IIISMTI Ü O
SOBRE
THESE
\PRESENTAI)A Á FACULDADE DE MEDICINA 1)0RIO DEJANEIRO, ESUSTENTADA EM10DE NOVEMBRO DE1847 ,
pon
JOSÉ PEREIRA DASILVA GOULART
,
NATURAL DAVILLA DACACHOEIRA(rROVINGIA DORIO GRANDEDOSUL),FILHOLEGITIMO DEJOSÉ PEREIRADASILVA,
DOUTOR EM MEDICINA PELA MESMA FACULDADE
.
Onnepeutpasimproviser lamédecine : elle est fille dutemps,et toute doctrinequivoudra s’élever au méprisdes travaux denosprédécesseursn’aura q'uneexistenceéphémère
.
BARRAS.RU®
IDJE jjüï
mrcaQ»TYPOGRAPHY DOARCII1V0MEDICOBRASILEIRO.
RUADOS ARCOSN
.
46.
IM47
.
FACULDADE DE MEDICINA DO RIO DE JANEIRO
.
niKi:<T«K
.
0Su
.
Di«.
JOSE MARTINSDACRUZJUBIM.
(Serve interinauientc o Sr
.
Dr.
JoaquimJosé«laSilva.
LENTES PROPRIETÁRIOS
.
Os Srs
.
Drs.
1
—
ANNO.
jBotanica Medica,eprincípioselementaresde^
PhysicaZoologiaMedica. .
Chimica Medicaeprincípioselementaresde Mineralogia
.
Anatomia geral e descriptiva. Anatomia geral e descripliva
. . . .
Physiologia.
»Pharmacia, Matéria Medica,espccialmcnlca
I Brasileira
.
Therapeutica e Arte de formular. . . .
Pathologia geraleinterna.
. . .
Pathologia geral eexterna.
\Operações,Anatomia Topographica eAppare
-
) lhos.
\Partos,moléstias de mulheres pejadasopari- das,ede meninosrccòm
-
nascidos.
Medicina Legal
.
Hygiene e Historia de Medicina
.
F
.
F.
Allemão. .
F
.
de P.
Cândido. II—
ANNO.
J
.
V.
Torres llomern J.
M. NunesGarciaIII
—
ANNO.
J
.
M.
N.
Garcia L.
de A.
P.daCunha. . .
IV
—
ANNO.
J.J.de Carvalho
.
1.J.
daSilva,Examinador.
L
.
F.
Ferreira V ANNO.
C
.
B.
Monteiro F.
J.
XavierVI
. —
ANNO.
i J.
M.
da C.
Jubim T.
G.
dosSantos.
I Clinica internaeAnatomiaPathologica rospe
-
) cliva
.
(ClinicaexternaeAnatomiaPathologica respe
-
I
cliva.
LENTES SUBSTITUTOS
.
[
j
Secçãode ScienciasAccessorias.
\
Secção Medica.
M
.
d c V.
Pimentel,Presidente M.
F.
P.
deCarvalho,ExaminadorF
.
G.
daR.
Freire A.
M.
deM.
Castro.
Supplcnle.
1.
B.
daRozaA
.
F.
Martins,Examinador. .
D
.
M.
d«!A.
Americano. . .
L
.
da C.
Feijó,Examinador. .
\
SecçãoCirúrgica
.
SECRETARIO
.
Dr
.
Luiz Carlos da Foncera.
AFaculdadenão approvanem«lrsnpprovnosopiniõesemittldasnasTheses,que lhesioaproMoiiwIav
MEU RESPEITAVET
.
E ESTIMADÍSSIMO PAI,E MEU MELHORAMIGO
.
OSENHOR JOSÉ PEREIRA DA SILVA.
A
MINHA MUITO PRESADA E ESTREMOSA MÀI
,
A
3 >
*AHSTA MMMBUUSUI atOARsa . .
Pequena, massincera prova deamor filial,e gratidão
.
A
MEUSESTIMÁVEIS E QUERIDOS IRMÃOSE IRMÃS
.
Testemunho da amisade que lhes consagra
J
.
P.
daS.
Goulart.
AOS
MEUSVERDADEIROS AMIGOS
.
Emsignalda estima quelhesdedica
J
.
V.
da S.
Goulart.
su nom nnioKii
J/ü uoir
O SR . JOS É SILVEIRA GULARTE .
Tributo de eternoreconhecimentoegratidão ásua generosidade
.
«I
.
I*,daS.
Goulart.
mmtio
6somit:
CONSIDERAÇÕES PREVIAS
.
Oestomago,orgãodachymificação
,
reservatórioactivo dassubstanciasalimenta-
res
,
nuisculo-
membronoso,defórmaalongada, conoide, curvado de dianteparatraz, de cima para baixonosentido deseucomprimento,edeprimido ligeiramentenas suasfacesanterior,eposterior,estácollocadoentreoesophago,orgãodadeglutição, eoduodftio
, orgão dachylifícação,entre osorgãospreparadores do trabalho diges-
tivo,eosqueo consomem
.
O estomagooccupa,poucomaisonmenos, a partemedia dotronco, asuperiordo abdomen,comespecialidadeohypocondrie esquerdo,oepigastro, eumpouco do hypocondriodireito
.
Osorgãos,quelheestão contíguos,são: emcimaodiaphragma e oígadof ;embaixooarco do coloneomesocolon transverso ; atrazopequenolôbo deSpigel,opancreas,eopequeno epiplon;naparte anteriorasfalsas costellase a paredeabdominal; ádireitaofígadoeavesicula biliar;áesquerdaobaço.
Sãoestasasrelações doestomagocomosoutros orgãos, eque sãotão variaveisem extensão,quantoévariavelovolume desta viscera
.
Entramemsuacomposição1resmembranas
,
quesão,defóra paradentro,amem-
brana serosaouperitoneal, a musculosa,ea membranamucosa; tecido cellularli- lamentoso,queuneestasmembranas entre si
.
Asartériascveias doestomagosão:ascoronárias cstomachicas,pyloricas, gastro
-
«piploicas direita cesquerda
,
queformamum duplo circulomuiconsiderável;eos rasoscurtos.
Osnervos doestomago são;osdonspneumo
-
gastricos,do oitavo parencephalico: eosdoplexocoronário estomaehico pertencentesaosystemanervosoganglionar, grandesympathico,
nervosmuito consideráveis em relaçãoámassado orgão.
submetlcmoestomagoádupla influencia «lo systemanervoso encephalicoe ganglio
-
nar:vasos lymphalicos superficiaeseprofundos
.
on eque
—
2—
Avista pois desto rápidoesboçoda organizaçãodoeslornngo,etornando
-
seemcousidcração osimportantes actos funceionaes, quesepassamnesteprincipal orgaoda digestão, asquotidianasrelaçõescom assubstancias externas, quesãonelleintrodu
-
zidas,osalimentos easbebidas,facilmente sedeprebende queoestomagoencerra emsi todasascondiçõesfavoráveis para odesenvolvimentodenumerosas evariadas moléstias ;eaobservaçãomostraque assim acontece
.
Seriaum trabalhomuitolongo,esuperiorôs minhasacanhadasforçasintcllectuaes, seeutentassetratar emuma dissertaçãode todas as moléstias, deque('*susceptivel o estomago;escolhipois, d’entrecilas
,
agastralgia,nãoporquetenhaodesvanecimento de pensar «pieadesenvolveria com a clareza cprecisão,quetãoimportanteobjecto exige,ouporque pudessedizer algumacousadonovosobre este tãointeressante,quanto dillicultosn ponto depathologia;só odesejo demclhof conhece-
lameguiou na esco-
lha
.
Dantemãoprevino queseencontram faltas neste meu pequenotrabalho,eque nãopudesatisfazer aos meusdesejos, cao dever, que tinha deapresenta-
lo digno de meusmestres(ïjuizes,eédistocausaaminha pouca capacidadeintellectual;porisso ronliandoemsuabondade,
esperoque desculpemminhas involuntáriasfaltas.
DEFINIçãO
. —
Agastralgia, palavra derivada das radicaesgregasgaster,
estomago,ealgos
,
dòr ; serveparadesignar a nevralgia do estomago , que consiste cmQima dòr maisou menosaguda deste orgâo, irradiando-
scquasi sempreáspartesvisinhas,acom-
panhadaalgumas vezes deailliçãoe angustia, e de diversas perturbaçõesfunceionaes dosorgãosdigestivos, ordinariamente intermittente, apyrctica
,
seminflammação, e nãodeixandodepoisde si alteraçaoalgumaapreciável.
Esta moléstia tem recebido differentes nomes ; unsa chamamgastrodgnia, outros rardialgia, cólica doestomago,caimbra do estomago,<5íC
. ,
die.
Aspalavras gastralgiaocardialgianãosãode todo synonimas na linguagem dealgunsauctores
,
que empre-
gamestaparadesignarumadòr gastralgicacom lipothymia
,
eaqucllaexprimepara ellesumadòr com sentimento depressão, mas semdesmaio.
Hojeporem estágeral-
menteadmittidaapalavra gastralgia, porque caractcrizabem a moléstia em todosos seusperíodosevariedades
.
ETIOLOGIA
.
Ascausas, que pódem produzir a gastralgia, sãoexcessivamente numerosas , muitovariadas, c merecem tantoruais a attençãodopratico, dizJolly (*)
,
que cilasmuitas vezespor si só constituem a moléstia.
Mas em todosos casos sua apreciaçãoé necessária, porque concorre para esclarecer o diagnosticoeo trata-
(*; Dice,de Medi
.
e Cirurg.prat.
—
3—
montoda moléstia
.
Estascausas pódomsor divididas, comoas do quasi todas asmoléstias, em prcdisponcntcs,
eoccasionaes.
CAUSAS PREDISPONENTES
.
O temperamento nervoso odelicado, uma irritabilidade congenialou adqui
-
rida doapparelho digestivo, a herança, uma educação cffcminada, o luxo , a ociosidade, uma vida sedentária e inerte depois de te-la tido trabalhosa e activa ; a leitura de romances
,
&c.
, uma temperatura quente e húmida,assim como quando éexcessiva mento fria; as mudanças bruscas da atmospbera , so-
bre tudo quando está carregada de elcctricidade
.
Grisole (') diz que nãose sabe cousa alguma positiva sobre a frequência relativa da gastralgianosdiver-
sosclimas,e nas differentes estações doanno
.
Barras, Campareti, c \Y bit dizem que ella é mais frequente nos climas quentes e húmidos.
Outros, e Tissot é deste numero, a tcin observado com mais frequêncianosclimas muito frios.
Eu mesmo tive occasião, no llio-
Grande do Sul,
de notar niais amiudadamente a gastralgia, assim como outras névrosés, otétano por exemplo,
durante os in- vernos muito rigorosos, no emtantoque são mais raras nas outras estações do anno.
Mas aopinião de Grisole me pareceamais razoavel, pelo menosatéque indagações posterioresesclareçam melhor este ponto.
Asmulheres são mais sujeitaságastralgia
,
do que os homens.
Ella é rara antes da puberdade; 6 dos vinte aos cincoenta annos que semanifestaordina-
riamente
.
CAUSAS OCCASIONAES
.
Asaffeeçoes d'alma, especialmente os pesares, o ciume, as contrariedades de todo o genero, os impetos de cólera;*os trabalhos litterarios prolongados, a influencia da imaginação, as meditações profundas; fortes contensõcsde espirito principalmente depois da comida e durante o trabalho da digestão
.
«Ummá»estomago, diz Amatus, acompanhaaspessoasde lettras
,
como asombra segueo corpo.
» E muitocerto queohomem, que mais pensa, étambém oque digere peior; parece que toda a actividade da innervação seconcentra nocncephalo.
O abuso das sangrias no
tratamento
das differentes moléstias, mais particu-
larmente nas do tubo digestivo; as hemorrhagiascopiosas;
tempo prolongada; os jejuns; o uso immodcrado de alimentos utonicos; alimentação cxclusivumentu vegetal e não reparadora composta delegumesefari
-
dietapor longo uma
uma
(*) Trat,de path
.
int.
—
4—
o abuso «lo peixe
,
«los fructos crûs, c que não tem chegado aoleuo usoinconsideradodasInibidas uquosas,diluent*?*. naceos;
perfeito estado de madureza; c mucilaginosas
.
Mr
.
Barras (*) diz que o emprego abusivo destas bebidas produz urna espe- , -
ie de frouxidão, de atonia da membrana mucosa estomachal, que a torna muito impressiona'vcl, exalta sua sensibilidade,
do modo quequando sepoeem contactocom ella,ousejammedicamentosestimulantes,oualimentosmuitoaduba-
dos,incommodant e tornam doloroso oestomago
.
» Ainda se devemnotar,corno causas capazes de produzir a gastralgia, uma salivação excessiva, a amamen-
tação prolongada,ea leucorrhéa; peidasestas, querompendo oequilíbrio,que deve existir em todas as funeçoes do organismo
,
condição indispensável para a conservação da saúde, fazem diminuir a energia dos differentessystcmasdo corpo, e augmentai»adosystcma nervoso,
de maneira que a innervação,
que tem indispensável necessidade deste equilíbrio para o seu exercício regular, sc perturba, e dá lugar ao apparccimento da gastralgia.
A chlorose e.
a prenhez são lambem causas muitofrequentes desta moléstia.
Os licoresespirituosos, prin-
cipalmente quando são tomados cm jejum, as bebidas frias ougeladasestando o corpocm suor, o abuso do chá
,
do café, da cerveja, e da cidra,asbebi-
das aciduladas por muito tempo continuadas, e o oleò de copaiba, podem produzir a gastralgia
.
Barras,
Mondiere, e outros citam factos, que conlirmam esta etiologia:Umadascausasporémmais frequentesdoquesepensa,equenãodevo deixarem silencio,éoabuso dosprazeresvenéreos,edoonanismonosadolescentes
.
Schmidtman diz: « Quando souconsultadoporum mancebo,affcotado desta nevrose,
suspeito logo queellaé devidaaoonanismo,easindagações,aqueprocedo,raras vezes deixam de confirmar omeujuizo».
Emlim asuppressão dodartros, dofluxo menstrual ; a compressão do estomagoporum colete militoapertado,«Iãomuitas vezesemresultado odesenvolvimento da gastralgia.
SYMPTOM ATOLOGIA, E MARCHA
.
Vgastralgia6ordinariamente precedida deumgrupodcphenomenos pathologic«
*
, que. annunciamsuainvasão ; outrasvezesporém ellasodeclara subitamente, esem signal algumprecursor.
Osphenomenos,queseobservamnoprimeirocaso,são;sa-
cudidurasepesonoepigastro; umasensação«lerepleção,deopprcssão ecalornoes
-
tomago, sentimento defrionas outras partes docorpo, perturbaçõesnasdigestões
.
(*)Tratado de gastralgia .
—
5—
cructaçõesfrequentes dogazesinndórns, «constipação; niigmcnto«le*velocidade do pulso,inaptidão para todooexercíciocorporaloumental,Ixwejos,c umagrande pro pensão paraosom no
.
A estes se rounem algunsoutros phenomenos sympathicos: umasensaçãodeconstricção aoredordopescoço, picadaseumgarganta; oppressöo nolaryngé,enfraquecimentodavoz,suspiros; doresvagaiefu
-
gacesnasdifferentes partes do corpo;enfraquecimentoepeso nas extremidades infe
-
riores
.
Barrasconsidera estareunião «le phenomenossympathicoscomooprimeiro grãodagastralgie.
E depoisde umtempomaison menaslongo deduraçãodosphenomenos acimamen
-
cionados,ousubitamente,«juea dòr se declara;ella varia tanto decaracter,quantos são os indivíduosaffectados
.
Estadòr é de uma violênciaexeessiva, lancinante,ou dilaceranten’alguns; urenten’outros; doentes ha«jueacomparam ámordedura de um animal; a outrosparece« jueo estoniagose vaigradualmentedistendendo,e« jue esta apontode arrebentar• também«leurnasensaçãocontraria sequeixam outros doentes,istoé,pareceaestesqueo estoniagovaidiminuindode volume;sentemum aperto,umaconstricção neste orgão comose«die estivessecomprimidoemumtorno, outrostemumasensaçãotal depressão, que lhesparece queumamão deferroem-
purraoepigastroatéacolumna vertebral
.
O estoniago éasédedesensações tãoexquisitas, queseria longoenumera
-
las;também estas differentes sensações pódem conservaro mesmocaracteremtoda a«lu
-
ração da moléstia, ousubstituem
-
se,esucccdcm-
sc nãosóde uraataque aoutro,comoduranteomesmo ataque
.
Quanto á suaintensidade,ella varia também muito;pódc ser uma dòr ligeira,ou chegar aum grãointolerável
.
Scbmidtman viu esta dòr occasionar delírioeconvul-
s«>esnasnudb«T«>smuitosensí veis
.
Hoffmann diz,queentreasdòresatrozes,que adli-
gemaesjxjciehumana
,
a«lòrcardinlgirntemum dosprimeiroslugares.
Adòrgastralgicaseirradia ordinariamenteásparedesthoracicas,ásespaldas,eao
«lorso,onde tomaurnaintensidade excessiva
.
Apressão,
exercidametbodica epro-
gressivament«; sem abalocomapalma«la mão, mitigaestadòr na maior parte dos casos
.
ardorapimentadona
Ella6intermittenteourémittente,istoé,cessaoudiminue de intensidade|x>rin
-
tervalles, evoltacomtoda a forçacmépocasmaisou menos regulares,quesenão pódemaocerto determinar
.
«Muitas vezes,diz Barras,
«*unipoucoantesda comida quea dòr volta,ouseexaspera; poremnomaiornumero de casos 6algumashoras depoisdaingestãodos alimentosqueistotem lugar.
Qualquerquesejaporemomodo«la invasão dagastralgia; quandoasdòrosappa
-
recem,c são muitoviolentas,osdoentes licamemumestado de soffrimento e«le xiedadeindizíveis
,
temsuffocaçocs,
agitam-
scnoseu leito,esãoobrigadosa sentara n- -
‘2
—
6—
se, fazem contorsocs nasdifferentespartes docorpo; asextremidades seresfriam
,
algunstemsuores; a facecmpallidcce,
ostraços pliysionomicosseretrabem; cru ou-
troslialipothymias,ou delírio,econvulsoes,nauseas
,
evómitos, cnestasoccasiõcs ordinariamenteasdòresaugmentainpelosesforços,
quefazemosdoentes paraconse-
guir este aeto
.
Opulso ordinariamenteseaccéléra,
eseconcentranestesataquesvio-
lentos; oepigastroéasédedebatimentos tumultuosos; osdoentes sentem,comoem tiniasasoccasioes de dòres violentas, algumasede
.
Asurinassão claras,
e transpa-
rentes
.
Nosataquesbrandosopulso conserva quasi sempreseurhythmonatural,somente oepigastroé aséde ordinaria daspulsações
,
dequefüllet.
Nemsempreosaccessos degastralgiatem tãograndeintensidadee violência,como osquehapouco descrevi: entre um ligeiroataqueeestesha muitos grãosinterme
-
diários, cimpossí velédescrevertodos
.
Estes ataques podem durarsómentealguns minutos, ouprolongar
-
se por dezoudoze horas; dissipam
-
segradual ou repentinamente,neste casovèm-
se osdoen-
tespassaraoestado desaúde semconvalecencia
,
semqueresteomenorsignal,que indiqueoestadodeagitaçãoc sofírimento,emqueseachavampoucos momentosan-
tes
.
Mas quandoelles tematurado pormuitotempo,
ou setemrepetidoamiudada-
mente
,
easdòressão fortes, osindivíduossentem, porummaior ou menorespaço de tempo,oepigastrodorido,abatimento,
eprostraçãodeforças.
A declinação ou terminação dos ataques éalgumas vezesassignaladaporuma erupção de gazes inodoros pela bocca
,
que em certos casossaycmsemesforço da partodos doentes; outras vezes porém estes gazes são expcllidospelo anus, e dãomuito mais allivio aos enfermos.
Estes ataquesse renovam em épocas mais ou menos afastadas, e som regularidade; nestes intervalles ou os indiv í-
duos gozam de perfeita saúde; ou sollrem perturbaçõespermanentes nas func
-
çoes digestiva, e da innervação; aqucllo estado constitue, a forma aguda da moléstia, c este a chronica
.
Na gastralgia de marcha chronica se notam os seguintes symplomas: alin
-
gua é ligeiramente esbranquiçada, larga, húmida, rosada nos bordos,algumas
vezes còr de rosa cm toda a sua extensão; estes symplomas se notam lam
-
bem na gastralgia aguda
.
Mondiere diz ter observado em todosos seusdoen-
tes um signal muito importante, e quo lhe tembastado, porsisó,para diag
-
nosticar a moléstia; são pequenos botoes mais oumenosvermelhosesalientes,
segundo o grão da moléstia
,
que occupamtoda a ponta da lingua na exten-
de duas a 1res linhas ; elle diz mais
,
«que o desenvolvimento destes que se não devem confundir com as papillas, é por tal saopequenos botoes,
forma ligado ã existência da gastralgia, que nós os temos vistoaugmenlar,ou
—
7—
diminuir, segundo a marcha dos lymptomas
.
» Müsset,
em cuja obra li•
sir trecho do Mondiere, diz ter encontrado estes [icquenos botõesemdanciu na base da lingua
.
Se este symptoma referido |w»r Mondiere é constante, c tem toda a lati
-
tude e significação
,
queelle lhe dá, é seguramente uma preciosa aequisição para o diagnostico da gastralgia.
A bocca é pegajosa, mucosa, principalmente pela manhã
,
mos sem máo gosto; muitos gaslralgicos porém se queixam de um gosto salgado; outros sentem um gosto metallico, ou acido, como se tivessem sumo de limão na bocca.
Observa-
se também uma salivação abundante, eescarrosrepetidos,
mais frequentes, segundo Barras, quando a necessidadede tomar alimentos se faz sentir, oudurante o primeiro tempo da digestão.
Harasvezes os gastralgicos sentem sède, e quando isto succédé, é momentaneamente; alguns mesmotem repugnância para as bebidas; cousa digna de notar-
seé, que olios supportantem geral melhor os solidos,doque os líquidos
.
O appetite variamuito neste periodo da moléstia: póde ser natural, augmentado ou diminu ído,pervertido, depravado, caprichoso, desregrado, isto é, volta a cada instante,
mesmopouco grandeabun-
lempo depois da comida, outras vezes alterna com umaaversão invcnsivcl aos alimentosneste caso os
.
Assim pdoentesódemdesejamacompanhar a gastralgia,
ecomemcomprazer,—
eavidez, sal , barro, carv1.
® a malaria e picaão,, e outras substancias repugnantes, e até mesmo immundas; esta depravaçãode gosto tem lugar tanto paraas substancias solidas, comoparaasliquidas, vòm-
sedoentes beberem com satisfação vinagre, tinta
,
urina, sangue,<&c; isto seob-
serva mais frequentemente no estado de prenhez, e nas mulhereschloroticas:
*2
.
® a bulimia,
ou fome excessiva, insaciável,
que obriga os doentesa comer uma quantidade de alimentos muito maior, do que a ordinaria; estasensação de fomeexcessiva, imperiosa, causa anxicdadcs; lipothymias, que pódem seguidas de syncope; ou uma agitação muitogrande; delírio, quepóde ir até o furor, se não fòr proinptamente satisfeita; mas estes accidentes semitigam logoque o indivíduo satisfaz este appetiteextraordinário.
( ) estomago <
?
séde de numerosas evariadas sensações; osdoentessequeixam continuainentc, ora de peso, sacudiduras, caimbras, e enchimentoneste orgào; ora de um frio glacial no fundo do estomago,
displicência, efraqueza; dores*que simulam perfeita mento o sentimento da fome,
sor
e que quasi sempre se calmam com a introducçãodealimento no estomago,ereapparecem com uma nova intensidade logo que a digestão se termina , e são novamentemitigadas pelo mesmo meio; istose observa muito frequentemente nas mulheres
.
Outrosdoentes tem uma sensação de calor ardente
,
que se propaga do estomago à—
8—
garganta, o é seguida da expulsão doum liquido acre e muito acido; clia
-
ma
-
se a este symptoma pyrosis.
As digestões são penosas e longas
,
dyspepsia; não obstante isto, cilas se completam na mór parte dos casos, c pódem mesmo terminar-
se mais rapi-
damente, doquepensam os doentes
,
os quaes pelo sentimento de repleção, que experimentam no estomago, crèm, que os alimentos não passam deste orgão; o que é devido quasi sempre«aodesenvolvimentodegazesquese efleitua no estomago durante o trabalho da digestão; em se explorando então oepi-
gastro pela percussão
,
acha-
se que elle está mais dilatado, elevado, e sonoro; naquellas occasioes os doentes expellem pela bocca estes fluidoselásticos, cuja saida allivia o estado desoffrimcnto,
em que seachavam.
Mas algumas vezes aquella sensação de repleção não está cm relação com o desenvolvimento de gazes; então me parece que cila dependo de uma anomalia «la sensibilidade dos orgãos digestivos.
É raro que osgastralgicos tenham vomitos;masquan-
do elles npparecem, são quasi sempre compostos de mucosidades, c sealgumas vezes contêm matérias alimentares, as liquidas são de preferencia regeitadas, sendo ordinariamente conservados os alimentos solidos.
Em casos muito excepcionaes, vêm
-
se doentes affectados de gastralgia dota- dos de uma tão exquisita sensibilidade da mucosa estomachal, que vomitam todos os alimentos sem esforço nem fadiga; o «juccomtudo étãopoucocom-
mum, que Barras
,
emmilhares de casos de gastralgies tratados por elle, só observou este phenomeno seis vezes.
«Um phenomeno porém, diz o mesmo auctor, mais frequente nas gastralgias é, que os doentes lançam por regur-
gitação uma matéria viscosa clara como uma solução de gomma, ou espessa como clara de ovo, ou como ostras,» E, pela manhã em jejum, durante,
ou immediatamcnte depois «le concluída a digestão, que os doentesregeitam estas matérias, product» de uma secreçãoviciosa dos orgãos digestivos
.
A constipação «í um phenomemo constantenos indivíduos alTectados «la mo
-
léstia, «lo «jue se trata; as matérias fecaes são duras, arredondadas, cmuitas vezes cercadas dc mucosidades intestinaes
.
Nas occasioes porem, cm que ha diarrhea, Barras a attribue a indigestões, e Mondiercpensa queéciladevida a uma irritação secrctoria «lo intestino colon, determinada pela presença ou accurnulação <lc matérias fecaes endurecidas neste orgão, e que em virtude daquclla secreção intestinal são as f«‘zes excretadas: e eu julgo que tanto umacomo outra causa pódem «lar lugar ao apparecimento da diarrhéa, que álèm disso 6 de pouca duração.
As urinas variam segundo o estado
,
cm que se acha o indivíduo.
Quando gystcma nervoso está excitado,
e durante os ataques,
as urinassão claras o seu—
9—
e transparentes, o excretadas muito frcqucntcmcnte com comichão no colo da bexiga, ou no canal da uretra: fóra porém deles casos, cilas tomam ordina
-
riamente uma còr amarolla ou avermelhada, o depositam algumas vezes um sedimento còr de tijolo; álém disso cilas pódem ser modificadas por outrai
moléstias quo sócm acompanhar a gastralgia
.
Quando esta moléstia tem chegado a um gráo muitoavançado, ouquando as dures são intensas c aturadas, a respiração pódc apresentar algumas desor
-
dens, como dyspnea, tosse, expectoração de mucosidades esbranquiçadas
.
Já mais atraz mencionei algumas mudanças que se encontram na funeção da circulação, tanto durante os ataques fortes, como nos brandos: com tudo julgo necessário dizer que n'alguns gastralgicosse nota uma agitação muito grande no apparelho circulatório, que se manifesta por palpitações desor
-
denadase violentas em todasas artérias
.
Barras conta que na gastralgia,de que elle foi affectado em 1832, osymptoma predominante, e que mais o fatigava ,era uma agitação tão extraordinaria da circulação, que o privava do somno, e lhe não deixava urn só momento dc repouso; eque este mes
-
mo phenomeno elle tinha tido occasião de observar n’outros indiv íduos, co
-
mo elle, aflectados de gastralgia, e quesó depois de tercombatido a affecçao nervosa do tubo digestivo, e te
-
lo trazido ao seu estado normal,conseguirafazer desapparecer aquolla desordem syrnpathica do apparelho circulatório
.
E porém no epigastro que se observam mais commummente estes batimen
-
tos, estas pulsações, cpie tem sua séde no tronco cæliaco,sensíveis ao tacto, ealgumas vezes á vista,eque pódem,se não se lhes prestar attençãobastante,fazer crer na exlstencia de um aneurisma: «engano tanto mais possível,dizBarras, que aquellas pulsações coincidem algumas vezes com a existênciade umtumor formado de matérias fecaesegazes acumulados no colontransverso
.
» Aspulsa-
ções, deque se falia, são puramente nervosas, apparccem rapidamente, são muito violentas no principio, e vãoperdendo gradualmente a intensidade depois depequena duração, contrariamente ao que se observa no aneurisma
.
Em muito raros casos apparece febre nos doentes de gastralgia; para que isto succéda, é necessário que os ataques tenham sido muito fortes c amiu- dados, e que a moléstia tenha chegado ao seu ultimo periodo; então pódem appareccr accesses febris, que ainda assim sãosempre incompletoseirregulares
.
() somno destes indivíduos é ordinariamente bom no começo da moléstia; mas em um periodo mais adiantado elles pódem ter insomnias mais ou completas, porém sempre intermittentes
.
Quandoelles tem dormidobem,levan-
tam
-
se hem dispostos como no estado de saúde; no caso contrario sentem-
sefatigados, abatidose preguiçosos
.
menos
3
—
10—
i cabeça é ordinariamente seid«de phenomenos sympathies variado»;uma» violenta, ouatroz, occupando oratoda vezes euma cephalalgia
a cabeça, ora sómente uma região de sua circumfercncia; outras, differente«
precisamente dolorosas, não deixamcom tudode ser
mais ou menos sensações, que, sem serem
incommodas, tacs como peso
,
vertigens, zoada nos ouvido», oracalor,ora frio como se lhes estivesse caindo agua friasobrecila,dc. ,
&c.
Quando a moléstia, ou por não ter sido bem combatida, ou não obstante tratamento bem dirigido, tem continuado em sua marcha progressiva, e chega ao seu ultimo periodo
,
{queBarraschama gastralgia bypocondriaca ), vòm-
seos phenomenos sympathicos, que se desenvolvem durante a sua marcha, tomar uma intensidade tal, que elles por si só causammuitas vezes maisincominodos
<* sustosaos doentes, do que os padecimentosdo estoinago
.
Osdoentes tem então vertigens, tonturas instantaneas, que lhes fazem temer algum ataquede apoplexia; suffocaçócs momentâneas,suspiros frequentes,eontraeçoesconvulsivasdo thorax;palpitaçõesdo coração, batimentos extraordináriosnasartérias; eontraeçoes musculares;fraqueza n'algumaspartesdocorpo,especialmentenosmembros,queos doentes tomampor ameaçosdeparalysia.
Experimentamna|»ellcumcalor maisou menos vivo e mordicante; arripiamentos, um frio intenso com particularidade nos|H*S: todos estes phenomenos, excepto a frieza dos pés, que é quasi con- tinua, são passageiros, o percorrem as différentes partes do corpo, mais ordi-
nariamente a cabeça, braços, lombos, e extremedidades inferiores; póde
-
se em geral dizer que não ha orgão algum que não possatornar-
seséde de sensações anómalas dolorosas ou não.
Acontece então queos doentesexageramestas sen-
sações, e não dão conta cxacta de seuspadecimentos
.
Barras perguntase esta exageração não será devida , como pensa Johnson, ao augmenlo ou perversão da sensibilidade mórbida dos nervos, antes do que a um efleilo da vontade? Eu também assim o creio, pois que|>or outra forma me não parece possivel explicar phenomenos tão extravagantes,
tão rápidos cm seu apparecimento, *• tão fugaces como o rclampago; só a perturbação, adesordemda inncrvação,
póde dar a razão de phenomenos tão disparatados.
«O que é certo,
continuaBarras, é que todos ossentidos são exaltados,
diminuídos,
desregrados pormilfôrmas, e que em virtude destas differentes lesões das faculdades sensitivas, osdoentes umtem sensações muito vivas, fracas, ou desordenadas, que pódem desvairar sua imaginação, c engana
-
los sobre o seu estado.
» Alguns destes indivíduossão dotados de uma taoexquisita sensibilidade,que a mais ligeira impressão ex-
terior os faz cair em convulsões ou em syncope; o auctor acima citado traz a observação de um eclesiástico affcctado de gastro
-
entcralgia,convulsões, quando ouvia qualquer pessoa tussir, ou cantar umgalloque
,
caiva&c.
,&eme.
I l
Eu já tive occasião «le ver uma senhora, quo tinhapadecidopormuitos de gastralgie, c queé sujeita ainda hoje a outras aflecçocs nervosas, dotada de tão extraordinária impressionabilidade dos orgãos digestivos
,
quetemvomitos excessivos logo que os sons maviosos de uma (lauta, ou d'outro qualquerins-
trumento vem ferir seus ouvidos
.
Outros indivíduosexperimentamumaagitação tal, que lhes não é possivel fiear por muito tempo parados; alguns ha que cayem n’um estado de apathia, que os impede de andar,e julgam quelhes não é possivel dar um passeio um pouco longo, mas se por qualquer motivo o fazem, sentem-
seno limdelle muitomenosfatigados, do que pensavam.
Asfaculdades intellectuaes,quenasgastralgiaspoucointensas,ede curta duração, seconservamnoestado normal
,
vãoapresentandodesarranjos maioresoumenoresá medidaquea moléstiafazprogressos, demodo quenoultimoperiodoosdoentes se tornamhy pocondriacos.
Kntãoos doentesapresentampoucomaisou menosoestado seguinte:
—
Semces-
saroccupados deseuspadecimentos,oestomagoéoponto,paraondeconvergemseu>
pensamentos, procuram inventar alimentos,que lhes possam convir, temumcuidado minucioso na suaescolha epreparação; amais ligeira indisposição quesentem naqucllc orgãoosaterra; apesardaquellasprecauções ellestememcomer, eestete
-
morpódeserlevadoatalponto,que quasisedeixam morrer defome;Lorry,Barras, e outros citam factos deste genero
.
Inliinaniente convencidos dequese acham affcctados de uma enfermidade mortal,não pódemafastarde si esta ideia falsa,(ilha unicamente«lasdesordens«la innervação;entãoellessetornamdesconfiados, frcmdi-
ros,eegoístas; a amisade, que para elles antes tinha tantos encantos, torna
-
seumpesoinsupportavcl, a f
. -
licidadedos outros<;umsupplicioparaelles, aalegria alheia osentristece,«letudos<*queixam, equerem quetodoss«*occupemde seusmales; e«•liesmesmos, semcessarpensandocm seuspadecimentos, sónelles faliam,promiss« » s«‘consolam; interrogam o seumedicocomuma extrema inquietação
,
eprocuram adivinharemseusolhosoque elle pensa«leseu estado.
Sealguémtem a imprudên-
cia
deflfizer-
lhcs, 71/eel'
esseacham aflectadosde uma moléstiagrave,cqueosacham muitomagros,oucousasimilhante,istoosallligc muito,
eosaterra.
Suas faculda-
des intellectuaes est«oportalfórma enfraquecidas, que ellesse n10 atrabalhoalgum intellectual,nem mesmosustentaruma longaconversação
.
Umacousabem notávelseobserva na gastralgia
,
ou cilatenha chegada aoultimo periodo,011ainda mesmo antes do desenvolvimento dahypocondrie,
eé quet tasextraordináriasdesordens«losystèmenervosose acalmam rapidamente,oudimi-
nuem,eosenfermosrecobramaesperança de uma cura prompte, umavezqueces
-
semossofTrimentosdeseuestomago,equesuasfuneçoesdigestivasseexecutem hem
|K>ralguns dias
.
Asmais ligeiras causas physicas oumoraes fazemqueestes indivi-
aimirt
pódem entregar
Nes
-
—
12—
duosrecayam nos seuspadecimentos anteriores, e 6tambémdepoisdemuitasalter
-
nativas domelhoraso recaídas,queosdoentesrecobramasaúde ouporefleitodeum tratamento bemdirigido
,
oupor outraqualquer causa,
que nem sempre ópossí vel descubrir.
Nãoobstanteasperturbaçõespermanentesdadigestão,os indivíduosquasi sempre conservamsuaconstituiçãopliysicaordinaria; acòr da face, edo resto dapellenãose altera,excepte quandooutra moléstiacomplicacomagastralgia
.
Ouandoocontrariodisto seobserva,édevido ou a accessos muitorepetidoseviolentos,ouauma alimen
-
taçãooumedicaçãoexcessivamentedebilitantes
.
DURAÇÃO E TERMINAÇÃO
.
Vgastralgia temuma duração indeterminada:ella pódesómenteserde alguns mi- nutos,e cessarde lodo;oupersistirem différentes gráosporespaçodemuitos annos
.
10, 20,i0
.
Assimcomotodasasoutrasnevralgias,
ellaémuitosujeitaa reincidências, ealterna muitofrequentementeentão comnevralgias nas di ílerentasparlesdo corpo.Aterminaçãodesta moléstiaétambém muitovariavel;oucedeaotratamento,que seempregacontraella; ouentão, quando sereproduzmuitas vezes, ouquandotem pxistidodeumamaneira contínua, occasionacertaperturbação emtodoosystemaner
-
voso,eprovocaodesenvolvimento da hyporondria,comovimos,ede outras névrosés;
outras vezesporemdesappareceporsimesma sem que signal algum annuncie sua terminação
.
DIAGNOSTICO
.
Alguémconfundirá a gastralgia,quandofõr violenta, comumaccesso decólica he
-
pática; masdistinguem
-
sebem estasduasaffecções; nacólicahcpaticaadòroccupa pspecialmenteohypocondriodireito,exaspera-
se pela pressão,éacompanhadade vasede vomitos biliososeicterícia, noemtantoquenagastralgiase observa ordina-
riamenteocontrario
.
Agastralgia chronicapóde ainda ser confundidacomf
agas-
trite :aindaqueestas duas moléstiastenham muitos pontos decontacto
,
cilascomtudo diflerem, ecomo exigemtratamentos oppostos,
vou apresentaremumquadro resu- midoasdiflerenças, quetem estasmoléstias (enistosigo oexemplo deJolly^
tantoPHIsua marchaesymptomas,como emsuas causas:principiarei porestas
.
nau
-
r —
13—
CAUSAS
.
GASTRITE.
GASTRAI.GIA.
Temperamento sanguíneo
.
Maisfrequente no masculino
.
Trabalhos corporaes
.
Excesso de alimentação
.
Abusodosexcitantescalcoolicos
.
—
desubstanciasmuitoanimalizadas.—
de alimentos salgadoseapimentado«.
—
de alimentosestimulantes. Plethora sangu í nea.
Karanesteestado
.
Vida activa claboriosa
.
Todas as idadesda vida. Suppressãoderegras
.
Todas asmoléstias agudas
.
Nãoconstaquesctransmittapor herança. Paixões violentasemanifestadas
.
Temperamento nervosoeirritável
.
Maisfrequente nosexofeminino
.
Trabalhosintcllectuaes
.
Faltasdealimentação
.
Abusodosdiluenles emucilaginosos
.
Abusodesubstancias vegetaes
.
—
defrutosácidos.
—
de alimentos relâchantes.
Ilemorrbagias abundantes
.
Maisfrequentenoestado degravidez. Vida sedentária
.
Período davida sexual
.
Épocada menstruação
.
Leucorrhea c chlorose
.
Herança
.
Afleccões moraesconcentradas.
SYMPTOMAS
.
l>òrviva similhanlcáqueproduzum ins
-
trumento picante , ou dilaccrante;intermit
-
aoepigastro,augmentando pelapressão, pela tente,eirradiando-
sepelaspartesvisinhas, introducção mesmo depequena quantidade diminuindo oucessando comapressão,ein- dealimentos,troducção«le alimentos no estomago. Appareceordinariamentepelamanhãe em jejum
.
Lingua natural,húmida,guarnecidadepc
-
quenos«bolõesavermelhadosnaponta;sabor de umacamadade mucoainarelloouligeira
—
mctallico, acido;emgeralnão ha sede:desejo menteesbranquiçado:bocca amargosae dcbebidas, ora quentesorafrias: hálito na- sempre sede: desejosemprede bebidas frias
.
hálitomuitasvezes fetido
.
Appetite nullo
.
Dòrsurda, obtusa,continua,circumscripta
Exaspera
-
semaisordinariamenteánoite.Lingua vermelha napontaebordos;cuberla secca
.
lurai
.
Appetite natural , augmentadooudepra- vado
.
Vomitosraros;dematérias mucosascvis
-
Vomitos frequentes;osalimentos solidossão•usas;oslíquidos sí.ode preferencia regeita
-
de preferencialançados fora, c os líquidos quasi lados,no cm tantoqueossolidosscconservam.
sempresãoconservados.
Bocejosfrequentes, rspreguiçamentos;eru
-
ilarõesinodoras einsípidas
.
Não ha bocejos, nem espreguiçamentos ; arrotosácidos c nidorosos.
i
—
li—
SYMPTOMAS
.
GASTRITE.
GASTRALGIA.
Pulsaçõescontinuas,nuncatumor. Batimentosintermittentesmuitofortes,e
algumas veres acompanhados detumornoepi
—
castro
.
Constipaçãoconstante epertinaz
.
Dejeccões naturaes,ouendurecidas
.
Crinasclaras, transparenteseabundantes
.
Frequentemente diarrhéa
.
Biliosas, vinosas,sanguinolentas. Carregadas,coradas,eempequenaquanti
-
dade
.
Pulsopequenoefrequente. Insomnia
.
Febre continuaouintermittente. Calordoventre sempre augmentado
.
Pulsonormal, ou intermittente
.
Somno ligeiro, mas reparador
.
Apyrexia
.
Calornatural napelle, oualternativas de calor e de frio noventre.
Emmagrecimentolento e muitopouco sen
-
Emmagrccimento prompto e manifesto.
sivel
.
(tractertriste,grave,eteimoso
.
Forados accessos,aface conserva
-
senoseuestado normal
.
Marcha muito lenta,quepódedurarlongos annos
.
Caracteromesmo
.
Facepalida, ouvinhosa,e traçosconcentra
-
dos
.
Prompta;afebre hectica sobrevem,asfor
-
ças diminuem,eodoentesuccumbe passado poucotempo
.
Prognosticograveeperigoso
.
Tratamento antiphlogistico
.
Caracteresanatómicosvariados, matcons
-
tantes
.
Prognostico menos grave
.
Tratamentotonicoecalmante
.
Caracteresanatómicos nullos.
PROGNOSTICO
.
Quandoagastralgiadatadcpouco tempo,eosseusataquessãoseparados unsdos outros por largos intervallos , oseu prognosticoèsemprefavorável
.
Mas quandoa moléstia tem duradopormuito tempo,enão cedeaostratamentosracionaes,quese tom empregado contra ella,então oseuprognosticoégrave:de ordinário, comovi-
mos, ellaprovocaodesenvolvimentodahypocondria,esabe
-
se quanto esta complica-
çãodiflicultaotratamento dagastralgia, roinespecialidadequando estavem por he
-
rança
.
Agastralgia lixaé,dadascircuinstanciasiguaes, maisgrave,emais diflicil dc curar, doque aque6movei calternacomnevralgias deoutrosorgãos; emcompunsaça
.
»r*tareincidemaisfrequentemente,doqueaoutra
.
—
15—
Não constaquen gastralgia tenhadeterminadoamorte,masnem porisso de\edei
-
xar demerecertoda attenção dopratico, nãosóporque<*umamoléstia muito dolo- rosa, comoporque, dei\ando
-
se passarnoestado clironico,produzsofirimentos varia ilosecontínuoseoccasion» outras névrosés não menosgraveseincommodas.
NATUREZA
.
Ospathologistas modernossetem dividido emduasopinióes«liffercntes sohreana turoza da gastralgia
.
Ins a consideram como uma phlegmasia da mucosa do estomago ; outros como uma nevrose deste orgão.
Os primeiros não meparece terem razão, por que não sei comose póde conceher uma inílammação,que, na maior parte dos casos, apparcce instantaneamente,
< • desapparcce notini de alguns minutos sem deixar signal algum de sua existência, ou que, desappa- recendo por esta forma, se transporta com incrível rapidez do estomago parauni ou outro orgão mais ou menos afastado, e neste orgão novamente af
-
fectado secomporta da mesma maneira; e de maiscomosuppòrqueossymp
-
tomasda gastralgia dependem da in ílammação do estomago,quandovemos que osantiphlogisticos aggravamemquasitodosos casosoestadopnthologico,equeosto
-
nicos
,
calgumasvezes mesmoosestimulantes,curama moléstia? E verdade quenagas-
tralgia chronicaossymptomas são maispersistentes,eamoléstia maisduradoura : mas ainda assim, como julga
-
la de natureza inílammatoria ,quandoseattende ús suas causas, sua marcha, sua longa duração, e sua terminação, como hem se pódc ver no artigo do diagnostico differencial desta moléstia eda gastrite? A’Ièm de tudo isto, as minuciosas indagações anatoinico-
pathologicas feitasem cadáveres de indivíduos, que haviam sido por longos annosaffectados de gas-
tralgia, c que succumhiram de outras moléstias, não demonstram aexistência desimilhante inílammação
.
Os pathologistas, queconsideram a gastralgia uma nevrose, quesão hoje em maior numero, me parece que estãomais pró-
ximos da verdade
.
Elles chamam névrosés as moléstias, que consistem dilicaçoes funccionaes dosistema nervoso sem alteraçãomaterial visí veleprimi-
tiva do tecido dos nervos, eque tem por caracteres
—
serem delonga duração,apyreticas, ordinariamente intermittentes,diílicilmcntc curáveis,e apresentarem um apparelho de symptomas graves na apparencia, e com tudo poucoperigososna realidade
.
Ora, nolando-
sequasi todos estes symptomas na graslralgia, que com razão elles a incluíram na classe«las névrosés.
Masdizerque ellanão é uma inílammação,
e sim uma nevrose, não me parece que seja istoavançar muito no conhecimento de sua natureza: daqui a razão por «jue vou mostrar como estes pathologistas concebem e explicam as névrosés, ecom« » em mo-
parecr
porconsequência
—
Ni—
a gaslralgiu. Para este fini Mr. Rocho estabeleceu uma hypothèse,queécom
-
partida |Mir Jolly, Hostau,e outros ; elle suppòe a existênciadeumfluido, que circula no trajecto dos nervos, e assimilhando os phenomenos, que se nolam nas névrosés aos da irritação vascular, cri; que a irritação de uni ou outro ponto dos nervos por uma causa capaz «le produzir a irritação nervosa,deter
-
mina nessa parte um aflluxo deste fluido nervoso, que não podendo servisto,
pode com tudo serapreciado pela dòr ou pela desordem funccional doorgão, a queesta parte do systema nervoso preside. «Todas asnévrosés,dizomesmo auctor, pódem ser explicadas optimamente pela hypothèse de um influxoner
-
voso muito rápido, muito intenso, ou muitoabundante nos nervosaffectados.» Nãosei atéquepontoestatheoriaéverdadeira,nemsesep<kle assimilharairritação nervosa com a vascular; mas oqueparececertoé que ella está sujeita ásleis da innervação; ora, a innervação ou influencia nervosa, queosystemanervoso distribueaos orgãos, e em virtude da qual executamosdifférentes actosfunc- eionaes, de queestão encarregados, é, segundo Adelon, um «los factos menos conhecidos em physiologie; por isso me parece quesóhypothelicamcnte, como se tem feito, se pôde admittir esta theoria. Ora, diz Jolly, o principio da innervação , qualquer que seja a sua natureza ou origem, se divide entreas tr«*s grandes series «le phenomenos physiologicos: sentimento, movimento,e en- tendimento.
E pela maneira, por queest«» principio se reparte entreosinstrumentos es- pcciaes dos actos physiologicos, «pie rt?gula a sua harmonia,ou se perturba o seu accordo. E tainliem este principio que exagera ou diminue as faculdades s«»nsitivas, motoras, c intellectivas, segundo o grão de energia, de queelle dota estas mesmas faculdades, de sorte que os seusefleitos estão em relaç«x»scons- tantemente inversasentre os actos sensitivos, motores , e intellectivos. Admit- tido isto, tenho por evidente, «pie o estomago, tendo nervostão importantes.
«omo o pneumo-gastrico, e os «lo plexo coronárioestomachico, « pielhe distri- buem a influencia nervosa indispensável para que seus differentesactosfunccio
-
naes se executem, p«kle ser aflcctado primitivamente «le nevralgia,
outras partes, que o constituem,apresentem alterações em sua organização. Mas qualquer«piesejaaexplicação, quese «lò«lesteestadomorbido,comoofima medico se dirige,«'•aotratamento«la moléstia, disso me vou occuparagora, tomando pornormatambém,nesta partedeste pequeno trabalho,asideiasde Mr.Barras,
>àofundadasnaobservação de muito numerosos casosdesta moléstia. A gastralgi idiopatbica, quandodependedeumalesãodirccta dos nervos do estomago
.
Sympa-
thien, quandoédeterminada pela prenhez, pela chlorose, pelaleucorrhéa.chvs
-
teria,A'.
sem queas queo
«pie a«•
—
17—
TRATAMENTO
.
Otratamento«lagastralgie<•sujeitoaum semnumero devariedatles;e sódeuma maneirageralseptSdein indiciarosmeios, «|iioconvêm pôr em pratica notratamento desta moléstia: v á perspicácia do pratico ajudado «lo necessário conhecimentodas causas damoléstia,dotemperamento«lodoente,e«I«;suaidiosyncrasia,quese «leve deixar a escolha«los meiostherapeuticosconvenientes
.
Mas, em todoocaso,éuprimeira indicação,que deve pôrempraticaofacultativo*
quefòr chamado a prestarcuidados a umdoente atacado«le violenta gastralgia,acal
-
maradòr,eestaprimeira indicaçãoéoopio,quea satisfaz, na mór parte doscasos, ousejaadministradoemtintura n’umapoçãocalmante,ouem pilulasdeum grãoou grão emeionasvinteequatro horas,dósequese|>ódeaugmentargradualmente se
-
gundoaurgência
.
Quando estemedicamentonãopuderserintroduzidonoestomago porcausade nauseasouvomitos,«piealgumasvezesapparecemn«*stasoccasioes, então seráadministradoemclysteres; 8a16gotas «lelaudanum de Sydenhamen«umve-
hiculo conveniente, quese repetirá segundo a maiorou menorintensidade da dòr,e commaioresou menoresintervallos,segundoosefleitosobtidos
.
Asembrocaçóes cal-
mantesnoepigastro ohram como coadjuvantes desta medicação, mas sóde per si pouco fazem
.
Aapplicação«leguardanapos quentes sobreamesmapartemitiga mui-
tas vezesestadòr,echegaemcertoscasosadissipa
-
latotalmente ;sinapismosoupe-
diluvioscom mustarda produzem umarevulsãoaproveitável,efazem algumas vezes
«•essaresteestado doloroso
.
Quamloporémosataquesserepetem muitofrequentemente,ou aturam já|>or muitashoras, devecollocar
-
seodoente emumbanhomorno d'aguasimples,ou tor-
nada mais calmantep«*la a«ldição<lcalgum narcotico,econserva
-
lo nelle pelo maior espaço detempopossívelouaté a cessaçãoda dòr.
Eujá tiveoceasiãode observaroefleito salutar«leste meio thcrapeuticon’um ac
-
cess«)degastralgia,em«pieadoente soflria«lòresatrozesba>iajádoze horas,e áqual s*‘tinham administradooopioeontrosnarcóticossemproveitoalgum
.
I*óde
-
serecorrer tambémaossuccedaneos do opio,comoo extract«»demeimendro, ahelladona,
aagua«lelouro-
cerejo, &c.
Muitospráticos,eentreellesTrousseaueHufeland,acons«*lharn osub
-
nitratode bis-
inutliosó,ouunidoaalgumoutronarcotico, comoummeio muito ellicazno Irata
-
mento«l«*stamoléstia : esteoadministrana«lösedeseis grãos em21horas;caqeello dizquesepód«*chegaradar,nom«*smoespaço detempo,até36 grãos seminconve* nieote,emesmocommuita vantagem
.
Barras prefereo opioa«*stemedicamento, não sóporqueelle mitiga a dòr, provocaosomno, dequealgunsdoentes care«cm,e previnealgumas veaesav« »lta delia;comoporqueelletem visto emmuitasoccasioeso5