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PROCESSO - TC-3170/2004 INTERESSADO - CÂMARA MUNICIPAL DE COLATINA ASSUNTO - CONSULTA

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PARECER/CONSULTA TC-033/2004

PROCESSO - TC-3170/2004

INTERESSADO - CÂMARA MUNICIPAL DE COLATINA ASSUNTO - CONSULTA

1) AUXÍLIO-ALIMENTAÇÃO ÀS SERVIDORAS EM LICENÇA-MATERNIDADE - POSSIBILIDADE DE MANUTENÇÃO DEPENDENTE DE AUTORIZAÇÃO NORMATIVA - NÃO RAZOABILIDADE DE EFEITOS RETROATIVOS. 2) COMPENSAÇÃO DOS VALORES PAGOS A TÍTULO DE AUXÍLIO-ALIMENTAÇÃO COM A PREVIDÊNCIA SOCIAL - POSSIBILIDADE APENAS SE O BENEFÍCIO É INTEGRANTE DA REMUNERAÇÃO.

Vistos, relatados e discutidos os presentes autos do Processo TC-3170/2004, em que o Presidente da Câmara Municipal de Colatina, Sr. Genivaldo José Lievore, formula consulta a este Tribunal, questionando acerca da concessão de ticket-alimentação a servidoras em licença-maternidade.

Considerando que é da competência deste Tribunal decidir sobre consulta que lhe seja formulada na forma estabelecida pelo Regimento Interno, conforme artigo 1º, inciso XVII, da Lei Complementar nº 32/93.

RESOLVEM os Srs. Conselheiros do Tribunal de Contas do Estado do Espírito

Santo, em sessão realizada no dia cinco de agosto de dois mil e quatro, por unanimidade, acolhendo o voto do Relator, Conselheiro Mário Alves Moreira, preliminarmente, conhecer da consulta, para, no mérito, respondê-la nos termos

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da Instrução Técnica nº 207/04 da 8ª Controladoria Técnica, firmada pelo Controlador de Recursos Públicos, Sr. Cleber Muniz Gavi, abaixo transcrita:

Tratam os autos de consulta formulada a esta Egrégia Corte de Contas pelo Ilmo. Sr. Genivaldo José Lievore, na qualidade de Presidente da Câmara Municipal de Colatina, apresentando questionamentos acerca da concessão de ticket-alimentação a servidoras em licença-maternidade. Para melhor compreensão da matéria ventilada, cumpre transcrever literalmente a indagação, que fora vazada nos seguintes termos: Considerando que a Legislação Previdenciária sofreu mudança, relativamente à licença maternidade, uma vez que com a edição da Lei n.º 10.170, de 05 de agosto de 2003, o pagamento do salário-maternidade passou a ser efetuado pela Empresa/Órgão empregador, no caso por esta Câmara Municipal e não mais pelo INSS. Considerando ainda, que esta Câmara fornece ticket vale-alimentação aos servidores que prestam serviços à esta Câmara, por 22 (vinte e dois) dias trabalhados, conforme podemos verificar no artigo 1º da Resolução n.º 136, de 30.10.1955, cuja cópia segue anexa. E que, embora a referida Resolução haja previsão que o ticket vale-alimentação também é devido aos inativos, vale ressaltar que houve questionamento desse Egrégio Tribunal de Contas sobre o pagamento de vale-alimentação aos inativos, sendo o pagamento suspenso. Assim, em virtude dos dados acima, indaga-se: 1. É devido às servidoras desta Câmara Municipal, em licença-maternidade, além do vencimento pago em dinheiro, o fornecimento do ticket vale-alimentação? 2. Caso a resposta seja positiva, sendo devido o fornecimento do ticket vale-alimentação as servidoras em licença-maternidade, pode agora esta Câmara Municipal autorizar o fornecimento do vale-alimentação as servidoras que gozaram a licença-maternidade antes da vigência da lei citada, cujo pagamento do salário-maternidade era efetuado pela Previdência Social, sabendo que este só pagava o salário pago em dinheiro? 3. A compensação com a Previdência Social de que trata a Lei n.º 10.170/2003, abrange somente o salário em dinheiro ou demais vantagens que habitualmente são fornecidas à servidora, como por exemplo o ticket vale-alimentação? Ultrapassada a fase do art. 97, caput, da Resolução TC 182/2002 (Regimento Interno), vieram-nos os autos a fim de nos pronunciarmos quanto ao mérito da proposição. É o relatório. I. DO MÉRITO. I.A. DA

POSSIBILIDADE DE FORNECIMENTO DE TICKET-ALIMENTAÇÃO

DURANTE A LICENÇA MATERNIDADE Inicialmente, torna-se

importante destacar que a matéria indagada pelo Ilmo. Consulente deve estar sustentada em previsão de lei que assegure a concessão de auxílio-alimentação aos servidores. Portanto, abordar-se-á o tema proposto presumindo-se a existência de lei que preveja, ainda que de forma genérica, a possibilidade de concessão de auxílio-alimentação aos servidores do município entelado, bem como que a resolução referida pelo Ilmo. Consulente apenas disciplina de forma

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mais detalhada a sua instituição. Estabelecidos tais pressuspostos, não se vislumbra nenhum óbice à concessão do benefício de auxílio-alimentação a servidores em licença-maternidade, tudo ficando a depender, portanto, da liberalidade e da disponibilidade financeira do ente ou órgão para dispor desta maneira. Ademais, a proteção à maternidade e à gestante prestigiam escopos de valor constitucional (arts. 6º; 7º, XVIII; 201, II; e 203, I), não se demonstrando irrazoável, portanto, qualquer medida da Administração destinada a atribuir a máxima eficiência aos preceitos de índole social previstos no ordenamento. E para demonstrar que disposições deste teor não são incomuns no ordenamento, retratamos, a título ilustrativo, o conteúdo da Lei Estadual n.º 7.048, de 10 de janeiro de 2002. Referido estatuto, que estabeleceu a concessão do auxílio-alimentação aos desembargadores e servidores do Poder Judiciário, não arrolou a licença-maternidade como uma das causas que determinariam a suspensão do benefício, muito embora discriminasse diversas outras hipóteses que dariam causa a suspensão. Da mesma forma, a Lei Estadual nº 5.342, de 19 de dezembro de 1996, disciplinando a concessão do auxílio aos servidores públicos em atividade na Administração Direta e autarquias e fundações estaduais, também não determina que a licença maternidade importa em suspensão do benefício, arrolando apenas outras hipóteses que determinariam tal conseqüência. Verifica-se, enfim, que a possibilidade ou não de fornecimento do auxílio-alimentação às servidoras em licença maternidade condiciona-se à existência de autorização expressa na lei ou nos regulamentos que o disciplinam. Mas é de se ressaltar, em vista do questionamento formulado neste consulta, não se configurar plausível nem razoável que o pagamento do auxílio se dê com efeitos retroativos, a fim de alcançar servidoras que tiraram referida licença e não auferiram o benefício. I.B. DAS

QUESTÕES REFERENTES À PREVIDÊNCIA SOCIAL. No que diz

respeito à possível compensação com a Previdência Social, tornar-se-á imprescindível à análise do estatuído na Lei n.º 8.213/91, que fixa os benefícios do Regime Geral de Previdência Social. Dispõe o texto legal em seu art. 72 que:

Art. 72. O salário-maternidade para a segurada empregada ou trabalhadora avulsa consistirá numa renda mensal igual à sua remuneração integral e será pago pela empresa, efetivando-se a compensação quando do recolhimento das contribuições, sobre a folha de salários. Parágrafo único. A empresa deverá conservar durante 10 (dez) anos os comprovantes dos pagamentos e os atestados correspondentes para exame pela fiscalização da Previdência Social. Conforme se deflui da prescrição

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transcrita, é assegurada a servidora em licença-maternidade renda mensal equivalente a sua “remuneração integral”. Desta forma, todos os valores que integram a “remuneração integral” – pagos pela Administração cujos servidores estão vinculados ao RGPS – poderão ser futuramente compensados. No entanto, caberá à própria legislação do ente definir se os valores relativos ao auxílio-alimentação integram ou não a remuneração. Em caso positivo, a contribuição para o RGPS (patronal e do empregado) deverá tomar por base também referidos valores, o que obviamente representa um ônus maior para o ente empregador. Em contrapartida, efetuados pagamentos relativos a licenças-maternidade, será possível ao ente compensar-se com o RGPS por toda a remuneração paga, incluído o auxílio-alimentação. Em hipótese contrária, ou seja, não sendo a remuneração integrada pelo auxílio-alimentação, não deverá o ente recolher contribuição sobre o valor deste benefício. Entretanto, também não terá a possibilidade de compensação com o RGPS pelas despesas havidas com o pagamento do auxílio. Portanto, para efeito de eventual compensação com o INSS das parcelas despendidas com o pagamento de auxílio-alimentação às servidores em licença maternidade, tudo se resume à verificação da integração ou não destes valores à remuneração. Sempre é importante lembrar que esta “aparente” compensação não representa vantagem real para o ente empregador. Basta lembrar que no caso de integração do benefício à remuneração a Administração passará a ser continuamente onerada com um acréscimo das obrigações previdenciárias, eis que na base de cálculo do salário de contribuição de todos os servidores a ele vinculados estarão inclusos os valores relativos ao auxílio-alimentação. Tratando-se de Tratando-servidores estatutários, normalmente prevêem as legislações que ditos valores não se integram à remuneração para quaisquer fins. Assim, por exemplo, para o caso dos servidores públicos estaduais, determina o §1º do art. 76 da LC n.º 46/94 que “as indenizações e os auxílios financeiro [aqui se inclui o auxílio alimentação] não se incorporam ao vencimento ou provento para qualquer efeito”. Mas em se tratando de servidores celetistas, não basta tão-só a análise da legislação do ente respectivo, tornando-se ainda imprescindível a verificação das delimitações impostas pela legislação trabalhista, a qual somente autoriza a não integração desta espécie de salário in natura quando atendidas determinadas condições fixadas em lei e em normas expedidas pelos órgãos responsáveis pela

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organização e fiscalização do trabalho. O caput do art. 458 da CLT inclui a alimentação como uma das prestações capazes de constituir o salário-utilidade. Entretanto, poderá vir a ser fornecida pelo empregador sem representar parcela in-natura da remuneração, desde que se trate de fornecimento concedido nos termos da Lei Federal n.º 6.321/76, que determina: Art. 1º As pessoas jurídicas poderão deduzir, do lucro tributável para fins do imposto sobre a renda, o dobro das despesas comprovadamente realizadas no período-base, em programas de alimentação do trabalhador, previamente aprovados pelo Ministério do Trabalho, na forma em que dispuser o regulamento desta Lei. Art. 3º Não se inclui como salário de contribuição a parcela paga in natura pela empresa, nos programas de alimentação aprovados pelo Ministério do Trabalho. A doutrina voltada para o direito trabalhista é unânime em não considerar como parcela remuneratória os valores referentes à inclusão no programa disciplinado pela Lei Federal n.º 6.321/76, bastando transcrever o seguinte entendimento de Arnaldo Süssekind: Como se infere, a alimentação fornecida de conformidade com esse programa não se confunde com a prestação in natura decorrente de cláusula expressa ou tácita do contrato de trabalho (art. 458 da CLT). Esta possui natureza salarial; aquela tem caráter assistencial e não se incorpora no contrato de trabalho como direito do empregado. O empregado poderá desistir do programa que propôs e executa, nos termos da Lei n.º 6.321, sem que desse ato resulte para o empregado o direito de exigir o seu restabelecimento ou qualquer indenização. (SÜSSEKIND, Arnaldo. Instituições de Direito do Trabalho, vol. 1. São Paulo: LTr, 2003. P. 361). II - CONCLUSÃO. Deste modo, considerando o ordenamento pátrio aplicável ao presente caso e a fundamentação exposta, opinamos para, no mérito, responder nos seguintes termos: a) A possibilidade de manutenção do auxílio-alimentação às servidores em licença-maternidade depende de autorização normativa; b) Caso autorizado a manutenção do referida manutenção, não se demonstra razoável a concessão de efeitos retroativos à norma, estendendo-se o benefício a servidoras que já gozaram da licença; c) A possibilidade de compensação dos valores pagos a título de auxílio-alimentação com a Previdência Social [INSS] se relaciona à integração ou não do benefício na remuneração. Em caso positivo, é possível a compensação; d) Referida possibilidade de compensação não representa vantagem real para o ente empregador, na medida em que, integrando-se o benefício à remuneração, a Administração passará a ser continuamente onerada com um acréscimo das obrigações previdenciárias, eis que na base de cálculo do salário de contribuição de todos os servidores a ele vinculados estarão inclusos os valores relativos ao auxílio-alimentação. e) Tratando-se de servidores estatutários, basta a verificação da legislação

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respectiva. Não sendo o auxílio integrado à remuneração não é possível à compensação. f) Tratando-se de servidores celetistas, também deve ser verificada a legislação trabalhista [art. 458 da CLT e Lei Federal n.º 6.321/76], que especifica quais hipóteses determinam a integração do auxílio-alimentação na remuneração do empregado. Este é o nosso entendimento.

Presentes à sessão plenária da apreciação os Srs. Conselheiros Valci José Ferreira de Souza, Presidente, Mário Alves Moreira, Relator, Umberto Messias de Souza, Dailson Laranja, Enivaldo Euzébio dos Anjos, Marcos Miranda Madureira e Elcy de Souza. Presente, ainda, o Dr. Ananias Ribeiro de Oliveira, Procurador-Chefe do Ministério Público junto a este Tribunal.

Sala das Sessões, 05 de agosto de 2004.

CONSELHEIRO VALCI JOSÉ FERREIRA DE SOUZA

Presidente

CONSELHEIRO MÁRIO ALVES MOREIRA

Relator

CONSELHEIRO UMBERTO MESSIAS DE SOUZA

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CONSELHEIRO ENIVALDO EUZÉBIO DOS ANJOS

CONSELHEIRO MARCOS MIRANDA MADUREIRA

CONSELHEIRO ELCY DE SOUZA

DR. ANANIAS RIBEIRO DE OLIVEIRA

Procurador-Chefe

Lido na sessão do dia:

FÁTIMA FERRARI CORTELETTI

Secretária Geral das Sessões

Referências

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