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ANO É MARCADO POR PREÇO DE LEITE RECORDE

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ANO É MARCADO POR PREÇO DE LEITE RECORDE

Por Daniel M. Velazco-Bedoya, analista, equipe Leite Cepea

Para o pecuarista de leite, 2013 foi um ano atípico. Enquanto os custos de produção se mantiveram estáveis, os preços do leite pagos ao produtor subiram em praticamente todo o ano, atingindo patamares recordes.

Após a forte elevação dos custos de produção ocorrida em 2012, no acumulado de janeiro a outubro de 2013, a média Brasil (BA, GO, MG, SP, PR, SC e RS) registrou pequenos aumentos, de 1,3% para o COE (Custo Operacional Efetivo) e de 1,42% para o COT (Custo Operacional Total). Por outro lado, o preço do leite pago ao produtor, de janeiro a outubro, subiu significativos 25,5%. Esses são resultados de pesquisas realizadas pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, em parceria com a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil).

Apesar da relativa estabilidade dos custos na média Brasil, as variações foram distintas entre os estados acompanhados. No acumulado de 2013 (até outubro), Minas Gerais, Bahia e Goiás tiveram aumentos de 4,13%, 2,9% e 1,65%, respectivamente, no COE. Essas variações estiveram atreladas, principalmente, aos aumentos no custo da mão de obra, por conta do reajuste salarial no início do ano. Ao contrário do observado em outros estados, em Minas Gerais, a alta no custo também se deve à elevação gradativa nos gastos com concentrado, de 5% no acumulado de 2013.

No geral, para a alimentação, houve queda nos preços dos insumos que compõem o item concentrado. Dentre os fatores que influenciaram as baixas estão o fato de o Brasil ter produzido safra recorde de grãos, puxada principalmente pela soja e pelo milho, e a recuperação da produção dos EUA, depois da estiagem de 2012. Devido à demanda externa aquecida, os preços da soja não tiveram reduções tão expressivas como as observadas para o milho.

O grupo “concentrado” representou a maior parcela dos custos do produtor de leite (42,27% do COE), na média Brasil, no decorrer de 2013, seguido por gastos com mão de obra (14,9%) e silagem (14,08%). Os custos com “alimentação”, considerando-se a soma dos grupos “concentrados”, “silagem”, “suplementação mineral”, “manutenção de forrageiras perenes” e “forrageiras anuais”, representaram 63,8% do Custo Operacional Efetivo do pecuarista de leite neste ano.

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subiram em praticamente todo o ano de 2013, com o movimento de alta se enfraquecendo em outubro, quando o mercado consumidor não conseguiu mais absorver as valorizações dos produtos lácteos.

A redução dos custos da alimentação e a alta no preço do leite, por sua vez, favoreceram o aumento dos investimentos de produtores de leite na dieta dos animais e, consequentemente, a produção nacional. Apesar do crescimento na captação de leite no decorrer de 2013, a oferta de matéria-prima não chegou a ser suficiente para acompanhar a demanda, que esteve bastante aquecida. O ano foi marcado pela recuperação das margens da atividade.

Figura 1 – Variações acumuladas estaduais e da média Brasil em 2013 (de janeiro a outubro) do Custo Operacional

Efetivo (COE) e do Custo Operacional Total (COT). Base 100 = Dez/2012.

Fonte: Cepea/CNA.

Figura 2 – Variação acumulada dos custos (COE e COT) e da receita do pecuarista de leite na média Brasil (BA, GO,

MG, SP, PR, SC e RS), de janeiro a outubro de 2013. Base 100 = Dez/2012.

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MESMO COM MAIOR PRODUÇÃO, DEMANDA FIRME SUSTENTA ALTA DE PREÇOS EM 2013

Por Natália Grigol, analista, equipe Leite Cepea

Analisando-se a série histórica de captação de leite no Brasil, do Cepea, verifica-se movimento crescente na

produção nacional, com períodos sazonais dentre os anos. No geral, em todos os períodos em que há pico de

produção (safra), o resultado é queda nos preços do leite – e alta nos valores nos momentos de entressafra. Em

2013, no entanto, o cenário é diferente. O volume captado, segundo dados do Cepea, começou a crescer em

maio e seguiu em alta até outubro (dado mais recente). Apesar disso, os valores do leite registraram aumentos

sucessivos, atingindo patamares recordes. Mesmo com a produção elevada, os valores foram impulsionados

pela demanda por leite e derivados bastante aquecida em praticamente todo o ano.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção nacional de leite apresenta

crescimento desde 1996. Em 2012, o Brasil produziu pouco mais de 32,3 bilhões de litros, 0,6% acima do

registrado em 2011 e 74,5% superior ao volume de 1996. Segundo o Índice mensal de Captação de Leite

(ICAP-Leite), de janeiro a outubro de 2013, a produção de leite aumentou 3,5% frente ao mesmo período de

2012. De acordo com dados do IBGE, no primeiro semestre de 2013, especificamente, a aquisição de leite pelas

indústrias no Brasil aumentou apenas 0,23% frente ao mesmo período de 2012.

Do lado da demanda, colaboradores do Cepea relataram que permaneceu firme no correr de todo o ano, mesmo

com os aumentos contínuos nos preços do leite e dos derivados. Considerando-se dados do IBGE e também da

Secex (Secretaria de Comércio Exterior), o consumo de leite per capita cresceu 33,2% entre 1996 e 2012 (ou

2,0% ao ano). Em 2012, o brasileiro consumiu 172,49 kg de leite, quantidade bastante inferior aos 210

kg/habitante/ano recomendados pelo Ministério da Saúde.

Em 2012, 3,8% do total de equivalente de leite consumido no país foram importados em sua forma natural ou

de derivados. De janeiro a outubro de 2013, no entanto, o volume importado pelo Brasil caiu 7% frente ao

mesmo período de 2012, segundo dados da Secex.

Neste ano, a economia brasileira mostrou sinais de fragilização. A inflação e incertezas macroeconômicas

frearam os investimentos e, consequentemente, o crescimento econômico foi limitado. Assim, o fluxo de capital

externo também diminuiu e o Real se desvalorizou. Esse cenário, por sua vez, influenciou o comércio

internacional do País, inclusive o de lácteo, que teve suas importações reduzidas.

Com o novo patamar de preço do leite, agentes do setor se atentam, agora, à movimentação da demanda nos

próximos meses. O setor tenta avaliar se esse novo patamar de preço do leite e o consumo por derivados serão

sustentados em 2014.

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Tabela 1 – Produção, população, consumo aparente e per capita no Brasil nos anos de 2000 a 2012.

ANO Produção de Leite (mil litros) População Brasileira Consumo Aparente (milhões de kg) Consumo aparente per capita (kg/habitante) 1996 18.515.391 161.323.169 20.893 129,51 1997 18.666.011 163.779.827 20.571 125,60 1998 18.693.915 166.252.088 20.907 125,75 1999 19.070.048 168.753.552 21.398 126,80 2000 19.767.206 171.279.882 21.479 125,40 2001 20.509.953 173.821.934 21.234 122,16 2002 21.642.780 176.391.015 22.968 130,21 2003 22.253.863 178.985.306 22.635 126,46 2004 23.474.694 181.586.030 23.440 129,08 2005 24.620.859 184.184.264 24.609 133,61 2006 25.398.219 186.770.562 25.408 136,04 2007 26.137.266 183.989.711 25.813 140,30 2008 27.585.346 189.612.814 27.029 142,55 2009 29.105.495 191.480.630 29.606 154,61 2010 30.715.460 190.747.855 31.237 163,76 2011 32.096.214 192.379.287 33.189 172,52 2012 32.304.421 193.946.886 33.455 172,49

Fonte: IBGE (2013) e MDIC/SECEX (2013), elaborado pelo Cepea.

70 90 110 130 150 170 190 210 ju l/ 0 4 o u t/ 0 4 ja n /0 5 a b r/ 0 5 ju l/ 0 5 o u t/ 0 5 ja n /0 6 a b r/ 0 6 ju l/ 0 6 o u t/ 0 6 ja n /0 7 a b r/ 0 7 ju l/ 0 7 o u t/ 0 7 ja n /0 8 a b r/ 08 ju l/ 0 8 o u t/ 0 8 ja n /0 9 a b r/ 0 9 ju l/ 0 9 o u t/ 0 9 ja n /1 0 a b r/ 1 0 ju l/ 1 0 o u t/ 1 0 ja n /1 1 a b r/ 1 1 ju l/ 1 1 o u t/ 1 1 ja n /1 2 a b r/ 12 ju l/ 1 2 o u t/ 1 2 ja n /1 3 a b r/ 1 3 ju l/ 1 3 o u t/ 1 3

ICAP-L/CEPEA-Esalq/USP Preço Bruto Acumulado

Figura 1 – Comparação do Índice de Captação de Leite (ICAP-Leite) com o preço bruto pago ao produtor da série

histórica do Cepea para os períodos de julho de 2004 a outubro de 2013. Fonte: Cepea-Esalq/USP.

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COM NOVO PATAMAR DE PREÇO DE LEITE, PRODUTOR DEVE SE ATENTAR AO CENÁRIO

MACROECONÔMICO EM 2014

Por Daniel M. Velazco-Bedoya, analista, equipe Leite Cepea

O preço do leite pago ao produtor alterou de patamar no decorrer de 2013. O leite deixou de ser negociado na casa dos centavos e passou a ser comercializado na casa do real desde junho deste ano, quando considerada a média Brasil. Os custos de produção, por outro lado, permaneceram relativamente estáveis no decorrer de 2013, lembrando que no ano anterior apresentaram forte elevação.

Diante desse cenário, ainda não é claro para diversos agentes do setor lácteo quais estratégias devem ser tomadas no decorrer do próximo ano. Por enquanto, alguns fatores macroeconômicos podem ser considerados para conseguir analisar o comportamento do setor em 2014.

Dentro do contexto macroeconômico, a taxa de juros, o câmbio e o crescimento econômico são importantes balizadores para entendimento do mercado. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 2013 tem acompanhado o ritmo da inflação elevada dos últimos anos. De janeiro a outubro deste ano, o IPCA registra alta de 4,3%, mesmo percentual verificado em 2012. O Real, por sua vez, se desvalorizou expressivamente em relação ao dólar, com média de R$ 2,13 na parcial deste ano, 10,2% superior ao do mesmo período de 2012. Quanto ao PIB, estimativas indicam crescimento de 2,5% em 2013, inferior à média do crescimento anual de 2002 a 2012, de 3,37%.

Estes números refletem a instabilidade e a incerteza econômica que o país está passando. Para 2014, de acordo com o último Boletim Focus, publicado em novembro pelo Banco Central do Brasil, a tendência é de que a inflação e a taxa de câmbio continuem crescentes. Para a inflação, a expectativa é de aumento de 5,92% no próximo ano, acima do esperado para 2013 (5,82%). Já quanto ao câmbio, estima-se média de R$ 2,35 para o próximo ano, 8,29% superior à expectativa de média para 2013. Por final, as expectativas de crescimento do PIB nacional são limitadas para 2014, de 2,1%.

Neste panorama, o consumo de leite pode diminuir o ritmo de crescimento nos próximos meses. Isso porque a demanda por leite e derivados é relacionada, de forma moderada e forte, respectivamente, à renda da população. Assim, a desaceleração da economia interna pode influenciar uma redução do consumo nacional desses produtos. A alta do dólar, por sua vez, pode reduzir as importações, limitando a oferta de lácteos no mercado nacional.

Do ponto de vista da produção, o pecuarista de leite deve estar atento às oportunidades de investimento de curto e longo prazo que têm em mãos. No curto prazo, investimentos na alimentação são interessantes, pois proporcionam incremento na produção de leite e contribuem para uma boa reprodução. Apesar disso, investimentos de médio e longo prazo, como aquisição de máquinas e construção de benfeitorias, devem ser realizados com cautela, já que produtores precisam se atentar aos movimentos futuros do mercado.

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VARIAÇÃO MENSAL E

ACUMULADA DOS CUSTOS DE

PRODUÇÃO DE LEITE EM OUTUBRO

Estados

COE1 COT2 Preço bruto do Leite3 (R$/litro)

Ponderações outubro-13 Acumulado no ano Acumulado nos últimos 12 meses outubro-13 Acumulado no ano Acumulado nos últimos 12 meses outubro-13 Acumulado no ano Acumulado nos últimos 12 meses Bahia 0,05% 104,09 104,09 0,15% 101,75 101,75 0,94% 124,87 124,87 4,68% Goiás 0,66% 100,67 102,44 0,48% 100,47 101,87 -1,00% 120,56 122,95 13,8% Minas Gerais 0,95% 104,17 105,44 0,80% 104,02 105,11 0,20% 128,99 131,47 34,7% Paraná -0,38% 100,84 100,81 -0,34% 101,21 101,24 2,34% 125,49 131,00 15,1% Rio Grande do Sul -0,93% 98,58 97,71 -0,81% 99,00 98,30 -0,20% 127,46 128,20 15,4% Santa Catarina -0,45% 96,52 96,26 -0,37% 97,14 96,98 -1,31% 123,56 128,23 10,0% São Paulo 0,36% 101,81 103,52 0,38% 101,66 103,14 0,28% 120,61 123,42 6,3%

Brasil4 0,43% 101,31 101,61 0,36% 101,44 101,73 0,74% 125,42 129,16 -

1

Custo Operacional Efetivo; 2Custo Operacional Total; 3Inclui frete e impostos; 4Média ponderada dos estados da BA, GO, MG, PR, RS, SC e SP.

Fonte: Cepea/USP-CNA

Figura 1: Expectativas do IPCA acumulado dos últimos 12 meses mensal, da taxa de câmbio média

dos últimos 12 meses para o fim de cada período e da % do crescimento do PIB para 2013 e 2014.

Fonte: Banco Central do Brasil (2013).

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VARIAÇÃO DOS PRINCIPAIS INDICADORES ECONÔMICOS

Outubro-13 Acumulado no ano Acumulado (últimos 12 meses)

IGP-M 0,86% 4,59% 5,27%

IPCA 0,57% 4,38% 5,84%

Fonte: FGV; IBGE; Elaborado pelo Cepea.

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VARIAÇÕES DOS ITENS QUE COMPÕEM O CUSTO OPERACIONAL EFETIVO (COE) DA PECUÁRIA DE LEITE Média Ponderada para BA, GO, MG, PR, RS, SC e SP*

% em relação ao

COE Variação no mês

Variação Acumulada

outubro-13 outubro-13 jan/13 - out/13

Concentrado 42,27% 0,56% -3,36%

Mão-de-obra contratada para manejo do rebanho 14,97% 0,00% 6,93%

Silagem 14,08% 0,09% 2,25%

Gastos administrativos, impostos e taxas 4,24% 0,00% 0,00%

Medicamentos 3,90% 3,48% 5,27% Forrageiras anuais 3,21% 0,32% 3,04% Energia e combustível 3,18% -0,09% 1,28% Suplementação Mineral 3,11% 1,26% -0,15% Manutenção - Benfeitorias 2,48% 0,00% 0,00% Material de ordenha 2,29% -0,32% -1,68% Manutenção - Máquinas/implementos 1,68% 0,00% 0,00% Assistência técnica 1,48% 0,00% 1,17%

Manutenção - Forrageiras perenes 1,09% 0,05% -3,55%

Inseminação Artificial 1,21% 0,79% 6,14%

Transporte do leite 0,81% 0,00% 0,00%

Outros 0,00% 0,00% 0,00%

*A produção de leite dos 7 estados da pesquisa representa 79% do total produzido no Brasil (PPM-IBGE, 2011). O cálculo é baseado nos painéis de custo de leite e ponderado pela produção dos estados (IBGE), de modo que encontram-se na amostra sistemas de produção distintos em relação aos resultados técnico-econômicos, que refletem a realidade dos produtores naquele momento.

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