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RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS DAS TECNOLOGIAS GERADAS PELA EMBRAPA

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RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DOS

IMPACTOS DAS TECNOLOGIAS GERADAS

PELA EMBRAPA

Data limite para o envio da Síntese do Relatório de Impactos: 31/01/2012 Data limite para o relatório completo: 31/03/2012

Nome da tecnologia: cultivar de soja BRS 232

Ano de avaliação da tecnologia: 2011

Unidade: Centro Nacional de Pesquisa de Soja

Equipe de Avaliação: Marcelo Hiroshi Hirakuri

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RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS DAS

TECNOLOGIAS GERADAS PELA EMBRAPA

1. IDENTIFICAÇÃO DA TECNOLOGIA

1.1. Nome/Título

Cultivar de soja BRS 232.

1.2. Objetivo Estratégico PDE/PDU

Objetivo Estratégico PDE/PDU

X Competitividade e Sustentabilidade do Agronegócio Inclusão da Agricultura Familiar

Segurança Alimentar – Nutrição e Saúde Sustentabilidade dos Biomas

Avanço do Conhecimento Não se aplica

1.3. Descrição Sucinta

A cultivar de soja BRS 232 está classificada no grupo de maturação semiprecoce para os estados do Paraná, São Paulo e Santa Catarina, com uma duração de ciclo entre 120 e 139 dias para cultivo nessas regiões, da emergência à maturação a altitudes de 500 a 800 metros. Apresenta tipo de crescimento determinado, boa resistência ao acamamento e à deiscência de vagens, além de boa qualidade fisiológica da semente. Possui flor roxa, pubescência cinza, vagem cinza clara e semente de tegumento amarelo, com brilho e hilo marrom claro. Por fim, apresenta reação positiva à peroxidase (ALMEIDA et al., 2003).

Os teores médios de óleo e de proteína dos grãos, expressos na base seca, são, respectivamente 19,50% e 40,90%. A cultivar é resistente às doenças cancro-da-haste, podridão parda da haste, mancha “olho de rã”, pústula bacteriana e vírus do mosaico comum da soja. É resistente ao nematóide Meloidogyne incognita e moderadamente resistente ao M. javanica.

Em ensaios conduzidos nos estados do Paraná, Santa Catarina e São Paulo, das safras 1999/00 a 2002/03, a BRS 232 apresentou uma produtividade média de 3.907 kg/hectare. Esse resultado foi 9,8 % superior ao da cultivar EMBRAPA 48 e 11,0 % ao da EMBRAPA 59, padrões constantes nesses ensaios. A cultivar mostrou grande estabilidade produtiva, característica que é um dos seus principais diferenciais.

A cultivar tem um altíssimo potencial produtivo, principalmente para regiões acima de 600 metros e para semeaduras a partir de 20 de outubro ou durante o mês de novembro. Na semeadura em outubro, deve ser dada preferência a solos corrigidos com alta fertilidade. Nas regiões abaixo de 600 metros, a semeadura deve ser realizada a partir de 25 de outubro ou durante o mês de novembro. Em 2007, houve a extensão de indicação da cultivar para o Mato Grosso do Sul (ALMEIDA et al., 2007).

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1.4. Ano de Lançamento: 2003 1.5. Ano de Início de adoção: 2005 1.6. Abrangência

Nordeste Norte Centro Oeste Sudeste Sul

AL AC DF ES PR X BA AM GO MG RS CE AP MS X RJ SC X MA PA MT SP X PB RO PE RR PI TO RN SE

O processo de transferência de tecnologia nas regiões de adoção da BRS 232 é realizado através da parceria entre a Embrapa e a Fundação Meridional. Nesse sistema, os cotistas da Fundação Meridional comercializam sementes de cultivares da Embrapa Soja, via pagamento de royalties.

O Escritório de Negócios da Embrapa Soja contém informações sobre a quantidade de sementes das cultivares da unidade comercializada pelos distribuidores de sementes e cooperativas agropecuárias licenciadas para a multiplicação e distribuição dessas sementes.

A Fundação Meridional tem informações sobre áreas de produção de sementes e o volume produzido por cultivar pelos seus colaboradores, nos estados do Paraná, São Paulo, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul (região sul).

Com a utilização dos dados do Escritório de Negócios da Embrapa Soja e da Fundação Meridional, foi possível detectar o avanço da tecnologia nos estados do Paraná, Santa Catarina, São Paulo e Mato Grosso do Sul, além do Paraguai.

O principal mercado da cultivar está no estado do Paraná, cuja safra 2010/11 alcançou uma área de produção de soja na casa dos 4,6 milhões de hectares (CONAB, 2011), quase 4,3 vezes a soma das áreas de produção dos estados de São Paulo e Santa Catarina, que ficou na casa de 1,1 milhão de hectares. O Mato Grosso do Sul alcançou 1,8 milhões de hectares. Entretanto, a cultivar é indicada somente para a região sul desse Estado.

1.7. Beneficiários

Os principais beneficiários da tecnologia são os produtores de soja nas regiões indicadas para a sua adoção. Com manejo adequado e condições favoráveis, eles puderam alcançar altas produtividades em regiões com diferentes níveis de temperatura, umidade e fertilidade, o que permitiu a geração e garantia de renda adicional a esses sojicultores.

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com a adoção de tecnologias e insumos de grande qualidade e não com contenção de custos baseada em produtos de baixa qualidade.

As cooperativas agropecuárias também tiram proveito da tecnologia, pois podem comercializar sementes e insumos de qualidade aos seus cooperados e oferecer serviços agregados, como transporte, limpeza, secagem e armazenagem dos grãos, análise de solo, análise foliar e assistência técnica.

Outros beneficiários são os setores de esmagamento e transformação. Os subprodutos do esmagamento são o farelo e o óleo de soja, que podem ser comercializados internamente ou externamente. Esses subprodutos são transformados e geram produtos finais ao consumidor, tais como alimentos, rações e biodiesel. Uma vez que a BRS 232 tem um bom teor protéico, torna-se uma boa opção para a alimentação humana e animal. Por suas características também pode ser utilizada como alternativa na produção orgânica de grãos. Por fim, os segmentos de pesquisa e ensino podem utilizar uma tecnologia bem sucedida como base de projetos e estudos.

2. IDENTIFICAÇÃO DOS IMPACTOS NA CADEIA PRODUTIVA

A tecnologia afeta inúmeros atores da cadeia produtiva da soja, desde os produtores a revendas de insumos, cooperativas agropecuárias, indústrias de esmagamento, indústrias de transformação (biodiesel, alimentos, ração etc.) e institutos de pesquisas (fundações, laboratórios, universidades etc.).

Devido ao seu desempenho, a BRS 232 teve grande impacto para a Embrapa, pois gerou royalties que puderam ser utilizados em diversos investimentos da estatal, tanto em mão-de-obra quanto em trabalho. Além disso, cultivares bem sucedidas tem importante impacto nas instituições de pesquisa obtentoras atuantes na região de adoção da tecnologia, pois serve de base e parâmetro para o desenvolvimento de tecnologias que propiciem a sustentabilidade econômica e ambiental da produção de soja.

A tecnologia também teve grande impacto no setor de produção e distribuição de sementes (empresas de beneficiamento, cooperativas agropecuárias e revendas de insumos), que passaram a ter mais uma opção bem sucedida de cultivar com alto nível de demanda. Tais cultivares permitem às empresas desse setor padronizar e focar sua produção e distribuição em cultivares com alto nível de procura, tendo por objetivo obter elevada escala de produção e distribuição. Isso propicia alto grau de segurança de mercado a essas empresas, que, por sua vez, traz maiores garantias econômicas associadas ao comércio de sementes.

Além do visível impacto econômico das cultivares bem sucedidas nos setores supracitados anteriormente, esse tipo de tecnologia tem grande papel social, pois gera inúmeros empregos associados com gestão, pesquisa, desenvolvimento, processos, execução de tarefas, distribuição, etc.

Entretanto, o impacto mais visível e vital causado pela tecnologia está relacionado com o sojicultor. O desempenho e estabilidade alcançados pela BRS 232 permitiram ao produtor rural:

 Realizar investimentos em infra-estrutura, como manutenção das máquinas e equipamentos agrícolas e construção e manutenção de benfeitorias;

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 Investir na capacitação da sua mão-de-obra através de cursos técnicos, dias de campos e treinamento para utilização de máquinas e equipamentos;

 Contratar mão-de-obra permanente ou temporária para operações mecanizadas e manuais;

 Investir na diversificação da produção agropecuárias, por meio de opções como integração lavoura-pecuária, evolução das culturas de outono-inverno, avicultura, suinocultura, etc;

 Investir na qualidade do solo através de um manejo racional. Nesse sentido, foram importantes práticas como a rotação entre culturas, plantio direto e análise e acompanhamento de solo.

Um dos principais objetivos do sojicultor é obter altas produtividades. Para tal, muitas cooperativas agropecuárias e distribuidores de insumos fornecem produtos de alta qualidade e assistência técnica aos seus cooperados ou clientes. Se as cooperativas agropecuárias e distribuidores de insumos forem bem-sucedidos e o momento econômico vivido pelo setor for favorável, eles podem crescer econômica e estruturalmente, possibilitando o fortalecimento desse elo da cadeia produtiva, que promoverá o desenvolvendo da economia regional, além de gerar empregos para diversos profissionais, tais como gerentes ou gestores, agrônomos, técnicos administrativos, supervisores ou promotores de vendas, técnicos de laboratório e técnicos para UBS (Unidade Básica de Sementes), dentre outros.

Diversas empresas nacionais e multinacionais atuam no comercial internacional, exportando grãos, farelo ou óleo de soja. Isso permite a expansão e diversificação dos negócios dessas instituições, além de impulsionar outros setores como transporte, distribuição e portos. Além de gerar receitas e fortalecer esses agentes da cadeia produtiva, o comércio da produção de soja gera importante divisa para o Brasil, devido à alta escala das exportações. Além disso, como fator social, essas empresas geram diversos empregos, para profissionais como gerentes ou gestores, motoristas, técnicos administrativos, carregadores de carga e vários outros profissionais.

As esmagadoras de soja possibilitam obter os produtos derivados da oleaginosa (farelo e óleo), os quais podem ser exportados ou transformados. O farelo de é ingrediente fundamental para rações animais, enquanto o óleo é a principal matéria-prima utilizada na produção de biodiesel. Além disso, a soja pode fazer parte da alimentação humana, por meio do óleo ou produtos protéicos. Como pode ser visto, a soja é fundamental para o negócio e saúde econômico-financeira desses atores do agronegócio. O desenvolvimento econômico desse elo da cadeia produtiva da soja permite a geração de emprego para diversos profissionais, tais como gerentes ou gestores, engenheiros de produção, nutricionistas, engenheiros químicos, técnicos administrativos, técnicos de laboratório e profissionais de limpeza, dentre inúmeros outros profissionais.

Após trafegar por toda sua cadeia produtiva, a soja, finalmente, se transforma em produtos para consumo, tanto animal quanto humano: cosméticos, alimentos, ração, biodiesel, etc. Esses produtos são essenciais para empresas de atacado e/ou varejo de diversos ramos de atuação, tais como loja

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postos de combustível, etc. E, por fim, tais produtos satisfazem a necessidade de consumidores, que necessitam abastecer seus veículos, nutrir seus rebanhos, se alimentar, cuidar de sua saúde, etc.

Foi vislumbrado nos parágrafos anteriores que a geração de tecnologias na produção de soja, tais como as cultivares, propicia o desenvolvimento e estabelecimento contínuo de um forte complexo agroindustrial, que tem como efeitos, investimentos de capital em território nacional, geração de divisas, criação de empregos e desenvolvimento econômico-social regional e nacional. 3. AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS ECONÔMICOS

Durante os levantamentos, constatou-se que grande parte dos produtores de soja utiliza duas ou mais cultivares por safra e tem preferência por aquelas que atendam suas necessidades.

O impacto econômico causado pela adoção da tecnologia está relacionado à estabilidade e desempenho da BRS 232, os quais permitem ganhos de produtividade e faz com que ela esteja entre as cultivares preferidas de um grande número de produtores de so ja.

3.1. Avaliação dos Impactos Econômicos Se aplica: sim (x) não ( )

Tipo de Impacto: Incremento de Produtividade Tabela Aa - Ganhos Líquidos Unitários

Ano Unidade de Medida UM Rendimento Anterior/UM (A) Rendimento Atual/UM (B) Preço Unitário R$/UM (C) Custo Adicional R$/UM (D) Ganho Unitário R$/UM E=[(B-A)xC]-D 2005 42,813 46,543 31,76 0,00 118,47 2006 44,315 48,176 23,69 0,00 91,46 2007 55,064 58,657 28,62 0,00 102,84 2008 54,533 60,489 43,28 0,00 257,74 2009 51,060 55,915 42,77 0,00 207,65 2010 59,053 60,781 31,15 0,00 53,83 2011 63,211 64,475 43,33 0,00 54,78 Sacas por Hectare

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Tabela Ba - Benefícios Econômicos na Região

3.2. Análise dos impactos econômicos

Durante a coleta de dados, foram encontrados produtores de soja que plantaram cultivares da Embrapa Soja, Brasmax, Syngenta, Coodetec, Nidera, FT Sementes e Monsoy.

A tecnologia avaliada teve uma rápida adoção entre os produtores de soja, como pode ser observado na tabela Ba. A área estimada na safra 2010/11 foi de aproximadamente 92,4 mil hectares. A BRS 232 é uma tecnologia que se encontra na fase de declínio maturação de mercado, conquistando a significativa marca de 7 anos de existência, acima da expectativa de mercado que gira em torno de 3 a 5 para cultivares bem-sucedidas.

Em 2011, estimou-se que a BRS 232 gerou um benefício de R$ 3,5 milhões. Houve um declínio em relação ao anterior, decorrente da queda na área de adoção. Em 7 anos de adoção, a tecnologia gerou um benefício acumulado próximo a R$ 122,4 milhões. Segundo levantamento realizado junto a produtores e assistência técnica rural a adoção da tecnologia não teve nenhum custo adicional.

O desenvolvimento da pesquisa em genética e melhoramento nos permitiu chegar a um patamar elevado de produtividade Nesse contexto, a tendência de é de que o ganho de produtividade gerado por novas cultivares seja cada vez menor.

Os dados de produtividade foram ajustados de acordo com informações obtidas junto a parceiros do setor. A tabela C ilustra a evolução dos rendimentos obtidos pela tecnologia e aqueles anteriores a sua adoção.

Tabela C – Ganhos de produtividade pela adoção da tecnologia.

Ano Unidade de medida Rendimento Anterior Rendimento Atual Ganho % Ganho sc/ha

2005 42,813 46,543 8,71% 3,73 2006 44,315 48,176 8,71% 3,86 2007 55,064 58,657 6,53% 3,59 2008 54,533 60,489 10,92% 5,96 2009 51,060 55,915 9,51% 4,86 2010 59,053 60,781 2,93% 1,73 2011

Sacas por Hectare

63,211 64,475 2,00% 1,26

Embrapa Soja - Informações não publicáveis 7,04% 3,57

Ano Participação da Embrapa % (F) Ganho Líquido Embrapa R$/UM G=(ExF) Área de Adoção: Unidade de Medida-UM Área de Adoção: QuantxUM (H) Benefício Econômico I=(GxH) 2005 70% 82,93 4.319,236 358.175,58 2006 70% 64,03 106.173,986 6.797.820,21 2007 70% 71,98 212.309,265 15.283.050,49 2008 70% 180,42 265.593,129 47.918.578,24 2009 70% 145,36 269.080,295 39.112.290,85 2010 70% 37,68 249.557,971 9.403.235,62 2011 70% 38,35 92.445,921 3.544.842,41 Hectare

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A atuação da Embrapa Soja na geração de dezenas de cultivares que visam atender ao objetivo de sustentabilidade do agronegócio da soja tem sido muito importante. As equipes de trabalho da unidade desenvolvem pesquisas com o objetivo de constante atualização, evolução e produção de tecnologias singulares ligadas à produção de soja. A interdisciplinaridade e parcerias foram muito importantes no processo de obtenção e transferência de tecnologia, onde se destacou a atuação da Fundação Meridional.

3.3. Fonte de dados

Em relação à última safra, não houve trabalho de campo, sendo utilizadas como base as entrevistas realizadas nos anos anteriores e informações fornecidas por parceiros da Unidade.

Tabela 3.3.1. Número de consultas realizadas por município, safra 2009/10.

Familiar – tipo 1 Patronal – tipo 2

Município Estado

Pequeno Médio Médio Grande

Total Tamarana PR 3 1 0 0 4 Campo Mourão PR 0 3 0 1 4 Campina do Amoral PR 0 2 0 0 2 Luziânia PR 0 1 0 0 1 Total 3 7 0 1 11

Tabela 3.3.2. Número de consultas realizadas por município, safra 2008/09.

Familiar – tipo 1 Patronal – tipo 2

Município Estado

Pequeno Médio Médio Grande

Total Rolândia PR 1 2 1 0 4 Campo Mourão PR 0 3 1 1 5 Arapongas PR 0 3 0 0 3 Guarapuava PR 0 0 1 0 1 Total 1 8 3 1 13

Tabela 3.3.3. Número de consultas realizadas por município, safra 2007/08.

Familiar – tipo 1 Patronal – tipo 2

Município Estado

Pequeno Médio Médio Grande

Total Andirá PR 3 0 0 0 3 Cafelândia PR 2 0 0 0 2 Tamarana PR 1 2 0 0 3 Londrina PR 0 1 1 0 2 Marialva PR 0 2 0 0 2 Total 6 5 1 0 12

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Tabela 3.3.4. Número de consultas realizadas por município, safra 2006/07.

Familiar – tipo 1 Patronal – tipo 2

Município Estado

Pequeno Médio Médio Grande

Total Cambé PR 0 1 0 0 1 Tamarana PR 0 1 1 0 2 Marialva PR 0 1 0 0 1 Andirá PR 2 1 0 0 3 Guarapuava PR 0 0 4 0 4 Cafelândia PR 1 0 0 0 1 Total 3 4 5 0 12

4. AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS SOCIAIS 4.1. Avaliação dos Impactos

A Unidade utilizou a metodologia AMBITEC-Social (x) sim ( ) não.

A avaliação de impactos sociais gerados pela adoção da cultivar de soja BRS 232 utilizou a metodologia Ambitec-Social, tendo como parâmetro, entrevistas realizadas com produtores rurais e informações de suporte dadas por especialistas de setores da cadeia produtiva da soja. Nesse contexto, o objetivo foi tratar os seguintes fatores:

 O impacto social da inovação tecnológica para produtores patronais (empresariais);

 O impacto social da tecnologia para produtores familiares;

 O impacto social geral da inovação tecnológica para propriedades produtoras de soja.

O índice geral de impactos sociais gerados pela tecnologia avaliada é obtido pela média ponderada dos índices de impactos sociais gerados pelo Ambitec-Social para produtores familiares e patronais. O peso de cada tipo de produtor, no cálculo do índice geral de impactos sociais, foi definido por meio da análise do Censo Agropecuário (IBGE, 2010), o qual levantou o número de estabelecimentos familiares e não familiares produtores de soja por estado. Analisando os resultados para a principal região de adoção da cultivar (Tabela E), decidiu-se utilizar peso 0,75 para propriedades familiares e peso 0,25 para propriedades patronais.

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Tabela E. Tipos de propriedades produtoras de soja nos estados do Paraná, de Santa Catarina e de São Paulo.

Número de estabelecimentos agropecuários, Quantidade produzida, Área colhida e Valor da produção por agricultura familiar e não familiar e tipo de produção vegetal

Variável = Número de estabelecimentos agropecuários (Unidades) Tipo de produção vegetal = Soja em grão

Ano = 2006 Brasil, Região Geográfica e

Unidade da Federação Tipo de agricultura Propriedades % do total

Total 79.967 100,00%

Agricultura familiar 60.516 75,68% Paraná

Agricultura não familiar 19.451 24,32%

Total 9.860 100,00%

Agricultura familiar 7.389 74,94% Santa Catarina

Agricultura não familiar 2.471 25,06%

Total 3.904 100,00%

Agricultura familiar 2.004 51,33% São Paulo

Agricultura não familiar 1.900 48,67%

Total 93.731 100,00%

Agricultura familiar 69.909 74,58%

PR, SC e SP

Agricultura não familiar 23.822 25,42%

Fonte: IBGE (2010).

A dinâmica do agronegócio da soja ocasiona fatores ambíguos que dificultam classificar seus produtores como patronais ou familiares. Por exemplo, médios produtores familiares podem contratar mão-de-obra, tanto temporária quanto permanente, se transformando em patrões. Também, produtores patronais podem contar com engajamento familiar no processo de gestão do negócio agropecuário. Desse modo, a classificação do sojicultor entrevistado foi feita de acordo com o modelo de gestão da propriedade empregado na unidade produtiva.

O produtor patronal geralmente não reside na propriedade e irá se dedicar - total ou exclusivamente - à gestão da propriedade buscando:

 Padronizar o planejamento do negócio agropecuário e tomar decisões pertinentes, tal como decidir o sistema de sucessão de culturas a ser adotado;

 Organizar seus recursos humanos, mecânicos e tecnológicos;  Coordenar e controlar o processo de produção;

 Realizar a direção superior da mão-de-obra, deixando a direção pontual para seu administrador ou capataz;

 Avaliar os resultados obtidos na produção agropecuária, para ter informações de suporte no processo de tomada de decisões.

O produtor familiar, por sua vez, reside na propriedade ou próximo a ela e tem grande dedicação com as operações de campo. Como conseqüência, o processo de gestão acima descrito se torna mais informal, não padronizado e, geralmente, menos eficiente. Nesse contexto, a classificação do produtor levou em consideração gestão e tamanho da propriedade. Para os estados de adoção

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da tecnologia, as pequenas propriedades possuem até 100 hectares, enquanto as médias propriedades vão de 101 a 100 hectares. Por fim, as grandes propriedades possuem áreas superiores a 1001 hectares.

Em quatro anos de acompanhamento da tecnologia, foram realizaram-se 48 entrevistas, sendo que um produtor médio familiar foi entrevistado 3 vezes (Pasquim), outro produtor médio familiar e um produtor médio patronal foram entrevistados duas vezes (Aldo e Fabiano) e um produtor pequeno familiar foi entrevistado duas vezes (Valdir). Assim, as consultas abrangeram 43 produtores, sendo 33 produtores familiares e 10 patronais.

Tabela 4.1.1. Impactos sociais – aspecto emprego

Indicadores Se aplica (Sim/Não) Média Tipo 1 (*) Média Tipo 2 (**) Média Geral Capacitação 0.35 0,35 0,35

Oportunidade de emprego local qualificado 0,25 0,50 0,31 Oferta de emprego e condição do trabalhador 0,10 0,30 0,15

Qualidade do emprego 0,15 0,43 0,22

* Tipo 1 - Produtor familiar **Tipo 2 - Produtor patronal (empresarial).

Os impactos da tecnologia para o aspecto emprego são todos indiretos, decorrentes dos benefícios gerados no aspecto renda, como será visto posteriormente. Para a região de adoção da BRS 232, de acordo com as entrevistas, verificou-se que os produtores familiares com pequenas propriedades, geralmente, não possuem funcionários e preferem investimentos em aquisição de terras e infra-estrutura à contratação e capacitação de funcionários. Por sua vez, parte significativa dos médios produtores, independente de ser familiar ou patronal, possui funcionários e investe na sua capacitação. Nesse contexto, foi verificado que ocorreram avanços moderados na capacitação da mão-de-obra dos médios e grandes produtores que adotaram a tecnologia, estando essas capacitações relacionadas com fatores tais como o manuseamento de máquinas e equipamentos em operações mecanizadas (Tabela 4.1.1).

A baixa rotatividade da mão-de-obra permanente e familiar e a mecanização do processo de produção permitem, por um lado, a perpetuação destes tipos de emprego, mas, por outro, constituem dois obstáculos a geração de “novos empregos” para esses tipos de trabalhadores. Em meio a esse contexto, embora a mão-de-obra permanente e a familiar predominem na região de adoção da cultivar, verificou-se que a geração de “novos empregos” nas propriedades familiares está relacionada principalmente ao trabalho temporário, geralmente para nas épocas de semeadura ou colheita (ou em ambas).

Os dois fatores supracitados se mostraram como barreiras à geração de empregos permanentes para a produção de soja. Nesse contexto, os seguintes cenários levam a necessidade de contratação de mão-de-obra permanente:

 Em poucos casos, houve aumento na área produtiva, o que gerou a necessidade de um número maior de funcionários;

 A rotatividade da força de trabalho gerou pequena oferta de mão-de-obra permanente;

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 A diversificação do negócio agropecuário (integração lavoura-pecuária, avicultura, suinocultura, etc.), em alguns casos, resultou em contratação e capacitação da mão-de-obra;

 Por fim, o aumento de produção de grãos, em alguns casos, possibilitou gerar a oferta de trabalho permanente.

Embora, o impacto individual seja baixo, quando consideramos o impacto global (integrado) desses cenários verificamos um significativo papel na geração de empregos permanentes rurais, sobretudo nas propriedades patronais, no médio prazo (período inferior a 10 anos).

Geralmente, os empregos são oferecidos a trabalhadores que residem nas proximidades da propriedade produtora (colônia, vila, vilarejo, distrito etc.) ou no município ao qual esta pertence, envolvendo atividades mecanizadas e de apoio relacionadas ao processo produtivo da soja.

Para o indicador de qualidade de emprego, foram detectados avanços em benefícios ofertados e legislação trabalhista. Verificou-se que os principais investimentos são realizados pelos produtores patronais, visando à mão-de-obra permanente.

Foram detectados avanços relacionados a benefícios de alimentação e de transporte, disponibilizados, tanto por produtores patronais, quanto familiares. Com relação a legislação trabalhista estão, os principais investimentos dizem respeito ao registro dos empregados e à contribuição previdenciária. Também foi verificado avanços em benefícios com moradia vinculados aos produtores patronais. Ressalta-se que um benefício social pode ser informal, tal como o produtor disponibilizar a propriedade produtora para moradia de seus empregados.

Tabela 4.1.2. Impactos sociais – aspecto renda

Indicadores Se aplica (Sim/Não) Média Tipo 1 (*) Média Tipo 2 (**) Média Geral

Geração de Renda do estabelecimento 1,00 1,00 1,00

Diversidade de fonte de renda 0,25 0,25 0,25

Valor da propriedade 0,40 0,40 0,40

* Tipo 1 - Produtor familiar. **Tipo 2 - Produtor patronal.

Um dos impactos sociais diretos causados pela adoção da tecnologia está relacionado ao incremento da produtividade da lavoura de soja, que propicia aumentar o montante de renda do sojicultor (Tabela 4.1.2). Adicionalmente, o desempenho e a estabilidade da cultivar de soja BRS 232, unidos a adoção da sua recomendação técnica e a um manejo racional, trouxeram maior garantia quanto à produção de soja. A união destes dois fatores gera maior segurança quanto à renda sazonal de verão do produtor rural. Quanto aos demais impactos relacionados ao aspecto renda, eles são indiretos, decorrentes da capitalização do sojicultor.

O mercado agropecuário é significativamente volátil, o que gera riscos e incertezas para o negócio agropecuário. Nas regiões de adoção da tecnologia, a diversificação da produção tem sido a principal forma do sojicultor tentar minimizar riscos associados à quebra de produção e a variações nos preços dos produtos agropecuários. A integração lavoura-pecuária, a avicultura, a

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suinocultura e as opções viáveis de culturas de outono-inverno estão se configurando como formas alternativas de se minimizar riscos na agropecuária.

A integração lavoura-pecuária permite customizar a produção animal, com o uso racional do espaço produtivo, além de pulverizar riscos econômico-financeiros, por meio da diversificação do negócio rural com a produção animal-vegetal.

O Brasil apresenta uma produção crescente de carne de frango, que permitiu ao país se tornar o terceiro produtor e o primeiro exportador mundial do produto (USDA, 2010). Além disso, o país é o quarto maior consumidor desse tipo de carne. No Brasil, os principais produtores de carne de frango são Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo (UBA, 2010). Nesse contexto, a avicultura nas propriedades produtoras de grãos tem surgido como oportunidade de se combater riscos associados à produção de grãos, principalmente para os estados do centro-sul.

A carne bovina constitui outra atividade de destaque no agronegócio nacional, uma vez que o Brasil é o segundo produtor mundial e maior exportador do produto (USDA, 2010), com destaque para os estados de São Paulo, Mato Grosso, Goiás, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais.

Outro fator relacionado à diversificação da renda diz respeito ao avanço das culturas de outono e inverno. A principal cultura de outono é o milho safrinha, que teve grande evolução nas últimas safras, enquanto o avanço das culturas de inverno tem sido mais suave e gradativo, por meio do cultivo de produtos como trigo, triticale e aveia. A viabilização econômica dessas culturas permite diversificar o portfólio de negócios e combater os riscos associados com a safra de verão.

De acordo com o levantamento, verificou-se que investimentos significativos foram feitos no sentido de aumentar o valor da propriedade, principalmente no que diz respeito a benfeitorias e infra-estrutura. Detectou-se que os sojicultores investem, quando possível, na renovação de máquinas e equipamentos agrícolas. Adicionalmente, eles também investem em benfeitorias, por meio da construção, aumento e reforma de galpões e dependências.

Tabela 4.1.3. Impactos sociais – aspecto saúde

Indicadores Se aplica (Sim/Não) Média Tipo 1 (*) Média Tipo 2 (**) Média Geral

Saúde ambiental e pessoal 0,00 0,00 0,00

Segurança e saúde ocupacional 0,00 0,00 0,00

Segurança alimentar 1,80 1,80 1,80

* Tipo 1 - Produtor familiar. **Tipo 2 - Produtor patronal.

De acordo com as entrevistas, na região de adoção da BRS 232, verificou-se que, com a mecanização das operações de campo e com o plantio direto, o processo produtivo da soja passou a ser mais padronizado. Com isso, não foram detectados impactos consistentes e significativos, tanto positivos quanto negativos, em indicadores de saúde ambiental e pessoal, tais como focos de vetores de doenças endêmicas, emissão de poluentes atmosféricos, emissão de poluentes hídricos, geração de contaminantes no solo e dificuldade de acesso a

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ocupacional e saúde, que representam a exposição do trabalhador a condições de periculosidade e insalubridade (Tabela 4.1.3).

Em relação à segurança alimentar, verificou-se que a produtividade e a estabilidade da BRS 232 propiciaram ganhos e garantia na produção de soja. Conseqüentemente, permitiu-se aumentar a quantidade de grãos (alimento) comercializados e entregues pelos sojicultores adotantes da tecnologia às empresas compradoras do produto.

Tabela 4.1.4. Impactos sociais – aspecto gestão e administração

Indicadores Se aplica (Sim/Não) Média Tipo 1 (*) Média Tipo 2 (**) Média Geral

Dedicação e perfil do responsável 0,50 0,50 0,50

Condição de comercialização 0,75 0,75 0,75

Reciclagem de resíduos 0,40 0,40 0,40

Relacionamento institucional 0,40 0,40 0,40

*Tipo 1 - Produtor familiar. **Tipo 2 - Produtor patronal.

Os impactos da adoção da tecnologia na gestão e administração da propriedade rural são indiretos, conseqüência do incremento de renda, que permitiu ao produtor realizar investimentos que tivessem impacto nesse aspecto. Em relação à dedicação e perfil do responsável pela gestão da propriedade, foram verificados, na região de adoção da BRS 232, impactos no planejamento formal da produção, na capacitação do gestor e no sistema contábil da propriedade.

O gestor da propriedade familiar é o próprio produtor, enquanto o gestor da propriedade empresarial pode ser um empregado especializado ou o próprio produtor. Enquanto os gestores de propriedades empresariais desenvolvem um planejamento formal da produção, encarando as empresas do setor, como prestadores de assistência técnica e fornecedores de insumo, os pequenos produtores familiares utilizam as análises e avaliações das cooperativas agropecuárias, empresas de assistência técnica e revendedores de insumos para dar um caráter mais formal à gestão de sua propriedade.

Foram verificados, durante a coleta de dados, avanços na autocapacitação dos sojicultores, o que se deu por meio de ferramentas como cursos mercadológicos, treinamentos, cursos técnicos, visitas técnicas, dias de campo oferecidos por empresas do setor, etc. A aplicação do conhecimento adquirido nessas capacitações permitiu avanços relacionados ao planejamento formal da produção para os dois tipos de produtores. Os gestores de propriedades patronais utilizam suas habilidades adquiridas para maximizar o desempenho do negócio rural e diminuir os riscos da atividade agropecuária, por meio de diferentes estratégias de produção (diversificação de atividades, rotação de culturas, manutenção de cobertura do solo, etc.), enquanto os produtores familiares combinam o seu conhecimento adquirido com as avaliações e análises das empresas do setor para que suas lavouras de soja obtenham um alto nível de desempenho técnico e econômico.

A adoção de controles contábeis é essencial para qualquer tipo de negócio, principalmente aqueles cercados por riscos técnicos e mercadológicos, como a produção agropecuária. A volatilidade de mercado e os diferentes regimes climáticos (El Niño, La Niña, etc.) têm tido impacto determinante na

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garantia de renda do produtor, que, cada vez mais, se atenta para a necessidade de utilizar controles em sua atividade agrícola. Verificou-se, que um número significativo de sojicultores está buscando adotar o uso de recursos contábeis como planilhas eletrônicas e softwares para a avaliação econômica da sua produção de soja. Entretanto, apesar da evolução na contabilidade das atividades agropecuárias, as análises desenvolvidas em planilhas eletrônicas, ainda tem sido superficiais, comprometendo a eficiência dessas avaliações.

Para o indicador de condição de comercialização, detectou-se que o incremento de produtividade causado pela adoção da tecnologia, permitiu a evolução nas vendas da produção pelos sojicultores adotantes da tecnologia. Já, a avaliação sobre disposição de resíduos revelou importantes impactos positivos, relacionados à coleta seletiva de resíduos domésticos e à evolução da destinação final das embalagens dos defensivos utilizados na produção agrícola pelos produtores consultados.

Por fim, o impacto detectado quanto ao relacionamento entre os produtores e instituições do setor está vinculado ao fortalecimento do cooperativismo na região de adoção da tecnologia, que permitiu o avanço na utilização de assistência técnica das cooperativas pelos seus cooperados. A evolução do cooperativismo no Paraná (Tabela F) permite ter uma noção a respeito do impacto detectado nas entrevistas.

Tabela F. Evolução do cooperativismo no Paraná.

Item 2005 2006 2007 2008

Cooperados 110.213 121.670 123.311 123.400

Empregos diretos 39.000 44.410 45.529 48.444

Cooperativas registradas1 77 80 80 80

Fonte: Paraná Cooperativo (2006, 2007, 2008, 2009). 4.2. Análise dos Resultados

Média Tipo 1 Média Tipo 2 Média Geral

1,41 1,58 1,45

*Tipo 1 - Produtor familiar. **Tipo 2 - Produtor patronal.

De acordo com os produtores entrevistados, o potencial produtivo da BRS 232 unido ao seu desempenho e estabilidade, foi responsável pelos impactos diretos causados pela adoção da tecnologia, que são incremento de produtividade e maior garantia de produção. Dada a sua estabilidade, em safras marcadas por regimes climáticos como o La Niña, caracterizados por períodos de estiagem, a BRS 232 aparece como opção interessante na tentativa de se prevenir a possível perda de produtividade por seca. Para que isso aconteça é essencial adotar um manejo racional da produção e seguir as recomendações técnicas relacionadas à cultivar.

De acordo com parte dos produtores entrevistados, principalmente aqueles da região oeste do Paraná, a safra 2008/09 foi marcada por uma estiagem que

1

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trouxe grande queda de rendimento da lavoura sojícola, sobretudo nos meses de novembro e dezembro, sendo as cultivares de ciclo precoce e superprecoce as mais afetadas pelo evento climático. Aqueles, que reservaram área produtiva para cultivares estáveis e de ciclo semiprecoce com alto potencial produtivo, sobretudo a BRS 232, puderam mitigar suas perdas, possibilitando, dessa forma, o resguardo de suas rendas.

Mesmo em safras, onde não houve um problema climático aparente, algumas cultivares de soja apresentaram perdas de produtividade. Nesse sentido, parte dos entrevistados disseram que o alto nível produtivo atingido pela BRS 232 impediu que tal queda de rendimento de determinadas cultivares tivesse como efeito a redução acentuada da renda (inclusive, podendo levar a prejuízos).

Ao garantir renda, o sojicultor teve condições de converter seu lucro em investimentos que visam à segurança e à estabilidade ao seu negócio agropecuário, contemplando questões como o planejamento da produção, o controle dos custos de produção, o fortalecimento das relações institucionais, a contratação e capacitação da mão-de-obra, a atualização e renovação das máquinas e equipamentos agrícolas e a construção, aumento e reforma de benfeitorias.

O planejamento da produção, o controle dos custos de produção e os avanços no cooperativismo foram realizados com o objetivo de aperfeiçoar o processo produtivo e torná-lo mais padronizado, identificando gargalos e, se possível, os eliminando.

Com relação à mão-de-obra, houve o investimento na geração de empregos e na capacitação dos empregados, cujo objetivo foi aumentar a eficiência do processo produtivo, diminuir custos de retrabalho e evitar a má utilização e desgaste de máquinas e equipamentos.

Os investimentos em infra-estrutura possibilitaram valorizar a propriedade2 , melhorar a condição de trabalho, aumentar a eficiência das operações de campo e diminuir custos de manutenção. Por outro lado, alguns investimentos realizados pelos produtores entrevistados não estão relacionados à busca por maior produtividade, tais como avanços na legislação trabalhista, nos benefícios concedidos a sua mão-de-obra, na destinação final das embalagens de defensivos agrícolas e outros resíduos da produção e na coleta seletiva de lixo doméstico. Os dois primeiros investimentos estão ligados à responsabilidade social na produção de soja, enquanto os dois últimos, além do caráter social, estão ligados principalmente à responsabilidade ambiental da atividade.

4.3. Impactos sobre o Emprego

De acordo com a metodologia empregada para estimativa de geração de empregos, embora tenha gerado acréscimo de renda ao produtor, não pode ser considerado que a adoção da cultivar de soja BRS 232, na safra 2010/11, tenha gerado novos empregos nas propriedades rurais, uma vez que houve declínio na sua área de adoção.

Além disso, os empregos gerados pela cultivar são indiretos e estão associados ao seu rendimento e ao sucesso da atividade produtiva, não

2

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possuindo modelo para o cálculo de tal estimativa. Dentre os cenários que geram empregos, foram citados no Aspecto Emprego:

 Aumento na área produtiva do sojicultor (não da área de adoção da cultivar);  Rotatividade da força de trabalho;

 Diversificação do negócio agropecuário;  Aumento de produção de grãos.

4.4. Fonte de dados

Em relação à última safra, não houve trabalho de campo, sendo utilizadas como base as entrevistas realizadas nos anos anteriores e informações fornecidas por parceiros da Unidade.

Tabela 4.4.1. Número de consultas realizadas para avaliação social, por município.

Familiar – tipo 1 Patronal – tipo 2

Município Estado

Pequeno Médio Médio Grande

Total Tamarana PR 3 1 0 0 4 Campo Mourão PR 0 3 0 1 4 Campina do Amoral PR 0 2 0 0 2 Luziânia PR 0 1 0 0 1 Total 3 7 0 1 11

Tabela 4.4.2. Número de consultas realizadas para estimativa de geração de empregos, por município.

Familiar – tipo 1 Patronal – tipo 2

Município Estado

Pequeno Médio Médio Grande

Total Laranjeiras do Sul PR 3 1 0 1 5 Toledo PR 0 1 0 0 1 Tramarana PR 4 2 1 0 7 Campo Mourão PR 0 5 1 2 8 Campina do Amoral PR 0 2 0 0 2 Luziânia PR 0 1 0 0 1 Rolândia PR 1 3 1 0 5 Arapongas PR 0 3 0 0 3 Andirá PR 7 1 0 0 8 Cafelândia PR 2 0 0 0 2 Marialva PR 1 4 0 0 5

Bela Vista do Paraíso PR 0 1 0 0 1

Londrina PR 0 2 1 0 3

Cambé PR 2 1 1 0 4

Guarapuava PR 0 0 4 0 4

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5. AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS 5.1. Avaliação dos impactos ambientais

A Unidade utilizou a metodologia AMBITEC (x) sim ( ) não. 5.1.1. Alcance da Tecnologia

Um imenso obstáculo para se medir o alcance de uma tecnologia é o fato de que existem produtores de soja que possuem propriedades em vários estados. Durante os levantamentos, descobriu-se que existem produtores de soja paranaenses que possuem propriedades no Paraná e Mato Grosso do Sul. Esses produtores compraram sementes no Paraná e as semearam em propriedades nos dois estados.

Outro fator que dificulta a determinação do alcance tecnológico é que cooperativas e distribuidores de sementes que trabalham com a cultivar possuem filiais em vários estados.

A tecnologia está recomendada para Paraná, Santa Catarina, São Paulo e sul do Mato Grosso do Sul. Considerando que a área de abrangência no sul do Mato Grosso do Sul corresponda a 10% da área do Estado, a área indicada estimada para a cultivar na safra 2010/11 ficou em torno de 5,8 milhões de hectares (Tabela I). Estimou-se que a cultivar alcançou uma área de adoção de 92,4 mil hectares, o que corresponde a aproximadamente 1,6% da área indicada para o seu cultivo.

Tabela I. Estimativa da área indicada para a cultivar BRS 232.

UF Área UF (mil ha) Indicada (mil ha) Paraná 4.590,50 4.590,50

Santa Catarina 458,20 458,20

São Paulo 612,80 612,80

Mato Grosso do Sul 1.760,10 176,01

Total 7.421,60 5.837,51

Fonte: Embrapa Soja. Dados não publicáveis. 5.1.2. Eficiência Tecnológica

Tabela 5.1.2.1. Eficiência Tecnológica

Indicadores Se aplica (Sim/Não) Média Tipo 1 (*) Média Tipo 2 (**) Média Geral

Uso de agroquímicos/insumos químicos e ou materiais

-0,20 -0,20 -0,20

Uso de energia -0,10 -0,10 -0,10

Uso de recursos naturais 0,00 0,00 0,00

Tipo 1 - Produtor familiar. **Tipo 2 - Produtor patronal.

Os impactos ambientais causados pela tecnologia são indiretos, conseqüência do aumento de renda que possibilitou ao produtor realizar investimentos que, de alguma forma, causaram mudanças ao meio ambiente.

O processo produtivo da soja é bem padronizado. Isso faz com que os sojicultores realizem o mesmo processo produtivo para uma determinada área

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que conterá diferentes cultivares. Com isso, uma cultivar trará impactos ambientais somente em casos específicos, como, por exemplo, nos casos de cultivares com resistência vertical à ferrugem asiática.

Entretanto, existem alguns fatores que podem causar mudanças na freqüência e classe dos produtos utilizados na produção de soja, tais como aumento ou diminuição da área de plantio, “ataque” de pragas ou doenças e ciclo da cultivar.

O que foi constatado como impacto ambiental negativo é o aumento no número de aplicações de inseticidas para o manejo “preventivo” de pragas. Além disso, o aumento no uso desse defensivo causa maior uso de energia, pois tem como implicação, o aumento do consumo de óleo diesel pelas máquinas agrícolas. Durante as consultas de campos, verificou-se que um número reduzido de médios produtores familiares adquiriu um caminhão para transporte da produção e de insumos, o que também ocasiona aumento de consumo de óleo diesel.

5.1.3. Conservação Ambiental

Tabela 5.1.3.1. Conservação Ambiental para AMBITEC Agro

Indicadores Se aplica (Sim/Não) Média Tipo 1 (*) Média Tipo 2 (**) Média Geral Atmosfera -0,8 -0,8 -0,80

Capacidade produtiva do solo 1,0 1,0 1,00

Água 0,0 0,0 0,00

Biodiversidade 0,0 0,0 0,00

*Tipo 1 - Produtor familiar. **Tipo 2 - Produtor patronal.

Os impactos ambientais sobre conservação ambiental causados pela tecnologia são indiretos, conseqüência do aumento de renda que possibilitou ao produtor realizar investimentos que, de alguma forma, causaram mudanças ao meio ambiente.

A maior incidência de aplicações de inseticidas unida ao pequeno aumento no número de caminhões nas propriedades agrícolas consultadas tem como impacto ambiental negativo, o aumento na emissão de gases de efeito estufa e fumaça (material particulado).

Por outro lado, de acordo com as consultas realizadas, o manejo racional do solo, com análises periódicas e acompanhamento técnico, unido a métodos, sistemas e técnicas como plantio direto, rotação e/ou sucessão de culturas, integração lavoura-pecuária e adoção de forrageiras, permitiu a diminuição da erosão nas áreas de produção agrícola, maior retenção de água no solo, menor compactação do solo e diminuição na perda de matéria orgânica e de nutrientes.

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5.1.4. Recuperação Ambiental

Tabela 5.1.4.1. Recuperação Ambiental

Indicadores Se aplica (Sim/Não) Média Tipo 1 (*) Média Tipo 2 (**) Média Geral Recuperação Ambiental 0,2 0,2 0,20

*Tipo 1 – Produtor familiar. **Tipo 2 – Produtor patronal.

Os impactos ambientais sobre recuperação ambiental causados pela tecnologia são indiretos, assim como nos aspectos anteriormente analisados.

Segundo os especialistas e produtores rurais, o avanço do plantio direto, da rotação de culturas e de sistemas como a integração lavoura-pecuária, também têm grande importância no tocante à recuperação de solos degradados, principalmente pela prática da pecuária. Além do visível efeito ambiental, a diminuição da degradação do solo tem um grande fator econômico e social, pois o produtor terá condições de aumentar sua renda, melhorar sua qualidade de vida e realizar investimentos sociais, como geração de empregos, além de movimentar a economia por meio da compra de máquinas e implementos.

5.2. Índice de Impacto Ambiental

Média Tipo 1 Média Tipo 2 Média Geral

0,36 0,36 0,36

*Tipo 1 – Produtor familiar. **Tipo 2 – Produtor patronal.

De acordo com parte dos entrevistados, à estabilidade da cultivar faz com que, em determinadas situações, não seja necessário lançar mão de quaisquer medidas desesperadas que possam ter impactos negativos ao meio ambiente. Adicionalmente, tal estabilidade da BRS 232 permite a evolução contínua da atividade produtiva, garantindo o equilíbrio entre culturas de verão e inverno, o que é vital para a qualidade dos solos, fator fundamental para a agricultura.

De acordo com as entrevistas, a BRS 232 é uma importante opção em sistemas de produção com forte teor ambiental, como a lavoura pecuária, pois sua alta produtividade, unida a sua estabilidade, permitem maior probabilidade de sucesso à produção vegetal constante no sistema.

Os demais impactos ambientais causados pela adoção da cultivar são indiretos, derivados do aumento de produtividade causado pela sua adoção, o qual gera renda adicional ao sojicultor e permite que o mesmo faça investimentos com desdobramentos sociais e ambientais.

Os principais impactos ambientais negativos detectados estão relacionados com o aumento no número de aplicações de inseticidas para controle “preventivo” de pragas, que tem como conseqüência: maior uso de defensivos agrícolas, aumento no consumo de óleo diesel, incremento da emissão de gases de efeito estufa e maior emissão de fumaça (materiais particulados).

Por outro lado, o plantio direto, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária e os avanços nas pesquisas relacionadas ao manejo, fertilidade e microbiologia do solo, possibilitaram diminuir a erosão nas áreas de produção agrícola, aumentar a retenção de água no solo, diminuir a compactação do solo e

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reduzir a perda de matéria orgânica e de nutrientes, além de combater a degradação do solo.

5.3. Fonte de dados

Em relação à última safra, não houve trabalho de campo, sendo utilizadas como base as entrevistas realizadas nos anos anteriores e informações fornecidas por parceiros da Unidade.

Tabela 5.3.1. Número de consultas realizadas para avaliação ambiental, por município

Familiar – tipo 1 Patronal – tipo 2

Município Estado

Pequeno Médio Médio Grande

Total Tamarana PR 3 1 0 0 4 Campo Mourão PR 0 3 0 1 4 Campina do Amoral PR 0 2 0 0 2 Luziânia PR 0 1 0 0 1 Total 3 7 0 1 11

6. AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS SOBRE CONHECIMENTO, CAPACITAÇÃO E POLÍTICO-INSTITUCIONAL

6.1. Impactos sobre o Conhecimento

Tabela 6.1.1. Impacto sobre o Conhecimento

Indicadores Se aplica (Sim/Não) Avaliador 1 Avaliador 2 Avaliador 3 Média

Nível de geração de novos conhecimentos 1 0 1 0,67

Grau de inovação das novas técnicas e métodos gerados

1 0 3 1,33

Nível de intercâmbio de conhecimento 1 0 1 0,67

Diversidade dos conhecimentos aprendidos 0 0 3 1,00

Patentes protegidas 3 3 3 3,00

Artigos técnico-científicos publicados em periódicos indexados

0 0 1 0,33

Teses desenvolvidas a partir da tecnologia 0 0 0 0,00 Escala: Muito negativo (-3): redução de mais de 75%; Negativo (-1): redução de mais de 25% e menos de 75%; Sem mudança (0): sem alteração ou alterações que representam reduções ou aumentos menos de 25%; Positivo (1): aumento de mais de 25% e menos de 75%; Muito positivo (3): aumento de mais de 75%.

A avaliação de impactos sobre capacitação, conhecimento e político-institucional seguindo a metodologia ESAC é altamente subjetiva e necessita de especial cuidado no seu diagnóstico.

Cultivares são sementes melhoradas em laboratórios e que se tornam variedades protegidas de seus obtentores.

A atribuição do impacto causado por uma cultivar de soja depende não somente da área de atuação do pesquisador, mas também de sua preferência por

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avaliada gerou considerável retorno financeiro à Embrapa Soja através de royalties.

Nenhum dos pesquisadores entrevistados foi procurado por algum estudante ou instituição que necessitasse de informações para desenvolver qualquer tipo de estudo sobre a variedade. Porém, estudos podem ser feitos através de consultas com assistência técnica rural, produtores rurais, ou até mesmo, a partir de materiais técnicos, circulares e publicações da unidade, que normalmente são abertos ao público em geral. Dessa forma, é muito difícil avaliar o uso da tecnologia no desenvolvimento de teses.

Existem alguns artigos técnico-científicos a respeito da BRS 232 publicados externamente, visando diversos tipos de públicos, como instituições de pesquisas, universidades, assistência técnica e produtores rurais, dentre outros. No acervo documental da unidade é possível encontrar três trabalhos de conclusão de curso relacionados à soja, que inclui diversas cultivares, inclusive a BRS 232.

Por ser mais nova e atual, a tecnologia apresentou maior grau de inovação de técnicas e métodos de pesquisa, o que possibilitou melhorar o nível de geração, diversidade e intercâmbio de conhecimentos.

6.2. Impactos sobre Capacitação

Tabela 6.2.1. Impacto sobre Capacitação

Indicadores Se aplica (Sim/Não) Avaliador 1 Avaliador 2 Avaliador 3 Média

Capacidade de se relacionar com o ambiente externo

0 0 3 1,00

Capacidade de formar redes e de estabelecer parcerias

1 0 1 0,67

Capacidade de compartilhar equipamentos e instalações

0 0 1 0,33

Capacidade de socializar o conhecimento gerado 1 0 3 1,33 Capacidade de trocar informações e dados

codificados

0 0 0 0,00

Capacitação da equipe técnica 1 0 1 0,67

Capacitação de pessoas externas 1 0 1 0,67

Escala: Muito negativo (-3): redução de mais de 75%; Negativo (-1): redução de mais de 25% e menos de 75%; Sem mudança (0): sem alteração ou alterações que representam reduções ou aumentos menos de 25%; Positivo (1): aumento de mais de 25% e menos de 75%; Muito positivo (3): aumento de mais de 75%.

A tecnologia teve grande impacto para o público externo, através do processo de parceria e transmissão de conhecimento que possibilitaram a capacitação de equipes externas de pesquisa e assistência técnica.

A Fundação Meridional foi grande parceira da Embrapa Soja na socialização e disseminação da tecnologia, pois a transferência de conhecimentos se deu através de seus colaboradores, constituídos por cooperativas e produtores de sementes. Isso possibilitou uma grande escala de capacitação técnica a respeito da tecnologia gerada.

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O esforço de pesquisa que culminou na geração da BRS 232 teve um bom impacto na capacitação de sua equipe técnica, através da aprendizagem de técnicas modernas e inovadoras.

Dentre os entrevistados, somente um tem conhecimento de que houve compartilhamento de recursos com outras instituições, ou que o compartilhamento foi superior a 25%. E, somente um pesquisador apontou impacto grande no relacionamento com o ambiente externo, conseqüência de seu envolvimento com outras instituições e seus pesquisadores.

6.3. Impactos Político-institucional

Tabela 6.3.1. Impacto Político-institucional

Indicadores Se aplica (Sim/Não) Avaliador 1 Avaliador 2 Avaliador 3 Média

Mudanças organizacionais e no marco institucional

0 0 1 0,33

Mudanças na orientação de políticas públicas 0 0 1 0,33

Relações de cooperação público-privada 3 3 3 3,00

Melhora da imagem da instituição 3 3 1 2,67

Capacidade de captar recursos 3 3 1 2,67

Multifuncionalidade e interdisciplinaridade das equipes

1 3 1 1,67

Adoção de novos métodos de gestão e de qualidade

0 0 1 0,33

Escala: Muito negativo (-3): redução de mais de 75%; Negativo (-1): redução de mais de 25% e menos de 75%; Sem mudança (0): sem alteração ou alterações que representam reduções ou aumentos menos de 25%; Positivo (1): aumento de mais de 25% e menos de 75%; Muito positivo (3): aumento de mais de 75%.

A parceria firmada com a Fundação Meridional permitiu à unidade, fortalecer e estreitar laços com cooperativas e produtores de sementes. Isso teve impacto não somente na maior valorização da imagem da Embrapa Soja, mas também no maior alcance da instituição, uma vez que cooperativas e produtores de sementes estão ligados diretamente aos produtores rurais.

A qualidade da tecnologia unida à força da marca Embrapa permitiu que a variedade criasse um sólido nicho de mercado, que deu importante retorno financeiro à unidade, além de originar outras fontes de recursos, através das parcerias institucionais.

Também foi importante a interdisciplinaridade da equipe envolvida na geração de tecnologia, com áreas como fitopatologia, genética e melhoramento e transferência de tecnologia.

Constata-se que houve um pequeno impacto da tecnologia na adoção de novos métodos de gestão e de qualidade e em mudanças organizacionais e no marco institucional. A expectativa é que novas tecnologias possam ter maior impacto sobre esses indicadores. Segundo um dos pesquisadores avaliados, a geração da tecnologia teve influência sobre mudanças na orientação de políticas públicas.

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Um impacto importante foi o fortalecimento e ampliação do leque intelectual da unidade, com a adoção de novas técnicas e métodos de pesquisa, que tiraram o máximo proveito da diversidade de conhecimento da equipe de pesquisa multidisciplinar que esteve envolvida na concepção da BRS 232.

O sistema de parcerias e relações de cooperação público-privada foram muitos importantes para a transferência tecnológica, cujo objetivo é a socialização do conhecimento. A proximidade entre a Embrapa Soja, fundações e seus colaboradores facilita o processo da capacitação da assistência técnica rural, pois as cooperativas e produtores de sementes colaboradores, além de oferecerem insumos e serviços, podem oferecer também assessoria técnica rural a seus cooperados ou clientes.

A rápida adoção e grande desempenho em campo permitiram o fortalecimento da imagem da unidade e da marca Embrapa, além dar importante retorno financeiro, que pode ser transformado em reinvestimento, visando a manutenção da posição da unidade como geradora de tecnologia.

6.5. Fonte de dados

Os três entrevistados são agrônomos da unidade, pesquisadores da área de genética e melhoramento. Todos tiveram participação direta na concepção da tecnologia avaliada e conhecem bem as características da BRS 232.

7. AVALIAÇÃO INTEGRADA E COMPARATIVA DOS IMPACTOS GERADOS Os benefícios diretos causados pelas cultivares de soja estão ligados às demandas de seus produtores e visam atender aos objetivos estratégicos das instituições de pesquisa do setor. Os benefícios gerados por incremento de produtividade, diminuição de custos ou por precocidade têm o intuito de atender ao objetivo de competitividade e sustentabilidade do agronegócio da soja. A soja na alimentação, por sua vez, visa avanços com relação à segurança alimentar e a inclusão da agricultura familiar na produção orgânica de grãos. Por fim, a tolerância à seca tem como objetivo, permitir a produção de soja em regiões com baixíssimo índice pluviométrico.

A Fundação Meridional é parceira da Embrapa e várias empresas do setor agropecuário, auxiliando no processo de transferência de tecnologias geradas pela pesquisa agropecuária. Sua área de atuação engloba Paraná, Santa Catarina, São Paulo e Mato Grosso do Sul, sendo a inserção da empresa no último estado, mais recente, se restringindo à região sul. Se considerarmos que a amplitude de atuação da Fundação Meridional no Mato Grosso do Sul represente 10% da área de produção de soja e que, em média, se utiliza 60 quilos de semente por hectare para a semeadura da oleaginosa, a quantidade comercializada pelos colaboradores da fundação permite cobrir uma área significativa da região alvo. Assim, na safra 2010/11, estimou-se que a área coberta pelos colaboradores da Fundação Meridional, na região supracitada, foi de 63,76% (Tabela 7.1).

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Tabela 7.1. Área de atuação da Fundação Meridional e percentual coberto por seus colaboradores.

Área de adoção (hectares)

UF 2007/08 2008/09 2009/10 2010/11 PR 3.977.300 4.069.200 4.485.100 4.590.500 SC 373.400 385.300 439.600 458.200 SP 526.000 531.300 572.200 612.800 MS (10%) 173.140 171.580 171.220 176.010 Total 5.049.840 5.157.380 5.668.120 5.837.510 Cobertura Meridional 3.415.388 3.343.540 3.634.128 3.721.996 % coberto 67,63% 64,83% 64,12% 63,76%

Embrapa Soja. Elaborado a partir de informações da Fundação Meridional (dados sigilosos). A produção agropecuária nacional é dinâmica e se encontra em constante processo de mudança e ajustes, sendo influenciada por fatores mercadológicos, tecnológicos, climáticos e fitossanitários, dentre outros. Nesse contexto, a gestão eficiente do processo de produção torna-se essencial. Para isso, o produtor rural busca:

 Otimizar e padronizar o processo de produção agrícola;  Minimizar o número de operações mecanizadas.

Em meio a esses objetivos, a adoção de cultivares de soja modificadas geneticamente tem evoluído drasticamente, pois a diminuição do número de aplicações de herbicidas permite maior controle do processo produtivo.

Nos últimos anos, a evolução do plantio do milho de segunda safra (safrinha) tem sido um fator primordial para as mudanças relacionadas ao processo de produção de soja, pois, à medida que cresce a área de produção do milho safrinha, também cresce a demanda dos produtores por cultivares de soja com ciclo precoce.

Diante do quadro supracitado, empresas como Brasmax, Syngenta, e Nidera realizaram investimentos significativos nas áreas de marketing e genética e melhoramento, visando desenvolver e transferir ao seu público, cultivares que atendam às necessidades acima descritas. A evolução do mercado de cultivares na região que abrange a atuação da Fundação Meridional está ilustrada nas tabelas 7.2 e 7.3.

A multinacional Syngenta se concentrou em poucas cultivares de soja, principalmente aquelas de ciclo precoce, sendo seu principal material a cultivar transgênica VMAX RR. Por sua vez, a Brasmax apostou em um grupo maior de cultivares modificadas geneticamente, com foco em materiais de ciclo precoce, embora sua principal tecnologia seja a BMX Potência RR, único material de ciclo semiprecoce constante em seu portfólio de cultivares de soja. Por fim, a Nidera entrou no mercado regional, tendo como aposta, cultivares de ciclo precoce e superprecoce.

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Tabela 7.2. Mercado de sementes, por tipo de cultivar, nas safras de soja da região de atuação da Fundação Meridional.

Cultivares convencionais versus transgênicas

Tipo 2006/07 2007/08 2008/09 2009/10 2010/11*

Convencional 53,27% 49,64% 37,78% 15,77% 9,62% Transgênica 46,73% 50,36% 62,22% 84,23% 90,38%

*Dados preliminares

Embrapa Soja. Elaborado a partir de informações da Fundação Meridional (dados sigilosos). Tabela 7.3. Mercado de sementes, por cultivar, nas safras de soja da região de atuação da Fundação Meridional.

Venda de sementes (toneladas)

Tipo 2006/07 2007/08 2008/09 2009/10 2010/11*

BMX POTÊNCIA RR 0,00 0,00 12.056,38 48.712,26 56.906,70 V MAX RR (NK 7059) 1.178,34 7.280,32 26.437,50 35.698,92 35.168,11 NA 6086 RG 0,00 0,00 0,00 0,00 32.358,97 BMX APOLO RR (D. MARIO 5.8i) 0,00 6.573,63 13.201,64 19.743,86 20.751,63 BMX TURBO RR 0,00 0,00 0,00 0,00 14.863,45 BMX FORÇA RR 0,00 0,00 0,00 6.665,92 8.710,84 MSOY 7908 RR 67,32 689,00 2.911,52 1.054,90 6.416,16 BMX MAGNA RR (D. MARIO 7.0i) 0,00 4.629,11 10.660,08 11.061,10 5.912,25 SYN 3358 RR 0,00 0,00 2.410,98 10.774,64 5.598,50 NS 6636 RR 0,00 0,00 0,00 0,00 4.509,48 MSOY 7211 RR 0,00 0,00 839,12 641,24 4.364,12 BMX ENERGIA RR 0,00 0,00 0,00 3.056,40 3.948,52 BRS 284 0,00 0,00 1.495,26 3.288,61 4.547,05 BRS VALIOSA RR 69,44 0,00 1.206,56 13,60 3.494,20 BRS 232 18.286,74 18.526,84 17.182,68 6.313,38 3.229,55 *Dados preliminares

Embrapa Soja. Elaborado a partir de informações da Fundação Meridional (dados sigilosos). O foco estratégico adotado pelas empresas supracitadas propiciou um rápido ganho de mercado (Tabela 7.4). Como resultado disso, com apenas quatro anos de atuação na região, a Brasmax deve alcançar supremacia quase metade do mercado da região meridional do Brasil. Syngenta, Nidera e Embrapa formam um segundo grupo, cujos percentuais de mercado ficam entre 8% e 18%. Por fim, estima-se que a Monsoy e a Coodetec devem atingir a casa dos 5% na safra 2011/12.

Tabela 7.4. Mercado de cultivares das principais empresas desenvolvedoras, por safra de soja.

Mercado - Toneladas (SEM COAMO)

Obtentor 2006/07 2007/08 2008/09 2009/10 2010/11 Brasmax 0,00% 9,90% 19,51% 41,06% 43,40% Syngenta 6,67% 11,78% 20,53% 24,11% 18,20% Nidera 0,00% 0,00% 1,84% 11,67% 15,98% Embrapa 38,92% 31,92% 25,23% 8,84% 8,12% Monsoy 3,11% 3,05% 4,18% 1,21% 5,19% Coodetec 50,44% 39,64% 24,64% 8,32% 4,86% *Dados preliminares

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