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O USO DA FERRAMENTA ESTATÍSTICA COMO INSTRUMENTO DE GESTÃO DOS RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO DE OBRAS

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O USO DA FERRAMENTA ESTATÍSTICA

COMO INSTRUMENTO DE GESTÃO

DOS RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO E

DEMOLIÇÃO DE OBRAS

Aracelly Maria Guerra Azevedo (IFRN ) aracellyguerra@gmail.com Enio Fernandes Amorim (IFRN ) enio.amorim@ifrn.edu.br Joao Maria Filgueira (IFRN ) jmfilgueira@hotmail.com.br Renato Samuel Barbosa de Araujo (IFRN ) rsbaraujo@gmail.com

A importância da indústria da construção civil é incontestável. No âmbito econômico, o setor em questão é um dos grandes representantes no Produto Interno Bruto - PIB, chegando a ser classificado como um “setor-chave” para a economia brasilleira; já do ponto de vista social, seu valor está na capacidade de incorporar quantidade significativa de mão de obra, gerando empregos diretos e indiretos. Entretanto, a construção civil aparece no cenário nacional como a maior consumidora de matérias-primas naturais, seguida pela indústria de alimentação, e, consequentemente, o setor é considerado um dos grandes geradores de resíduos, denominados especificamente como Resíduos de Construção e Demolição (RCD). A disposição final desse tipo de resíduo ocorre, na maioria das vezes, de forma irregular, desencadeando problemas de ordem ambiental e de saúde pública, uma vez que são despejados em locais inadequados que oferecem todas as condições necessárias para proliferação de vetores de patogênicos. Assim, atrelada a essa problemática, surge a proposta de utilização de RCD, após sua reciclagem, com fins voltados para aplicação em algum segmento na área de construção civil. Nesse contexto, o presente trabalho apresenta a aplicação de uma modelagem estatística como instrumento de gestão dos resíduos de construção e demolição de obras, no que diz respeito à quantificação desses materiais. Ao término do estudo, tornou-se possível observar que elementos estatísticos, como a regressão, constitui de um elemento essencial de gestão dos RCD quando da estimativa desses materiais em alguns municípios brasileiros.

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2 1. Introdução

O aumento populacional e o de renda, a expansão das regiões metropolitanas nos últimos tempos, dentre outros fatores, têm impulsionado consideravelmente o setor da construção civil, provocando mudanças na forma de construir. No entanto, sabe-se que esse desenvolvimento repentino e a grande interferência no meio urbano ocasionam impactos nocivos no ambiente, como a colaboração para a escassez dos recursos naturais, contaminação do solo e da água, além da produção em larga escala de resíduos.

A geração de Resíduos de Construção e Demolição (RCD) segue o ritmo de crescimento do setor civil. Segundo dados da Secretaria Nacional de Saneamento do Ministério das Cidades (2005), os resíduos de construção e demolição representam 61% do lixo produzido nas cidades brasileiras, ou seja, a construção civil é uma atividade extremamente poluente e tem como produto final algo que consome quantidade importante de recursos naturais.

Infelizmente, a preocupação do setor com o meio ambiente não era prioridade até meados da década de 90, quando ocorreu a RIO 92 e o termo sustentabilidade começou a ser difundido em todos os ramos da economia que produzissem qualquer tipo de resíduo (ZORDAN, 2002). Entretanto, nos dias atuais, restam poucas empresas comprometidas em manter uma construção limpa, sustentável e, principalmente, com a preocupação de destinar adequadamente seus resíduos.

O modelo de gestão empregado na maioria das cidades brasileiras também não colabora para o desenvolvimento sustentável do ramo civil. Em alguns municípios é possível observar o Plano de Gestão de Resíduos da Construção e Demolição, o qual menciona regras a serem seguidas e melhor, um compromisso real com o meio ambiente; mas, de modo infeliz, sua prática é pouco percebida (OLIVEIRA, 2008). O governo não implanta esse plano de gestão, e muitas vezes, não tem conhecimento de quanto RCD produz em seus municípios, gerando assim, dificuldade no que tange o reaproveitamento e destinação final desse resíduo (NUNES, 2004). A quantificação de RCD é um trabalho difícil, mas não impossível de ser executado. Pode ser realizado através do levantamento dos pontos de despejo e posterior contagem de caçambas, calculando assim o volume diário. O processo deve ocorrer ao longo

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3 de um período, para que seja possível obter um per capita representativo de geração de resíduos na região monitorada.

Visto a problemática, a presente pesquisa pretende desenvolver um modelo tal que possa auxiliar na quantificação do RCD, avaliando, em momento posterior, a viabilidade econômica quando do seu aproveitamento em obras de pavimentação.

2. Fundamentação Teórica

2.1 Considerações Gerais e Classificação de RCD

No Brasil, as leis que regem os resíduos de construção civil ainda são pouco expressivas quando comparadas com as de outras nações (ÂNGULO et al., 2001). Entretanto, em 2002, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) apresentou a resolução nº 307, a qual regulamenta e traz definições sobre os RCD, atribui responsabilidades aos seus geradores, transportadores e principalmente aos gestores públicos, estabelecendo critérios e procedimentos para uma gestão sustentável. Assim, para a indústria da Construção Civil que não era passível de limites no que diz respeito à utilização de recursos naturais e produção de resíduo, a resolução nº 307 representou um marco no que diz respeito a essas problemáticas e um estimulante para o desenvolvimento sustentável do setor.

O quadro abaixo apresenta um resumo da classificação do entulho, adotado pela resolução supracitada.

Quadro 1. Classificação de RCD

CLASSIFICAÇÃO TIPOLOGIA

A Resíduos recicláveis ou reutilizáveis (agregados).

B Materiais recicláveis para outras destinações, como papel. C Resíduos sem tecnologia, tais como o gesso.

D Materiais perigosos e/ou contaminados. Fonte: CONAMA (2002).

Em janeiro de 2012, o CONAMA publicou a resolução nº 448, que faz alterações na resolução nº 307. Segundo as retificações, os municípios brasileiros têm um ano para estabelecer o projeto de gerenciamento de RCD, abrangendo também a separação e a destinação final adequada.

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4 2.2 Geração de RCD no Brasil

Durante um longo período, não houve um cálculo aproximado do desperdício de materiais e da produção de entulho do setor civil. No entanto, estima-se que essa produção teve um crescimento exponencial a partir da década de 90. De acordo com MARIANO (2008), a referida geração de RCD em novas edificações no Brasil é da ordem de 300 kg/m², diferentemente de países desenvolvidos, em que esse valor cai para 100 kg/m².

Segundo ÂNGULO (2000) e PORTO E SILVA (2010), os resíduos provenientes dos processos construtivos têm como principais fontes de geração as fases de construção, reforma e demolição. A principal causa, apontada por pesquisadores, para essa larga produção de entulho é a falta de qualidade e treinamento da mão-de-obra utilizada no setor. Entretanto, pode-se levar em consideração também os níveis de desenvolvimento econômico e social de um município como fatores que acarretam o crescimento do setor civil e, consequentemente, aumentam a solicitação de matéria-prima, levando a geração crescente de resíduo.

2.3 Gestão de Resíduos da Construção e Demolição

Gerir significa administrar, exercer poder de mando sobre algo. NUNES et al. (2004) avaliou a gestão dos resíduos de construção e demolição no Brasil, e observou que dos 5.507 municípios brasileiros, 12 do total expressado (0,2%) possuíam centrais de reciclagem de RCD, ou seja, é notória a falta de investimento em gerenciamento de resíduos por parte do governo nacional. A ausência ou a existência ineficaz do gerenciamento de RCD em um município pode trazer consequências ambientais, sociais e até mesmo econômicas.

Conforme a hierarquia na gestão de RCD, a não geração deve ser priorizada, seguida da redução. Mas, logo que produzidos, a reciclagem e o reaproveitamento têm aparecido como opções excelentes, podendo ser empregadas com o objetivo de minimizar os impactos negativos no meio ambiente. Seguindo a linha de raciocínio sustentável, a hierarquia na gestão de RCD deve ser a seguinte:

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5 I. Redução na produção de resíduos;

II. Reutilização do material; III. Reciclagem;

IV. Disposição final.

Utilizando-se da visão sustentável na construção civil, haverá benefícios para o meio ambiente (preservação dos recursos naturais e ganho na vida útil das áreas de destinação final dos RCD), na economia do setor (redução de custos energéticos na produção e transporte de materiais) e no âmbito social (geração de emprego em áreas de reciclagem).

Segundo MARQUES NETO (2004), as principais aplicações de RCD reciclados são em pavimentação e como agregados para concreto e para argamassas. Em menos proporção, esses resíduos também são utilizados em cascalhamento, preenchimento de vazios em construções e reforço de aterros.

Várias pesquisas estão sendo desenvolvidas no Brasil visando à utilização de RCD reciclado como base ou sub-base de pavimentos, dentre as mais conhecidas estão BAGATINI (2011), FERREIRA (2009), BERNUCCI (2005) e YSHIBA (2011). Algumas cidades brasileiras, como São Paulo e Belo Horizonte, já executaram trechos experimentais e foram bem sucedidos na utilização de agregados provenientes de RCD reciclado (PINTO, 2009).

ZORDAN (2002) mostra algumas vantagens da aplicação de RCD reciclado em pavimentação:

 Menor utilização de tecnologia e com menor custo operacional;

 Economia de energia na moagem, por manter a granulometria consideravelmente graúda;

 Maior utilização de resíduos oriundos de pequenas obras e demolições que não reciclam seus resíduos no próprio canteiro;

 Maior eficiência dos RCD em relação às britas na adição com solos saprolíticos.

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6 Segundo vários autores, a estatística descritiva não está limitada somente aos dados, mas também à coleta, resumo, análise e principalmente a interpretação de dados visando avaliar as informações obtidas. De acordo com BRUNI (2008), a estatística dá margem à explicação de indagações contidas em diferentes grupos de dados.

A estatística descritiva contribuiu nesta pesquisa no sentindo que, ao passo que a mesma sofre importantes influências da tecnologia (softwares de caráter estatístico), mostrou aos presentes autores a preocupação com a transformação dos dados brutos em informações que concedessem suporte na tomada de decisões ao longo do estudo. Para tanto, foram necessários conhecimentos em medidas estatísticas de posição central e dispersão (média, mediana, moda e desvio-padrão), bem como noções de regressão.

As medidas de posição central têm por objetivo mostrar a localização do centro dos dados em análise, enquanto as medidas de dispersão representam o afastamento dos dados da posição central. Desse modo, as medidas de dispersão entram no estudo com o intuito de complementar as medidas de posição central.

O método da regressão é utilizado para saber se existe associação entre duas variáveis quantitativas “x” e “y”. Assim, através de uma equação, é possível saber se uma variável é dependente ou não da outra e saber o quanto “x” influencia ou altera “y”. Esse método é utilizado por pesquisadores que pretendem simular previsões sobre o comportamento futuro de algum fenômeno atual.

3. Metodologia

A princípio foram pesquisados municípios brasileiros que tivessem algum registro da geração per capita (kg/hab/dia) de RCD. Como dito em momento anterior, uma das dificuldades encontradas nesta pesquisa foi justamente o fato de não haver um acervo significativo desses dados disponível, sendo este um provável indicador expressivo da falta de gestão de resíduos da construção e demolição.

Dos 5.570 municípios brasileiros, apenas 13, aproximadamente, possuem informações sobre a produção de entulho. Estes, por sua vez, possibilitaram o desenvolvimento desta atividade. Os municípios são: Belo Horizonte (MG), Brasília (DF), Campinas (SP), Chapada dos Guimarães (MT), Florianópolis (SC), Jundiaí (SP), Maceió (AL), Ribeirão Preto (SP),

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7 Salvador (BA), Santo André (SP), São José do Rio Preto (SP), São José dos Campos (SP) e Vitória da Conquista (BA).

Tendo os municípios em mãos, foram analisadas variáveis que afetassem direta ou indiretamente o processo de geração de RCD. As informações selecionadas foram: Produto Interno Bruto (PIB) do setor da indústria - que engloba o setor da construção civil, a renda da população local, a taxa de crescimento populacional e a população. A seguir, apresenta-se a justificativa para a escolha de cada um dessas variáveis e a possível relação com a produção de resíduos:

 PIB do setor da indústria - o PIB, como valor que representa a soma de todos os bens e serviços finais produzidos numa determinada região durante um período, contribuiu para esta pesquisa sendo um fator bastante influente na geração de resíduos da construção civil. Comparativamente a outros setores da economia, o ramo civil detém participação relevante no PIB e na População Economicamente Ativa (PEA) do país.

 Renda da população local - esta variável auxilia na perspectiva de facilitar a percepção do perfil da população local. Devido ao grande crescimento econômico das diversas classes sociais, passou a existir uma busca maior e ao mesmo tempo diferenciada de imóveis.

 Taxa de crescimento populacional e População - assim como a renda, a taxa de crescimento populacional e a população vão determinar uma maior ou menor demanda por imóveis, reformas, etc.

Os dados utilizados foram encontrados em literaturas como a de PINTO (1999), ROCHA (2006), bem como em censos promovidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nos anos de 2000 e 2010.

Posteriormente, as informações conseguidas foram organizadas em tabelas conforme per capita crescente e devidamente identificados quanto ao respectivo ano de pesquisa. Em seguida, passaram por um tratamento estatístico, com o intuito de verificar média, mediana, moda e desvio-padrão de todos os dados em questão, e não somente da geração per capita de RCD. Para melhor visualização do comportamento dos municípios em relação a cada variável, foram utilizados gráficos com os dados do município e sua respectiva média.

Com posse de toda essa estrutura, foi necessário o agrupamento dos municípios em classes, que por sua vez foram definidas através das variáveis elencadas em momento

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8 anterior. O principal objetivo da criação das classes era verificar a semelhança entre os municípios, no que diz respeito ao PIB, geração per capita de RCD, renda populacional e população, e observar uma faixa de per capita mínimo, médio e máximo. As classes, bem como suas amplitudes, foram baseadas na aplicação da estatística descritiva, esta que emprega inúmeras técnicas para descrever e organizar um conjunto de dados.

Por fim, foi realizado o cruzamento das variáveis em gráficos, traçadas as linhas de tendências e verificados os graus de regressão.

4. Resultados e Discussões

Grande parte dos resultados foram obtidos através da modelagem de gráficos que relacionaram o per capita e as variáveis consideradas (PIB, taxa de crescimento populacional, renda e população), sendo esses gráficos definidos pelas classes ou levando em consideração a totalidade dos dados. Em seguida, foi utilizado o método estatístico da “Regressão”, traçadas as linhas de tendências, e, assim, analisados os comportamentos da variável presente no eixo “y”, que no caso sempre será a geração per capita de RCD, em função da variável do eixo “x”.

4.1 Gráficos das variáveis e suas respectivas médias

O objetivo principal em fazer esses gráficos estava no fato de visualizar melhor quais os municípios estavam interferindo mais no desvio-padrão. A seguir são ilustrados as gráficos do per capita (Figura 1) e do PIB (Figura 2).

Figura 1. Per capita dos municípios e

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Pode-se observar, por exemplo, que a média encontrada na variável PIB foi de 23,99%, mas, em contrapartida, existem municípios como Brasília que detêm um produto interno bruto de apenas 5,82% no setor de indústria, provocando uma elevação do desvio-padrão, que neste caso ficou na casa dos 16,13%.

Os gráficos abaixo (Figuras 3 e 4) representam os valores e suas respectivas médias para as variáveis taxa de crescimento e renda.

Figura 3. Taxa de crescimento dos

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10 4.2 Gráfico das variáveis e subdivisões por classes

Nesta fase, os municípios foram divididos em classes conforme cada variável, e verificado qual classe possuía média e desvio-padrão mais significativos e com menor disparidade de dados. Como os gráficos referentes à taxa de crescimento e à renda não apresentaram resultados e observações significativas, não serão expostos no presente artigo. A seguir, apresenta-se os gráficos referentes as classes de per capita e PIB (Figuras 5 e 6).

Nas classes de per capita, percebe-se que o desvio-padrão da classe acima de 1,68 kg/hab/dia encontra-se consideravelmente, quando comparado com a média.

4.3 Gráficos que relacionam as variáveis, em função da classe PIB, com o per capita Em virtude da quantidade de modelagens dessa fase, serão expostos apenas os gráficos que apresentaram resultados significativos para o presente estudo. Segue abaixo o quadro com os municípios que possuem per capita acima de 1,68 kg/hab/dia.

Quadro 1. Municípios com per capita acima de 1,68Kg/hab/dia.

MUNICÍPIOS POPULAÇÃO PIB PER CAPITA

(Kg/hab/dia) RENDA (R$) TX DE CRESCIMENTO (%)

Figura 5. Classes de PIB, respectivas médias e desvios-padões.

Figura 6. Classes de Per capita, respectivas médias e desvios-padões.

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São José do Rio Preto - SP 415.769 13,87% 2,12 1199,29 0,91%

Florianópolis - SC 433.158 11,03% 2,23 1975,50 1,40%

Ribeirão Preto - SP 619.746 16,51% 2,29 1361,38 1,23%

Jundiaí - SP 377.183 31,61% 2,43 1387,37 0,95%

Brasília - DF 2.648.532 5,82 3,12 1836,75 1,51%

A seguir, pode-se observar o gráfico que relaciona o índice de geração per capita com o PIB da classe supracitada.

Primeiramente, a análise será feita no que diz respeito à linha de tendência traçada, o valor alcançado para a regressão e a equação definida. Percebe-se que a linha de tendência traçada passa quase que exatamente, por todos os municípios, deixando assim a conclusão de que o grau de regressão é bastante considerável. Para testá-lo, foi feito o caminho inverso, ou seja, através da equação gerada pelo software excel, foi encontrado o per capita através do PIB dos municípios. O resultado pode ser observado na Figura 8 a seguir:

Figura 7. Gráfico que relaciona Per capita e PIB dos municípios com per capita superior a 1,68 kg/hab/dia.

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12 Como pode ser visto na Figura 8, as linhas de tendências quase que se sobrepõe em sua totalidade, inferindo a ideia de que a geração per capita de um município pode ser ditada pela presente equação, que tem como variável dependente o PIB da região.

O município de Brasília possui o maior índice de geração de RCD, entretanto, é detentor do menor PIB do setor da indústria, o que chama atenção. O fator PIB pode ser explicado pelo fato de que o município tem como atividade econômica principal o setor de serviços, que engloba o âmbito federal que é predominante na região.

No que diz respeito à geração de RCD, pode-se verificar o potencial de sustentabilidade do município, observando se há um Plano de Gestão Integrada dos resíduos da construção. Brasília é um canteiro de obras a céu aberto, possuindo grandes obras públicas em andamento, construções informais de residências e obras no âmbito da pavimentação e drenagem. O município em análise não possui um local específico para destinação final de seus resíduos, depositando os mesmos no Lixão Estrutural. De todo o rejeito despejado irregularmente no local, 70% é proveniente do setor da construção civil.

5. Considerações Finais

Cada vez mais e de acordo com a nova realidade apresentada pela construção civil sustentável, a utilização de RCD está sendo vista como uma solução no que diz respeito a

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13 problemática de disposição irregular de resíduos. Entretanto, pelo grande desconhecimento dos volumes de RCD gerados, os impactos que eles podem vir a provocar e os custos econômicos e sociais envolvidos na reciclagem e reaproveitamento, os administradores de resíduos de um município apenas se dão conta da seriedade do que está ocorrendo nos momentos em que é notória a insuficiência das poucas ações corretivas implantadas. Os planos de gerenciamentos dos municípios, em grande parte das vezes, estão voltados apenas para a gestão do lixo doméstico, isto pelo fato dos governantes e administradores considerarem esse tipo de lixo predominante na composição dos resíduos sólidos urbanos (RSU). A limitação desta pesquisa está justamente no fato de que não há catalogação de geração, do volume de resíduos existente em grande parte dos municípios brasileiros, e pouco ou nenhum registro de coleta.

Com a avaliação dos dados, pode-se concluir que 99,7% da variabilidade do per capita é explicada pela variável PIB, assim, a geração de resíduos da construção civil pode ser explicada através do produto interno bruto de um município.

6. Referências

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BAGATINI, Felipe. Resíduos da Construção Civil: aproveitamento como base e sub-base na pavimentação de vias urbanas. (Graduação em Engenharia Civil) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. 2011.

BERNUCCI, L. L. B., LEITE, F. C., MOTTA, R. S. Aplicação de agregado reciclado de RCD em pavimentação: sistema viário da USP-Leste. In: SEMINÁRIO GESTÃO E RECICLAGEM DE RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO AVANÇOS E DESAFIOS, São Paulo, 2005. Apresentação. CD. São Paulo, 2005.

BRUNI, A. L.Estatística Aplicada à Gestão Empresarial. 2.ed. São Paulo, Atlas, 2008. 388p.

CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE. Resolução CONAMA 307, de 05 de julho de 2002, Brasília, 2002. Estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil. Diário Oficial da União, Brasília, 17 de julho de 2002.

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14 CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE. Resolução CONAMA 448, de 19 de janeiro de 2012, Brasília, 2012. Altera os arts. 2º, 4º, 5º, 6º, 8º, 9º, 10 e 11 da Resolução nº 307, de 5 de julho de 2002, do Conselho Nacional do Meio Ambiente- CONAMA. Diário Oficial da União nº 14, 19 de janeiro de 2012.

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IBGE. Censo Demográfico 2010, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2013.

MARIANO, Leila Seleme. Gerenciamento de resíduos da construção civil com reaproveitamento estrutural: estudo de caso de uma obra com 4.000m². 2008. 108 f. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2008.

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15 ZORDAN, S.E. Entulho na Indústria da Construção. São Paulo: PCC-EPUSP, 2002.

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