Prof. Rubens Kindlmann
Espécies Tributárias – classificação jurídica
dos tributos e os critérios classificatórios
(teoria
pentapartida
e
tripartida).
Características das espécies tributárias.
Tredestinação das Receitas tributárias e a
vinculação dos serviços. Estudo de Casos
Práticos.
O motivo
Art. 4º A natureza jurídica específica do tributo é
determinada pelo fato gerador da respectiva
obrigação, sendo irrelevantes para qualificá-la:
I - a denominação e demais características formais
adotadas pela lei;
II - a destinação legal do produto da sua
arrecadação.
A divisão das espécies tributárias ganha lugar à
medida em que a natureza de cada tributo poderá
ser determinante à sua aplicabilidade e à sua
validade.
Teoria Dualista
A teoria dualista (ou bipartida), liderada por Geraldo
Ataliba separa os tributos em 2 espécies
a)
Os tributos vinculados a atuação estatal (taxas e
contribuições de melhoria)
b)
Tributos não vinculados (impostos)
É uma divisão antiga e válida apenas para fins de
estudo
Teoria
Tripartite
Vem fundamentada nos Artigos 145 da CF e 5º do
CTN que separa os tributos em três espécies:
a)
Impostos
b)
Taxas
Teoria
Pentapartida
Divide os tributos em 5 exações autônomas e
independentes
a)
Impostos
b)
Taxas
c)
Contribuições de Melhoria
d)
Empréstimos Compulsórios
e)
Contribuições
EMENTA: (...) De fato, a par das três modalidades de tributos (os impostos,
as taxas e as contribuições de melhoria), a que se refere o art. 145, para declarar que são competentes para instituí-los a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, os arts. 148 e 149 aludem a duas outras modalidades tributárias, para cuja instituição só a União é competente: o empréstimo compulsório e as contribuições sociais, inclusive as de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas. (Trecho do voto do Ministro Moreira Alves, do STF no RE
Determinação
da Natureza
Jurídica
específica do
tributo
Nos termos do art. 4º do CTN, a natureza jurídica
específica do tributo é determinada pelo fato gerador da
obrigação. Pouco importa a denominação e demais
características formais adotadas pela lei, bem como a
destinação legal do produto de sua arrecadação.
A análise do fato gerador do tributo é determinada pela
classificação dos tributos como vinculados ou não
vinculados.
É vinculado o tributo que, para ser cobrado, precisa de
uma atividade específica do Estado em relação ao sujeito
passivo. É não vinculado quando sua cobrança
independe de qualquer atuação do Estado.
Impostos
Art. 16, CTN
Impostos
Nominados
(art. 145, I, 153, 155 e
156)
Residuais
(154, I)
Extraordinário de
Guerra
(154, II)
Impostos
Art. 16, CTN
Paulo de Barros Carvalho: “podemos definir imposto
como o tributo que tem por hipótese de incidência um
fato alheio a qualquer atuação do Poder Público”
(Cursode direito tributário, 16. ed., p. 36.)
Os impostos são tributos cujo a obrigação tem por fato
gerador situação independente de qualquer atividade
estatal e qualquer contraprestação estatal específica
O Princípio da não afetação dos impostos Art. 167. São vedados: (...)
IV – a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa,
ressalvadas a repartição do produto da arrecadação dos impostos a que se referem os arts. 158 e 159, a destinação de recursos para as ações e serviços públicos de saúde, para manutenção e desenvolvimento do ensino e para realização de atividades da administração tributária, como determinado, respectivamente, pelos arts. 198, § 2º, 212 e 37, XXII, e a prestação de garantias às operações de crédito por antecipação de receita, previstas no art. 165, § 8º, bem como o disposto no § 4º deste artigo;
(...)
Impostos
Exceções ao princípio da não afetação dos impostos
1ª Repartição constitucional dos impostos; (art. 158/159, CF) 2ª Destinação de recursos para a saúde;(198,§2º, CF)
Destinação de recursos para o desenvolvimento do ensino; (212, CF) Destinação de recursos para a atividade de administração tributária; (37, XXII, CF)
3ª Prestação de garantias para: (Art. 165, §8º, CF)
(i) operações de crédito por antecipação de receita; (ii) a União (garantia e contragarantia); e
(iii) pagamento de débitos para com esta.
Impostos
Princípio da
não afetação
Exceções à não afetação que evidenciam que a regra é “relativa” Art. 80. Compõem o Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza: II – a parcela do produto da arrecadação correspondente a um
adicional de cinco pontos percentuais na alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI, ou do imposto que vier a substituí-lo, incidente sobre produtos supérfluos e aplicável até a extinção do Fundo;
III – o produto da arrecadação do imposto de que trata o art. 153,
Classificação
dos impostos
Instantâneos, Complexivos e Continuados:
Instantâneos: Fato gerador isolado (transmissão de bens imóveis)
Complexivos: Conjunto de fatos considerados como um todo (renda
obtida ao longo de todo um ano)
Continuados: situação continuada no tempo (IPTU)
Classificação
dos impostos
Ordinários e ExtraordináriosOrdinários - Permanentes,
constituindo receitas constantes do Estado
Extraordinários – Temporários, instituídos para satisfazer necessidades excepcionais de
Classificação
dos impostos
Diretos e Indiretos –quando possível a determinação prévia da pessoa do contribuinte (contribuinte de fato e de direito)
quando impossível a determinação prévia da pessoa do contribuinte (contribuinte de fato e de direito)
Taxas
-
Art. 145, II, CF + §2º
- Art. 77 a 79 do CTN
Taxas
De poder de polícia
(Art. 145, II primeira
parte)
De serviços públicos
específicos e divisíveis
(Art. 145, II segunda
parte)
Caso prático
Lei 3461/2015 – Município de Gramado
Art. 123-A. A Taxa de Turismo Sustentável será cobrada por unidade habitacional, dos hóspedes, não residentes ou domiciliados no Município de Gramado.
Art. 123-B. A Taxa de Turismo Sustentável tem como fato gerador a utilização, efetiva ou potencial, por parte dos hóspedes visitantes, da infraestrutura física implantada no Município de Gramado e do acesso e fruição ao patrimônio natural e histórico deste Município.
Art. 123- C. O Sujeito Passivo da Taxa de Turismo Sustentável é o hóspede dos estabelecimentos elencados no art. 123-D° desta Lei.
Art. 123-D. É responsável tributário pelo recolhimento da Taxa de Turismo Sustentável, o estabelecimento onde esteja hospedado o contribuinte, devendo ser efetuada por ocasião da liquidação da conta do hóspede.
Art. 123-E. A Taxa de Turismo Sustentável será devida no valor de R$ 2,00 (dois reais), por cada diária gerada por unidade habitacional, em hotéis, pousadas, resorts e similares.
Contribuições
de Melhoria
- Art. 145, III, CF
-Art. 81 e 82, CTN
- DL 195/67
Contribuições
de Melhoria
(art. 145, III)
Contribuições
de Melhoria
- - DL 195/67
Art. 2º Será devida a Contribuição de Melhoria, no caso de valorização de imóveis de propriedade privada, em virtude de qualquer das seguintes obras públicas:
I - abertura, alargamento, pavimentação, iluminação, arborização, esgotos
pluviais e outros melhoramentos de praças e vias públicas;
II - construção e ampliação de parques, campos de desportos, pontes, túneis e
viadutos;
III - construção ou ampliação de sistemas de trânsito rápido inclusive tôdas as obras e edificações necessárias ao funcionamento do sistema;
IV - serviços e obras de abastecimento de água potável, esgotos, instalações de redes elétricas, telefônicas, transportes e comunicações em geral ou de suprimento de gás, funiculares, ascensores e instalações de comodidade pública;
V - proteção contra sêcas, inundações, erosão, ressacas, e de saneamento de drenagem em geral, diques, cais, desobstrução de barras, portos e canais, retificação e regularização de cursos d’água e irrigação;
VI - construção de estradas de ferro e construção, pavimentação e
melhoramento de estradas de rodagem;
VII - construção de aeródromos e aeroportos e seus acessos;
VIII - aterros e realizações de embelezamento em geral, inclusive desapropriações em desenvolvimento de plano de aspecto paisagístico.
Empréstimos
Compulsórios
Art. 149, CF
Art. 15, CTN
Empréstimos
Compulsórios
Extraordinários de
calamidade publica
ou guerra (art. 148, I)
De investimento
(art. 148, II)
Exemplo:
Década de 80
Decreto Lei 2288/86 – Criou o Fundo Nacional de
Desenvolvimento e o Empréstimo Compulsório
Objetivo: Fornecer recursos para realização de
investimentos
necessários
à
dinamização
do
desenvolvimento nacional e apoio à iniciativa privada
na organização e ampliação de suas atividades
econômicas
Contribuintes: exigido dos consumidores de gasolina
ou álcool para veículos automotores bem como dos
adquirentes de automóveis de passeio e utilitários
Quanto se pagava:
28% do valor do consumo de gasolina e álcool
carburante;
30% do preço de aquisição de veículos novos e de até
um ano de fabricação;
15% (quinze por cento) do preço de aquisição de
veículos novos e de até um ano de fabricação.
20% do preço de aquisição de veículos com mais de um
e até dois anos de fabricação;
10% do preço de aquisição de veículos com mais de
dois e até quatro anos de fabricação.
Exemplo:
Período de Cobrança: 07/86 a 12/89
Como se resgatava: no último dia do terceiro ano
posterior
ao
seu
recolhimento,
efetuando-se
o
pagamento com quotas do Fundo Nacional de
Desenvolvimento
Exemplo:
Contribuições
Art. 149, CF
Art. 149-A, CF
Art. 195, CF
Contribuições
Sociais Gerais (art. 149, primeira parte) De seguridade socialNominadas (Art. 149,primeira parte, c/c 195, I, II e III)
Residuais (art. 149, primeira parte c/c 195 § 4º)
De previdência do funcionalismo público estadual, distrital e municipal (149,§1º)
De intervenção no domínio econômico (Art.
149, segunda parte) De interesse das categorias profissionais ou econômicas (art. 149, terceira parte) De iluminação publica municipal e distrital (art. 149-A)
CIDE-COMBUSTÍVEIS
Constituição Federal
Art. 177 (...)
§4º A lei que instituir contribuição de intervenção no domínio econômico relativa às atividades de importação ou comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados e álcool combustível deverá atender aos seguintes requisitos:
I - a alíquota da contribuição poderá ser: a) diferenciada por produto ou uso;
b)reduzida e restabelecida por ato do Poder Executivo, não se lhe aplicando o disposto no art. 150,III, b;
II - os recursos arrecadados serão destinados:
a) ao pagamento de subsídios a preços ou transporte de álcool combustível, gás natural e seus derivados e derivados de petróleo;
b) ao financiamento de projetos ambientais relacionados com a indústria do petróleo e do gás;
Contribuição de
interesse das
categorias
profissionais ou
econômicas
É a Contribuição para conselhos de fiscalização profissional
Os conselhos de fiscalização profissional são autarquias profissionais que fiscalizam o exercício de profissões regulamentadas, conforme as respectivas leis específicas. As contribuições devidas a tais conselhos, como os Conselhos Regionais de Engenharia e Arquitetura (Crea), os Conselhos Regionais de Química (CRQ), os Conselhos Regionais de Enfermagem (Coren), são chamadas anuidades. Tendo as anuidades
exigidas pelos conselhos de fiscalização profissional natureza Tributária,
classificando-se como contribuições sociais do interesse das categorias profissionais ou econômicas (art. 149 da CF), submetem-se necessariamente à legalidade, à irretroatividade e às anterioridades, bem como às demais garantias tributárias. (Paulsen, Leandro. Curso de direito tributário completo – 8.ed. – São Paulo: Saraiva, 2017.)
Também são consideradas contribuições do interesse de categorias econômicas as contribuições destinadas aos novos serviços sociais
autônomos que atendem a setores específicos
Exemplo: as destinadas ao Serviço Social do Transporte (Sest), Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Senat), Serviço Social da Indústria (SESI), Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) criados pela Lei n. 8.706/93.
Contribuição de
interesse das
categorias
profissionais ou
econômicas
Tredestinação
É o desvio da destinação da receita tributária para uma finalidade diversa daquela que se previu inicialmente
ADCT, Art. 76.
“São desvinculados de órgão, fundo ou despesa, até 31 de dezembro de 2023, 30% (trinta por cento) da arrecadação da União relativa às
contribuições sociais, sem prejuízo do pagamento das despesas do
Regime Geral da Previdência Social, às contribuições de intervenção no
domínio econômico e às taxas, já instituídas ou que vierem a ser criadas
até a referida data.” ADCT. Art. 76-A
São desvinculados de órgão, fundo ou despesa, até 31 de dezembro de 2023, 30% (trinta por cento) das receitas dos Estados e do Distrito
Federal relativas a impostos, taxas e multas, já instituídos ou que vierem
a ser criados até a referida data, seus adicionais e respectivos acréscimos legais, e outras receitas correntes.
ADCT, Art. 76-B
São desvinculados de órgão, fundo ou despesa, até 31 de dezembro de 2023, 30% (trinta por cento) das receitas dos Municípios relativas a impostos, taxas e multas, já instituídos ou que vierem a ser criados até a referida data, seus adicionais e respectivos acréscimos legais, e outras receitas correntes.
Redações dadas pela EC93 de 8/9/2016
Tredestinação
A jurisprudência
Ementa: DIREITOS CONSTITUCIONAL E TRIBUTÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. DESVINCULAÇÃO DE RECEITAS DA UNIÃO – DRU. ART. 76 DO ATO DAS DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS. AUSÊNCIA DE CORRELAÇÃO ENTRE A ALEGADA INCONSTITUCIONALIDADE DA DRU E O
DIREITO À DESONERAÇÃO TRIBUTÁRIA PROPORCIONAL À
DESVINCULAÇÃO. ILEGITIMIDADE PROCESSUAL. AUSÊNCIA DE DIREITO LÍQUIDO E CERTO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO. 1. A questão nuclear deste recurso extraordinário não é se o art. 76 do ADCT ofenderia norma permanente da Constituição da República, mas se, eventual inconstitucionalidade, conduziria a ter a Recorrente direito à desoneração proporcional à desvinculação das contribuições sociais recolhidas. 2. Não é possível concluir que, eventual inconstitucionalidade
da desvinculação parcial da receita das contribuições sociais, teria como consequência a devolução ao contribuinte do montante correspondente ao percentual desvinculado, pois a tributação não seria inconstitucional ou ilegal, única hipótese autorizadora da repetição do indébito tributário ou o reconhecimento de inexistência de relação jurídico-tributária. 3. Não tem
legitimidade para a causa o contribuinte que pleiteia judicialmente a restituição ou o não recolhimento proporcional à desvinculação das receitas de contribuições sociais instituída pelo art. 76 do ADCT, tanto em sua forma originária quanto na forma das alterações promovidas pelas Emendas Constitucionais n. 27/2000, 42/2003, 56/2007, 59/2009 e 68/2011. Ausente direito líquido e certo para a impetração de mandados de segurança. 4. Negado provimento ao recurso extraordinário.
Contatos
Rubens Kindlmann
Kindlmann