SOBRE , v - i - V
DINÂMICA DOS SISTEMAS H0LÓN0M0S
1932
IMPRENSA PORTUGUESA
Rua Formosa, lie—PORTO
Dissertação para o concurso a um lugar de professor catedrático da Secção de Matemática da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (2.° grupo).
0 trabalho que apresentamos pretende servir os estudantes de Mecânica Racional que desejem tomar contacto com os assuntos versados.
No Curso ordinário da Faculdade faz-se hoje referência a alguns deles; supomos, todavia, que não será inútil o que escre- vemos.
Os quatro primeiros capítulos estão coordenados de modo a pro- porcionarem leitura fácil. No último, fomos forçados a desviar-nos desse propósito, em virtude da extensão que aqueles tomaram.
A correcção das provas, na parte ortográfica e gramatical, foi feita pelo Ex."10 Snr. Dr. Damião Marques de Moura, nosso Amigo
e ilustre Professor de Cálculo Financeiro no Instituto Industrial e Comercial do Porto. Aqui lhe consignamos os maiores agradeci- mentos.
Igualmente nos cabe agradecer à Imprensa Portuguesa e ao seu gerente, Ex.m0 Snr. Doutor Fernão Couceiro da Costa, nosso Colega e Amigo, a perfeição tipográfica da impressão.
Porto, 31 de Março de 1932.
A. ALMEIDA COSTA.
A
DINÂMICA DOS SISTEMAS H0LÓN0M0S
CAPÍTULO I
Princípio de Hamilton. Equações canónicas 1. Generalidades. — Os sistemas materiais de ligações bila- terais, holónomas ou não, que satisfazem à condição dos traba- lhos virtuais, têm os movimentos regidos pela equação geral da Dinâmica
^[(*-»fH-(r-»fH-(*-»,f )*]_<,
Quando as notações e designações que empregarmos neste tra- balho forem as que usam APPELL (1) e LEVI-OlVlTA (2), dis- pensamo-nos de explicá-las pormenorizadamente. Outro tanto faremos quando entendermos que são suficientemente inteli- gíveis.
(1) APPBLL, Trnití d» Mécanique liationnelle.
(2) LEVI-CIVITA, Lezioni di Meccanica Razionale.
2
— / _ \ _ _ = Ç i = l , 2,...,11), dt V dq ) Òqi *
onde estão introduzidos os n parâmetros lagrangeanos q{ o as- forças generalizadas Qr
Existem outras formas condensadas das leis dos movimen- tos dos sistemas em questão, equivalentes, bem-entendido, ao- princípio de D'ALEMHERT, mas que se prestam, por vezes, a enun- ciar propriedades características dos movimentos naturais, as quais não se enunciariam facilmente através da expressão do mesmo princípio. LEVl-ClVITA dedica, no seu tratado de Me- cânica, um extenso capítulo ao estudo dessas formas ou prin- cípios gerais.
Seja um movimento natural do sistema. Definamos uma família qualquer de movimentos síncronos (compatíveis com as ligações), com extremos variados, da qual faça parto o movi- mento natural. Partindo deste, temos a relação
t t " ^1)
( í ) n sãt=r y ( ***** - **
a<
?'
p.- )
, u- ° >
J'o J 'o , f X
onde 3P(. 6 o vector que leva do ponto P. ao seu variado, Fá ó a força aplicada em P. e a( ó a aceleração do mesmo ponto. E desta relação deduz-se
J ' x d í = S l ( I F< ^ +lT ) dt - ( 2 "'•' Vi m * ) ' =0>
o o <=i i = i 'o
(1) Notaçtto vectorial do livro do ECNELL citado adianto.
pois, sendo v. a velocidade de P., ó Y wi.v.3v =37'. Nao deve igualmente esquecer-se que o símbolo 3 é permutável com d.
O princípio de HAMILTON é precisamente caracterizado pela igualdade
a qual traduz uma condição realizada pelos movimentos naturais em confronto com os movimentos variados síncronos que levam o sistema da mesma configuração inicial à mesma configuração final.
O teorema recíproco resulta de que, sendo verificada a rela- ção anterior, 6 verificada a relação (1), o um raciocínio fácil vai mostrar que ó
n
A
=Z (^.--^^,-)=0-
Temos de verificar que o valor de A è nulo em cada ins- tante T, compreendido entre /0 e tv qualquer que seja o modo como se tenham escolhido as funções 3prf (com a restrição, ape- nas, das ligações).
Seja r o número destas ligações; o número de parâmetros independentes será n—r e as componentes das deslocações oP,- obtêm-se afectando linearmente de coeficientes arbitrários
\i \> • • • i ^ „ _r certas deslocações particulares, em número de n — r. Jlepresentomos com XJ os valores a dar aos Xj no instante t para so obterem os valores previamente atribuídos no mesmo instante às funções 3p^.
Seja t0<.t'<.x'<.t"<.tl; escolhamos os coeficientes \ , de modo que somente sejam diferentes de zero no intervalo (f, i") e satisfaçam à condição anterior. Então
r'"
j «
O primeiro teorema da raódia (cuja possibilidade do aplicação so admite) dá
A*(<" — í ' ) = 0 .
O valor A' de A no instante t será necessariamente nulo, visto que t' e t" se podem escolher tão próximos de x quanto se queira.
Para fazermos uma aplicação imediata (1). consideremos um sistema para o qual ó
í = i i = i < = i
O princípio de HAMILTON dá
£Z(*+*-7)**- 0í
0 . = 1
e as equações do movimento são, pois,
—ÍB—Qi ( { = 1 , 2 , . . . , » « ) .
dt
ou sejam as equações de LAGRANGE no caso dos sistemas holó
nomos.
(i) — Para uma intorossanto aplicação do principio do HAMILTON ao Eloctromagnotismo, vojaso «RODRIGO DE BEIRES, A origem das equações
fundamentais da teoria electrónica ». Há, todavia, necessidade duma hipótoso ultorior.
— Para a teoria dinâmica do Eloctromagnotismo, podo vorso igual
monto «E. CARVAI.I.O, VÉlectricité déduite de l'expérience et ramenée au prin
cipe des travaux virtuels» (colocçdo Scientia).
Tratando-so dum sistema conservativo, o princípio de HAMIL- TON exprime-se pela fórmula variacional
85=0, onde
f ! Ldt,
'o
S= Ldt, L=T+U.
A fórmula variacional 85 = 0 não equivale às equações de
LAGRANGE somente no caso dinâmico em referência. Dum modo geral, há equivalência (no sentido preciso já indicado) entre a igualdade
S f ! Lrlt = 0,
Jtn
e o sistema lagrangeano ííonoralizado
(10 A(i!M_^
= ( ) >dt \ dq\ ) dq{
como resultas duma proposição simples do Cálculo das varia- Ç5es (l), ou pode demonsti'ar-se por um método análogo ao que acaba de ser exposto. E este resultado subsiste mesmo que o sis- tema lagrangeano não seja normal, como, por exemplo, no caso de ser L uma função homogénea do primeiro grau nos gr Se, além disso, L é independente do tempo, a equivalência indicada servo para precisar que o sistema lagrangeano ó redutível a um sistema da mesma forma, com n — l equaçQes.
(') Para o método das variaçíios do LAGHANOE podo vor-so «GOMES TEIXEIRA, tomo m do Oumo de Análiu Inftnittiimal», Voja-so igualmente o « Précis» do Boui.l(iANI) citado adianto.
Consideremos os q. como coordenadas dum espaço BH a n dimensões. Uma solução de (1') representa uma curva G de Bneè
J C
a fórmula variacional que define a totalidade das trajectórias.
Tomando q como variável indepondento, temos
Jq°n \ % dq„ J onde g°, gj, são os valores de qn nos extremos de C.
Esta igualdade é equivalente a um sistema lagrangeano, que definirá qv . . ., <?„_, em função de qn, independentemente do tempo. Subsiste então a possibilidade de juntar ao sistema pro- posto uma lei temporal arbitrária. L E V I - C I V I T A deduz daí as propriedades dos movimentos espontâneos. Não nos alongamos, porque trataremos o assunto por outra via.
2. Convenções. — Para evitar repetições inúteis, anotamos aqui o seguinte: chamaremos sistema S um sistema holónomo, de ligações perfeitas, no qual as forças o as ligações dependem do tempo; sistema 2 um sistema em que esses elementos são independentes do tempo; sistemas 8' e sistemas Et os sistemas análogos para os quais há função de força. Em nenhum caso suporemos que as forças dependerão das velocidades lagran- geanas.
3. Teorema de Cartan. — CARTAN (Leçons sur les invariants intégraux) substitui ao princípio de HAMILTON, no caso dos sis- temas S', um princípio equivalente, como vamos ver.
Exponhamos o cálculo desde o início.
Consideremos uma família do movimentos a um parâme- tro \ o suponhamos quo /„ o <,, bem como os valores iniciais
t=t0 'o -f- f ' [ 8L< - V m (x»tx + y'lly + í"íi) 1 dt,
•que, atendendo às igualdades
0^ = (^-)^ + ^ 0 ^ , . . . , pode escrever-so
{1") Í S = [ « ^1- [ a )íÍ0+ f h f f - Y m í i ç " ^y ' % + í"ír)lrf/,
' 'o
pondo
i»5 = Y »» ( .r'S.r + ^'Sy + ^-'5r) — T - Y m ( a-'2 + y1* + z<' ) — Î71 Si.
A formula (1") demonstra o princípio de HAMILTON e dá 35 = (0)5^ — (<oj)0 quando se parte duma trajectória real e se consideram extremos e tempos variados. Considerando parti- cularmente um tubo de trajectórias descritas no intervalo de tempo (t0, íx), variável com X, como é nula a variação da acção hamiltoniana quando se regressa à trajectória inicial, vê-so que
•o integral 0¾ 6 um invariante integral para as equações do movimento, no sentido preciso seguinte: imaginemos o espaço
dos estados onde as coordenadas correntes sâo (x, y, z, a/, y', z1, <)■
e a variedade dêsse espaço definido pelas ligações; dado um tubo de trajectórias (assentos na variedade), o integral wj é indepen
dente da curva fechada que faz o contorno do tubo e depende só do tubo.
A expressão diferencial cog dá CARTAN o nome de « tensor quantidade de movimento energia*; o a propriedade demonstrada constitui o princípio a que se aludiu. Veremos, com efeito, que
ela caracteriza as equações do movimento. Empreguemos os parâ
metros qi e ponhamos L = T\ U. Será
igualdade donde se deduzem as equações de LAGRANGE. Uma transformação já empregada dá ainda
E(S0(2 : *§*)>i*
J>[fI(f)p.
+
donde se conclui, introduzindo a energia generalizada H =
(1)¾ = > 0(7, — Hot.
Mediante a transformação invertível (por hipótese) de
POISSON
Pi = — ( » = 1 , 2 , . . . , « ) ,
<fy_dff tyj_ òH dt òp{ dt dQj
equivalentes às equações de LAGRANGE.
Vamos estabelecer as equações anteriores, servindo-nos da propriedade indicada do integral coj, o que nos levará à recí- proca que temos em vista. Seja o sistema diferencial
dql dqn dpl dPn dt
<?, ~ Qn Px ' P T n
onde os denominadores são funções dos p, q, t, que admite o- invariante 1=\ 2,pòq — HM. Imaginemos no espaço dos p, q, t um tubo de curvas integrais parametrado por meio das variá- veis K, -, de sorte que X = const, represente uma curva integral.
Seja « o peiíodo de "k. A variável - pode escolher-se de modo que as curvas x = const, constituam uma sucessão escolhida.
Quando X varia do « a curva T = const, fecha-se. Ao longo duma curva integral ó
Ql T m'
onde \í ó uma função de ponto. A variação ofx corresponde a variação
dl— f _ V (dp^ — dqilpi)+ dlòH—dHU,
nula por hipótese, quaisquer que sejam a curva G e a função \>...
Concluímos
dpi + $5. dl = 0, —dqi+--dt=0, dH- — dt = Q;
Òq. dp{ dt
mas elevemos observar que a última equação é consequência das anteriores.
4. Transformações canónicas. — Um sistema de variáveis Xg, X|| ligadas a p{, qv t por 2 ?i equações, leva a um sistema de equações canónicas, se existe uma relação diferencial da forma
2^,-=^/,^,+ ^ + 32,
onde H0 e (-i são funções de todas as variáveis. É o que resulta de ser o sistema de equações canónicas o sistema associado do pfaffiano Y Pftyj — /ZSí. Para ligar este resultado ao princípio de CARTAN, escrevamos a relação
<2) £ ;;,. 57,. - J7SÍ = £ x< Sx,. - ( H - H0 ) Si + Sí>.
Tendo em vista que ao longo duma curva fechada 6 8Í2 = 0, vê-se imediatamente que 6
dx{ Ò(H-J[fí) dx,-
d*{ d(H-H0) dt
Ò(H-J[fí)
dx,- dt dir^
o a forma canónica ó, pois, conservada. A nova função caracte- rística é H—H0.
E clássica uma maneira de satisfazer á relação (2). Seja V uma função dos 2 n + 1 argumentos q, x, t, e ponhamos
dV _ dV
d2 F , estas relações, que Se fôr diferento do zero o hesseano
Òq. ÒXj
são invertívois, definem uma transformação canónica. A nova função característica 6 H-\- dV/õt. Quando a função curactorls-
tica é conservada, tem-se uma mudança completamente canónica.
A importância das transformações dos sistemas canónicos leva- -nos a apresentar ainda os dois parágrafos seguintes.
5. Transformações diversas. —Tomando 2?! variáveis quais- quer zlt /2, . . . , z2n ligadas a p, q, t, um cálculo fácil leva às equações transformadas
(3) ^-+[zk,t]+J\-L[zk,zl] = 0,
óz,. í-i dt
onde introduzimos os conhecidos parêntesis de LAGRANGE. Estas dz{
equações são sempre resolúveis om ordem às derivadas — • dt Os parêntesis podem substituir-se (ANDOYER, Mécanique Céleste). Designemos com u, v, ... as variáveis zk, t, e seja K uma função arbitrária de u, v, . •. ; pondo
i
as equações anteriores dão imediatamente
s
àJ.u ^ dz, , àJtb à.T òzk òt Li dt \ òz, dzk 1
Suponhamos que as variáveis z se partem em dois grupos:
dum lado x. o doutro -., sondo J_ = 0 e Jy unicamente função dos z. e do tempo. As equações anteriores cindom-se igual- mente em dois grupos
se pusermos ~' =J.A, temos o novo sistema canónico
rf~fc _ òH> <l\ _ ÒH'.
<U ò'k dt òr.^
e a transformação será completamente canónica na hipótese Jt=0.
Assim, s9 supusermos os q{ unicamente funções dos x. e do tempo, outro tanto sucedendo a K, não temos mais do que asso- ciar aos x. as variáveis J x . » ^ - " + J P < -rj-, para termos uma transformação canónica. Se os q{ forem lineares e homogéneos dos x(., com coeficientes constantes, tomaremos Z = 0, de sorte que, sendo x. = £ Pt -£ , é verificada a relação £ -. x. = ^ p. q,. Estas últimas transformações constituem um caso particular das trans- formações homogéneas, para as quais é Yphdqh= y r.hdxh.
6. Aplicação. —Para fazermos uma aplicação da fórmula geral (3), útil em Mecânica Celeste, tomemos o sistema canónico
djci òF rfy,- dF
dt= da;. ( ' - 1 , 2 , . . . , » ) ,
e suponhamos que em F figuram duas séries de parâmetros a', P', . .. dum lado, |i/, v', . .. doutro lado, podendo os da pri- meira série figurar isoladamente e oncontrando-so os da segunda pelas combinações i¥' = m't + \L', N' = n't + v', ..., onde m', n'...
são funções de a', j3',... . Suponhamos mais que, depois de feita a integração do sistema, as constantes de integração se partem em dois grupos análogos a, P , . . . , |x, v, . . . figurando as do segundo grupo sob a forma M = mt+\>., JV=n< + v , . . . ondo m, n, . . . são funções do a, p ,. , ,, «', p', . . . . Quanto às do pri- meiro grupo, podem figurar isoladamente.
Representemos com u, v, ... as quantidades t, «', [}', . .. , M', N',..., a, (3,..., il/, JV, . .. e seja Tf uma função arbitrária de u, v,.... Introduzamos os símbolos 3 e d de derivadas par- ciais, o primeiro a empregar quando as funções se exprimem sem substituir x{, y, pelos resultados da integração, e o outro quando essa substituição se faz. É
du ÒIÍ A-1 \ txi òn òw, ÒH )
e, atendendo ao sistema canónico,
(4) ÈL
=K
+ [t,
M] +V
m[
M,» ] + Y m> [ M<, «],
OU OU *"J L-x
onde os S S têm significado evidente.
Continuando a empregar as funções J, ponhamos
J
t= F + * - %mJ
M- J]"
1'*
7""
onde <1> ó uma função de w, t> Esta relação restringe a função K e, mediante ela, a igualdade (4) escreve-se
dt 8« du £-J òu i-i ou
Atendendo a que é
i •
Z J V dM' Li ' òM> ) vê-so que é
<lK TI , ,i. V *"' rf< ^ ' dl
e esta relação, pondo de parte uma função de a, p a1, j3', . .. r
escolhida que seja a função (I>, determina K.
Se as funções m', n', . .. m, ? i ,... , são identicamente nulas, e tomarmos para (i> uma função independente de t e das cons- tantes de integração, a fórmula (5) mostra que os J J relativos às mesmas constantes (que agora representaremos com jí,, j3 , . . ., P2)l) são constantes. Como consequência, vè-so que a mesma pro- priedade cabe aos parêntesis [j3fc,' |5J. Deste modo, se tomarmos no sistema canónico
dt òyi dt òx{
para novas variáveis as constantes de integração do sistema pri- mitivo, o sistema transformado fica sob a forma
d ( g - F ) , y ( ô \ dJ?j\<l?J_0
áfc, ) dt '
*k y V <ty dPfc
onde sao independentes de tf os coeficientes das derivadas —— • dt O integral generalizado da energia 6 consequência da rela-
„- dF ZF çao — = —.
dt Si
Quando as funções m',..., m,.. . não são nulas, tomemos <I>
unicamente função de a, [3,.. . , a', J3',... . Conclui-se que os «7^
são constantes e que os Ja, J j j ,. .. são funções lineares do tempo, resultado que deve aproximar-se do anterior. O integral da ener- gia 6 substituído do modo seguinte: ó
dJt
~dt
t IF d ( „ ., . , \ - — = — [ F—l m1 JM,
Zt dt \ M )
de sorto que, se F não contòm o tempo a não sor por intermédio do M't N',. . . , a função F— ^ m'JM, <5 constante
Passemos agoia a dar algumas proposições gerais relativas- à integração dos sistemas canónicos. Suporemos tratar-se dum sistema da forma primeiramente indicada
^i—ÈE.
dPi-
dKdl òp{ dt ()</,.
7. Método de Hamilton-Jacobi. — Tomemos para a função V do § 4 um integral completo da equação
.(„ £,.)+f=0.
Um tal integral depende de n constantes x,, x2, .. . , x)( e é dife- . O sistema trans- rente de zero o determinante y =
formado admito o integral geral
òq{ d*j
, , . = 6,,
onde o. e 6(. são constantes. O sistema proposto admite o in- tegral
dV dV
onde os x., TC. são as constantes a., b{.
No caso de ser H independente do tempo, deu POINCARÉ o método seguinte:
Transformemos a equação (G) pela relação V= — Et + W, sondo E constante e W uma função independente do tempo.
Tomos
e basta procurar um integral W dependente de ?! constantes x<
d2\V
e tal que seja y,
àQi àx} 4= 0. O segundo membro deve con- sidérasse uma constante, que mais tarde 6 uma função das
•constantes x..
jACOm procedeu de modo diferente:
Determinemos um integral de (7) que dependa do ?i — 1 cons-
d2\V
tantes e tal que seja y' =
dg{ òxj 4=0 (*,; = !, 2 , . . . , 7 , - 1 ) . Facilmente se verifica, considerando E como a constanto de ordem ??, que é \ $ 0. Suponhamos 41 0- Temos, com L E V I -
-ClVITA,
d2 W 1
dff
dP„
dff d2 II' d ff ò*W
dq[ d/í
-ÍJL
òq.,ÒE
d ff d2 i r
dP„ 00„dxi dJ'n ò(lndy-l òJ>n °1,iÒE
determinante no qual os elementos da última linha podem subs- tituir-se pelos seguintes
dff à*\\ ?\v dff à*W dff à-W y OH v >r Y «ff ° " V dff o » Li dpt òq^' Li dp{ dg,.dx2 ' ' Li ~dp. ' dqt ÒE ' Ora a equação (7) mostra que o primeiro membro è indepen- dente dos qq e das constantes x; depois da substituição do inte- gral TF. Assim, as quantidades anteriores são nulas, à excepção da liltima, que 6 igual à unidade, e podemos escrever
v = v':dff/d;,(>, donde so conclui o teorema em questão.
Fazendo intervir os integrais completos, há necessidade de
•dar ao monos uma proposição geral que leve à sua determina- ção. Partamos dos resultados seguintes:
são sempre os integrais comuns dum sistema completo de CLEBSCH,
que é equivalente a um sistema jacobiano (GrOURSAT, Cours d'Ana- lyse Mathématique) (*);
|î) A integração dum sistema completo de r equações como as anteriores ó redutível à integração duma equação linear homo- génea cora n— r + 1 variáveis independentes.
8. Sistemas não lineares. — Tratando de sistemas não linea- res, vamos supor, o que é sempre possível, que não intervém a função desconhecida. Seja o sistema
*'i(<cvxil,...,œn;pl,ps,...,pH)=:0, -—-—Pi» («=b 2,..., r<n).
Um integral do sistema é integral das equações (Fa, Fa) = 0, cujos primeiros membros são os parêntesis do POISSON.
Juntando às equações propostas as equações distintas dolas da forma (Fa, i<p) = 0, e repetindo o método sobro o novo sis- tema assim formado, chega a reconhecer-se a impossibilidade do problema ou a formar-se um número m<n de equações tais que as novas relações (Fa, .Fp) = 0'são consequências delas, quando não são relações idênticas. Se ao sistema proposto so substituir o sistema equivalente quo resulta de resolver as equações em
(1) O sisloma cm quostilo diz-so completo, eo os primoiros mombros 'Ins cqunçOos JY,- [ Xk ( f)~] — X,. | A',. ( f)~\ = 0 silo oombinaçCos linoaros dos primeiro! membro* IIUH equn<;.ões do tiistomn. E diz-so jacobiano, so as igiml- dndos aaterlorei sito Identidades.
3
ordem a r das derivadas p{ (o que é sempre possível, como ê- sabido da teoria dos determinantes funcionais), obtemos, por exemplo, o sistema
Pi~ 9{(xii x2f-*xH'>Pr+v- 'P,,) = ° ( i = 1, 2 ,. . . , >•);
e aplicando o método anterior, obtêm-se equações distintas, se não são identicamente verificadas. Resolvendo todas as novas equações em ordem a algumas das derivadas pr4l, ... , pn, cujos valores se substituirão nas equações anteriores, e continuando,.
ou se reconhece que o problema não é possível, ou se formam m<n equações tais que todas as relações (Fa, F$) = 0 são iden- tidades. Somos assim levados sempre a um sistema em involução.
Seja um tal sistema
(8) h — ai ( i = l , 2,...,«),
resolúvel em ordem aos pr onde as constantes a. são quaisquer.
Neste caso de tantas equações quantas as variáveis independen- tes, podemos fazer a integração por quadraturas. Consideremos, na verdade, as n funções p. definidas por (8). E
dxk Y dPl dxk
dFt dFj y ÕF{ dFj òp(
dar»
t dxk dPk ifi ÒPI dPk dxk
£ft àPt dpk V dxfc dr, ) dpt dpk
donde se conclui a igualdade = -—i pois é
òxk dxl
rx.F^F, F„) + o
D(pt,pt,...,pH)
Reconhecemos que <** = />, áxi^pi dx2 + ...+pndxné uma dife
rencial exacta; e a função z assim definida depende das constan
tes a. e duma constante aditiva. Se tomarmos agora nas r pri
meiras equações (8) valores determinados para os «,., chegamos deste modo a formar um integral completo z dessas r equações, o qual depende das n r constantes ar+,,..., an e da constante aditiva. Podemos dispor destas n — r constantes de modo que, se for (x°i} p°) um sistema do valores satisfazendo a Fa=0 ( a = l ,. . . , r), a função z admite derivadas p. que se tornam p°. para xt = x\.
Se fôr
z = <D (asn ..., x„, ar + 1,. . . , an) + an+l,
das relações p.= p o d e m deduzirse r equações independen
tes de ar+1, . . . , an. O número dos parâmetros que figuram em <I>
è bem n — r.
Tratando agora do sistema em involução
*;. = «,. ( i = l , 2 , . . . , r < « ) ,
onde os ai são dados, formaremos um integral completo jun
tando ao sistema proposto n — r equações
Fr+j = ar+j 0 ' = ! , . . . , n — r),
que constituam com as anteriores um sistema análogo a (8). As constantes ar + . serão arbitrárias.
Consideremos para isso o sistema linear e homogéneo w (*«•*) r ° (« = i,2,..., r),
onde a incógnita / será determinada em função dos x{ e dos^).
Necessitamos unicamente q u e / s e j a distinta de F}, F2, ... , F Este sistema é jacobiano, como resulta da identidade de POISSON
((*}■*}), f) I ((*}, f), F<) + ((f, Ft), Fj\ « 0
o do próprio sistema. Obtida uma solução Fr+l do (9), formamos o novo sistema jacobiano
o assim ató
( í i , n = 0 ( 1 = 1 , 2 , . . . , » • + ! ) ,
{Fitf)=0 (i = l, 2, . . . , « !
Finalmente liá que encontrar o integral geral do sistema
^ = ai . Fr+j = ar+j' /■="«• ( i = l , 2 , . .. , , ) , 0 = 1, 2, . . . , M r 1 ) .
Para as aplicações à integração dos sistemas canónicos tomos de supor r = l . Consideremos então o caso de em (8) somente ax ter u m valor determinado. A função <I» satisfaz à relação
Ó2(P
da,, daj * o » = 2 , 3 , . . . , «
. 7 = 2 , 3 n.
Na verdade, dados x0 e pQ) podemos supor q u ey \ ó a única quan
tidade a doterminar compativelmente. Como as relações
■í» = °.
doterminam a2 an, a demonstração ó imediata.
9. Separação de variáveis.—Posto o resultado geral pre
cedente, vamos tratar um caso notável, devido a S T À C K E L , no qual se chega a formar efectivamente o integral completo por meio de quadraturas, usando dum método de separação do va
riáveis.
Seja o determinante A= || <p..(y.) II (i, j=l, 2, ... , «), onde o elemento 'f(.. (de cruzamento da linha de ordem i e da coluna de ordem ;') depende unicamente de «., e consideremos um sis- tema 2' para o qual é
2T=
Í~
+q%
+---
+Í^' U=--<í>
lV
1^<t>
2U
2+...+'3>
nU
n,
onde <I>t. representa o reciproco do elemento tpn. e Uk depende unicamente de qk. A equação de HAMILTON-JACOM pode escre- ver-se
. ( òW\ , íòWY
< = 1 k = l » = l
onde os x^ são constantes, para o que basta atender à defini- ção de ¢..
Procuremos um integral da forma
W=W
l(q
i)+W
i(q
t)+...-£W
H(q
n)
ÒW dWi
e ponhamos, por simplicidade. = = W,.
dq{ dq{
Vemos, imediatamente, que basta determinar W{ pela relação
n — 1 k = l
Para demonstrar agora que a função W é bem um integral com
pleto, temos de verificar que é y'%0 (§ 7). Suporemos a esco
lha feita dos <pcp dependente da condição ■— * 0 e que é 4 + 0.
A condição v' * 0 resulta da sua própria expressão:
dW'f i tu ■ • • ¥ l , M l (J> A
dW'f
KK ■•■<!
tu ■ • • ¥ l , M l
,1 j . . . , r n_ j
dW'f
KK ■•■<!
< P » 1 , 1 • • ^ , , 1 , , , 1
,1 j . . . , r n_ j
O caso do LlOUVlLLE, correspondente às hipóteses
2T= [ ^ ( 8 , ) + . . . + 4 , ( ¾ ) ] [5i(íi)«i' + . . . + S „ ( ^ ) « ; * ] ,
g_ ^ , ( g , ) + . . + g,(g,)t
4, + 4 . + ... + 4,,
está incluído no anterior e será tratado adiante sob uma forma diferente.
Equivalência dinâmica. Princípio da menor acção
1. Generalidades. — E bem sabido que os desenvolvimen- tos taylorianos ilimitados se generalizam inteiramente às funções vectoriais. Partindo deste resultado, estabelece-se facilmente, por via de desenvolvimento em série, que, dada a forma quadrática definida positiva
du2 = Edu2 -f 2Fdu dv+G dv2,
-escrita à moda clássica, e pondo de parte as transformações métricas do espaço ordinário, existe uma infinidade de superfi- cies deste espaço admitindo aquele elemento linear. As diferen- tes superfícies têm a mesma métrica euclideana local e dizem-se isométricas.
Ao estabelecer-se tão importante proposição, fazem-so inter- vir relações onde figuram elementos do espaço no qual a super- fície so encontra mergulhada; todavia, ó possível eliminar a métrica externa. BOULIGAND (Leçons de Géométrie Vectorielle) -estuda directamente esta questão.
Anotemos a propósito que, se juntarmos ao elemento linear a forma métrica externa, continuando a pôr de parte simetrias e deslocamentos, determinamos uma única superfície, mediante condições do integrabilidade. (Vejam-se as nossas « Notas de Cál- culo Vectorial*).
Imaginemos agora um sistema - ' com dois graus de liber- dade, de força viva
2T=gu q'2 + 2p12 q\ q2 + g22 q'2 (gik indopondonto do tempo)
e solicitado por forças que realizam o trabalho virtual
d?, dq2
Se considerarmos um ponto, de massa unitária, móvel sem atrito- sobre uma superfície do elemento linear
(2) ds2 = g11 dq2 + 2,,12 dq, dq, + g" dq2,
e solicitado por forças realizando o mesmo trabalho virtual, os dois sistemas dinâmicos são regidos pelas mesmas equações de
LAGRANGE e dizem-se equivalentes. Na função de força pode figurar o tempo. Em tal caso, o campo escalar U, delinido sobre a superfície, 6 determinado em cada instante.
Adoptemos as notações de EGNELL (l'Ochématique, Gau- thier Villars et C.io). As componentes generalizadas da força são- dadas sob forma covariante
- ^ = R0 ihU, ^ = R mu,
dql 9 l dq2 ««
onde ikU é o gradianle de U sobre a superjicie. A funçSo U, que- figura em (1), necessita ser definida unicamente sobre a super- fície.
Este modo do interpretar o movimento é permanente, neste- sentido, que precisaremos adianto: dado um sistema S/, de n graus de liberdade, o seu movimento ó realizado polo do um ponto num determinado espaço. Tendo em vista quo o emprego do algoritmo»
de LAGRANGE 6 um cmétodo dos parâmetros omnibus» (Bou- LIGAND, Précis de Mécanique Rationnelle), percebe-so imediata-
mente que podemos tratar o elemento (2) pondo do parte o pro- blema concreto em estudo.
2. Transformação do elemento linear.—E sempre possível determinar duas funções de ponto, «, e Vj, tais que no elemento linear
rfs2 = Et du\ -\- 2í\ dux dvl + Gl dv\
os coeficientes de GrAUSS verifiquem duas relações arbitrárias distintas da relação y Ex G1 — F]2 = 0. Designando com 6 o ângulo
(AMii Ari)> a s duas relações podem escrever-se í", [(A»1)2.(A«'i)2.^o]=0,
(3)
Í J [ ( A W I ),. ( A « ' I ),. < » » M = 0 ,
para o que basta atender às relações (EGNELL)
B = (A'-i)2 f G = ( A " i )2 r
-' (AWi)?ÍA«?i)'^-(A«i*-A,'i)'' ' ( A «1)2( A í ' , )í ^- ( A « I « A « ' l ): i ,
- A"i • A"i ( A » i )! !( A ',i )1 !- ( A ' « iíA ' ' i )
Podemos dar a (3) a forma
(4) ( A " i )2= f [ ( A " i ) - ] , n»0=ff[(A«l)*], donde se deduz a igualdade
A"! ,0 A»i
= e
■entre dois vectores unitários. Deste modo será
Conhecida uma função ult que satisfaça a esta equação às deri
vadas parciais, a primeira equação (4) define vr Na hipótese de
ser Q = —, as coordenadas «,, vi são rectangulares e a equação
anterior toma a forma
Tratemos como aplicação o caso particular importante que corresponde às relaçOes
( A » i ) * = ( A « i ) * . 6 = 1:/2.
O beltramiano de ul 6 nulo; e sendo /ivl — i£ul, ó igualmente nulo o beltramiano de vl. O elemento linear tomará a forma ãs = E1(du1' + dv~) o os parâmetros ult t>, dizemse isotérmicos.
Conhecido um sistema de parâmetros, obtómse facilmente o sis
tema geral.
Seja (u, v) o sistema conhecido. Se <p 6 uma coordenada do sistema geral, é uma função harmónica; e se considerarmos a função harmónica conjugada <j>, as igualdades
da , do àu àv
. <M . M
ou àv
levam à relação £ $ ~ ' A?
O elemento linear pode ser expresso pela igualdade ds —
= Edu -\-Qdv e o sistema (u, v) ser isotérmico. É necessário e basta que seja E/G = 0(u)/z(v), onde 6 e r. sSo duas funções quaisquer. Que a condição é necessária vê-se imediatamente.
Para mostrar que ó suficiente, ponhamos
"1 = j V 0(") du> vi = J V *(«0 dv-
Vem logo
0(„)V » » l
Dado um sistema (u, v), as curvas <p(w, i>) = constante fazem parte dum sistema isotérmico so existe uma função 0(<p) tal que seja A" 0 = 0. E como ó
* „ • M » \ rf2° . .2 . rfO | A 0 = A ' T~AT = T T ( A ? ) + —A«P. \ rf'f / rftp rf<p
vê-se que a razão - deve ser unicamente função de ». Esta condição ó suficiente, porque a igualdade
rt20/rf<f>2 : dOld<f = - A2<P/( Af)2
determina 0 de sorte que ó A 0 = 0.
3. Caso de Integrabilidade de Liouville. — Seja uma super- fície de LIOUVILLE, isto ó, roalizando a força viva de LlOUVILLE
Os parâmetros qv q2 são isotérmicos, de modo que podemos i ginar sempre a força viva sob a forma
2ï'=[e
1(
2 l) + H
2(
î i i)](^
+^
).
Na ausência de solicitação, as equações de LAGRANGE são
Fazendo intervir o integral das forças vivas (8, + 82) (qf -f qr) = 2hr
deduzimos
onde a. è constante. Verifica-se, de resto, que é a, = - «,. A inte- gração ultima-se por quadraturas, escrevendo
'fy '!<].. dt
i - i = rf"'
V 2/iHi + °i V 2/<«2 - a, B, + H2
onde u è uma variável auxiliar.
4. Princípio da menor acção.—Na Mecânica Racional de
LEVI-OIVITA encontra-se demonstrada uma fórmula variacional devida a HOLDER, aplicável mesmo aos sistemas não holónoraos, da qual se deduz imodiatamonto o princípio da acção estacioná- ria. O aspecto dôslo princípio no caso dos sistemas 2' constitui o principio da menor acção.
de,
= - ^ + ¾2).
àq2
E fácil resumir a exposição do LEVICIVITA. Dado o movimento natu
ral M dum sistema, dofineso um movimento assíncrono Ma, fazendo cor
responder à posição P. do sistema, cm M, a posiçfio P{ + 8P(., em M . Ao mesmo tempo os instantes correspondentes sorfto, respectivamente, t e t , sondo ta — t\it. Na passagem do M para Ma, uma funçSo <I> do tempo e da posiçSo do sistema sofro uma variaçSo ò**!1, que é idêntica à variaçflo 5<I> obtida na passagem de M a um movimento síncrono Ma (do trajectó
ria idêntica à de Ma) quando <1> não depende do tempo. Para ao ver o quo sucedo no caso geral, tomomos, por exemplo, a velocidade v, dum ponto do P . . . É
j » . rfCPHòP,.) dPjdt + dCoP^/dt dU
dt + dit = " x + du,dt =v. v. r f7 + o v"
ou seja
Dêsto modo temos
■v* ,. dtt
JV
S * 2 ' = 8 2 ' y >»,ví — St = 5 2 ' 2 2 ' — 5í;
Li * * dt dt
« = i
o o princípio do HAMILTON leva a escrever a igualdado
S
1 ( 5 * 2 ' + 2 2 ' — Zt + L')dt = 0.dt
Uma limitação da lei temporal sobre Ma nSo restringe as trajectórias com
paradas, quo continuam a sor arbitrárias, contanto que sojam compatí
veis com as ligaçõos. Os movimentos Ma dizomso isoenevgétkos quando ó 6 T= L1, igualdado quo definirá a funçHo ot, desde quo os SP, sojam deter
minados. Para tais movimentos, a relaçilo anterior dá
C 2 ( 5 * 2 ' + 2 ' — Zt)dt = f1 S*(22WÍ) = 0.
J i dt J t
'o lo
Dizso acção o integral A = I 22WÍ. A fórmula do HOLDER ó expressa 'o
pela igualdado o A : = 0 , quo ó nflo sòmcnto necossária mas ainda 8it/iciente
para caracterizar o movimento natural em confronto com os movimentos varia- dos assíncronos isoenergéticos.
Notemos quo a dosignaçfio do movimentos isoonorgéticos provém do que, na hipótese de existir uma funçSo do força U, indopondento do tempo, elos são caracterizados pela rolaçfio 8* ( T— U) = 0.
Tratemos a questão directamente e partamos do integral das forças vivas T=U+h. Atribuindo à constante h am valor determinado, vamos mostrar que, se compararmos o movimento natural, que leva o sistema do ponto M0{ql°, q2°) ao ponto
^ M í i i it) n u m intervalo de tempo conhecido, com os movi- mentos variados virtuais que, no mesmo tempo o para o mesmo valor de h, levam o sistema da mesma configuração inicial à mesma configuração final, o movimento natural realiza as con- dições extremais de primeira ordem do integral
A=í ' V U+hds,
J M
chamado acção de Af0 a Ml ao longo da trajectória.
Como U é independente do tempo e ds ê o elemento linear do superfície, o integral A tem um carácter geométrico.
Determinemos as trajectórias pondo íi = ?(V), j , = <p(X),
onde X. ó uma função do parâmetro privilegiado /. Ponhamos dqt . dq2
~dk = 5l ' ~inT ~ 5s ' e e s c r o v a m o s ° integral A sob a forma A=\ * V í/' + A V» dl,
pondo, para abreviar, 9 = g11 q* + 2g12 qx q2 4 g22 q.2.
(1) Pondo do parto a constante 4, esta doíiniolto ostá contida na defi- nição geral anterior.
As condições extremais do nosso integral são
PJL V»(ff + h) 1 -J- Ve (U+1,) = 0,
L oq, J d?,
-^\~yJe(u+h)]-±yJtí(u+h)=o.
dk L òq., 1 dq2
d_
dl (5)
É fácil ver que são as equações de LAGRANGE, depois de feita a mudança de variável independente. Tomos, por exemplo,
rft WH / d5i dg, rft dg, A?, \dt ) de sorte que a primeira equação de LAGRANGE
d_
dl
(àT\ àT _ dU
\ dg< J djj d9l dá imediatamente
d_ í òe^dX\ d\_ à8_ í dl\2_ 0 ÒU dl \ dg, dt ) dt dgt \dt)~" dql ' ou, tendo era vista que è \ 2 (Z7+ /i) = \ Q —, ã&
,u
d\
ou
-\\l
v+hÈÊ. I - A / ^ +
A^.—A/
H— = o
d / U+h dH\ 1 dé d(Z7+/íf|
— - . - — | (U + h) + 8 — l = 0r
que ó a primeira equução (5).
No caso do sor U=0, a trajectória natural entro dois pontos realiza as condiçOos extremais do comprimento de arco-
de curva da superfície. As trajectórias correspondentes a um valor de h (feixe) tornam-se independentes de h; o número total de parâmetros baixa de uma unidade. Sobre cada trajectória -é possível uma infinidade do movimentos, os quais correspondem aos diferentes valores atribuídos a h.
A propriedade extremai a que acabamos de aludir caracte- riza as linhas geodésicas da superfície; e, portanto, se não há forças activas, a acção ó efectivamente mínima (polo menos quando os deslocamontos do sistema são suficientemente peque- nos). E o que demonstraremos para o caso geral.
Para verificar o princípio da menor acção, no caso de ser U$0, basta notar que a superfície de elemento linear <7o* =
= {U+h)ds" (onde h tem um valor determinado) realiza as tra- jectórias pelas suas geodésicas. Ê^te raciocínio poo igualmente
em evidência a intervenção do parâmetro h. Conhecida uma tra- jectória, a lei do movimento é geralmente determinada.
5. Regresso ao caso de Liouville. Transformação de Dar- boux. — Se existe uma função de força de LIOUVILLE
r_ P i ( 9 i ) + q,(q,)
somos levados a procurar as geodésicas do elemento
rfo2= [ ( r , + ft At) + (U.2 + ft A,) ] (B, dq* + Btdqt*), que ó um elemento do LIOUVILLE.
Para dar a transformação de DARBOUX, consideremos o novo sistema para o qual o ds* ó da forma (aU+$)ds2 e a função de força ó do tipo i——-. As trajectórias são as geodésicas do
aU+ p elemento
da* -( T + ahi) (U+ - — -) dê*
•e coincidem com as do primeiro sistema pondo h = ^1 + "■. Ao
a/ij \ f
feixe h = a corresponderá o feixe \ = av onde a e a, se corres
pondem pela relação anterior.
Passemos aos sistemas com n graus de liberdade, para o que
•começaremos por lembrar certos resultados da geometria de
KlEMANN.
6. Deslocamento paralelo e derivação absoluta. — AVEYL
■(Temps, Espace, Matière, tradução francesa de JUVET) apresenta a teoria do deslocamento paralelo do modo que vai seguirse e que é reproduzido por BOULIGAND na < Géométrie Vectorielle».
Dada uma multiplicidade riemanniana Bn, façamos corres
ponder ao vector contra variante £., ligado ao ponto M, o vector Ç, + rf?,. ligado ao ponto M' infinitamente vizinho daquele. Supo
nhamos linear essa correspondência e redutível à transformação idêntica quando M' tende para M. Poremos
<
6) <~rj%*>, «
subentendendo os índices mudos r, s, como sempre faremos. Se fôr possível paramétrai' a multiplicidade de modo a anular em M as funções de ponto F," (símbolos de CHRISTOFFEL de 2." espé
cie), diremos tratarso dum deslocamento paralelo. Esta defini
ção implica a simetria de d£. com respeito a Í/M e ?,.. Na ver
dade, se a transformação
xi = Ti(xl,xi!,...,xn)
leva de £,. a £,. de modo que seja dÊ. = 0, da relação E. »—*.&■
deduzimos
drfcàrA K * '
(1) ' i . •••>•'„ s«o na cooriloundns do ospnço. Vojamso GrALBBUM (Introduction <t la théorie de la Relativité) a SCIPIAO DE CAIIVALIIO (AS cur
vaturas das linhas num espaço riemanniano).
que traduz a simetria apontada. Doutro lado, se é
1 i — L i '
procuremos n funções x.{xlt . . ., xH) de modo que seja
dxk (0 se (i * It), àxrdxg
Da relação
Ar, . o x,
tendo em vista (6), deduzse ^ = 0.
WEYL, postula em seguida que os produtos escalares nãc
são alterados pelo deslocamento paralelo. Nessas condições, o deslocamento é unívoco e uma simples diferenciação dum pro
duto escalar leva à determinação dos símbolos de CHRISTOFFEL.
Introduzindo os símbolos de 1.' espécie pelas igualdades V '
^g^V", temos as relações conhecidas 1 /df dgka dg' 2 \ Ar. A»_ òxk J Ò mesmo postulado leva também às igualdades
e a definição de tensores por oposição permite estabelecer a fór
mula geral da derivação covariante
»,».>■■■ >qt r,r9<r„ *, », « a " '8, , „ • '
r
i
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ÒX. fcJ « ^ r , ••• rv_ , í rv , t ••• r rv = »"i
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*1 «2 ••• * v _ i ' * v + I " ' 'q . , " v ' ' l
»v — ' i
Ë fácil definir agora a derivação absoluta. Nesta opera- ção passa-se dum tensor de certa ordem para outro tensor da mesma ordem, para o que bastará efectuar o produto contraído do tensor obtido na derivação covariante pelo vector unitário dxt
— . E o que representaremos com igualdades como a seguinte da
.rf*.
n Jm Jm$"us /m».
onde A significa a direcção da diferenciação definida pelo vector unitário $s.
Seja \fss-— um vector obtido supondo as coordenadas xl,...,xH funções dum parâmetro t, A derivada absoluta do vector \. em ordem ao mesmo parâmetro ó o vector
dxm dl i dx„ dx, ' * dt dt ' dt dt
Opera-se assim a passagem da velocidade para a aceleração.
7. Ponto móvel num espaço de Riemann. — Imaginomos, conforme uma generalização evidente, uma função de força U definida em liH. Um ponto móvel de massa unitária desloca-se na multiplicidade sob a acção da força que deriva de U quando a aceleração 6 idêntica ao gradiante de U. As equações do movi- mento serão pois
i ÒU li = — ,
ox{
ou, desenvolvendo e substituindo x. por q{ para conformidade de notaçOes com o que vai seguir-se,
O algoritmo de LAGRANGE 6 aplicável. Pondo cora efeito
dl \ dq'i ) òq( d^ dl dt
vamos verificar que ó P —Y- . E
; 1 dan ; d*q,. ' i fògis ògir dgr'\
ai
Este resultado mostra bem a equivalência entre o movi- mento dum sistema material 2 e o dum ponto num espaço de RIEM ANN. Dada a força viva 2T = g'kq'iqlk, 6 sobre a variedade d./ = gikdqidqkqvLe é realizável o movimento.
Para demonstrar o princípio da menor acção temos de reco- nhecer a propriedade do mínimo nas linhas geodésicas dum Bn. O estudo destas curvas pode fazer-se, como no espaço ordinário, pela comparação de arcos variados da multiplicidade.
8. Variação do comprimento dum arco de curva. Linhas geodésicas. — Comecemos por uma nota preliminar: se o ponto M da variedade é função do dois parâmetros 0 e t, a derivada abso- luta D- — ó i"ual a Do — . O valor comum das derivadas é na
w dO dz
verdade
d2a;. dx, òx.
dOdx ' dO d-
Para estudar agora a variação do integral
-i:v(f)
suporemos o ponto M1 função não só do arco s mas ainda dum parâmetro X tal que a família de curvas definidas fazendo variar X reproduza a curva inicial quando X = 0. A derivação de L' em ordem a X obtém-se anotando que a derivação abso- luta dum escalar coincido com a derivação ordinária e que a derivação absoluta dum produto escalar segue a regra ordi- nária da derivação dum produto. Temos assim
-f A WS?) -SM")h
onde A e B representam os pontos extremos do arco inicial.
E deduz-se
(8) í C a i u / ^ T á ^ T i K - f n
s(*™-\m<h,
onde T ó o tangente da curva e oM é o vector que defino o ponto variado do ponto inicial M.
Como em geometria euclideana, as linhas geodésicas são as curvas para as quais o termo integral desaparece. Ao longo delas é nulo o vector Ds ( -— j, o que podemos ainda exprimir dizendo que o vector unitário tangente se desloca paralelamente.
O sistema diferencial das linhas geodésicas será assim
.. dx• rhk
as ds (»)
(f x, dx, dxk
(h- J ds ds
devendo considerar-so i o h como índices mudos e escrever-se n equações semelhantes à segunda o correspondentes aos diferen-
tes valores do indico /. As equações anteriores não são todas dis- tintas. Derivando a primeira, lemos
dg* dx, dxk .k d-x{ dxk dxt dixk_ ds da ds ds ds ds ds ou, por uma coordenação de índices,
(
òqik „ . ., , \ dx; dxk. dxrque ó uma identidade.
O teorema de OAUCHY mostra que em cada ponto passa uma geodésica tangente a uma direcção, mas os valores iniciais de — devem satisfazer à primeira das equaçOes (9). Sendo, por dx-
ds
outro lado, invariante para a'mudança de s em s + C ( C = cons- tante arbitrária) o mesmo sistema (9), conclui-se que as geodé- sicas dependem de 2 n —2 parâmetros.
Posto isto, consideremos uma (n — 1) — variedade da multi- plicidade inicial o as geodésicas ortogonais correspondentes, que constituirão uma família a n — 1 parâmetros. Marcando um dado comprimento s sobre as diferentes geodésicas, a partir do ponto P da(«—1) — variedade, obtém-se uma nova (n—í) — variedade, que se diz paralela à primeira, por sor perpendicular às mesmas geo- désicas, como o mostra (8). Tomemos como coordenadas o arco s o os (n — 1) parâmetros que definem os pontos da (w — 1) — varie- dade inicial. Atendendo à definição do tensor fundamental, será r/M" = d*2-M'M2, onde d'M é ura vector infinitamente pequeno da variedade s = const. Concluímos daqui que a propriedade do mínimo é realizada pelas linhas geodésicas, polo menos numa região de Rn suficientemente pequena contendo a (n — 1) — varie- dade inicial.
9. Conclusfio. — Retomemos agora o sistema 2f com n graus de liberdade. Para cada valor da constante h das forças vivas,
o movimento natural entre duas configurações conhecidas realiza as condições extremais do integral rfo= I uU+hds, e o ponto representativo do movimento na multiplicidade ãa = (77+A)dí*
•descreve uma geodésica. Fica demonstrado completamente o princípio da menor acção e bem assim que a totalidade dos parâ
metros de que dependem as trajectórias ó 2n —2 + l = 2w —1
■quando for U$0 e 2n — 2 quando íôr [ 7 = 0 .
A uma última conclusão nos levam as equações (7) e (9):
quando fôr 17=0, as linhas geodésicas são percorridas com movi
mento uniforme.
Estabilidade. Os dois métodos de Liapounoff
1. Generalidades. — É bera conhecido o teorema de LA- GRANGE sobre a estabilidade do equilíbrio. Diz o teorema que, dado um sistema £', 6 estável toda a posição de equilíbrio que confere à função de força um máximo no sentido estrito (Veja-se APPELL, Mécanique Rationnelle). A proposição recíproca tem sido demonstrada parcialmente. Neste capítulo referir-nos-emos aos resultados dados por LlAPOUNOFF na sua importante memória
*Sur l'instabilité de l'équilibre dans certains cas où la jonction des forces n'est pas un maximum», publicada no « Journal de Jordan *.
O primeiro método de LIAPOUNOFF ó baseado na conside- ração das soluções assintóticas de certas equações diferenciais,, soluções que foram introduzidas pelo eminente matemático russo e por PoiNCARÉ. Trataremos a questSo com EMILE PICARJ>
(Traité d'Analyse), desenvolvendo convenientemente a análise a empregar. O segundo método será tratado tendo em vista a memória citada e a exposição feita por E. GOURSAT no seu
'Cours d'Analyse».
2. Nota preliminar. — Sejam os p números inteiros e posi- tivos wi,, ma, . . . , m e as quantidades reais ou imaginárias
\ , \ , . . ., X}).
(jEm que condiçOos sorá do módulo superior a um número
. . ^i(>»i—l) + X„»i.,-t-... 4-X IH
conveniente (não nulo) o cociente a = ——-— \ P P t