática na ótica dos efeitos colaterais e contraindicações, alinhado às falácias relacionadas a sexualização precoce, tabus e fake news. Tendo analisar os fatores que implicam na não adesão da segunda dose da vacina contra o HPV e as consequências dessa não adesão na saúde individual e coletiva.

Assim, o estudo foi elaborado a partir de um levantamento bibliográfico realizado em livros, textos e artigos adotando como critério inicial a consulta aos indexadores MEDLINE (Literatura Internacional em Ciências da Saúde), PubMed, LILACS (Literatura Latino-americana em Ciências da Saúde),

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Revista Transformar |13(1), jan./jul. 2019. E-ISSN:2175-8255 563 SCIELO (Scientific Electronic Library Online), INCA e BIREME, dissertações e teses publicadas.

A bibliografia foi encontrada através da busca de palavras-chave como: saúde da mulher, Papilomavírus Humano (HPV), vacinação, câncer cervical, imunização, prevenção. Foi utilizado um filtro de busca de 2000 a 2020. Após realização da busca, nas bases de dados online, os artigos foram criteriosamente selecionados de acordo com o critério de inclusão - temas adequados ao tema proposto - considerando a confiabilidade, pertinência e credibilidade dos mesmos.

Feita a análise crítica dos artigos selecionados no critério de inclusão, deu-se origem a revisão integrativa da literatura.

1 O câncer de colo do útero

O câncer do colo do útero, também conhecido por câncer cervical é o terceiro tipo mais prevalente entre a classe feminina. No Brasil, estima-se 16.370 novos casos da neoplasia para cada ano do biênio 2018-2019, com risco aproximado de 15,43 casos a cada 100 mil mulheres (INCA, 2019).

Contudo, esse cenário pode mudar com medidas voltadas para prevenção, pois o câncer de colo uterino atinge grandes porcentagens de cura se detectado precocemente. Esse elevado índice é possível pois a doença apresenta uma fase pré-clínica extensa (FURNISS, 2000). A fase inicial do CCU (Câncer de Colo de Útero) geralmente se apresenta assintomática. Sangramento, corrimento e dores durante a relação sexual são apresentados como os primeiros sinais clínicos frequentes. Para o quadro da patologia mais avançada manifestações como dor na pelve ou lombar podem ser observados (DIZ; MEDEIROS, 2009).

Muitos são os fatores etiológicos implicados na neoplasia do colo de útero, mas as persistentes infecções pelo HPV (Papilomavírus Humano) são perceptíveis em praticamente todos os diagnósticos. Entre os tipos oncogênicos, o HPV16 e HPV18 são considerados os sorotipos de risco

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Revista Transformar |13(1), jan./jul. 2019. E-ISSN:2175-8255 564 aumentado associados com o aparecimento da patologia. Há outros cofatores, como início precoce da vida sexual, tabagismo, multiparidade, utilização prolongada de contraceptivos orais, uso irregular de preservativos e outros, são elementos associados ao risco desenvolvimento do CCU (Câncer de Colo de Útero) (STEWART; WILD, 2014).

O câncer cervical e lesões precursoras podem ser reconhecidas por meio do exame de Papanicolau sendo esse um método efetivo e acessível. Esse exame tem por objetivo avaliar modificações e doenças no colo do útero. De acordo com a classificação de Bethesda (1988), assim como a Nomenclatura Brasileira de Laudos de Exames Citopatológicos, categorizam as células anormais em lesão intra-epitelial de baixo grau (LSIL) que compreende ao efeito citopático pelo HPV e NIC I e lesão intra epitelial de alto grau (HSIL) que compreende NIC II e NIC III (INCA, 2016).

Frigat e Hog (2003) salientam a importância de educar a população por meio de orientações ao público feminino no que tange a importância da periodicidade dos exames ginecológicos para o diagnóstico precoce da doença, o que possibilita um tratamento eficaz em fase inicial. Ademais, medidas profiláticas como a vacinação contra o Papilomavírus Humano diminuem significativamente as chances de desenvolver a doença.

2 Vacina contra o HPV

Existem dois tipos de vacinas com a finalidade de eliminar o Papilomavírus em construção: a vacina profilática e a vacina terapêutica. A vacina profilática incentiva o desenvolvimento da resposta imunológica humoral, a que surge posteriormente o contato com as “partículas similares a vírus” ou vírus-like particles (VLP), que são estruturas em forma de vírus que não apresentam o DNA viral. Esta situação explica sua melhor efetivação em pacientes que jamais entraram em contato com o Papilomavírus. A presença dos VLP gera a construção de anticorpos, que serão dispensados pela mucosa genital com a intenção de combater previamente o HPV, evitando o quadro infeccioso. Já a vacina terapêutica incentiva a progressão da resposta imune celular, ao sensificar células imunocompetentes para operar no combate à

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Revista Transformar |13(1), jan./jul. 2019. E-ISSN:2175-8255 565 infecção viral. São desenvolvidas a partir de peptídeos, proteínas recombinantes, DNA de plasmídeos ou células dendríticas, ocorrendo os efeitos de sua competência ainda não muito promissores para utilização como terapêutica primária e com aspectos que divergem altamente em função das propriedades da população e avaliada (SIMÕES, 2010).

Recentemente, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) permitiu a comercialização de duas vacinas profiláticas para defesa do HPV: a vacina bivalente para combater os vírus 16 e 18 Cervarix e a vacina tetravalente contra os vírus 6, 11,16 e 18 Gardasil. Elas estão indicadas para o sexo feminino com idades de 9 e 26 anos e precisam ser administradas em três doses por via intramuscular (SILVA et al., 2009).

A vacina pioneira contra o HPV adotada no Brasil é a Gardasil. Esta é sugerida em três doses e sua durabilidade é em torno de cinco anos e meio, preservando contra quatro tipos de HPV (6, 11, 16 e 18), originadores de verrugas e neoplasia maligna cervical. É contraindicado para pacientes com qualquer patologia com febre alta e para pacientes com alergia a qualquer dos elementos da fórmula de Gardasil ou que no passado tenham desenvolvido reação alérgica posteriormente tomar uma dose de Gardasil (LEITE et al., 2011).

Cervarix é indicada para prevenir infecções persistentes, causadas pelo HPV, como câncer do colo do útero, vulva ou vagina e lesões pré-cancerosas do colo do útero, que podem evoluir para câncer. A vacina não deve ser utilizada para cuidar as patologias associadas ao HPV, como as verrugas genitais ou os cânceres de colo do útero, vulvar e vaginal. O produto é discriminado excepcionalmente para evitar a contaminação pelo HPV tipos 16 e 18, responsáveis pela maioria dos casos de câncer, e sendo assim, as doenças relacionadas a eles (SIMÕES, 2010).

Tais vacinas jamais podem ser administradas juntamente com certas medicações ou substâncias sem prescrição médica, como por exemplo, em situações de uso de medicação que suprimam o sistema imune (SIMÕES, 2010).

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Revista Transformar |13(1), jan./jul. 2019. E-ISSN:2175-8255 566 Em 2014, o Ministério da Saúde iniciou o processo de implantação no Sistema Único de Saúde da vacinação gratuita contra o HPV em meninas de 9 a 13 anos de idade, com a vacina tetravalente (Gardasil). Tal faixa etária foi adotada pois apresenta maior benefício pela grande produção de anticorpos e por ter sido menos exposta ao vírus por meio de relações sexuais. Em 2017, essa faixa etária sofreu modificação, foram incluídas meninas de 14 anos e meninos de 11 a 14 anos (INCA, 2020). O esquema vacinal contra o HPV inclui meninos e meninas nessa faixa etária e é composto de duas doses da vacina em que a segunda dose deve ser tomada após seis meses da primeira, ressaltando que a cobertura vacinal só está completa com as duas doses (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2019).

Segundo Moura (2019), em estudo intitulado “Cobertura Vacinal contra o Papilomavírus Humano (HPV) em meninas e adolescentes no Brasil: análise por coortes de nascimentos”, a estimativa da cobertura vacinal da 1ª dose da vacina contra HPV no Brasil sugeriu altas coberturas. Em relação à 2ª dose, observou-se o contrário: uma baixa cobertura vacinal acumulada em todas as análises, em razão de uma baixa adesão, o que compromete a eficácia da vacina, haja vista a cobertura vacinal só se completar após a segunda dose. Essa descontinuação vacinal evidente no estudo de Moura (2019) reflete a baixa adesão a vacina contra o HPV no Brasil e a ineficiência da cobertura vacinal hoje no país.

2.1 Eficácia versus efeitos colaterais

A competência da vacina Cervarix em evitar infecções resistentes causadas por HPVs tipos 16, 18, 31 e 45 e lesões causadas por HPVs tipos 16 e/ou 18, as quais podem desenvolver para neoplasia maligna de colo de útero, foi evidenciada em aprendizados clínicos. A defesa contra infecções persistentes e lesões pré-cancerosas tem como objetivo evitar a neoplasia maligna de colo de útero (SIMÕES, 2010).

Gardasil possui competência em evitar infecções persistentes ocasionadas por HPVs tipos 6, 11, 16 e 18 induzindo o sistema imunológico, de maneira que ocorra a produção de anticorpos específicos (LEITE et al., 2011).

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Revista Transformar |13(1), jan./jul. 2019. E-ISSN:2175-8255 567 As vacinas são medidas preventivas e não terapêuticas, não apresentando efetividade em caso de infecção existente ou patologia já introduzida. Em mulheres que já estão infectadas com um ou mais tipos presentes na vacina, a eficiência está na precaução de adquirir a doença associada aos outros sorotipos (BARR et al., 2007).

A vacina profilática contra o HPV possui elevada competência examinada em um breve espaço de tempo, quando confrontada à progresso natural da infecção. Um período mais extenso de estudo é primordial para uma consideração mais próxima do impacto da vacinação na diminuição dos casos de neoplasia maligna de colo uterino e sua inclusão na rede de saúde pública (ZARDO et al., 2014).

A reação mais comum observada depois da administração da vacina Cervarix foi dor no local da injeção. A maioria dessas reações desaparece durante um período de poucos dias. Cevarix pode apresentar efeitos colaterais mais comuns que podem ocorrer em 10 % das pacientes como: dor de cabeça, mialgia (dor muscular), reações no local da injeção (incluindo vermelhidão e inchaço) e cansaço. Ainda comuns, mas em menor porcentagem o paciente pode apresentar enjoo, vômito, diarreia, dor abdominal, coceira, rash (vermelhidão na pele), urticária, artralgia (dor nas articulações) e febre. E reações incomuns ou até raras onde paciente pode apresentar infecção do trato respiratório superior, tontura, outras reações no local da injeção – endurecimento, falta de sensibilidade no local e formigamento –, linfadenopatia (glândulas inchadas na garganta, axila ou virilha), reações alérgicas, angioedema (reação tipo alérgica com inchaço na garganta e dificuldade de respirar), desmaio, secundário a resposta de síncope ou a reação vasovagal à injeção, por vezes acompanhada de movimentos dos membros do tipo tônico-clônico (CERVARIX, 2018).

Gardasil pode apresentar como efeito colateral desmaio, dor, inchaço, vermelhidão, manchas roxas na pele, e coceira no local da injeção, dor de cabeça, dor nas extremidades, febre e náuseas (GARDASIL, 2015).

Acredita-se que a vacinação separadamente não gera competência de extinguir a neoplasia maligna de colo uterino. Vale enfatizar que a utilidade do

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Revista Transformar |13(1), jan./jul. 2019. E-ISSN:2175-8255 568 diagnóstico antecipado de diversas DST’s deve ser, contudo considerada quando se fala de precaução de câncer de colo uterino, independentemente da vacinação (ZARDO et al., 2014).

3 Fatores que implicam na não adesão da vacina contra o HPV

Existem diferentes aspectos para salientar a não adesão da vacina contra o HPV. Dentre elas, destaca-se a falta de informação sobre a importância da vacinação e as consequências ao dispensá-la, essas linhas de pensamento são sustentadas principalmente pelos pais dos jovens. Lazalde et al. (2018) afirmam que aconselhar os provedores é fundamental na aceitação da vacinação, destacando que os níveis de aceitabilidade com as informações passadas por profissionais se mostraram baixos. Sendo de total importância ensinar aos pais a compreensão da resposta imunológica mais alta produzida pela vacina em adolescentes mais jovens e que essa faixa etária é o momento ideal para a vacinação, pois ainda não houve contato com o vírus, o que levaria a uma resposta imunológica mais satisfatória, podendo potencialmente aumentar a confiança na vacinação e reduzir a declinação.

A aceitação das vacinas é um aspecto bastante discutido, principalmente a recomendação para imunizar meninas com idade entre 9 e 14 anos, período escolhido antes de haver o primeiro contato sexual. Essa indicação nem sempre favorece a compreensão dos responsáveis (FONSÊCA et al., 2017). Atrelado a isso, determinados pais de meninas adolescentes atrasam a vacinação de suas filhas com a justificativa de que elas ainda não correm o risco de adquirir o HPV, preferindo esperar por mais informações a respeito de sua eficácia em longo prazo (RENDLE; LESKINEN, 2017).

Mesmo com a garantia de que seus filhos estão seguros ao se vacinarem, alguns pais questionam a expressão “poucos efeitos colaterais”, contestando que a severidade dos efeitos é relativa às necessidades de cada criança, dizendo que um efeito colateral leve para uma pode ser grave para outra. Além disso, alguns pais atribuíram sua falta de confiança a questões de transparência de dados, pedindo estudos experimentais empíricos para fazê-los acreditar na credibilidade da vacina (THEIS et al., 2020).

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Revista Transformar |13(1), jan./jul. 2019. E-ISSN:2175-8255 569 Já com relação a opinião dos jovens, muitos expressam pensamentos hesitosos a respeito da relação entre o câncer de colo de útero e a infecção pelo HPV, assim como relatam não haver necessidade imediata para se vacinar (KWAN TT et al., 2008). Essa premissa reforça a conveniência da certificação de programas a respeito de educação sexual nas escolas e o estreitamento ao acesso a informação sobre doenças, assim como vacinas e sexualidade, sendo essa proposta um estímulo ao pensamento crítico dos alunos e ao acesso a informação sobre as possíveis consequências ao negar a vacinação.

Pesquisas de conhecimento e aceitabilidade da vacina HPV visam compreender os aspectos culturais e a fonte de aquisição do conhecimento sobre a vacinação para melhor aderência e cobertura vacinal territorial. De acordo com Sousa et al. (2018) as principais barreiras encontradas para a não vacinação são: o medo de efeitos adversos; a falta de confiança em uma nova vacina; informações insuficientes de responsáveis da área da saúde, seguida pela falta de informação a respeito da vacina contra o HPV. Essas vertentes expressam a necessidade de conscientizar a população mediante os riscos da não imunização e a troca de informação por profissionais de saúde capacitados, junto às campanhas de sensibilização.

3.2 Popularização das mídias digitais e o ressurgimento dos antivacionistas

O movimento antivacina reúne vários fatores em que as pessoas escolhem por não imunizarem a si e nem a seus filhos, fundamentando-se em supostos impactos colaterais resultantes da vacinação (VASCONCELLOS-SILVA et al., 2015; MIZUTA et al., 2018). A não imunização coloca em risco não só a saúde do indivíduo, mas causa impacto em todos que estão a sua volta. A falta de informação, considerações equivocadas ou insatisfatórias, mitos, ideologias religiosas e filosóficas são alguns dos fatores que contribuem para tal atitude (SALMON et al., 2015; LEVI, 2013).

A carência de ideais embasados no conhecimento científico junto a falta de acesso às fontes confiáveis de informação não são situações vividas somente

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Revista Transformar |13(1), jan./jul. 2019. E-ISSN:2175-8255 570 na atualidade, já existiram movimentos contrários ao sistema de vacinação desde o início do século anterior, mais especificamente no ano de 1904, em que ocorreu um fato histórico iniciado no estado do Rio de Janeiro chamado de Revolta da Vacina. A cidade foi assolada por uma epidemia de varíola e medidas de contenção da doença precisaram ser tomadas, foi então que o sanitarista Oswaldo Cruz ordenou ao Congresso uma lei que impunha a obrigatoriedade da vacinação, já instituída em 1837, mas que nunca tinha sido cumprida. Sabendo da resistência da população relacionada a vacina, foi decidida uma ação mais radical consistindo em brigadas sanitárias que invadiram casas a fim de vacinar a população com ou sem o seu consentimento (PORTO, 2003).

A reação da população mediante a atitude foi a manifestação e a desordem por meio de atos de vandalismo e protestos arrastados por semanas, resultando em mortes e pessoas feridas (SEVCENKO, 2018). Esse acontecimento foi adotado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um evento de ameaça à saúde da população mundial, e também foi considerado um regresso significativo ao processo de erradicação de doenças (LUZ, 2019).

Em situações recentes observa-se que as informações inexadas na internet sobre vacinação têm revelado uma grande influência na expansão de grupos antivacinas. Com o advento das mídias sociais, concedeu-se uma oportunidade para a polarização de ideias, atrelado ao contato com conteúdos sem limites que têm encorajado grupos contra a imunização. O resultado disso é que os internautas acabam escolhendo os assuntos que mais lhe agradam quanto ao seu sistema de crenças e ideologias, com a tendência a descartar informações discordantes (SCHMIDT, 2018).

Henriques (2018) articula sobre a ideia de fake news que discorre nos dias atuais. Essa designação em inglês vem sendo adotada no Brasil com a finalidade de distinguir notícias falsas que se propagam causando um grande desarranjo em massa na população. O autor destaca que o assunto sobre vacinas é alvo frequente de inverdades, intrigando a imaginação da sociedade a partir de fatores relacionados ao pouco conhecimento sobre a área, e pela

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Revista Transformar |13(1), jan./jul. 2019. E-ISSN:2175-8255 571 ansiedade que as notícias causam sobre doenças e epidemias, ressaltando o fácil acesso ao compartilhamento das manchetes equivocadas.

Em concordância com Henriques (2018), salienta-se para a considerável incidência de movimentos antivacina que estão se tornado cada vez mais frequentes e persuasivos, vinculados principalmente pelas mídias sociais. Orr et al. (2016) articulam a intensidade com que as redes sociais influenciam a comunicação científica, reforçando que os olhares estão sempre voltados para a internet e que a partir dela decisões são tomadas sobre saúde própria e da família, tendo a mídia como fonte confiável de informações. Esse fator preconiza o público leigo que acaba se tornando refém de informações sem embasamento científico, acessíveis na internet.

Em virtude da repercussão de falsas notícias, o Ministério da Saúde adotou um serviço eletrônico que esclarece boatos e notícias falsas que circulam no ambiente digital. Ademais, também criou juntamente ao MEC recomendações de vacinação nas escolas, em que se trata de um material informativo sobre HPV e suas consequências. A campanha utiliza a linguagem de séries de TV para se familiarizar com os adolescentes e popularizar a ideia de vacinação. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2018, 2019).

Considerações finais

Os programas de imunização alertam a população sobre a importância da adesão a vacina, ao retorno para conclusão das doses de acordo com o intervalo necessário. Porém, muitas vezes o preconceito, o mau entendimento e falta conscientização, por vezes vindo dos pais dos adolescentes, dificultam a eficiência da vacinação, fazendo com que o adolescente não volte para a segunda dose, ou até mesmo nem tome a primeira dose. Essa deficiência na cobertura vacinal exclui sua eficácia e expõe o individuo ao risco de contração do vírus.

É possível observar que por deterem competência comprovada locais que já aderiram a medida profilática em seu calendário vacinal conquistaram uma enorme redução de sintomas do vírus, o fato faz com que no Brasil as vacinas profiláticas conquistem seu lugar no combate ao HPV. Isto se deve devido ao

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Revista Transformar |13(1), jan./jul. 2019. E-ISSN:2175-8255 572 diagnóstico das neoplasias malignas causadas pelo HPV poder ser feito na fase inicial da doença, porém os programas de prevenção nem sempre são colocados em prática em locais onde há pouco recurso, fazendo com que se torne mais complexo a redução da incidência de patologias e suas mortalidades.

Assim, a adesão a vacina profilática contra o HPV gera enormes possibilidades nas áreas médicas e a saúde pública, incluindo melhorias significativas beneficiando a qualidade de vida das pessoas.

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Referências

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