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Um estudo sobre mapeamento de produtos do agronegócio com potencial para a proteção por Indicação Geográfica : o caso da laranja produzida no território sul sergipano

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Academic year: 2021

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(1)UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE – UFS PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA – POSGRAP PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DA PROPRIEDADE INTELECTUAL – PPGPI. ADEILSON FREIRE DOS SANTOS. UM ESTUDO SOBRE MAPEAMENTO DE PRODUTOS DO AGRONEGÓCIO COM POTENCIAL PARA PROTEÇÃO POR INDICAÇÃO GEOGRÁFICA: O CASO DA LARANJA PRODUZIDA NO TERRITÓRIO SUL SERGIPANO. SÃO CRISTÓVÃO (SE) 2015.

(2) ADEILSON FREIRE DOS SANTOS. UM ESTUDO SOBRE MAPEAMENTO DE PRODUTOS DO AGRONEGÓCIO COM POTENCIAL PARA PROTEÇÃO POR INDICAÇÃO GEOGRÁFICA: O CASO DA LARANJA PRODUZIDA NO TERRITÓRIO SUL SERGIPANO. Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Ciência da Propriedade Intelectual, como requisito parcial à obtenção do título de mestre em Ciência da Propriedade Intelectual. Área de concentração: Relações da Propriedade Intelectual, Ciência e Tecnologia com a Indústria e Sociedades.. Orientadora: Profª. Drª. Maria Emília Camargo. SÃO CRISTÓVÃO (SE) 2015.

(3) FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE. S237e. Santos, Adeilson Freire dos Um estudo sobre mapeamento de produtos do agronegócio com potencial para a proteção por Indicação Geográfica ; o caso da laranja produzida no território sul sergipano / Adeilson Freire dos Santos ; orientadora Maria Emília Camargo. – São Cristóvão, 2015. 98 f. : il. Dissertação (mestrado em Ciência da Propriedade Intelectual) – Universidade Federal de Sergipe, 2015.. 1. Propriedade intelectual. 2. Indicações geográficas (Marcas de origem). 3. Agroindústria. 4. Laranja. 5. Sul sergipano (SE) I. Camargo, Maria Emilia, orient. II. Título. CDU 347.772.

(4) ADEILSON FREIRE DOS SANTOS. UM ESTUDO SOBRE MAPEAMENTO DE PRODUTOS DO AGRONEGÓCIO COM POTENCIAL PARA PROTEÇÃO POR INDICAÇÃO GEOGRÁFICA: O CASO DA LARANJA PRODUZIDA NO TERRITÓRIO SUL SERGIPANO. Dissertação de Mestrado aprovada no Programa de Pós-Graduação em Ciência da Propriedade Intelectual da Universidade Federal de Sergipe em 24 de setembro de 2015.. BANCA EXAMINADORA. __________________________________________ Profª. Drª. Maria Emília Camargo - Orientadora Universidade de Caxias do Sul. ___________________________________________________________________ Profª. Drª. Ludmilla Meyer Montenegro – Examinadora Externa ao Programa – PROPADM/UFS Universidade Federal de Sergipe. ____________________________________________________________ Profª. Drª. Suzana Leitão Russo – Examinadora interna – PPGPI/UFS Universidade Federal de Sergipe.

(5) A minha esposa Gracyanne Ao nosso filho Pedro.

(6) AGRADECIMENTOS. Agradeço em primeiro lugar ao Grande Arquiteto do Universo, que é Deus, pela oportunidade de desenvolver esse trabalho estando em plena saúde. Agradeço a minha família, em especial a minha esposa Gracy e a meu filho de quatro anos, o Pedro, pelo amor e inspiração diária para trabalhar e estudar. Aos meus pais pelo incentivo a educação. Aos meus irmãos pelo amor de sempre. À minha mãe, minha sogra e meu sogro por nos ajudarem a cuidar do nosso filho, com muito amor, enquanto nos debruçamos para realizar este trabalho. Ao meu sogro pela companhia nas viagens, durante a coleta de dados. Agradeço a minha orientadora Profª. Drª. Maria Emília Camargo, por ter aceitado me orientar e ter me acolhido desde que nos conhecemos. Suas instruções ao longo desse tempo foram decisivas para o nosso trabalho. Estarei sempre a sua disposição. Agradeço à Profª. Drª. e empreendedora Suzana Russo, que com outros professores também empreendedores ousaram e criaram este Programa de Pós Graduação em Ciência da Propriedade Intelectual. Vocês enxergam mais longe. Obrigado Professora por também ter me acompanhado até aqui e por sempre atender às minhas solicitações com presteza e celeridade. Agradeço à Profª. Drª Ludmilla Montenegro, que muito contribuiu com este trabalho, tendo apresentando grandes sugestões tanto na qualificação quanto na defesa. Aos professores do programa por compartilharem conosco os seus conhecimentos. Aos especialistas entrevistados, por terem transmitido seus conhecimentos. Se pudesse, divulgaria seus nomes para que todos soubessem da dedicação e amor que vocês têm pela citricultura do estado de Sergipe. Ao Dr. e amigo Nelson Wellausen e a Teresa Raquel, ambos do setor de Base Territorial do IBGE em Sergipe, pelas contribuições a esse trabalho. À Chefia da Unidade Estadual do IBGE em Sergipe que sempre entendeu a importância deste trabalho e sempre atendeu às minhas solicitações. Aos colegas do IBGE que sempre me apóiam em minhas empreitadas. Ao pessoal da Embrapa Tabuleiros Costeiros e da Emdagro que sempre me receberam muito bem em suas instalações e facilitaram o acesso às informações. Aos meus colegas do mestrado que torceram para que este trabalho lograsse êxito. Em especial aos colegas Raoni, Sayonara, Sérgio, Silvio e Tadeu. Ao pessoal da secretaria do PPGPI, Rui e Ricardo, que sempre me atenderam com presteza bem e nunca deixaram uma demanda nossa sem atendimento..

(7) Por fim, agradeço ao povo brasileiro, que com o esforço do seu trabalho e luta diária financiou este trabalho. Espero que os resultados deste trabalho, de alguma forma, retornem para vocês. Este trabalho só logrou êxito porque contamos com o apoio de todos os que foram citados..

(8) RESUMO A proteção por Indicação Geográfica (IG) tem sido considerada uma ferramenta estratégica de mercado para as organizações comerciais em todo o mundo, trazendo diferenciação de produtos e serviços em relação à concorrência, em um contexto de maior exigência por parte dos consumidores, os quais estão dispostos em adquiri-los pela singularidade, tradição e garantia do modo de produção local. A Lei de Propriedade Industrial brasileira nº 9.279/96 define que a IG é classificada em duas modalidades: Indicação de Procedência (IP) e Denominação de Origem (DO). Diversos estudos sobre IG já foram realizados no Brasil e no mundo descrevendo conceitos, aplicações e casos de sucesso das IG, ressaltando o desenvolvimento e valorização de regiões após conseguir o registro de suas áreas produtoras por IP ou DO. Mas quando se trata de mapeamento de produtos potencias para futuras IG, em setores de grande importância para a economia brasileira, como o agronegócio, observa-se que existe uma lacuna nesse tipo de estudo no Estado de Sergipe, mesmo com a atuação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) em nível nacional. Considerando que a laranja produzida no Território Sul Sergipano é um produto de destaque na economia do Estado e de representatividade no cenário nacional, este estudo objetiva identificar o potencial que a laranja produzida nessa região possui para ser protegida por IG. O trabalho caracteriza-se como um estudo de caso exploratório de natureza qualitativa. Para atingir os objetivos e responder ao problema de pesquisa, dados foram coletados por meio de pesquisa bibliográfica, documental e realização de entrevistas com 5 (cinco) especialistas em citricultura do Sul sergipano. Esses dados foram tratados e classificados em categorias para análise de conteúdo. O estudo conclui e apresenta elementos que indicam ser a laranja do Sul sergipano um produto com potencial para IG, pois possui história e cultura ligadas ao território, é conhecida e comercializada no estado e fora dele, o que pode configurar uma IP, e também possui qualidades de sabor diferenciadas, por ser cultivada em uma região com características únicas de clima, solo e temperatura, segundo especialistas, o que pode configurar uma DO. Essa região de características únicas se estende até algumas cidades do Nordeste da Bahia. O estudo ainda apresenta um mapa com as áreas de plantio com potencial para demarcação da IG. A implantação de uma IG no Sul Sergipano pode ser uma saída para a retomada de crescimento e desenvolvimento da citricultura na região, organizando produtores para conseguir o registro no INPI e melhorando a gestão dos negócios. Todavia, isso só pode ocorrer se os produtores estiverem unidos e comprometidos com a IG e contando com o engajamento dos governos Federal, Estadual e Municipal e instituições a eles ligadas, como MAPA, Embrapa, Emdagro, Sebrae e apoio da Universidade.. Palavras-chave: Indicação geográfica; agronegócio; mapeamento; laranja..

(9) ABSTRACT Geographical Indication (GI) has been considered a market strategic tool for commercial organizations worldwide, bringing differentiation of products and services in relation to competition, in a context of greater demand from consumers who are willing to acquire them for uniqueness, tradition and guarantee local production. The Brazilian Industrial Property Law establishes that the GI is classified into two modalities: Indication of Origin (IO) and Designation of Origin (DO). Several studies have been performed on GI in Brazil and around the world describing concepts, applications and case studies of GI, emphasizing the development and appreciation of regions after getting her record of producing areas by IO or DO. But when it comes to mapping potential future products for GI in sectors of great importance for the Brazilian economy, such as agribusiness, it is observed that there is a gap in this type of study in the state of Sergipe, even with the work of the Ministry of Agriculture, Livestock and Supply at the national level. Whereas orange produced in the South Territory of Sergipe is an important product in the state's economy and it is representative on the national scene, this study aims to identify the potential that the orange produced in this region has to be protected by GI. This research is characterized as a qualitative exploratory case study. To achieve the goals and respond the research questions, data were collected through bibliographic research, documents and interviews with five (5) citrus industry experts of South Sergipe. These data were analyzed and classified into categories for content analysis. The study concludes and presents elements that suggest that South Orange Sergipe is a product with potential for GI because it has history and culture linked to the territory, it is known and marketed in the state and beyond, which can configure an IO, and it also has different taste qualities, because it is grown in a region with unique climate, soil and temperature, according to experts, which could set up a DO. This region of unique features extends to some of Bahia Northeastern cities. The study also shows a map with the planting areas with potential for demarcation of the GI. The implementation of a GI in South Sergipe can be a way for the resumption of growth and development of citrus production in the region by organizing producers to achieve registration at the INPI and improving business management. However, this can only occur if producers are united and committed to the GI and relying on the commitment of Federal, State and Municipal government and institutions connected with them such as MAPA, Embrapa, Emdagro, Sebrae and support of the University.. Keywords: geographical indication; agribusiness; mapping; orange..

(10) LISTA DE QUADROS. Quadro 1.. Indicações de Procedência registradas no Brasil..................................... 36. Quadro 2.. Denominações de origem registradas no Brasil....................................... 37. Quadro 3.. Documentos que contam a história da laranja no Sul Sergipano............. 64. Quadro 4.. Evolução dos principais fatos históricos do cultivo da laranja no Sul sergipano................................................................................................... 66. Quadro 5.. Respostas dos especialistas em citricultura no Sul Sergipano.................. 71. Quadro 6.. Outros documentos que contam a história da laranja no Sul Sergipano.. 75. Quadro 7.. Características diferenciadas da laranja do Sul sergipano........................ 77. Quadro 8.. Documentos para DO existentes e locais de pesquisa.............................. 78. Quadro 9.. Objetivos específicos e seus caminhos metodológicos............................ 82.

(11) LISTA DE TABELAS. Tabela 1.. Quantitativo de documentos coletados e os locais de origem................. 50. Tabela 2.. Áreas de plantio de laranja no Território Sul Sergipano......................... 81.

(12) LISTA DE FIGURAS. Figura 1.. Sistemática legal de proteção de PI............................................................. 23. Figura 2.. Projeção de Produção de laranja e exportação de suco para 2023/2024..... 44. Figura 3.. Localização das imagens do Google em relação aos limites municipais do Sul sergipano e ano de aquisição das imagens....................................... 52. Figura 4.. Principais culturas permanentes de Sergipe...................................................... 56. Figura 5.. Maiores produtores de laranja do Brasil e produção de 2009 a 2013...... 57. Figura 6.. Comparação da produção entre o Sul sergipano e outros municípios do estado........................................................................................................... Figura 7.. Comparação. da. produção. entre. os. municípios. do. Sul. sergipano................................................................................................. Figura 8.. 59. Processo de comercialização da laranja do Sul sergipano fora do estado........................................................................................................... Figura 10.. 58. Processo predominante de comercialização da laranja do Sul sergipano dentro de Sergipe......................................................................................... Figura 9.. 57. 60. Raymundo Fonseca, filho do Sr. Germiniano Fonseca posando ao lado de uma laranjeira na fazenda Garangau em 1961....................................... 67. Figura 11.. Festa da Laranja em Boquim na década de 1950........................................ 68. Figura 12.. Festa da Laranja em Boquim na década de 2000........................................ 68. Figura 13.. Imagem da rainha da laranja em 1974 e outros registros da festa.............. 69. Figura 14.. Bandeiras e brasões dos municípios do Sul Sergipano............................ 73. Figura 15.. Pórtico do município de Pedrinhas e outros monumentos alusivos a produção de laranja nos municípios de Arauá e Boquim......................... 74. Figura 16.. Áreas com plantio de laranja na Região do Sul Sergipano...................... 79. Figura 17.. Polígono das áreas com plantio de Laranja na Região do Sul sergipano. 80.

(13) LISTA DE ABREVIATURAS APROVALE – Associação de Produtores de Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos ASCISE – Associação de Citricultores de Sergipe ASDEREN – Associação para o Desenvolvimento da Renda Irlandesa de Divina Pastora CEASA - Central de abastecimento do estado de Sergipe CEP - Conselho de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos CEPEA – Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada CT – Conhecimento Tradicional CUB – Convenção da União de Berna CUP – Convenção da União de Paris DO – Denominação de origem EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária EMDAGRO – Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe EPI – Equipamento de proteção individual GE – Google Earth IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IG – Indicação Geográfica IGP – Indicação Geográfica Protegida INPI- Instituto Nacional de Propriedade Industrial IN – Instrução Normativa IP- Indicação de Procedência LPI – Lei de Propriedade Industrial LPC – Lei de Proteção de Cultivares MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento MDIC – Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior OMC – Organização Mundial do Comércio OMPI – Organização Mundial da Propriedade Intelectual ONU – Organização das Nações Unidas PAA - Programa de Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar PAM – Pesquisa Agrícola Municipal PETI - Programa de Erradicação do Trabalho Infantil PI – Propriedade Intelectual PIB – Produto Interno Bruto.

(14) PPGPI– Programa de Pós-Graduação em Ciência da Propriedade Intelectual SEAGRI – Secretaria Estadual de Agricultura SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas SLCC ou FCOJ - Suco de laranja concentrado e congelado ou Frozen Concentrated Orange Juice SNPC - Serviço Nacional de Proteção de Cultivares TRIPS ou ADPIC – Agreementon Trade-Related Aspects of Intellectual Property Rights ou Acordo sobre Aspectos dos Direitos Relacionados ao Comércio UE – União Européia.

(15) SUMÁRIO. 1 INTRODUÇÃO................................................................................................................ 16. 1.1 Objetivos.................................................................................................................. 18. 1.1.1 Objetivo Geral................................................................................................ 18. 1.1.2 Objetivos Específicos..................................................................................... 18. 1.2 Justificativa.............................................................................................................. 18. 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA................................................................................. 20. 2.1 Propriedade Intelectual............................................................................................ 20. 2.1.1 Direito autoral................................................................................................ 23. 2.1.2 Propriedade Industrial.................................................................................... 24. 2.1.3 Proteção Sui generis...................................................................................... 25. 2.2 Indicação Geográfica............................................................................................... 27. 2.2.1 Conceitos, importância e histórico................................................................ 27. 2.2.2 Aspectos legais e requisitos: como ocorre a proteção por IG........................ 29. 2.2.3 Gestão de IG e impactos socioeconômicos................................................... 32. 2.2.4 Panoramas internacional, nacional e local das IG......................................... 34. 2.2.5 Indicação geográfica de produtos do Agronegócio: busca por potenciais e delimitações de área de produção........................................................................... 39. 2.3 Agronegócio de produção de laranja: cenários nacional e sergipano...................... 42. 3. MATERIAL E MÉTODOS............................................................................................ 48. 3.1 Busca pelas fontes de evidência.............................................................................. 48. 3.2 Análise dos dados.................................................................................................... 52. 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES.................................................................................. 55. 4.1 Caracterização da cadeia produtiva da laranja produzida no Sul Sergipano........... 55. 4.2 Ligação do produto laranja ao Sul sergipano........................................................... 64. 4.3 O produto laranja do Sul sergipano como Indicação de Procedência...................... 72. 4.4 O produto laranja do Sul sergipano como Denominação de Origem...................... 76.

(16) 4.5 Áreas de produção de laranja no Sul sergipano e sua localização........................... 78. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................... 82. 5.1. Sugestões para trabalhos futuros............................................................................ 85. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................................. 86. APÊNDICE.......................................................................................................................... 95.

(17) 16. 1 INTRODUÇÃO. A proteção por Indicação Geográfica (IG) tem sido considerada uma ferramenta estratégica de mercado para as organizações comerciais em todo o mundo, uma vez que para sobreviver no mercado competitivo e ampliar os negócios, elas precisam diferenciar seus produtos e serviços em relação à concorrência e assim conseguir atender consumidores que têm exigido qualidade superior e satisfação de suas necessidades ao realizar a aquisição de um bem ou serviço (GONÇALVES, 2008). Nesse contexto, produtos e serviços com IG, os quais são caracterizados por apresentar características singulares de uma determinada região, ganham destaque mercadológico, pois os consumidores atualmente estão interessados em adquiri-los pela diferenciação, singularidade, tradição e garantia do modo de produção local (GLASS; CASTRO, 2009). A diferenciação por meio de IG de acordo com Gonçalves (2008) é alcançada com a declaração de órgão oficial reconhecendo as qualidades pela procedência e origem dos produtos e serviços de uma determinada região, que ao chegar ao conhecimento do mercado consumidor ganham destaque em relação a outros concorrentes. O interesse pela proteção por IG no mundo, assim como por outras modalidades de propriedade industrial, iniciaram no final do século XIX e início do século XX, por meio de acordos internacionais de proteção da Propriedade Intelectual (PORTO, 2007). No Brasil é vigente a Lei nº 9.279/96, que dispõe sobre o Direito de Propriedade Industrial e define que a IG é classificada em duas modalidades: Indicação de Procedência (IP), considerando que determinados produtos tornam-se conhecidos por serem fabricados em uma área geográfica delimitada, e Denominação de Origem (DO), cujos produtos de determinada área geográfica delimitada são influenciados por fatores naturais e humanos (BRASIL, 1996). De acordo com Barros (2007) o órgão brasileiro encarregado da avaliação e registro de IG é o Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). Segundo Correia (2006), diversos estudos sobre IG já foram realizados no Brasil e no mundo, a maioria descrevendo conceitos, aplicações e casos de sucesso das IG, ressaltando o desenvolvimento e a valorização de regiões após conseguir o registro de suas áreas produtoras por IP ou por DO. Mas quando se trata de mapeamento de produtos potenciais para futuras IG no agronegócio, setor de grande importância para a economia brasileira, observa-se que existe uma lacuna nesse tipo de estudo em Sergipe, mesmo considerando a forte atuação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) na busca por produtos.

(18) 17. potencias em nível nacional (MAPA, 2014). A importância do agronegócio no país é demonstrada por dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA) e do MAPA, que registraram em 2012 e 2013 uma representação desta atividade da ordem de 22,24% e 22,54% do PIB nacional, respondendo também por 39,5% e 41,28% da pauta de exportações brasileiras nos mesmos períodos (CEPEA, 2014; MAPA, 2014). Por meio de estudo realizado pelo MAPA, no qual foi pesquisado o potencial das cinco regiões do Brasil para o registro de IG para produtos e serviços agropecuários, cuja função é proteger produtos e serviços típicos de determinado local ou região possibilitando a agregação de valor, a preservação das diferentes tradições e a valorização da cultura local, observou-se que não há destaque de produtos do Estado de Sergipe com potencial para futuras proteções regionais por IG (MAPA, 2014). Esse fato denota a necessidade de exploração nesta área, visto que o Estado possui uma gama de produtos do agronegócio que podem ser objeto de análise para futuras proteções por IG. Um desses produtos é a laranja produzida no Território Sul Sergipano. Este é um produto de destaque na economia do Estado e de representatividade no cenário nacional. Segundo dados da Pesquisa Agrícola Municipal (PAM) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Sergipe é atualmente o 5° maior produtor nacional de laranja e em 2011 chegou a ocupar a 3ª colocação. A produção de laranja no estado em 2013 representou 63% de todas as culturas permanentes e o Território Sul Sergipano foi responsável por 81,2% desta produção (IBGE, 2015). Diante de tais constatações em relação à importância da produção de laranja para Sergipe, desenvolveu-se o seguinte problema de pesquisa: Quais elementos indicam que a laranja produzida no Território Sul Sergipano é um produto potencial para ser protegido por Indicação Geográfica? Neste capítulo 1 são apresentados, ainda, os objetivos geral e específicos do trabalho, bem como a justificativa para sua realização. O capítulo 2 é dedicado a fundamentação teórica sobre o tema. Ele apresenta os conceitos basilares para o entendimento da proteção por Indicação geográfica e os cenários nacional e sergipano de produção da laranja, que é o objeto deste estudo. O capítulo 3 caracteriza o trabalho metodologicamente e apresenta os procedimentos que tornaram possível a coleta e análise dos dados. O capítulo 4 apresenta a análise e discussão dos dados coletados. O capítulo 5 traz as conclusões do trabalho e as sugestões para trabalhos futuros..

(19) 18. 1.1 Objetivos. 1.1.1 Objetivo geral. Identificar o potencial que a laranja produzida no Território Sul Sergipano possui para ser protegida por Indicação Geográfica.. 1.1.2 Objetivos específicos. - Caracterizar a cadeia produtiva da laranja produzida no Território Sul Sergipano; - Verificar se a laranja produzida no Território Sul Sergipano enquadra-se potencialmente nos requisitos de proteção por Indicação Geográfica; - Identificar e delimitar as áreas de produção de laranja do Território Sul Sergipano que são passíveis de proteção por indicação geográfica.. 1.2 Justificativa. A exigência por qualidade de produtos e serviços é uma constante dentro do universo mercadológico em que o agronegócio, atividade altamente representativa na economia brasileira, está inserido. Para que seus produtos se mantenham competitivos, é preciso que sejam desenvolvidas estratégias de mercado que consigam diferenciação em relação à concorrência. Este estudo apresenta uma alternativa de diferenciação de produtos por meio da ciência da Propriedade Intelectual (PI), especificamente pela proteção por IG, que é uma das modalidades da Propriedade Industrial, e se mostra como um caminho para a ampliação de mercados por parte das organizações produtoras. A falta de um mapeamento atualizado e com cobertura detalhada, impede que ações locais sejam realizadas para propagação das IG no estado de Sergipe, tanto por parte de órgãos de fomento ao desenvolvimento regional quanto por iniciativa dos produtores locais. A realização de um mapeamento de potencial para IG com a laranja produzida no Território Sul Sergipano, região escolhida pela grande representatividade da produção deste fruto no estado, traz contribuições à ciência da Propriedade Intelectual, na medida em que apresenta informações sobre este tipo de estudo com produtos do agronegócio. Este trabalho oferece oportunidade para que, no futuro, possa servir de base para.

(20) 19. outros estudos de Propriedade Intelectual sobre IG em Sergipe, de forma mais aprofundada, com outros produtos potenciais de outras regiões. Já no campo dos negócios apresenta informações gerais a produtores de laranja do Território Sul Sergipano e a órgãos governamentais de fomento, que passam a ter conhecimento dos ganhos mercadológicos que a proteção por IG pode trazer para os seus empreendimentos e dos requisitos para que a IG possa ser registrada. É também apresentado um mapa indicando a região geográfica produtora de laranja que poderá ser protegida, propiciando futuras ações de expansão de negócios e desenvolvimento regional..

(21) 20. 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA. Este capítulo apresenta conceitos basilares para o entendimento da proteção por Indicação geográfica. Ele explora inicialmente a PI e suas modalidades, destacando alguns marcos legais e as formas de proteção no Brasil. Em seguida são apresentados os conceitos de Indicações geográfica, sua importância, aspectos legais e de gestão, panorama mundial e local, impactos econômicos e sociais e identificação de produtos potenciais do agronegócio e delimitação de área produtiva. São ainda apresentados os cenários nacional e sergipano de produção da laranja, objeto deste estudo.. 2.1 Propriedade Intelectual. A PI tem suas origens nos antigos monopólios. Desde a Roma antiga, mesmo com a prática do livre comércio, o Estado já designava algumas pessoas para exercerem monopólios sobre alguns tipos de alimentos, com a finalidade de aumentar suas receitas. Nessa época, também já existia a proteção legal para os segredos de ofícios, produtos da mente, que eram passados dentro das corporações, como forma de preservar as atividades de sustento da família (DE PAULA, 2009). Outros relatos apresentam registros de proteção datados da segunda metade do século XV, relacionados a autores de obras literárias, cuja proteção era concedida por reis e senhores feudais seguindo critérios dos mais diversificados, dependendo em algumas circunstâncias da simpatia do soberano (DI BLASI, 2005). Ainda segundo esse autor, no Brasil, existem evidências de que a primeira concessão de privilégios foi feita para o inventor de uma máquina de descascar arroz, em 1752. Barros (2007) relata que desde as constituições do império, existem registros de proteção da PI, mesmo que restrita a inventos. Em sentido bem genérico, o conceito de PI é definido pela Organização Mundial de Propriedade Intelectual (OMPI), organismo internacional que promove a PI por meio de cooperação internacional, como sendo o conjunto de direitos legais de propriedade que resultam das criações da mente, tais como invenções, obras literárias, artísticas, projetos, símbolos, nomes e imagens usadas no comércio (OMPI, 2004). Branco et al. (2011) afirmam que o conceito de PI é amplo, sendo empregado no âmbito industrial, científico ou artístico conferindo proteção às criações do intelecto humano e resguardando aos seus inventores ou titulares o direito de dispor de seus objetos, de modo a obter recompensas e reconhecimento por eles. Seguindo essa mesma linha, a OMPI (2003).

(22) 21. concorda que esses direitos permitem às pessoas auferir ganhos de reconhecimento ou benefícios financeiros a partir do que elas inventam ou criam, adequando e equilibrando os interesses dos inovadores com o interesse público. Já para Barbosa (2013), a PI é um capítulo do Direito, amplamente internacionalizado, abrangendo o campo da propriedade industrial, dos direitos autorais e de outros direitos sobre bens imateriais de vários gêneros. A proteção da PI está presente na maioria dos países. Legislações nacionais modernas, desenvolvidas localmente, garantem proteção aos direitos autorais e conexos, da mesma forma que aos de propriedade industrial (PILA, 2010). Duas grandes convenções são apontadas por Silva (2011) como sendo as precursoras do sistema legal de PI: a primeira foi Convenção da União de Paris para a proteção da propriedade industrial (CUP). Este foi o primeiro ato internacional em grande escala, assinado em 1883 (PILA, 2010). A CUP definiu pela primeira vez o escopo da propriedade industrial, indicando as patentes, modelos de utilidade, desenhos industriais, marcas de produto, marcas de serviço, indicações de local ou nome de origem, e a repressão da concorrência desleal como suas modalidades. A segunda foi a Convenção da União de Berna para a proteção dos direitos de autor (CUB), concluída em 1886, revisada e alterada diversas vezes, sendo a última alteração realizada em 1979. A CUB introduziu muitos princípios importantes, os quais na prática se estendem internacionalmente, relativos à proteção nacional de direitos autorais nos países signatários (PILA, 2010). Mais recente, e também de grande importância, foi o acordo internacional denominado de TRIPS (Trade Related Aspects of Intellectual Property Rights), negociado em 1994 na Rodada Uruguai, no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC), traduzido para o português como Acordo Sobre Aspectos do Direito de PI Relacionados ao Comércio. Ele aprofunda a tendência à uniformização internacional dos institutos jurídicos em campo de propriedade intelectual, no qual se insere o tema da propriedade industrial, estabelece princípios básicos quanto à existência, abrangência e exercício dos direitos de PI entre os países signatários, entre eles o Brasil, que aderiu ao TRIPS por meio do Decreto nº 1.355, em 30/12/1994 (PILA, 2010). No Brasil, vigora também a Lei de Propriedade Industrial (LPI), n° 9.279 de 14 de maio de 1996, que dispõe e garante a proteção dos direitos relativos à propriedade industrial, considerando o seu interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País. Esta lei garante proteção através da concessão de patentes de invenções e modelos de utilidade, concessão de registro de desenho industrial, de marca, de repressão às falsas.

(23) 22. indicações geográficas e repressão à concorrência desleal (BRASIL, 1996). O registro dessas proteções legais é realizado no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), autarquia do governo federal brasileiro, criado para esse fim e para executar outras atividades como: análise dos contratos de transferência de tecnologia e disponibilização de acesso à informação tecnológica a partir dos bancos de dados de patentes (SILVA, 2011). Quanto aos seus objetivos, a Propriedade Intelectual busca atribuir aos criadores expressão legal aos seus direitos morais, definidos por Bittar (1994) como sendo os vínculos permanentes que unem o criador a sua obra, defendendo sua personalidade, e aos patrimoniais, que dizem respeito aos proventos gerados e usos econômicos advindos das criações (SANCHES, 2003). Portanto, atribuem aos criadores as suas obras e ao público o direito ao acesso a essas criações, promovendo com um ato deliberado de políticas governamentais, a criatividade, a divulgação e aplicação dos seus resultados para incentivar o comércio justo, trazendo destaque para a contribuição de empreendedores, inventores, cientistas e artistas como indivíduos criadores, os quais passam a dispor de meios para ofertar mundialmente suas criações (BRANCO et al., 2011; OMPI, 2004). A Propriedade Intelectual assume, então, um papel de marco regulatório do comércio global, reunindo, além dos trabalhos da OMPI, os esforços da OMC e da Organização das Nações Unidas (ONU), traçando ações estratégicas para o desenvolvimento de uma política tecnológica industrial em países interessados em obter autonomia tecnológica (BRANCO et al., 2011). Internacionalmente, a OMPI descreve como formas legais ou modalidades de proteção de PI o Direito de Propriedade Industrial, que inclui patentes de invenções, marcas, desenhos industriais e indicações geográficas, o Direito de autor, que abrange as obras literárias (como romances, poemas e peças), filmes, músicas, obras artísticas (desenhos, pinturas, fotografias e esculturas) e projeto arquitetônico. Direitos conexos aos direitos de autor também fazem parte do rol de proteções. E estes incluem artistas em suas performances, produtores de fonogramas em suas gravações, e emissoras em seus programas de rádio e televisão (OMPI, 2014). No Brasil, de acordo com Jungmann (2010), a sistemática legal de proteção da propriedade intelectual tem a estrutura demonstrada na figura 1..

(24) 23. Figura 1: Sistemática legal de proteção de PI.. Direito Autoral. Propriedade Intelectual. Propriedade Industrial. Proteção Sui Generis. Direito do Autor Direitos Conexos Programa de Computador Marca Patente Desenho Industrial Indicação Geográfica Segredo Industrial e Repressão à Concorrência Desleal Topografia de Circuito Integrado Cultivar Conhecimento Tradicional. Fonte: Adaptado de Jungmann (2010). 2.1.1 Direito autoral Direitos do autor e conexos – Regidos no Brasil pela Lei n° 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998, são direitos ligados aos autores como consequência de obra por eles elaborada, expressas por qualquer meio ou fixadas em qualquer suporte conhecido, tangível ou intangível, conhecidos ou que venham a ser inventados. Essas obras intelectuais, passíveis de proteção, reservam aos criadores a exclusividade de exploração, exigindo-se, desta maneira, autorização do autor para qualquer uso público da obra com o intuito de obter lucro. A Fundação Biblioteca Nacional é a responsável por registrar as obras intelectuais originárias do país (BRASIL, 1998; ARAUJO, 2010; BRANCO et al. 2011). Programa de computador – São disciplinados pela Lei n° 9.609, de 19 de Fevereiro de 1998, que os define em seu artigo 1º como sendo: A expressão de um conjunto organizado de instruções em linguagem natural ou codificada, contida em suporte físico de qualquer natureza, de emprego necessário em máquinas automáticas de tratamento da informação, dispositivos, instrumentos ou equipamentos periféricos, baseados em técnica digital ou análoga, para fazê-los funcionar de modo e para fins determinados (BRASIL, 1998).. Segundo Silva (2011), os programas de computador não são regulados pela LPI, por terem sido considerados como pertencentes às legislações de direito autoral. E como tal, independem de registro, mas quando do seu desenvolvimento importa refletir sobre algumas vantagens obtidas na sua proteção jurídica. Ao registrar se ganha com a presunção de autoria daquele que efetuou o registro e com a obtenção de lucro com a transferência dos direitos (BRANCO et al. 2011). E também diferentemente das outras submodalidades do Direito.

(25) 24. Autoral, o registro não é realizado junto à Fundação Biblioteca Nacional, e sim no INPI (SILVA, 2011).. 2.1.2 Propriedade Industrial Patente – De acordo com a OMPI (2003) a patente é um direito exclusivo concedido a uma invenção, um produto ou processo que fornece uma nova maneira de fazer algo, ou que oferece uma nova solução técnica para um problema. Jungmann (2010) a conceitua com base na LPI, definindo-a como um título de propriedade temporária concedido pelo Estado aos que inventam novos produtos, processos ou fazem aperfeiçoamentos destinados à aplicação industrial. Considera ainda que se trata do instrumento de proteção mais utilizado na inovação tecnológica. Desenho Industrial - A definição legal desta proteção encontra-se no Art. 95. da LPI: Considera-se desenho industrial a forma plástica ornamental de um objeto ou o conjunto ornamental de linhas e cores que possa ser aplicado a um produto, proporcionando resultado visual novo e original na sua configuração externa e que possa servir de tipo de fabricação industrial (BRASIL, 1996).. O desenho industrial, diferentemente das invenções, não é patenteável, mas sim registrado no INPI (BRANCO et al. 2011). Marcas - As marcas encontram definição na legislação brasileira nos seguintes artigos da LPI: Art. 122. São suscetíveis de registro como marca os sinais distintivos visualmente perceptíveis, não compreendidos nas proibições legais. Art. 123. Para os efeitos desta Lei, considera-se: I - marca de produto ou serviço: aquela usada para distinguir produto ou serviço de outro idêntico, semelhante ou afim, de origem diversa; II - marca de certificação: aquela usada para atestar a conformidade de um produto ou serviço com determinadas normas ou especificações técnicas, notadamente quanto à qualidade, natureza, material utilizado e metodologia empregada; e III - marca coletiva: aquela usada para identificar produtos ou serviços provindos de membros de uma determinada entidade (BRASIL, 1996).. Barros (2007) apresenta o entendimento de que esta figura jurídica trata-se do conjunto de um ou mais sinais indicativos que individualiza determinado produto ou serviço, ou um grupo deles, necessariamente associado a um empreendimento de qualquer natureza. De acordo com Barbosa (2013) é um símbolo voltado a um fim, que depende da presença de dois requisitos, a capacidade de simbolizar, e a capacidade de indicar uma origem específica, sem confundir o destinatário do processo em que se insere: o consumidor..

(26) 25. Indicação Geográfica - A LPI, em seu artigo 176, denominou de Indicação Geográfica, o conjunto dos sinais distintivos, que recebem proteção por meio do registro em órgão competente, relativo às regiões geográficas que de alguma forma se tornaram conhecidas como centro de produção e prestação de produtos e serviços.. Nos artigos. subsequentes ela define as modalidades de proteção vigentes no Brasil: Art. 177 - Considera-se indicação de procedência o nome geográfico de país, cidade, região ou localidade de seu território, que se tenha tornado conhecido como centro de extração, produção ou fabricação de determinado produto ou de prestação de determinado serviço (BRASIL, 1996). Art. 178 - Considera-se denominação de origem o nome geográfico de país, cidade, região ou localidade de seu território, que designe produto ou serviço cujas qualidades ou características se devam exclusiva ou essencialmente ao meio geográfico, incluídos fatores naturais e humanos (BRASIL, 1996).. O INPI também é o órgão responsável pelo registro de IG, o qual protege os produtos e serviços de uma dada região, vinculados à sua origem (BRANCO et al. 2011). O item 2.2 é dedicado a essa modalidade de proteção, por ser o tema principal deste trabalho. Segredo industrial e repressão à concorrência desleal - O segredo de fábrica ou industrial tem o intuito de preservar a natureza confidencial de uma informação e evitar que tais informações, legalmente sob seu controle, sejam divulgadas, adquiridas ou usadas por terceiros não autorizados, sem seu consentimento. Muito utilizado em áreas onde a pesquisa e o desenvolvimento tecnológico são intensos, traduz-se em estratégia comercial de proteção de ativos intangíveis, garantindo à empresa o direito de exclusividade (JUNGMANN, 2010). A repressão à concorrência desleal é composta de medidas previstas na LPI, as quais encontram respaldo no Artigo 195 e considera crime o ato de quem divulga, explora ou se utiliza, sem autorização, de conhecimentos, informações ou dados confidenciais, utilizáveis na indústria, comércio ou prestação de serviços, excluídos aqueles que sejam de conhecimento público ou que sejam evidentes para um técnico no assunto (BRASIL, 1996; BARBOSA, 2010).. 2.1.3 Proteção Sui generis. A Proteção Sui generis é um regime legal diferenciado, alternativo, composto por figuras jurídicas intermediárias entre a Propriedade Industrial e o Direito Autoral, são, portanto, denominados “híbridos jurídicos”. Nestes, encontram-se a proteção de topografia de circuitos integrados, cultivares e conhecimento tradicional (INPI, 2008). Topografia de circuito integrado - Segundo Araújo (2010), foi aprovada em 2007, no Brasil, a Lei n° 11.484, a qual apresenta em seu Art. 26. inciso II a definição dessa.

(27) 26. proteção: II – topografia de circuitos integrados significa uma série de imagens relacionadas, construídas ou codificadas sob qualquer meio ou forma, que represente a configuração tridimensional das camadas que compõem um circuito integrado, e na qual cada imagem represente, no todo ou em parte, a disposição geométrica ou arranjos da superfície do circuito integrado em qualquer estágio de sua concepção ou manufatura (BRASIL, 2007).. A proteção da topografia de circuito integrado poderá ser concedida a brasileiros e estrangeiros que tenham domicílio no país e seus criadores para terem direito à proteção precisam registrá-la junto ao INPI, sendo que a proteção é valida por 10 anos a contar da data do registro (ARAÚJO, 2010; JUNGMANN, 2010). Cultivares – No Brasil, a Lei n° 9.456, de 25 de Abril de 1997, disciplina a proteção de cultivares. O conceito de cultivar está exposto em seu artigo Art. 3º inciso IV: a variedade de qualquer gênero ou espécie vegetal superior que seja claramente distinguível de outras cultivares conhecidas por margem mínima de descritores, por sua denominação própria, que seja homogênea e estável quanto aos descritores através de gerações sucessivas e seja de espécie passível de uso pelo complexo agroflorestal, descrita em publicação especializada disponível e acessível ao público, bem como a linhagem componente de híbridos (BRASIL, 1997).. A solicitação de proteção de uma cultivar é realizada junto ao Serviço Nacional de Proteção de Cultivares (SNPC), do MAPA. O requerimento de proteção poderá ser feito pelo próprio obtentor, por seu representante legal ou pelo cessionário do direito sobre a cultivar (MAPA, 2011). Conhecimento tradicional – De acordo com Araújo (2010) o Conhecimento Tradicional (CT) pode ser protegido por praticamente todas as modalidades de PI, desde que atenda aos requisitos. Tal conhecimento resulta da atividade intelectual em um contexto tradicional, ou seja, das habilidades, inovações, aprendizados e práticas observadas no estilo de vida tradicional de uma comunidade ou povo e que seja transmitido de geração em geração. Uso de vegetais, micro-organismos ou animais que são fontes de informações genéticas, são exemplos de CT e os índios e outras comunidades ribeirinhas, por exemplo, são povos detentores desse conhecimento (ARAÚJO, 2010; JUNGMANN, 2010). Em seguida são apresentados no item 2.2 os conceitos de Indicação Geográfica, sua importância, aspectos legais e de gestão, panorama mundial e local, impactos econômicos e sociais e identificação de produtos potenciais do agronegócio e delimitação de área produtiva..

(28) 27. 2.2 Indicação Geográfica. 2.1.1 Conceitos, histórico e importância. Desde os tempos antigos, a ligação entre um produto, seu território de produção e seu povo tem sido de grande interesse para humanidade. Mesmo nos textos mais antigos, a descrição dos produtos locais foi usada para esclarecer a identidade das pessoas que vivem em uma área definida (GRAGNANI, 2012). Partindo dessa ideia inicial, o entendimento sobre IG, de acordo com Kakuta et al. (2006), foi sendo desenvolvido lentamente, ao longo do tempo, na medida em que produtores, comerciantes e consumidores comprovaram que alguns produtos de determinados lugares apresentavam qualidades particulares, atribuíveis a sua origem geográfica, e passaram a denominá-los com o nome geográfico da sua procedência. De acordo com a LPI brasileira, em seu artigo 176, constitui Indicação Geográfica a Indicação de procedência ou a Denominação de Origem, conceitos legais determinados pelos artigos 177 e 178 da LPI, já apresentados no capítulo anterior (BRASIL, 1996). Portanto, de acordo com Gonçalves (2008), produtores de uma determinada região que possuam produtos diferenciados, os quais tenham se tornado conhecidos ou que possuam características únicas atribuídas ao meio geográfico, podem requerer junto a órgãos oficiais direito de reconhecimento como área de produção e fazer uso desse nome geográfico em seus produtos. A OMPI considera que a IG é um sinal utilizado para indicar que determinados produtos têm uma origem geográfica específica e possuem qualidades ou uma reputação devido a seu lugar de origem (OMPI, 2003). A IG tem como objetivo servir com uma ferramenta coletiva de promoção. mercadológica, destacando lugares, pessoas e produtos, evocando sua herança históricocultural. Essa herança deve apresentar especificidades relacionadas com uma área de produção e ser gerenciada por um grupo de produtores interessados, que garantam a qualidade na elaboração dos produtos a fim de manter um nome de reconhecida notoriedade (KAKUTA et al., 2006). De acordo com Glass e Castro (2009) elas também são utilizadas como uma forma de proteção legal contra fraudes e falsificações, trazendo segurança comercial aos seus produtores. E a partir do momento que as qualidades dos produtos advindos de sua origem são percebidas pelos consumidores eles ganham reconhecimento, se diferenciam e alcançam.

(29) 28. melhores preços de mercado. Relatos históricos afirmam que a Indicação Geográfica surgiu na Europa, mais precisamente na França, há quase dois séculos, quando produtores de vinho da região de Bordeaux e Borgogne foram convidados para fornecer oficialmente a uma exposição internacional em Paris. Para certificar que os vinhos provinham de tais regiões, os produtores criaram uma classificação que é considerada como a base do que hoje é definido como Indicação Geográfica (RODRIGUES; MENEZES, 2000). Foi na Europa também que o marco jurídico-legal da IG foi desenvolvido e aprimorado com a primeira intervenção estatal em 1756, quando o Marquês de Pombal, Primeiro-Ministro do Reino de Portugal, por meio de um Decreto, registrou legalmente o nome “Porto” para vinhos, criando, assim, a primeira Denominação de Origem protegida do Mundo (OLIVEIRA; WEHRMANN, 2013). Já de acordo com Barros (2007), existem registros mais antigos, que dão conta de que as IG já eram utilizadas por gregos no século IV a.C, os quais já comemoravam as qualidades dos vinho provenientes de Corinto e Rodes. Além dos vinhos, outros produtos são destacados como o famoso mármore de Carrara. Desde essa época os homens já tinham a prática de procurar produtos e serviços advindos de determinadas regiões conhecidos por serem exclusivos ou diferenciados pela qualidade. A primeira IG brasileira foi concedida como Indicação de Procedência em 2002 à Associação de Produtores de Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos (APROVALE), para os produtos vinho tinto, branco e espumante produzidos nas cidades gaúchas de Bento Gonçalves, Garibaldi e Belo Monte do Sul (FLORES, 2011). A importância da IG no cenário mercadológico está relacionada ao contexto da demanda dos consumidores por produtos diferenciados. Citando o exemplo brasileiro, a Embrapa (2003) afirma que o padrão de consumo vem mudando com as crescentes exigências dos consumidores de classe média e alta quanto à qualidade do produto e quanto a sua procedência. Acrescenta ainda que as demandas têm sido associadas aos aspectos de segurança alimentar e de preservação ao meio ambiente. Nesta mesma linha Glass e Castro (2009) destacam que, de uma maneira geral, os consumidores sempre manifestaram interesse em conhecer a origem dos produtos, sobretudo os de função alimentar, e que esse interesse vem crescendo à medida que aumenta a consciência sobre restrições ambientais e sobre a responsabilidade social quanto à produção e à segurança alimentar. Os autores complementam que o consumidor está cada vez mais motivado a consumir produtos diferenciados pela sua singularidade e pela tradição e com.

(30) 29. garantia do modo de produção. Segundo Valente (2012), a globalização, as incertezas relacionadas à procedência dos alimentos e as frequentes crises alimentares trazem anseios por produtos diferenciados, cuja qualidade e procedência possam ser garantidas. Nesse contexto, ganham destaque os produtos com denominação de origem, os quais exercem grande apelo sobre os consumidores, atraídos tanto por características ligadas a um saber fazer único, quanto pela qualidade superior do produto (GLASS;CASTRO, 2009).. 2.2.2 Aspectos legais e requisitos: como ocorre a proteção por IG. Atualmente a proteção às Indicações Geográficas tem respaldo na Lei de Propriedade industrial (LPI) brasileira, nº 9.279/96 (BRASIL, 1996), mas antes da sua entrada em vigor, outros institutos jurídicos, inclusive internacionais, versaram sobre esse direito como, por exemplo, o tratado TRIPS, já apresentado no capítulo de PI, firmado no âmbito da Organização Mundial de Comércio e incorporado no direito brasileiro por meio do decreto 1.355/94. Este acordo, em sua parte II seção 3, declara que as Indicações Geográficas identificam um produto como originário do território de um membro do acordo, ou região ou localidade deste território, quando determinada qualidade, reputação ou outra característica do produto seja essencialmente atribuída à sua origem geográfica (INPI, 2015). Inclusive foi vendo-se do artigo 22 do TRIPS que o Brasil com o objetivo de salvaguardar o nome “cachaça” no âmbito do comércio internacional estabeleceu, por meio do decreto 4.062 de 21 de dezembro de 2001, que este termo está vinculado ao território brasileiro. Portanto qualquer outro país membro do acordo pode fabricar aguardente de cana, mas não pode identificá-la como “cachaça”, pois só o Brasil tem esse privilégio. Até o momento, esse é o único caso de IG reconhecida por decreto (GONÇALVES, 2008). Outro ponto importante em relação à legislação é que diferentemente de países signatários da CUP, como França e outros da Europa, os quais possuem regulamentação para IG apenas de produtos agropecuários, o Brasil, a China e a Índia contemplam em suas legislações a possibilidade de reconhecimento de uma maior variedade de bens que vão desde artesanatos até o reconhecimento de IG de serviços (FERNANDÉZ, 2012). O registro da Indicação Geográfica é realizado no Brasil pelo Instituto Nacional da Propriedade. Industrial. (INPI),. autarquia. federal,. subordinada. ao. Ministério. de. Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), que tem por finalidade precípua “executar as normas que regulam a propriedade industrial, levando em consideração sua.

(31) 30. função social, econômica, jurídica e técnica” (BRASIL, 1970, p.1). As proteções no Brasil podem ocorrer de duas maneiras, por IP e DO. A partir da LPI a Indicação de Procedência determina o território onde o produto foi fabricado, sem que este esteja relacionado especificamente com fatores de diferenciação em relação à qualidade deste produto com outros similares. No caso de IP, é o modo de produção e o aspecto cultural que o faz reconhecido como sendo de qualidade diferenciada em relação aos demais (MAIORKI, 2014). Já o Registro de Denominação de Origem está relacionado com componentes físicoquímicos encontrados nos produtos, que devido às condições geográficas, solo e clima, não poderão ser encontradas em outras regiões. Então, a DO indica que o produto somente pode ser encontrado em determinada região, o que lhe confere uma característica única (MAIORKI, 2014). Ampliando o entendimento, é possível afirmar que as definições de IP e DO adotadas pela legislação brasileira se aproximam da noção de proteção destes institutos na União Européia. Em ambos os casos, as diferenças entre as duas espécies de indicação geográfica são nítidas: na DO, as características geográficas (solo, subsolo, vegetação), meteorológicas (mesoclima) e humanas (cultivo, tratamento, saber-fazer, tradição, cultura) que influenciam todo o processo de produção são determinantes na caracterização e na diferenciação do produto. Na IP não é necessário que a qualidade do produto esteja estreitamente vinculada às características naturais peculiares da região, basta que o bem produzido nessa área possua reputação e notoriedade junto ao mercado consumidor (VALENTE, 2012). Os requisitos, para os registros de indicação Geográfica no Brasil, encontram-se detalhados na Instrução Normativa n° 25/2013 do INPI e podem ser solicitados, de acordo com o seu artigo 5°, na qualidade de substitutos processuais, por associações, institutos e pessoas jurídicas representativas da coletividade legitimada ao uso exclusivo do nome geográfico estabelecidas no respectivo território. Portanto, só os titulares estabelecidos na região reconhecida podem fazer uso do nome geográfico e dele se beneficiar (INPI, 2013). Os artigos 6°, 8° e 9° da IN n° 25/2013 detalham o conteúdo dos pedidos de registro e documentos necessários para conseguir a proteção: Art. 6º. O pedido de registro de Indicação Geográfica deverá referir-se a um único nome geográfico e nas condições estabelecidas em ato próprio do INPI, conterá: I – requerimento (modelo I), no qual conste: a) o nome geográfico; b) a descrição do produto ou serviço; II – instrumento hábil a comprovar a legitimidade do requerente, na forma do art. 5º; III – regulamento de uso do nome geográfico. IV – instrumento oficial que delimita a área geográfica;.

(32) 31. V – etiquetas, quando se tratar de representação gráfica ou figurativa da Indicação Geográfica ou de representação de país, cidade, região ou localidade do território, bem como sua versão em arquivo eletrônico de imagem; VI – procuração, se for o caso, observando o disposto nos art. 20 e 21; VII – comprovante do pagamento da retribuição correspondente (INPI, 2013).. Em relação aos elementos necessários apontados no artigo 6°, merece comentário o regulamento de uso, instrumento no qual constam as regras que nortearão as formas de produção dos produtos, as quais devem ser seguidas pelos produtores (MAPA, 2014). O regulamento de uso não é exigido pela LPI, mas apenas pela IN 25/2013, a qual não esclarece o conteúdo mínimo do regulamento, o que denota uma lacuna legislativa. O fato é que as IG reconhecidas até o momento tem se apoiado no caderno de usos das IG europeias, sendo necessária uma reflexão a cerca dos requisitos e limites mínimos do regulamento (MAPA, 2014). Merece comentário também o instrumento oficial que delimita a área geográfica, este deverá ser elaborado por meio de um estudo sobre toda a área de abrangência da IG (mapas, memorial descritivo, etc.) com a finalidade de determinar a configuração territorial da IG. Este documento deverá ser expedido ou publicado pelo MAPA, no caso de produto agropecuário, ou pela Secretaria de Agricultura do Estado (MAPA, 2015). Art. 8º. Em se tratando de pedido de registro de Indicação de Procedência, além das condições estabelecidas no Art. 6º, o pedido deverá conter: a) documentos que comprovem ter o nome geográfico se tornado conhecido como centro de extração, produção ou fabricação do produto ou de prestação de serviço; b) documento que comprove a existência de uma estrutura de controle sobre os produtores ou prestadores de serviços que tenham o direito ao uso exclusivo da Indicação de Procedência, bem como sobre o produto ou a prestação do serviço distinguido com a Indicação de Procedência; c) documento que comprove estar os produtores ou prestadores de serviços estabelecidos na área geográfica demarcada e exercendo, efetivamente, as atividades de produção ou prestação do serviço (INPI, 2013).. Em relação ao exigido no Artigo 8° faz-se necessário, para comprovar a notoriedade da região, que ela seja conhecida como centro de produção, um levantamento de evidências concretas dessa condição. Portanto, informações contidas em reportagens de jornais, entrevistas, fotografias, livros, entre outros são importantes para demonstrar desde quando a região passou a ser conhecida pela produção do produto em estudo (VALENTE, 2012). É necessário também que haja uma estrutura de controle, a qual fará parte do regulamento de uso e estará descrevendo a qualidade necessária para que o produto possa fazer parte da IG. É nessa estrutura que os produtores encontrarão o padrão que devem seguir para conseguir fabricar dentro das especificações necessárias para comercialização. Citando o exemplo da IG Pampa Gaúcho da Campanha Meridional, no Rio Grande do Sul, pode-se.

(33) 32. perceber que no seu regulamento de uso, artigos 6° e 7°, estão descritas as raças bovinas Angus e Hereford e seus cruzamentos como sendo as únicas aceitas e também a alimentação que essas raças devem consumir para garantir a qualidade da carne (MAPA, 2014). Art. 9º Em se tratando de pedido de registro de Denominação de Origem, além das condições estabelecidas no Art. 6º, o pedido deverá conter: a) elementos que identifiquem a influência do meio geográfico, na qualidade ou características do produto ou serviço que se devam exclusivamente ou essencialmente ao meio geográfico, incluindo fatores naturais e humanos. b) descrição do processo ou método de obtenção do produto ou serviço, que devem ser locais, leais e constantes; c) documento que comprove a existência de uma estrutura de controle sobre os produtores ou prestadores de serviços que tenham o direito ao uso exclusivo da denominação de origem, bem como sobre o produto ou prestação do serviço distinguido com a Denominação de Origem; d) documento que comprove estar os produtores ou prestadores de serviços estabelecidos na área geográfica demarcada e exercendo, efetivamente, as atividades de produção ou de prestação do serviço (INPI, 2013).. Em relação ao pedido de DO são necessárias pesquisas científicas climáticas, geológicas, biológicas e agronômicas em torno do território, realizadas a fim de se comprovar as inter-relações produto-meio (CERDAN, 2009). No caso de IG estrangeiras já reconhecidas em seus países de origem ou em organismos internacionais, estas dispensam as formalidades da IN 25/2013, desde que conste o seu cumprimento no documento oficial que reconhece a IG, anexado ao pedido realizado no INPI (MAPA, 2014). Os crimes contra as IG estão estabelecidos nos artigos 192 e 193 da LPI e permitem ao titular do direito tomar medidas contra aqueles que estejam fabricando, importando, exportando, vendendo, expondo, oferecendo à venda ou mantendo em estoque produto que apresente falsa IG. As medidas podem ser adotadas também contra quem usa em produto, recipiente, invólucro, cinta, rótulo, cartaz ou em outro meio de divulgação ou propaganda, termos retificativos, tais como, tipo, espécie, gênero, semelhante, sucedâneo, idêntico ou equivalente não ressalvando a verdadeira procedência do produto (MAPA, 2015).. 2.2.3 Gestão de IG e impactos socioeconômicos. A gestão das IG é um fator de extrema relevância para o sucesso da organização, seja ela associação, cooperativa ou qualquer outro tipo de pessoa jurídica, que requereu o registro junto ao INPI. O primeiro grande desafio é organizar os produtores para que estes possam manter um nível de qualidade dos seus produtos, pois somente o fato de ter a IG não garante que o produto terá aceitação no mercado (MAIORKI, 2014)..

(34) 33. O segundo grande desafio é formar um Conselho Regulador que irá controlar e orientar a produção, a elaboração e a qualidade do produto da IG, conforme as normas estabelecidas no regulamento de uso. Os diferentes agentes envolvidos na cadeia de produção, do produtor ao distribuidor têm responsabilidades a cumprir para garantir o bom encaminhamento do processo de produção. A depender de como a IG se organiza os conselhos podem ser formados apenas por produtores, ou também podem incluir fornecedores (MAPA, 2014). Ter um bom conselho regulador, capaz de gerir, manter e preservar a IG regulamentada é o alicerce para um sistema de controle eficaz. Com isso os produtores passam também a contar com uma ferramenta operacional e de apoio nas questões que envolvam a garantia da origem e qualidade dos seus produtos, conferindo credibilidade ao processo (MAPA, 2015). Segundo Maiorki (2014), outro desafio para a gestão da IG é manter as pessoas motivadas na manutenção do registro e nos cuidados com o cultivo da matéria prima do produto final. Também é importante ressaltar que esta motivação deve estar relacionada à melhoria da qualidade de vida das pessoas e à realização de projetos pessoais e coletivos. A gestão ainda deve ter a preocupação com o lucro ou retorno no capital investido, que é o objetivo de todo empreendimento comercial, independente de seu porte ou ramo de atuação. Este retorno deve ser utilizado na ampliação da capacidade produtiva. Para que se possa medir este lucro e assim comparar com outras possibilidades existentes, é preciso que sejam criados controles, métodos e instrumentos, para serem apresentados aos membros da cooperativa ou associação. Dentre estes estão o controle custo de produção e o controle de caixa, entrada e saídas de recurso (MAIORKI, 2014). Diante de um mercado competitivo e globalizado, demonstrar organização com uma boa gestão garante que a IG conseguirá assegurar as peculiaridades que valorizam o produto, trazendo satisfação ao consumidor com o fornecimento de um bem de qualidade. Além de ajudar no desenvolvimento da região. Vale observar que não apenas a região delimitada pela IG se desenvolve, mas as regiões vizinhas também, pois uma IG pode gerar uma demanda de mercado para outros territórios em volta da área delimitada (BOECHAT; ALVES, 2011). Ganhos econômicos são relatados de acordo com Kakuta et al. (2006), pois um produto com IG tem maior valor mercadológico por ser um bem inseparável do território de produção, e, assim, passível de direito de uso como propriedade intelectual. Glass e Castro (2009) complementam afirmando que as IG podem conferir originalidade à produção agroalimentar brasileira, diminuir barreiras no mercado externo, bem como propiciar.

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