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depósito furto

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Academic year: 2021

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Registro: 2011.0000134238 ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos do Apelação nº 0078350-95.2006.8.26.0000, da Comarca de São Paulo, em que é apelante RODOLPHO VASILIAUSKAS MACHADO sendo apelado BANCO FIAT S/A.

ACORDAM, em 32ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Deram provimento em parte ao recurso. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores KIOITSI CHICUTA (Presidente), ROCHA DE SOUZA E FRANCISCO OCCHIUTO JÚNIOR.

São Paulo, 11 de agosto de 2011. Kioitsi Chicuta

RELATOR

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COMARCA:São Paulo – 12.ª V. Cível Central – Juíza Tônia Yuka Kôroku APTE.:Rodolpho Vasiliauskas Machado

APDO.:Banco Fiat S/A

VOTO Nº 22.428

EMENTA: Alienação fiduciária. Depósito. Ação julgada procedente. Cerceamento de defesa. Não ocorrência. Desnecessidade de dilação probatória. Fragilidade da arguição de furto. Excludente de força maior ou caso fortuito que não ampara o devedor. Legalidade da comissão de permanência. Alegação genérica de prática de anatocismo. Não cabimento da prisão civil do devedor fiduciante. Modificações do Decreto-lei 911/69 com o advento da Lei nº 10.931, de 2.004. Súmula vinculante 25 do STF. Recurso provido em parte.

Não há cerceamento de defesa quando os subsídios acostados aos autos mostram-se suficientes para a formação do convencimento judicial.

Não ampara o devedor a excludente de força maior ou caso fortuito (furto do veículo) embasada tão só no registro unilateral da ocorrência na Polícia.

É admissível a cobrança de comissão de permanência no período de inadimplência calculada à taxa média de mercado, limitada à taxa do contrato (Súmula 294 do STJ). De outro modo, não faz o réu demonstração da existência de anatocismo, limitando-se a argumentos genéricos e vazios de conteúdo.

Com as modificações decorrentes da Lei nº 10.931, de 02/08/2.004, que alterou o Decreto-lei nº 911/69, convertendo a ação de busca e apreensão ou de depósito em cobrança, incide a regra constitucional que proíbe prisão civil por dívida. Com a edição da Súmula vinculante 25 do STF não mais cabe a prisão do depositário infiel.

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Trata-se de recurso interposto contra r. sentença que julgou procedente a ação de depósito, condenando o réu a restituir o veículo descrito na inicial, no prazo de 24 horas, ou o equivalente em dinheiro, sob pena de prisão.

Aduz que o MM. Juiz "a quo", ao proferir julgamento antecipado, cerceou seu direito de provar suas alegações, afirmando, ainda, ocorrência de caso fortuito (furto qualificado do bem), perseguindo extinção do feito nos termos do art. 267, VI, do CPC. Além disso, há cobrança de comissão de permanência, existindo justificada recusa ao adimplemento da obrigação pela prática de anatocismo. Por fim, anota que a r. sentença não está devidamente fundamentada, sendo inconstitucional a ordem de prisão.

Processado o recurso com preparo e contrarrazões, os autos restaram encaminhados a este C. Tribunal.

É o resumo do essencial.

De início, afasta-se arguição de cerceamento de defesa. Os elementos para a convicção judicial já se encontram presentes, anotando-se que a aferição da conveniência de dilação probatória é feita pelo Juiz, o seu destinatário para formação do convencimento judicial.

Nem há, outrossim, ausência de fundamentos da r. sentença, em cumprimento ao disposto no inciso II, do artigo 458, do Código de Processo Civil. A

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MM. Juíza "a quo" os elementos que a levaram ao convencimento exposto.

No mérito, os fundamentos invocados, na forma como feita a defesa, não se mostram idôneos e aptos a impedir o acolhimento da ação de depósito, não amparando o réu a excludente de força maior ou caso fortuito embasada tão só no registro unilateral da ocorrência na Polícia. O reconhecimento de caso fortuito exige demonstração também no sentido de que o interessado adotou todas as cautelas necessárias para evitar eventual consumação do crime.

De toda forma, as recentes alterações, principalmente ditadas pela jurisprudência dos Tribunais Superiores em relação à impossibilidade de prisão civil, não mais admite rigorismo formal para obstar a ação de depósito tão só pela ocorrência de furto ou roubo do veículo, mostrando-se contrária aos interesses da Justiça a renovação da lide com fundamentos diversos, quando possível a solução do conflito nestes autos e que antes era adotada justamente porque a consequência da não exibição da coisa era a restrição da liberdade individual do depositário infiel. Ao que se vê, é incontroversa a mora e o rompimento do negócio jurídico, restando tão somente a questão da responsabilidade do devedor fiduciante em relação à coisa propriamente dita.

Aliás, é da jurisprudência que a subtração criminosa do veículo alienado exonera o devedor da responsabilidade como depositário, mas, como anotam Theotonio Negrão e José Roberto Ferreira Gouvêa, invocando precedentes do Superior Tribunal de Justiça, "neste caso, a ação de depósito, depois da decisão que apurar o valor do crédito, prossegue como execução de quantia certa, nos próprios autos" (Código de Processo Civil e legislação processual em vigor, 41.ª edição, pág. 1.295).

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A mora do devedor, consoante destacado, é incontroversa, limitando-se o apelante apenas a arguir anatocismo e proibição de cobrança de comissão de permanência. Ao primeiro aspecto bem se vê que a parte apenas se limita a agitar sua ocorrência, sem ao menos demonstrá-la, olvidando regra de que ao réu incumbe demonstrar o fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor (art. 333, II, CPC). No que pertine à comissão de permanência, nada obstante divergência jurisprudencial e doutrinária a seu respeito, o Superior Tribunal de Justiça, a quem cabe dar a última palavra em matéria de interpretação de lei federal, editou as Súmulas 294 e 296, destacando que a cláusula contratual que prevê a comissão de permanência não é potestativa e que ela não pode ser cumulada com os juros remuneratórios. Admitiu-se, assim, a cobrança da comissão de permanência no período de inadimplência, vedando apenas exigência cumulativa com a correção monetária e os juros remuneratórios.

Por outro lado, a C. Oitava Câmara do então Segundo Tribunal de Alçada Civil, por sua composição majoritária, há muitos anos e com base em reiteradas manifestações do Supremo Tribunal Federal, vinha sustentando a constitucionalidade e a legalidade da prisão civil decorrente de depósito em alienação fiduciária. No entanto, as alterações feitas pela Lei nº 10.931, de 02/08/2.004, converteram a ação de busca e apreensão ou de depósito em verdadeira cobrança, e o próprio artigo 56, alterando o artigo 3º do Decreto-lei nº 911/69, acrescentando-lhe o § 4º, permite ao devedor fiduciante que deposite o valor apresentado na inicial e discuta seu montante, inclusive com possibilidade de "restituição" e a imposição de multa ao credor fiduciário (art. 3º, § 6º, do Decreto-lei 911/69). Não há mais a restrição quanto à matéria de defesa e a própria tipificação do crime como sendo aquele do artigo 171, § 2º, nº I, do Código Penal, consagram o entendimento ora esposado.

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devedor amplitude no direito de defesa, inclusive, com possibilidade de discussão dos valores pagos e até mesmo a condenação do credor em devolver os valores cobrados a mais, acabaram por transformar a ação em cobrança de dívida, o que faz com que incida o inciso LXVIII, do art. 5º, da Constituição Federal, e que restringe as hipóteses de prisão civil.

Aliás, nesse sentido é a jurisprudência deste C. Tribunal (apelações 692.196-0/6 e 684.125-0/6, habeas corpus 869.474-0/5 e agravo de instrumento 873.294-0/2, relatores os Desembargadores Ruy Coppola, Norival Oliva, Felipe Ferreira e Vianna Cotrim).

De toda forma a discussão, já se encontra pacificada pelo Supremo Tribunal Federal com edição da Súmula Vinculante 25: "É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade do depósito".

Assim, não há como enquadrar o apelante como depositário infiel, afastando possibilidade de prisão civil, merecendo reparo a r. sentença apenas nesse pormenor.

Isto posto, dá-se provimento parcial à apelação.

KIOITSI CHICUTA Relator

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