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Estudo da demanda da enfermaria do serviço de infectologia do Hospital Universitário Antonio Pedro no período de 1995 a 2016

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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS MÉDICAS

LAURA DA CUNHA FERREIRA

ESTUDO DA DEMANDA DA ENFERMARIA DO SERVIÇO DE

INFECTOLOGIA DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO ANTONIO PEDRO NO PERÍODO DE 1995 A 2016

Niterói – RJ 2018

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ESTUDO DA DEMANDA DA ENFERMARIA DO SERVIÇO DE

INFECTOLOGIA DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO ANTONIO PEDRO NO PERÍODO DE 1995 A 2016

Dissertação submetida ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas da Universidade Federal Fluminense como parte dos requisitos necessários à obtenção do Grau de Mestre. Área de Concentração: Ciências Médicas.

Orientador: Profa. SOLANGE ARTIMOS DE OLIVEIRA

Coorientador: Prof. SÉRGIO SETÚBAL

Niterói – RJ 2018

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ESTUDO DA DEMANDA DA ENFERMARIA DO SERVIÇO DE

INFECTOLOGIA DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO ANTONIO PEDRO NO PERÍODO DE 1995 A 2016

Dissertação submetida ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas da Universidade Federal Fluminense como parte dos requisitos necessários à obtenção do Grau de Mestre. Área de Concentração: Ciências Médicas.

Aprovada em: BANCA EXAMINADORA ______________________________________________________________________ Prof. ______________________________________________________________________ Prof. ______________________________________________________________________ Prof. Niterói – RJ 2018

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Aos meus pais Ao meu esposo Aos meus irmãos

(6)

Ao meu pai, meu exemplo de dedicação, gentileza e solidariedade, por acompanhar

de perto todos os meus hesitantes passos. À minha mãe, pelo modelo de resiliência,

otimismo e amor. Ao Tiago e ao Pedro, os melhores irmãos do universo, por tudo. Ao

Guilherme, meu companheiro de vida, pelos mimos, pela compreensão e pela ajuda de

sempre com a informática. Ao Marquinho, o revisor de português oficial de dissertações

da família.

Ao Serviço de Infectologia do HUAP, o qual tive o prazer de frequentar muitos

anos antes de optar por essa linda especialidade. À enfermeira Wilma Pereira Medeiros e

seu zelo incondicional ao DIP (como originalmente denominado) e seus pacientes.

Ao professor Sérgio Setúbal por ter sido a inspiração deste projeto. Ao professor

Luiz Sérgio Keim que cedeu gentilmente seu banco de dados cuidadosamente atualizado

ao longo das décadas de funcionamento do Serviço, sempre disposto a ajudar e

complementar as informações necessárias. Às professoras Kátia Martins Lopes de

Azevedo, Ianick Souto Martins, Karla Regina Oliveira de Moura Ronchini e Anna

Ricordi Bazin (in memoriam), e à médica Patrícia Yvonne Maciel Pinheiro, mulheres

infectologistas empoderadas e lindas. Aos professores Antônio Carlos de Medeiros

Pereira, Marcos Olivier Dalston e Ana Beatriz de Lima Marins, que sempre me receberam

com afeto.

À orientadora, professora e ídolo Solange Artimos de Oliveira, que me incentivou,

acolheu e ensinou, desde os primeiros anos na medicina, sobre pesquisa, epidemiologia,

infectologia e orquídeas, sempre com muita paciência, um café e um bolo. Ao Antônio,

Fernanda e Renata que me concederam seu tempo precioso de convívio, alegraram o

(7)

(...) Longe de ser um fato isolado, sujeito apenas aos parâmetros da aferição e decisão da medicina ou das ciências biomédicas, a vacinação é também, pelas implicações socioculturais e morais que envolve, a resultante de processos históricos nos quais são tecidas múltiplas interações e onde concorrem representações antagônicas sobre o direito coletivo e o direito individual, sobre as relações entre Estado, sociedade, indivíduos, empresas e países, sobre o direito à informação, sobre a ética e principalmente sobre a vida e a morte.

Porto, A; Ponte, C. F. Vacinas e Campanhas: as imagens de uma história a ser contada. História, Ciências, Saúde: Manguinhos, Rio de Janeiro, v. 10, Suplemento 2, p. 725-742, 2003.

(8)

Introdução: os dados que produzimos no trabalho médico do dia-a-dia raramente recebem um tratamento epidemiológico que, ultrapassando as necessidades clínicas do paciente individual, lhes permita contribuir para um diagnóstico coletivo. Estes dados próprios são, no entanto, de suma importância para uma melhor alocação de recursos humanos e materiais necessários à prestação de serviços médicos. A escassez de dados sobre este tema na literatura corrobora a importância de novos estudos sobre o assunto. O objetivo geral deste trabalho foi descrever e quantificar a demanda por admissões no Serviço de Infectologia do Hospital Universitário Antônio Pedro da Universidade Federal Fluminense, no período de 1995 a 2016. Métodos: trata-se de um estudo observacional retrospectivo. A população de estudo consistiu dos pacientes admitidos no Serviço de Infectologia de 1995 a 2016. Os dados foram obtidos do arquivo médico informatizado mantido pelo Serviço e, quando necessário, dos prontuários armazenados em papel pelo Hospital. O banco de dados assim construído foi formatado para o programa IBM-SPSS versão 18.0. Resultados: houve 4691 admissões de janeiro de 1995 a dezembro de 2016. A maior parte delas correspondeu a pacientes do sexo masculino (59%) provenientes de Niterói (39%) e São Gonçalo (36,4%). As principais causas de admissões foram, em ordem decrescente, aids (1312; 28,0%), causas não infecciosas (447; 9,5%), meningoencefalites (432; 9,2%), infecções de partes moles (427; 9,1%), tuberculose (272; 5,8%), pneumonias (212; 4,5%) e leptospirose (212; 4,5%). Houve 864 reinternações, a maior parte delas por aids (563; 65,2%). A mortalidade institucional caiu de 16,9% no primeiro biênio do estudo para 5,0% no último e foi máxima (23,7%) na faixa etária acima de 69 anos. A mortalidade entre os pacientes com aids caiu de mais de 40% para cerca de 5% durante o período de estudo. Houve uma importante queda da demanda devida a doenças preveníveis por vacinação, como sarampo, difteria, tétano, coqueluche e meningoencefalites. Conclusões: o Serviço de Infectologia sofreu, nas últimas duas décadas, um aumento da demanda exercida por causas não infecciosas e por pacientes na faixa etária acima de 50 anos. A principal conclusão foi que ocorreu uma redução da demanda exercida por doenças preveníveis por vacinação e por crianças e adolescentes, além de importante redução da mortalidade geral e por aids.

Palavras chave: demanda; enfermaria; infectologia; Niterói; Rio de Janeiro; demanda hospitalar; internações;

(9)

Introduction: the data we produce in everyday clinical work rarely receives an epidemiological treatment that, going further than the clinical needs of the individual patient, allows them to contribute to a collective diagnosis. These personal data are, however, extremely important for a better allocation of the human and material resources needed for providing medical services. The scarcity of data on this topic in the medical literature confirms the importance of new studies on the subject. The overall objective of this study was to describe and quantify the demand for admissions in the Infectious Diseases Service of the Hospital Universitário Antonio Pedro of the Universidade Federal Fluminense from 1995 to 2016. Methods: The study population consisted of patients admitted to the Infectious Diseases Service from 1995 to 2016. The data were collected from the computerized medical file maintained by the Service and, when necessary, from the paper medical records stored by the Hospital. The database so constructed was formatted for the IBM-SPSS software, version 18.0. Results: there were 4691 admissions from January 1995 to December 2016. Most patients were male (59.0%) from Niterói (39.0%) and São Gonçalo (36.4%). The main causes of admissions were, in descending order, AIDS (1312, 28.0%), noninfectious diseases (447, 9.5%), meningoencephalitides (432, 9.2%), soft tissue infections (427; 9.1%), tuberculosis (272, 5.8%), pneumonias (212, 4.5%) and leptospirosis (212, 4.5%). There were 864 readmissions, most of them due to aids (563, 65.2%). Institutional mortality fell from 16.9% in the first two years to 5.0% in the last two years of the study and was highest (23.7%) in the age group above 69 years. Mortality among AIDS patients decreased from more than 40% to approximately 5% over the study period. There was an important decrease in the demand due to vaccine-preventable diseases such as measles, diphtheria, tetanus, whooping cough and meningoencephalitides. Conclusions: In the last two decades the Infectious Diseases Service has experienced an increase in the demand due to non-infectious diseases and patients over the age of 50, and a reduction in the demand due to vaccine-preventable diseases and children and adolescents. There was also an important reduction in overall mortality.

Keywords: demand; nursery; infectious diseases; Niterói; Rio de Janeiro; hospital demand; hospitalizations;

(10)

Figura 1 Participação de crianças e adultos conforme o triênio de internação no Serviço de Infectologia/HUAP (1965-1994)

23 Figura 2 Demanda devido a sarampo, difteria, tétano,

meningoencefalites e aids em 8630 admissões no Serviço de Infectologia/HUAP (1965-1994)

24

Figura 3 Casos confirmados de sarampo e cobertura vacinal do tríplice viral em ações de rotina

27 Figura 4 Casos confirmados de difteria, tétano e coqueluche e

cobertura vacinal das vacinas tríplice bacteriana, tetravalente e pentavalente em menores de um ano de idade

27

Figura 5 Participação da aids nos óbitos gerais do Serviço de Infectologia do HUAP (1965 – 1994)

28 Figura 6 Cascata de cuidado contínuo do Brasil, 2015 29 Figura 7 Tendências temporais na cascata de cuidado contínuo no

Brasil, 2012-2014

30 Figura 8 Coeficiente de mortalidade padronizado de aids (por 100

mil habitantes) segundo região de residência, por ano de óbito, 2007-2016

31

Gráfico 1 Serviço de Infectologia/HUAP - Frequências absoluta e relativa das 4686 admissões por ano de estudo (1995-2016)

37

Gráfico 2 Serviço de Infectologia/HUAP – Distribuição dos 3787 pacientes por faixa etária (1995-2016)

39 Gráfico 3 Serviço de Infectologia/HUAP – Distribuição das 4651

admissões por faixa etária conforme biênio (1995-2016) 40 Gráfico 4 Serviço de Infectologia/HUAP - Principais causas de

admissões ao longo dos anos do estudo (1995-2016) (n= 4625)

43

Gráfico 5 Serviço de Infectologia/HUAP - Distribuição dos diagnósticos principais por faixa etária (1995-2016)

44 Gráfico 6 Serviço de Infectologia/HUAP - Principais causas para as

readmissões ao longo dos anos do estudo (1995-2016) (n= 864)

46

Gráfico 7 Serviço de Infectologia/HUAP - Distribuição anual das readmissões por aids ao longo dos anos do estudo (1995-2016) (n= 563)

(11)

2016)

Gráfico 9 Serviço de Infectologia/HUAP - Mortalidade por faixa etária (em anos) (1995-2016)

48 Gráfico 10 Serviço de Infectologia/HUAP – Impacto da aids na

mortalidade institucional (1995-2016)

49 Gráfico 11 Serviço de Infectologia/HUAP - Distribuição dos 749

pacientes admitidos com aids por faixa etária e ano de admissão (1995-2016)

51

Gráfico 12 Serviço de Infectologia/HUAP - Reinternações por aids distribuídas por faixa etária (n=563)

51 Gráfico 13 Serviço de Infectologia/HUAP - Internações por

infecções oportunistas em pacientes com aids (1995-2016) n=1307

52

Gráfico 14 Serviço de Infectologia/HUAP – Letalidade em 749 pacientes com diagnóstico de aids (1995-2016)

53 Gráfico 15 Serviço de Infectologia/HUAP - Distribuição das 272

admissões por tuberculose de acordo com o biênio (1995 – 2016)

54

Gráfico 16 Serviço de Infectologia/HUAP - Letalidade por tuberculose de acordo com a faixa etária

55 Gráfico 17 Serviço de Infectologia/HUAP - Distribuição das 432

admissões por meningoencefalite (1995 - 2016)

56 Gráfico 18 Serviço de Infectologia/HUAP - Distribuição por faixa

etária dos 432 pacientes admitidos com meningoencefalite

57

Gráfico 19 Serviço de Infectologia/HUAP - admissões por meningoencefalites por faixa etária ao longo dos anos de estudo

58

Gráfico 20 Serviço de Infectologia/HUAP - Letalidade das meningoencefalites conforme a faixa etária (n= 402)

59 Gráfico 21 Serviço de Infectologia/HUAP – Distribuição por ano de

internação das 212 admissões por leptospirose (1995-2016)

60

Gráfico 22 Serviço de Infectologia/HUAP - Distribuição por ano de internação das 447 admissões devido a causas não infecciosas (1995-2016)

63

Gráfico 23 Serviço de Infectologia/HUAP - Distribuição por faixa etária dos 395 pacientes admitidos devido a causas não infecciosas

64

Gráfico 24 Serviço de Infectologia/HUAP - Admissões de pacientes com idade acima de 60 anos (1995-2016)

(12)

Quadro 1 Distribuição das 30 causas mais comuns de internação no Serviço de Doenças Infecciosas e Parasitárias da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, no período de janeiro de 1997 a dezembro de 2005

26

Tabela 1 Serviço de Infectologia/HUAP - Distribuição por sexo dos pacientes internados e das reinternações* (1995-2016)

38 Tabela 2 Serviço de Infectologia/HUAP - Principais diagnósticos finais

das admissões ocorridas entre 1995-2016

42 Tabela 3 Serviço de Infectologia/HUAP – Principais causas de

reinternações (1995-2016)

45 Tabela 4 Serviço de Infectologia/HUAP – Principais formas clínicas da

tuberculose em pacientes sem aids (1995-2016)

54 Tabela 5 Serviço de Infectologia/HUAP - Letalidade dos 209 casos

admitidos com leptospirose por sexo e faixa etária

60 Tabela 6 Serviço de Infectologia/HUAP - Distribuição dos 393 pacientes

admitidos com infecções de partes moles por sexo e faixa etária 61 Tabela 7 Serviço de Infectologia/HUAP - Principais causas não

infecciosas admitidas 1995-2016 (n=447)

63 Tabela 8 Serviço de Infectologia/HUAP - Principais causas para a

internação de pacientes idosos (n= 643)

(13)

Aids Acquired immunodeficiency syndrome (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida)

COVIG Coordenação de Vigilância de Saúde de Niterói DIP Doenças Infecciosas e Parasitárias

dTP Difteria, tétano e coqueluche Hib Haemophilus influenzae B

HIV Human Immunodeficiency Virus (Vírus da Imunodeficiência Humana) HUAP Hospital Universitário Antônio Pedro

MS Ministério da Saúde

OPAS Organização Panamericana de Saúde

PCR Polimerase Chain Reaction (Reação em Cadeia da Polimerase) PNI Programa Nacional de Imunizações

PVHA Pessoas Vivendo com HIV/AIDS

Q1 Primeiro quartil

Q3 Terceiro quartil

SAMU Serviço de Atendimento Móvel de Urgência SGB Síndrome de Guillain-Barré

SGID Sistema Gerenciador de Internações no DIP SIH Sistema de Informações Hospitalares

SNC Sistema Nervoso Central

SUS Sistema Único de Saúde

TARV Terapia Antirretroviral

TARVc Terapia Antirretroviral Combinada UNAIDS United Nations Programme on HIV/AIDS UFF Universidade Federal Fluminense

UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro

(14)

1 INTRODUÇÃO 16

2 REVISÃO DE LITERATURA 19

3 OBJETIVOS 32

4 CASUÍSTICA E MÉTODOS 33

4.1 DESENHO, POPULAÇÃO E PERÍODO DE ESTUDO 33

4.2 COLETA DE DADOS 33

4.3 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO 33

4.4 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO 33

4.5 VARIÁVEIS DE INTERESSE 34

4.6 CATEGORIZAÇÃO DOS DIAGNÓSTICOS 34

4.7 PROCESSAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS 35

4.8 ASPECTOS ÉTICOS 35

5 RESULTADOS 37

5.1 PANORAMA GERAL DAS INTERNAÇÕES 37

5.1.1 Distribuição por sexo 38

5.1.2 Distribuição por idade 38

5.1.3 Distribuição por etnia 41

5.1.4 Distribuição quanto ao município de origem 41

5.1.5 Principais diagnósticos finais 41

5.2 REINTERNAÇÕES 45

5.3 MORTALIDADE INSTITUCIONAL 47

5.4 ESTUDO DAS DOENÇAS MAIS FREQUENTES 49

5.4.1 Aids 49

5.4.2 Tuberculose 53

5.4.3 Meningoencefalites 56

5.4.4 Leptospirose 59

5.4.5 Infecções de partes moles 61

5.4.6 Causas não infecciosas 62

5.5 INTERNAÇÕES DOS PACIENTES IDOSOS 64

6 DISCUSSÃO 66

(15)
(16)

1 INTRODUÇÃO

As atividades voltadas para promoção de saúde e prevenção de doenças dependem

diretamente do aprimoramento do sistema de informações de saúde. Dados sobre

mortalidade, morbidade, fatores de risco e características da população devem ser bem

descritos para se possa conhecer a magnitude e a importância dos problemas, e as

necessidades e a demanda por serviços de saúde (Pereira, 1995).

A descrição do fluxo migratório das hospitalizações em serviços públicos de saúde

pode contribuir para o conhecimento das necessidades e demandas por serviços de saúde

em termos regionais, uma vez que as regiões que exportam pacientes são as mais carentes

em recursos de saúde. O estudo destes fluxos permite determinar a adequação da estrutura

hospitalar das diversas regiões, bem como para estabelecer comparações entre elas.

Estudar a intensidade e o sentido de tais fluxos, é importante para planejar a estruturação

regional da assistência à saúde (Rocha et al., 2015).

Estudar o conjunto de indivíduos que utiliza os recursos de um determinado setor

hospitalar (por exemplo, unidades de tratamento intensivo para doenças infecciosas),

assim como suas principais características sociodemográficas e clínicas, é necessário,

para que se possa adequar o sistema de saúde às necessidades da população, e para que

se possa formular políticas públicas (Andrade, 2016).

O Hospital Universitário Antônio Pedro (HUAP), inaugurado em 1951, é

considerado, na hierarquia do Sistema Único de Saúde (SUS), como um hospital de nível

terciário e quaternário, para atendimentos de problemas médicos de alta complexidade.

Cumpre também o papel de hospital-escola da Universidade Federal Fluminense. Sua

área de abrangência corresponde a uma população estimada em mais de dois milhões de

habitantes, na denominada Região Metropolitana II, que engloba Niterói, Itaboraí,

(17)

Contudo, desde 2007 o HUAP fechou sua emergência à demanda espontânea e

passou a receber apenas pacientes referenciados, após comunicação com as Secretarias

de Saúde dos municípios, com os bombeiros ou com o Serviço de Atendimento Móvel de

Urgência (SAMU). Há, por esta razão, e desde esta época, uma triagem dos pacientes

referenciados, com a exclusão dos casos que não sejam de alta complexidade (Fomel,

2010).

Em estudo realizado com os pacientes admitidos no Serviço de Doenças Infecciosas

e Parasitárias do HUAP, na ocasião a cargo dos professores da Disciplina de Doenças

Infecciosas e Parasitárias da Faculdade de Medicina da UFF (atualmente Serviço de

Infectologia), Setúbal (1996) e Setúbal e colaboradores (1998) analisaram a demanda

atendida ao longo de três décadas (1965 a 1994). Os resultados demonstraram que as

doenças preveníveis por imunização foram sendo gradativamente substituídas, ao longo

da década de 1980, pela aids e outras consequências da infecção pelo HIV. Em menos de

uma década a aids alcançou a quinta posição dentre as doenças com maior número de

internações nos 30 anos analisados. De acordo com esses autores, pode ser atribuído à

aids a reversão da tendência descendente da mortalidade institucional observada a partir

de 1984, uma vez que esta doença foi a responsável por mais de 60% dos óbitos totais

desde o seu surgimento. O impacto da aids é ainda mais evidente quando se considera

que os óbitos por todas as outras causas continuaram, ao longo do período estudado, a

mostrar uma queda acentuada.

A escassez de dados sobre o tema na literatura médica e os resultados do trabalho

de Setúbal (1996) e Setúbal e colaboradores (1998) nos levaram a investigar as possíveis

alterações da demanda hospitalar nesta mesma enfermaria, nos anos que se seguiram, ou

(18)

Estudos como este são raros na literatura médica e a análise temporal da demanda

hospitalar, principalmente a de um hospital terciário de ensino, é pouco descrita.

Compreender o comportamento da demanda hospitalar por parte das doenças infecciosas

ao longo das últimas cinco décadas é uma oportunidade de repensar as estratégias de

(19)

2 REVISÃO DA LITERATURA

As informações de ordem epidemiológica representam insumos essenciais para o

planejamento, a execução e a avaliação das ações de saúde. Os principais beneficiados

por um estudo de demanda são os sanitaristas, planejadores e administradores,

pesquisadores e clínicos, além dos próprios pacientes e estudantes de medicina (Pereira,

1995).

A capacidade utilizar os próprios dados que resultam do trabalho médico do

dia-a-dia e do manejo clínico individual, e que raramente recebem um tratamento

epidemiológico, é de suma importância para a elaboração de um diagnóstico coletivo que

traga subsídios para a melhor distribuição de recursos humanos e materiais necessários à

prestação de serviço (Pereira, 1995; Setúbal, 1996).

Um importante aspecto destes dados próprios é o registro da demanda e da sua

flutuação ao longo do tempo. O arquivo de um hospital, ambulatório ou enfermaria

registra a demanda, por parte da população, dos serviços prestados pela unidade de saúde,

seja qual for a natureza da unidade e desses serviços (Setúbal, 1996).

Os estudos de demanda ambulatorial são mais comumente encontrados na literatura

que os estudos de demanda hospitalar. Estes últimos são escassos nas principais bases de

dados pesquisadas (PubMed, Lilacs, SciELO) e, em relação aos municípios de Niterói e

São Gonçalo, praticamente inexistentes (Carvalho et al., 1994; Setúbal, 1996; Acurcio &

Guimarães, 1998; Rocha et al., 2015; Starr, 2015).

Historicamente o HUAP tem sido capaz de refletir as situações endêmicas e

epidêmicas vivenciadas pela cidade de Niterói e municípios vizinhos (Setúbal, 1996;

Oliveira et al., 2001). Em um estudo sobre a demanda por parte de doenças exantemáticas,

realizado de 1994 a 1998 no HUAP, 21 (46,7%) dos 45 casos confirmados de sarampo

(20)

atendidos no HUAP. Além disso, este mesmo estudo, realizado com pacientes do HUAP,

foi capaz de detectar o ressurgimento do vírus do dengue no estado do Rio de Janeiro,

evidenciando elevadas taxas de infecção por este vírus entre os meses chuvosos de março

a junho, ao longo de quatro anos, coincidindo sempre com a ocorrência da doença na

cidade de Niterói (Oliveira et al., 2001).

Os estudos de demanda receberam, recentemente, algum destaque na mídia, em

decorrência do surgimento e da disseminação da infecção pelo vírus Zika (ZIKV). Em

um estudo realizado por Barcellos e colaboradores (2016), o padrão temporal de

hospitalizações ocorridas no período de janeiro de 2008 a fevereiro de 2016 foi analisado

em relação aos diagnósticos dados por ocasião da alta hospitalar e em relação aos estados

de origem dos pacientes, com dados obtidos do Sistema de Informações Hospitalares do

Sistema Único de Saúde (SIH/SUS). Observou-se súbito aumento da taxa de

hospitalização por malformações congênitas do sistema nervoso central (SNC) e por

síndrome de Guillain-Barré (SGB) na região do Nordeste brasileiro. Desde setembro de

2014, o número de internações por doenças inflamatórias do SNC (encefalite, mielite e

encefalomielite) vinha também aumentando na região, já alguns meses antes dos

relatórios iniciais sobre a epidemia nacional de Zika e de sua confirmação laboratorial

(Barcellos et al., 2016).

As hospitalizações por complicações neurológicas associadas à infecção pelo ZIKV

começaram a aumentar em número antes mesmo do primeiro alarme, em novembro de

2015, o que acabou por sugerir um possível efeito da infecção sobre a ocorrência de

microcefalia e malformações do SNC. O mesmo estudo demonstrou que houve aumento

dessas hospitalizações mesmo no período de inverno, quando as doenças transmitidas por

vetores têm menor importância. Considerando uma média de dois meses de latência entre

(21)

formas de transmissão não vetorial, como a transmissão sexual, seriam capazes de

ultrapassar os limites sazonais da epidemia (Barcellos et al., 2016).

O estudo acima ilustra a necessidade urgente de uma forma mais eficiente de

analisar os dados referentes às internações hospitalares, ao perfil de pacientes admitidos,

aos seus diagnósticos e às tendências temporais para que se possa ter maior competência

em detectar, conhecer e descrever novas epidemias e suas complicações. Com isso seria

possível minimizar alarmes falsos e pânico na população e melhor planejar o sistema de

saúde para atender a um súbito aumento da demanda.

A estruturação regional da assistência à saúde depende da descrição das

hospitalizações e dos fluxos migratórios de atendimentos médicos entre uma região e

outra. A procura de recursos diagnósticos e terapêuticos fora do seu local de residência

permite inferir o grau de resolutividade da assistência em uma determinada região.

Embora a universalidade do Sistema Único de Saúde estabeleça o direito à assistência em

qualquer serviço do sistema, é importante conhecer a procedência dos pacientes

(município de residência) para o planejamento da assistência à demanda local e regional

(Rocha et al., 2015).

A redução da carga global de doenças infecciosas, vivenciada nas últimas décadas,

foi resultado de diversos fatores, incluindo a melhora dos padrões sanitários e de higiene,

a descoberta de antibióticos e a implementação de programas de imunização. Nos últimos

50 anos o mundo observou a emergência de diversas novas infecções e a reemergência

de outras (Starr, 2015).

O uso clínico de antibióticos é possível desde a década de 1940. A partir de então

um crescente número de novas drogas e classes foi criado com a finalidade de tratar

bactérias, vírus, fungos e parasitas. O advento de novas técnicas, como a da reação em

(22)

quantificação de patógenos com melhor sensibilidade, especificidade, repidez e

facilidade. Tornou-se possível, portanto, diagnosticar e tratar infecções previamente

consideradas incuráveis ou relacionadas a significativas taxas de morbidade e

mortalidade. Ao mesmo tempo, o surgimento da resistência antimicrobiana tem limitado

o benefício de diversos fármacos e obrigado os médicos a recorrer a antimicrobianos

antigos, como é o caso da polimixina, usada para o tratamento de bactérias

gram-negativas multirresistentes (Starr, 2015).

No estudo realizado por Setúbal (1996) a demanda das DIP foi estudada ao longo

de três décadas de funcionamento (1965 a 1994) do Serviço de Infectologia do HUAP.

Foi computado no período de 1° de junho de 1965 até 31 de dezembro de 1994 um total

de 8630 internações e 8000 pacientes. A diferença quantitativa entre o número de

pacientes e o de internações deveu-se ao fato de terem ocorrido 630 reinternações. Dentre

as 8630 admissões, houve 1509 óbitos. As restantes 7121 resultaram em alta ou

transferência (apenas 611, ou 7,1% do total).

Mais da metade (53%) dos pacientes internados tinham menos de 15 anos de idade.

Houve, ao longo do estudo, crescente participação de faixas etárias mais elevadas, em

detrimento das crianças (Figura 1), principalmente no que se refere às menores de quatro

anos.

A mortalidade institucional global encontrada, de 18,9%, sofreu redução ao longo

dos anos e não apresentou diferença significativa entre os sexos.

Dentre as 8017 internações cujo município de origem pôde ser determinado, 41%

eram de Niterói e 33% de São Gonçalo. Todos os outros municípios reunidos somaram

26% do total. Destes, os que tiveram participação mais relevante foram Itaboraí, Magé,

(23)

Figura 1 - Participação de crianças e adultos conforme o triênio de internação no Serviço de Infectologia/HUAP. (1965-1994).

Fonte: SETÚBAL (1996)

A incidência decrescente de doenças como tétano, difteria e sarampo pode ser

claramente observada na Figura 2 e atribuída principalmente aos esforços iniciados com

a criação do Programa Nacional de Imunizações (PNI) em 1973. As vacinas

implementadas nesta década foram Sabin, BCG, tríplice bacteriana (difteria, tétano e

coqueluche – dTP) e sarampo. A queda da incidência dessas doenças preveníveis por

imunização é uma das características da transição epidemiológica vivida no Brasil, na

(24)

Figura 2 – Demanda devido a sarampo, difteria, tétano, meningoencefalites e aids em 8630 admissões no Serviço de Infectologia/HUAP (1965-1994).

Fonte: Adaptado de SETÚBAL (1996); SETÚBAL e colaboradores (1998)

As mudanças no perfil de doenças e pacientes internados em um serviço possuem

consequências que vão além da saúde pública, pois têm grande impacto na qualidade do

ensino e na formação de bons profissionais médicos. Tal impacto foi descrito no estudo

realizado por Pereira (2006) sobre a evolução do ensino da Disciplina de Doenças

Infecciosas e Parasitárias (DIP) na Faculdade de Medicina da Universidade Federal do

Rio de Janeiro (UFRJ). De acordo com esse autor, o fechamento da emergência do

Hospital Universitário Clementino Fraga Filho e a epidemia de aids transformaram a

enfermaria em um local pouco adequado para o ensino prático da graduação, devido à

complexidade dos pacientes internados e à menor frequência de internações por doenças

infecciosas frequentes na prática médica (Quadro 1). Este fato levou o curso de DIP a

buscar fora da enfermaria os recursos necessários para garantir a qualidade do ensino

prático. 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% 65 66 67 68 69 70 71 72 73 74 75 76 77 78 79 80 81 82 83 84 85 86 87 88 89 90 91 92 93 94

(25)

O aperfeiçoamento do PNI ao longo de seus mais de 40 anos de existência, o esforço

de diversas campanhas de atualização vacinal para alcançar o máximo de cobertura de

forma abrangente e aleatória tem o seu resultado consolidado nas Figuras 3 e 4. A ação

mais relevante e elogiada do Ministério da Saúde (MS) é a vacinação. Isso se deve aos

avanços conseguidos pelo PNI, que resultaram na redução de um expressivo número de

doenças e mortes (Brasil, 2003; Brasil, 2013).

A vacina tríplice bacteriana contra difteria, tétano e coqueluche (DTP), apesar de

disponível desde 1948, foi inicialmente implantada apenas em programas isolados, e

apenas em alguns estados. O PNI foi formulado em 1973, mas somente em 1990 recebeu

um maior impulso, levando a um aperfeiçoamento técnico, gerencial e operacional. A

partir desse ano, buscou-se a meta de vacinar rotineiramente 90% das crianças menores

de cinco anos com a DTP (Figura 4). Em 2002 já estava disponível no calendário básico

de vacinação infantil a vacina tetravalente (DTP e contra o Haemophilus influenzae –

Hib), administrada aos dois, quatro e seis meses de vida. Em 2012 foi introduzida a vacina

pentavalente (com a adição à vacina tetravalente da vacina contra hepatite B) para

crianças com menos de sete anos de idade (Brasil, 2013).

Ainda na Figura 4, observa-se em 2011 o início da epidemia de coqueluche, quando

a incidência de casos quadruplicou em relação à de 2010. A epidemia durou até 2013 e

afetou, principalmente, a faixa etária de menores de um ano de idade, acometendo

especialmente os indivíduos que não tinham completado o esquema vacinal com três

doses da vacina pentavalente aos dois, quatro e seis meses de vida, nem recebido os dois

reforços da DTP aos 15 meses e quatro anos de idade. O aumento do número de casos

neste período deveu-se ao comportamento cíclico na doença, que ressurge a cada três ou

cinco anos, às baixas coberturas vacinais levando ao acúmulo de bolsões de suscetíveis,

(26)

implementação do diagnóstico por PCR e ao fato de que a imunidade conferida pela

vacina, apesar de ser duradoura, não é permanente (Brasil, 2015c).

Quadro 1 - Distribuição das 30 causas mais comuns de internação no Serviço de Doenças Infecciosas e Parasitárias da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, no período de janeiro de 1997 a dezembro de 2005.

Causas das internações % % A* Causas das internações % % A*

Aids 1473 43,2 43,2 Síndrome mononucleose 37 1,1 90,2

Meningites 205 6,0 49,2 Pielonefrite 31 0,9 91,1

Estafilo e estreptococcias 199 5,8 55,1 Artrites a esclarecer 30 0,9 92,0

Leptospirose 147 4,3 59,4 Farmacodermias 30 0,9 92,9

Malária 146 4,3 63,7 Ofidismo 27 0,8 93,7

Varicela-zóster 133 3,9 67,6 Hanseníase 27 0,8 94,5

Endocardite infecciosa 119 3,5 71,0 Hepatites 27 0,8 95,2

Dengue 112 3,3 74,3 Neurocisticercose 24 0,7 96,0

Febres a esclarecer 101 3,0 77,3 Osteomielites 24 0,7 96,7

Abscessos em geral 98 2,9 80,2 Diarréias agudas 23 0,7 97,3

Pneumonias 86 2,5 82,7 Neoplasias hematológicas 22 0,6 98,0

Tuberculose pulmonar 67 2,0 84,7 Colagenoses 20 0,6 98,6

Tétano 52 1,5 86,2 Neoplasias sólidas 20 0,6 99,1

Paracoccidioidomicose 51 1,5 87,7 Encefalites 15 0,4 99,6

Erisipela 49 1,4 89,1 Leishmaniose tegumentar 14 0,4 100

* % A: porcentagem acumulada Fonte: PEREIRA (2006).

(27)

Figura 3 – Casos confirmados de sarampo e cobertura vacinal da tríplice viral em ações de rotina

Fonte: adaptado de BRASIL (2003, 2016)

Figura 4 – Casos confirmados de difteria, tétano e coqueluche e cobertura vacinal das vacinas tríplice bacteriana, tetravalente e pentavalente em menores de um ano de idade

*Cobertura vacinal tríplice bacteriana até 2001; tríplice bacteriana e tetravalente a partir de 2002; tríplice bacteriana, tetravalente e pentavalente a partir de 2012

Fonte: Adaptado de BRASIL (2003, 2016)

No Serviço de Infectologia do HUAP as doenças preveníveis por imunização foram

progressivamente sendo substituídas, na década de 1980, pela infecção pelo vírus HIV

0 10000 20000 30000 40000 50000 60000 70000 0% 20% 40% 60% 80% 100% 120% 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Cobertura vacinal tríplice viral Sarampo

0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 0% 20% 40% 60% 80% 100% 120% 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Cobertura vacinal tríplice bacteriana, tetravalente e pentavalente* Difteria

Tétano Coqueluche

(28)

(Setúbal, 1996). Em menos de uma década, a aids alcançou a quinta posição dentre as

doenças com maior número de internações nos 30 anos analisados neste estudo. Pode

atribuir-se à aids a reversão da tendência descendente da mortalidade observada a partir

de 1984. Esta doença foi a responsável por mais de 60% dos óbitos totais no estudo

(Figura 5). Enquanto os óbitos por causas gerais tendiam a uma queda acentuada, os

devidos à aids mostraram ascensão (Setúbal, 1998).

Figura 5 - Participação da aids nos óbitos gerais do Serviço de Infectologia do HUAP (1965 – 1994)

Fonte: SETÚBAL (1996)

O início da era da terapia antirretroviral combinada (TARVc) em 1996 foi

determinante para a melhora do prognóstico da infecção pelo HIV, com redução da

letalidade, aumento da sobrevida e à sua transformação em uma condição crônica. A

mortalidade de pacientes com contagem de linfócitos T CD4+ acima de 500 células/mm³

e em uso de TARVc há mais de seis anos é semelhante à da população geral (Andrade,

(29)

O monitoramento clínico é hoje um dos mais importantes requisitos para garantir a

vida saudável das pessoas vivendo com HIV/aids (PVHA). Por isso foram acordadas em

reunião da Organização Panamericana de Saúde (OPAS) três metas para o monitoramento

em cascata, propostas pelo Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS

(sigla em inglês, UNAIDS) em 2014 e popularizadas como metas "90-90-90", segundo

as quais os países envolvidos deveriam, até o ano 2020, diagnosticar 90% das PVHA na

população, ministrar a TARVc a 90% das PVHA com diagnóstico, e manter em supressão

da replicação viral 90% das PVHA em uso de TARVc. A situação do Brasil nesta cascata

dos 90% é descrita na Figura 6 (Brasil, 2017 b).

Figura 6 - Cascata de cuidado contínuo do Brasil, 2015 Fonte: BRASIL (2017 b)

Os resultados apresentados no Boletim Epidemiológico HIV/aids de 2015

(BRASIL, 2015a) eram promissores. A Figura 7 exibe a evolução dos indicadores da

(30)

anos, o tratamento de 44% para 62% e a supressão viral passou de 75% em 2012 para

88% em 2014. É esperado que, dada a evidente melhora no cuidado das PVHA no Brasil,

haja também um avanço equivalente nos Municípios de interesse para o presente estudo,

especialmente no que diz respeito às internações e à taxa de mortalidade institucional por

HIV.

Figura 7: Tendências temporais na cascata de cuidado contínuo no Brasil, 2012-2014

Fonte: BRASIL (2015a)

Observou-se uma queda no coeficiente de mortalidade por aids no Brasil, que

passou de 6,0 óbitos/100mil habitantes em 2005, para 5,7 em 2014, o que representa uma

queda de 5%. No entanto, apenas as regiões Sul e Sudeste apresentaram tendência à queda

(Figura 8), com reduções de 10,6% e 19,7%, respectivamente. Já no estado do Rio de

(31)

óbitos/100mil habitantes, sem variações expressivas ao longo dos anos (Brasil, 2015a;

Brasil, 2017a).

Figura 8 - Coeficiente de mortalidade padronizado de aids (por 100 mil habitantes) segundo região de residência, por ano de óbito, 2007-2016.

Fonte: BRASIL (2017 a)

A necessidade de atualizar os resultados do trabalho de Setúbal e colaboradores

(1998) tornam importantes a realização de um estudo da demanda nos anos que se

(32)

3 OBJETIVOS

Objetivo Geral: descrever e quantificar a demanda do Serviço de Infectologia do HUAP/UFF no período de 1995 a 2016.

Objetivos Específicos:

a) Descrever a variação da demanda das principais doenças ao longo dos 22 anos de

observação, com foco nas modificações de letalidade, tempo de estada, reinternações,

distribuição por sexo, faixa etária, etnia e origem geográfica dos pacientes;

b) Comparar os resultados da variação da demanda do período de estudo com os obtidos

(33)

4 CASUÍSTICA E MÉTODOS

4.1 DESENHO, POPULAÇÃO E PERÍODO DE ESTUDO

Trata-se de um estudo observacional retrospectivo da população correspondente aos

pacientes admitidos na enfermaria do Serviço de Infectologia do HUAP no período de

1995 a 2016.

4.2 COLETA DE DADOS

O Serviço de Infectologia possui um arquivo médico totalmente informatizado,

criado em 1993. Este arquivo, contendo os dados de todos os pacientes internados a partir

de 1965, é gerenciado por meio de um software que utiliza a linguagem de programação

Visual Basic, o Sistema Gerenciador de Internações no DIP (SGID). Para cada paciente

cadastrado no SGIC, há também uma ficha física, em papel, com dados descritivos, não

tabulares. A coleta de dados para este estudo foi realizada inicialmente no arquivo

eletrônico do SGID e, quando necessário, no arquivo físico do Serviço de Infectologia.

Sempre que necessário, os prontuários (físicos) dos pacientes foram consultados no

Arquivo Médico do HUAP. Para construção do banco de dados desta pesquisa os dados

do SGID foram inicialmente importados para uma planilha do Excel, e transferidos depois

desta planilha para o programa IBM® SPSS Statistics Software versão 18.0 for Windows.

4.3 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO

Todos os pacientes admitidos na enfermaria do Serviço de Infectologia no período

de 1995 a 2016 foram incluídos no estudo.

4.4 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO

Foram excluídos os pacientes nos quais a variável “diagnóstico final” era

(34)

4.5 VARIÁVEIS DE INTERESSE

As variáveis utilizadas no estudo foram: sexo, idade, município de origem

(endereço no momento da internação), naturalidade, etnia, diagnóstico final, tempo de

internação, reinternações, desfecho clínico (alta, transferência ou óbito), ano de

internação e diagnósticos secundários.

O critério para definição da etnia foi subjetivo, sendo a classificação dos pacientes

conforme esta variável realizada pelo médico responsável pela internação. As diferentes

classificações utilizadas pelos médicos estão inseridas nas 14 categorias de etnia ou raça

mais frequentemente descritas pela população, segundo a autoidentificação proposta pelo IBGE: “branca, morena, parda, negra, morena clara, preta, amarela, brasileira, mulata,

mestiça, alemã, clara, italiana e indígena” (Petruccelli, 2013).

O cálculo da mortalidade institucional foi feito através da divisão do número de

óbitos pelo número de pacientes admitidos no mesmo período na enfermaria do Serviço.

A fim de facilitar a interpretação do resultado e a comparação com o estudo feito no

período de 1965 a 1994 (Setúbal, 1996), tal dado foi apresentado como número de óbitos

a cada 100 casos.

Na descrição dos resultados, foi feita uma distinção entre pacientes e admissões.

No cômputo dos pacientes, as reinternações não foram levadas em consideração. No

cálculo das admissões, por outro lado, todas as internações foram consideradas, mesmo

quando duas ou mais delas se referiam ao mesmo paciente.

4.6 CATEGORIZAÇÃO DOS DIAGNÓSTICOS

Os diagnósticos finais principais foram registrados conforme o redigido pelo

médico por ocasião da alta de cada doente. Com o objetivo de organizar esta informação,

foi feita a categorização desses diagnósticos em algumas síndromes ou grupos de doenças.

(35)

e casos de impetigo e gangrena foram agrupados em “Infecções de partes moles”. As

meningoencefalites virais, bacterianas e sem etiologia definida foram agrupadas em “Meningoencefalites”. Os casos de herpes zoster e oftálmico foram unificados. As

hepatites virais, medicamentosas e sem etiologia definida foram descritas como “Hepatites”. Os casos de tuberculose pulmonar e extrapulmonar também foram

unificados. Por último, causas de internação não relacionados a doenças infecciosas como

as neoplásicas, cirúrgicas, traumáticas, cardiológicas, ortopédicas e neurológicas foram agrupadas em “causas não infecciosas”.

As categorias resultantes deste processo de agrupamento foram: Aids, Tuberculose,

Meningoencefalites, Infecções de partes moles, Pneumonias, Admissões por causas não

infecciosas, Leptospirose, Tétano, Coqueluche, Sarampo, Difteria e Diversos. Esta última

categoria reúne todos os diagnósticos cuja frequência foi menor que 4%. Alguns dos

diagnósticos na categoria "Diversos" foram analisados fora deste último grupo com o

intuito de comparar os dados obtidos com os do trabalho de Setúbal (1996).

4.7 PROCESSAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS

Para o processamento e análise descritiva dos dados utilizou-se o programa IBM®

SPSS Statistics Software versão 18.0 for Windows. Os dados foram apresentados em

tabelas, gráficos e medidas de frequência (absoluta e relativa), bem como sob a forma

de médias e medianas. Os cálculos estatísticos foram realizados através do programa

EpiInfo versão 7.2.2.6.

4.8 ASPECTOS ÉTICOS

O tratamento e apresentação dos dados garantirão o sigilo das informações e a

privacidade dos profissionais e pacientes envolvidos. Trata-se de um trabalho

observacional e retrospectivo, sem possibilidade de dano físico aos indivíduos estudados

(36)

obter o Termo de Consentimento Livre e Informado dos pacientes, garantimos, mesmo

sem o referido Termo: a) a qualidade e a confiabilidade das informações coletadas; b)

sigilo e privacidade dos dados obtidos dos prontuários dos pacientes e dos resultados dos

testes laboratoriais executados e c) que o material não será utilizado para outros fins que

não sejam os descritos neste projeto. Os dados coletados serão utilizados exclusivamente

nesta pesquisa e permanecerão sob a guarda do pesquisador responsável.

Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de

Medicina da Universidade Federal Fluminense / FM / UFF / HU, constituído nos Termos

da Resolução CNS número 196/96 registrado na Comissão Nacional de Ética em

(37)

5 RESULTADOS

5.1 PANORAMA GERAL DAS INTERNAÇÕES

No período de janeiro de 1995 a dezembro de 2016 a enfermaria do Serviço de

Infectologia do HUAP realizou 4691 admissões. Destas, cinco foram excluídas do estudo

devido à ausência de diagnóstico final. A casuística do estudo foi então constituída de

4686 admissões, correspondentes a 3822 pacientes. Tal diferença é justificada pela

ocorrência de 864 reinternações.

Houve uma tendência à queda do número de internações nas últimas duas décadas

(Gráfico 1). Tal tendência não se acompanhou de aumento do tempo de permanência dos

pacientes (dados não apresentados). O número médio anual de internações foi 213 (desvio

padrão 54,4). O ano com o menor número de internações foi o de 2009, em que ocorreram

132 admissões, e o ano com o maior número foi o de 1995, em que ocorreram 357. Não

se observou, em relação aos principais diagnósticos analisados, qualquer variação sazonal

ao longo do período de estudo (dados não apresentados).

Gráfico 1 - Serviço de Infectologia/HUAP - Frequências absoluta e relativa das 4686 admissões por ano de estudo (1995-2016).

7, 6% 6, 3% 4, 6% 5, 4% 5, 0% 4, 7% 4, 5% 5, 4% 5, 0% 4, 7% 4, 7% 5, 7% 3, 9% 3, 2% 2, 8% 3,7% 4,5% 3,4% 3,9% 4,9% 3,1% 2,9% 0 50 100 150 200 250 300 350 400 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

(38)

5.1.1 Distribuição por sexo

Entre as 4686 admissões, 2763 (59%) corresponderam a pacientes do sexo

masculino. Ao longo dos 22 anos de observação, 3822 pacientes foram admitidos na

enfermaria, dos quais 2250 (59%) eram homens e 1572 (41%), mulheres (Tabela 1). A

diferença numérica em relação ao total de internações se deve a ocorrência de 864

reinternações. Destas, 351 (40,6%) corresponderam a pacientes do sexo feminino e 513

(59,4%) a pacientes do sexo masculino, demonstrando que os homens foram os

responsáveis pela maior parte das reinternações, ainda que esta diferença não tenha sido

significativa (p>0,05).

Tabela 1 - Serviço de Infectologia/HUAP - Distribuição por sexo dos pacientes internados e das reinternações* (1995-2016).

Sexo Pacientes N (%) Reinternações N (%) Masculino 2250 (59,0) 513 (59,4) Feminino 1572 (41,0) 351 (40,6) TOTAL 3822 (100,0) 864 (100,0)

* Teste do qui-quadrado de Pearson – p> 0,05

5.1.2 Distribuição por idade

As idades dos pacientes variaram de menos de um a 100 anos, com média de 36,6

anos e desvio padrão de 21,3 anos. A mediana das idades foi de 36 (Q1 20,0; Q3 51,0).

A população consistiu principalmente de indivíduos adultos, sendo maiores de 14 anos

de idade 3102 (81,9%) pacientes (Gráfico 2). Das reinternações, 827 (95,7%) ocorreram

(39)

Gráfico 2 - Serviço de Infectologia/HUAP – Distribuição dos 3787* pacientes por faixa etária (1995-2016).

* Em 35 pacientes a idade não foi registrada

Com o passar dos anos, ocorreu uma nítida redução do número de admissões de

menores de 20 anos de idade, acompanhando a crescente importância da faixa etária

maior que 50 anos. No primeiro biênio do estudo, a faixa etária menor que 15 anos de

idade representava 27% (175) das 648 admissões. Já nos últimos quatro biênios, este

percentual caiu para menos de 10%, sendo que, no último biênio, correspondeu a 2,8%

(oito) das 283 admissões (Gráfico 3). Em 35 (0,92%) pacientes a idade não foi registrada.

Os pacientes com 60 ou mais anos de idade representaram 8% (52) dos 648 casos

do primeiro biênio do estudo e aumentaram sua participação para 34,3% (97) das 283

admissões nos últimos dois anos.

128 218 169 170 244 610 634 586 491 294 243 0 200 400 600 800 <1 1-4 5-9 10-14 15-19 20-29 30-39 40-49 50-59 60-69 >69

(40)

Gráfico 3 - Serviço de Infectologia/HUAP – Distribuição das 4651* admissões por faixa etária conforme biênio (1995-2016).

* Em 35 pacientes a idade não foi registrada

95-96 97-98 99-00 01-02 03-04 05-06 07-08 09-10 11-12 13-14 15-16 >69 19 24 21 23 27 35 24 22 25 46 35 60-69 33 19 27 21 36 22 29 14 32 47 62 50-59 31 40 45 52 49 51 60 53 67 102 59 40-49 91 80 69 66 82 86 61 52 63 66 43 30-39 138 85 105 117 78 89 44 59 77 60 37 20-29 108 72 78 84 89 76 55 57 53 54 31 15-19 53 36 32 16 30 29 18 17 20 15 8 10-14 27 29 26 23 24 19 11 15 9 5 1 5-9 55 23 11 20 15 25 13 5 5 1 3 1-4 55 33 23 29 20 33 8 9 10 4 0 <1 38 23 13 17 7 11 10 1 5 2 4 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

(41)

5.1.3 Distribuição por etnia

Dos 3822 pacientes avaliados, a etnia foi registrada pelo médico responsável pela

admissão em 3527, sendo 1757 (49,8%) considerados brancos, 853 (24,2%) pardos e 613

(17,4%) negros. Foram considerados índios 303 pacientes (8,6%) e amarelo apenas um

(0,03%).

5.1.4 Distribuição quanto ao município de origem

Das 4686 internações, o município de residência no momento da admissão foi

registrado em 4512. Niterói (1758; 39%) e São Gonçalo (1644; 36,4%) foram os

municípios de residência mais frequentes. Seguiram-se os municípios de Itaboraí, com

6,1% das admissões, Rio de Janeiro, com 6,0% e Maricá, com 2,9%. Todos os outros

municípios registrados tiveram menor frequência.

5.1.5 Principais diagnósticos finais

Após o agrupamento dos diagnósticos finais, observou-se que os motivos mais

frequentes para as admissões foram, em ordem decrescente, a aids, com 1312 (28%)

admissões, as causas não infecciosas (447 ou 9,5%), meningoencefalites (432 ou 9,2%),

infecções de partes moles (427 ou 9,1%), tuberculose (272 ou 5,8%), pneumonia e

leptospirose, estas duas últimas com 212 admissões cada (4,5%) (Tabela 2).

As principais causas de admissão variaram ao longo dos anos de estudo conforme

o Gráfico 4. A aids permaneceu por todo o período de estudo como a principal causa de

internação, exceto no último ano quando foi ultrapassada pelas causas não infecciosas.

Esta última causa de admissão ganhou importância crescente nos últimos três anos do

estudo. As meningoencefalites sofreram queda progressiva do número de internações,

estando 84% (363) dos casos concentrados na primeira década do estudo. Não houve

(42)

Admissões por infecções de partes moles e pneumonias ocorreram de forma

constante ao longo de todo o período de estudo. Houve uma acentuada redução das

admissões por leptospirose a partir de 2008, com menos de seis admissões por ano e

nenhuma em 2015 e 2016. O tétano respondeu por 18 admissões, tendo ocorrido nos

últimos nove anos apenas uma admissão por esta doença, em 2012. Ocorreram 14

admissões por difteria, concentradas nos primeiros três anos do estudo. Não fosse por

uma única admissão por difteria em 2007, a enfermaria do Serviço de Infectologia poderia

ter sido considerada livre desta doença desde 1999. Houve apenas nove diagnósticos de

sarampo durante os 21 anos do estudo, registrando-se oito em 1997 e um único em 1998.

A coqueluche respondeu por 20 admissões, cuja distribuição foi regular ao longo do

estudo. O ano com maior número de casos foi o de 2011, em que houve cinco admissões.

A última admissão por coqueluche deu-se em 2013. A febre tifoide motivou apenas três

internações no presente estudo: uma em 1997, outra em 1998 e uma última em 2003.

Tabela 2 - Serviço de Infectologia/HUAP - Principais diagnósticos finais das admissões ocorridas entre 1995-2016.

Diagnóstico principal N %

Aids 1312 28,0

Causas não infecciosas 447 9,5

Meningoencefalites 432 9,2

Infecções de partes moles 427 9,1

Tuberculose 272 5,8 Pneumonias 212 4,5 Leptospirose 212 4,5 Varicela 135 2,9 Dengue 110 2,4 Acidentes ofídicos 101 2,2 Herpes zoster/oftálmico 97 2,1

Diagnósticos com frequência < 2% 929 19,8

(43)

Gráfico 4 - Serviço de Infectologia/HUAP - Principais causas de admissões ao longo dos anos do estudo (1995-2016) (n= 4625).

As meningoencefalites responderam por 282 das 996 (28,3%) admissões de

pacientes com até 19 anos de idade. A aids foi o principal diagnóstico final na faixa etária

de 20 a 59 anos, totalizando 1200 dentre as 3013 (39,8%) admissões. Observou-se uma

maior importância das causas não infecciosas, das pneumonias e das infecções de partes

moles nos pacientes com mais de 59 anos de idade (Gráfico 5).

Sete dos 18 (39%) casos de tétano ocorreram em idosos acima de 70 anos de idade

e três (17%) outros em pacientes entre 60 e 69 anos. Houve um caso desta doença em um

lactente menor de um ano de idade e dois casos entre crianças de cinco a nove anos. Os

outros cinco casos de tétano (27,8%) distribuíram-se igualmente pelas restantes faixas

etárias. A difteria concentrou-se na faixa etária de um a 14 anos de idade, acometida por

12 dos 14 casos (85,7%). Dezesseis das 20 admissões por coqueluche (80%) foram de

crianças com até um ano de idade. Em todas as admissões por esta doença os pacientes

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% 19 95 19 96 19 97 19 98 19 99 20 00 20 01 20 02 20 03 20 04 20 05 20 06 20 07 20 08 20 09 20 10 20 11 20 12 20 13 20 14 20 15 20 16 Aids Tuberculose

Meningoencefalites Infecções de partes moles

Pneumonias Doenças não infecciosas

(44)

tinham menos de 10 anos de idade. Em seis das nove (67%) admissões por sarampo os

pacientes eram jovens de 20 a 29 anos de idade; em duas outras os pacientes tinham de

15 a 19 anos de idade; a admissão restante foi a de uma criança com menos de um ano de

idade.

Evoluíram para o óbito quatro (22,2%) dos 18 pacientes admitidos por tétano, todos

com idade acima de 50 anos; um (7,1%) dos 14 pacientes admitidos por difteria, uma

criança de um ano de idade; um (5%) dos 20 pacientes admitidos por coqueluche, uma

criança menor de um ano. Nenhum dos nove casos de sarampo evoluiu para o óbito.

Gráfico 5 - Serviço de Infectologia/HUAP - Distribuição dos diagnósticos principais por faixa etária (1995-2016).

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% <1 1-4 5-9 10-14 15-19 20-29 30-39 40-49 50-59 60-69 >69

Aids Tuberculose Meningoencefalites

Infecções de partes moles Pneumonias Doenças não infecciosas Leptospirose

(45)

5.2 REINTERNAÇÕES

Considerando o elevado número de reinternações, cabe uma avaliação à parte de

suas principais causas, bem como das características dos pacientes. Houve um

predomínio do sexo masculino (513/2250) em relação ao sexo feminino (351/1572), mas

esta diferença não foi significativa (p=0,82). Não houve nenhuma readmissão no ano

2016.

Entre as 864 reinternações, o principal diagnóstico final foi o de aids, atribuído a

563 (65,2%) delas. Seguiram-se outros diagnósticos com frequência bastante inferior:

causas não infecciosas, pneumonias, infecções de partes moles, tuberculose e

meningoencefalites, que responderam, respectivamente, por 52, 41, 31, 30 e 26

reinternações (Tabela 3). A predominância do diagnóstico de aids manteve-se ao longo

dos 22 anos do estudo (Gráfico 6).

O ano de 1995 foi aquele em que houve o maior número de reinternações por aids,

com 48 readmissões. A partir de 2002 houve uma nítida tendência à queda do número de

readmissões por aids, que se reduziu a apenas seis em 2015 e a nenhuma em 2016 (Gráfico

7).

Tabela 3 - Serviço de Infectologia/HUAP – Principais causas de reinternações (1995-2016)

Diagnóstico Principal N %

Aids 563 65,2

Causa não infecciosa 52 6

Pneumonia 41 4,7

Infecções de partes moles 31 3,6

Tuberculose 30 3,5

Meningoencefalites 26 3

Leptospirose 3 0,3

Diagnóstico com frequência <2% 118 13,7

(46)

Gráfico 6 - Serviço de Infectologia/HUAP - Principais causas para as readmissões ao longo dos anos do estudo (1995-2016) (n= 864)

Gráfico 7 - Serviço de Infectologia/HUAP - Distribuição anual das readmissões por aids ao longo dos anos do estudo (1995-2016) (n= 563)

0% 20% 40% 60% 80% 100% 19 95 19 96 19 97 19 98 19 99 20 00 20 01 20 02 20 03 20 04 20 05 20 06 20 07 200 8 20 09 20 10 20 11 20 12 20 13 20 14 20 15 20 16 Aids Tuberculose

Meningoencefalites Infecção de partes moles

Pneumonias Doenças não infecciosas

Leptospirose Diagnóstico com frequência <2%

0 10 20 30 40 50 60 199 5 1 9 9 6 1 9 9 7 1 9 9 8 1 9 9 9 2 0 0 0 2 0 0 1 2 0 0 2 2 0 0 3 2 0 0 4 2 0 0 5 2 0 0 6 2 0 0 7 200 8 2 0 0 9 2 0 1 0 2 0 1 1 2 0 1 2 2 0 1 3 2 0 1 4 2 0 1 5 2 0 1 6

(47)

5.3 MORTALIDADE INSTITUCIONAL

A mortalidade institucional, calculada mediante a divisão entre o número de óbitos

e o número de pacientes admitidos em determinado período, foi de 11,3% entre 1995 e

2016. Houve um total de 432 óbitos, 281 (65%) entre os homens e 151 (35%) entre as

mulheres (p= 0,006). A mortalidade institucional entre os pacientes do sexo masculino

foi de 12,5% e de 9,6% entre os do sexo feminino. A mortalidade institucional global

sofreu importante redução ao longo dos anos, caindo de 16,9% nos anos de 1995-1996

para 5% no último biênio (Gráfico 8). Não foi possível obter o desfecho de seis pacientes

(0,16%).

Gráfico 8 - Serviço de Infectologia/HUAP - Mortalidade institucional conforme o biênio de internação (1995-2016)

A distribuição da mortalidade institucional por faixa etária é a mostrada no

Gráfico 9. A mortalidade institucional foi maior (23,7%) na faixa etária acima de 69 anos

e menor em crianças e adolescentes entre 5 e 9 e 10 a 14 anos de idade (3 e 2,9%,

respectivamente). Os maiores valores de mortalidade institucional foram os que se

16,9% 9,2% 11,3% 12,8% 13,9% 14,1% 10,9% 5,5% 10,6% 7,4% 5,0% 0,0% 2,0% 4,0% 6,0% 8,0% 10,0% 12,0% 14,0% 16,0% 18,0%

(48)

verificaram entre os idosos acima de 69 anos, nos quais foram quase o dobro dos

observados nas faixas etárias imediatamente anteriores, de adultos e idosos.

Para avaliar o impacto da aids na mortalidade institucional global construiu-se o

Gráfico 10, que apresenta as curvas de mortalidade institucional global e mortalidade

institucional com a exclusão dos pacientes sem o diagnóstico de aids. Observou-se que a

aids contribuiu para a manutenção de níveis mais elevados da mortalidade institucional

no Serviço desde o início deste estudo até o biênio 2013-2014, quando a influência dos

óbitos por esta doença deixou de se fazer sentir.

Gráfico 9 - Serviço de Infectologia/HUAP - Mortalidade por faixa etária (1995-2016)

5,5% 4,6% 3,0% 2,9% 8,2% 9,8% 12,7% 14,0% 13,3% 11,6% 23,7% ,00% 5,00% 10,00% 15,00% 20,00% 25,00% <1 1-4 5-9 10-14 15-19 20-29 30-39 40-49 50-59 60-69 >69 Mortalidade

(49)

Gráfico 10 - Serviço de Infectologia/HUAP – Impacto da aids na mortalidade institucional (1995-2016).

5.4 – ESTUDO DAS DOENÇAS MAIS FREQUENTES

5.4.1 Aids

Ocorreram 1312 (28%) admissões cujo diagnóstico principal foi o de aids,

correspondendo a 749 pacientes (média de 1,8 internações/paciente), dos quais 480 eram

homens e 269 mulheres. A predominância do sexo masculino manteve-se constante ao

longo dos anos. Houve aumento da participação dos adultos acima de 50 anos a partir de

2011 (Gráfico 11). Os 749 pacientes com aids eram, em sua maioria, adultos jovens

concentrados na faixa etária de 20 e 49 anos (76,5%).

A aids foi a responsável por 563 (65%) das 864 readmissões, 363 delas de pacientes

do sexo masculino e 200 de pacientes do sexo feminino. Não se observou diferença

significativa entre as reinternações, no que diz respeito ao sexo dos pacientes (p>0,05).

0% 2% 4% 6% 8% 10% 12% 14% 16% 18% 20%

(50)

A participação da aids foi crescente e diretamente proporcional ao número de

reinternações. Eram devidas à aids 54% das das primeiras readmissões, mas este

percentual chegou a 100% das nonas reinternações. Um único paciente com aids foi

readmitido 11 vezes. A faixa etária que respondeu pelo maior número de reinternações

foi a de 30 a 39 anos (Gráfico 12).

As principais doenças oportunistas responsáveis pelas internações dos pacientes

com aids foram neurotoxoplasmose (170 ou 13,0%), pneumocistose (107 ou 8,2%),

tuberculose pulmonar (98 ou 7,5%), tuberculose extrapulmonar (64 ou 4,9%), esofagites

e infecções de pele e partes moles (ambas a categorias com 38 casos cada, ou 2,9%),

herpes zoster (36 ou 2,8%), sarcoma de Kaposi (33 ou 2,5%), meningoencefalite

criptocócica, linfoma/leucemia e diarreia (cada uma das quais responsável por 31

admissões ou 2,4%).

A única infecção oportunista cujo número de casos mostrou tendência ao aumento

foi a tuberculose, com 33 (21,9%) das infecções oportunistas de 1995 a 2000 e 50 (59,5%)

de 2011 a 2016. As esofagites se mantiveram praticamente estáveis, enquanto o número

de admissões por neurotoxoplasmose, pneumocistose e neurocriptococose sofreu queda

(51)

Gráfico 11: Serviço de Infectologia/HUAP: Distribuição dos 749 pacientes admitidos com aids por faixa etária e ano de admissão (1995-2016).

Gráfico 12 - Serviço de Infectologia/HUAP - Reinternações por aids distribuídas por faixa etária (n=563). 95 96 97 98 99 00 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 >69 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 1 0 1 0 1 1 0 0 60-69 1 1 1 0 0 2 0 1 1 0 3 2 0 0 1 0 3 0 1 1 3 2 50-59 4 4 1 1 4 3 3 5 3 7 3 8 4 8 2 2 5 7 8 13 4 4 40-49 9 9 9 6 7 8 10 5 13 9 11 17 11 6 6 4 7 10 11 12 6 4 30-39 17 16 13 11 14 14 13 17 9 9 12 17 5 4 11 8 11 8 5 10 8 5 20-29 13 8 4 8 9 6 4 3 7 6 8 10 11 9 4 4 5 6 5 4 3 4 <20 5 3 1 2 0 0 1 1 3 3 3 2 6 1 2 1 0 1 1 3 2 1 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% 1 1 4 8 107 219 131 71 16 5 0 50 100 150 200 250 <5 5-9 10-14 15-19 20-29 30-39 40-49 50-59 60-69 >69 Aids

(52)

Gráfico 13 - Serviço de Infectologia/HUAP: Internações por infecções oportunistas em pacientes com aids (1995-2016) n=1307.

A letalidade por aids foi de 26,3% (197 óbitos em 749 pacientes). Houve 65 óbitos

(24,2% de letalidade) entre as mulheres e 132 óbitos entre os homens (27,6%), mas esta

diferença não foi significativa (P> 0,05). A letalidade por aids sofreu considerável queda

e passou de 40% em 1995 para 5% em 2016 (Gráfico 14). A faixa etária com o maior

número de óbitos foi a situada entre 30 e 39 anos, com 55 (27,9%) falecimentos. As

maiores letalidades, de 42,9% e 41,2% ocorreram, respectivamente, nas faixas etárias de

1 a 4 anos, com três óbitos em sete crianças e 15 a 19 anos, com sete óbitos em 17 jovens.

23 14 22 20 25 26 14 11 7 5 3 10 10 15 12 15 19 8 7 4 3 4 18 5 10 17 23 17 13 9 19 23 8 10 6 1 4 2 3 4 1 1 4 1 2 4 4 7 3 6 3 4 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

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