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OS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS NA JUSTIÇA DO TRABALHO 1

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OS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS NA JUSTIÇA DO TRABALHO1

Helberth Waner Corrêa Silva2

1. HONORÁRIOS:DEFINIÇÃO ETIMOLOGIA NATUREZA JURÍDICA.1.1. DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. 1.2. DOS HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA.2. CONSIDERAÇÕES ACERCA DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS NA JUSTIÇA DO TRABALHO. 2.1. DO IUS POSTULANDI. 2.2. DA INDISPENSABILIDADE DO ADVOGADO. 2.3.

DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS NA JUSTIÇA DO TRABALHO.3. CONCLUSÃO.4.BIBLIOGRAFIA.

1. HONORÁRIOS:DEFINIÇÃO ETIMOLOGIA NATUREZA JURÍDICA

Antes de discorrer sobre a “Os Honorários Advocatícios na Justiça do Trabalho”, necessário se faz discorrer sobre a própria definição e natureza jurídica do instituto dos “honorários”.

Os honorários são definidos como “os vencimentos devidos a profissionais liberais (médicos, dentistas, advogados) em troca de seus serviços; salário, remuneração, paga”. Essa definição vem do seu próprio sentido etimológico, sentido este derivado do latim honorarius ou honorarium. (HOUAISS, 2009, p. 1549)

Na doutrina pátria Sérgio Pinto Martins se manifesta da seguinte maneira sobre a figura dos honorários: “Honorário tem o significado de prêmio ou estipêndio dado ou pago em retribuição a certos serviços profissionais”. (MARTINS, 2007, p. 373)

Superada a definição de honorários, cabe discorrer sobre sua natureza jurídica, a qual possui natureza alimentar pelo fato do profissional liberal está prestando um serviço. É por isso, sua própria natureza jurídica, que este instituto é impenhorável, assim com o salário, remuneração, soldo etc., conforme se observa no art. 649 do Código de processo Civil, in verbis:

Art. 649. São absolutamente impenhoráveis:

...

IV - os vencimentos, subsídios, soldos, salários, remunerações, proventos de aposentadoria, pensões, pecúlios e montepios; as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de

1 Trabalho apresentado na disciplina Direito Processual do Trabalho.

2 Aluno do 9º período de direito da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – Unidade Betim.

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profissional liberal, observado o disposto no § 3o deste artigo... (PINTO; WINDT; CÉSPEDES, 2010, p. 439)

Consoante é a jurisprudência, que tem se manifestado neste mesmo sentido:

HONORÁRIO DE PROFISSIONAL LIBERAL. São impenhoráveis, dado o caráter alimentar (STJ, 3ª Turma, REsp 724.158/PR, rel. Min. Nancy Andrighi, J. em 26/09/2006, DJ 16/10/2006, p.

365)

Desse modo, é inegável que os honorários do profissional liberal possuem natureza alimentar, uma vez que este instituto tem por finalidade a manutenção (alimentação, transporte, vestuário, lazer, etc.) do profissional que presta seus serviços a terceiros.

Antes de enfrentar no tema principal do texto, é de extrema importância tecer alguns comentários sobre os honorários advocatícios sob o prisma dos fatos jurídicos que o originam.

1.1. DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

Os honorários advocatícios é fruto de uma relação jurídica, ou melhor, de uma obrigação contratual entre o contratante (parte que contrata o advogado – autor ou réu) e o advogado, por isso o entendimento doutrinário de que estes honorários são contratuais, já que esse tipo de remuneração pelos serviços prestados decorre de uma pactuação para que o profissional possa representar em juízo.

Como fundamento das afirmações acima, temos o art. 22 da lei nº 8.906/943, ao qual dispõe em seu caput:

Art. 22. A prestação de serviço profissional assegura aos inscritos na OAB o direito aos honorários convencionados... (PINTO; WINDT; CÉSPEDES, 2010, p. 1.082)

Desse modo, fica evidente que os honorários convencionados ou contratados, devem ficar a encargo da parte que contratou o patrono e com ele firmou compromisso de pagar pelos serviços postos a sua disposição, neste caso não importa o quantum fixado pelo causídico pelos serviços.

1.2. DOS HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA

Por outro prisma, vale lembrar que além dos honorários advocatícios serem devidos pela parte que contratou o patrono, tem-se ainda a figura dos honorários oriundos da sucumbência, aos quais são devidos

3 Dispõe sobre o Estatuto da Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

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pela parte vencida em demanda judicial, uma vez que não é admissível impor aquele que ganhou a lide uma diminuição patrimonial, neste sentido se manifesta Sérgio Pinto Martins:

Assim, aquele que ganhou a demanda não pode ter diminuição patrimonial em razão de ter ingressado em juízo. Os honorários de advogado decorrem, portanto, da sucumbência. A parte vencedora tem direito à reparação integral dos danos causados pela parte vencida, sem qualquer diminuição patrimonial. (MARTINS, 2007, p. 373)

Neste campo, não há obstáculos de posicionamentos divergentes. O que existe na verdade, é total indignação por parte dos advogados em geral (civilistas, previdencialistas, tributaristas, entre outros) pelo fato dos magistrados fixarem valores que não àqueles disciplinados pelo § 3º do art. 20 do Código de Processo Civil, ao qual possuem requisitos objetivos em suas alíneas, in verbis:

Art. 20. A sentença condenará o vencido a pagar ao vencedor as despesas que antecipou e os honorários advocatícios. Esta verba honorária será devida, também, nos casos em que o advogado funcionar em causa própria.

...

...

§ 3º Os honorários serão fixados entre o mínimo de dez por cento (10%) e o máximo de vinte por cento (20%) sobre o valor da condenação, atendidos:

a) o grau de zelo do profissional;

b) o lugar de prestação do serviço;

c) a natureza e importância da causa, o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço. (PINTO; WINDT; CÉSPEDES, 2010, p. 391)

Prova do exposto acima são os julgados acostados abaixo, onde os magistrados de 1ª instância fixaram os honorários em valores irrisórios, aos quais foram revistos em sede de recurso:

HONORÁRIOS DE ADVOGADO. EXECUÇÃO. FIXAÇÃO DA VERBA PARA O CASO DE INEXISTIREM EMBARGOS. VALOR IRRISÓRIO. 1. A Turma tem conhecido de recurso especial para rever a fixação de verba honorária em valor irrisório ou excessivo, pois tal decisão se afasta do juízo de eqüidade preconizado pela lei e permite o processamento do recurso pela alínea a. 2. É irrisória a quantia de R$ 5.400,00 estipulada como verba honorária em favor do advogado que promove execução de R$ 849.199,00, para o caso de não oferecimento de embargos. 3. Recurso conhecido e provido em parte. (REsp n. 251.017/MT, relator Ministro Ruy Rosado de Aguiar, DJ de 11/9/2000).

PROCESSUAL CIVIL. VERBA HONORÁRIA. FIXAÇÃO AQUÉM DO MÍNIMO LEGAL (ART. 20, §§ 3º E 4º, DO CPC). IMPOSSIBILIDADE. PRECEDENTES. 1. Consoante jurisprudência iterativa desta Corte, os honorários advocatícios devidos pela parte vencida devem ser fixados entre o mínimo de 10% e o máximo de 20%, como determinado no art. 20, §§ 3º e 4º, do diploma processual. 2. Recurso especial conhecido e provido. (REsp n. 209.593/DF, relator Ministro Francisco Peçanha Martins, DJ de 16/6/2003)

Cabe aqui atentar para o seguinte fato: no primeiro julgado citado acima, foi reconhecido em sede de Recurso Especial (REsp) que os honorários sucumbênciais foram fixados de maneira irrisória.

Como se verifica, ao fixar honorários em 0,0064 (sessenta e quatro) milésimos do valor da causa, o magistrado de 1ª instância simplesmente ignorou o valor da causa e até mesmo o zelo do advogado, o

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lugar da prestação de serviço, a natureza e importância da causa, o tempo exigido para o seu serviço, além de representar um desrespeito para com o advogado.

2. CONSIDERAÇÕES ACERCA DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS NA JUSTIÇA DO TRABALHO

Nos dias atuais, é inegável que as lides apreciadas pelo Poder Judiciário ficaram mais complexas, em especial aquelas submetidas à Justiça do Trabalho, e este Poder tem se esforçado para acompanhar o dinamismo de nossa sociedade. Contudo, apesar das inovações tecnológicas implementadas nos últimos anos pelo judiciário nacional, estas não são capazes de acompanhar as modificações sociais, prevalecendo o entendimento hermenêutico sobre a letra fria da lei, a qual é datada de 67 anos atrás.

2.1. DO IUS POSTULANDI

Consoante se faz neste momento é tecer os devidos comentários a respeito do ius postulandi, já que tal instituto recebe tratamento especial pelo Direito Processual do Trabalho. Assim, sobre tal instituto processual, Carlos Henrique Bezerra Leite se manifesta:

O ius postulandi nada mais é do que a capacidade de postular em juízo. Daí chamar-se, também, de capacidade postulatória, que é a capacidade reconhecida pelo ordenamento jurídico para a pessoa praticar pessoalmente, diretamente, atos processuais. (LEITE, 2009, p. 353)

Assinala-se que no processo do trabalho tal prerrogativa é disciplinada pela Consolidação das leis do Trabalho no seu art. 791, in verbis:

Art. 791 - Os empregados e os empregadores poderão reclamar pessoalmente perante a Justiça do Trabalho e acompanhar as suas reclamações até o final. (PINTO; WINDT; CÉSPEDES, 2010, p.

953)

Dessa forma, usamos novamente os préstimos do ilustre Carlos Henrique Bezerra Leite, que assim define o ius postulandi no processo do trabalho:

... é a capacidade conferida por lei as partes, como sujeitos da relação de emprego, para postular diretamente em juízo, sem serem representadas por advogado. (LEITE, 2009, p. 354)

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Como se verifica acima e por conclusão lógica, ao se facultar as partes em juízo serem representadas por advogado, gera para o processo do trabalho um grande problema conhecido principalmente pelos profissionais que atuam na Justiça do Trabalho: o magistrado atua como se fosse advogado do reclamante face à presunção de hiposuficiência do trabalhador, ao mesmo tempo em que atrasa toda a sua pauta do dia. Infelizmente não é assim que pensa nossos tribunais, devido à grande quantidade de acordos realizados diariamente, o que contribui para a celeridade desta justiça especializada.

Além disso, ao conferir faculdade de representação, a Consolidação das Leis do Trabalho desobriga o pagamento dos honorários sucumbenciais, pois se não é necessário a presença de um advogado para ter sua demanda apreciada, também não é necessário suportar mais este ônus.

2.2. DA INDISPENSABILIDADE DO ADVOGADO

Sabemos que conforme previsto no art. 133 da Constituição da República de 1988, o advogado é indispensável à administração da justiça, e na Justiça do Trabalho não poderia ser diferente. Deveras, no âmbito da justiça do trabalho tal afirmativa constitucional não é totalmente absurda, haja vista o entendimento jurisprudencial do próprio Tribunal Superior do Trabalho sobre o tema:

JUS POSTULANDI. RECURSO. ATO PRIVATIVO DE ADVOGADO. LEI Nº 8.906/94 – 1.

A simples personalidade jurídica ou capacidade de ser parte não são suficientes para autorizar o exercício, por si, de atos processuais, próprios e especificados em lei, privativos de advogados. O disposto no art. 791 da CLT, jus postulandi, concede, apenas, o direito de as partes terem o acesso e acompanharem suas reclamações trabalhistas pessoalmente, nada mais. Uma vez ocorrido o acesso, o Juiz fica obrigado por lei (arts. 14 a 19 da Lei 5.584/70) a regularizar a representação processual. 2. Nos termos do art. 1º da Lei nº 8.906/94, o ato de recorrer é privativo de advogado (TST. AG-E-RR 292.840/96.1, ac. SBDI-1, 23.2.99)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. REPRESENTAÇÃO PROCESSUAL. JUS POSTULANDI. Trata-se de agravo de instrumento interposto contra despacho que denegou seguimento ao recurso de revista, que, também, veio subscrito pelo reclamante. O jus postulandi está agasalhado no art. 791 da CLT, que preceitua: "Os empregados e os empregadores poderão reclamar pessoalmente perante a Justiça do Trabalho e acompanhar as suas reclamações até o final". A expressão "até o final", portanto, deve ser interpretada levando- se em consideração a instância ordinária, já que esta é soberana para rever os fatos e as provas dos autos. O recurso de revista, por sua natureza de recurso extraordinário, exige seja interposto por advogado devidamente inscrito na OAB, a quem é reservada a atividade privativa da postulação em juízo, incluindo-se o ato de recorrer art. 1º da Lei nº 8.906/94. Agravo de instrumento não conhecido (TST. AIRR - 886/2000-401-05-00, ac. 4ª Turma, 12.08.05).

Ao reconhecer que as partes podem acompanhar suas demandas até o fim, ao qual se encerra na 1ª instancia, a natureza dos recursos apreciados naquele tribunal, como sendo “recurso extraordinário” e

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para sua interposição a necessidade do advogado devidamente inscrito nos quadros da Ordem dos Advogados do Brasil, o Tribunal Superior do Trabalho está afirmando que mesmo na justiça do trabalho se faz indispensável à presença do advogado.

Como se não bastasse à afirmativa acima, é de se levantar a questão da interposição de recurso extraordinário para o Superior Tribunal Federal, onde se esgotará a jurisdição trabalhista, e a parte necessariamente deve ser representada por advogado na Suprema Corte guardiã da Constituição.

Registre-se ainda, as alterações trazidas pela Emenda Constitucional nº 45/2004 no que tange a ampliação da competência da justiça do trabalho, onde esta passou a ter competência para julgar não somente ações envolvendo relação de emprego4, mas também relações de trabalho5, que neste último caso torna obrigatória a representação por advogado, conforme art. 3º, §3º e art. 5º da Instrução Normativa nº 27/20056 do Tribunal Superior do Trabalho, in verbis:

Art.3º Aplicam-se quanto às custas as disposições da Consolidação das Leis do Trabalho.

...

...

§ 3º Salvo nas lides decorrentes da relação de emprego, é aplicável o princípio da sucumbência recíproca, relativamente às custas.

...

Art. 5º Exceto nas lides decorrentes da relação de emprego, os honorários advocatícios são devidos pela mera sucumbência. (COSTA; FERRARI; MARTINS, 2009, p. 625)

Coadunando com o texto legal acima, os tribunais tem se inclinado no seguinte sentido:

EMENTA: HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS - ACIDENTE DO TRABALHO - LIDES ANTERIORES À AMPLIAÇÃO DE COMPETÊNCIA IMPLEMENTADA PELA EC. Nº 45/2004. Até o ano de 2004, todas as lides referentes aos acidentes de trabalho eram julgadas pela Justiça Estadual Comum e, portanto, todos os pedidos, inclusive o de pagamento de honorários advocatícios, eram decididos de acordo com o regramento civil. Por isso, o advogado que ingressava com a ação já presumia que receberia honorários na forma prevista no art.20, do CPC.

Então, após a alteração de competência, foi baixada a Instrução Normativa 27, que, ao tratar da ampliação das normas procedimentais decorrentes da ampliação da competência da Justiça do Trabalho, estabeleceu a possibilidade de condenação ao pagamento de honorários advocatícios pela mera sucumbência, sem estabelecer como pressuposto a assistência por sindicato da categoria profissional. Dessa forma, nas ações decorrentes de acidente de trabalho, ainda que no curso do processo tenha sido deslocada a competência para esta Especializada, isso não impede a condenação em honorários advocatícios em benefício da parte vencedora, até porque a exegese da Instrução Normativa em comento permite essa conclusão. (TRT 3ª Região. Oitava Turma.

Processo nº 00938-2006-129-03-00-7 RO. Rel. Convocado José Marlon de Freitas. Data da Publicação: 01/09/2007)

4 Relação de emprego: é um fato jurídico que se configura quando alguém (empregado ou empregada) presta serviço a uma outra pessoa, física ou jurídica (empregador ou empregadora), de forma subordinada, pessoal, não-eventual e onerosa.

5 Relação de Trabalho: é o gênero das quais são espécies diversas formas de prestação de trabalho humano, contratual ou não, remunerado ou não

6 Dispõe sobre normas procedimentais aplicáveis ao processo do trabalho em decorrência da ampliação da competência da Justiça do Trabalho pela Emenda Constitucional nº45/2004.

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2.3.DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS NA JUSTIÇA DO TRABALHO

No âmbito da justiça do trabalho, os honorários advocatícios são disciplinados pela lei nº 1.060/507, a qual prevê dois requisitos específicos para condenação da parte vencida ao pagamento dos honorários advocatícios, que na verdade são “honorários sindicais”, já que estes são devidos ao sindicato da categoria. Tais requisitos são representados pela concessão do benefício da justiça gratuita e a assistência judiciária a parte vencedora (artigo 4º e 11), in verbis:

Art. 4º. A parte gozará dos benefícios da assistência judiciária, mediante simples afirmação, na própria petição inicial, de que não está em condições de pagar as custas do processo e os honorários de advogado, sem prejuízo próprio ou de sua família.

...

Art. 11. Os honorários de advogado e peritos, as custas do processo, as taxas e selos judiciários serão pagos pelo vencido, quando o beneficiário da assistência for vencedor da causa. (PINTO;

WINDT; CÉSPEDES, 2010, p. 1.170)

Os requisitos supracitados são confirmados e consubstanciados pela lei nº 5.584/708, pelo fato desta norma passar a incumbência da prestação da assistência judiciária ao sindicato representativo da classe:

Art. 14. Na Justiça do Trabalho, a assistência judiciária a que se refere a Lei n.º 1.060, de 5 de fevereiro de 1950, será prestada pelo Sindicato da categoria profissional a que pertencer o trabalhador.

§ 1º A assistência é devida a todo aquele que perceber salário igual ou inferior ao dobro do mínimo legal, ficando assegurado igual benefício ao trabalhador de maior salário, uma vez provado que sua situação econômica não lhe permite demandar, sem prejuízo do sustento próprio ou da família.

...

Art. 16. Os honorários do advogado pagos pelo vencido reverterão em favor do Sindicato assistente. (PINTO; WINDT; CÉSPEDES, 2010, p. 1.250)

Ante os preceitos legais acima, é possível observar claramente os requisitos necessários ao deferimento dos honorários advocatícios:

a) Benefícios da assistência judiciária prestada pelo Sindicato representativo da categoria e;

b) Recebimento por parte do trabalhador de salário igual ou inferior ao dobro do mínimo legal, ou comprovação de que sua situação econômica não lhe permite demandar, sem prejuízo do sustento próprio ou da família

7 Estabelece normas para a concessão de assistência judiciária aos necessitados.

8 Dispõe sobre normas de Direito Processual do Trabalho, altera dispositivos da Consolidação das Leis do Trabalho, disciplina a concessão e prestação de assistência judiciária na Justiça do Trabalho, e dá outras providências.

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É sobre tais requisitos elencados acima que se funda o entendimento exaustivamente defendido no Tribunal Superior do Trabalho, vindo este órgão colegiado a sumular seu entendimento a cerca dos honorários advocatícios:

Súmula nº 219. Honorários advocatícios. Hipótese de cabimento. I – Na Justiça do Trabalho, a condenação ao pagamento de honorários advocatícios, nunca superiores a 15% (quinze por cento), não decorre pura e simplesmente da sucumbência, devendo a parte estar assistida por sindicato da categoria profissional e comprovar a percepção de salário inferior ao dobro do salário mínio ou encontra-se em situação econômica que não lhe permita demandar sem prejuízo do próprio sustento ou da respectiva família. II – É incabível a condenação ao pagamento de honorários advocatícios em ação rescisória, salvo se preenchidos os requisitos da lei 5.584/70. (PINTO;

WINDT; CÉSPEDES, 2010, p. 1.820)

Súmula nº 329. Honorários advocatícios. Art. 133 da CF/1988. Mesmo após a promulgação da CF/1988, permanece válido o entendimento consubstanciado no enunciado n.º 219 do Tribunal Superior do Trabalho. (PINTO; WINDT; CÉSPEDES, 2010, p. 1.826)

O entendimento do egrégio Tribunal Superior do Trabalho juntado acima tem sido muito combatido na atualidade, seja pela Associação Brasileira dos Advogados Trabalhista9 (ABRAT) ou pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), vez que seu posicionamento vem sendo mantido e difundido pelo Tribunal Superior do Trabalho fazendo parte integrante da jurisprudência de quase todos os Tribunais Regionais do Trabalho de nosso país, o que não poderia ser diferente.

3. CONCLUSÃO

Ante todas as considerações e fundamentações elencadas acima, observa-se o quanto é importante o trabalho desenvolvido pelo advogado, e da imprescindibilidade de se deferir os honorários advocatícios em qualquer modalidade, haja vista tratar-se de valores extremamente essenciais para manter sua dignidade e a atividade profissional que é indispensável à justiça (art. 133, CR/198810).

Em face das mudanças sociais e quebra de alguns paradigmas, ocorridas em nosso país nos últimos anos, não mais é possível manter o entendimento atual sobre tal questão.

Deve-se levar em consideração as várias mutações ocorridas no campo processual e material, novos tipos de ações e as suas peculiaridades que são colocadas para a analise do Poder Judiciário, principalmente da Justiça do Trabalho, o que leva o advogado a uma constante atualização conforme a

9 Em setembro de 2009 foi realizado o XXXI CONAT (Congresso Brasileiro de Advogados Trabalhistas), onde aprovou-se a Carta de Belo Horizonte, cuja previsão no subitem 7 encontra: “Lutar perante o Congresso Nacional para aprovação de projeto de lei que institua amplamente em todas as fases do processo honorários advocatícios na Justiça do Trabalho, pela mera sucumbência”.

10 Art. 133. O advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei. (grifo nosso)

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demanda do mercado, pois caso não se atualize incorre no risco de não prestar um serviço de qualidade ao seu cliente, podendo este não ter o seu direito garantido.

Outrossim, espera-se que as classes representativas dos advogados (OAB e ABRAT) engrossem o coro em prol das mudanças necessárias para a regulamentação dos honorários de sucumbência na Justiça do Trabalho e que a OAB não perca o foco em relação aos demais ramos do direito (civil, tributário, previdenciário, etc.) que também tem lutado para a manutenção de seus direitos.

Betim, 20 de setembro de 2010.

BIBLIOGRAFIA:

BRASIL.; COSTA, Armando Casimiro; FERRARI, Irany; MARTINS, Melchíades Rodrigues.

Consolidação das leis do trabalho. 37. ed. São Paulo: LTR, 2010. 943 p.

HOUAISS, Antônio; VILLAR, Mauro; FRANCO, Francisco Manoel de Mello. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. 2922p.

LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do trabalho. 2. ed. São Paulo: LTr, 2004.

876p.

MARTINS, Sérgio Pinto. Direito Processual do Trabalho. 27ª Edição. São Paulo: Ed. Atlas, 2007.

PINTO, Antonio Luiz de Toledo; WINDT, Márcia Cristina Vaz dos Santos; CÉSPEDES, Lívia. Vade mecum. 7. ed. atual. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2010.

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