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EFEITO DO ESTATUTO DO DESARMAMENTO SOBRE O CONSUMO DE ARMAS DE FOGO

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Academic year: 2021

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EFEITO DO ESTATUTO DO DESARMAMENTO SOBRE O CONSUMO

DE ARMAS DE FOGO

Aluno: Thaís Figueiredo Dana Orientador: João Manoel Pinho de Mello

Introdução

A violência é um tópico que ganhou destaque nos últimos anos e, por ter uma grande ligação com o tema, o debate acerca de armas de fogo também tem ganhado crescente atenção. Neste sentido, muitos países como o Brasil, Austrália, Japão e Reino Unido, adotaram políticas de desarmamento visando à diminuição dos crimes relacionados ao uso das mesmas.

No caso brasileiro, entrou em vigor no dia 23 de dezembro de 2003, o Estatuto do Desarmamento, uma lei federal que definiu critérios mais rigorosos para o registro, a posse, o porte e a comercialização de armas de fogo e munição no Brasil. Mais especificamente, essa lei proíbe o porte de armas por civis, com exceção para os casos em que haja necessidade comprovada, só podem portá-las os responsáveis pela garantia da segurança pública, integrantes das Forças Armadas, policiais civis, militares, federais e rodoviários federais, agentes de inteligência, auditores ficais e os agentes de segurança privada quando em serviço, além de outras proibições.

Além disso, o estatuto prevê o pagamento de indenizações a aqueles que entreguem espontaneamente suas armas à Polícia Federal e aperfeiçoou a legislação para punir mais efetivamente o comércio ilegal e o tráfico internacional de armas de fogo.

Dadas as diversas restrições que o estatuto impôs sobre a obtenção e uso de armas, este estudo tenta compreender o efeito dele sobre as variações na compra e preço de armas de fogo no país e no estado de São Paulo. A partir dos dados da POF (Pesquisa de Orçamentos Familiares) de 2002 e 2008, foram obtidas as porcentagens de compra de armas de fogo e o preço médio pago nelas, em ambas as áreas citadas nos dois períodos, visando a avaliar tais efeitos.

Objetivos

Estudar o efeito do Estatuto do Desarmamento sobre as porcentagens de armas de fogo compradas em relação ao orçamento familiar e as variações dos preços das mesmas, no Brasil e em São Paulo, nos anos de 2002 e 2008. Para alcançar este objetivo, serão utilizados dados da POF (Pesquisa de Orçamentos Familiares) destes períodos em questão.

Metodologia

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A pesquisa foi realizada em quatro etapas: na primeira o objetivo foi encontrar a porcentagem do total de brasileiros que adquiriu armas de fogo em um ano a partir da POF de 2002 e a média do valor gasto com as mesmas, a segunda etapa foi encontrar as mesmas estatísticas, para o mesmo período, mas apenas no estado de São Paulo. A terceira e a quarta etapa consistiram em realizar a mesma pesquisa utilizando os dados da POF de 2008 para o Brasil e estado de São Paulo, respectivamente.

Na POF de 2002, foi utilizado o tipo de registro “Despesas do Questionário de Despesas Individuais”, que em cada coluna continha as seguintes informações: Tipo de Registro, Unidade da Federação, Sequencial, Dígito Verificador, Número do Domicílio, Número da UC, Estrato Geográfico, Fator de Expansão1 (Setor), Fator de Expansão2 (Domicílio), Número de Ordem do Informante, Número do Quadro, Código do Item, Código do Local de Compra, Valor do Item, Código da Forma de Obtenção do Item, Fator de Anualização, Valor da Despesa Deflacionado e Anualizado, Renda Total Mensal da Unidade de Consumo, Código de Imputação e Deflator – Fator.

O primeiro passo consistiu em transferir a base de dados para o programa econométrico Stata. Em seguida, foi necessário pesquisar o código do item e número do quadro das armas de fogo na planilha “Cadastro de Produtos” e, com estes números, foram excluídos todos os outros itens, restando apenas o de interesse.

Com o comando “tabulate”, foi possível encontrar a frequência com que o item “Armas de Fogo (Exceto Caça)” aparecia. Utilizando a tabela 1 do arquivo “Aspectos de Amostragem Especial Microdados”, foi encontrado o número total de entrevistados. Finalmente, efetuando-se a razão entre a frequência do item e o número total de entrevistados, chegamos à porcentagem de brasileiros que compraram armas de fogo em 1 ano.

Tabela 1

Número de setores selecionados e domicílios esperados, selecionados e entrevistados, segundo as áreas da pesquisa. Áreas da pesquisa Número de setores Selecionados

Número de Domicílios na Amostra

Esperados Selecionados Entrevistados

Total 3.984 44.248 60.911 48.470 Rondônia 87 972 1.338 1.112 Acre 83 890 1.198 960 Amazonas 87 966 1.319 1.075 Roraima 47 518 739 554 Pará 128 1.556 2.060 1.666 Amapá 46 496 685 568 Tocantins 76 826 1.175 933 Maranhão 186 2.064 2.716 2.231 Piauí 182 1.940 2.643 2.222 Ceará 156 1.752 2.510 2.017

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Santa Catarina 183 1.950 2.648 1.989 Rio Grande Do Sul 147 1.650 2.186 1.850 Mato Grosso do Sul 209 2.290 3.171 2.541 Mato Grosso 213 2.390 3.249 2.355

Goiás 193 2.240 3.097 2.356

Distrito Federal 80 880 1.214 981 Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Índices de Preços, Pesquisa de Orçamentos Familiares 2002-2003.

BRASIL 2002

Cód. do Item Item Freq. Total de Entrevistados Percentual de Brasileiros que Adquiriram o Item

701 ARMAS DE FOGO

(EXCETO CAÇA) 58 48.470 0,12%

Para encontrar o valor médio das armas de fogo compradas no último ano, foi utilizado o comando “summarize”, que apresenta a média, desvio padrão e frequência de variáveis de interesse. Visto que algumas observações tinham valores excessivamente altos ou baixos (“outliers”), foram excluídos os itens que possuíam valores maiores que R$100.000,00 e menores que R$40,00 e a média foi calculada novamente, diminuindo o desvio padrão.

A etapa seguinte consistiu em excluir todas as unidades federativas, exceto São Paulo e realizar o mesmo procedimento acima, ou seja, foi encontrada a frequência com que o item “Armas de Fogo (Exceto Caça)” aparecia, foi efetuada a razão entre esta frequência e a população paulistana total entrevistada e, por último, encontramos a média dos valores das armas de fogo compradas, excluindo-se os “outliers”.

SÃO PAULO 2002

Cód. do Item Item Freq. Total de Entrevistados Percentual de Brasileiros que Adquiriram o Item

701 ARMAS DE FOGO

(EXCETO CAÇA) 1 2.017 0,05%

No terceiro passo da pesquisa, utilizamos a POF de 2008 a fim de avaliar o efeito do Estatuto do Desarmamento alguns anos após sua aprovação. Na base de dados em questão foi utilizado o tipo de registro “Despesas Individuais”, que contém as mesmas informações do tipo de registro equivalente da POF de 2002 e mais algumas outras, que não são relevantes para este estudo.

O processo de obtenção das estatísticas foi o mesmo da base de dados de 2002: após pesquisar o código e o número do quadro do item de interesse, foram excluídos todos os outros itens irrelevantes para a pesquisa e, em seguida foi encontrada a frequência com que o item “Armas de Fogo (Exceto Caça)” aparecia.

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fogo foram excluídas as observações com valores abaixo de R$40,00 e acima de R$100.000,00 e foi utilizado o comando “summarize”.

BRASIL 2008

Cód. do Item Item Freq. Total de Entrevistados Percentual de Brasileiros que Adquiriram o Item

401 ARMAS DE FOGO

(EXCETO CAÇA) 22 55.970 0,04%

Na quarta e última etapa do processo, foram excluídas todas as unidades federativas, exceto São Paulo e foi utilizado o mesmo procedimento anterior. Sendo assim, encontramos a porcentagem de paulistas que compraram armas de fogo em um ano e a média do preço pago por elas.

SÃO PAULO 2008

Cód. do Item Item Freq. Total de Entrevistados Percentual de Brasileiros que Adquiriram o Item

401 ARMAS DE FOGO

(EXCETO CAÇA) 1 3.623 0,03%

Como resultado, pode-se observar que em 2008 houve uma queda na porcentagem de armas compradas no período de um ano, tanto no Brasil, como em São Paulo, em relação a 2002. Além disso, houve um aumento no valor médio pago pelas mesmas no Brasil, porém não foi possível fazer a mesma avaliação no estado de São Paulo, pois não havia valores significativos para tal análise.

Brasil 2002 Brasil 2008 São Paulo 2002 São Paulo 2008 Porcentagem de pessoas que adquiriram armas de fogo no último ano 0,12% 0,04% 0,05% 0,03% Valor médio gasto em armas de fogo no último ano R$334,94 R$593,61 - - Conclusões

Foi observado através dos dados, que a porcentagem de armas de fogo compradas em 2008, tanto em São Paulo, quanto no Brasil, caiu em relação ao ano de 2002, antes do Estatuto entrar em vigor. Além disso, em 2008 houve um aumento no preço das armas em todo o Brasil, em relação a 2002.

Estes resultados estão de acordo com o esperado, pois o estatuto dificultou a posse do item, então a consequência natural é que a procura por armas de fogo caia, logo o preço delas aumenta, fator que diminui ainda mais o incentivo na compra deste produto.

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pesquisa mostrou que o efeito da lei sobre este mercado foi grande e, como consequência, pode ser um importante passo para a queda de crimes e óbitos relacionados à utilização do item.

Referências

1- Estatuto do Desarmamento. Disponível em:

<http://bd.camara.gov.br/bd/bitstream/handle/bdcamara/764/estatuto_desarmamento_4ed.pdf? sequence=9>. Acesso em: 23 de junho de 2013.

2- Apresentação da POF. Disponível em:

<http://www.sei.ba.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=170&Itemid=7 8>. Acesso em: 23 de junho de 2013.

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