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Olfacto: uma visão pessoal integrando neurodegeneração e autoimunidade

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A R T I G O D E R E V I S Ã O

O L F A C T O

:

U M A V I S Ã O P E S S O A L I N T E G R A N D O

N E U R O D E G E N E R A Ç Ã O E A U T O I M U N I D A D E

Samuel-Datum Moscavitch,

*,**

Martine Szyper-Kravitz,

*

Yehuda Shoenfeld

*,***

Introdução

«Que atmosfera reina no seu íntimo? O ódio? A agressividade? O ressentimento? A falta? A voraci-dade? A cobiça? O medo? A culpa? A autocrítica? A auto-satisfação? A hipocrisia? O recalque? A sere-nidade de fachada? Ou antes a honestidade, o amor, a abertura ao instante? Observe sem tréguas. Sinta o cheiro de sua alma.»1

Dos 5 sentidos, o olfato é o menos entendido e aquele que se atribuiu no passado efeitos inexpli-cáveis no organismo. Em torno de 1.500 a.c., os an-tigos egípcios utilizavam substâncias aromáticas para fins religiosos, como para a sobrelevação da alma. Na medicina oriental chinesa, o livro Shen Nung’s Pen Ts’ao, datado de 2700-3000 a.c, descre-ve didescre-versas plantas aromáticas com benefícios me-dicinais. No ano 60 d.c., o médico e cirurgião gre-go Pedanios Dioscorides relata o valor medicinal de plantas aromáticas em seu livroDe Materia Medi-ca. No século XI, o médico persa Avicenna faz uso de propriedades medicinais de diversos óleos es-senciais, como, por exemplo, o óleo de rosas. Cria-da na Índia há mais de 5.000 anos, a tradicional medicina ayurvédica utiliza ainda hoje os princí-pios aromáticos de fitoterápicos em massagens e outras terapias. Cabe lembrar nesse contexto, o termo «mecanismo placebo», o qual descreve a independência das características do aroma sobre o padrão de resposta psicossomático, o qual seria determinado unicamente pela expectati-va/crença individual2– um dos principais motivos pelo qual a medicina ocidental não valorizaria esse campo.

Após essa breve passagem pela história, pode--se começar a questionar: será o papel do olfato restrito a apenas poucas e simples tarefas, como a distinção dicotômica (diferenciando o cheiro bom do ruim)? O presente artigo tem como objetivo des-crever, baseado em evidências, um pouco do mis-terioso e desacreditado poder do olfato e suas re-lações com o sistema nervoso central e o sistema imune.

*Center for Autoimmune Diseases and Department of Medicine B, Chaim Sheba Medical Center Tel- Hashomer, Sackler Faculty of Medicine,Tel Aviv University, Israel.

**Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ, Brasil

***Incumbent of the Laura Schwartz-Kipp chair for autoimmunity, Tel Aviv University.

Resumo

Durante a evolução da humanidade, o olfato vem perdendo sua importância para outros sentidos, particularmente a visão e a audição. No entanto, é bastante explorado na área de medicina comple-mentar, apesar de pouco compreendido. O objeti-vo do presente artigo foi o de analisar, baseado em evidências recentes, o olfato e suas influências em funções psiquiátricas superiores, como o humor e a memória, bem como a influência de patologias do sistema nervoso central, como Doença de Alzheimer e esquizofrenia, no olfato. Neste enfoque neuro-psiquiátrico do olfato, o sistema imune pode ter um papel central.

Palavras-Chave: Olfacto; Depressão; Autoimuni-dade; Doenças Neurodegenerativas.

Abstract

Throughout human evolution, smell lost its impor-tant role to be replaced by other senses. Although, it retained a «role» in several «healing» practices. The aim of this review was to analyze the possible roles and influences of olfaction on higher brain functions, like mood and memory, and in contrast heightened the influence of pathologies such as Alzheimer’s disease and schizophrenia on the olfac-tory function, based on recent animal and human data. In this neuro-psychiatric approach, the im-mune system could have a central role.

Keywords: Smell; Depression; Autoimmunity; Neu-rodegenerative Diseases.

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S A M U E L-D AT U M M O S C AV I T C H E C O L.

O olfato

Existe alguma influência do olfato no SNC? Teria o olfato algum papel na vida tão complexa do ho-mem contemporâneo e civilizado? Teria a despro-porcional valorização da visão e da audição (tele-visão, computador) deixado o olfato sem impor-tância? Na evolução da humanidade, quando os hominídeos assumem a postura bípede, passam a enxergar objetos pequenos ao longe, se afastando dos cheiros da terra. Ao lado de funções como re-conhecimento e alerta, o olfato tem diversos pro-pósitos para com o sistema nervoso central (SNC) e, apesar do desuso, ainda constitui uma importan-te via de comunicação com o ambienimportan-te. Via muco-sas nasal e oral-gastrointestinal (olfação e ingesta de alimentos), moléculas são retiradas/coletadas do meio contribuindo para uma melhor interação indivíduo-natureza, levando a adaptações compor-tamentais. Num recente experimento, essa capaci-dade do olfato de condicionar adaptações compor-tamentais foi demonstrada pela fina diferenciação de isômeros de uma mesma substância, no qual apenas um dos isômeros significava «choque elé-trico». Um breve período de exposição aos isôme-ros foi utilizado para condicionamento. Após esse período, quando reconhecido, o isômero, isolada-mente, foi capaz de provocar as mesmas alterações funcionais causadas pelo choque elétrico, visuali-zadas por ressonância nuclear magnética (RNM).3 A partir do reconhecimento de odores, receptores do epitélio olfatório ativam neurônios no bulbo olfatório, que sinalizam regiões altas do córtex ce-rebral, ativando-as. Com isso, forma-se uma cons-ciência do processo. E, com a ativação do sistema límbico, gera-se um contexto emocional e me-mória.4

Existiria alguma influência do olfato no sistema imune? E do sistema imune no olfato? Existem as-pectos interessantes do epitélio olfatório relaciona-do ao sistema imune. Esse epitélio é o único teci-do nervoso teci-do organismo que, fisiologicamente, se apresenta em contato direto com o meio externo/ /ambiente. Apresenta uma alta taxa de turnover, podendo em 30 dias ter todo seu epitélio substituí-do por um novo. Aliasubstituí-do a isso, esse epitélio possui um sistema imune próprio com macrófagos e pro-teínas de choque do calor (heat shock proteins). En-tão, alterações no sistema imune poderiam influen-ciar esse epitélio. Um interessante experimento su-gere que essa influência do sistema imune no olfa-to seja verdadeira. Abelhas produolfa-toras de mel

tiveram seu sistema imune estimulado por um imunógeno não-patogênico – lipopolissacarídeo (LPS) e, após isso, observou-se uma redução em sua habilidade em associar um odor ao doce açú-car como recompensa. Portanto, nesse experi-mento, o sistema imune pôde influenciar o olfato, gerando mudanças no comportamento e na me-mória.5

Com a visão e a audição supervalorizadas, não se consegue perceber o papel do olfato no cotidia-no, o qual contribui a cada momento na atividade do SNC, podendo ser amenizador ou exacerbador de ações e reações. A partir de cheiros inocentes, pode-se gerar variações no humor, como ansieda-de, depressão, raiva, fúria, voracidade (por exem-plo, os tubarões quando sentem cheiro de sangue), estresse e calma; assim como influências sobre a lucidez, orientando a percepção da realidade e es-tabelecendo um equilíbrio do estado sono-vigi-lia.6,7No envelhecimento normal, existe uma re-dução sobre a acuidade olfatória como parte do declínio fisiológico idade-dependente. Através de RNM, um estudo mostrou que, no ato de cheirar, idosos apresentam ativação das mesmas estrutu-ras do sistema nervoso olfatório ativas em adultos jovens, mas em menor intensidade e volume.8O in-teressante é que com o tempo (envelhecimento) o sistema imune se torna menos coeso e mais vul-nerável a instabilidades, podendo, portanto, estar associado à redução fisiológica do olfato em ido-sos. Adiante, essa hipótese será discutida com mais profundidade.

Assim, os maestros desse gigantesco fluxo de in-formações, o sistema imune, o sistema olfatório e o SNC, são dotados de uma alta plasticidade, sen-do suas estruturas determinadas a cada momen-to de sua história, possibilitando adaptações no comportamento do individuo de acordo com in-terações com o meio externo e interno.

Sistema nervoso olfatório e neuropsiquiatria

Bulbectomia

O modelo animal de depressão, ratos bulbectomi-zados (bulbo olfatório), apresenta grande simila-ridade ao transtorno depressivo maior em seres humanos em termos comportamentais,9-11 bio-químicos11-15e imunológicos.16-21 Interessante-mente, as alterações em ambas são revertidas quando administrados antidepressivos a longo prazo11,14,16,20-24e a exposição à fragrância citrus

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tas cítricas).25Algumas das alterações na imunida-de humoral incluem aumento nos níveis séricos IL--1b e prostaglandina E2 (PGE2)22e a supressão da produção de IL-10, citoquina antiinflamatória.21,26 Esse perfil proinflamatório está correlacionado à ativação do eixo hipotálamo-pituitária-adrenal e à disfunção do controle noradrenérgico central.27,28 Essas alterações sugerem inibidores da ciclooxige-nase-2 (COX-2) como potenciais antidepressivos. Num interessante experimento, o comportamen-to depressivo de racomportamen-tos bulbeccomportamen-tomizados foi rever-tido com a administração de inibidores da COX-2.29 Em pacientes com osteoartrite e comorbidade de-pressão se observa benefícios do rofecoxib tam-bém no humor deprimido.30Num estudo prospec-tivo, duplo-cego, um inibidor da COX-2, celecoxib, mostrou aumentar significativamente a resposta a um antidepressivo inibidor da recaptação nora-drenérgica, reboxetine.31

Em comparação a esse modelo animal, sinto-mas depressivos se apresentam precocemente em pacientes com esclerose múltipla (EM),32-34 doen-ça de Alzheimer (DA),35-37de Parkinson (DP)38-40e esquizofrenia.41-43Adicionalmente, a disfunção ol-fatória parece se manifestar precocemente em doenças neuro-psiquiátricas44como na EM,45DA,46 DP,47,48esquizofrenia49,50e depressão.51

Lupus Eritematoso Sistêmico

Autoimunidade

Lupus eritematoso sistêmico (LES) é uma doenca auto-imune multissistêmica conhecida por afetar preferencialmente mulheres jovens (10:1) e por sua característica hiperativação de linfócitos B com produção exacerbada de uma ampla variedade de autoanticorpos, contabilizados 116 até o ano de 2003.52Um desses anticorpos, o anticorpo anti-P ri-bossomal (anti-PR), é altamente específico para LES e não é normalmente detectado em outras doenças reumáticas.53,54Possui afinidade a fosfo-proteínas (P0, P1 e P2), altamente conservadas em células eucariotas, encontradas na subunidade 60S de ribossomos.55,56Entretanto, essas fosfoproteí-nas podem estar livres no citoplasma celular, as-sim como na superfície da membrana celular (nes-se caso somente a P0). Sua prevalência em pacien-tes com LES varia entre 10% e 40% e é maior em asiáticos que em negros ou caucasianos.57

A história do anticorpo anti-PR começa em 1987, ano em que Bonfa et al58publicam o achado

de altos títulos séricos desse anticorpo em pacien-tes com psicose lúpica. Após isso, uma série de es-tudos tenta reproduzir os mesmos resultado; no entanto, sem sucesso.54,59,60Algumas diferenças téc-nicas entre o primeiro e os demais estudos podem justificar a aparente contrariedade de resulta-dos.56,59Apesar de valioso para o estudo de LES, o assunto permaneceu controverso e depois esque-cido por muitos anos até que começassem a reco-nhecer e recomendar seu uso para diagnóstico.57 Seu valor para diagnóstico pode estar além do de reconhecidos anticorpos como o anti-DNA e o anti-Sm, os quais podem estar negativos apesar do anti-PR positivo. Atualmente, altos níveis séricos desse anticorpo são correlacionados ao acomen-timento do figado e rins, e aos períodos de maior atividade da doença lúpica.54, 60

Manifestações neuro-psiquiátricas

Após o período de descrédito, estudos começaram a confirmar a descrição do grupo de Bonfa sobre psicose;61e, outros adicionalmente depressão.62-65 Yoshio et al66encontraram também uma forte as-sociação do anti–PR com outras apresentações neuro-psiquiátricas, que não psicose, como crises convulsivas, coma, mielopatia transversa e menin-gite asséptica.

Existem atualmente dezanove apresentações clínicas reconhecidas como desordens do SNC no LES.67Cabe ressaltar as associadas a déficits cogni-tivos, transtornos de humor e psicose. Usualmen-te, essas manifestações psiquiátricas seguem o cur-so da doença (LES), mais evidentes em períodos de maior atividade. Essa relação reforça a hipótese auto-imune para doenças neuro-psiquiátricas.

Em 2007, foi realizado um interessante experi-mento por Katzav et al,68no qual, para investigar o potencial patogênico desse anticorpo no SNC, in-jetou-se anti-PR no interior de ventrículos cere-brais de camundongos. A partir dessa transferên-cia passiva de anti-PR, um interessante resultado foi observado: a indução de um comportamento depressivo (comparável a bulbectomia)22 identifi-cado através de um significativo (p < 0,001) au-mento no tempo de imobilização, observado no teste de natação. No entanto, esse comportamen-to não esteve acompanhado por déficits motores ou cognitivos. A patogênese desse anticorpo na di-reta indução de depressão se torna mais evidente ao se observar a reversão do quadro com a admi-nistração de anticorpos monoclonais anti-idiotípi-cos específianti-idiotípi-cos.69Com terapia antidepressiva de

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longo prazo (Fluoxetina) obteve-se a mesma re-versão, não observada com outros esquemas tera-pêuticos – de curto prazo ou medicamentos psicóticos. A análise histológica demonstrou anti-corpos anti-PR em neurônios do hipocampo, cór-tex cingulado e córcór-tex piriforme (córcór-tex primário olfatório). Esse conjunto de áreas demarcadas re-laciona esse anticorpo ao campo afetivo, implican-do-o na patogênese da depressão.44Algumas das estruturas identificadas incluem o sistema nervo-so olfatório, como o córtex piriforme, córtex cin-gulado, amígdala, hipocampo e outras regiões do sistema límbico.68Esse foi o primeiro experimen-to que induziu ativamente um comportamenexperimen-to psiquiátrico, depressão, através de um autoanti-corpo específico. Como uma continuação desse experimento, a partir do mesmo método, induziu--se depressão em camundongos e, adicionalmen-te, observou-se uma redução significativa no olfa-to, confirmando a previsão da análise histológica do primeiro experimento.

Mais recentemente, a partir do soro de 2 pacien-tes psicóticos, retirados de uma coorte chilena de 141 pacientes com LES, anti-PR foram detectados e isolados.70Matus et al70mostraram um novo e

único locus de afinidade para esses anticorpos na superfície de neurônios, refutando a prévia descri-ção da fosfoproteína P0 como epítopo de identifi-cação na superfície de neurônios. Um dos dados mais importantes nesse estudo foi a demonstração de anti-PR causando apoptose,70mostrando que esses anticorpos podem provocar diretamente lise celular.

Discussão

Ao longo do presente artigo, o principal interesse foi o de mostrar o olfato em situações fisiológicas e patológicas, com particular ênfase em neurode-generação e autoimunidade (Figura 1). Apesar de alguns dados parecerem fenômenos independen-tes e desconexos, são bastante intriganindependen-tes. Algu-mas coincidências puderam ser constatadas, como a presença frequente de sintomas depressivos e deficit de olfato. Apesar de algumas serem consi-deradas doenças neurológicas e outras psiquiá-tricas, todas apresentam neurodegeneracão do sis-tema nervoso central. Surge, então, um inevitável questionamento: tantas coincidências poderiam estar de alguma forma relacionadas? Existe algum mecanismo plausível que se sobrepõe a tudo isso? A clássica doença auto-imune LES possui uma ampla variedade de autoanticorpos.52Sobre suas manifestações neuro-psiquiátricas, existem des-critos cerca de vinte autoanticorpos.71Dentre eles, o anti-PR é de particular interesse nessa discussão, pois quando injetado no SNC culmina em neuro-degeneração/apoptose,70comportamento depres-sivo68e déficit olfatório. Finalizando, o hipocampo72 e a amígdala73estão seletivamente acometidos no SLE, especialmente em pacientes com manifesta-ções neuro-psiquiátricas. Interessantemente, essas duas regiões são parte de um overlap anatömico existente entre o sistema nervoso olfatório e o sis-tema límbico (relacionado às emoções). Resulta-dos sobre o teste do olfato realizado pelo nosso grupo mostra que pacientes com lupus apresen-tam um déficit olfatório, particularmente aqueles com manifestações neuro-psiquiátricas e durante os períodos de exacerbação da doença, de acordo com o escore SLEDAI.

Assim, quando um modelo consegue combinar dados aparentemente aleatórios, pode isso ser mera coincidência?

Nesse contexto, teoriza-se sobre a existência de um ou mais fatores etiológicos compartilhados por Figura 1. Desenho esquemático representanto

interações fisiológicas e patológicas entre olfato e SNC. Na parte superior, propõe-se a influência de informações olfatorias em funções psiquicas superiores. Na parte inferior, em diversas patologias degenerativas do SNC encontra-se disfunção/redução do olfato. No centro, o sistema imune que está integrado nessas situações fisiológicas e patológicas de forma passiva e ativa.

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essas doenças. Envolvem a perda de funções fisio-lógicas do sistema imune no SNC e de caminhos anatomopatológicos em comum. Adicionalmente, uma segunda hipótese seria o olfato atuar como um sensor precoce de alterações imunes poten-cialmente patogênicas.

Talvez mais importante que a caracterização de um mecanismo auto-imune como uma aberração fatal seria ver todos esses processos, nas diversas doenças descritas, como o resultado da perda do papel fisiológico e da estruturação dinâmica do sistema imune como mantenedora da homeosta-se. Entende-se com isso que o acúmulo intracelu-lar de substâncias tóxicas, ativação de complemen-to e aucomplemen-toanticorpos levando a apopcomplemen-tose de neurô-nios são na realidade apenas consequências do problema central sobre a desregulação da ativida-de fisiológica do sistema imune.

Correspondência para

Samuel Datum Moscavitch Dept of Medicine B

Sheba Medical Center, Tel-Hashomer, 52621, Israel E-mail: moscavitch@yahoo.com.br

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36th European Symposium on Calcified Tissues

Viena, Áustria

23-27 de Maio de 2009

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