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Carência de ação por causa superveniente e honorários advocatícios

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Academic year: 2021

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Carência de ação por causa superveniente e honorários

advocatícios

O Código de Processo Civil pátrio elenca algumas condições de

ação, dentre elas: a legitimidade da parte, a possibilidade jurídica do pedido e o

interesse de agir.

A legitimidade de parte consiste no aspecto subjetivo da causa, os

sujeitos do processo, ou seja, aqueles que devem integrar o pólo ativo e passivo da

ação.

A possibilidade jurídica do pedido se relaciona com a própria

existência de fundamento legal no ordenamento jurídico apto a albergar a pretensão

autoral, ou seja, o pedido não pode ser algo proibido no ordenamento pátrio. Como

exemplo pode-se citar a cobrança judicial de dívida de jogo, que não encontra

amparo no nosso ordenamento, constituindo-se assim num pedido juridicamente

impossível.

Já o interesse de agir é a necessidade, utilidade e adequação da

propositura da ação judicial.

O CPC brasileiro determina, em seu art. 3o, que "para propor ou

contestar ação é necessário ter interesse e legitimidade".

O interesse processual é o interesse de agir do titular de direitos.

Se houver propositura inadequada então haverá nulidade da ação e o resultado final

não será alcançado. O interesse processual é composto do binômio necessidade e

utilidade e sem eles não haverá tutela jurisdicional do Estado de direito.

No entanto, o interesse processual não determina a procedência

do pedido pois o mesmo irá ser apreciado quanto ao mérito. Assim, o interesse

processual surge da necessidade da tutela jurisdicional do Estado, invocada por

meio adequado, o qual determinará o resultado útil pretendido, do ponto de vista

processual.

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Importante trazer a baila renomado ensinamento do doutrinador

cearense José de Albuquerque Rocha:

“ O interesse de agir é justamente essa necessidade que tem alguém de recorrer ao estado e dele obter proteção para o direito que julgue ter sido violado ou ameaçado de violação.

Por conseguinte, alguém só pode exercitar o poder de ação, ou seja, só pode pedir a proteção jurisdicional do Estado, quando tem interesse nessa prestação jurisdicional, interesse que nasce justamente do fato de o seu pretenso direito ter sido violado ou ameaçado de violação e da proibição da justiça.”1

Portanto, para que se configure o interesse de agir no deslinde do

litígio, exige-se a violação ou ameaça a direito, necessidade do ajuizamento da

ação, bem como adequação da ação escolhida, sob pena de extinção do processo

sem resolução de mérito, conforme dispõe o Código de Processo Civil Brasileiro:

“Art. 267. Extingue-se o processo sem resolução de mérito: (...)

VI – quando não ocorrer qualquer das condições da ação, como a possibilidade jurídica, a legitimidade das partes e o interesse processual.”

O grande cerne do presente trabalho consiste em analisar os

casos em que ao ajuizar determinada ação a parte autora efetivamente detém

interesse de agir, entretanto, no decorrer do prosseguimento de tal processo ocorre

determinada situação que afasta o interesse processual, fato esse conhecido

juridicamente por carência de ação por causa superveniente ou perda de objeto.

Quando ocorre a carência de ação por causa superveniente,

efetivamente cai por terra um dos requisitos da ação, qual seja: o interesse de agir,

razão pela qual o processo deve ser extinto sem apreciação de mérito, uma vez que

perdeu seu objeto.

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Ocorre que a partir daí surge um outro problema, qual seja, a

questão dos honorários advocatícios.

Como se sabe os honorários advocatícios são devidos pela parte

que sucumbe na ação, ou seja, aquela que perde o processo. Entretanto nos casos

de carência de ação, efetivamente não se pode falar em parte vencedora ou

vencida, haja vista que o processo não chega a ter seu mérito analisado, posto que

é extinto sem apreciação de mérito justamente por faltar o interesse de agir.

Sendo assim, em tais casos de extinção do processo sem

resolução de mérito por carência de ação por causa superveniente adota-se a teoria

do princípio da causalidade.

A adoção de tal princípio na fixação de honorários advocatícios

nos casos ora afirmados diz respeito ao entendimento segundo o qual deve ser

condenada ao pagamento de honorários a parte que deu causa ao ajuizamento da

ação.

Adotando-se a teoria em tela tem-se que os honorários

advocatícios poderão ser arcados pela parte autora, pela parte ré ou até mesmo

rateado por cada uma das partes.

Caso o autor dê causa ao ajuizamento da ação ele é quem deverá

arcar com o pagamento dos honorários advocatícios da outra parte, bem como

ocorre o mesmo no caso em que a parte ré é quem dá causa ao ajuizamento de

ação.

Já no caso em que a carência de ação ocorra por causa de

surgimento de Lei ou qualquer outro fenômeno que não possa ser atribuído a

nenhuma das partes, conclui-se que nesse caso cada parte dever arcar com o

pagamento dos seus respectivos advogados, uma vez que a causa da perda do

objeto não pode ser atribuída a nenhuma das partes litigantes.

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PROCESSUAL CIVIL – ADMINISTRATIVO – EXTINÇÃO DO

FEITO – FATO SUPERVENIENTE – AUSÊNCIA DE

INTERESSE PROCESSUAL – HONORÁRIOS – PRINCÍPIO

DA CAUSALIDADE – 1. Os honorários advocatícios são

devidos nos casos de extinção do feito, sem Resolução do mérito, em razão da superveniente perda de objeto, à luz do princípio da causalidade. Precedentes jurisprudenciais do stj:

RESP 812193/MG, desta relatoria, DJ de 28.08.2006; RESP 654909/PR, relator ministro teori zavascki, DJ de 27.03.2006; RESP 424220/RJ, relator ministro João Otávio de noronha, DJ de 18.08.2006 e RESP 614254/RS, relator ministro José delgado, DJ de 13.09.2004. 2. Extinto o procedimento, sem

Resolução do mérito, por falta de interesse de agir superveniente, o juiz deve pesquisar a responsabilidade pela demanda, bem como pelo seu esvaziamento, no afã de imputar os honorários. 3. In casu, a superveniente perda de

objeto do processo e, consectariamente, a sua extinção, sem Resolução do mérito, decorreu de ato praticado pela ré, consubstanciado na publicação das resoluções nº 302 e 303 de 08.11.2002, que revogaram a Resolução nº 210/99, impugnada

pela ação ab origine. 4. Recurso Especial desprovido. (STJ –

RESP 200501088691 – (764519 RS) – 1ª T. – Rel. Min. Luiz

Fux – DJU 23.11.2006 – p. 223)

PROCESSUAL CIVIL – EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM

JULGAMENTO DO MÉRITO – CUSTAS E HONORÁRIOS –

PRINCÍPIO DA CAUSALIDADE – Extinto o processo sem

julgamento do mérito, decorrente de perda superveniente do objeto, a parte que deu ensejo à instauração da demanda arcará com o pagamento das custas e honorários advocatícios, em observância ao princípio da causalidade.

(TJDF – APC 20060150094766 – 1ª T.Cív. – Rel. Des. Nívio

Gonçalves – DJU 18.01.2007 – p. 87)

PROCESSUAL CIVIL – Ação demolitória - Fato superveniente

(art. 462 do CPC) - Perda do objeto - Extinção do processo sem análise do mérito - Honorários advocatícios devidos - Exegese do princípio da causalidade - Recurso provido.

(TJSC – AC 2006.004834-5 – Balneário Camboriú – 1ª CDPúb. – Rel. Des. Vanderlei Romer – J. 29.09.2006)

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ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL – REGIME

COMPLEMENTAR DE APOSENTADORIA – FUNCEF –

EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM JULGAMENTO DE MÉRITO – AUSÊNCIA DE INTERESSE EM AGIR POR PERDA DE

OBJETO – TRANSAÇÃO – NÃO OCORRÊNCIA –

CONDENAÇÃO EM HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS –

CORRETA – PRECEDENTES CITADOS – RECURSOS

PARCIALMENTE PROVIDOS – Cuida-se de apelações cíveis

objetivando a reforma de sentença que, em sede de ação de conhecimento, pelo rito ordinário, extinguiu o processo sem apreciação de mérito, por perda de objeto, bem como condenou as apelantes ao pagamento de honorários advocatícios. - A

superveniência de fato que esvazie o objeto do processo implica a carência da ação por ausência de interesse em agir, presente à época da propositura da ação. - Não

havendo concessões mútuas, não há falar em transação (art. 840, CC). - A transferência dos apelados para a funcef, por meio de ato implementado pela CEF, realizou exatamente o pleito autoral, ocasionando, via de conseqüência, a perda do objeto da presente demanda, circunstância esta que conduz, necessariamente, à extinção anormal do processo, ante a ausência superveniente de interesse processual. - Correta a

imposição do pagamento da verba honorária à parte que deu causa ao ajuizamento da demanda, mormente quando a extinção do feito sem exame de mérito, face a ausência de interesse processual, por perda de objeto, decorreu da satisfação extrajudicial do pedido formulado na peça vestibular. - Ressalte-se, no entanto, que nas causas em que

não há condenação, os honorários serão fixados consoante apreciação eqüitativa do juiz (art. 20, § 4º, do CPC). In casu, tendo em vista o grau de zelo do profissional, o lugar de prestação do serviço, a natureza e importância da causa, o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço, é razoável a redução da verba honorária fixada na sentença que deverá ser corrigida a partir da publicação da sentença. - Precedentes citados. - Recursos parcialmente

providos. (TRF 2ª R. – AC 2000.51.01.033551-0 – 5ª T.Esp. –

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ADMINISTRATIVO – PROCESSUAL CIVIL – PENSÃO – EX-COMBATENTE – PERDA DE OBJETO – EXTINÇÃO – 267, VI – Do CPC. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. INDEVIDOS. - Extinção do processo sem julgamento do mérito, nos termos do art. 267, VI, decorrente da falta de interesse de agir superveniente tendo em vista o reconhecimento administrativo do direito autoral. - Desta forma, sendo caso de extinção do

processo por perda de objeto, o Juiz deve perquirir quem deu causa, de modo objetivamente injurídico, à instauração do processo. -Incabível, portanto, a condenação da Autora ao

pagamento de honorários advocatícios. Afinal, à época da propositura da presente ação seu direito não estava reconhecido administrativamente, existindo certamente o interesse de agir do autor, condição necessária para a instauração e admissibilidade da ação, o que deve ser levado em conta pelo Juiz. - Recurso não provido. Sentença

confirmada. (TRF 2ª R. – AC 2001.02.01.032496-3 – 2ª T. –

Rel. Des. Fed. Sergio Feltrin Correa – DJU 07.12.2004 – p. 284)

CIVIL PROCESSUAL CIVIL – BUSCA E APREENSÃO –

PURGA DA MORA – PERDA DO OBJETO – EXTINÇÃO SEM

JULGAMENTO DE MÉRITO – CONDENAÇÃO EM CUSTAS E

HONORÁRIOS – PRINCÍPIO DA CAUSALIDADE –

GRATUIDADE DE JUSTIÇA – DECLARAÇÃO – PRESUNÇÃO

JURIS TANTUM – Se o autor tinha interesse processual

quando da propositura da demanda, mas houve carência superveniente da ação, pela perda do objeto, o juiz deve avaliar se o réu deu causa ao ajuizamento da demanda (princípio da causalidade). Em caso positivo, deve condená-lo em honorários do advogado com base no CPC 20, § 4º. Revela-se cabível o benefício da gratuidade de justiça,

valendo a declaração assinada pelo requerente, quando não contrariada pelos demais elementos do processo. A presunção conferida à declaração é juris tantum, devendo-se observar a realidade econômica do requerente em cada caso. Apelo não provido. (TJDF – APC 20050110012174 – 6ª C.Cív. – Relª Desª Ana Maria Duarte Amarante – DJU 01.12.2005 – p. 296)

(7)

PROCESSUAL CIVIL – CAUTELAR – PERDA DE OBJETO:

EXTINÇÃO DA AÇÃO PRINCIPAL – SUCUMBÊNCIA –

RESPONSABILIDADE PELO PAGAMENTO DE CUSTAS E

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS – I. A cautelar perdeu seu

objeto em razão da extinção sem julgamento do mérito da ação principal por indeferimento da inicial. II. Extinto o processo

pela perda superveniente do interesse de agir, a

responsabilidade pelo pagamento das despesas

processuais é definida com fundamento no princípio da causalidade. III. Embora a ação principal tenha sido extinta

cinco dias após o ajuizamento da cautelar, a autora não se manifestou, tendo o feito prosseguido e a ré apresentado contestação. IV. A atuação da autora exigiu da parte contrária providências em defesa de seus interesses. Assim, há uma relação de causa que determina a responsabilidade daquela pelo pagamento dos honorários advocatícios. V. A teor do estatuído no artigo 20, § 4º do CPC, o valor da verba honorária que melhor atende às peculiaridades do feito é o de R$ 150,00.

VI. Recurso parcialmente provido. (TRF 3ª R. – AC

2004.61.17.003395-3 – (1067879) – 2ª T. – Relª Desª Fed.

Cecilia Mello – DJU 01.12.2006 – p. 439)

Conclui-se assim que nos casos em que há perda de objeto

(carência de ação por causa superveniente) deve haver condenação na verba

honorária, adotando-se assim o princípio da causalidade, devendo ser condenada

ao pagamento de tal verba a parte que deu causa ao ajuizamento da ação e nos

casos em que não se puder imputar tal responsabilidade a alguma das partes, cada

uma delas deve arcar com o pagamento de honorários de seus respectivos

advogados.

Referências

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