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Superior Tribunal de Justiça

RECURSO ESPECIAL Nº 963.454 - SC (2007/0143805-5)

RELATOR : MINISTRO PAULO DE TARSO SANSEVERINO

RECORRENTE : LIBERTY PAULISTA SEGUROS S/A

ADVOGADOS : SÉRGIO ALEXANDRE SODRÉ E OUTRO(S)

LODI MAURINO SODRE E OUTRO(S)

RECORRIDO : FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - UNIVALI PROCURADOR : VILSON SANDRINI FILHO E OUTRO(S)

INTERES. : COMPANHIA PAULISTA DE SEGUROS

EMENTA

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO REGRESSIVA. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. INEXISTÊNCIA. VALOR INDENIZATÓRIO. EXCLUSÃO DA FRANQUIA E PRÊMIO. IMPOSSIBILIDADE. RECURSO PROVIDO.

1. Inocorrência de maltrato ao art. 535 do CPC quando o acórdão recorrido, ainda que de forma sucinta, aprecia com clareza as questões essenciais ao julgamento da lide. Ademais, o magistrado não está obrigado a rebater, um a um, os argumentos deduzidos pelas partes.

2. Incabível extirpar do valor indenizatório a ser recebido pela seguradora o montante fixado pelo contrato de seguro à título de franquia, quando a indenização paga ao seu segurado tenha sido integral.

3. Recurso especial provido.

DECISÃO

Vistos etc.

Trata-se de recurso especial interposto por LIBERTY PAULISTA SEGUROS S/A com fundamento na alínea "a" do permissivo constitucional contra acórdão proferido pelo Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina, assim ementado (fl. 296):

EMBARGOS INFRINGENTES - INDENIZAÇÃO - FURTO DE VEÍCULO EM ESTACIONAMENTO DE INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR - RESPONSABILIDADE CIVIL SUBJETIVA - CULPA - OBRIGAÇÃO DE INDENIZAR.

Ocorrendo furto em estacionamento que pertence a estabelecimento público, a responsabilidade é subjetiva, conforme reiterados precedentes da Corte Superior, de forma que, presentes os pressupostos (ação ou omissão culposa, dano e nexo de causalidade),

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afirma-se o dever de indenizar.

Age com culpa in eligendo e in vigilando a Universidade ao permitir a entrada e saída de veículos de suas dependências, assumindo, pois, o encargo de guarda e vigilância, de forma que, ocorrendo o dano, exsurge a obrigação de indenizar.

Consta dos autos que LIBERTY PAULISTA SEGUROS S/A ajuizou ação regressiva em desfavor de FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - UNIVALI, a qual foi julgada procedente pelo juízo de primeiro grau.

Irresignada, a ré interpôs recurso de apelação perante o Tribunal de Justiça catarinense, o qual, por maioria, deu provimento ao reclamo para reformar a sentença de primeiro grau e julgar improcedente o pedido regressivo, conforme a ementa de fl. 237:

RESPONSABILIDADE CIVIL - ENTIDADE EDUCACIONAL - ATO OMISSIVO - RESPONSABILIDADE SUBJETIVA - ESTACIONAMENTO GRATUITO COLOCADO À DISPOSIÇÃO DE ALUNOS E FUNCIONÁRIOS - FURTO - CULPA IN VIGILANDO NÃO CONFIGURADA

A colocação à disposição de alunos e funcionários, de forma absolutamente gratuita, de local para o estacionamento de veículos, não implica o dever de guarda em relação à entidade educacional de fins não lucrativos, ainda mais quando não há qualquer espécie de serviço de segurança ou controle de entrada e saída dos usuários, mas tão-somente funcionários com a função de disciplinar o trânsito.

Inconformada, LIBERTY PAULISTA SEGUROS S/A opôs embargos infringentes perante a Corte de origem.

O Grupo de Câmaras Cíveis do Tribunal a quo deu provimento aos embargos infringentes para restabelecer a sentença de primeiro grau asseverando que, da verba indenizatória, deveriam ser decotados o prêmio pago pelo segurado e a franquia, segundo a ementa acima transcrita.

Opostos embargos de declaração, estes restaram rejeitados no seguintes termos (fl. 343):

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO - AUSÊNCIA DOS PRESSUPOSTOS DE EMBARGALIDADE DO JULGADO - OBJETIVO DE NOVO EXAME SOBRE A MATÉRIA DECIDIDA -

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INADMISSIBILIDADE.

(...)

EMBARGOS DECLARATÓRIOS - ALEGADA OMISSÃO DO JULGADO - INOCORRÊNCIA - OBJETIVO DE PREQUESTIONAR A MATÉRIA.

Em suas razões recursais, a recorrente sustentou violação dos arts. 458, inciso II; 475 e 535, inciso II, todos do Código de Processo Civil, sob o argumento de que o Tribunal de origem negou a devida prestação jurisdicional.

Asseverou que o acórdão recorrido negou vigência aos arts. 128 e 460, ambos do Estatuto Processual Civil, sob o fundamento de que houve julgamento extra petita , vez que o aresto combatido decotou da verba indenizatória a franquia e o prêmio pago pelo segurado.

Requereu o provimento do presente recurso especial, a fim de que seja reformado o acórdão recorrido.

Relatei. Decido.

Inicialmente, no que concerne à alegação de negativa de prestação jurisdicional, verifica-se que as questões submetidas ao Tribunal a quo foram suficiente e adequadamente apreciadas, com abordagem integral do tema e fundamentação compatível.

Amolda-se a espécie, pois, ao massivo entendimento pretoriano no sentido de que "quando o Tribunal de origem, ainda que sucintamente, pronuncia-se de forma clara e suficiente sobre a questão posta nos autos, não se configura ofensa ao artigo 535 do CPC.

Ademais, o magistrado não está obrigado a rebater, um a um, os argumentos trazidos pela parte" (AgRg no Ag 1265516/RS, Rel. Min. JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, Quarta Turma, DJ de 30.06.2010).

Destarte, não se configura ofensa ao art. 535 do Código de Processo Civil.

Por outro lado, sustenta a recorrente em relação ao afastamento do valor referente à franquia que, no caso dos autos, houve a perda total do bem, por ocasião do furto do veículo do segurado nas dependências da recorrida, sendo certo, que a

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indenização foi paga integralmente ao segurado conforme determina a apólice de seguro, razão pela qual, não pode prevalecer o julgado do Tribunal de origem que determinou a dedução da franquia.

Em relação ao prêmio pago pelo segurado, sustenta que o valor é decorrente da contratação do seguro, não cabendo da mesma forma a dedução determinada.

A jurisprudência desta Corte tem entendimento firmado no sentido de que a seguradora tem ação de regresso contra o causador do dano pela importância paga ao segurado, conforme estabelece a Súmula n.º 188/STF:

Súmula n.º 188 - O segurador tem ação regressiva contra o causador

do dano, pelo que efetivamente pagou, até o limite previsto no contrato de seguro.

Verifica-se, ainda, que esta Corte Superior possui precedentes no sentido de que o valor desembolsado a título de franquia deve ser descontado do valor pago à seguradora, conforme a seguinte ementa:

SUB-ROGAÇÃO. INDENIZAÇÃO PEDIDA PELA SEGURADORA QUE QUITOU O SEGURO RELATIVO AO VEÍCULO SEGURADO. EXCLUSÃO DA FRANQUIA.

1. A seguradora sub-roga-se nos direitos do titular da apólice de seguro, sendo parte legítima para a ação regressiva contra o causador do dano.

2. Recurso especial não conhecido. (REsp 600.890/DF, Rel. Ministro

Carlos Alberto Menezes Direito, Terceira Turma, DJ 01/08/2005). Dessa forma, a contrario sensu , quando não há o pagamento do valor referente à franquia à seguradora, deve-se entender incabível extirpar do valor indenizatório a ser recebido pela recorrente o montante fixado pelo contrato de seguro a esse título.

No caso dos presentes autos, houve a perda total do bem, sendo pago por parte da LIBERTY PAULISTA SEGUROS indenização total ao segurado, sem o desconto da franquia, conforme previsto no contrato de seguro.

Ademais, anote-se que não consta dos autos qualquer prova de pagamento do valor da franquia por parte do segurado ou de terceiro.

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recorrente o valor da franquia.

Quanto ao prêmio, igual sorte assiste à ora recorrente, vez que o prêmio pago pelo segurado corresponde ao valor de contratação do seguro, assim não há falar em desconto deste montante.

Ante o exposto, dou provimento ao recurso especial para reformar o acórdão recorrido, a fim de que seja excluída a determinação de dedução da franquia e do valor pago à título de prêmio do seguro.

Publique-se. Intimem-se.

Brasília (DF), 18 de março de 2011.

Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO Relator

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