UM NOVO OLHAR SOBRE A
MATEMÁTICA ELEMENTAR
Rafael Filipe Novoa Vaz
&
TODO PONTO DE VISTA
É A VISTA DE UM SÓ PONTO.
UMA PREOCUPAÇÃO ACADÊMICA
Muitas
vezes
o
discurso
dos
professores
universitários,
dos
palestrantes e dos livros está muito
distante do cotidiano escolar.
PRESSUPOSTOS FILOSÓFICOS SOBRE A
MATEMÁTICA ESCOLAR
•
Ela não tem uma essência. Pode ser praticada de maneiras
bem diferentes, com interesses sociais, políticos e
econômicos bem distintos.
•
Se por um lado ela mostra mostra-se um meio de
implementação de uma lógica de dominação e controle,
por outro, ela promove a cidadania crítica.
ADESTRAMOS OU ENSINAMOS?
VALORIZAMOS O DECOREBA OU O
PENSAMENTO?
O QUE É A DIVISÃO?
DIVISÃO É UM CONCEITO FÁCIL?
Será que permitimos que os estudantes
tenham liberdade para pensar?
COMO ACHAMOS OS DIVISORES
NATURAIS DE UM NÚMERO?
ENSINO MARCADO POR REGRAS E MACETES
O ensino de frações tem sido praticado como se nossos alunos
vivessem no final do século XIX, um ensino marcado pelo
mecanicismo, pelo exagero na prescrição de regras e macetes,
aplicações inúteis, conceitos obsoletos, “carroções”, cálculo pelo cálculo.
Esta fixação pelo adestramento empobrece as aulas de matemática,
toma o lugar de atividades instigantes e com potencial para introduzir
e aprofundar ideias fortes da matemática.
(LOPES, 2008)
“SABER OPERACIONAL”
Fazio e Siegler (2011) definem como saber operacional como sendo
a habilidade de percorrer uma série de etapas para resolver um
problema.
Em linhas gerais, o ensino de frações tem se caracterizado por uma
ênfase no simbolismo e na linguagem matemática, na aplicação mecânica
de algoritmos (sobretudo na aritmética de frações) e no uso de
NO PASSADO SE ENSINAVA ASSIM...
“Para dividir uma fracção por uma fracção, multiplica-se a
fração dividendo pela fracção divisor invertida”.
Elementos de Aritmética,1920, editora FDT
“SABER CONCEITUAL DE FRAÇÕES”
“É o conhecimento do significado das frações, de suas magnitudes e
relações com grandezas físicas. Trata-se de uma compreensão de
como
os
procedimentos
aritméticos
com
frações
são
Precisamos pensar sobre os “porquês”!
O que ensinamos, antes de
tudo, deve fazer sentido
para nós professores. Só
assim, haverá a chance de
fazer
sentido
para
os
alunos.
VOCÊ CONHECE OUTRO ALGORITMO PARA
REALIZAR A DIVISÃO?
UM OUTRO ALGORITMO PARA A DIVISÃO DE
NATURAIS!
QUAL É A MATEMÁTICA DO PEDIR
EMPRESTADO NA SUBTRAÇÃO?
ENSINO DE FRAÇÕES:
POBRE EM TERMOS CONCEITUAIS
•
O conceito de fração nunca é definido claramente e suas diferenças com os
números inteiros não é enfatizada suficientemente.
•
As complexidades conceituais associadas ao emprego de frações são enfatizadas
desde o início em detrimento do conceito básico.
•
As regras das operações aritméticas com frações são apresentadas sem relacioná-las
às regras das operações com números inteiros, com os quais os alunos têm
familiaridade.
•
Em geral, explicações matemáticas essenciais de quase todos os aspectos do
conceito de fração não são dadas.
(WU, p.2, 1999
)DICAS PARA DESENVOLVER O CONHECIMENTO
CONCEITUAL NO ENSINO
DE
FRAÇÕES:
•
Usar representações diagramáticas;
•
Explore a reta numérica;
•
Faça conexões com operações com naturais;
•
Explore as ideias associadas as frações;
AGORA É A NOSSA VEZ...
A) 3
3
5
− 2
1
5
B)
3
10
+
5
12
C) 3
1
4
÷
1
2
A) 3
3
5
− 2
1
5
2º modo
3,6 − 𝟐, 𝟐 = 1,4
1º modo
3
𝟑 𝟓− 𝟐
𝟏 𝟓= 𝟑 − 𝟐 + (
𝟑 𝟓−
𝟏
𝟓
) = 𝟏
𝟐 𝟓3º modo
3
𝟑 𝟓− 𝟐
𝟏 𝟓=
𝟏𝟖 𝟓−
𝟏𝟏 𝟓=
𝟕 𝟓B)
3
10
+
3
4
1º modo – Usando o MMC
𝟑
𝟏𝟎
+
𝟑
𝟒
=
𝟑
𝟏𝟎
∙
𝟐
𝟐
+
𝟑
𝟒
∙
𝟓
𝟓
=
𝟔
𝟐𝟎
+
𝟏𝟓
𝟐𝟎
=
𝟐𝟏
𝟐𝟎
2º modo
𝟑 𝟏𝟎+
𝟑 𝟒= 𝟎, 𝟑 + 𝟎, 𝟕𝟓 = 𝟏, 𝟎𝟓
3º modo – Usando um Múltiplo Comum Qualquer
𝟑
𝟏𝟎
+
𝟑
𝟒
=
𝟑
𝟏𝟎
∙
𝟒
𝟒
+
𝟑
𝟒
∙
𝟏𝟎
𝟏𝟎
=
𝟏𝟐
𝟒𝟎
+
𝟑𝟎
𝟒𝟎
=
𝟒𝟐
𝟒𝟎
=
𝟐𝟏
𝟐𝟎
C) 3
1
4
÷
1
2
1º modo
𝟑
𝟏
𝟒
÷
𝟏
𝟐
= 𝟑, 𝟐𝟓 ÷ 𝟎, 𝟓 = 𝟑𝟐𝟓 ÷ 𝟓𝟎 = 𝟔, 𝟓
2º modo
𝟑
𝟏
𝟒
÷
𝟏
𝟐
=
𝟏𝟑
𝟒
÷
𝟏
𝟐
=
𝟏𝟑÷𝟏
𝟒÷𝟐
=
𝟏𝟑
𝟐
POR QUE NÃO PERGUNTAR “QUANTOS
CABEM”?
1
2
÷
1
8
𝟏
𝟐
÷
𝟏
𝟖
= 𝟒
3º modo
Quantos 1/2 cabem em 3 inteiros?
6
E em 1/4?
1/2
Resposta 𝟔
𝟏 𝟐C) 3
1
4
÷
1
2
REAGRUPANDO...
9
10
÷
3
USANDO A IDEIA DA REPARTIÇÃO
3/4 : 2?
ALGORITMO NÃO USUAL PARA A DIVISÃO
𝟗
𝟏𝟎
÷
𝟑
𝟏𝟎
=
𝟗 ÷ 𝟑
𝟏𝟎 ÷ 𝟏𝟎
=
𝟑
𝟏
= 𝟑
𝟏𝟓
𝟏𝟎
÷
𝟓
𝟐
=
𝟏𝟓 ÷ 𝟓
𝟏𝟎 ÷ 𝟐
=
𝟑
𝟓
𝟑
𝟒
÷
𝟐
𝟓
=
𝟏𝟓
𝟐𝟎
÷
𝟖
𝟐𝟎
=
𝟏𝟓 ÷ 𝟖
𝟐𝟎 ÷ 𝟐𝟎
=
ൗ
𝟏𝟓
𝟖
𝟏
=
𝟏𝟓
𝟖
UM OUTRO MODO DE SOMAR
3
10
E
3
4
.
Tomemos o número 20, pois é um múltiplo comum de 4 e de 10.
3
10
de 20 = 6
34
de 20 = 15
6+15 = 21
Logo temos 21 de 20, ou seja,
21O PORQUÊ DO ALGORITMO DA DIVISÃO DE FRAÇÕES
𝒂
𝒃
÷
𝒄
𝒅
=
𝑎 ∙ 𝑐 ∙ 𝑑
𝑏 ∙ 𝑐 ∙ 𝑑
÷
𝑐
𝑑
=
𝑎 ∙ 𝑑
𝑏 ∙ 𝑐
=
𝒂
𝒃
∙
𝒅
𝒄
outro modo
𝒂
𝒃
÷
𝒄
𝒅
=
𝒂
𝒃
∙
𝑑
𝑐
÷
𝑐
𝑑
∙
𝑑
𝑐
=
𝑎 ∙ 𝑑
𝑏 ∙ 𝑐
÷ 1 =
𝒂
𝒃
∙
𝒅
𝒄
PARA REFLETIR...
Se, em nossas ações profissionais, priorizarmos uma
abordagem apenas técnica, com uma perspectiva que
restringe a Matemática a si mesma, poderemos apenas
adestrar a pessoa em habilidades de cálculo e no uso de
algoritmos, negando-lhe o conhecimento matemático
necessário para a leitura de mundo a que ela tem direito.
Beatriz D'Ambrósio
PRINCIPAIS REFERÊNCIAS
• FAZIO, L.; SIEGLER, R. S. Teaching fractions. Educational Practices Series. Geneva. International Academy of Education - International Bureau of Education. v. 22, 2011
• LOPES, Antônio J. O que nossos alunos podem estar deixando de aprender sobre frações, quando tentamos lhes ensinar frações. Bolema. Rio Claro. v. 21, n. 31, p. 1-22. 2008.
• MAGINA, S.; BEZERRA, F. B.; SPINILLO, A. Como desenvolver a compreensão da criança sobre fração: uma experiência de Ensino. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos. Brasília. v. 90, n. 225, p. 489-510, maio/agosto. 2009.
• MERLINI, V. L. O conceito de fração em seus diferentes significados: um estudo diagnóstico com alunos de 5ª e 6ª séries do Ensino Fundamental. 2005. Dissertação (Mestrado em Educação Matemática). Pontifícia Universidade Católica, São Paulo, 2005
PRINCIPAIS REFERÊNCIAS
• PONTE, J. P. Concepções dos professores de matemática e processos de formação. In: PONTE, J.P. et al.
Educação matemática. Lisboa. Instituto de Inovação Educacional, 1992. p.187-239.
• WU, H. (1999). Some remarks on the teaching of fractions in elementar school. Disponível em: http://math. berkeley. edu/~ wu/fractions2. pdf . Acesso em: 05 Maio. 2013
• VAZ, R. F. N. Metodologia Didática de Análise de Soluções Aplicada no Ensino de Frações. 2013. 81f. Dissertação (Mestrado em Ensino de Matemática). UFRJ, Rio de Janeiro, 2013.
• VAZ, R. F. N. Divisão de Frações: Explorando Algoritmos Não Usuais. Educação Matemática em