Registro: 2016.0000812624 ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos de Mandado de Segurança nº 2125732-98.2016.8.26.0000, da Comarca de Limeira, em que são impetrantes JUREMA GIFFONI GULLO DE OLIVEIRA (INVENTARIANTE), WALTER ANTONIO DE OLIVEIRA (ESPÓLIO), M. GULLO DE OLIVEIRA MADEIRAS - EPP e MARCEL GULLO DE OLIVEIRA, é impetrado MM JUIZ DE DIREITO DA 3ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE LIMEIRA.
ACORDAM, em 2ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Por maioria de votos, conheceram do mandado de segurança com observação, contra o voto do relator sorteado que fará declaração de voto. Acórdão com o segundo juiz.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.
O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores ALVARO PASSOS (Presidente sem voto), JOSÉ CARLOS FERREIRA ALVES, vencedor, GIFFONI FERREIRA, vencido e NEVES AMORIM.
São Paulo, 18 de outubro de 2016. José Carlos Ferreira Alves
RELATOR DESIGNADO Assinatura Eletrônica
Mandado de Segurança n° 2125732-98.2016.8.26.0000
Impetrante: JUREMA GIFFONI GULLO DE OLIVEIRA (Inventariante), Walter Antonio de Oliveira (Espólio), M. GULLO DE OLIVEIRA MADEIRAS
EPP, Marcel Gullo de Oliveira
Impetrado: Mm Juiz de Direito da 3ª Vara Cível da Comarca de Limeira Interessado: Lorenzo Flavio de Oliveira (Menor(es) representado(s)) Comarca: Limeira
VOTO nº 26970
EMENTA: MANDADO DE SEGURANÇA Novo Código Processual Civil que estabeleceu hipóteses taxativas para cabimento de agravo de instrumento Possibilidade de impetração do mandado de segurança em face de decisão da qual não caiba recurso com efeito suspensivo Recurso conhecido para análise do mérito pelo Exmo. Desembargador sorteado.
RELATÓRIO.
1. Tendo em vista que o presente voto divergente decorre de divergência estabelecida por este segundo juiz em relação ao relator sorteado, o Desembargador Giffoni Ferreira, que não conheceu do mandado de segurança, peço vênia para transcrever o relatório por ele elaborado.
2. Trata-se de Mandado de Segurança, com pedido de medida liminar, impetrado com o objetivo de declarar a nulidade das decisões
impetradas, tendo em vista a rediscussão de matéria já declarada preclusa em relação à produção da prova pericial.
3. Recurso com processamento bastante.
4. Esse o breve relato.
FUNDAMENTOS.
5. Com a devida vênia, ouso divergir do entendimento do D. Relator Sorteado, para admitir o mandado de segurança.
6. No caso sub judice, às fls. 1142 dos autos de origem, o juízo a quo deferiu a prova pericial com a nomeação do perito judicial, determinando aos réus (ora agravantes) que fizessem o depósito dos honorários. O perito judicial estimou seus honorários e os réus depositaram o valor em juízo (fls. 1189 dos autos de origem).
7. Em sede de agravo de instrumento (2248011.23.2015.8.26.0000), a r. decisão foi reformada para que o ônus dos honorários periciais fossem custeados pela parte que requereu a prova ou pelo autor, se ambas as partes pleitearam a prova pericial.
8. Assim, às fls. 1493 dos autos de origem, o autor (ora agravado) foi intimado para depositar os honorários periciais, cuja publicação ocorreu aos 25 de fevereiro de 2016.
9. Às fls. 1599 foi certificado o decurso de prazo para depósito dos honorários periciais provisórios, de modo que as provas periciais foram dadas como preclusas.
10. Às fls. 1604/1610 o autor, ora agravado, requereu a expedição de ofício ao juízo do inventário para que fosse autorizado o levantamento do depósito judicial para pagamento dos honorários periciais, ocasionando na reconsideração da preclusão das provas periciais pelo juízo a quo, às fls. 1683 e fls. 1696 (em sede de embargos de declaração).
11. Inconformados, os réus impetraram o presente writ, alegando a impossibilidade de interposição de agravo de instrumento e de outro recurso com efeito suspensivo. Sustentam a ocorrência de enormes prejuízos, se a nulidade do despacho for analisada somente em matéria preliminar de recurso de apelação, posto que seria produzido o laudo pericial, mas a matéria estaria preclusa.
12. O Mandado de Segurança é um remédio constitucional que protege direito líquido e certo, não amparado por Habeas Corpus e Habeas Data (art. 5º, LXIX, CF).
13. A Lei nº 12.016/2009, que regula o Mandado de Segurança assim dispõe:
Art. 5º. Não se concederá mandado de segurança quando se tratar:
I - de ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo, independentemente de caução;
II - de decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo;
III - de decisão judicial transitada em julgado.
14. Com efeito, com a publicação do novo Código Processual Civil, as hipóteses de cabimento de agravo de instrumento tornaram-se taxativas.
15. Não estando a r. decisão recorrida dentre as hipóteses elencadas pelo Diploma Processual, restaria à parte que se sentiu prejudicada arguir, em preliminar de apelação, eventual nulidade [ocasião em que haveria toda a instrução processual e dilação probatória para, somente após a sentença, ser analisado, em sede de apelação, a nulidade arguida] ou impetrar remédio constitucional apto a cessar eventual ilegalidade.
16. Theotonio Negrão leciona que “quando incabível o agravo de instrumento, cabe ao interessado, em regra, impugnar a decisão interlocutória ulteriormente, por ocasião da apelação ou das contrarrazões de apelação (v. art. 1009, §1º). Todavia, não se descarta
o cabimento de mandado de segurança contra decisão interlocutória lesiva de direito líquido e certo, quando existente risco de dano grave ou de difícil reparação1”.
17. Neste mesmo sentido é o entendimento da Professora Teresa Arruda Alvim: “A opção do NCPC foi a de extinguir o agravo na sua modalidade retida, alterando, correlatamente, o regime das preclusões (o que estava sujeito à agravo retido, à luz do NCPC, pode ser alegado na própria apelação) e estabelecendo hipóteses de cabimento em numerus clausus para o agravo de instrumento: são os incisos do art. 1.015 somados as hipóteses previstas ao longo do NCPC. (...) Esta opção do legislador de 2015 vai, certamente, abrir novamente espaço para o uso do mandado de segurança contra os atos do juiz. A utilização desta ação para impugnar os atos do juiz, no ordenamento jurídico ainda em vigor, tornou-se muito rara. Mas, à luz do novo sistema recursal, haverá hipóteses não sujeitas à agravo de instrumento, que não podem aguardar até a solução da apelação. Um bom exemplo é o da decisão que suspende o andamento do feito em 1º grau por prejudicialidade externa. Evidentemente, a parte prejudicada não poderia esperar2”.
18. Patente, portanto, é o cabimento do presente writ em face da
1 NEGRÃO, Theotonio. Novo Código de Processo Civil Comentado e Legislação Processual em vigor. 47ª Edição. Editora Saraiva, 2016. Pág. 933.
2 WAMBIER, Teresa Arruda Alvim. Primeiros Comentários ao Novo Código de Processo Civil Artigo por Artigo. Editora Revista dos Tribunais, 2015. Pág. 1453
decisão que reconsiderou a preclusão da prova pericial.
19. Diante do exposto, pelo meu voto, CONHEÇO do MANDADO DE SEGURANÇA para que o mérito da ação seja analisado pelo i. relator sorteado, nos termos da fundamentação supra.
JOSÉ CARLOS FERREIRA ALVES
2º JUIZ
Mandado de Segurança nº 2125732-98.2016.8.26.0000
DECLARAÇÃO DE VOTO Nº 15650
Dissinto respeitosamente da d. Maioria.
Com efeito, não há que se falar em preclusão pela recalcitrância da parte em depositar os honorários, quando o Juiz, em última tentativa para produção de prova que reputa essencial, oportuniza à parte novo prazo para efetuar o depósito dos honorários do Perito; a prova desejada contribuirá para a apuração de verdade real.
Como se sabe, em feitos envolvendo menores, a decisão é facílima: basta que o julgador se atenha ao Princípio do Interesse Integral do Menor, cuja intangibilidade deve ser preservada com todo rigor.
In casu, inexistiu ato ilegal; ao contrário, como bem observou a Procuradora de Justiça, o que se praticou foi uma correção da direção do processo que, se mantida, causaria um prejuízo inestimável ao menor.
Ver que foi usado o REMÉDIO HERÓICO quando a hipótese desafiava alguma das medidas preconizadas pelo Código de Processo Civil, para atingir a decisão oriunda da Autoridade apontada Coatora.
De aí, pois, carece o Autor das condições objetivas para aforamento do presente “WRIT” e a medida intentada não é sucedâneo de recurso.
Pelo exposto, por minha decisão, NÃO SE CONHECIA da medida.
Este documento é cópia do original que recebeu as seguintes assinaturas digitais: Pg. inicial Pg. final
Categoria Nome do assinante Confirmação
1 7 Acórdãos
Eletrônicos
JOSE CARLOS FERREIRA ALVES 4A01D01
8 8 Declarações
de Votos
LUIZ BEETHOVEN GIFFONI FERREIRA 4A55A0F
Para conferir o original acesse o site:
https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/sg/abrirConferenciaDocumento.do, informando o processo 2125732-98.2016.8.26.0000 e o código de confirmação da tabela acima.
