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II Seminário de Atualidades em Proteção Florestal

Controle de Incêndios, Pragas, Doenças e Plantas Invasoras em Áreas Florestais

06 a 09 de Junho de 2005 – Blumenau - SC

DOENÇAS EM PALMEIRAS PARA PALMITO

Álvaro Figueredo dos Santos1, Dauri José Tessmann2, Ariadne Josiane Castoldi Silva1, João Batista Vida2,

Rudimar Mafacioli2

1 Dr., Pesquisador da Embrapa Florestas, alvaro@cnpf.embrapa.br 2Universidade Estadual de Maringá, Maringá-PR

Resumo

Doenças em palmeiras para palmito. O palmito é um produto de alto valor nos mercados interno e externo e o

Brasil é o maior produtor e exportador mundial. Cerca de 99% do palmito comercial brasileiro procede do extrativismo, principalmente do açaí, na região do estuário do rio Amazonas, e da juçara, na Mata Atlântica das regiões sul e sudeste. Algumas espécies de palmeiras estão sendo usadas pelos produtores para a exploração permanente de palmito. Dentre elas destacam-se a pupunha (Bactris gasipaes), a palmeira-real (Archontophoenix spp.) e a guariroba (Syagrus oleracea), além do açaí (Euterpe oleraceae) e do palmiteiro (E. edulis). Há escassez de informações sobre os aspectos fitossanitários destas espécies. Dentre as palmeiras relatadas há mais informações sobre a pupunheira, por ser uma espécie com maior distribuição e maior área plantada no Brasil, além de vir sendo explorada a mais tempo. Este trabalho enfoca aspectos relacionados às doenças das palmeiras para palmito - sintomatologia, etiologia, epidemiologia e estratégias de controle - e outros tipos de problemas associados a essas espécies.

Palavras-Chave: Pupunha, Bactris gasipaes, palmeira-real, Archontophoenix spp., guariroba, Syagrus oleracea, açaí, Euterpe oleraceae, palmiteiro, Euterpe edulis

Abstract

Palm heart is a food of high commercial value for internal e external markets; and Brazil is the leader country in production and exportation of canned palm heart. Approximately 99% of comercial palm heart produced in Brazil are collected from native forrest areas, maily from the delta of Amazon River, where is found the ‘açaí’ palm heart (Euterpe olercaeae), and from the Atlantic Forest areas of Southeast and Southern States, where is found the ‘juçara’ palm heart (E. edulis). Some palm species have been intensively cultivated in Brazil in the last decades for production of palm heart. Among them are the peach palm (Bactris gasipaes), real palm (Archontophoenix spp.), ‘guariroba palm’ (Syagrus oleracea), including the ‘açaí’ and ‘juçara’ palms. There are few published information available regarding to diseases and pests impacting these species of palm in their local of origin and in new areas where they have been cultivated. The most information available is related to peach palm. This review describe the importance, symptomatology, etiology, epidemiology and control of the major diseases of palms for palm heart production in Brazil.

Keywords: Peach palm (Bactris gasipaes), real palm (Archontophoenix spp.), Syagrus oleracea, Euterpe

oleraceae, Euterpe edulis.

INTRODUÇÃO

O palmito é um produto de alto valor nos mercados interno e externo e o Brasil é o maior produtor e exportador mundial. Com raras exceções, sua obtenção exemplifica o imediatismo econômico e traz, como conseqüência, a depredação de nossos recursos naturais. A quase extinção do palmiteiro (Euterpe edulis Mart.) em meados do século XX foi devida à destruição acelerada da Mata Atlântica, que foi acompanhada pela dizimação das populações do palmiteiro e a eliminação de condições para sua regeneração natural (Bovi, 2000; Bovi, 1998 ).

Na década de 60, o palmiteiro já estava economicamente exaurido na maioria das áreas de distribuição natural. Isto forçou a migração das maiores empresas palmiteiras para o estuário do Rio Amazonas, onde existiam extensos açaizais

(Euterpe oleracea Martius), na busca de matéria prima (Bovi, 1998). Cerca de 99% do palmito comercial brasileiro procede do extrativismo, principalmente do açaí, na região do estuário do rio Amazonas, e da juçara, na Mata Atlântica das regiões Sul e Sudeste (Bovi, 2000).

O aumento das restrições legais, naturais e econômicas ao extrativismo e a expansão continuada dos mercados interno e externo, têm criado um cenário favorável às ações de expansão do segmento palmito cultivado em várias regiões brasileiras. Algumas espécies de palmeiras estão sendo usadas pelos produtores para a exploração permanente de palmito. Dentre elas destacam-se a pupunha (Bactris gasipaes), a palmeira-real (Archontophoenix spp.), a guariroba (Syagrus

oleracea), o híbrido entre E. oleracea e E. edulis, o

indaiá (Atallea dubia), o inajá (Maximiliana regia), o jerivá (Arecastrum romanzoffianum), além do

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açaí e o palmiteiro (Bovi, 1998). Como toda planta

em vias de se tornar um cultivo, ainda existe uma série de informações necessárias para ser fornecida aos agricultores interessados em seu plantio. Técnicas de plantio, espaçamento, adubação, manejo de perfilhos, colheita e aspectos fitossanitários devem ser definidos para cada região em função das diferenças edafoclimáticas. Da mesma forma, material genético de alta qualidade, adaptado às diversas regiões de cultivo, deve ser desenvolvido e posto à disposição do agricultor (Bovi, 2000).

Pelo exposto, busca-se uma alternativa agro-ecológica que constitua-se numa fonte de renda para os agricultores. As palmeiras cultivadas, principalmente a palmeira-real, a pupunheira e a guariroba, preenchem estes requisitos para várias regiões brasileiras. O cultivo dessas espécies também tem se desenvolvido bem em várias regiões, em locais que apresentam características micro-climáticas favoráveis.

Até o momento, não se tem registros de problemas fitossanitários limitantes às palmeiras para palmito; no entanto, há falta de trabalhos na literatura. Dentre as espécies produtoras de palmito há mais informações sobre a sanidade da pupunheira, devido ser uma espécie plantada em outros países latino-americanos, principalmente na Costa Rica, onde se dispõe de maior volume de informações. No Brasil, essa espécie apresenta uma maior área plantada, além de vir sendo explorada a mais tempo.

Este trabalho tem o objetivo de apresentar aspectos relacionados às doenças das palmeiras para palmito - sintomatologia, etiologia, epidemiologia e estratégias de controle - e outros tipos de problemas associados a essas espécies.

PUPUNHEIRA

O cultivo da pupunheira (Bactris gasipaes Kunth) para produção de palmito vem despertando, desde a década de 70, o interesse de agricultores de todo o País. Essa importância é devida principalmente à alta demanda, tanto interna quanto externa, de palmito de boa qualidade, e à alta lucratividade do setor. A investigação de novas alternativas de cultivo em substituição aos sistemas tradicionais, incentivam empresários de outros setores se iniciarem no agronegócio palmito de pupunha. Estima-se que o maior estado produtor no Brasil é São Paulo, com cerca de 25% do total implantado no país. Seguem-se Espírito Santo, Rondônia, Pará, Bahia, Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais, Rio Grande do Norte, Amazonas, Acre, Paraná, Santa Catarina e outros estados, perfazendo cerca de 12 a 13 mil hectares, 50% dos quais já em estágio de produção de palmito (Bovi, 2000)

Em relação ao aspecto econômico, a pupunheira se destaca em relação as outras espécies exploradas para produção de palmito, pela precocidade do primeiro corte (em torno de 18 meses), permitindo sucessivos cortes anuais posteriormente, conferindo à pupunheira a característica de cultura perene. A espécie também tem apresentado ampla adaptação geográfica, precocidade, alto perfilhamento, além de não sofrer escurecimento (oxidação) após o corte (Tonet et al., 1999).

Nessa espécie já foram relatadas no Brasil a ocorrência das seguintes doenças: antracnose, podridão da medula, mancha foliar de curvulária, mancha foliar de drechslera, mancha foliar de bipolaris, podridão negra dos frutos e a síndrome da queda dos frutos.

Antracnose. A antracnose é a principal

doença da pupunheira, causando danos principalmente em mudas na fase de viveiro e em plantios com até 8 meses de idade (Alves e Batista, 1981; Santos et al., 2000; Santos et al., 2001; Mafacioli et al., 2003). A antracnose afeta as folhas das plantas jovens, caracterizando-se por manchas arredondadas e deprimidas, de coloração marrom, com anéis concêntricos onde aparecem as estruturas do fungo de cor escura. Além disso, as lesões da antracnose servem como porta de entrada para patógenos secundários e, com isso, agravam o quadro sintomatológico da doença (Santos et al., 2001a). Nos frutos, as necroses causadas pela doença apodrecem os frutos e prejudicam a produção de sementes viáveis (Vida et al., 2004).

Mafacioli (2002) caracterizou fenotipicamente um grupo de isolados de

Colletotrichum sp., obtidos de folhas de pupunheira

com sintomas de antracnose. Foram estudados 17 isolados, procedentes de diversas regiões do Brasil, incluindo áreas que fazem parte do centro de origem da pupunheira (Acre e Rondônia) e de áreas onde a pupunheira foi introduzida recentemente (Espírito Santo, São Paulo e Paraná). Com base nas características morfo-fisiológicas dos isolados (coloração das colônias, forma e tamanho de conídios e apressórios, taxa de crescimento, presença de acérvulos e setas no tecido foliar lesionado), os 17 isolados enquadraram-se na espécie Colletotrichum gloesporioides (Penz.) Penz. & Sacc. (Glomerella cingulata (Stonem) Spauld. Schrenk). No presente estudo, a fase teleomórfica foi observada em apenas um isolado. Este trabalho confirma C. gloeosporioides como o agente causal da antracnose na pupunheira.

A antracnose causa danos na fase de muda, em viveiros, e no primeiro ano após o transplante no campo. A doença ocorre com maior freqüência e

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severidade em plantas sob alguma forma de

estresse, tais como: mudas em substratos inadequados, plantas sujeitas a ventos constantes, déficit hídrico ou adubação inadequada. O uso de adubação equilibrada, quebra-ventos e irrigação devem ser indicados. O frio, o vento e a falta de água causam uma maior predisposição das plantas à ocorrência de patógenos foliares, como C.

gloeosporiodes. A pupunheira é sensível ao frio, de

modo que a geada pode causar a destruição total dos seus tecidos (Santos et al., 2001b; Santos et al., 2004).

Como o patógeno sobrevive em restos culturais, recomenda-se, para os viveiros, o monitoramento da doença e a remoção e queima das folhas doentes (Santos et al., 2000; Santos et

al., 2004a).

Santos et al. (2004a) verificaram que o tratamento mais eficiente na redução da intensidade da antracnose foi tiofanato métílico, seguido de tiofanato metílico + chlorothalonil.

Experimentalmente, Gomes e Santos (2004) testaram o antagonismo de isolados de bactérias e verificaram que vários isolados apresentaram in

vitro um forte halo de inibição do crescimento

micelial de C. gloeosporioides.

Podridão do estipe. A podridão do estipe

ocorre em plantas de pupunheira com diferentes idades, desde o viveiro, sendo mais freqüente em plantios com idade entre seis e 12 meses. As plantas atacadas caracterizam-se pelo amarelecimento da folha bandeira, seguido do amarelecimento e seca das demais folhas, podendo chegar a provocar a morte da planta-mãe e, às vezes, dos perfilhos e de toda a touceira. Ao se realizar cortes longitudinal e transversal na base do estipe observa-se o escurecimento dos tecidos internos e uma podridão generalizada. As plantas com sintomas de podridão da estipe encontram-se distribuídas esparsamente na plantação (Santos et

al., 2004a).

A podridão do estipe tem sido associada aos fungos Phytophthora palmivora (Butler) Butler e

Fusarium spp. Nos plantios no estado de São Paulo

já foram encontradas as seguintes espécies de

Fusarium: F .subglutinans, F. moniliforme, F. solani, F .anthophilum e F. oxysporum (Pizzinatto et al., 2001). A bactéria Erwinia chrysanthemi pode

também causar a podridão da medula (Garcia e Souza, 1998).

No Brasil, a podridão do estipe da pupunha, causada por P. palmivora, já foi relatada no Pará (Benchimol et al., 1998), em Pernambuco (Tavares

et al., 1998), em São Paulo (Pizzinatto et al., 2002),

no Paraná (Santos et al., 2004a; Santos et al., 2003b) e em Tocantins (Uesugi et al., 2003). A

associação de Fusarium spp. já foi relatada em São Paulo (Pizzinatto et al., 2001) e no Paraná (Santos

et al., 2004b). Segundo Garcia e Souza (1998) a

bactéria E. chrysanthemi ocorre nos plantios de pupunha da Amazônia.

Sintomas diferenciados têm sido observados com relação a Fusarium spp., verificando-se tanto a morte das plantas, quanto a morte apenas da planta-mãe ou o amarelecimento das suas folhas mais externas da sua copa, não atingindo os perfilhos. Alves et al. (2004) inocularam 13 isolados de

Fusarium spp. em plantas de pupunha, causando o

amarelecimento das folhas mais externas e necrose nos tecidos internos do estipe, sem provocar a morte das plantas, exceto para um isolado, que causou a morte de 50% das plantas inoculadas. Estes resultados indicam a existência de variação de agressividade entre os isolados e/ou espécies de

Fusarium associados à podridão do estipe da

pupunheira, concordando com os de Pizzinato et al. (2001), que demonstraram a variação de agressividade de cinco espécies de Fusarium à pupunheira.

Até o momento não se dispõe de informações sobre a ação curativa de fungicidas aplicados diretamente na base da planta ou da touceira. No entanto, alguns cuidados devem ser tomados para evitar a introdução da doença nos plantios, bem como a propagação a partir de uma ou mais touceiras com plantas doentes. Tais cuidados consistem em: adquirir sementes ou mudas de fornecedores idôneos; no viveiro proceder o monitoramento e a retirada das plantas doentes, queimando-as; antes do plantio, fazer uma rigorosa seleção, descartando e queimando plantas doentes; em operações de capinas ou roçagens tomar cuidados para não provocar ferimentos às raízes ou ao colo das plantas; em plantios que façam o manejo de perfilhos ou limpeza da touceira, fazer a desinfestação das ferramentas com calda fungicida após o manuseio de plantas doentes; na colheita, fazer a desinfestação das ferramentas com calda fungicida após corte de plantas em touceiras com perfilhos doentes; em touceiras com plantas doentes, arrancar apenas a parte doente e realizar a aplicação de fungicidas sobre a parte que restou da touceira.

Mancha foliar de curvulária. A mancha de

curvulária é causada pelo fungo do gênero

Curvularia spp.: Curvularia eragrostides (Henn.)

Meyer (Benchimol & Albuquerque, 1998) e C.

senegalensis (Speg.) Subram. (Santos et al., 2003a).

Os sintomas iniciais aparecem sob forma de lesões circulares de coloração amarelada, translúcidas, visíveis em ambas as faces do limbo foliar. A lesão tem 7 a 8 mm de comprimento,

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apresentando forma elíptica, tornando-se

gradualmente de coloração marrom-brilhante para marrom-escura. No centro da lesão aparece uma depressão, e circundando a lesão aparece um halo amarelado. Quando a infecção é severa, as lesões coalescem, provocando o secamento das extremidades das folhas. Rotineiramente, não têm sido aplicadas medidas de controle, no entanto, caso necessário, recomenda-se o uso das mesmas medidas da antracnose.

Mancha foliar de bipolaris. Morejón et al.

(1998) descreveram a presença do fungo Bipolaris

bicolor (Mitra) Shoenmaker K.R. em folhas de

pupunheira causando manchas circulares de coloração café-escuro, com o centro mais claro e com halo clorótico. Entretanto, a patogenicidade desta espécie ainda não foi devidamente comprovada. Rotineiramente, não têm sido aplicadas medidas de controle, no entanto, caso necessário, recomenda-se o uso das mesmas medidas da antracnose.

Podridão negra dos frutos. Esta doença

ocorre na região amazônica e na Costa Rica, e seus ataques podem atingir até 5% da produção dos frutos (Alves e Flores, 1982; Garcia e Souza, 1998). O fungo Thielaviopsis paradoxa é o agente causal da podridão negra da pupunha provocando podridão da polpa do fruto (Alves e Flores, 1982; Alves e Flores, 1981).

Síndrome da queda dos frutos. A

ocorrência da queda dos frutos, denominada de síndrome da queda de frutos, ainda de origem desconhecida, é um dos problemas que mais preocupa os agricultores da região de Manaus, estado do Amazonas (Mota, 1994; Mota e Gasparotto, 1995). A síndrome da queda de frutos ocorre em três fases: inicialmente, ocorre a queda dos frutos imaturos, até 20 dias após a abertura da inflorescência, onde até 50% dos frutos podem ser afetados; durante o segundo mês de desenvolvimento do fruto, pode ocorrer uma pequena queda; e nas últimas semanas antes da maturação completa dos frutos, geralmente ocorre mais uma queda, com menor intensidade (Mota, 1994).

Em pesquisas feitas por Mota (1994) sobre a etiologia desse problema, esta autora concluiu que pelo fato da grande maioria dos frutos caídos (81,20%) não apresentarem lesões causadas por fungos, a síndrome da queda de frutos não pode ser atribuída unicamente à ação de fitopatógenos. Ainda de acordo com essa autora, o fungo C.

gloeosporiodes afeta frutos de pupunheira, no

entanto esta síndrome está associada a um

complexo de fatores, tais como desbalanço nutricional e estresse ambiental.

Outras manchas foliares. Em levantamento

realizado por Tavares et al. (1998) em áreas irrigadas na região do Submédio São Francisco, Pernambuco e Bahia, estes autores constataram, em plantas de pupunha com um ano de idade, a presença de lesões necróticas foliares associadas aos seguintes fungos: Alternaria sp., Curvularia sp., Macrophoma sp. e Colletotrichum sp.

Nozaki et al. (2002) relataram o fungo

Phomopsis sp. causando lesões em folhas de

pupunheira.

GUARIROBA

A guariroba (Syagrus oleracea (Mart.) Becc.) é uma palmeira nativa do cerrado, de grande importância para a região. Dela se extrai um palmito de sabor amargo muito apreciado. A comercialização quase sempre é in natura, sendo a industrialização ainda artesanal. O principal mercado localiza-se em Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, algumas regiões da Bahia e Minas Gerais e no Distrito Federal. Esse mercado tem se expandido para outras regiões (Bittencourt, 1995). Com a exploração predatória acelerada e a expansão agrícola, a oferta do produto oriundo do extrativismo vem sendo reduzida substancialmente. Por outro lado, o cultivo dessa palmeira vem crescendo em alguns Estados, principalmente Goiás, com crescimento anual do número de produtores de 53,2% e de área plantada de 47,4% no período de 1995 a 1999. Em Goiás a área plantada é de cerca de 4500 ha e em alguns municípios a importância econômica da guariroba supera produtos tradicionais como arroz, milho e café (EMATER-GO, 1999). A guariroba em plantio consorciado com mogno, neem e seringueira em solo de cerrado, beneficiou o crescimento das espécies florestais sem prejuízo de seu próprio crescimento (Melo & Guimarães, 2000). As informações disponíveis referem-se à ocorrência da antranose.

Antracnose. Esta doença foi relatada em

guariroba por Charchar et al. (2002) em Brasília, DF. Os sintomas caracterizam-se por lesões necróticas pequenas circulares ou irregulares, de coloração marrom para preta, que geralmente coalescem quando os sintomas progridem. O agente causal é o fungo Colletotrichum gloeosporioides (Penzig) Penzig & Sacc.

PALMEIRA REAL

As espécies de palmeira-real-da-austrália ((Archontophoenix cunninghamiana Wendl et Drude e Archontophoenix alexandrae Wendl. et

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Drude) são palmeiras amplamente cultivadas em

todos os trópicos e subtrópicos como plantas ornamentais. Em Santa Catarina vêm sendo cultivadas em quase todos os municípios do Litoral e Médio Vale do Itajaí, igualmente para fins ornamentais. Entretanto, seu cultivo para produção de palmito já tinha sido destacado na década de 70, com amplas possibilidades de substituir o palmiteiro nativo (E. edulis), produzindo mais creme ou parte comestível, bem como palmito de ótimo paladar (Ramos, 2004).

Ainda de acordo com Ramos (2004), na atualidade, vem crescendo o interesse pelo cultivo das mesmas a partir da região do Litoral Norte, difundindo-se para as demais regiões do Litoral e Vale do Itajaí, SC, e outras regiões brasileiras. As primeiras experiências na industrialização confirmam as informações quanto à produção de creme e sua qualidade.

Estudos realizados em palmeirais implantados por produtores, para comprovação do cultivo destas palmeiras produtoras de palmito para produção comercial na região do Litoral Norte de Santa Catarina ratificaram as informações iniciais quanto à produção de palmito por planta e quanto às qualidades para o processamento industrial (Ramos, 2004).

Até o momento não há registros de doenças nos plantios de palmeira-real. Face à expansão do cultivo destas espécies, há necessidade que sejam feitos levantamentos nos plantios para identificá-los (Ramos, M., 2005. Comunicação pessoal).

AÇAIZEIRO E PALMITEIRO

O açaizeiro (Euterpe oleracea Mart.) na Amazônia e o palmiteiro ou juçara (E. edulis Mart.) na Mata Atlântica, são explorados em matas nativas. O palmito nativo do açaí ainda representa 95% do mercado brasileiro (Bovi, 2000).

Em pesquisas desenvolvidas por Bovi et al. (1977) visando viabilizar o cultivo do gênero

Euterpe, foi verificada a ocorrência de Colletotrichum gloeosporioides Penz. (Von Arx.)

sobre mudas de açaizeiro (E. oleracea), palmiteiro (E. edulis) e de Euterpe badiocarpa Barb. Rodr. As mudas, que por ocasião da ocorrência do patógeno contavam com um ano de idade apresentavam, como principais sintomas, lesões deprimidas na haste e na ráquis das folhas. Essas lesões, de coloração castanho-escura, mostravam-se alongadas, de tamanho variável na ráquis e envolviam a bainha das folhas mais velhas. A região do coleto estava deprimida e possuía, na área de transição entre a parte morta e o tecido vivo, uma faixa irregular de coloração castanho-escura a preta.

CONCLUSÕES

O palmito é um produto de alto valor nos mercados interno e externo, e o Brasil é o maior produtor e exportador mundial. No entanto, o questionamento crescente sobre a sustentabilidade biológica das áreas de preservação, os conflitos por conta das invasões para a extração ilegal de palmito e o rareamento das plantas nas áreas extrativas, têm comprometido a viabilidade dessa forma de produção. Assim sendo, algumas palmeiras estão sendo cultivadas para produção de palmito, destacando-se a pupunheira, a palmeira-real e a guariroba. Há escassez de informações sobre os aspectos fitossanitários destas espécies. Dentre as espécies relatadas, há mais informações sobre a pupunheira, por ser a espécie com maior distribuição e maior área plantada no Brasil.

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Referências

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