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Pode o tipo de letra evitar o esquecimento? um estudo com a letra Sans Forgetica

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Academic year: 2020

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Universidade do Minho

Escola de Psicologia

Dália Vanessa Machado Carvalho

Pode o Tipo de Letra Evitar o

Esquecimento? Um Estudo com a Letra

Sans Forgetica

junho de 2020 UMinho | 2020 Dália Car valho Pode o T ipo de Le tr a Evit ar o Esq uecimento? U m Es tudo com a Le tr a Sans F or ge tica

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Dália Vanessa Machado Carvalho

Pode o Tipo de Letra Evitar o

Esquecimento? Um Estudo com a Letra

Sans Forgetica

Dissertação de Mestrado

Mestrado Integrado em Psicologia

Trabalho realizado sob a orientação do

Professor Doutor Pedro B. Albuquerque

Universidade do Minho

Escola de Psicologia

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DIREITOS DE AUTOR E CONDIÇÕES DE UTILIZAÇÃO DO TRABALHO POR TERCEIROS

Este é um trabalho académico que pode ser utilizado por terceiros desde que respeitadas as regras e boas práticas internacionalmente aceites, no que concerne aos direitos de autor e direitos conexos. Assim, o presente trabalho pode ser utilizado nos termos previstos na licença abaixo indicada.

Caso o utilizador necessite de permissão para poder fazer um uso do trabalho em condições não previstas no licenciamento indicado, deverá contactar o autor, através do RepositóriUM da Universidade do Minho. Licença concedida aos utilizadores deste trabalho

Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual CC BY-NC-SA

https://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/4.0/

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Agradecimentos

Com o aproximar-se do final de uma caminhada de 5 anos, aproveito este espaço para agradecer a todos aqueles que marcaram o meu percurso.

Aos meus pais, as pessoas mais importantes para mim, que me educaram da melhor forma e fizeram de mim uma mulher lutadora e persistente. Agradeço acima de tudo pela oportunidade tão vali-osa que me deram de poder estudar e me formar. Agradeço pela confiança e amor incansáveis.

Às minhas colegas do Grupo de Investigação em Memória Humana que iniciaram comigo esta aventura de escrita de uma Dissertação e foram o meu apoio em vários momentos. Obrigada Bruna Barbosa, Bárbara Matos e Bruna Cunha pela partilha e interajuda.

Ao Grupo de Investigação em Memória Humana agradeço por todo o suporte, disponibilidade e por me fazerem crescer e desenvolver o meu projeto.

Ao Professor Doutor Pedro B. Albuquerque agradeço pela disponibilidade, organização, atenção, apoio, dedicação e orientação ao longo desta jornada. É a verdadeira definição de orientação e acompa-nhamento.

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DECLARAÇÃO DE INTEGRIDADE

Declaro ter atuado com integridade na elaboração do presente trabalho académico e confirmo que não recorri à prática de plágio nem a qualquer forma de utilização indevida ou falsificação de infor-mações ou resultados em nenhuma das etapas conducente à sua elaboração.

Mais declaro que conheço e que respeitei o Código de Conduta Ética da Universidade do Minho.

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Pode o Tipo de Letra Evitar o Esquecimento? Um Estudo com a Letra Sans Forgetica. Resumo

Em 2018 surgiu a letra Sans Forgetica, que combinou conhecimento da Psicologia e do Design com o objetivo de produzir um tipo de letra que melhorasse a memória, a partir da criação de dificuldade dese-jada (Bjork, 1994). Esta é provocada pela disfluência que resulta da utilização de material de estudo em fonte de difícil leitura, como seria o caso do Sans Forgetica. O presente estudo teve como principal objetivo testar este pressuposto, se o Sans Forgetica melhora a memória, e dessa forma se confirma as razões que levaram à sua produção. Foram realizadas duas experiências em que os participantes, após uma tarefa de níveis de processamento, deviam recordar o maior número de palavras possíveis apresen-tadas em Sans Forgetica ou Times New Roman. Não foram encontradas diferenças entre os dois tipos de letra na recordação de palavras, o que sugere que o tipo de letra Sans Forgetica não cria a dificuldade desejada nem beneficia a recordação.

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Can a Font Avoid Forgetfulness? A Study With the Letter Sans Forgetica. Abstract

In 2018, the letter Sans Forgetica appeared, which combined knowledge of Psychology and Design with the objective of producing a type of letter that improves memory, from the creation of the desirable diffi-culty (Bjork, 1994). This is caused by the disfluency that results from the use of study material in a hard-to-read font, as would be the case with Sans Forgetica. The present study had as main objective to test this assumption, if Sans Forgetica improves memory, and in this way the reasons that led to its produc-tion are confirmed. Two experiments were carried out in which the participants, after a task of processing levels, had to remember the largest possible number of words presented in Sans Forgetica or Times New Roman. No differences were found between the two fonts in word recall, which suggests that the Sans Forgetica font does not create the desired difficulty or benefit the recall.

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vii Índice Introdução ... 9 Experiência 1 ... 14 Método ... 14 Participantes ... 14 Planeamento ... 15 Instrumentos e materiais ... 15 Procedimento ... 17 Resultados ... 18 Discussão ... 19 Experiência 2 ... 21 Método ... 21 Participantes ... 21 Planeamento ... 21 Instrumentos e materiais ... 21 Procedimento ... 21 Resultados ... 22 Discussão ... 24 Discussão Geral ... 25 Bibliografia ... 27 Anexo ... 29

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Índice de Tabelas

Tabela 1. Médias, Desvios Padrão, e Resultados das Análises Estatísticas Aplicadas aos Critérios de Seleção dos Conjuntos de Palavras. ... 16

Tabela 2. Proporção Média Relativa da Capacidade de Evocação Correta Face ao Tipo de Res-posta dos Participantes (“sim” vs. “não”) ... 18

Tabela 3. Proporção Média de Evocações Corretas em Função do Tipo de Letra e Nível de Pro-cessamento ... 19

Tabela 4. Proporção da capacidade de recordação face ao tipo de resposta do participante às frases associadas à tarefa de níveis de processamento ... 22

Tabela 5. Proporção de evocações corretas em função do tipo de letra e nível de processamento ... 23

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Introdução

No grande universo da leitura, seja ela de materiais educativos, literatura ou divulgação, o senso comum aconselha a que sejam evitadas fontes ou tipos de letra de difícil leitura. No entanto, Bjork (1994) contrariou o senso comum com a sua proposta do termo dificuldade desejada, concebido como uma barreira ou obstáculo no processo de aprendizagem que, ao exigir uma quantidade de esforço adequada ou desejável, aumenta a retenção e recordação da informação, o que resulta em melhorias a longo prazo na aprendizagem. Assim, o autor mostrou que dificultar uma tarefa cognitiva, por exemplo, omitindo letras de palavras numa tarefa de leitura, aumenta a recordação dessas palavras. Assume-se que as barreiras que os leitores enfrentam no momento da codificação, fazem com que processem os conteúdos de forma mais profunda e esforçada, o que torna esses mesmos conteúdos mais recuperáveis num momento posterior (Bjork & Bjork, 2013). A disfluência, traduzida na sensação de dificuldade associada a tarefas cognitivas, como ler um artigo numa fonte de letra de difícil leitura, é um fenómeno que se enquadra na dificuldade desejada (Oppenheimer, 2008).

Contudo, nem todas as dificuldades são desejadas. Manipulações que atuam como dificuldade desejada num determinado contexto, ou para um indivíduo em particular, podem atuar como dificuldade indesejada noutro contexto, ou para outro indivíduo (McDaniel & Butler, 2010). Quando se trata de uma manipulação na condição dificuldade desejada temos como exemplo o estudo de Craik e Tulving (1975) sobre o efeito da profundidade do processamento na memória episódica das palavras, no qual procuraram explorar os níveis de processamento da memória humana propostos por Craik e Lockhart (1972). Os autores propuseram que o traço de memória poderia ser considerado um subproduto do processamento, considerando que o processamento é composto por uma série de análises sucessivas – desde processamentos sensoriais iniciais a codificações semânticas posteriores, e sugeriram ainda, que a duração ou permanência desse traço estariam associadas à profundidade de processamento. No seu estudo, para cada palavra apresentada, foi utilizado um de três níveis de codificação: nível superficial - consistindo no julgamento de verificação da apresentação da palavra estando escrita em maiúsculas ou minúsculas; nível intermédio – através da avaliação de presença de rima ou não face a uma outra palavra apresentada; e nível profundo – conseguido mediante a realização de um julgamento de adequação do completamento de uma frase com a palavra. Os participantes respondiam pressionando a tecla correspondente à resposta ou julgamento que consideravam corretos e no final desta fase de codificação os participantes descansavam um minuto e depois era solicitado que recordassem o máximo de palavras possível. Os autores concluíram que processamento semântico e profundo produz uma maior

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recordação e que palavras associadas a respostas “sim” são mais recordadas do que palavras associadas a respostas “não” às tarefas de processamento consideradas.

Numa outra linha de investigação sobre a dificuldade desejada através da manipulação da fluência do processamento, Alter e Oppenheimer (2009), referem que as experiências de fluência são um subproduto de uma grande variedade de processos cognitivos e entre eles está a fluência percetiva. A forma mais comum é a manipulação da fonte de letra dos estímulos apresentados: fonte nítida - fluente (e.g., tamanho 12, Times New Roman ou Arial) ou fonte pouco nítida - disfluente (e.g., fonte pequena, cinzenta, em itálico – palavra, ou fonte condensada como Haettenschweiler ou Impact). Assim, o uso de fontes de letra que são um pouco mais difíceis de ler criam disfluência, o que leva os autores a afirmarem que não devem ser ignorados os efeitos da fluência e disfluência na cognição humana. Ou seja, a dificuldade de leitura provocada pelo tipo de letra pode levar a que a leitura do material de estudo seja mais demorada e de difícil apreensão e com isso que aumente a recordação.

Para testar o pressuposto de que a disfluência tem efeito a nível cognitivo, Diemand-Yauman, Oppenheimer e Vaughan (2011) realizaram dois estudos. O primeiro estudo consistiu na apresentação de descrições de espécies alienígenas em diversas fontes disfluentes - tamanho 12, tipo de letra Comic Sans MS ou Bodoni MT, cor 60% em escala cinzenta (e.g., "O pangerish: 3 metros de altura, come vegetais verdes e folhosos, tem olhos azuis") e fonte fluente - tamanho 16, tipo de letra Arial, cor preta (e.g., "

O norgletti: 60 cm de altura, come pétalas de

flores e pólen, tem olhos castanhos

") com o objetivo dessas descrições serem

recordadas mais tarde. Para testarem a memória relativamente às espécies alienígenas apresentadas foram colocadas questões aos participantes (e.g., "Qual é a dieta de pangerish?" ou "Qual é a cor dos olhos de norgletti?"). Como resultado, os autores salientaram a superioridade de desempenho, traduzida em mais respostas corretas, dos participantes expostos a fontes disfluentes comparativamente com os expostos a fontes fluentes. No entanto, não existiam diferenças entre os participantes expostos a diferentes fontes disfluentes, ou seja, o tipo de letra que cria a disfluência não é relevante desde que crie essa disfluência.

Obtido este efeito num contexto laboratorial os autores procuraram perceber se ele se verificava num ambiente mais ecológico, e assim conduziram um segundo estudo em ambiente escolar. Para tal, manipularam o tipo de letra do material de estudo (fichas de trabalho e diapositivos) entregues aos alunos. Na condição disfluente, os materiais eram apresentados em Haettenschweiler, Monotype Corsiva,

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ou seja, os materiais eram entregues aos alunos sem qualquer manipulação pelos investigadores. Os resultados confirmaram os do primeiro estudo, os alunos expostos ao material de estudo com tipo de letra disfluente apresentaram melhores avaliações sobre os conteúdos do que os da condição controlo. Assim, com estes estudos os autores evidenciaram que a retenção de material estudado, seja ele de natureza mais ecológica ou não, pode ser significativamente aumentada quando esse material é apresentado numa fonte de difícil leitura. Desta forma, a disfluência parece funcionar como uma dificuldade desejada, provocando processamento mais profundo através do tipo de letra da palavra.

No entanto, a literatura tem-nos mostrado pouca consistência no efeito da disfluência na recordação. Existem efetivamente estudos que demonstram que a manipulação da disfluência tem efeito na recordação, contudo, quando replicados esses mesmos estudos não são encontrados os resultados esperados. O que leva os investigadores a questionarem-se sobre a generalidade do efeito da disfluência, como o caso de Xie e colaboradores (2018).

Estes autores desenvolveram uma meta-análise com o principal objetivo de fazer uma estimativa do efeito de fontes disfluentes na memória. No que diz respeito aos efeitos da disfluência percetiva na recordação, os investigadores mostraram que os resultados de Diemand-Yauman et al. (2011) quando replicados tornam-se inconsistentes. Poucos são os estudos que apontaram para efeitos positivos do efeito da disfluência, como French et al. (2013) que projetaram um slide de PowerPoint numa turma de adolescentes com a descrição de 8 factos sobre uma estrela fictícia. O tipo de letra da descrição era manipulado com uma fonte fluente - Arial - e com uma fonte disfluente - Monotype Corsiva. Cerca de 35 minutos depois, os alunos, individualmente, realizavam um teste de escolhas múltiplas sobre a descrição. Os estudantes que leram a descrição em fonte disfluente recordaram mais factos do que aqueles que leram em fonte fluente.

Em contraste, existem estudos que evidenciam efeitos negativos da disfluência na recordação como Miele e Molden (2010) que solicitaram aos participantes que lessem uma curta descrição sobre o modo como as notícias televisivas afetam os seus telespetadores e descobriram que os participantes pertencentes à condição de texto disfluente - tipo de letra Juice ITC, tamanho 12, itálico (e.g., Viewers have been allowed...) apresentaram pior recordação da informação do que os pertencentes à condição de texto fluente - tipo de letra Times New Roman, tamanho 12 (e.g., Television newscasts).

Por último, o resultado mais frequente do efeito da manipulação da disfluência na recordação é o resultado nulo. Eitel et al. (2014) decidiram testar os pressupostos opostos que provêm da Teoria da Disfluência (Alter et al., 2007) - a perceção de disfluência serve como pista para um processamento sistemático da informação (i.e., processamento mais lento e com mais esforço aplicado) resultando num

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efeito positivo na recordação, e da Teoria da Carga Cognitiva (Sweller et al., 2011). A Teoria da Carga Cognitiva (CLT) é maioritariamente usada para explicar os efeitos de vários tipos de design do material de estudo. Esta teoria defende que quando um aluno está a realizar uma tarefa cognitiva, está a consumir recursos cognitivos da memória de trabalho - carga cognitiva da tarefa. Contudo, os recursos da memória de trabalho são limitados (Baddeley, 1992), ou seja, apenas uma pequena parte dos elementos pode ser conscientemente manipulada por unidade de tempo. Enquadrando esta teoria numa condição de disfluência provocada por uma fonte de difícil leitura, o aluno vai utilizar recursos da memória de trabalho para lidar com a letra com o design de difícil leitura do que propriamente pela tarefa em si - denominada Extraneous Cognitive Load (ECL) - possivelmente resultando num desempenho de aprendizagem fraco. Assim, os investigadores manipularam a legibilidade de texto e imagens - material de estudo - para investigar o impacto na aprendizagem.

Através de quatro estudos variando o tipo de letra, tamanho e cor da descrição do funcionamento de um autoclismo, ou variando a legibilidade da imagem do mesmo, Eitel et al. (2014) concluíram que, tornar o texto difícil de ler, numa perspetiva percetiva, não tem benefícios para a aprendizagem. O texto disfluente parece mesmo dificultar a aprendizagem. Para além das análises a nível da aprendizagem, os autores também mediram o impacto da manipulação do material de estudo na perceção subjetiva de cada participante do esforço mental e carga cognitiva usados na tarefa. Eitel et al. (2014) concluíram que, nem o texto menos legível levou a um aumento na dificuldade percebida, nem um aumento na dificuldade percebida resultou em mais esforço mental ou melhor aprendizagem. Desta análise os pressupostos da Teoria da Disfluência perdem apoio. No que diz respeito à Teoria da Carga Cognitiva, os participantes podem ter experienciado uma carga percetiva maior através do texto menos legível - fonte disfluente - enquanto a carga cognitiva permaneceu inalterada.

Em suma, com esta meta-análise de Xie e colaboradores (2018) é possível concluir que, apesar da disfluência percetiva poder ser usada como uma pista metacognitiva para reduzir os julgamentos de aprendizagem e aumentar o tempo de aprendizagem, não existe evidência suficiente para sustentar que também estimula o processamento analítico - Teoria da Disfluência - ou aumenta a Extraneous Cognitive Load - Teoria da Carga Cognitiva.

Uma possível explicação para os resultados inconsistentes encontrados na literatura sobre a disfluência pode ser atribuída à existência de diferentes níveis de disfluência. Os níveis baixos de disfluência podem ser demasiado fáceis de leitura, enquanto que, aumentando os níveis de disfluência pode existir um ponto em que o material de estudo torna-se ilegível. O que nos leva a concluir que, provavelmente, as fontes consideradas disfluentes podem não produzir a dificuldade desejada que induz

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o processamento cognitivo profundo, ou ainda não foi acrescentado à literatura a fonte de letra que produz o nível de disfluência ideal (Seufert et al., 2016).

Em 2018, com o objetivo de encontrar o nível de disfluência ideal, foi criado por psicólogos e designers da RMIT University um novo tipo de letra, o Sans Forgetica. Peryman e Blijlevens, os autores do tipo de letra, acreditam ter encontrado a condição conhecida por dificuldade desejada. Assentam esta crença nas características do formato deste tipo de letra: descontinuidade criada através das falhas nas letras; a inclinação para trás de 8º (inclinação contrária ao itálico); a mesma altura para todas as letras minúsculas, a linha de base e a linha das letras maiúsculas.

Estes autores iniciaram o seu estudo por projetar três novas fontes, em que cada fonte subsequente quebrou mais princípios de design e consequentemente regras da perceção. A primeira fonte criada quebrou a regra do fecho com as falhas colocadas nas letras. A segunda fonte – a que posteriormente seria conhecida por Sans Forgetica - também com falhas nas letras, quebra a regra de tipicidade através da inclinação para trás. A terceira fonte adiciona às falhas e inclinação para trás, a assimetria. Ao serem quebradas as regras enumeradas em cada tipo de fonte verificou-se que cada uma se foi tornando de mais difícil de processar. Com isto, os autores defendem que criaram estas três fontes baseados no princípio da dificuldade desejada.

Para testarem se efetivamente conseguiram alcançar o objetivo, em contexto laboratorial, foi pedido aos participantes para memorizar 20 pares de palavras apresentados nas três fontes criadas (e.g., stew - meat; pour - rain). Após a fase de estudo existia uma tarefa distrativa e por último, foi pedido aos participantes para relembrarem a segunda palavra de cada par. Foram recordadas mais pares de palavras previamente apresentados na segunda fonte - correspondente ao Sans Forgetica - do que pares de palavras apresentados na primeira ou terceira fonte criada.

Depois de realizada a triagem da nova fonte de letra criada que provocava mais recordação, a equipa de investigadores, continuou a avaliar o efeito do Sans Forgetica na memória, neste segundo estudo em comparação com o tipo de letra Arial. Numa experiência online, os participantes foram expostos a um texto com 3 parágrafos - 1 parágrafo foi manipulado com tipo de letra Sans Forgetica e os restantes 2 com tipo de letra Arial. Depois da leitura, foi realizado um teste de escolhas múltiplas sobre a parte do texto lida em cada tipo de letra.

Como resultado desta experiência foram encontradas diferenças significativas na recordação da informação exposta em Sans Forgetica e Arial, isto é, os participantes recordaram 57% do texto quando a secção de texto era em Sans Forgetica, comparativamente com a recordação de 50% do texto quando apresentado em Arial (Earp, 2018). Em suma, o novo tipo de letra Sans Forgetica

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surge como um promotor de aprendizagem, uma fonte que produz um nível de disfluência ideal e benéfico para a recordação.

Após o aparecimento deste novo tipo de letra, surgiram investigadores interessados em replicar o estudo. Taylor et al. (2020) procuraram perceber até que ponto o Sans Forgetica melhora a memória para informação. Numa tentativa de replicar o estudo original, com a metodologia incompleta divulgada pelos autores, foi possível concluir que, mesmo provocando perceção de disfluência, o novo tipo de letra Sans Forgetica não atingiu a dificuldade desejada, ou seja, não provoca um processamento profundo da informação refletindo-se na baixa recordação da informação. Estes resultados vêm corroborar a meta-análise de Xie et al. (2018) sobre os efeitos nulos da disfluência na recordação.

Tendo em conta a inconsistência na literatura relativamente ao efeito da disfluência e recentemente no que diz respeito ao novo tipo de letra Sans Forgetica, decidimos investigar se o Sans Forgetica é um tipo de letra que protege contra o esquecimento. Como a sua designação parece sugerir e os seus criadores propõem, O Sans Forgetica é um tipo de letra que provoca difluência, que leva o indivíduo a diminuir a sua velocidade de leitura, aumentando o seu envolvimento na tarefa e causando um processamento mais profundo que se pode espelhar na recordação futura.

Como método decidimos utilizar o procedimento dos níveis de processamento proposto por Craik e Lockhart (1972) dado os resultados robustos evidenciados na literatura. A literatura mostra que é possível atingir a dificuldade desejada através do processamento profundo relacionado com a análise semântica da palavra. No entanto, os autores do novo tipo de letra defendem que atingiram a mesma condição, mas através da manipulação percetiva. Com o recurso a este procedimento ser-nos-á possível perceber se os participantes se envolvem efetivamente num nível de processamento profundo e em que condição - semântica ou percetiva - obtemos efeitos na recordação futura. Assim, o nosso objetivo foi perceber o efeito do Sans Forgetica na recordação de palavras.

Experiência 1 Método

Participantes

O tamanho da amostra foi calculado com recurso ao software estatístico G*Power 3.0 (Erdfelder, Faul, & Bucher, 2007) tendo em conta a aplicação do procedimento a um design intraparticipante com tamanho de efeito médio (d de Cohen = 0,50), alfa de 0,05 e um poder estatístico desejado de 0,80

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aplicado a um teste bi-caudal. Através deste cálculo ficou estabelecido um número de 42 participantes neste estudo.

Participaram na experiência 42 estudantes da Universidade do Minho sendo cinco do sexo masculino e 37 do sexo feminino, com idades entre os 17 e 43 anos (M = 21,5 e DP = 5,8). Todos os participantes tinham o Português-Europeu como língua materna e visão normal ou corrigida para normal. Os estudantes do curso de Psicologia foram creditados através do Sistema de Creditação por Participação em Experiências da Escola de Psicologia. Os restantes estudantes não receberam qualquer recompensa.

Planeamento

Neste estudo foram manipuladas as seguintes variáveis independentes: (1) Tipo de letra usado na apresentação das palavras sujeitas à tarefa de níveis de processamento (Times New Roman e Sans Forgetica); (2) Nível de processamento induzido através das frases que se seguem à apresentação das palavras (superficial, intermédio e profundo); e (3) Tipo de resposta do participante às frases associadas à tarefa de nível de processamento ("sim" e "não"). Desta forma, o estudo foi realizado num procedimento único com base num plano fatorial 2 (tipo de letra) × 3 (nível de processamento) × 2 (tipo de resposta) com medidas repetidas nos três fatores.

Como variável dependente foi escolhida a capacidade de recordação, medida através da proporção de palavras corretamente evocadas.

Instrumentos e materiais

Os participantes realizaram a experiência nas cabines insonorizadas do Laboratório de Cognição Humana da Escola de Psicologia da Universidade do Minho. A experiência foi programada e apresentada através da aplicação SuperLab 5.0 (Cedrus, 2019).

Palavras. Cada participante foi exposto a uma lista de 36 palavras portuguesas selecionadas da base Minho-Word-Pool (Soares et al., 2017). A seleção das palavras teve como critérios de inclusão: três sílabas com 5 a 7 letras e serem nomes; níveis de imagética e concreticidade superior a 3,5 (escala de 1 a 7); frequência subjetiva superior a 4 (escala de 1 a 7); e frequência objetiva superior a 75 ocorrências por milhão (palavras de frequência alta).

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Estas 36 palavras foram divididas em dois conjuntos de 18 palavras. Dessas 18 palavras, 9 foram apresentadas de forma contrabalanceada em Times New Roman e 9 em Sans Forgetica, em letra de tamanho 12. Para cada um destes conjuntos de 18 palavras, 6 foram sujeitas a processamento superficial, 6 a processamento intermédio e 6 a processamento profundo, e em cada subconjunto de 6 palavras metade tinha como resposta correta à tarefa de processamento uma resposta afirmativa (sim) e a outra metade uma resposta negativa (não).

Para garantir que não existissem diferenças entre os dois conjuntos de palavras quanto aos critérios mencionados procedeu-se ao seu balanceamento. Foram então realizados testes-t para amostras independentes no programa JASP 0.11.1 (JASP Team, 2019). Os resultados mostram que não existem diferenças significativas entre os dois conjuntos nos vários critérios considerados (ver Tabela 1). Tabela 1

Médias, Desvios Padrão, e Resultados das Análises Estatísticas Aplicadas aos Critérios de Seleção dos Conjuntos de Palavras. CONJUNTO 1 CONJUNTO 2 M (DP) M (DP) t p Imagética 4,86 (0,91) 4,96 (1,05) - 0,31 0,76 Concreticidade 4,90 (0,79) 4,98 (0,99) - 0,28 0,78 Número de Letras 6,33 (0,49) 6,28 (0,67) 0,29 0,78 Número de Sílabas 3,00 (0,00) 3,00 (0,00 Frequência Subjetiva 5,18 (0,65) 5,49 (0,78) - 1,30 0,20 Frequência Absoluta 179,45 (101,80) 179,72 (99,90) - 0,01 0,99

Frases de processamento. Como procedimento da tarefa de memória, foi seguido o paradigma dos níveis de processamento proposto por Craik e Lockhart (1972). Cada palavra foi manipulada com os três diferentes níveis de processamento, isto é, os participantes foram instruídos a processar as palavras respondendo afirmativamente ("sim") ou negativamente ("não") ao conteúdo dessas mesmas frases. Para tal, foram construídas frases associadas ao respetivo nível de processamento. As frases foram apresentadas posteriormente à palavra1.

Tomando como exemplo a palavra “agência” utilizamos as seguintes frases para condicionar o nível de processamento: superficial com resposta sim: “____ tem 4 vogais.”; superficial com resposta

1 Esta é uma diferença de procedimento relativamente à proposta original de Craik e Lockhart (1972) e pretendeu-se desta forma controlar o tempo de exposição do participante a cada palavra, ou seja, impedindo-se assim que o tempo de exposi-ção às palavras dependesse do tempo de decisão do participante a cada tarefa de processamento.

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não: “____ tem 3 vogais.”; intermédio com resposta sim: “____ rima com ciência.”; intermédio com resposta não: “____ rima com cansaço.”; profundo com resposta sim: “A ___ marcou o hotel.”; e profundo com resposta não: “Uma ___ tocou a guitarra.”.

Como já foi referido cada participante foi exposto a 36 palavras e 36 frases contrabalanceadas quanto às três variáveis independentes em estudo.

Procedimento

Cada participante iniciou a sua participação individual na experiência com a leitura e assinatura do consentimento informado.

A experiência consistiu numa aprendizagem intencional e compreendia três fases - primeiramente o participante realizava uma tarefa de processamento cognitivo, de seguida realizava uma tarefa distrativa com operações aritméticas simples e, por último, respondia a uma tarefa de evocação livre referente às palavras apresentadas na primeira fase. De forma a familiarizar-se com a tarefa, o participante era sujeito a uma fase de treino composta por seis ensaios. Terminada esta fase, dava-se início ao procedimento experimental.

Numa primeira fase, o participante executava a tarefa de processamento onde era apresentada uma palavra durante 3 segundos seguida de uma frase associada a um dos níveis de processamento (superficial, intermédio ou profundo) - escrita em tipo de letra Calibri. Para poder avançar o participante deveria pressionar a tecla S caso considerasse que a frase era completada de forma verdadeira com a palavra apresentada anteriormente, ou a tecla N se considerasse a frase falsa. Esta primeira fase consistia na apresentação de uma lista única de 36 palavras, na qual foi manipulado: o tipo de letra que a palavra era apresentada - 18 palavras eram apresentadas em tipo de letra Sans Forgetica e 18 palavras em tipo de letra Times New Roman; o nível de processamento com que a palavra foi condicionada através da frase que surgia após a apresentação da mesma - 6 frases de nível de processamento superficial, 6 frases de nível de processamento intermédio e 6 frases de nível de processamento profundo; e a resposta que o participante deveria dar - sim ou não. Como já foi referido as palavras foram contrabalanceadas por todas as condições das variáveis independentes.

Na segunda fase do procedimento, o participante realizava uma tarefa distrativa, com a duração total de 3 minutos, em que efetuava 36 operações aritméticas simples (e.g., 6 + 9 = ?). Cada operação aritmética era exposta durante 5 segundos.

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Na terceira e última fase, era proposto ao participante que recordasse durante 90 segundos, através de uma tarefa de evocação livre, o maior número de palavras apresentadas na primeira fase.

A experiência teve uma duração média de 15 minutos.

Resultados

As análises dos dados da Experiência 1 foi realizada com recurso à aplicação JASP versão 0.11.1.0 (JASP, 2019). Em todos os testes estatísticos realizados foi aplicado um nível de significância de 0,05.

Dando início à análise com a perceção da discrepância no desempenho dos participantes, face ao número de palavras recordadas, decidimos calcular a taxa média de evocação de palavras. Os resultados refletem esta afirmação: M = 6,07 (SD = 3,42).

Com o objetivo de perceber se o tipo de resposta (“sim” ou “não”) às frases associadas à tarefa de níveis de processamento teve algum efeito no grau de evocação, começamos por realizar um teste-t para amostras emparelhadas (ver Tabela 2). A análise revela que não existem diferenças significativas nas médias das proporções de evocações corretas entre os dois tipos de resposta nos dois tipos de letra, Sans Forgetica, t(40) = - 1,85, p = 0,07, d de Cohen = - 0,29, IC 95% [- 0,60, 0,03] e Times New Roman, t(27) = - 1,95, p = 0,06, d de Cohen = - 0,37, IC 95% [- 0,75, 0,02]. Tendo em conta estes resultados decidiu-se colapsar os dados referentes às respostas “sim” e “não” nas análises seguintes. Desta forma, não foi verificada a hipótese apoiada pela literatura de que as palavras associadas a questões com resposta positiva (“sim”) seriam mais recordadas (Craik & Lockhart, 1972).

Tabela 2

Proporção Média Relativa da Capacidade de Evocação Correta Face ao Tipo de Resposta dos Participantes (“sim” vs. “não”)

Tipo de letra e Nível de Processamento

Respostas Sim Respostas Não

M (SD) M (SD)

Sans Forgetica

Processamento Superficial 0,13 (0,20) 0,18 (0,20) Processamento Intermédio 0,11 (0,17) 0,19 (0,24) Processamento Profundo 0,17 (0,20) 0,17 (0,21) Times New Roman

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Processamento Superficial 0,14 (0,22) 0,22 (0,23) Processamento Intermédio 0,18 (0,23) 0,17 (0,22) Processamento Profundo 0,19 (0,26) 0,19 (0,22)

De seguida realizamos uma ANOVA de medidas repetidas 2 (tipo de letra: Sans Forgetica vs. Times New Roman) × 3 (nível de processamento: superficial vs. intermédio vs. profundo) (ver Tabela 3). No que diz respeito ao efeito principal tipo de letra não foram encontradas diferenças significativas, F(1, 40) = 1,70, p = 0,20, 𝜂𝑝2 = 0,01. Também não foram observadas diferenças estatísticas quanto ao efeito

do nível de processamento, F(2, 80) = 0,49, p = 0,61, 𝜂𝑝2 = 0,00. Com esta análise foi ainda possível

constatar que não existe interação entre as duas variáveis consideradas, F(2, 80) = 0,02, p = 0,98, 𝜂𝑝2

= 0,00. Tabela 3

Proporção Média de Evocações Corretas em Função do Tipo de Letra e Nível de Processamento

Nível de Processamento Sans Forgetica Times New Roman

M (SD) M (SD)

Processamento Superficial 0,15 (0,16) 0,18 (0,18) Processamento Intermédio 0,15 (0,14) 0,18 (0,19) Processamento Profundo 0,17 (0,15) 0,19 (0,16)

Assim, estas análises mostram que nenhuma das variáveis independentes produziu efeito na capacidade de recordação dos participantes, ou seja, nenhuma manipulação afetou a evocação das palavras.

Discussão

A realização deste estudo permitiu aprofundar o conhecimento acerca do efeito da disfluência - manipulada através do tipo de letra - na recordação de palavras. Com esta investigação foi possível constatar que o efeito defendido pelos criadores do tipo de letra Sans Forgetica não é robusto e replicável. Os resultados obtidos nesta experiência colocam-se mesmo em oposição aos resultados da literatura que suportou a criação da nova fonte de letra (Diemand-Yauman et al., 2011), o que nos leva a concluir que Sans Forgetica não atingiu a dificuldade desejada (Bjork, 1994) nem provoca disfluência

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através da dificuldade de leitura da letra e, por isso, não existe melhor desempenho na recordação. Por outras palavras, não foi atingido o nível de dificuldade ótimo defendido por Yue et al. (2013) que conduzisse a uma melhoria na recordação.

Relativamente à hipótese sobre os níveis de processamento, na Experiência 1 não foram encontradas evidências de que o nível de processamento profundo provoca uma melhor recordação. Tendo em conta os resultados robustos, sistematicamente replicados e descritos na literatura dos níveis de processamento (Craik & Lockhart, 1972) eram esperadas diferenças de recordação entre os três níveis de processamento considerados no nosso estudo. Não foram obtidas diferenças estatisticamente significativas, ainda que o padrão de resultados evidencie melhor recordação das palavras sujeitas ao nível de processamento profundo.

Relativamente ao tipo de resposta ("sim" e "não") também não foram obtidas diferenças estatisticamente significativas. Assim se conclui que nenhuma das hipóteses da Experiência 1 foi verificada.

Neste primeiro procedimento foi realizada uma alteração face ao procedimento original dos níveis de processamento. Decidimos controlar o tempo de exposição a cada palavra visto ser esta uma crítica fortemente apontada ao procedimento de Craik e Lockhart (1972) (Eysenck, 1978). Dessa forma conseguiríamos garantir que todos os participantes eram expostos ao estímulo durante o mesmo tempo e que este não dependesse do tempo de decisão de resposta. No entanto, esta opção no procedimento, apresentação da palavra anteriormente à pista de indução no nível de processamento, pode ter limitado o condicionamento pelo respetivo nível de processamento cognitivo e recordação futura. Isto é, o facto da pista de indução surgir após a apresentação da palavra pode ter levado a que os participantes processassem as palavras todas da mesma forma e não induzida pelo nível de processamento implicado - e.g., surge a palavra "domingo", seguida da frase "___rima com girafa" - o participante já processou a palavra e para responder à veracidade da frase quando completada pela palavra, recorre à representação mental da mesma e vai ao sufixo da palavra para verificar se rima. Ou seja, não processa a palavra induzida pelo nível de processamento porque a pista para tal aparece posteriormente.

Tendo em consideração esta alteração e juntamente com o facto da proporção de palavras evocadas ter sido tão baixa (M = 6,07, DP = 3,42) e com uma amplitude que variou entre 2 e 10, decidimos realizar um segundo estudo replicando o procedimento original dos níveis de processamento, sem alterações de forma a que a baixa capacidade de recordação não mascarasse ou atenuasse a possibilidade de ocorrência do efeito do tipo de letra na evocação.

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Experiência 2 Método

Participantes

O tamanho da amostra identificado para esta experiência é idêntico ao da Experiência 1, ou seja, um número de 42 participantes. Contudo, devido à situação pandémica resultante do vírus COVID-19 e que foi vivida em Portugal a partir de 9 de março de 2020, com o encerramento das Universidades e o decreto de confinamento obrigatório e restrição ao contacto social, não foi possível recolher a totalidade da amostra.

Assim, participaram na experiência 25 estudantes da Universidade do Minho. Dos 25 participantes, 9 eram do sexo masculino e 16 do sexo feminino, com idades entre os 18 e 30 anos (M = 22,4 e DP = 3,24). Todos os participantes tinham o Português-Europeu como língua materna e visão normal ou corrigida para normal. Tal como na Experiência 1 os estudantes do curso de Psicologia foram creditados através do Sistema de Creditação por Participação em Experiências da Escola de Psicologia. Os restantes estudantes não receberam qualquer recompensa.

Planeamento

O planeamento desta experiência é idêntico ao da Experiência 1, tendo sido adicionada a medição do tempo de resposta de cada participante à tarefa dos níveis de processamento.

Instrumentos e materiais

Os instrumentos e materiais foram os mesmos da Experiência 1. Procedimento

O procedimento aplicado aos participantes foi o mesmo da Experiência 1 com uma única diferença na sequência dos ensaios que compõem a tarefa de processamento. Nesta experiência os participantes eram expostos a uma frase indutora de processamento durante 3 segundos à qual se seguia a apresentação de uma palavra (em letra Sans Forgetica ou Times New Roman) que se mantinha no écran até o participante responder carregando na tecla S caso considerasse que a frase era completada

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de forma verdadeira com a palavra exposta, ou a tecla N se considerasse a frase falsa. Esta manipulação aproxima o procedimento da proposta de Craik e Lockhart (1972).

Resultados

Replicando a análise realizada na Experiência 1, iniciamos com a realização de teste-t para amostras emparelhadas com base na proporção das palavras evocadas pelos participantes e a tipologia de resposta associada (“sim” e “não”) com o objetivo de perceber se esta manipulação produziu algum efeito na capacidade de recordação (ver Tabela 4). Esta análise evidenciou a existência de diferenças estatisticamente significativas no tipo de resposta (“sim” e “não”) para palavras apresentadas em Times New Roman, t(24) = 2,27, p = 0,03, d de Cohen = 0,45, IC 95% [0,04, 0,86], não ocorrendo o mesmo para as palavras apresentadas em Sans Forgetica, t(24) = 1,54, p = 1,14, d de Cohen = 0,31, IC 95% [- 0,10, 0,71]. Desta forma os resultados sugerem que palavras apresentadas em Times New Roman com tipologia de resposta “sim” são mais recordadas no momento da evocação e, perante esta diferença significativa, esta variável foi considerada na ANOVA que apresentamos de seguida.

Tabela 4

Proporção da capacidade de recordação face ao tipo de resposta do participante às frases associadas à tarefa de níveis de processamento

Tipo de letra e Nível de Processamento

Respostas Sim Respostas Não

M (SD) M (SD)

Sans Forgetica

Processamento Superficial 0,09 (0,15) 0,15 (0,19) Processamento Intermédio 0,24 (0,28) 0,12 (0,23) Processamento Profundo 0,27 (0,27) 0,17 (0,17) Times New Roman

Procedimento Superficial 0,12 (0,19) 0,12 (0,19) Procedimento Intermédio 0,21 (0,23) 0,05 (0,12) Procedimento Profundo 0,20 (0,23) 0,15 (0,17)

Em continuação foi realizada uma ANOVA para medidas repetidas 2 (tipo de letra: Sans Forgetica vs. Times New Roman) × 3 (nível de processamento: superficial vs. intermédio vs. profundo) × 2 (tipo de resposta: sim vs. não). Começamos por apresentar os efeitos principais verificando-se que,

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relativamente ao tipo de letra não foram encontradas diferenças significativas, F(1, 24) = 1,36, p = 0,26, 𝜂𝑝2= 0,01, ou seja, a proporção de evocação correta para palavras apresentadas em letra Sans Forgetica

(M = 0,17, SE = 0,02) não difere da letra Times New Roman (M = 0,14, SE = 0,02).

No que diz respeito ao efeito principal nível de processamento também não foram observadas diferenças significativas quanto ao efeito do nível de processamento no momento da evocação, F(2, 48) = 2,70, p = 0,08, 𝜂𝑝2 = 0,05. No entanto, os valores indicam um padrão de evocação decrescente

segundo o qual palavras processadas profundamente são mais recordadas do que palavras associadas ao nível de processamento intermédio, e estas são mais recordadas do que palavras processadas superficialmente (ver Tabela 5), como defendido na literatura.

Tabela 5

Proporção de evocações corretas em função do tipo de letra e nível de processamento

Nível de Processamento Sans Forgetica Times New Roman

M (SD) M (SD)

Processamento Superficial 0,12 (0,12) 0,12 (0,14) Processamento Intermédio 0,18 (0,17) 0,13 (0,14) Processamento Profundo 0,22 (0,14) 0,17 (0,16)

Sobre o efeito principal tipo de resposta (“sim” e “não”), como era expectável atendendo à análise inicial, foram encontradas diferenças significativas F(1, 24) = 6,57, p = 0,02, 𝜂𝑝2= 0,02. Ou seja,

a proporção de evocação correta de palavras associadas a questões de resposta "sim" (M = 0,20, SE = 0,02) é maior do que as de resposta "não" (M = 0,13, SE = 0,02).

As análises mostram ainda que não existe interação entre o tipo de letra e o nível de processamento (p = 0,56), nem entre o tipo de letra e o tipo de resposta (p = 0,70). No entanto, foi encontrada interação entre o nível de processamento e o tipo de resposta F(2, 48) = 3,51, p = 0,04, 𝜂𝑝2

= 0,03 , nomeadamente nas palavras associadas ao nível de processamento intermédio com resposta “sim” e as palavras associadas ao mesmo nível com resposta “não” (p = 0,03), e ainda entre as palavras associadas ao nível de processamento intermédio com resposta “não” e as palavras associadas ao nível de processamento profundo com resposta “sim” (p = 0,02). Por último, não foi verificada interação tripla entre as variáveis manipuladas no estudo (p = 0,70).

Com o propósito de perceber se os participantes se envolveram num processamento profundo quando as palavras eram apresentadas em Sans Forgetica, foi realizado um teste-t para amostras

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emparelhadas sobre do tempo de resposta à tarefa de processamento das palavras manipuladas em Sans Forgetica e Times New Roman. Se o Sans Forgetica provoca um maior envolvimento e processamento profundo, isso será refletido num aumento do tempo de resposta à questão exposta em comparação com Times New Roman (Bjork, 1994)). Não foram encontradas diferenças significativas entre os tipos de letra (p = 0,29).

Discussão

Os resultados da Experiência 2 sobre a variável independente - tipo de letra - foram consistentes com os resultados obtidos na Experiência 1. O que nos leva a concluir que o tipo de letra Sans Forgetica não tem efeito na capacidade de recordação.

No que diz respeito ao efeito dos níveis de processamento, não foram encontradas diferenças significativas entre palavras recordadas associadas ao nível de processamento superficial, intermédio ou profundo. No entanto, e ainda que com diferenças estatísticas apenas marginalmente significativas, é possível verificar um padrão de evocação crescente com o aumento do nível de processamento (nível de processamento superficial < intermédio < profundo). Este resultado sugere que com uma amostra maior o poder estatístico aumentaria, e poderia ser possível encontrar resultados estatisticamente significativos e um efeito mais saliente.

Tal como considerada como hipótese, foi encontrado efeito do tipo de resposta ("sim" e "não") na recordação futura, mas apenas nas palavras escritas em Times New Roman. As palavras apresentadas em Times New Roman associadas a resposta "sim" evidenciaram melhores resultados na recordação comparativamente com as de resposta "não". O mesmo não se verificou nas palavras em Sans Forgetica.

Para além das análises mencionadas foi também analisado o tempo de resposta em palavras apresentadas em Sans Forgetica comparativamente com palavras apresentadas em Times New Roman. Tendo em conta a literatura existente sobre o tempo de resposta, seria de esperar que aumentando o nível de dificuldade através de fonte de difícil leitura o tempo de resposta também aumentasse (Bjork, 1994). No entanto não foram encontradas diferenças significativas, o que indica que os participantes não se envolveram num processamento profundo quando as palavras eram apresentadas na fonte disfluente. como seria de esperar dado o aumento da disfluência comparativamente com o Times New Roman (Seufert et. al. 2017). Contudo, existem estudos como

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Kühl et al. (2014) que também não encontraram diferenças significativas e defendem que o tempo de resposta não atua como um moderador do efeito da disfluência.

Discussão Geral

O presente estudo teve como principal objetivo perceber o efeito do tipo de letra recentemente criado, Sans Forgetica, na recordação de palavras. Tendo em conta as informações fornecidas pelos criadores da letra Sans Forgetica era esperado que as palavras apresentadas neste tipo de letra fossem mais recordadas no momento da evocação livre do que palavras apresentadas noutro tipo de letra. Utilizando como procedimento uma tarefa de níveis de processamento, definida a partir da proposta de Craik e Lockhart (1972), era previsto que os participantes recordassem mais palavras sujeitas a um nível profundo de processamento, comparativamente aos outros dois níveis de processamento – intermédio e superficial. De acordo com os resultados obtidos pelos dois autores esperava-se igualmente que as palavras associadas a uma resposta "sim" às tarefas de processamento produzissem uma recordação superior.

A principal conclusão desta dissertação - Experiência 1 e Experiência 2 - foi o efeito nulo do tipo de letra Sans Forgetica nas palavras recordadas em comparação com Times New Roman. Os nossos resultados mostram que a fonte Sans Forgetica não cria a condição dificuldade desejada, ou seja, este tipo de letra estudado não estimula o processamento profundo nem exige mais esforço para que exista um aumento na recordação futura (Bjork, 1994).

Os nossos resultados corroboram a meta-análise desenvolvida por Xie et al. (2018) que demonstra que a dificuldade da maioria dos estudos em replicar o efeito obtido inicialmente por Diemand-Yauman et al. (2011) - que forneceu evidência empírica e ecológica que estudar com material disfluente ajuda os alunos a aumentar a recordação do mesmo em comparação com material fluente - não obtiveram resultados.

O facto de não ter sido encontrada evidência do efeito do tipo de letra Sans Forgetica como os seus criadores defendiam, permite-nos concluir que o nosso estudo não suporta a Teoria da Disfluência (Alter et al., 2007). A disfluência - atingida através da manipulação do tipo de letra das palavras apresentadas em Sans Forgetica - não teve efeitos na recordação dessas mesmas palavras. Adicionalmente, também não suporta a teoria oposta, Teoria da Carga Cognitiva (Sweller et al., 2011) tendo em conta que não foram encontradas diferenças significativas entre a condição disfluente

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e fluente (i.e., não foram recordadas mais palavras apresentadas em Times New Roman comparativamente com Sans Forgetica que pudesse justificar os pressupostos defendidos por esta teoria) nem temos evidência que a disfluência provocada pelo tipo de letra aumente a carga cognitiva.

Podemos ainda concluir, tal como é proposto por Taylor et al. (2020) em artigo recente, que o novo tipo de letra criado na RMIT University, não estimula a recordação futura e que os resultados encontrados não vão ao encontro daqueles que são propostos e apresentados pelos criadores do Sans Forgetica. De acordo com Eskenazi e Nix (2020), alguns tipos de dificuldade desejada podem levar os alunos a reduzir o nível de processamento e esforço, isto é, podem levar o aluno a focar-se demasiado no aspeto visual do estímulo impedindo-os de se envolverem num processamento mais profundo. Contudo, é possível que o Sans Forgetica tenha efeitos que não nos foi possível encontrar, como os resultados de Eskenazi e Nix (2020) sobre as diferenças individuais dos participantes que funciona como moderador do efeito. Ou seja, o Sans Forgetica pode ter efeitos positivos perante determinadas caraterísticas dos alunos.

No que diz respeito à hipótese sobre os níveis de processamento, o padrão crescente de efeito na recordação com o aumento do nível de processamento é mais evidente na Experiência 2 do que na Experiência 1, tal como suportado pela literatura (Craik & Lockhart, 1972). Já sobre o efeito do tipo de resposta ("sim" e "não") não foi verificado na Experiência 1, no entanto, na Experiência 2 esse efeito foi verificado apenas nas palavras associadas ao tipo de resposta "sim" no tipo de letra Times New Roman, tal como esperado (Craik & Lockhart, 1972).

Para estudos futuros deixo como sugestão a recolha de dados com uma amostra maior para obtenção de efeitos mais salientes e a replicação - com as mesmas condições - do estudo original dos criadores deste novo tipo de letra. Para além disso, talvez seja importante considerar as caraterísticas individuais de cada participante como possíveis moderadores do efeito e efetuar a sua medição antes da experiência (e.g., capacidade ortográfica, Q.I., aprendizagem anterior) para considerar na análise dos resultados. Deixo ainda como sugestão a manipulação do tipo de letra num material mais extenso do que apenas uma palavra (e.g., um parágrafo sobre determinada disciplina que o aluno esteja a aprender) e testar o seu efeito.

Limitações do estudo

Dada a situação pandémica resultante do vírus Covid-19 durante o período de recolha de dados da Experiência 2 não foi possível recolher a amostra inicialmente prevista.

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Anexo

Referências

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