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EXCELENTÍSSIMA SENHORA DOUTORA PROCURADORA FEDERAL DOS DIREITOS DO CIDADÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL.

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EXCELENTÍSSIMA SENHORA DOUTORA PROCURADORA FEDERAL DOS DIREITOS DO CIDADÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL.

MD. DEBORA DUPRAT

CARLOS ALBERTO ROLIM ZARATTINI, brasileiro, economista, no exercício do mandato de Deputado Federal pelo PT/SP e atualmente Líder da Bancada do Partido dos Trabalhadores na Câmara Federal, com endereço na Câmara dos Deputados – Anexo IV – gabinete nº 808, GLEISI HELENA HOFFMANN, brasileira, no exercício de mandato Senadora pelo PT, com endereço no Senado Federal – Ala Senador Teotônio Vilela – gabinete nº 04, BENEDITA SOUZA DA SILVA SAMPAIO, brasileira, no exercício do mandato de Deputada Federal pelo PT/RJ, com endereço na Câmara dos Deputados, Anexo IV – Gabinete 330 – Brasília – DF, MARIA DO ROSÁRIO NUNES, brasileira, no exercício do mandato de Deputada Federal pelo PT/RS, com endereço na Câmara dos Deputados, Anexo IV – Gabinete 312 – Brasília – DF, PAULO FERNANDO DOS SANTOS, brasileiro, no exercício do Mandato de Deputado Federal pelo PT/AL, com endereço na Câmara dos Deputados, Anexo III – Gabinete 366 – Brasília – DF, VICENTINHO PAULO DA SILVA, brasileiro, no exercício do mandato de Deputado Federal pelo PT/SP, com endereço na Câmara dos Deputados, Anexo IV – Gabinete 740 – Brasília (DF), WADIH NEMER DAMOUS FILHO, brasileiro, advogado, Deputado Federal pelo PT/RJ, com endereço na Câmara dos Deputados – Anexo IV – Gabinete 413

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– 70160-900 – Brasília-DF, JANDIRA FEGHALI, brasileira, Deputada Federal pelo PCdoB/RJ, com endereço na Câmara dos Deputados - Gabinete nº 622 - Anexo IV e HUMBERTO SÉRGIO COSTA LIMA, brasileiro, casado, Senador da República pelo PT/PE, com endereço funcional na Esplanada dos Ministérios, Praça dos Três Poderes, Senado Federal, Anexo II, Bloco A, Ala Teotônio Vilela, Gabinete 25, CEP 70.165-900 - Brasília – DF, vêm respeitosamente, perante Vossa Excelência, apresentar, nos termos do art. 5º, caput, incisos XLI, XLII, “a”, da Constituição Federal, art. 5º da Lei Complementar n.º 75/1993 e dispositivos da Lei nº 7.716, de 1989, a seguinte, PAULO ROBERTO GALVÃO DA ROCHA, brasileiro, no exercício do mandato Senador pelo PT, com endereço – Ala Senador Teotônio Vilela – Gabinete 08. ERIKA JUCÁ KOKAY, brasileira, no exercício do mandato de deputada federal pelo PT, no endereço – anexo IV – Gabinete 203

REPRESENTAÇÃO

Em face do Senhor Deputado Federal pelo PSC/RJ JAIR MESSIAS BOLSONARO, brasileiro, casado, Militar, com endereço na Câmara dos Deputados – Anexo III – Gab. 482 – Brasília (DF), pelos fatos e fundamentos a seguir expostos.

I – Dos fatos.

Com efeito, em palestra realizada no Clube Hebraica no Rio de Janeiro, no dia 03.04.17, o parlamentar ora Representado, reverberando mais um discurso de ódio e de intolerância que tem marcado sua atuação no Parlamento e fora dele, notadamente contra os direitos humanos e as

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minorias, assacou diversas ofensas contra as comunidades indígenas e quilombolas, violando o disposto nos incisos XLI e XLII da Constituição Federal e dando azo, conforme se verá em seguida, à prática de condutas tipificadas como crime na Lei nº 7.716, de 1989, além violar direitos fundamentais inscritos em Tratados e Convenções Internacionais já incorporados ao ordenamento jurídico nacional.

Nessa toada, destaca-se, desde logo, alguns excertos da fala externada pelo Parlamentar Representado no evento acima destacado:

[...]

Pode ter certeza que se eu chegar lá não vai ter dinheiro para ONG. Se depender de mim, todo cidadão vai ter uma arma de fogo dentro de casa. Não vai ter um centímetro demarcado para reserva indígena ou para quilombola.

...

Onde tem uma terra indígena, tem uma riqueza embaixo dela. Temos que mudar isso daí.

Eu fui num quilombo. O afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas. Não fazem nada! Eu acho que nem para procriador ele serve mais. Mais de R$ 1 bilhão por ano é gastado com eles. [...]

Veja Senhora Procuradora que de forma livre, consciente e deliberada, sem qualquer indução ou provocação prévia, que se existente

seria despicienda para a configuração dos delitos ao final perpetrados, o

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populações indígenas e as comunidades descendentes de quilombos, além de se posicionar contra o reconhecimento de direitos fundamentais inatos desses segmentos da sociedade brasileira, acertadamente positivados no texto constitucional, o que afasta, de modo peremptório, a incidência do crime de mera Injúria Racial, direcionando, sua conduta, como dito, para a prática do delito de Racismo.

As condutas do Representado vieram à baila eivadas de elevada reprovação social, na medida em que deliberadamente, procurou desumanizar toda uma população representativa da sociedade brasileira, tratando-os como se fosse animais, quando os equipara a gados (arroba) ou mesmo como se configurassem seres humanos descartáveis ou incompletos

(...não servem nem para procriar...), o que denota o elevado desprezo com

que se pautou o Representado nas referências aos indígenas e quilombolas, percorrendo, desta feita, todos os elementos objetivos e subjetivos configuradores do delito tipificado no artigo 20 da Lei acima destacada, que define e repudia, à luz do texto constitucional e dos tratados internacionais, os crimes de Preconceito de raça e cor.

Não se trata de apenas mais um discurso racista, recheado de intolerância e ódio dentre tantos já proferidos pelo Representado na Tribuna da Câmara dos Deputados e em outros fóruns, mas de ações e condutas, deliberadamente realizadas, sempre com elevado dolo e insensibilidade social, visando claramente alcançar a figura típica do delito de racismo, o que demanda, consequentemente, a adoção, pelo Estado brasileiro, de medidas e providências que permitam, por intermédio da persecução penal, civil e/ou

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administrativa, a oferta de uma resposta estatal que possa estancar, na justa medida, práticas deletérias da espécie.

Não percebeu ainda o Representado que o País evoluiu, a sociedade acordou e não aceita, não compactua e não silenciará jamais diante de condutas desse jaez. Foi o que se viu há pouco tempo, quando a população brasileira e suas instituições responderam indignados, mas sempre dentro das balizas legais, aos ataques racistas perpetrados contra uma apresentadora de TV e, também, em face de duas conhecidas atriz e cantora brasileira, demonstrando que esse tipo de crime, que essas ações e condutas ofensivas, agora praticada com exacerbada gravidade pelo Parlamentar, devem ser repudiadas, na medida em que não terão qualquer acolhida numa Nação cuja pluralidade étnica a construiu.

Causa espanto, por outro lado, que as ofensas tenham sido proferidas e que o crime tenha sido praticado, quiçá sob aplausos dos presentes, num espaço representativo de uma comunidade que também historicamente sofreu as agruras do preconceito e da intolerância.

Há que se afirmar, ainda, que as ações do Representado não ofenderam ou atingiram apenas as populações indígenas e as comunidades quilombolas, na medida em que se voltaram contra a própria legalidade da estrutura democrática representada pelo Estado Brasileiro, no que viola também, diversos princípios que informam o Estado de direito, permitindo, desta feita, a apuração dos fatos à luz da lei de improbidade administrativa.

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De mais a mais, entendem as Representantes e os Representantes, que as ofensas perpetradas visavam macular de modo indelével e coletivo a própria dignidade das populações indígenas e das comunidades quilombolas, o que permite a busca de uma reparação moral coletiva por intermédio desse Ministério Público Federal.

Não se pode perder de vista que as populações indígenas e as comunidades descendentes de quilombos são destinatárias, na ordem constitucional interna e internacional de total proteção, que assegurem seus modos de vida, seus costumes, cultura, tradições etc, de maneira que ações como as que foram adotadas pelo Representado não encontram qualquer guarida legal ou constitucional e devem ser rechaçadas por toda a sociedade brasileira e suas instituições. É o que se espera desse Ministério Público Federal.

Por derradeiro, é importante destacar que o Representado é reincidente nas violações de direitos humanos e em ataques da espécie, de modo que sua conduta social e os caminhos tortuosos por ele trilhado agravam as ofensas aqui delineadas e certamente deverão ser consideradas na persecução penal.

II – Do Direito. Da Configuração dos ilícitos praticados pelo Representado.

A Constituição Federal, em seu artigo 5º, incisos XIL e XLII estatui:

“Art. 5º (...)

XLI – a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais.

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XLII - a prática de racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei.”

Por sua vez, atendendo ao ditame constitucional, a Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989, que define os crimes resultantes de preconceito de raça e cor, estatui em seu artigo 20 o seguinte:

“Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.

Pena – reclusão de 1 (um) a 3 (três) anos e multa.

No mesmo diapasão, a Lei nº 12.288, de 20 de julho de 2010, que institui o Estatuto da Igualdade Racial assevera:

“Art. 1º (...)

Parágrafo único. Para efeito deste Estatuto, considera-se:

I – discriminação racial ou étnico-racial: toda distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada em raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica que tenha por objeto anular ou restringir o reconhecimento, gozo ou exercício, em igualdade de condições, de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural ou em qualquer outro campo da vida pública ou privada;

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(...) CAPÍTULO IV

DO ACESSO À TERRA E À MORADIA ADEQUADA Seção I

Do Acesso à Terra

Art. 27. O poder público elaborará e implementará políticas públicas capazes de promover o acesso da população negra à terra e às atividades produtivas no campo.

Art. 28. Para incentivar o desenvolvimento das atividades produtivas da população negra no campo, o poder público promoverá ações para viabilizar e ampliar o seu acesso ao financiamento agrícola.

Art. 29. Serão assegurados à população negra a assistência técnica rural, a simplificação do acesso ao crédito agrícola e o fortalecimento da infraestrutura de logística para a comercialização da produção.

Art. 30. O poder público promoverá a educação e a orientação profissional agrícola para os trabalhadores negros e as comunidades negras rurais.

Art. 31. Aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras é reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos.

Art. 32. O Poder Executivo federal elaborará e desenvolverá políticas públicas especiais voltadas para o desenvolvimento sustentável dos remanescentes das comunidades dos quilombos, respeitando as tradições de proteção ambiental das comunidades.

Art. 33. Para fins de política agrícola, os remanescentes das comunidades dos quilombos receberão dos órgãos

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competentes tratamento especial diferenciado, assistência técnica e linhas especiais de financiamento público, destinados à realização de suas atividades produtivas e de infraestrutura.

Art. 34. Os remanescentes das comunidades dos quilombos se beneficiarão de todas as iniciativas previstas nesta e em outras leis para a promoção da igualdade étnica.

Todo esse rol de medidas de combate ao racismo e à intolerância e de proteção desses segmentos da sociedade brasileira, foram violados pelas ações e condutas do Representado.

Ainda nessa toada, a Lei 8.429, de 1992 (Improbidade Administrativa prescreve):

“Dos Atos de Improbidade Administrativa que Atentam Contra os Princípios da Administração Pública

Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administração pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições, e notadamente:

I - Praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou diverso daquele previsto, na regra de competência; ”

Como se verifica, a prática da discriminação racial em quaisquer de suas modalidades é expressamente vedada pela Carta da República e pela

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legislação infraconstitucional. Os motivos de tais ações estão associados a uma concepção arcaica de que o valor e as qualidades de uma pessoa podem ser mensurados pela cor de sua pele, o que evidentemente não encontra e não deve encontrar qualquer conforto no atual desenvolvimento da sociedade mundial e dos Estados democráticos.

A Conferência Mundial sobre direitos humanos, ao delinear a Declaração e Programa de Ação de Viena, em 1993, deixou expresso em seu artigo 15 o seguinte, verbis:

“15. O respeito aos direitos humanos e liberdades fundamentais, sem distinções de qualquer espécie, é uma norma fundamental do direito internacional na área dos direitos humanos. A eliminação rápida e abrangente de todas as formas de racismo e discriminação racial, de xenofobia e de intolerância associadas a esses comportamentos deve ser uma tarefa prioritária para a comunidade internacional. Os Governos devem tomar medidas eficazes para preveni-las e combate-preveni-las.”

Não é por outro motivo que o texto constitucional de 1988 tem o racismo como crime inafiançável e imprescritível (artigo 5º, XLII, CF).

Como demonstrado ao norte, as condutas do Representado amoldam-se perfeitamente no tipo penal delineado no artigo 20 da Lei 7.716/89, configurando-se, desta feita, a prática do crime de racismo.

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A propósito, Guilherme de Souza Nucci define esse delito como “o pensamento voltado à existência de divisão dentre seres humanos,

constituindo alguns seres superiores, por qualquer pretensa virtude ou qualidade, aleatoriamente eleita, a outros, cultivando-se um objetivo segregacionista, apartando-se a sociedade em camadas e extratos, merecedores de vivência distinta”. (Leis Penais e Processuais Penais comentadas, SP:RT, 2006, p. 221).

Assim, presentes todos os elementos objetivos e subjetivos para a configuração do delito, entendem as Parlamentares e os Parlamentares que subscrevem a presente Representação que o Procuradoria Federal dos direitos do Cidadão deve acompanhar de forma mais amiúde os graves fatos ocorridos e buscar, junto ao Procurador-Geral da República, na esfera penal, a responsabilização do autor das ofensas, além de atuar pessoalmente nos demais campos civis e administrativos com vistas à total responsabilização do mencionado Parlamentar.

Cobra relevo destacar ainda, que os tratados internacionais de direitos humanos estão a reforçar o valor jurídico dos direitos constitucionais garantidos, de forma que eventual violação do direito importará não apenas em responsabilização nacional, mas também em responsabilização internacional.

Ora, os tratados internacionais de direitos humanos, nesse caso, reforçam a Carta de direitos prevista constitucionalmente, inovando-a, integrando-a e complementando-a com a inclusão de novos direitos. Um

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exemplo é a proibição de qualquer propaganda em favor da guerra e proibição de qualquer apologia ao ódio nacional (como ocorre na postura do Representado), racial ou religioso, que constitua incitamento à discriminação, à hostilidade ou à violência, em conformidade com o art. 20 do Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos e art. 13 (5) da Convenção Americana.

Enfim, é desimportante para a democracia brasileira e para o desenvolvimento de nossa sociedade cor dos cidadãos. A norma de direito fundamental que consagra a proteção à dignidade humana requer a consideração do ser humano como um fim em si mesmo, ao invés de meio para a realização de fins e de valores que lhe são externos e impostos por terceiros.

III – Inexistência, na espécie, da Imunidade Parlamentar.

Não há que se falar, por outro lado, que o Representado está respaldado pela imunidade material. O Supremo Tribunal Federal já decidiu em mais de uma oportunidade que tais prerrogativas não se estendem a palavras, nem a manifestações do congressista, que se revelem estranhas ao exercício, por ele, do mandato legislativo. Nesse sentido, o trecho do voto abaixo:

"Garantia constitucional da imunidade parlamentar em sentido material (CF, art. 53, caput) - que representa um instrumento vital destinado a viabilizar o exercício independente do mandato representativo - somente protege o membro do

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Congresso Nacional, qualquer que seja o âmbito espacial (locus) em que este exerça a liberdade de opinião (ainda que fora do recinto da própria Casa legislativa), nas hipóteses específicas em que as suas manifestações guardem conexão com o desempenho da função legislativa (prática in officio) ou tenham sido proferidas em razão dela (prática propter officium), eis que a superveniente promulgação da EC 35/2001 não ampliou, em sede penal, a abrangência tutelar da cláusula da inviolabilidade. - A prerrogativa indisponível da imunidade material - que constitui garantia inerente ao desempenho da função parlamentar (não traduzindo, por isso mesmo, qualquer privilégio de ordem pessoal) - não se estende a palavras, nem a manifestações do congressista, que se revelem estranhas ao exercício, por ele, do mandato legislativo. A cláusula constitucional da inviolabilidade (CF, art. 53, caput), para legitimamente proteger o Parlamentar, supõe a existência do necessário nexo de implicação recíproca entre as declarações moralmente ofensivas, de um lado, e a prática inerente ao ofício congressional, de outro."(Inq-QO 1024 / PR - PARANÁ QUESTÃO DE ORDEM NO INQUÉRITO Relator(a): Min. CELSO DE MELLO Julgamento: 21/11/2002 Órgão Julgador: Tribunal Pleno Publicação: DJ 04-03-2005) (g.n).

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Em outras palavras, a imunidade parlamentar não é absoluta. É o que vem afirmando, em precedentes, o Supremo Tribunal Federal:

EMENTA: QUEIXA-CRIME. CRIMES DE DIFAMAÇÃO E INJÚRIA. ALEGAÇÕES PRELIMINARES DE IMUNIDADE PARLAMENTAR E “LEGÍTIMO EXERCÍCIO DA CRÍTICA POLÍTICA”: INOCORRÊNCIA. PRECEDENTES. PRELIMINARES REJEITADAS. ABSOLVIÇÃO QUANTO AO CRIME DE DIFAMAÇÃO. PRESCRIÇÃO DA PRETENÇÃO PUNITIVA ESTATAL DO CRIME DE INJÚRIA. AÇÃO PENAL JULGADA IMPROCEDENTE. 1. A preliminar de imunidade parlamentar analisada quando do recebimento da denúncia: descabimento de reexame de matéria decidida pelo Supremo Tribunal. 2. Ofensas proferidas que exorbitam os limites da crítica política: publicações contra a honra divulgadas na imprensa podem constituir abuso do direito à manifestação de pensamento, passível de exame pelo Poder Judiciário nas esferas cível e penal. 3. Preliminares rejeitadas. 4. A difamação, como ocorre na calúnia, consiste em imputar a alguém fato determinado e concreto ofensivo a sua reputação. Necessária a descrição do fato desonroso. Fatos imputados ao querelado que não se subsumem ao tipo penal de difamação; absolvição; configuração de injúria. 5. Crime de injúria: lapso temporal superior a dois anos entre o recebimento da denúncia e a presente data: prescrição da pretensão punitiva do Estado. 6. Ação

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penal julgada improcedente. (AP 474, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, Tribunal Pleno, julgado em 12/09/2012, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-026 DIVULG 06-02-2013 PUBLIC 07-02-2013)

"A garantia constitucional da imunidade parlamentar em sentido material (CF, art. 53,caput) – destinada a viabilizar a prática independente, pelo membro do Congresso Nacional, do mandato legislativo de que é titular – não se estende ao congressista, quando, na condição de candidato a qualquer cargo eletivo, vem a ofender, moralmente, a honra de terceira pessoa, inclusive a de outros candidatos, em pronunciamento motivado por finalidade exclusivamente eleitoral, que não guarda qualquer conexão com o exercício das funções congressuais." (Inq 1.400-QO, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 4-12-2002, Plenário, DJ de 10-10-2003.) No mesmo sentido: Pet 4.444, Rel. Min. Celso de Mello, decisão monocrática, julgamento em 21-10-2008, DJE de 28-10-2008.

Configurados, nesse sentido, a responsabilidade penal, administrativa e civil do Representado em função das condutas ilícitas por ele perpetradas.

IV – Do Pedido.

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a) Seja recebida a presente Representação e após a adoção das medidas cabíveis, dê-se a devida ciência ao Senhor Procurador-Geral da República para que este promova, observado a prerrogativa de foro que detém o Parlamentar, as investigações penais pertinentes e, ao final, oferte denúncia em face do Representado, pela prática do crime de racismo tipificado no artigo 20 da Lei nº 7.716, de 1989;

b) Seja instaurado por essa Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão, inquérito civil público com vistas a apuração de atos de improbidade administrativa por violação aos princípios da Administração Pública pelo Representado;

c) Seja avaliado a possibilidade de propositura, por esse Ministério Público Federal, de Ação de Reparação Moral por danos coletivos, em face da violação da dignidade dos membros de todas as populações indígenas e comunidades quilombolas;

d) Requer-se, ainda, sejam requisitadas por esse Ministério Público, as imagens do evento realizado na Hebraica Rio para o fim de juntada a esta Representação, além de outras gravações da palestra proferida pelo Representado, sobre os fatos acima descritos.

Na oportunidade, faz-se a juntada dos seguintes documentos, disponíveis nos meios de comunicação:

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b) Matérias publicadas na Imprensa acerca do ocorrido.

Termos em que

Pede e Espera deferimento. Brasília (DF), 06 de abril de 2017.

CARLOS ALBERTO ROLIM ZARATTINI Deputado Federal pelo PT/SP

GLEISI HELENA HOFFMANN Senadora da República pelo PT/PR

BENEDITA SOUZA DA SILVA SAMPAIO Deputada Federal pelo PT/RJ

MARIA DO ROSÁRIO NUNES Deputada Federal pelo PT/RS

PAULO FERNANDO DOS SANTOS Deputado Federal pelo PT/AL

VICENTINHO PAULO DA SILVA Deputado Federal pelo PT/SP

WADIH NEMER DOMOUS FILHO Deputado Federal pelo PT/RJ

JANDIRA FEGHALI

Deputada Federal pelo PCdoB/RJ

HUMBERTO SÉRGIO COSTA LIMA Senador da República pelo PT/PE

PAULO ROBERTO GALVÃO DA ROCHA Senador da República pelo PT/PA

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ERIKA JUCÁ KOKAY Deputada federal pelo PT/DF

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