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Grande Sertão: veredas a Bíblia de João Guimarães Rosa

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Academic year: 2020

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GRANDE SERTÃO:

VEREDAS A BÍBLIA

DE JOÃO GUIMARÃES ROSA*

CRISTIANO SANTOS ARAÚJO**

A

Bíblia, como livro basilar da ocidentalidade, é uma obra literária com suas tramas, intrigas e personagens, assim sendo, independente de confessionalidades peculiares, é passível de ser interpretadas à luz de teorias hermenêuticas e literárias contem-porâneas (MAGALHAES, 2008). A Bíblia é um livro, um clássico da humanidade, texto cuja interpretação definitiva é impossível ante a liberdade humana de realizar releituras e interpretações, pois bem, um clássico não se pode estabelecer uma interpretação definitiva, se assim puder fazê-la deixará de ser um clássico, torna-se uma obra comum. Nesta pers-pectiva do clássico, está o Grande Sertão: Veredas, a Bíblia de Guimarães Rosa, um clássico não apenas de Rosa, mas também do Brasil. O único romance de Guimarães Rosa será objeto de nossa apresentação e análise neste texto, seguiremos a releitura dos autores da fortuna crítica da obra de Guimarães Rosa, assim como o conceito de clássico a partir de

Resumo: neste trabalho propomos discutir um romance brasileiro, Grande Sertão: Veredas, de

João Guimarães Rosa, obra delimitada entre os entroncamentos do Noroeste de Minas Gerais, o sudoeste da Bahia e o sudeste de Goiás. Pelo termo, a Bíblia de Guimarães Rosa, entenda ser uma obra literária com suas tramas, intrigas e personagens, um clássico da literatura bra-sileira que discute os dilemas do homem humano em seus embates histórico-metafísicos entre o mundo rural e a cidade. Romance que apresenta a religião na arte literária, e vice-versa, formando assim uma modalidade de representação artística de tempos e espaços sagrados nas esferas da dialética entre ficção e realidade, entre arte e vida. O único romance de Guimarães Rosa será objeto de nossa análise neste texto, seguiremos a releitura dos autores da fortuna crítica da obra de Guimarães Rosa, assim como o conceito de clássico a partir de autores da Teoria da Literatura e da Hermenêutica, portanto desejamos apresentar ao leitor deste texto um livro basilar da literatura e cultura brasileira: O Grande Sertão: Veredas.

Palavras-chave: Bíblia. Guimarães Rosa. Literatura.

* Recebido em: 10.08.2015. Aprovado em: 15.08.2015.

** Doutorando em Ciências da Religião na PUC Goiás (bolsista Capes). Mestre em Teoria da Literatura e Literatura Comparada (UERJ). Licenciado em Letras: Português/Literaturas (UFG-Unesa). Bacharel em Teologia (UMESP / Seminário Teológico Betel–RJ). E-mail: umcristiano@gmail.com

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autores da Teoria da Literatura e da Hermenêutica, portanto deseja-se apresentar ao leitor, um livro basilar da literatura e cultura brasileira, texto de nossa brasilidade em transição do mundo rural para o cosmo urbano e moderno. Vamos a ele, entremos no sertão de Rosa e de todos os homens.

GRANDE SERTÃO: VEREDAS, O LIVRO DE ROSA

Se para Tolstoi o campo russo é a origem do mito, e para Kafta as tortuosas ruas de Praga, para Gui-marães Rosa são as veredas do sertão mineiro, o palco da luta do espírito humano contra o diabo e em busca da eternidade1.

Grande Sertão: Veredas, único romance de João Guimarães Rosa (1908-1967), foi

publicado em 1956 pela editora José Olympio, é uma narração sobre a trajetória do jagunço Riobaldo Tatarana e a sua descoberta meta-física de que “viver é muito perigo”. Não tive a oportunidade de lê-lo na juventude, na verdade quem o teve? E ainda hoje o tem? O texto de Grande Sertão: Veredas que utilizaremos será o da 19ª edição, editora Nova Fronteira, nas citações do texto utilizaremos a sigla GSV seguida do numero da página. Sua clássica obra histórico-metafísica, Grande Sertão: Veredas, da mesma forma, “Deus ou o demo? – Sofri um velho pensar” (GSV, p. 437). Por ousar lê-lo, “eu era dois, diversos? O que não entendo hoje, naquele tempo eu não sabia” (GSV, p. 505). Livro de ambiguidades intencionais, pontuado pelos opostos (supra)terrenos da existência dos homens, caminhada entre o sim e o não, entre Deus e o demo, entre paz e violência, entre vida e morte, entre homem e mulher, entre o que é e o que não é, como a vida e a existência do amor (im)possível entre Riobaldo e Diadorim. Por isso, a travessia é o caminho possível para o que existe, o homem humano. Guimarães Rosa foi consciente da relação dialética ente ficção e vida.

O primeiro dos seis filhos de Florduardo Pinto Rosa e de Francisca Guimarães Rosa (Chiquinha) nasceu em Cordisburgo, Minas Gerais, em 27 de junho de 1908 e morreu de enfarte em 19 de novembro de 1967, na cidade do Rio de Janeiro, três dias após assumir sua vaga de imortal na Academia Brasileira de Letras. Viveu como médico, militar, escritor, diplo-mata... Morreu? Sabe-se lá. Como ele mesmo disse no discurso de posse na Academia Brasi-leira de Letras, a gente morre para provar que viveu, as pessoas não morrem ficam encantadas. Na abertura, ou prefácio de Grande Sertão: Veredas (ROSA, 2001, p. 11) foi re-produzido um fac símile, que fora publicado três dias após a morte de João Guimarães Rosa pelo Correio da Manhã, em 22 de novembro de 1967, um poema de Carlos Drummond de Andrade intitulado ‘um chamado João’:

João era fabulista? Fabuloso? Sertão místico disparando no exílio da linguagem comum? [...] Em-baixador do reino que há por trás dos reinos, dos poderes, das supostas fórmulas do abacadabra, sésamo? Reino cercado não de muros, chaves, códigos, mas o reino-reino? [...] Tinha parte com... (sei lá o nome) ou ele mesmo era a parte de gente servindo de ponte entre o sub e o sobre que se arcabuzeiam de antes do princípio, que se entrelaçam para melhor guerra, para maior festa? Ficamos sem saber o que era João e se João existiu deve pegar.

O romance em questão é obra prima de seiscentos e vinte quatro páginas maciças, com vocabulários bem distintos para os neurastêmicos do litoral. Um texto sem divisas em parágrafos, capítulos, sem pausa, enigmático e de uma beleza intempestiva. Uma história que demora a começar... Culpa do demo. Um longo monólogo das lutas pelo sertão de Minas,

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de Goiás e do sul da Bahia, um rio corrente que focaliza a gente e a ambiência peculiar do sertão mineiro. O livro, que à primeira vista parece impenetrável, nos convida ao palco móvel dos embates físicos e metafísicos de todos nós, conforme diz Benedito Nunes (2002, p. 205), que o Grande Sertão: Veredas é um romance polimórfico onde o sertão é o mundo e a vida é perigosamente vivida. Os dois pontos que dividem o título ‘Sertão: Veredas’ aponta para uma ambiência geográfica bem nítida, que logo a ultrapassa no corpus simbólico e metafísico do sertão além das Gerais. Assim o sinal “ - : - “ entre os dois sintagmas do título, segundo Paulo Rónai (2001, p. 17), teria valor adversativo, estabelecendo a oposição entre a imensa realidade inabrangível e suas mínimas parcelas acessíveis, ou, noutras palavras, entre o intuível e o co-nhecível. Um avançar de dentro para dentro de oposições (ir)redutíveis: um sertão ambíguo e universal. Já o travessão (——) e o símbolo do infinito (∞), no começo e fim do romance, são traços que demarcam o início e a inconclusividade da narrativa. São situadores metaficcionais e metafísicos, que no romance roseano, mantêm a ideia de polaridades escatológicas, uma imagologia dialógica e uma interrogação infinita dos temas tratados na obra. Uma sinalização da fala humana e do testemunho ou depoimento do indivíduo humano, desejo de transcen-dência, uma vereda para uma instância mais ampla, uma espécie de hierofania literária no sertão. Portanto, uma reescritura contínua da vida dentro dos cenários vividos pelos homens humanos, assim descritos na linguagem inventada.

Eduardo Coutinho (2013, p. 40), autor da compilação da fortuna crítica sobre Guimarães Rosa, diz que o romance Grande Sertão: Veredas é a única experiência do autor no gênero. O livro é uma espécie de síntese de toda a obra anterior, uma vez que nele não só convergem todos os aspectos já presentes em seus contos e novelas, mas também importante proposição de revolução para a ideia de romance regional no Brasil e na América Latina. O im-pacto causado pela publicação da obra, em 1956, foi imenso no meio intelectual brasileiro, mudando completamente o conceito de regionalismo ainda vigente, bem como a noção do próprio romance, que passaria a ter uma estrutura livre das amarras anteriores, não se atendo mais necessariamente a uma coerência lógica e cronológica formais. No livro Travessias, de Eduardo Coutinho, há um capítulo bem interessante, cujo título é “O Grande Sertão: Vere-das no contexto da Literatura Brasileira e Latino-Americana como um todo”, nele, Coutinho (2013, p. 51-52) percebe a extrapolação do sucesso do livro além das fronteiras nacionais associando-se à narrativa latino-americana pela tensão entre tendências opostas que se ex-pressam através de pares antinômicos tais como: regionalismo x universalismo, objetivismo x subjetivismo, consciência estética x engajamento social. Essas tendências refletem a oscilação e ampliação comum na cultura da América Latina na transposição dos modelos trazidos pelos colonizadores europeus afirmando a busca de uma identidade nacional, mesclando a narrati-va consolidada com formas múltiplas de contar o homem, a terra e as lutas peculiares para a consolidação das identidades nacionais. Neste viés, insere-se Guimarães Rosa, com seu clás-sico romance, uma interpretação do Brasil em transição da ruralidade para a modernidade.

Desta forma, Guimarães Rosa, no Grande Sertão: Veredas, foca na estrutura da narrativa uma de suas inovações mais significativas, o fato é que o romance inteiro se constrói sob a forma de uma pergunta, Riobaldo, o protagonista-narrador, é um homem atormentado pela ideia de haver vendido a alma para o diabo, mas, ao mesmo tempo, não tem a certeza se este realmente existe, assim, decide narrar a sua vida a um interlocutor doutor (urbano e cul-to), com o fim de colocar-lhe essa questão existencial e metafísica. Riobaldo sente-se culpado pelo pacto realizado com não se sabe o que, se existe? E mais, pela morte de seu grande amor

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Diadorim. Na reconstrução da vida e da caminhada, para uma espécie de alívio da consciên-cia, ou algum tipo de perdão ou julgamento, narra sua história de olho no pacto feito e na morte do amor proibido. O certo é que o protagonista de Grande Sertão: Veredas é ao mesmo tempo um homem de ação, um ser espetaculativo e indagador (COUTINHO, 2013, p. 95). Por isso mesmo, pelos valores expostos e questões profundas trazidas aos leitores, que ultra-passa seu tempo e época, é um clássico da Literatura Brasileira e Mundial.

GRANDE SERTÃO: UM CLÁSSICO DA LITERATURA BRASILEIRA

Um verdadeiro clássico [...] é um autor que enriqueceu o espírito humano, que realmente aumentou seu tesouro, que lhe fez dar um passo a mais, que descobriu alguma verdade moral não equívoca ou aprendeu alguma paixão eterna nesse coração e que tudo já parecia conhecido e explorado, que manifestou o seu pensamento, sua observação ou sua invenção, não importa de que forma, mas que é uma forma ampla e grande, fina e sensata, saudável e bela em si, que falou a todo num estilo próprio, mas que é também o de todos, num estilo novo sem neologismo, novo e antigo, facilmente contemporâneo de todas as idades (SAINTE-BEUVE, 1850, p. 42).

A epígrafe acima, escrita por Saint Beuve, Qu’est-ce qu’un classique?2, é uma

ten-tativa de conceituação do que seja e se espera de um texto considerado clássico. O clássico transcende os paradoxos e tensões entre o individual e o universal, entre o atual e o eterno, entre o local e o global, entre a tradição e a originalidade, entre a forma e o conteúdo, entre tempos, espaços e épocas distintas. Segundo Antoine Compagnon, em O Demônio da Teoria (2010, p. 237), os clássicos são obras universais e atemporais que constituem um bem comum da humanidade. Assim, as obras antigas são clássicas não porque são velhas, mas porque são enérgicas, frescas e saudáveis de forma atemporal. Para Italo Calvino (2001, p. 9-16), há pelo menos quatorze motivos para lermos as obras literárias clássicas, ou canônicas:

1. Os clássicos são aqueles livros dos quais, em geral, se ouve dizer: ‘Estou relendo...’, e nunca ‘Estou lendo...’ [...] 2. Dizem-se clássicos aqueles livros que constituem uma riqueza para quem os tenha lido e amado; mas constituem uma riqueza não menor para quem se reserva a sorte de lê-los pela primeira vez nas melhores condições para apreciá-los. [...] 3. Os clássicos são livros que exercem uma influência particular quando se impõem como inesquecíveis e também quando se ocultam nas do-bras da memória, mimetizando-se como inconsciente coletivo ou individual. [...] 4. Toda leitura de m clássico é uma leitura de descoberta como a primeira. [...] 5. Toda primeira leitura de um clássico é na realidade uma releitura. [...] 6. Um clássico é um livro que nunca terminou de dizer aquilo que tinha para dizer. [...] 7. Os clássicos são aqueles livros que chegam até nós trazendo consigo as mar-cas das leituras que precederam a nossa e atrás de si os traços que deixaram na cultura ou nas culturas que atravessaram (ou mais simplesmente na linguagem ou nos costumes). [...] 8. Um clássico é uma obra que provoca incessantemente uma nuvem de discursos críticos sobre si, mas continuamente as repele para longe. [...] 9. Os clássicos são livros que, quanto mais pensamos conhecer por ouvir dizer, quando são lidos de fato mais se revelam novos, inesperados, inéditos. [...] 10. Chama-se de clássico um livro que se configura como equivalente do universo, à semelhança dos antigos talismãs. [...] 11. O “seu” clássico é aquele que não pode ser-lhe indiferente e que serve para definir a você próprio em relação e talvez em contraste com ele. [...] 12. Um clássico é um livro que vem antes de outros clássicos, mas quem leu antes os outros e depois lê aquele, reconhece logo o seu lugar na genealogia. [...] 13. É clássico aquilo que tende a relegar as atualidades à posição de barulho de fundo, mas ao mesmo tempo não pode prescindir desse barulho de fundo. [...] 14. É clássico aquilo que persiste como rumor mesmo onde predomina a atualidade mais incompatível.

O clássico não cede às flutuações do tempo e às variações de estética e gosto, quan-do qualificamos uma obra como clássica, seguimos a consciência de sua permanência, de sua

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significação imperecível, independentemente de qualquer circunstância, o clássico se mantém numa espécie de presença atemporal e contemporânea de todo presente para os novos leito-res. O autor Ezra Pound (2007, p. 22-32) diz que as obras clássicas são aquelas que guardam uma juventude eterna e irreprimível, independentemente da época em que foram produzidas, uma vez que a grande literatura [sendo atemporal] é simplesmente linguagem carregada de significado até o máximo grau possível. Eis o porquê dos grandes livros da Literatura Uni-versal permanecerem inesgotáveis. Thomas Stearns Eliot (1972, p. 84), ele próprio um poeta e ensaísta canônico, acrescenta que uma das principais funções dos clássicos é a de nutrir os escritores subsequentes da língua, ele afirma que a aferição do valor estético de uma obra de arte literária depende do que chama de filtro do tempo. Certas obras de arte são universais, elas são mundiais, são depositária dos valores comuns da humanidade.

Grande Sertão: Veredas é um clássico, a bíblia de Rosa, é um mergulho profundo

na realidade essencial de certo Brasil arcaico e, ao mesmo tempo, no vasto mundo de todos os homens. Através desta obra, primus inter pares, iniciada na chamada terceira fase do mo-vimento modernista, Guimarães Rosa revoluciona a linguagem romanceada, reinventando-a artisticamente. Deve-se deixar claro, como diz Francis Utéza (1994, p. 409), que Grande

Sertão: Veredas é uma obra de arte, não um tratado de teologia, nem um compêndio de

me-tafísica.

A ordem dos eventos narrados por Rosa e Riobaldo segue a ordem da memória. Segundo GARBUGLIO (1991, p. 423-444), há dois planos bipolares narrativos: A linha ob-jetiva trata dos fatos em sentido diacrônico, a história. A subob-jetiva vê os fatos e analisa em sen-tido sincrônico, as interrogações da história. A primeira é expositiva, a segunda é de natureza crítica. Assim começa: “Nonada. Tiros que o senhor ouviu foram briga de homem não, Deus esteja... Daí vieram me chamar. Causa dum bezerro: um bezerro branco... Cara de gente, cara de cão: determinaram - era o demo... O senhor tolere, isto é o sertão” (GSV, 2001, p. 23).

Nos dois primeiros parágrafos do romance, o estranho bezerro como os homens, a palavra inventada, o sertão, o demônio são a matéria vertente entre ficção e realidade de cada homem humano. O equilíbrio entre ficção romanesca, religiosidade brasileira e proposição da existência do homem humano contemporâneo é um caminho roseano, sempre em cons-trução, o jagunço Riobaldo está com a (im)possibilidade de escolher entre Deus e o demo, ou nem um nem outro, a possibilidade de realizar a travessia nonada. Assim, as formas, o léxico, a narrativa, as questões metafísicas e o desfecho da travessia de Grande Sertão: Veredas mostram as matrizes do povo brasileiro em transição para a modernidade do meio para o final do século XX.

Conforme Benedito Nunes (2002, p. 205), o Grande Sertão: Veredas é um roman-ce polimórfico onde o sertão é o mundo, a vida é perigosamente vivida. Segundo Antônio Candido há no romance, como nos Sertões de Euclides da Cunha, três elementos estruturais que apoiam a composição: a terra, o homem e a luta (COUTINHO, 1991, p. 295). Particu-larmente, em Grande Sertão: Veredas é visível que o percurso de Riobaldo no sertão mineiro e universal desenha-se numa rede sagrada ou “uma aragem do sagrado” (GSV, 2001, p. 438) numa terra e geograficidade chamada sertão, no homem humano Riobaldo Tatarana e na ambiência das lutas históricas que atravessavam o sertão de Minas Gerais, Bahia e Goiás. Uma caminhada pelas veredas metafísicas, a partir da poiésis romanesca, experimentada e constitu-ída na nos fundamentos da metafísica pessoal do Cavalheiro da Rosa de Cordisburgo, a saber, Guimarães Rosa, no clássico Grande Sertão: Veredas.

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A BÍBLIA DE JOÃO GUIMARÃES ROSA

Tudo que invento já foi dito nos dois livros que eu li: as escrituras de Deus e as escrituras de João. Tudo é Bíblias. Tudo é Grande Sertão3.

O foco de estudos dialogais entre Literatura, Filosofia e Religião encontra em Gui-marães Rosa, mestre da linguagem, o santo e o profano nos meandros da palavra, um amplo terreno para a intertextualidade entre bíblias, quer seja a Bíblia Judaico-Cristã, ou demais tex-tos literários clássicos, em ambos, a noção de clássico para a humanidade é uma forma atem-poral conforme bem destaca a áurea confissão de Adélia Prado, as escrituras de João, quer seja de Patmos, ou de Cordisburgo, ultrapassam seu tempo e época, permanecem nos entronca-mentos entre vida e ficção de todos os homens. Pois bem, segundo Paul Ricoeur (1992, p. 29) a experiência religiosa não se reduz apenas à linguagem, no entanto, a linguagem é mediação indispensável ao estudo do fenômeno religioso, isso claramente se verifica nos enfoques prin-cipais das escrituras de João Guimarães Rosa, por exemplo, na correspondência com o tradu-tor Italiano, Rosa fala de sua constituição ou essência religiosa para a escritura de seus textos, atribuindo nota 7 sobre 10 ao conjunto poesia-metafísica em sua obra:

...sou profundamente, essencialmente religioso, ainda que fora do rótulo estrito e das fileiras de qualquer confissão ou seita; antes talvez, como Riobaldo do “Grande Sertão: Veredas”, pertenço eu a todas. E especulativo demais. Daí todas as minhas constantes, preocupações religiosas, meta-físicas, embeberem os meus livros. Talvez meio existencialista cristão (alguns me classificam assim), meio neo-platônico (outros me carimbam disto), e sempre impregnado de hinduísmo (conforme terceiros). Os livros são como eu sou [...] Ora, você já notou, decerto, que como eu, os meus livros, em essência são “antiintelectuais”, defendem o altíssimo primado da instituição, da revelação, da inspiração, sobre o bruxelear presunçoso da inteligência reflexiva, da razão, a megera cartesiana. Quero ficar com o Tão, com os Vedas e Upanixades, com os Evangelistas e São Paulo, com Platão, com Plotino, com Bérgson, com Berdiaeff – com Cristo, principalmente. Por isto mesmo, como apreço de essência e acentuação, assim gostaria de considerá-los: a- Cenário e realidade sertaneja:1 ponto; b- enredo: 2 pontos; c- poesia: 3 pontos; d- valor metafísico-religioso: 4 pontos (BIZARRI, 2003, p. 90-91).

Não obstante as diversas influências na constituição pessoal-literária-crítica de Gui-marães Rosa, os dois eixos ocidentais e orientais dialogam de forma bem presente e demarca-da em seus textos, claro que com uma ênfase no caleidoscópio demarca-das palavras, pela categorização dos fenômenos religiosos de preocupações e nuances católicas, que se afirmam como parte integrante da existencialidade de um autor das Gerais, e de uma obra literária que repre-senta mimeticamente o cenário brasileiro religioso, com o pano de fundo do cristianismo lusitano-romano implementado no Brasil.

Na extensa fortuna crítica sobre o autor, existem augustos nomes que trabalharam diretamente, ou indiretamente, no foco filosófico-religioso proposto neste artigo, entre eles: Walnice Galvão, em As formas do falso (1972); Kathrin Rosenfield, em Os descaminhos dos

demo (1993); Francis Úteza, em Metafísica do Grande Sertão (1994); Heloísa Vilhena, em O roteiro de Deus (1996); e, recentemente, Willi Bolle, em Grandesertao.br (2004); e Eliana

Yunes, em O Bem e o Mal em Guimarães Rosa (2008)... Entre outros diletos pesquisadores. Todos se mostraram frutíferos ao interligar a estética literária roseana, como uma estória na outra, o certo no incerto, o demo no meio do redemoinho das palavras e as ligações religio-sas com as tradições do oriente plotínico-veda existentes. Na eleição destes motes

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reiteran-tes, insere-se a possibilidade de leitura de base para sobre as ambiguidades dos personagens Riobaldo-Diadorim e a síntese rosiana do homem humano como um projeto Diadorinesco entre Deus e o demo (Diadorim x Deodorina da Fé), ou anúncio estético de modernidade, o que chamo de kerigma, ou mais especificamente, a proclamação do que existe em face a não existência do demo, o homem humano que projeta enfrentar Deus e demo, estabelecendo na cultura brasileira para o final do século XX o homem humano roseano, ser livre e capaz de ficcionalizar a tradição, ou idealizar uma espécie de traição da cultura religiosa brasileira estabelecida na consolidada dialética do divino e do demoníaco, ou a terceira via, a chamada travessia, o aparecimento do homem humano brasileiro, assim, graças à escrita, o mundo do texto pode fazer explodir o mundo do autor (RICOEUR, 1983). E principalmente, o mundo dos leitores de todas as épocas.

Guimarães Rosa trafega pelas vias religiosas do oriente e do ocidente com a facilida-de facilida-de quem bebe água facilida-de todos os rios religiosos e filosóficos, visto que às margens do mesmo já esteve com a frequência de vida e academia. As fronteiras e cruzamentos das grandes religi-ões mundiais lhe são conhecidas, teve muitas bíblias para a formação da sua, a religião é um assunto importante e pertinente para o homem humano, quer seja do Norte de Minas, quer seja do homem brasileiro além Gerais. O Sertão é um espaço-personagem, retratado com exatidões de referência geográfica bem delimitadas, e de fato existentes pelos entroncamentos dos sertões de Minas, Bahia e Goiás. Personagem, devido à participação polifônica para a constituição dos demais personagens da trama, o sertão é o palco onde a trama e as intrigas de Riobaldo são vivenciadas à luz dos embates humanos presentes na dialética da vida de um homem humano. Neste viver perigoso, a religião é parte importante na obra roseana.

Por isso é que se carece de religião: para desendoidecer, desdoidar. Reza é que sara da loucura. No ge-ral. Isso é que é a salvação-da-alma... Muita religião, seu moço! Eu cá, não perco ocasião de religião. Aproveito de todas. Bebo água de todo rio... Uma só, pra mim é pouca, talvez não me chegue. [...] Tudo me quieta, me suspende. Qualquer sombrinha me refresca (GSV, 2001, p. 32).

Na fortuna crítica, organizada por Eduardo Coutinho, há um interessante diálogo, uma entrevista dada à Gunter Lorenz, onde Guimarães Rosa diz que gostaria de ser um crocodilo vivendo no rio São Francisco:

O crocodilo vem ao mundo como um magister da metafísica, pois para ele, cada rio é um oceano, um mar da sabedoria, mesmo que chegue a ter cem anos de idade. Gostaria de ser um crocodilo, porque amo os grandes rios, pois são profundos como a alma do homem (COUTINHO, 1991, p. 72).

Para Guimarães Rosa, a religião é um assunto poético e a poesia se origina da mo-dificação de realidades linguísticas. Desta forma, pode acontecer que uma pessoa forme pa-lavras e na realidade esteja criando religiões. Cristo é um bom exemplo disso. Também isso é brasilidade (COUTINHO, 1991, p. 92).

Como não ter Deus? Com Deus existindo, tudo dá esperança: sempre um milagre é possível, o mundo se resolve. Mas, se não tem Deus, há-de a gente perdidos no vaivém, e a vida é burra... O inferno é um sem fim que nem não se pode ver. Mas a gente quer Céu é porque quer um fim com depois dele a gente tudo vendo (GSV, 2001, p. 76).

A bíblia Roseana é um romance que se manifesta com pluralidade de sentidos, é um romance histórico, filosófico, religioso, sociológico... Não obstante às diversas hermenêuticas,

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é uma obra prima em cada homem pode se encontrar ou se perder no caleidoscópio das pala-vras roseanas, e por ser um clássico da literatura, não aceita uma interpretação definitiva. Para João Guimarães Rosa, é a sua auto-reflexão irracional, onde credo e poética são uma mesma coisa: vida e literatura. A experiência religiosa não se reduz, certamente, à linguagem. Toda-via, a encarnação do símbolo, isto é, o relacionamento do totalmente outro com o homem, se estabelece no cosmo pela capacidade do homo religiosus transignificar para a linguagem esta relação, o que Guimarães Rosa traduz no pensamento do homem demasiadamente humano entre Nonada e Travessia. No acervo e na fortuna crítica de Guimarães Rosa, onde literatura e religião andam como escrita e leitura da vida de um Brasil em transição, vemos a importância desta literatura como arquivo, registro e interpretação de um imaginário epocal brasileiro e do novo homem, o homem humano, que emerge desta leitura.

Assim, Grande Sertão: Veredas é a bíblia de João Guimarães Rosa, o romance registro de uma acumulação literária sócio-cultural-religiosa, um acervo brasileiro clássico, um resu-mo da experiência humana na sua frequência cósmica, na formação de camadas de mistério e espantos do homem diante da religiosidade popular e da vida de homens humanos para a vi-rada do século. Escrituras de João, o Rosa, de Cordisburgo, das Gerais, do Brasil, do Mundo. CONSIDERAÇÕES NADA FINAIS

O tema, a significância e a exegese são os elementos básicos da formação de representações. Tema e significância interagem e a interação necessita por sua vez da exegese, originando assim a formação subsequente das representações, [na quais] o tema e a significância se entrelaçam. Prova disso é, não em última instância, o caráter peculiarmente híbrido de nossas representações no ato da leitura; num momento, elas são imagísticas, em outro, semânticas. [...] A ficção não ganha sua função pelo cotejo nocivo com a realidade, mas pela transmissão de uma realidade que ela mesma organiza, ela ilumina a realidade por ela fingida quando definida a partir de sua função comunicativa. Ela virtualiza as diferentes interpretações da realidade, da qual empresta o repertório, bem como o repertório de normas e valores dos leitores. E justamente por não ser idêntica ao mundo, nem ao receptor, a ficção possui capacidade comunicativa4.

Usar desta capacidade exegética, ao ler e estudar Grande Sertão: Veredas é um de-safio de saber e sabor, aos que se aproximam das letras e bíblias humanas. Tanto a recepção, quanto à exegese literária não são, a princípio, um processo semântico, mas sim o processo de experimentação da configuração do imaginário projetado no texto. Por este caminho se vem a experiência do leitor na medida em que este texto se converte em um objeto estético, isto, requererá dos receptores a capacidade de reproduzir o objeto imaginário, ainda que não corresponda às suas disposições habituais, esta é a alma e tarefa da interpretação, perceber as intenções do autor, da obra e do leitor (ECO, 2001). Dela resulta a conversão deste objeto imaginário em uma dimensão semantizada, na qual percebe-se, que todas as obras do espírito contêm em si a imagem do leitor a que se destinam (SARTRE, 1989, p. 58). Neste acolhi-mento é o que nos propusemos realizar neste texto, uma caracterização dialógico-polifônica da literatura roseana através do homem humano Riobaldo-Diadorim.

A interpretação de uma obra de arte é uma troca de experiência, ou um diálogo, um jogo de perguntas e respostas. Daí, a busca pelas impressões (re)descobertas no sertão de Riobaldo vivificada na linguagem: É essa luta pelo pensar mais, sob a condução do princí-pio vivificante que constitui a alma da interpretação (RICOEUR, 1989, p. 459). Um apelo

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exemplar à investigação interdisciplinar, movimentando o sentido das palavras, transpondo nomes, exercendo a função retórica e a função poética bem presentes no universo da herme-nêutica. Na poésis roseana, Diadorim é semântica para Riobaldo, exercendo em sua pessoa uma função ontológica e meta-histórica, esferas constituintes do homem humano, nisto está o sentido romanesco de Grande Sertão: Veredas. Nesta busca, pelas pegadas de Goethe em

Fausto, ao apresentar o homem humano, Guimarães Rosa procura(ria) verter o sagrado

origi-nal brasileiro, os autores e seus clássicos têm este poder estético.

Nessa experiência sou já mestre. Compensa-se, entretanto a privação. Aprendemos a olhar pelo supraterrestre, A ansiar pela revelação. Que em ponto alguma luz com mais belo alento, do que no Novo Testamento. Almejo abrir o básico texto, e verter o sagrado original, com sentimento reverente e honesto, em meu amado idioma natal (FAUSTO, 1997, p. 68).

Nesta veredazinha metodológica, ou hipótese, adentramos na ficção rosiana. Como sairemos dela, é uma outra estória, “amável o senhor me ouviu, minha ideia confirmou: que o diabo não existe. Pois não? O senhor é um homem soberano, circunspecto. Amigos somos. Nonada. O diabo não há! É o que digo, se for... Existe é homem humano. Travessia” (ROSA, 2001, p. 624). Assim termina o Grande Sertão: Veredas, o estabelecimento de um livro ba-silar na literatura brasileira, assim como a Bíblia é obra fundamental para a ocidentalidade. A bíblia de Rosa é o primeiro grande romance metafísico da literatura brasileira. Segundo Antonio Carlos Magalhães (2003, p. 85):

Grande Sertão: Veredas se insere no conjunto de obras literárias que apontam para o alcance da literatura enquanto acervo da memória religiosa e intérprete do fenômeno religioso. O texto lite-rário convida o leitor para que na sedução estética, na complexidade narrativa e estrutura literária ele amplie sua consciência de mundo e da religião [...] A religião encontra na literatura arquivo e interpretação. A Teologia e outras ciências da religião dialogam com a literatura reconhecendo am-bos os postulados.

A bíblia roseana serve como um acervo, registro e intérprete de memórias tradicio-nais de um delimitado espírito da época num determinado tempo e espaço onde Guimarães Rosa é um autor que joga ficcionalmente com a possibilidade de verter o sagrado original em seu idioma natal quando nascido junto à vereda do catolicismo popular mineiro, ou seja,

bebe água de todos os rios da religião para afirmar em sua obra o que existe na modernidade:

o homem humano, um ser plenamente livre, capaz de escolher entre Deus e o diabo, ou ne-nhum deles. A ficção roseana é uma maneira de pensar o mundo na qual a sociedade pode tomar uma maior consciência de si mesma, contestando valores estabelecidos para assumir uma consciência de suas matrizes sócio-histórico-religiosas de um lugar chamado sertão, de um espaço sagrado chamado Brasil, e de um homem, humano, brasileiro.

GRANDE SERTÃO: VEREDAS - THE BIBLE OF GUIMARÃES ROSA

Abstract: in this work we discuss a Brazilian novel, Grande Sertão: Veredas of João Guimarães

Rosa, bounded work between junctions Northwest of Minas Gerais, the Southwest of Bahia and southeast of Goiás. By the term, the Bible of Guimarães Rosa, deems it a literary work with his plots, intrigues and characters, a classic of Brazilian literature that discusses the dilemmas of hu-man in their historical and metaphysical conflicts between the countryside and the city. Novel

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pre-senting religion in literary art, thus forming an artistic representation mode times and sacred spaces in dialectic balls between fiction and reality, between art and life. The only novel by Guimarães Rosa will be the object of our analysis in this article, we will follow the reading of the authors of literary criticism of Guimarães Rosa work as well as the concept of classic authors from the Theory of Literature and Hermeneutics, so we want to introduce the reader to this article a basic book of Brazilian literature and culture: Grande Sertão: Veredas.

Keywords: Bible. Guimarães Rosa. Literature.

Notas

1 Vilém Flusser. A invenção da narrativa de Guimarães Rosa. Cadernos Flusser Brasil, editado pelo prof. Gustavo Bernardo Krause (UERJ). In: http://flusserbrasil.com/art12.html.

2 O que é um clássico?

3 PRADO, Adélia. Bagagem. Rio de Janeiro: Imago, 1976, p 82. 4 ISER, Wolfgang. O ato da leitura, vol. II, p. 74-75; 124-5.

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