• Nenhum resultado encontrado

A estética da série boca a boca: uma interpretação sobre o repetível e novo

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "A estética da série boca a boca: uma interpretação sobre o repetível e novo"

Copied!
40
0
0

Texto

(1)

PATRICIAESPINDOLAPAREDES

A ESTÉTICA DA SÉRIE BOCA A BOCA:

UMA INTERPRETAÇÃO SOBRE O REPETÍVEL E O NOVO

PALHOÇA 2020

(2)

PATRICIAESPINDOLAPAREDES

A ESTÉTICA DA SÉRIE BOCA A BOCA:

UMA INTERPRETAÇÃO SOBRE O REPETÍVEL E NOVO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação de Cinema e Audiovisual da Universidade do Sul de Santa Catarina como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Cinema e Audiovisual.

Orientadora: Dra Solange Maria Leda Gallo

PALHOÇA 2020

(3)

PATRICIAESPINDOLAPAREDES

A ESTÉTICA DA SÉRIE BOCA A BOCA: UMA INTERPRETAÇÃO SOBRE O REPETÍVEL E NOVO

Este trabalho de conclusão de curso foi julgado adequado à obtenção do título de Bacharel em Cinema e Audiovisual e aprovado em sua forma final pelo Curso de Graduação em Cinema e Audiovisual da Universidade do Sul de Santa Catarina.

Palhoça, dia 14 do mês de dezembro de 2020.

Dra. SOLANGE MARIA LEDA GALLO (Orientadora)

Universidade do Sul de Santa Catarina Dra. MARA SALLA

(Co-Orientadora)

Universidade do Sul de Santa Catarina

Dra. RAMAYANA LIRA DE SOUSA (Co-Orientadora)

Universidade do Sul de Santa Catarina

Dra. ANA CAROLINA CERNICCHIARO (Co-Orientadora)

Universidade do Sul de Santa Catarina

Dra. NÁDIA R. MAFFI NECKEL (Avaliadora)

(4)

Dedico meu trabalho monográfico aos aspirantes de estudos de cinema que como eu não vieram de classes sociais mais favorecidas.

(5)

AGRADECIMENTOS

Em meio a tantas adversidades num ano atípico, que está sendo 2020 (onde nos encontramos num cenário pandêmico), concluir este trabalho monográfico foi uma vitória para mim e o encerramento de um ciclo, visto que planos e trabalhos tiveram que ser adaptados e todos nos ajustamos da melhor forma possível.

Agradeço a minha mãe que apoio meu sonho de cursar cinema e que me ajudou e cuidou de mim durante esses meus 25 anos de vida.

Agradeço ao meu melhor amigo Nilo Niquelatte Junior por sempre me confortar com suas palavras amigas e me socorrer de todos os momentos infortúnios. Agradeço a minha melhor amiga Ana Laura Dalcin Pereira por sempre me instigar a progredir. Agradeço ao meu namorado Filipe Carvalho Torres da Costa que vivenciou todos os episódios de dificuldade e permaneceu do meu lado me apoiando.

Agradeço a minha orientadora Solange Maria Leda Gallo, que me proporcionou todo suporte e apoio, e que encontrou junto a mim a melhor forma desse trabalho se fazer presente.

E por fim um grande agradecimento a mim mesma por nunca “deixar a peteca cair”.

(6)

“AS GRANDES OBRAS DE ARTE SOMENTE SÃO GRANDES POR SEREM

(7)

RESUMO

A presente monografia tem como principal objetivo analisar os elementos artísticos, mais precisamente aqueles relacionados à direção de arte da série Boca a Boca, que obteve sucesso e aclamação, tanto do público como dos críticos em geral. Para realizar a análise no campo da direção artística da série, a teoria da análise do discurso foi utilizada, e os movimentos de paráfrase e polissemia foram usados para o discernimento dos elementos parafrásticos em relação às demais séries contemporâneas internacionais, notadamente as americanas; dos elementos polissêmicos relativos àquilo que denominamos “brasilidade”. Havia a presunção de que fossem encontrados mais elementos polissêmicos do que parafrásticos, para afirmar que o sucesso da série, no quesito da direção artística, teria se dado pelo elemento inovador, pelo diferente, pela tal “brasilidade” que a estaria diferenciando das séries disponíveis na plataforma de streaming, Netflix. Contudo, através da análise de frames selecionados ao longo da série, foi constatado que o sucesso da série se deu, na verdade, por elementos parafrásticos que repetem a fórmula das séries e filmes da Netflix. Nos momentos em que o Diretor Esmir Filho, da Série Boca a Boca, traz elementos brasileiros, ele os esfumaça através de limpeza visual, simetria, higienização, entre outros tratamentos artísticos, gerando maior identificação para um público amplo e heterogêneo.

(8)

ABSTRACT,RÉSUMÉ OU RESUMEN

The main objective of this monograph is to analyze the artistic elements, more precisely those related to the art direction of the Kissing Game series, which achieved success and acclaim, both from the public and from critics in general. To perform the analysis in the field of artistic direction of the series, the theory of discourse analysis was used, nd the movements of paraphrase and polysemy were used for the discernment of paraphrastic elements in relation to other contemporary international series, notably the ones from US; from the polysemic elements related to what we call “Brazilianness”. There was a presumption that more polysemic than paraphrastic elements would be found, to affirm that the success of the series, in terms of artistic direction, would have been given by the innovative element, by the different, by the “Brazilianness” that would be differentiating it from the others series available on the streaming platform, Netflix. However, through the analysis of selected frames throughout the series, it was found that the success of the series was, in fact, by paraphrastic elements that repeat the formula of Netflix series and films. In the moments when the Director Esmir Filho, from the Kissing Game Series, brings Brazilian elements, he fades them through visual cleanliness, symmetry, hygiene, among other artistic treatments so that the series had the power to generate greater identification for a wide and heterogeneous audience.

Keywords, Mots-clés ou Palabras-clave: Netflix. Kissing Game TV Series. Paraphrase. Polysemy.

(9)

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Frame 1 - Alex e a diretora Guiomar 26

Figura 2 – Frame 2 - Alex na sala da diretora Guiomar 26 Figura 3 – Frame 3 - Fran, Alex e Chico criando o mapa do beijo 27

Figura 4 – Frame 4 -Alex, Chico e Fran na fazenda 27

Figura 5 – Frame 5 - Casa do Maurilio 28

Figura 6 – Frame 6 - Centro da cidade de Progresso 28

Figura 7 – Frame 7 - Paisagem da fazenda 28

Figura 8 – Frame 8 - Centro da cidade de Progresso de noite 28

Figura 9 – Frame 9 - Objetos da casa de Guiomar 29

Figura 10 – Frame 10 - Chico na sala da diretora Guiomar 29

Figura 11 – Frame 11 - Mascarada da internet 30

Figura 12 – Frame 12 - Alex no seu quarto assistindo a mascarada na internet 30

Figura 13 – Frame 13 - Hospital de Progresso 31

Figura 14 – Frame 14 - Beijo dos personagens Bel, Fran e Chico 31

Figura 15 – Frame 15 - Comunidade da Aldeia 32

(10)

SUMÁRIO

2 INTRODUÇÃO ... 10

2.1 METODOLOGIA... 12

3 CONTEXTO DO OBJETO A SER ANALISADO ... 14

3.1 CONTEXTO DA EMPRESA NETFLIX NO BRASIL... 14

3.2 CONTEXTO DA PRODUÇÃO DE SÉRIES DA NETFLIX NO BRASIL ... 15

3.3 2.3.CONTEXTO DA PRODUÇÃO DE BOCA A BOCA ... 17

4 CONTEXTO TEÓRICO UTILIZADO PARA ANÁLISE ... 20

4.1 TEORIA A SER MOBILIZADA PARA A ANÁLISE ... 20

4.2 POR QUE MOBILIZAR A ANÁLISE DE DISCURSO NESTE TRABALHO MONOGRÁFICO ... 23

5 ANÁLISE ... 25

6 CONCLUSÃO ... 34

(11)

1 INTRODUÇÃO

Como tecnóloga em Produção de Moda e graduanda em Cinema e Audiovisual, a ideia de unir os dois campos me pareceu pertinente e valorosa na hora de escolher o tema para a minha monografia. Quando cursei Produção de Moda, uma das matérias que mais me chamou a atenção foi a de figurinos. Eu já havia estudado um pouco sobre a área de figurinos na disciplina de Direção de Arte, que cursei na Universidade Federal de Santa Catarina- UFSC. Com esse estudo específico em figurinos, eu consegui compreender melhor o universo que essa área é capaz de abranger em um filme. É através do figurino, por exemplo, que um filme consegue dizer em qual época se passa a trama, em que local, em que contexto, além de trazer elementos sobre a personalidade dos personagens.

Essa relação entre essas duas áreas me interessa porque desde o início deste projeto eu já tinha a pretensão de abordar a Direção de Arte no cinema, e discorrer a respeito do setor de figurinos, e em especial apresentar a construção de figurinos como ferramenta de auxílio na criação de identidade e expressão dos personagens em uma obra audiovisual, em especial no Brasil. Aqui, cito o audiovisual brasileiro, não por querer enaltecer as obras nacionais, mas porque notou-se uma crescente produção de séries brasileiras originais, financiadas por plataformas de streamings, o que leva a um interesse especial por essa produção.

No artigo "Produção de conteúdos originais pelo Netflix", escrito por Kreutz (2020), compreendemos que esta é uma das empresas que mais está investindo no setor do audiovisual brasileiro.

A Netflix já gerou cerca de 40 mil empregos — diretos e indiretos — no Brasil. A tendência é que esse número aumente em 2020. Greg Peters, diretor global da empresa, anunciou um investimento de R$ 350 milhões em 2020 na produção de cerca de 30 diferentes conteúdos originais brasileiros (PETERS, 2020)

Para realizar a análise da construção de um figurino, uma série em específico foi escolhida, a série de streaming da Netflix "Boca a Boca", do diretor Esmir Filho, lançada no ano 2020. O objetivo da análise não é somente compreender como foi

(12)

construído o figurino para cada personagem do grupo principal de adolescentes da trama, mas também chegar a outros elementos da direção de arte.

Como a série possui alguns personagens que atravessam a narrativa e todos da mesma faixa etária, pensei, inicialmente, em investigar como o figurino auxiliou na criação da identidade e da expressão de cada um dos personagens.

Contudo, analisando os episódios da série, de forma preliminar, percebi que não há como separar a categoria de figurinos da Direção de Arte da série, visto que o figurino da série Boca a Boca não se sobressai à direção de arte como um todo, pois como eu intuía, essas duas áreas estão interligadas e compartilham detalhes e símbolos.

O diretor de arte é responsável pela carga visual do filme, ainda que seja da responsabilidade do diretor decidir, dentre o que o diretor de arte vai oferecer, o que entra ou não. Dentro dessa construção visual, o diretor de arte deve guiar o espectador a desvendar os personagens e detalhes da história, do início ao fim do filme, por meio de recursos visuais da cenografia, dos figurinos e da caracterização. (MOURA, 2015)

Foi então que decidi ampliar o meu objetivo de compreensão para toda a direção de arte da série.

O visual de Boca a Boca é de qualidade ímpar. O uso de cores no cenário e no figurino traz um ar quase atemporal à história, evocando uma sensualidade subjacente que raramente é tão bem equilibrada. As cores utilizadas nas festas, o excesso de neon em diversos momentos e a valorização da luz do sol em ambientes rurais são algumas das escolhas que tornam tudo mais tecnológico e ao mesmo tempo acolhedor quando necessário, além de combinar com a imagem do plástico, algo muito presente na trama. Aqui vale ressaltar a qualidade do diretor de fotografia Azul Serra, que também consegue iluminar o rosto dos atores com rara precisão, com destaque à pele negra.(CURY, 2020)

Criada por Esmir Filho (“Os Famosos e os Duendes da Mortes” e ‘Alguma Coisa Assim’), que também divide a direção com Juliana Rojas (‘As Boas Maneiras’), “Boca a Boca” traz um delicioso contraste de uma trama futurista em uma cidade pequena e pacata maximizada através de toda a concepção visual – maquiagem e penteado, direção de fotografia e o design de produção... (ALMEIDA, 2020)

Como consequência desse abrangente tema, alguns questionamentos a respeito da série Boca a Boca, surgiram:— “Porque a arte desta série obteve mais destaque do que outras produções realizadas na mesma época?” “O que faz a arte

(13)

da série Boca a Boca ser diferente de produções brasileiras anteriores, porém comparáveis a produções aclamadas internacionalmente no quesito qualidade artística”?

Através de questionamentos como estes acerca da série, identificou-se que a mesma contém elementos cinematográficos diferentes dos praticados geralmente em produções nacionais, no que se refere, principalmente, à qualidade da produção, devido ao investimento realizado pela empresa do streaming.

O que sobressai, porém, é o fato da série Boca a Boca não replicar somente os elementos cinematográficos já experimentados no cinema e, principalmente, nas séries internacionais. Em vez disso, a série une, no seu discurso, elementos de conhecimento geral e elementos mais específicos, ligados a uma historicidade apresentada na série como da “brasilidade”, na forma que veremos na análise.

1.1 METODOLOGIA

Tomaremos, então, como um gesto analítico, a relação entre o repetível e o novo em termos da tão aclamada direção de Arte da série Boca a Boca. Ou seja, no percurso da análise discursiva desse aspecto da série, questionaremos os símbolos no campo da Direção Artística, relacionando-os aos processos de paráfrase e de polissemia, considerando parafrásticos os elementos cinematográficos já tomados como uma espécie de "fórmula" das atuais séries internacionais, notadamente as americanas. Por outro lado, consideraremos polissêmicos os elementos cinematográficos que trazem o que estamos chamando de "brasilidade", para a série A série Boca a Boca, original da plataforma de streaming Netflix, ganhou destaque pelos temas abordados e por suas escolhas estéticas na construção do enredo. Por esse motivo, mas não exclusivamente, o campo visual artístico da série será analisado com o intuito de explorar as razões pelas quais a estética apreciada foi comparada a cinematografias internacionais.

(14)

Começaremos analisando, na Direção de Arte da série, o uso de cores e tons nos cenários distintos. A Direção de Arte também fez uso de elementos/objetos para trazer sensações, principalmente nas cenas que trazem um forte simbolismo através de imagens. É dentro de tais imagens identificadas na série, que se dará a análise do discurso, teoria escolhida para a análise contextual, ideológica e histórica da arte da série Boca a Boca. É importante ressaltar que o objetivo deste projeto é refletir acerca de tais imagens memoráveis e investigar os efeitos de sentido das mesmas.

Dentro da Direção de Arte, a escolha do figurino do elenco também será analisada visto que o mesmo é um componente importante para a demarcação de classe, autoridade, expressão e construção da história dos personagens. Com um tom contemporâneo e misterioso, o figurino da Série Boca a Boca foi um elemento que chamou a atenção do público e será analisado também através de frames.

Por último, um outro campo que analisaremos neste projeto é a Fotografia da série, que consegue captar todos os elementos simbólicos, relacionada a uma iluminação que dá a atmosfera necessária e que transita entre o psicodélico e o sonho, nos trazendo um efeito de ficção científica.

(15)

2 CONTEXTO DO OBJETO A SER ANALISADO

2.1 CONTEXTO DA EMPRESA NETFLIX NO BRASIL

A Netflix surgiu da iniciativa de um professor de Matemática, Reed Hastings e seu ex-colega de trabalho Marc Randolph. Os dois colegas fundaram a Netflix em 1997, em Scott Valley, Califórnia, com mais ou menos 30 funcionários e 900 títulos de filmes disponíveis para serem alugados e entregues via correio (um modelo diferente do atual). No ano de 2000, a empresa já havia construído um modelo de negócio online com pagamento mensal, com direito a locações ilimitadas, com taxa fixa e sem taxa de transporte e manuseio. Dez anos após a sua fundação, a Netflix já possuía cerca de 7 milhões de assinantes nos EUA, e assim inaugurou seu serviço de streaming,1 que permite que todos os seus integrantes assistam seus conteúdos

online através de seus computadores.

Em 2015, a Netflix já se fazia presente em mais de 50 países e detinha 62 milhões de assinantes no mundo. Segundo Teixeira (2015), a Netflix abala o mercado de conteúdo audiovisual, gerando forte concorrência frente a tradicionais canais de TV por assinatura, como a HBO, e interfere na forma como o espectador se relaciona com seus programas, aumentando seu poder de controle sobre aquilo que deseja assistir.

Hoje, a Netflix tem priorizado a produção de conteúdo próprio e está tendo resultados positivos. Sua primeira série de sucesso foi “House of Cards", que teve lançamento em 2013. A série obteve um grande sucesso e foi uma aposta certeira. Logo após o lançamento da série, a plataforma passou a testar outras séries, mas também longas metragens, comédias, documentários e desenhos originais.

No início de 2017, por exemplo, a Netflix liderou as indicações no Globo de Ouro com 70% das nomeações. Conquistou o posto de concorrente direta da

1Streaming é uma forma de distribuição digital, em oposição à descarga de dados. A difusão

de dados, geralmente em uma rede através de pacotes, é frequentemente utilizada para distribuir conteúdo multimídia através da Internet.

(16)

HBO, toda poderosa da TV que tem o próprio serviço de streaming, o HBO Go, mais caro e disponível em menos países fora dos Estados Unidos. (OLIVEIRA, 2020)

Com produções próprias, a Netflix está fortalecendo seu lugar no mercado, deixando seu catálogo exclusivo e criando uma relação exclusiva com o seu público também.

2.2 CONTEXTO DA PRODUÇÃO DE SÉRIES DA NETFLIX NO BRASIL

A Netflix chegou no Brasil em 2011 e o serviço fatura bilhões no país hoje. Segundo Castellano et al. (2018) “No evento de lançamento do serviço, o supracitado fundador e diretor-geral da empresa, Reed Hastings, afirmou: “Escolhemos o Brasil porque é um país com uma economia que cresce muito. Além da paixão que os brasileiros têm por vídeos... Quando testamos o serviço, não havia nenhum outro lugar como o Brasil, com tamanha paixão por vídeo” (Brentano, 2011).

Em uma entrevista para a revista exame, o copresidente da empresa Netflix ao lado do fundador Reed Hastings, Ted Sarantos, comenta como vê o mercado brasileiro atualmente:

É um dos nossos mercados mais importantes. Lançamos o serviço em 2011 e em 2016 já começamos a produzir conteúdo local no país, como a série 3%. Temos mais de 100 profissionais no Brasil. Já investimos mais de 350 milhões de reais em 2020 em conteúdo original no país e proporcionamos 40.000 empregos com produções no país. (AGRELA; VITORIO, 2020)

Sarantos também afirma na entrevista que criar conteúdo próprio ajuda a ter mais controle sobre ele e ainda traz menos conflito com produtores terceirizados.

A Netflix está investindo em conteúdo original local, e essa atitude incentiva a produção audiovisual em diversos países, incluindo o Brasil. Por ser uma plataforma internacional, a Netflix faz com que o público de outros países se relacione com

(17)

culturas diferentes. Outro fator, segundo Oliveira (2020), seria a aposta em produções para países que são fortes consumidores, percebendo que quanto mais local é a história, mais a audiência do país fica impactada.

A primeira produção brasileira original do Netflix foi a série de thriller “3%”. A série foi bem recebida pelo público nacional e internacional e acabou ganhando mais três temporadas, diz Francisco Ramos, Vice-Presidente de Conteúdo Original Netflix para a América Latina, em entrevista à Rolling Stone Brasil.

Percorremos um longo caminho desde o lançamento de 3%, nosso primeiro original brasileiro, em 2016, e hoje temos produções como O Matador(2017), Samantha!(2018), O Mecanismo (2018), Vai Anitta (2018), Whindersson Nunes: Adulto(2019), Lugar de Mulher(2019), O Escolhido (2019), Ninguém Tá Olhando(2019), Irmandade(2019), Sintonia(2019), Coisa Mais Linda (2019), Ricos de Amor(2020), Modo Avião(2020) e Reality Z (2020) para mencionar alguns. Este é um dos nossos maiores mercados no mundo e estamos comprometidos com o Brasil, a longo prazo. (GUIDUCI, 2020)

Investir em produções audiovisuais brasileiras resulta na identificação do público e consequentemente no sucesso das obras. O público acaba se identificando com os personagens, a narrativa e as questões sociais. Além disso, o interesse do streaming acaba aproximando o público de diversas partes do mundo à realidade brasileira.

Ao contar histórias locais, autênticas, podemos construir um senso de comunidade e, a partir daí, por meio de um sentimento de realização, teremos sucesso. Mas insisto que isso só pode acontecer se continuarmos capacitando os criadores locais. Somos veículos para grandes contadores de histórias. diz Francisco à revista Rolling Stone. (GUIDUCI, 2020)

Segundo The State of Mobile 2020, a pesquisa indica que o Brasil é o terceiro país que mais consome o serviço de streaming no mundo. O Brasil fica atrás apenas dos Estados Unidos e da Índia.

A recepção de conteúdo local é sempre maior no país de origem do que fora e é assim que medimos nosso sucesso, a capacidade de impactar nossos assinantes pelo fato de que, se nosso conteúdo original for excelente e autêntico, eles sentirão que sua experiência com a Netflix é também excelente e única. E depois, boas histórias apenas viajam, essa é a natureza de uma boa narrativa, ela apenas viaja. É universal falar sobre nós mesmos

(18)

e nos sentirmos refletidos nas histórias que lemos ou assistimos, contou Francisco. (GUIDUCI, 2020)

2.3 CONTEXTO DA PRODUÇÃO DE BOCA A BOCA

Boca a boca é uma série original do Streaming Netflix, roteirizada e dirigida por Esmir Filho ao lado de Juliana Rojas. A série possui 6 episódios de +/- 40min cada um. A primeira temporada narra a história de alguns acontecimentos de uma cidade pequena no interior do Brasil chamada Progresso, onde os adolescentes começam a ter sinais de uma doença infecciosa e vão aos poucos sendo internados. A doença causa alucinações e deixa manchas roxas nos infectados. Essa doença é disseminada pelo beijo, num boca a boca.

A série possui três protagonistas: Fran (Iza Moreira), Alex (Caio Horowicz) e Chico (Michel Joelsas), que vão buscar explicações e a cura para o vírus ao longo da série, cada um enfrentando os problemas pessoais de seu personagem. A série inicia com a epidemia, mas no seu decorrer vai aprofundando as relações humanas, e o comportamento social diante do problema do vírus.

Boca a Boca fala do universo adolescente, dos desejos e da onda de conservadorismo que quer calar os jovens.

Em entrevista para o canal da Carol Moreira no site youtube, o diretor Esmir Filho comenta que há pessoas que se incomodam com as diversas formas de existências, e as diversas formas de se relacionar com o outro.

A série desenha uma cidade chamada Progresso, que possui uma escola chamada Modelo e é repleta de imagens de controle do que se deve fazer e o que não se faz, de como são as regras. O sujeito modelo que os pais querem, não existe. (MOREIRA; ROMANO, 2020)

A série nos mostra a epidemia como uma espécie de mensagem a ser interpretada durante a trama. Os conflitos, ao longo da série, nos mostram que atitudes intransigentes como as daquela sociedade, representada pelos habitantes da

(19)

cidade de Progresso, não vão levar a nada, e que nós precisamos mesmo é saber conviver uns com os outros. Aprender a ser tolerante.

A respeito da produção da série, o diretor Esmir Filho comenta que Moreira e Romano (2020) precisaram de seis meses para elaborar o roteiro da série, com uma equipe de 4 pessoas escrevendo. A filmagem ocorreu de julho a setembro do ano de 2019 e que todo o projeto em si começou a ser feito dois anos antes da gravação.

O diretor comenta que a ideia para a série foi falar sobre a juventude de hoje, sobretudo ligada a todas essas multitelas da tecnologia e dos aparelhos eletrônicos. A série Boca a Boca tem muito a ver com outros trabalhos do diretor. Em seu portfólio Esmir Filho já tinha o curta Saliva (2007), que fala sobre uma menina que tem medo de dar o primeiro beijo, tem pavor da saliva. Tem também, Os famosos e os duendes da morte (2009) que é um longa do diretor que fala sobre internet como elo que conecta os jovens. E outra obra do diretor que cabe nas referências de Boca a Boca é o “Alguma coisa assim” (2006) que inicialmente foi gravado em formato de curta e depois transformado em longa, e fala de relações fluidas, sem nome. Boca a Boca traz um misto das pesquisas e obras do diretor e Esmir Filho.

Tudo isso foi maturando e quando chegou a proposta da Netflix para falar sobre o jovem, hoje, não tive como não misturar todas essas coisas que eu já havia pesquisado. Então essa pesquisa vem de alguns anos. (MOREIRA; ROMANO, 2020)

A respeito das inspirações para o visual da série Boca a Boca, temos o curta Saliva (2007), que possui um celofane rosa que chama a atenção e é um elemento fundamental na direção de arte e que também possui significado; o rosa traz à tona o jovem, o novo, a experimentação. Outro elemento que o diretor empresta para a série é o Azul do seu filme “Os famosos e os duendes da morte'' (2009), onde o diretor gostava de filmar a textura da tela, os pixels e que também é mostrado em várias cenas na série Boca a Boca.

A série possui diversas dualidades: os que são da cidade de Progresso versus os que são de fora, os pais versus os filhos, a fazenda que tem a sede versus a colônia. Ao longo da série todas essas barreiras vão sendo borradas e o azul e o rosa fortemente presentes no conceito imagético, vai sendo mesclado para se tornar o roxo, outra cor fundamental na paleta de cores da série. Esse conceito imagético do azul e

(20)

rosa para borrar e transformar no roxo, o diretor Esmir Filho desenvolveu junto ao fotógrafo Azul Serra, que o ajudou a conceber o conceito em termos de luz e proposta visual. Podemos pensar no elemento do Azul e do Rosa para trazer uma reflexão da materialidade fílmica no Brasil, visto que no ano em que o projeto da série estava ainda em produção, havia uma grande discussão a respeito da questão de gênero — "É uma nova era no Brasil: menino veste azul e menina veste rosa" foi um declaração da Ministra Damares Alves, no segundo dia de governo do atual presidente Jair Bolsonaro. Essa declaração mobilizou muita gente, incluindo pessoas famosas, gerou críticas, memes e teve um repercussão negativa. No projeto da série Boca Boca o azul e o rosa se mesclam e se torna o roxo, essa cor sem gênero.

O diretor comenta a respeito da produção do projeto para a plataforma Netflix:

Cada projeto meu foi levantado de uma maneira diferente, eu já tive recursos públicos nos meus projetos, já tive recursos totalmente privados, eu acho que nesse sentido os longas e os curtas dependeram bastante de alguns editais… É uma luta o audiovisual... O Netflix é uma empresa que veio lá de fora, veio dos Estados Unidos, mas eles possuem um núcleo aqui no Brasil e que visa a abertura para os produtos brasileiros. Eu entrei nessa onda, nesse momentos que eles estavam procurando projetos e foi muito bacana, porque ao mesmo tempo que a gente propôs uma série universal, Boca a Boca é uma série que fala bastante sobre questões do Brasil… (MOREIRA; ROMANO, 2020)

(21)

3 CONTEXTO TEÓRICO UTILIZADO PARA ANÁLISE

3.1 TEORIA A SER MOBILIZADA PARA A ANÁLISE

A análise do Discurso é um estudo da linguagem que surgiu através de questionamentos das várias formas de se significar em um texto. Segundo Eni. P. Orlandi, na análise de discurso procura-se compreender a língua fazendo sentido, enquanto trabalho simbólico. Tem como objetivo a interpretação dos discursos na sua relação com o contexto social em que são produzidos, e com a ideologia.

A AD consiste numa corrente desenvolvida majoritariamente na França e que trata a língua em seu processo histórico, atende a uma perspectiva não-imanentista e não-formal da linguagem e privilegia as condições de produção e recepção textual, bem como os efeitos de sentido. O lexicólogo Jean Dubois e o filósofo Michel Pêcheux foram os primeiros grandes nomes da AD e vislumbravam a possibilidade dela desenvolver investigações sobre as relações de poder que se estabeleciam politicamente no cenário social da época. (MELO, 2009, p.11)

Michael Pêcheux desenvolve a análise do discurso como uma teoria semântica. No percurso para analisar os efeitos de sentidos produzidos pelos interlocutores, ele buscou criar um dispositivo de análise da linguagem, com inspiração em três grandes áreas: a linguística, o marxismo (contribuiu com a noção de ideologia), a psicanálise (teoria do sujeito).

Dessa forma, segundo Eni Orlandi, a análise do discurso é herdeira das três regiões do conhecimento...

...Ela interroga a linguística pela historicidade que ela deixa de lado, questiona o materialismo perguntando pelo simbólico e se demarca da Psicanálise pelo modo como, considerando a historicidade, trabalha a

(22)

ideologia como materialmente relacionada ao inconsciente sem ser absorvida por ele. (ORLANDI, p.20, 1999)

A análise do discurso é mais que uma análise textual, ela é uma análise do contexto em que os textos acontecem, tendo, portanto, a abrangência do discurso. Dentro da análise linguística existem diversos campos de estudos, como por exemplo o estudo das unidades menores, como sons e sílabas, como o campo que estuda a língua na sua autonomia formal, as palavras, e o campo que analisa as frases. Quando estudamos os domínios das palavras e frases, aprendemos sobre Morfologia e Sintaxe. Mas é na Semântica que se localizam os estudos sobre os significados e sentidos e da qual se ramifica a análise do discurso, pois é parte que estuda não só o significado das palavras e o sentido que elas podem ter, mas de todo o contexto onde elas se dão.

Segundo Eni Orlandi, o importante para a análise do discurso não é a transmissão da informação, mas sim o significado da mesma.

Desse modo, diremos que não se trata de transmissão de informação apenas, pois, no funcionamento da linguagem, que põe em relação sujeitos e sentidos afetados pela língua e pela história, temos um complexo processo de constituição desses sujeitos e produção de sentido e não meramente transmissão de informação. (ORLANDI, p.21, 1999)

Quando falamos de transmissão de informação, estamos falando de contexto enunciativo. A enunciação coloca a língua num ato individual de utilização, pois a fala do enunciador é determinada por elementos linguísticos e as diferentes formas e vozes que o enunciador pode aderir são mostradas apenas enunciativamente. O estudo da análise do discurso vai além do contexto enunciativo.

Segundo Ferreira Cassana (2013), é no âmbito da análise de discurso que passamos a falar em um sujeito que, diferentemente da perspectiva benvenistiana, se constitui na articulação entre língua e história. O sujeito na análise do discurso não é dotado de estratégias como na enunciação. Na AD, ele é afetado ideológica e inconscientemente, o seu discurso tem atos falhos e lapsos. O fundamental na AD é analisar as condições de produção que o discurso é produzido, ou seja, analisar as condições históricos-sociais e o contexto ideológico do discurso.

(23)

Essas são as dimensões das condições de produção do discurso. A teoria da análise do discurso nos proporciona possibilidades teóricas mais amplas e, neste projeto, a desdobramos para analisar a materialidade audiovisual, visto que nosso corpus não se limita à língua. A análise se dará no âmbito do discurso fílmico/cinematográfico, nessas dimensões.

Para o discurso, o sujeito é uma posição. Há ainda a ser considerada a memória de todo dizer.

Cada sujeito, ao tomar uma posição no discurso, o faz por meio de uma função-autor.

A função-autor, portanto, tem relação com a dimensão enunciativa do sujeito do discurso, ou seja, tem a ver com a heterogeneidade interna a uma formação discursiva dominante, que ganha aí seu movimento e sua unidade sem perder, com isso, sua dominância. Por exemplo, no caso do Discurso pedagógico, o sujeito pode estar identificado com diferentes formações discursivas, como por exemplo, aquela materializada na posição sujeito aluno, ou na posição sujeito professor etc. (GALLO, p. 2, 2001)

Em uma mesma posição, a posição-sujeito aluno, cada um tem a sua forma de enunciar que é particular, decorrente de processos de identificação. Essa diferença é percebida na teoria do discurso, como sendo decorrente da função-autor de cada sujeito.

Para nossa análise de Boca a boca, essa noção nos permite perceber as diferenças entre os personagens que ocupam as mesmas posições na trama.

Nos estudos da análise do discurso há uma reflexão que se instaura entre dois movimentos: entre Paráfrase e Polissemia. Paráfrase é a repetição dos sentidos e Polissemia é a instauração de novos sentidos, um novo acontecimento, uma nova discursividade. Autores estão sempre transitando entre o parafrástico e o polissêmico, pois repetimos, no nosso discurso, conhecimentos de nosso país, religião, filosofia, crença, aprendizados… Também rompemos com essas relações e instauramos novos elementos discursivos (polissemia).

O que nos permite dizer que é essencial para compreender esse movimento contraditório entre paráfrase e polissemia, a consideração do que chamamos condições de produção no sentido Iato, que põem em jogo não só a relação entre a situação e os locutores, mas a destes com a exterioridade (historicidade, interdiscurso). Essa relação com a memória é constituída pela ideologia, seus efeitos… (ORLANDI, p.15, 2015)

(24)

No Brasil, a análise do discurso foi introduzida pela pesquisadora da Unicamp, Eni Orlandi que, através de seus estudos em linguística e discurso, formou um grupo de pesquisadores na área e publicou e/ou organizou mais de 35 livros (entre reedições), sempre trabalhando com o discurso. A teoria se desenvolve, aqui, desde os anos 70 e conta com uma vasta produção relacionada não só ao campo da linguística, mas principalmente ao campo da comunicação e das produções midiáticas.

3.2 POR QUE MOBILIZAR A ANÁLISE DE DISCURSO NESTE TRABALHO MONOGRÁFICO

Para começar a explicar o porquê de eu ter mobilizado a teoria da análise do discurso neste trabalho monográfico, vou começar explicando a diferença entre analisar empiricamente e analisar simbolicamente.

Empirismo é uma teoria do conhecimento que nos afirma que o conhecimento sobre o mundo vem apenas de uma experiência sensorial, portanto, quando analisamos algo empiricamente nós coletamos dados relevantes e convenientes através de uma experiência ou vivência. Já, analisar simbolicamente não diz respeito a algo em si, mas sim, a tudo o que esse algo representa, quer dizer, nos remete.

A ordem simbólica inscreve-se sobre o real (cobre-o como uma rede) para fazer dele a realidade humana do mundo, bem diferente da realidade animal do meio: a relação do homem ao mundo não se reduz à do organismo que se adapta ao meio. Entre organismo e meio intervém o simbólico que organiza a vida humana numa realidade significante a que chamamos mundo. É porque há simbólico que há inconsciente. Por outras palavras, a linguagem é a condição do inconsciente. O simbólico é o que de mais alto há no homem e que está fora dele. (ÁLVARES, 2010)

O sujeito na análise do discurso é só uma posição ocupada numa discursividade, longe de ter um controle absoluto sobre o sentido, de modo que pode ser interpretado de maneira diversa daquela que se pretendia, justamente porque aqui

(25)

entra a questão do inconsciente, a questão da ideologia, a dimensão da historicidade, a dimensão ideológica. Ao falar com alguém, fazemos projeções daquilo que o sujeito sabe e daquilo que acreditamos que devemos dizer, aquilo que o sujeito tem interesse em saber e ainda não sabe.

Há um trabalho com projeções imaginárias do interlocutor. Há uma tentativa de fazer coincidir o que se diz com o que se espera ouvir. O discurso tem efeito de sentido entre os interlocutores, pois esse sentido não é único. O contexto tem história, o contexto têm social. Segundo Orlandi (2015), o recorte significativo da situação- o que é relevante para o processo de significação- é determinado pela sua relação com a memória.

A análise do discurso é importante para a pesquisa pretendida, pois através dessa teoria percebemos a inscrição do sujeito-diretor, Esmir Filho em uma memória. Essa tem relação com a discursividade da plataforma de streaming Netflix. O sujeito, ao se inserir nesse discurso tem sua obra reconhecida nesse discurso. O diretor quando recebeu o convite para escrever um série para a Netflix, já tinha conhecimento do que era uma série, do que era o Netflix, como funcionava esse discurso e, portanto, quando se inscreveu, já tinha ciência dos parâmetros e normatizações que a sua série teria. Por outro lado, sua obra também já tinha uma historicidade que tem haver com produções brasileiras que ele havia feito antes. E essa historicidade brasileira inscrita nas suas obras anteriores não se perdeu e sim mesclou com a historicidade da Netflix. Entre o arranjo do que era esperado e o que o diretor trazia em sua bagagem, como sujeito autor de audiovisuais brasileiros, temos Boca a boca.

(26)

4 ANÁLISE

“...ao mesmo tempo que a gente propôs uma série universal, Boca a Boca é uma série que fala bastante sobre questões do Brasil”. Esmir Filho

A partir disso será feita a análise de alguns frames da série com a intenção de relacionar o que é do percurso do diretor enquanto autor no Brasil, e o que pode ser tomado como marcas das séries da Netflix. Com o olhar voltado para a direção de arte da série é que será analisado elementos da ordem da direção versus elementos da ordem das plataformas, como Netflix.

Ao invés de analisar o conteúdo, analisamos o porquê o conteúdo foi feito dessa forma e não de outra, através do discurso. Temos que saber as condições de produção desse conteúdo para saber por que ele é dessa forma e não de outra. Porque a série tem essa qualidade que tem. Por que a série funciona assim.

Os efeitos de sentido que a série produz, de certo modo, foram determinados socialmente, historicamente e ideologicamente, e o diretor teve que se inscrever nesse discurso para fazer algo legítimo, ao mesmo tempo que ele colocou seu toque autoral, vindo de um outro lugar histórico, social e ideológico. Esses elementos só podem ser percebidos na dimensão discursiva.

Se eu falar apenas da luz, do ângulo, do cenário, eu terei uma análise técnica, eventualmente boa, mas não vamos compreender os aspectos discursivos da série. — “por que ela teve sucesso?” não conseguimos responder essa pergunta apenas mostrando uma análise técnica. É preciso compreender esse funcionamento do discurso.

(27)

*Os frames selecionados estão numerados por ordem de análise.

Frame 1- Alex e a diretora Guiomar Frame 2- Alex na sala da diretora Guiomar

Vamos começar analisando o frame da cena onde o personagem Alex foi chamado para comparecer na sala da diretora Guiomar. O contexto da cena em que Alex está sendo interrogado pela Diretora tem relação com a noite anterior em que alguns alunos haviam frequentado um rave (um tipo de festa) num local mais afastado de Progresso. Como uma aluna passou mal após a festa, a diretora decide convocar alguns alunos da mesma classe para os interrogar.

Nesse frame percebemos a simetria calculada na disposição dos objetos e dos personagens em cena. Esse é um elemento que é constante e digamos que é até característico da Direção na série. Um outro elemento notável são as cores utilizadas nesses dois primeiros frames escolhidos. Nesse caso, um frame é seguinte do outro, na trama. No primeiro frame as cores quentes estão do lado do personagem Alex, que é um adolescente jovem, com hormônios à flor da pele e que está passando por uma fase de experimentações que é a adolescência. Do outro lado da cena temos cores mais sóbrias e escuras para demarcar autoridade e seriedade representando a atmosfera da diretora Guiomar. As cores são fundamentais para compreender a posição que cada personagem ocupa, suas atmosferas e seus sentimentos. Esse artifício é utilizado fortemente ao longo de toda a série. Um elemento que nos remete à cultura brasileira é notado no segundo frame, a cabeça de boi na parede, característico de cidades que tem grande parte da fonte de renda provenientes da pecuária. Elemento que gera um reconhecimento dentro desse ambiente, não só reconhecimento de uma brasilidade, mas também reconhecimento do personagem

(28)

que é, na narrativa, o herdeiro da fazenda, identificando-o. O segundo frame também possui simetria e a utilização de cores. No segundo frame as cores utilizadas precisamente são o azul e o rosa, cores que vão fazer parte da narrativa e que se mesclam no decorrer da história, que estão ali estabelecendo sentido. O sentido político da cor azul e da cor rosa está ali para manifestar a polêmica a respeito à questão de gênero que estava latente no ano em que o projeto estava sendo concebido. O diretor Esmir filho coloca todos os personagens de rosa, independente do gênero, tal como um protesto.

Frame 3- Fran, Alex e Chico criando o mapa do beijo Frame 4- Alex, Chico e Fran na fazenda

No terceiro e no quarto frames vemos a personagem Fran, o personagem Alex e o personagem Chico. O grupo está unido, pois estão tentando descobrir mais a respeito da doença que uma colega de classe deles contraiu na festa que todos frequentaram. No primeiro frame, os adolescentes estão no quarto do personagem Alex. O grupo junto, monta uma hipótese de como a doença pode ter sido espalhada. Alex mora em um fazenda, seu pai é o dono de uma empresa renomada e bem sucedida financeiramente. No quarto frame vemos o grupo discutindo ainda a respeito da doença e olhando para os bois da fazendo do pai do Alex. Em ambos os frames (frame 3 e frame 4) notamos o elemento da simetria em relação aos personagens e a disposição de objetos. O cenário é calculado e apesar de no frame 4 ter a presença de elementos reconhecíveis da cultura brasileira - a fazenda, ele é programado e poético de uma forma que gera reconhecimento não só por quem tem essa memória. A cor que chama atenção em ambos os frames é a do uniforme dos adolescentes. o rosa destaca a sexualidade e a juventude, de um forma estilizada. Esse segundo frame, inteiro está estilizado chegando a produzir o efeito de uma pintura.

(29)

Frame 5- Casa do Maurilio Frame 6- Centro da cidade de Progresso

Frame 7- Paisagem da fazenda Frame 8- Centro da cidade de Progresso

Nos frames 5,6,7 e 8 temos algumas imagens referentes à cidade de Progresso, e todas elas possuem elementos em comum. Inicialmente trata-se de uma cidade que não tem postes com fios elétricos atravessando o espaço aéreo, como é a realidade das cidades brasileiras. No frame 5, vemos uma casa simples, que é a casa do personagem Maurílio. No frame 6, temos uma rua do centro da cidade de Progresso2 ao entardecer. Os dois personagens que estão em cena são, o Chico e o

personagem Maurílio. O contexto dessa cena é de que Chico ajuda Maurílio a caminhar pela rua, pois Maurílio estava bêbado e ambos têm um discussão a respeito do envolvimento deles. No frame 7 temos a vista da fazenda e no frame 8 temos a imagem de uma rua do centro da cidade durante a noite. Todos os quatro frames possuem um limpeza visual e uma simetria calculada. No frame 5, da casa de Maurílio, vemos uma casa simples, porém esta casa não possui defeitos ou sujeiras aparentes. 2 Teríamos no cenário/história brasileira um progresso sempre fake? Um positivismo sempre surdo às demandas

(30)

A cerca dessa casa é simétrica e calculada para gerar um harmonização visual. Algo que gera um certo efeito, pois cercas como estas são fáceis de encontrar em bairros mais populares de cidades de interior, porém essa cerca da casa de Maurílio é como e fosse a cerca de uma casa de bonecas, pelo efeito “arrumado” e orgânico que não condiz com o real que estamos acostumados. No frame 6,7, e 8 também há essa limpeza visual, as imagens nesses frames são como telas que não possuem elementos a mais. Tudo que está no frame, foi planejado e calculado para estar ali, e nos dar essa sensação de harmonização e limpeza. Um outro elemento presente nesses frames é o bar, que se assemelha aos bares brasileiros, em uma rua de tijolinho, com o estilo e arquitetura das casas de interior.

Analisando esses frames da cidade de Progresso acabamos por se perguntar, será que não temos nesse cenário/ história brasileira um progresso sempre fake? Maquiado. Um positivismo sempre surdo as demandas sociais?

Frame 9- Objetos da casa de Guiomar Frame 10- Chico na sala da casa da diretora Guiomar

Para os frames 9 e 10 utilizaremos uma abordagem diferente, iremos ver o que difere um frame do outro. No frame 9 vemos alguns porta-retratos espalhados por cima de algo que ainda não identificamos. Os porta-retratos são de variados estilos e cores, com diferentes materiais e nos mostram fotos antigas de uma criança, a filha da personagem Guiomar. O frame 9 é um exemplo dos vários planos próximos/detalhes que encontramos ao longo da série. Como um plano detalhe é um plano mais fechado, não conseguimos identificar o restante do cenário. Inicialmente, focamos nos objetos que nos são mostrados e que estão próximos. O uso de planos próximos/planos detalhe criam um sentido de mistério para a narrativa e surpresa quando o tema é revelado. Neste frame 9, vemos os porta-retratos e inicialmente não

(31)

sabemos quem é aquela criança das fotos. Somente quando o plano se expande no frame 10, conseguimos ver que estamos na casa da personagem Guiomar e que a criança nos porta-retratos em cima da lareira é a sua filha, Manuela. Quando o plano se expande também vemos que o personagem Chico está na sala junto a Guiomar e isso nos dá uma sensação de surpresa também — “Por que o Chico estaria na sala da casa da diretora autoritária da escola? No decorrer da cena é explicado que o Chico foi até a casa da Diretora, para interrogá-la a respeito da sua filha Manuela, que segundo sua mãe, deveria estar em um intercâmbio. Contudo, segundo o personagem Chico, há fortes provas de que Manu não está no intercâmbio e que suas fotos das redes sociais são montagens. Ao entregar a mentira de Manuela, Chico queria que a mesma se afastasse dos assuntos da escola, já que ela havia divulgado o mapa de quem se beijou no dia da festa e poderia ter contraído a doença. Bom, para além do contexto narrativo desses dois frames, o que pode ser analisado é que há o uso abundante de planos próximos/ detalhe. Esses planos são utilizados para gerar impacto visual e emocional, e inicialmente nos mostram o essencial para gerar uma identificação, quase como uma imagem abstrata, uma imagem poética e logo depois nos contextualizam e chocam. Uma outra observação seria de que no frame 9 temos porta-retratos que nos lembram a “brasilidade” antes já citada no texto e que no frame 10 confundem-se e se perdem no meio de outros elementos, os tornando parte da “pintura”.

(32)

Os próximos frames selecionados são o frame 11 e o frame 12. Aqui falaremos também sobre as distinções de ambos. Primeiramente no frame 11 temos uma pessoa, com uma máscara que se envolve sensorialmente com um pedaço de celofane. Essa pessoa dança para nós, dança para a câmera. Esse frame 11 é um exemplo do jogo realizado pelo Diretor por todo o percurso da série, onde nos é apresentado uma imagem com um sentido mais abstrato e colorido inicialmente, e logo depois é contrastada com uma imagem sóbria e real, que traz sentido à imagem/ frame anterior. A palavra “contraste” é interessante para a nossa análise, visto que para compreender tais imagens contrastadas temos que compreender os contrastes sociais, morais e ideológicos que a nos é apresentado ao longo da série. De um lado temos a cidade da série, que se chama Progresso, do outro temos o povo que mora distante da cidade Progresso (na floresta ao redor da cidade), que eles chamam de aldeia.

De um lado temos os adolescentes, jovens e com vontade de liberdade e experimentações, do outro lado temos os pais desses adolescentes, que representam costumes e regras a serem cumpridas. De um lado temos os fazendeiros, latifundiários, do outro temos os empregados, sem bens, sem teto para morar. É compreendendo esses contrastes ideológicos, morais e sociais, que a série nos apresenta, que conseguimos compreender as imagens e seus sentidos. No frame 12, que vem após a cena do frame 11, vemos que estamos no quarto do personagem Alex, e que ele, através da tela do seu computador, está assistindo a pessoa mascarada que está dançando com o celofane. O frame 11 nos traz algo sensorial, poético, abstrato e confusão. Traz a cor rosa, da experimentação e da juventude representada na série. O frame 12, que é um frame mais aberto nos mostra mais da realidade, com cores mais sóbrias e nos localiza. De um lado temos a fantasia, o poema, do outro temos a realidade, onde Alex apenas vê essa fantasia através da tela do seu computador.

(33)

Frame 13- Hospital de Progresso Frame 14- Beijo dos personagens Bel, Fran e Chico

As seguintes análises serão a respeito do frame 14 e do frame 15. O frame 14 nos mostra a recepção vista do corredor do hospital da cidade de Progresso. Já o frame 15 nos mostra a cena de um beijo triplo dos personagens, Bel, Fran e Chico (os personagens estão localizados na imagem da esquerda para direita) durante uma festa rave na aldeia, organizado pelo um grupo chamado Seita. Começaremos analisando as diferenças desses dois frames. O hospital (frame 14) possui cores sóbrias e traz o azul já citado antes como característica marcante do real na série, exemplo disso é o frame 13 acima, no quarto do Alex. No frame 15 que é a festa, temos a cor roxa, que é resultado do azul bastante presente na série junto a cor rosa, a cor de contraste, também bastante predominante na série. O Roxo é a junção dessas duas cores, do azul que simboliza o real, o sério, a sobriedade, e do rosa que cita o oposto; traz a liberdade, a experimentação e o desejo.

A cor roxa aparece em momentos específicos da série e ela também é a cor das cicatrizes da doença que é transmitida na série, pelo beijo. Essas três cores, o azul, o rosa e o roxo criam uma identidade visual, mas para além disso nos contextualizam em situações de relação de poder, pois o azul sempre está vinculado às figuras mais velhas, como os pais, a diretora, o hospital, o médico. E o rosa, representado no uniforme da escola, no celofane da personagem que dança para o Alex através de videochamada no computador, vinculado à juventude ...

(34)

Frame 15- Comunidade da Aldeia Frame 16- Líderes da Aldeia

Os últimos frames a serem analisados são o frame 16 e 17 e ambos são da aldeia. No frame 16 temos a imagem da aldeia durante a noite, e no frame 17 temos os 2 personagens que comandam a comunidade da aldeia. Nessa cena em específico eles estão olhando de longe os jovens na festa rave. Essas pessoas da aldeia, se estivessem, de fato no Brasil, seriam indígenas. Mas não são indígenas, na série. Em vez disso são pessoas sofisticadas. Então, o diretor traz esses elementos de brasilidade na série (uma aldeia, por exemplo), porém em vez de se aprofundar em características brasileiras, ele as maquia, para que os elementos percam aquilo que identificamos como próprio e peculiar e, dessa forma, possam ser assimilados facilmente por um interlocutor qualquer, de qualquer lugar.

(35)

5 CONCLUSÃO

O lançamento da série Boca a Boca na plataforma de Streaming Netflix, trouxe novos questionamentos a respeito da produção de séries no Brasil, especificamente as séries financiadas por empresas estrangeiras, como é o caso da empresa Netflix.

A série Boca a Boca foi aclamada tanto pelos críticos, como pelo público em geral e obteve notas em especial a respeito da sua qualidade de produção artística. Isso nos levou às seguintes perguntas: “Por que a arte desta série obteve mais destaque do que outras produções realizadas na mesma época?” “O que faz a arte da série Boca a Boca ser diferente de produções brasileiras anteriores? O que a faz comparável a produções aclamadas internacionalmente no quesito qualidade artística”?

Para realizar a análise e tentar compreender os efeitos de sentido da série, foi mobilizada a teoria da análise do discurso. Utilizamos dois movimentos para a análise, o parafrástico e o polissêmico, que falam da relação entre o repetível (parafrástico) e o novo(polissêmico). No que se refere ao “mais parafrástico” tinha-se a ideia de que seriam encontrados elementos que se assemelhassem a elementos de qualquer outra série de sucesso da Netflix. Já no quesito da polissemia, acreditava-se que encontraríamos o que poderia constituir ruptura nesse estilo de direção, que seriam todos os elementos de brasilidade que constituiriam os cenários, os figurinos, a maquiagem e a direção de arte, no geral. Eram hipóteses que haviam sido feitas no início do projeto a respeito das escolhas estéticas desse diretor.

Foram selecionados 16 frames, ao longo dos 6 episódios da série Boca a Boca, e eles foram analisados segundo os movimentos de paráfrase e polissemia citados anteriormente. Através dessa análise de frames encontramos muitos mais elementos parafrásticos do que polissêmicos, pois a série cita o Brasil através da cidade do interior, da fazenda, da aldeia, das questões políticas do Brasil, porém esfumaça todos esses elementos e os torna universais. A cidade de Progresso é tão polida visualmente que nos remete a quadros artísticos, como por exemplo os impressionistas. A cidade não possui lixos, fiação em postes e até as cercas são calculadas para ser simétricas. Ao longo da análise de frames fomos percebendo a

(36)

estilização artística através de simetrias, do polimento visual, dos uniformes que fogem do padrão dos uniformes brasileiros e que possuem um toque de uniforme escolar estrangeiro. Foi no frame 16, frame que selecionamos a imagem de duas pessoas da aldeia, que seriam as pessoas que teriam o estatuto de pajé, cacique e/ou curandeira, que foi compreendido que isso, que poderia gerar uma discussão no polissêmico, ou que poderia produzir um efeito de polissemia, acabou recebendo um tratamento parafrástico. Vemos isso no último frame, número 16, que nos mostra a aldeia como um local afastado da cidade, com pessoas com uma cultura e um modo de viver diferente e que sofrem preconceito das pessoas da cidade. Esse frame 16 nos remete às aldeias Indígenas, que temos no Brasil, contudo o diretor estiliza essa Aldeia, tira os indígenas e coloca pessoas brancas e sofisticadas. Fazendo isso ele borra essa aldeia, borra essa brasilidade que poderia estar muito presente, optando por deixar essa aldeia universal. É interessante analisar que o diretor utiliza também de elementos de cenografia e figurino que remetem ao gênero de ficção, ao mostrar essa aldeia, que acaba embaçando mais ainda a visão da “brasilidade”, que poderia estar presente naquela cena.

Apesar do elenco, de alguns objetos de arte, e o local apontarem para “brasilidades”, e nós os reconhecermos, eles são estilizadas e acabam por se tornar parafrásticos.

No contexto discursivo, entendemos que a série precisava produzir um efeito de se equiparar ao padrão das plataformas de streaming, pois essas plataformas, como a Netflix, produzem um modelo a ser seguido e esperado pelo público. A série repete, parafrasticamente, certos elementos para se enquadrar neste modelo. Contudo, o que mais nos interessava e que investigamos na obra, eram os elementos diferentes, o polissêmico, que determinamos como “brasilidade”.

No entanto, percebemos que tudo aquilo que poderia constituir a diferença, destoa e demanda uma interpretação que desacomoda, e por isso acaba desaparecendo com o tratamento cinematográfico da direção e da direção de arte, principalmente.

Existe um Brasil para os brasileiros e existe um Brasil para exportação que maquia esse lugar chamado Brasil para ser um produto de exportação. Tudo isso é feito para aumentar o espectro da audiência, para ser interpretado por quem não tem

(37)

memória do que é o Brasil e mesmo assim possa ter uma leitura de fácil acesso sobre a obra. O Brasil, na série Boca a Boca, teve que ser estilizado através de elementos cinematográficos, para ter essa leitura de fácil acesso, um Brasil prêt-à-porter.

Houve uma surpresa em relação ao que foi suposto inicialmente. O sucesso no quesito de qualidade de produção artística se deu pelos elementos da paráfrase, que nos mostrou que o diretor Esmir Filho produziu um Brasil universal. A expectativa no início da pesquisa era outra, porém se a expectativa tivesse se cumprido (a série possuindo mais elementos polissêmicos dos que os parafrásticos), talvez ela não tivesse tido o sucesso que teve, no nosso momento atual de 2020, e nem na plataforma de streaming Netflix.

A análise nos mostrou uma das formas de funcionamento do audiovisual contemporâneo, que se dão marcadamente por fórmulas e por uma padronização do mercado.

(38)

6 REFERÊNCIAS

Livro:

ORLANDI, Eni P.. Análise de discurso: princípios e procedimentos. 5. ed. Campinas: Pontes, 2005. 99

ORLANDI, Eni P.. Interpretação: autoria, leitura e efeitos do trabalho simbólico. Petrópolis: Vozes, 1996. 150 p.

Artigo:

GALLO, Solange Leda. Autoria nas/entre linhas. Organon: Revista do instituto de letras da UFRGS, Porto Alegre, v. 27, n. 53, p. 53-64, jul. 2012. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/organon/article/view/35724/23306. Acesso em: 12 out. 2020. ÁLVARES, Cristina. O outro. Braga- Portugal: Cehum -, 2010. Publicação Pedagógica. Disponível em: http://hdl.handle.net/1822/12631. Acesso em: 20 out. 2020.

CASTELLANO, Mayka et al. Netflix, eu te amo!”: o capital emocional no relacionamento entre a empresa de streaming e os consumidores-fãs. Revista Fronteiras: estudos midiáticos, Rio de Janeiro, v. 20, n. 3, p. 404-417, set. 2018.

Mensal. Disponível em:

http://revistas.unisinos.br/index.php/fronteiras/article/viewFile/fem.2018.203.12/60746 670. Acesso em: 29 nov. 2020.

COUTINHO, Eduardo. “O documentário e a Escuta Sensível da Alteridade”. Projeto História. São Paulo, v. 15, p. 165-191, 1997.

MELO, Iran F. - Análise do Discurso e Análise Crítica do Discurso: desdobramentos e intersecções. in. REVISTA ELETRÔNICA DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA EM LÍNGUA PORTUGUESA, LINGUÍSTICA E LITERATURA VOL. 5., p. São Paulo: Ed. USP, 2009.

TEIXEIRA, Felipe da Silva. O IMPACTO DA NETFLIX NA PRODUÇÃO E CONSUMO DE CONTEÚDO AUDIOVISUAL. 2015. 51 f. Monografia (Especialização) - Curso de Jornalismo, Escola de Comunicação Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2015. Disponível em: https://pantheon.ufrj.br/bitstream/11422/5252/1/FTeixeira.pdf. Acesso em: 27 nov. 2020.

ORLANDI, E. P. Paráfrase e polissemia: a fluidez nos limites do simbólico. RUA, Campinas, SP, v. 4, n. 1, p. 9–20, 2015. DOI: 10.20396/rua.v4i1.8640626. Disponível

(39)

em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/rua/article/view/8640626. Acesso em: 7 dez. 2020.

MOURA, Carolina Basse de. Direção e Direção de Arte- construções poéticas da imagem em Luiz Fernando Carvalho. 2015. 474 f. Tese (Doutorado) - Curso de Artes Cênicas, Departamento de Artes Cênicas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2015. Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/27/27156/tde-14072015-121751/publico/CAROLINABASSIDEMOURA.pdf. Acesso em: 15 dez. 2020.

Texto na internet:

AGRELA, Lucas; VITORIO, Tamires. Ted Sarandos: O segredo por trás do sucesso da Netflix: o novo copresidente da netflix ted sarandos explica seus planos. O novo copresidente da Netflix Ted Sarandos explica seus planos. 2020. Disponível em: https://exame.com/revista-exame/o-mago-do-streaming/. Acesso em: 08 out. 2020. CINEMA, Academia Internacional de. Netflix vai investir R$ 350 milhões em produções brasileiras em 2020. 2019. Academia internacional de cinema. Disponível em: https://www.aicinema.com.br/netflix-vai-investir-r-350-milhoes-em-producoes

brasileiras-em-2020/. Acesso em: 08 out. 2020.

GUIDUCI, Isabela. Qual será o futuro das produções originais da Netflix Brasil?: o conteúdo nacional tem ganhado destaque mundialmente, além de aproximar o público do audiovisual brasileiro. O conteúdo nacional tem ganhado destaque mundialmente, além de aproximar o público do audiovisual brasileiro. 2020. Disponível em: https://rollingstone.uol.com.br/noticia/qual-sera-o-futuro-das-producoes-originais-da-netflix-brasil/. Acesso em: 08 jul. 2020.

MOREIRA, Carol; ROMANO, Carol. BOCA A BOCA | Esmir filho conta como criou a série. 2020. Disponível em: https://youtu.be/XZzPZDQ0Aj4. Acesso em: 14 ago 2020. OLIVEIRA, Anna Beatriz. Netflix está mais de olho no Brasil do que parece e está

mudando até nossas novelas. Disponível em:

https://www.vix.com/pt/series/541685/nova-temporada-de-house-of-cards-vai-atrasar-mas-pode-ganhar-previa-especial?utm_source=next_article. Acesso em: 20 nov. 2020.

QUEIROZ, Ruben Caixeta de. “Política, estética e ética no projeto Vídeo nas Aldeias”.

Vídeo nas Aldeias. Disponível em:

http://www.videonasaldeias.org.br/2009/biblioteca.php?c=20. Acesso em: junho de 2015.

(40)

ALMEIDA, Rebeca. BOCA A BOCA’: AS PANDEMIAS SOCIAIS BRASILEIRAS E AS RESISTÊNCIAS. 2020. Disponível em: https://www.cineset.com.br/critica-boca-a-boca-esmir-filho-netflix/. Acesso em: 15 dez. 2020.

CURY, Daniel. 7 MOTIVOS PARA ASSISTIR BOCA A BOCA. 2020. Disponível em: https://cinemacao.com/2020/07/22/7-motivos-para-assistir-boca-a-boca/. Acesso em: 15 dez. 2020.

Referências

Documentos relacionados

177 Em relação às funções sintáticas desempenhadas pelas estruturas inalienáveis, da mesma forma como acontece para os tipos de estruturas inalienáveis, é curioso o fato de que,

The challenge, therefore, is not methodological - not that this is not relevant - but the challenge is to understand school institutions and knowledge (school

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Este estudo teve como propósito apresentar o interesse de graduados do curso de Arquivologia, em relação à publicação de seus TCC’s após o término do

Desenvolver gelado comestível a partir da polpa de jaca liofilizada; avaliar a qualidade microbiológica dos produtos desenvolvidos; Caracterizar do ponto de

If teachers are provided with professional development opportunities that helps them develop a learning environment that is relevant to and reflective of students'

Sabe-se que as praticas de ações de marketing social tem inúmeras funções, dentre estas o papel de atuar na mudança de valores, crenças e atitudes, porém os alunos da

Esse tipo de aprendizagem funciona não no regime da recognição (DELEUZE, 1988), que se volta a um saber memorizado para significar o que acontece, mas atra- vés da invenção de

Os dados foram discutidos conforme análise estatística sobre o efeito isolado do produto Tiametoxam e a interação ambiente/armazenamento no qual se obtiveram as seguintes