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EXPORTAÇÕES AGRÍCOLAS NÃO-TRADICIONAIS E O CUSTO DOM ÉSTICO DAS D IV ISA S

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Academic year: 2021

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EX PO R TA Ç Õ ES A G R ÍC O LA S N Ã O -TR A D IC IO N A IS E O CUSTO D O M ÉSTICO D AS D IV ISA S

Jo sé R oberto M endonça de B arro s (*) Um dos papéis da agricultura no processo de desenvolvi­ mento econômico, como bem discutem Johnston e Mellor é o de elevar as exportações. No entanto, a viabilidade de se exportar produtos agrícolas tem sido levada pouco a sério na literatura brasileira. A idéia básica deste trabalho é discutir as possibi­ lidades de uma política de exportação de produtos primários

(não-tradicionais) para o Brasil sob o ponto de vista da ele­ vação da Receita Cambial. Tentamos, aqui, estimar o custo em recursos domésticos derivado de exportações adicionais de

alguns produtos. Nossa análise levou-nos a resultados bastante satisfatórios nesse sentido, pois em todos os casos as taxas de câmbio implícitas que se obteve foram inferiores ou próximas a de mercado, o que implica em eficiência alocativa e vantagem

comparativa.

1. D isponibilidade de divisas e a co n tin u id ad e do crescim ento A consideração específica do custo da obtenção de divisa é in d isp en sáv el nos critério s de alocação quando a econom ia se d e p a ra com p ro b lem as no balando de pagam entos. De fato, se novos in v estim en to s u tiliza m (a coeficientes fixos) bens de ca p ita l e in te rm e d iá rio s im portados, pode-se d e m o n stra r que a ta x a de poupança não é o único obstáculo ao crescim ento podendo, d e n tro de certos lim ites, o bservar-se que u m a r e s tri­

ção de im p o rtação re s u lta em ta x a s de au m en to do p ro d u to in ferio res às po ssib ilitad as p ela p oupança local. (1)

Ao c o n trá rio do que observadores m ais apressados p o d e­ ria m p en sar, parece e x istir razões suficientes p a ra se im a­ <*) O autor é Doutor em Economia pela FEA-USP. Este artigo faz parte

de sua Tese de doutoramento “Desenvolvimento da Agricultura e Ex­ portações de Produtos Primários Não-Tradicionais”

(1) Trata-se, é claro, do conhecido modelo de dois hiatos popularizado a partir do trabalho de Mc Kinnon [131.

(2)

g in a r que ta l “h ia to ” ain d a não e ste ja su p erad o no B rasil. A p esar das elev ad as ta x a s de crescim en to das ex p o rtaçõ es observadas nos ú ltim o s anos, a m a n u ten ç ão do crescim ento do p ro d u to a níveis e x tre m a m e n te elevados im plicou u m a alta ainda m ais ac en tu ad a da d em an d a d e riv a d a de im portações, que culm inou, em 1971, com u m co n sid eráv el d eficit n a b a la n ­ ça com ercial. (2)

No fin an c iam e n to da m a io r p a rte deste descoberto con­ co rreu o en d iv id am en to de cu rto prazo.

O elevado crescim ento das im p o rtaçõ es (que c o n tin u ará na m ed id a em que o país se desenvolva) e o alto custo da dívida de cu rto prazo clara m e n te colocam u m a rigidez n as nossas contas com o ex terio r, no sentido de que u m a q u ed a n a ta x a de crescim ento das ex p o rtaçõ es c e rta m e n te im p lica rá rep e rc u s­ sões n eg a tiv as sobre o n ív e l de ativ id ad e.

P o r esta razão, a utilização de crité rio s adequados na a n á­ lise de p ro jeto s ligados ao com ércio com o e x te rio r é, m ais qu e nunca, a tu a l e indispensável.

2. T ax a de câm bio im plícita: C ritério de B ru n o -K ru eg e r

Em term o s gerais, um novo p ro jeto será d esejá v el p a ra a sociedade se o benefício líquido (social) qu e ele a p re se n ta fo r positivo. A fó rm u la (1) abaixo a p re se n ta u m a fo rm a de cál­ culo do benefício social (que é e q u iv ale n te aos crité rio s de p ro d u tiv id a d e m a rg in a l social):

J n m j

(1) Bj = Pj — ! 2 a ^ v + f sj v. | onde

| i = l s = l |

Bj = benefício líquido do p ro jeto , po r u n id a d e de j. i = 1. .n, tipos de insum os não-prim ários.

aij — coeficientes técnicos de p rodução (utilização p o r u n id a d e de produção de j de insum os do se to r i).

Pi = preços sociais dos n tipos de insum os n ã o -p ri­ m ários.

— 8 —

(3)

s = 1. m, tipos de insum os prim ário s.

fsj — coeficientes de u tilização dos s insum os p r i­ m ário s d ireto s p o r u n id ad e de j.

v 8 = preços sociais dos insum os prim ários. Pj — preço social do p ro d u to j.

É claro que o p ro jeto em questão será passível de a p ro v a ­ ção desde que Bj seja m aio r que zero. É tam b ém possível, se ten h o v ário s projetos, ordená-los p o r ordem decrescente de Bj, ap ro v an d o p rim eiro os de m aio r benefício líquido.

E ste m étodo tem , en tre ta n to , a d esv an tag em de ex ig ir “a p rio ri” a m o n tag em de u m m odelo global de program ação, que considere os n tipos de insum os não -p rim ário s e os m tipos de insum os p rim ário s p ^ ra que se conheçam todos seus cus­ tos de o p ortunidade. U m a fo rm a de c o n to rn a r ta l dificuldade é p a r tir os insum os n ão -p rim ário s d ireto s em seus com ponen­

tes de insum os p rim ário s (capital, m ão-de-obra e divisas) e ca lcu lar o benefício a p a r tir da com paração de produção e uso destes “in p u ts ” (3).

O benefício líquido seria agora dado por: m

(2) B ’j = pj — S f8jVs, onde í sj> f Bj

s = 1

As expressões (1) e (2) são gerais. É in te re ssa n te te n ta r u m a nova consideração do critério, de sorte a le v a r em conta a p ro b lem á tic a específica do balanço de pagam entos. Dada

a restrição capacidade limitada de endividamento, é claro que

ao sistem a econôm ico só resta m dois cam inhos: ou p o u p ar dó­ la re s a tra v é s da su b stitu ição de im portações ou e le v a r a r e ­ ceita a tra v é s da prom oção de exportações.

O crité rio cu ja exposição se segue é devido a M ichael B runo [5j e p ro cu ra o custo de o p o rtu n id ad e da divisa p o u p ad a ou g an h a a tra v é s de p ro jeto s altern ativ o s. P a ra tan to , re to m e ­ m os a expressão (2) e considerem os o p rim eiro fa to r como sendo a divisa. A ssim terem os:

do m

(3) B ’j = pj _ irijdo — 2 f8j v „ ou

0 s = 2

(4)

— 10 — m

(4) B'j = (uj — rrij) d0 — ^ í,,vs,

s = 2

onde Uj = v alo r u n itá rio do bem j em d ólares (4)

rrij ~ v alo r u n itá rio , em dólares, dos insum os d ireto s e indirolos im portados.

d„ = custo social da divisa.

O c ritério de B runo relaciona os custos líquidos (sociais) dom ésticos envolvidos (5) com as divisas líq u id as obtidas ou poupadas. Assim , a relaçáo pode ser in te rp re ta d a como o custo em recursos dom ésticos p a ra a obtenção de divisas, no setor j, ou ainda, o custo de o p o rtu n id ad e da divisa obtida com j.

(d j). T al relação é a seguinte: m 2 U v, s = 2 (5) dj = ---u .rm j

C om parando (4) e (5) fica fácil v er que B ’j

(6) l--- = d0- d j

Uj — m j

desde que u, — n r > O terem os: B ’j > O desde que d 0 > dj

B ’j = O desde que d 0 = dj B ’j < O desde que d 0 < dj

Em o u tras p alav ras, desde que o custo dom éstico das d i­ visas seja m enor que o seu custo de o p o rtu n id ad e p a ra o sistem a, o p ro jeto será desejável, O btém -se u m sistem a que facu lta escolher ativ id ad es que, sem p reju ízo da eficiência alo- cativa, p e rm ite m re la x a r o lim ite im posto pela re striç ã o de b a ­ lanço de pagam entos.

(4) Este valor será FOB para projetos de exportação e CIF no caso de substituição de importações.

(5) Os custos serão líquidos na medida em que deva ser descontado todo benefício paralelo do projeto, como por exemplo, redução de desem­ prego, etc.

(*) Por outro la :’o. raiando tal dccompcsição não é factível o procedi­ mento usual (embora não o mais correto) é tomar o preço de Mer­ cado dos insumos ,sem impostos como indicador do custo de oportuni­

(5)

A im p o rtân cia de ta l crité rio parece-nos sem d ú v id a ele­ vada, a p a r tir das seg u in tes considerações:

a . no m ais das vezes, as restriçõ es de setor ex tern o têm levado as agências que analisam p ro jeto s a o p erar com u m c rité rio sim ples de “econom ia b ru ta de d iv isas”, sem q u aisq u er considerações alocativas.

É fácil p erce b er que em m uitos casos isto im plica custos sociais crescentes p a ra o sistem a econôm ico (6) e a em ergência, a m édio prazo, de um lim ite m u ito m ais sério à capacidade de crescer trad u z id a n u m a p e rd a de p ro d u tiv id ad e.

b . como é claro, a p a r tir de (6), a estim a tiv a de dj p e r ­ m ite selecionar p ro jeto s que atu em sobre a posição no balanço de pagam entos ao m esm o tem po em que se

considera a p ro b lem ática alocativa.

c. o cálculo de dj, a p a r tir apenas da consideração de insum os básicos, torna-se re la tiv a m e n te fácil u m a vez que não é im possível ap ro x im ar-se valores p a ra os custos de o p o rtu n id ad e de capital, m ão-de-obra (q u a­ lificada ou não) e divisas.

V erificando as im plicações alocativas de ta l crité rio é in te re ssa n te d iscu tir quais suas relações com a e s tru tu ra de van- tag çn s co m p arativ as do país.

3. Taxas de câmbio im plícitas e vantagens comparativas

A ap resen tação da seção a n te rio r deixou claro que a ta x a de câm bio estim ad a re fle te o custo dom éstico de g e ra r divisas,

dada a estruturação das atividades produtoras finais e inter­ mediárias; além disso, u m resu ltad o fav o ráv el no critério de

B ru n o im plica n a ex istên cia de um benefício líquido social positivo. R esta, e n tre ta n to , d isc u tir u m últim o aspecto: B runo a rg u m e n ta que u m a ordenação de ta x a s de câm bio im plícitas p a ra vários setores (a p a r tir dos m enores custos dom ésticos) re fle tirá clara m e n te a e s tru tu ra de v an tag en s co m p arativ as do país. D esde que isto tam b ém seja v erdade, segue-se que a utilid ad e, já elev ad a do c ritério em discussão, to rn a-se quase preciosa.

11

(6)

O ponto básico da q u estão está associado à incorporação nos custos dom ésticos dos bens e fe tiv a m e n te com prados dos ou­ tro s seto res p ro d u to re s in tern o s. E m b o ra isto se ja b a s ta n te co eren te com a re a lid a d e (7) pode e v e n tu a lm e n te m a sc a ra r a v e rd a d e ira situação do processo em estudo, desde que a e v en ­ tu a l ineficiência e x iste n te nos p ro d u to s in te rm e d iá rio s d isto r­ cerá o re su lta d o final. B asta im a g in a r o caso de u m seto r que com pre apenas u m tipo de p ro d u to in te rm e d iá rio ; se, po r exem plo, a in d ú s tria p ro d u to ra do b em in te rm e d iá rio t i ­ ver, em relação ao sim ila r im portado, u m a in eficiên cia de 1000% d ificilm en te o p ro d u to fin al em q u estão seria “ap ro v a d o ” pelo crité rio de B ru n o (8). Em o u tra s p alav ras, é possível que u m se to r eficiente (e com v an tag e n s co m p arativ a s) seja p en a liz a ­ do p o r fornecedores ineficientes. N este sentido, e in d e p en d e n ­ te de o utros p ro b lem as que serão ap resen ta d o s ad ian te, u m a ordenação de tax as, segundo o crité rio de B runo, não re fle tirá n ecessariam en te a e s tru tu ra de v a n tag e n s c o m p arativ a s do país.

No caso, como se v e rá ad ian te, a a g ric u ltu ra b ra sile ira com pra todos seus equipam entos, à exceção da com binada, da in d ú s tria local; se, p o rv e n tu ra , o seto r p ro d u to r de tra to re s e im plem entos, que é protegido p o r ta rifas, fo r in eficien te em r e ­ lação à o ferta in te rn a c io n a l os custos dom ésticos de p ro d u to s p rim ário s serão onerados p o r u m a distorção fo ra do se to r p ro ­ d u to r em pauta. (9)

A solução desta dificuldade seria san ad a p ela m odificação do crité rio de B runo p a ra u m a ta x a de câm bio im p lícita de p ro ­ teção efetiva, onde os custos dom ésticos são associados apenas aos insum os não com ercializáveis (“n o n -tra d e b le ”), p erm itin d o

qu e o seto r com pre insum os apenas do seto r m ais eficiente, o que le v aria a co n sid erar no d en o m in ad o r da fó rm u la o custo (hipo­ tético) de aquisição de todos os insum os v ia im p o rtação (10). N este caso, o seto r em estudo não seria n u n c a penalizado pela e s tru tu ra de proteção que o obriga a c o m p ra r de setores com custo de produção m ais elevado. O bserva-se, e n tre ta n to , que ta l crité rio não p e rm ite m ais a in te rp re ta ç ã o do custo dom és­ tico de econom izar ou g a n h a r divisas.

12

-(7) E garanta o sentido do custo da economia (ou ganho) líquido de divisas.

(8) Desde que, é claro, a participação do insumo não fosse negligível.

(9) Observe-se, entretanto, que a proteção efetiva a maquinaria agrícola é baixa; de acordo com Bergsman [4] a proteção ao valor adiciona­

(7)

A objeção acim a colocada é, sem dúvida, p ro ced e n te no sentido que deve a lte ra r as posições re la tiv a s de u m a ordenação de seto res segundo ta x as de B runo. E n treta n to , do ponto de v ista de alguns setores, como é o nosso caso, parece-nos que ele pode ser utilizado como indicador de v an tag en s co m p arativ as n u m sentido p a rtic u la r.

C onsiderem os um a dada ta x a de câm bio de eq u ilíb rio (ou de m e rc ad o ); se a estim a tiv a de ta x a de câm bio im p lícita p a ra fav a de soja, p o r exem plo, d en tro do critério de B runo,

re s u lta r em 2/3 da ta x a de eq u ilíb rio ou de m ercado, é certo que (11) ta l seto r re p re se n ta v an tag en s p a ra o país, u m a vez que a correção de ev en tu ais ineficiências n a o ferta de insum os v i­ ria apenas re d u z ir ainda m ais a ta x a estim ad a ( 1 2 ) . Em o u tras

p alav ras, parece-nos que se um seto r não é “ap ro v ad o ” pelo c ri­ tério de B runo, é possível que ainda assim ap resen te v an tag en s co m p arativ as; e n tre ta n to , se “ap ro v ad o ” pelo citado critério , a correção do custo dos fato res com ercializáveis apenas re fo rç a rá sua posição. P o r esta razão parece-nos que, como se v erá ad i­ ante, todos os p ro d u to s agrícolas aq u i considerados, re p re s e n ­

ta m v an ta g e n s p a ra o país no com ércio in tern acio n al.

Cabe ain d a o b serv ar que é necessário re aliz a r as estim a ti­ v as utilizando-se preços sociais p a ra cap ital e m ão-de-obra, de so rte a c o rrig ir ev en tu ais distorções in tro d u zid as po r influências m onopolísticas no m ercado de tra b a lh o ou de capitais. N este sentido, u tilizarem o s os resu ltad o s dos trab alh o s de B acha e de Langoni, [1], [12].

4. As estim ativas de Peter Knight

A única te n ta tiv a de se estim arem ta x as de B runo p a ra o B rasil foi feita por P K n ig h t [10], o q u al te n ta calcu lar os v alores rele v a n te s p a ra as exportações de m ilho, soja, carn e e

arro z e p a ra o trigo, como su b stitu id o r de im portações.

Infelizm ente, a escassez de inform ações levou o a u to r a u tiliz a r um procedim ento, nos pro d u to s de exportação, que v i­ sa sempre a o b te r um v alo r fav o ráv el à produção nacional. O erro básico de sua análise consiste em não d istin g u ir preços locais e in tern acio n ais; n a m edida em que os dois v alo res são iguais, a fó rm u la u tilizad a não possibilita a estim a tiv a do custo

13

(11) Supondo considerados certos cuidados adicionais que serão discutidos adiante.

(8)

— 14 —

em recu rso s dom ésticos p a ra g e ra r divisas. Sua fó rm u la para os p ro d u to s ex p o rtá v eis é:

Como o n u m e ra d o r se rá sem pre m en o r que o d enom inador (em razão de T ), a produção dom éstica será, p o r definição, eficien te (13).

E n tre ta n to , o procedim ento no caso do trig o é correto, pois relacio n a o custo dom éstico de produção corrigido p a ra insum os im portados e im postos com a econom ia líq u id a de divisas. O resu ltad o indica que o trigo nacional cu staria no Rio G ran d e do S ul a p ro x im ad am en te 2,5 vezes a ta x a de câm ­ bio oficial (na hipótese de que o n ív el de su p erv alo rização do câm bio tivesse perm anecido co n stan te e n tre 1967 e h o je). E sta estim a tiv a será u tilizad a em com paração com os resu ltad o s da p ró x im a seção.

5. E stim ativ as

5. 1. Culturas analisadas e fontes dos dados

Selecionam os p a ra análise essen cialm en te os m es­ mos p ro d u to s estudados a n te rio rm e n te , u m a vez que

é in dispensável ter-se um a idéia do custo, em re c u r­ sos dom ésticos, das divisas obtidas com as c u ltu ra s de exportação; assim , estim arem o s ta x a s de câm bio im plícitas p a ra m ilho, soja, am endoim e algodão. No

caso das oleaginosas, os p ro d u to s in d u stria is (óleo e to rta ) serão estudados ap en as no fim , u m a vez que o processo in d u stria l im plica m aio r com plexidade n a análise, do ponto de v ista em pírico. O arro z foi e x ­ (7) r

Pi — — T

Pi —

r = % em relação ao d ó la r oficial que onde: cu sta a divisa, por

pro d u to .

Pi = preço FO B de e x ­ portação.

S M = custo dos insum os j im portados.

T = Im p o sto de C ir­ culação de M er­ cadorias.

(9)

15

cluído do cálculo, dadas as dificuldades de e x p o rta ­ ção, a pouca a tra tiv id a d e da d em an d a e p ro b lem as n a

obtenção dos dados. P o r outro lado, incluím os a m andioca, atra v é s do cálculo das tax as re le v an te s p a ra fa rin h a e raspa, e o trigo n a m edida em que é in te re ssa n te calcu lar o custo rela tiv o do p ro g ram a de ex p o rtação fre n te a um de su b stitu ição de im p o rta ­ ções.

Os dados p a ra análise p ro v ieram de duas fontes: In stitu to de Econom ia A grícola da S ecre ta ria da A g ri­

c u ltu ra do E stado de São P aulo (14) e F ederação das C ooperativas T ritícolas do Rio G rande do S ul (Feco- trig o ). No últim o caso obtêm -se os dados p a ra a cu l­ tu ra do trigo consorciado com soja (pelo m enos em

sua m aio r p a rte ) en q u an to que o IEA fornece os d a ­ dos p a ra o u tras cu ltu ras. É in te re ssa n te n o ta r que é possível p a ra o algodão, m ilho e soja, realiza r esti- tim a tiv as d iferen tes p a ra a produção m ecanizada e

anim al. De u m a form a grosseira tais estim ativ as p erm item v e rific a r o reto rn o social (estático) da u ti­ lização da c u ltu ra m ecanizada e anim al.

Os dados utilizados referem -se à ú ltim a safra, ou seja 71/72 p a ra o E stado de São P aulo e 71 p a ra o Rio G ran d e do Sul.

Deve ser observado que os resu ltad o s obtidos, ainda que som ente válidos p a ra São P aulo, devem re p re s e n ta r ad eq u ad am en te a situação g eral no C en­ tro Sul, desde que ta n to a tecnologia q u an to o custo dos vários fato res não devem d ife rir sig n ificativ a­ m en te e n tre os diversos centros produtores, especial­ m en te M inas, P a ra n á e o próprio Rio G rande do Sul. A fó rm u la de cálculo u tilizad a é a seguinte:

ti

[ S P i q i ] a

i = l

(1) r =

---P — M

onde: r = ta x a de câm bio im p lícita n a ex p o rtação ou su b stitu ição de im portações.

(10)

i = 1. n, insum os dom ésticos n a p ro ­ dução.

Pi = preço dos insum os (custo de o p o rtu n i­ dade) .

= q u an tid ad e dos insum os utilizados na produção.

a = coeficiente de correção p a ra com ercia­ lização.

P = preço in tern acio n al do pro d u to em dó­ lares (FOB n a exportação e C iF na substituição de im portação).

M = custo em dólares dos insum os im por­ tados.

Como já foi discutido, a fó rm u la (1) indica o cus­ to em recursos dom ésticos na geração de um dólar adicional, por exportação, ou p o r econom ia via su b sti­ tuição de im portação. P o r com paração da ta x a en co n trad a com a ta x a de equilíbrio (r*) é possível te r um a idéia da eficiência (estática) n a alocação, pois sem pre que tiverm os r < r * o dispêndio em r e ­ cursos dom ésticos necessários p a ra g e ra r u m a u n i­ dade adicional de divisa é m enor que os benefícios

que a econom ia obtém deste dólar adicional. A lém disso, podem -se e x tra ir boas inform ações sobre u m a política ótim a de subsídio à exportação, pelo m enos atra v és da diferença en tre r* e r (1S).

5. 2. Cálculo das taxas de Bruno-Krueger para algodão amendoim, mandioca, m ilho e soja

5. 2. 1. Introdução

Os quadros 1 e 2 ap resen ta m as inform ações b ási­ cas u tilizad as nos cálculos re fere n te s às p ro d u tiv i- dades e preços de fato res de produção. C onform e já foi salientado, os coeficientes técnicos e as ca ra c­

te rístic as dos equipam entos utilizados fo ram obtidps a tra v é s do In stitu to de Econom ia A grícola. Todos os custos são tran sfo rm ad o s de alq u eires p a ra to ­ n elad a de produção.

_ 16

(11)

17

QUADRO 1

PRODUTIVIDADE BÁSICA D A S CULTURAS A N A LISA D A S

(S a fra 71/72, t/a lq u e ire )

A lgodão (tração anim al-T A ) 3,30

A lgodão (m ecanizado/ anim al-M A) 3,45

A m endoim (tração anim al-T A ) 6,25

M andioca (tração anim al-T A ) 70,00

M ilho (tração anim al-T A ) 6,00

M ilho (tração m ecânica-T M ) 7,20

Soja (tração anim al-T A ) 3,00

Soja (tra ção m ecânica-T M ) 3,60

FON TE: In stitu to de Econom ia A grícola — IEA QUADRO 2

PREÇOS UTILIZADOS POR FATOR

T e rra de l .a T e rra de 2.a C usto do d ia rista C loreto de Potássio S u lfato de Am ônio

S uperfosfato sim ples C alcário BHC in seticid as S em entes: algodão am endoim m ilho soja trigo 500.00 385.00 7,50 38.00 33.00 35.00 30.00 300.00 1,92 19.00 42,60 48.00 50.00 51,70 C r$ /H a C r$ /H a C r$ /D ia U S $ /t

us$/t

us$/t

C r$ /t C r$ /t C r$/K g. Cr$/30 Kg. C r$/20 Kg. C r$/50 Kg. Cr$/50 Kg. Cr$/50 Kg. P ontes: IE A e C PA 5. 2. 2. Ganho de divisas

(12)

-riações de cu rto prazo. P o r outro lado, fizem os u m a sim plificação no côm puto do custo de insum os, no sentido de se jo g a r co n tra a im portação a to ­ talid a d e do custo dos adubos, o que su p ere stim a a im p o rtân cia dos fertiliza n te s (16); supusem os, e n tre ­ tan to , que ta l viés com pense a não consideração de

alguns iten s im portados, como a fração de com bus­ tíveis não prod u zid a no país, certos inseticidas e

algum as peças de tra to re s e im plem entos. Crem os que ta l hipótese facilita as estim ativas, sem en ­ tre ta n to , com prom etê-las.

Pode-se v e rifica r que, à exceção do m ilho e do soja quando m ecanizado, o ganho líquido de divisas é quase o próprio preço FOB. No caso do m ilho, o m enor ganho decorre de razoáveis ex ig ên ­ cias de adubação fre n te a um preço b a sta n te m enor por to n e lad a (re la tiv am e n te ao algodão, p o r ex em ­

plo). J á no soja, o item m ais im p o rta n te decorre da utilização das colhedeiras m ecânicas im portadas, o que im plica um gasto aproxim ado de 7 dólares po r to n elad a exportada. E n treta n to , à exceção do trigo (que se v e rá a d ia n te ), o uso de insum os im ­ po rtad o s é re la tiv a m e n te m odesto.

5. 2. 3. Custo da terra e mão-de-obra

O custo da te rr a foi aproxim ado de duas form as: de um lado, na suposição de liv re concorrência n a fix a­ ção de seu preço, os dados de m ercado re fle tiria m

sua escassez rela tiv a. Na realidade, ta l hipótese tem a im plicação da ex istên cia de p e rfeita inform ação e m obilidade do lado da dem anda, no sentido de que q u a lq u e r a g ric u lto r ta n to p o d eria a rre n d a r um alq u eire de te rr a em R ibeirão P re to ou Rio P reto, o que certam e n te, não é de todo correto. É claro que em cada região certas p a rtic u la rid a d e s existem ;

en tre ta n to , os dados coletados pelo IEA p a ra as v á­ rias regiões do E stado não p arecem a p re s e n ta r um a v ariâ n cia m u ito grande, especialm ente se se fizer o desconto devido à variação m édia na q u alid ad e e conform ação do solo. N este sentido, as inform ações parecem ser u m a boa aproxim ação.

18

(13)

QUADRO 3

19

ECONOMIA DE DIVISAS, POR PRODUTO E TÉCNICA, POR TONELADA DE PRODUÇÃO

P (US$) (FO B) Insum os Im p o r­ tados U S$ (P-M ) (P-M ) P

A lgodão (anim al) 480,00 9,90 470,10 .98

A lgodão (mec.) 480,00 9,90 470,10 .98

A m endoim (anim al) 230,00 7,29 222,71 .97

M andioca (fa rin h a ) 45,00 0,623 44,38 .99

M andioca (raspa) 57,50 0,623 56,88 .99

M ilho (mec.) 50,00 6,39 43,61 .87

M ilho (an im al) 50,00 7,25 42,75 .85

S oja (an im al) 94,00 5,85 88,15 .94

Soja (mec.) 94,00 15,81 78,19 .83

FO N TE: IE A e CACEX

A o u tra aproxim ação u tilizad a foi im p u ta r ao v a ­ lo r do ativo te rr a a m esm a rem u n eração con sid era­ da p a ra o capital, ou seja, 11% ao ano. É in te re s­ sa n te o b serv ar que as duas aproxim ações conduzem a resu ltad o s num éricos b a sta n te p r ó x im o s (l7). F ix ad o o preço da utilização da te rra , consideram os que m ilho, m andioca e am endoim utilizam , essen­

cialm ente, de te rra s de 2.a en q u an to que algodão e e soja exigem te rra s de l .a qualidade.

Com referên cia ao custo de o p o rtu n id ad e da m ão- -de-obra consideram os (da m esm a fo rm a que B acha [1]) que o salário do d ia rista no cam po re fle te a d eq u ad a m en te sua p ro d u tiv id a d e m arg in al. A hipótese im p lícita em ta l procedim ento é que, n a ausência de encargos tra b a lh ista s e outros de ordem in stitu cio n al, o fazendeiro só c o n tra ta ria um tra b a ­ lhador, na m argem , se a produção adicional p o r ele g erad a pelo m enos igualasse seu custo, m edido pelo salário. N estas condições o v alo r do trab a lh o , po r dia, p a ra a sa fra 71/72 será da ordem de Cr$ 7,50. (17) Segundo informações recebidas, as estatísticas provêm de diferen­

(14)

Os dois custos, te rr a e m ão-de-obra, aju stad o s por toneladas de produção p a ra as diversas c u ltu ra s estão colocados no q u ad ro abaixo.

QUADRO 4

CUSTO DA TERRA E MÃO-DE-OBRA, POR TONELADA DE PRODUÇÃO

20

C u ltu ra s Custo da T e rra Custo da

m ão-de-ob Cr$ Cr$ A lgodão (TA) 151,51 223,86 A lgodão (MA) 133,33 154,00 A m endoim (TA) 61,60 78,00 M andioca (TA) 5,50 17,25 M ilho (TA) 64,17 86,87 M ilho (TM ) 53,47 45,31 S oja (TA) 166,67 180,00 Soja (TM) 138,89 55,67

5. 2. 4. Custo dos insumos interm ediários domésticos

Os preços de m ercado fo ram tom ados como in d i­ cadores do custo de oportunidade, n a base de duas considerações: in ex istên cia de im postos in d ireto s e presença do governo no m ercado. De acordo com H a rb e rg e r [9] p a ra insum os in te rm e d iá rio s p ro v a ­ v elm en te a m aior fração da d iferen ça e n tre custos privados e sociais é devida aos im postos; n este ca­ so, a sua in ex istên cia já faz com que h a ja discrepân- cias m enores. M ais ainda, a presença do governo,

especialm ente n a produção de sem entes, deve elim i­ n a r desvios p ro v en ien tes do ap ro v eitam en to de po­ sições m onopolísticas n a o ferta destes fatores. A conjugação destes dois fato s deve a u to riz a r a u tiliza ­ ção de preços de m ercado. O q u ad ro 5 resu m e os resu ltad o s obtidos.

5 .2 .5 . O custo do capital

(15)
(16)

Langoni, especialm ente se considerarm os que aqui se tr a ta do setor agrícola, onde n a tu ra lm e n te se es­

p e ra u m re to rn o an u a l in fe rio r ao seto r in d u stria l O q u ad ro 6, resum e po r c u ltu ra e técnica,, o custo do

cap ita l p a ra u m a to n elad a de produção.

5. 2. 6. Estim ativas da taxa de câmbio im plícita

Os custos dom ésticos podem agora ser agregados. Som am os à rem u n eração da te rra , trab alh o , insum os in te rm ed iá rio s dom ésticos e capital, os custos de d eb u lh a e secagem . E sta som a fornece o custo

em recursos dom ésticos de u m a to n elad a de p ro d u ­ ção ao n ív el da. fazenda, fazendo-se necessárias cor­ reções p a ra o beneficiam ento e com ercialização. Da m esm a form a P e te r K n ig h t supôs que os custos de com ercialização até o p o rto corresponderiam , gros­ so modo, a 20% do custo de produção (18); p o r outro lado, as conversões u tilizad as p a ra o algodão em ram a, fav a de am endoim e rasp a de m andioca fo­ ram , resp ectiv am en te, 0.33, 0.625 e 0.33. O re su l­ tado fin al é ap resen tad o no qu ad ro 7.

QUADRO 6 i

CUSTO DO CAPITAL PO R TO NELA DA PRODUZIDA (C r$)

C u ltu ra C usto de K (to n elad a de produção

(C usto de p /alq u eire p /a lq u e ire ) K /to n .)

A lgodão (mec) 560,34 3,75 149,42 A lgodão (An) 104,17 3,30 31,57 A m endoim 64,86 6,25 10,38 M andioca 49,37 70,00 0,71 M ilho (Mec) 470,29 7,20 65,32 M ilho (An) 42,28 6,00 7,05 S oja (Mec) 342,38 3,60 95,10 S oja (An) 59,34 3,00 19,78

(18) Deve ser observado que a hipótese sobre este valor é crítica para os resultados. Levantamento junto a Companhia e Promoção de Ex­ portação do Estado de São Paulo (COPEME) indica que 20% para movimentação aproxima perfeitamente o caso do milho, de farelos e tortas, superestima o soja e subestima levemente a raspa da mandioca e o algodão. Não há, entretanto, nenhum erro mais sério

(17)
(18)

F in a lm e n te o custo dom éstico pode se r rela cio n a­ do ao ganho líquido de divisas, gerando a ta x a de câm bio im plícita, por p ro d u to e técnica (Q uadro 8).

QUADRO 8

24

TAXA DE CAMBIO IMPLÍCITA

Cr$ C u ltu ra Custos Custos n =

---dos dos US$

insum os insum os nacio­ im p o r­ nais tados Cr$ US$ A lgodão Mec. 2.041,56 470,10 4,34 A lgodão A nim . 1.929,53 470,10 4,10 A m endoim (A nim .) 535,64 222,71 2,41

M andioca (fa rin h a ) 153,39 (*) 44,38 3,46

M ilho Mec. 231,52 43,61 5,31

M ilho A nim . 225,50 42,75 5,27

S o ja Mec. 452,00 78,19 5,78

S oja A nim . 550,32 88,15 6,24

M andioca rasp a 123,46 ( ?* * ) 56,88 2,17

(* ) M ais 64% po r conta da tran sfo rm ação (**) M ais 32% p o r conta da tran sfo rm ação

Os resu ltad o s obtidos são b a sta n te positivos: em p rim eiro lugar, todos os produtos, à exceção do soja m ecanizado, g eram ta x as im plícitas in ferio res às de m ercado. Se considerarm os que a ta x a do d ó la r é su p e rv a lo rizad a em alg u m a coisa p arecid a com 20%

(19)

m u ltân eo de alg u n s objetivos: elevação do p ro d u to agrícola (19), eficiente alocação de recursos no setor e m elh o ria d a capacidade de im p o rta r do país, tudo concorrendo p a ra a u x ilia r a obtenção de boas ta x a s de desenvolvim ento econôm ico (20). U m a p o lítica agressiva de su sten tação destas co rren te s de e x p o r­ tação parece, p o rtan to , desejável, v iáv el e social­ m en te ren táv el.

5. 3. Taxa de câmbio im plícita para o trigo gaúcho

À guisa de com paração, estim am os p a ra o único pro d u to agrícola im p o rta n te em, processo de su b sti­ tuição de im portações, a ta x a de câm bio im plícita. A idéia é co m p arar a eficiência re la tiv a dos proces­

sos de e x p o rta r ou su b stitu ir com pras no ex terio r, no seto r prim ário.

O processo de cálculo e as hipóteses im plícitas são as m esm as já discutidas n a seção a n te rio r p a ra o caso do Estado de São Paulo. Os dados básicos

fo ram ex tra íd o s do estudo da F ecotrigo [8] p a ra a safra de 1971 e estão apresen tad o s nos quad ro s 9 elO.

QUADRO 9

CUSTO DOS INSUMOS DOMÉSTICOS POR TONELADA DE PRODUÇÃO DE TRIGO

25

Insum os Custo (71) Custo (72)*

Cr$ Cr$ T e rra 36,42 43,70 M ão-de-obra 8,33 10,00 S em en tes 62,30 74,76 D efensivos 26,67 32,00 C ap ital 107,54 T o tal 268,00

Obsi: (*) C orreção de 20% nos preços

(19) Na ausência, é claro, de rigidez na oferta de fatores, o que parece bastante razoável.

(20)

a

"

26

QUADRO 10

CÁLCULO DA TAXA DE CÂMBIO IMPLÍCITA POR TONELADA DE PRODUÇÃO DE TRIGO

. C usto m èJio C IF de im portação 68,Jü US$ . Insum os im p o rtad o s (au to m o triz e

adubos)* 42,42 US$

c Econom ia de divisas 25,58 US$

d . C usto em recursos dom ésticos 268,00 Cr$ e. C orreção p a ra com ercialização (20% ) 321,60 Cr$

f. T axa de câm bio im p lícita 12,60 C r$/U S $ Como se pode v erificar, os resu ltad o s indicam u m a ta x a de câm bio da ordem de 12 cruzeiros por dólar, o que é ap ro x im a d am en te duas vezes a ta x a oficial; vale re le m b ra r q u e este resu ltad o é m ais fa ­ v o ráv el que o de P e te r K n ig h t que estim av a a tax a p a ra o trigo como sendo d u as e m eia vezes o câm bio oficial (21). Isto re p re se n ta u m a m e lh o ra na posi­ ção da produção nacional de trigo que nos parece e s ta r associada a dois fatores: m elh o ria da p ro d u ­ tiv id ad e (que já u ltra p a ssa 1 to n elad a p o r h ec tare) e a expansão da utilização do consorciam ento com o soja. E ste fato tem u m a in eg áv el rep ercu ssão favo­ rável, pois p erm ite, n u m a ativ id ad e a lta m e n te m e­ canizada, u m a redução nos custos de ca p ita l e da te r­ ra, trad u z id o n u m m aior n ú m ero de dias de tra b a ­

lho no ano.

P o r o u tro lado, em com paração com a atividade ex p o rtad o ra , o processo de produção de trig o é in e­ g av elm en te m ais custoso, n u m a proporção que vai de 2 a 4 vezes, dependendo da cu ltu ra . P o rta n to , do ponto de v ista exclusivo da re ce ita cam bial, a m a io r ênfase da política tritíc o la re la tiv a m e n te à

de ex p o rtação gera u m a situação que é p io r do pon­ to de v ista alocativo.

(21)

E n tre ta n to , não se pode esquecer que é p e rfe ita ­ m en te possível v ir a se re p e tir no trig o u m esq u e­

m a do tipo “in d ú stria in fa n te ” desde que, n u m h o ri­ zonte razoável, a ten d ên cia de m elh o ra de posição g era um a ta x a de câm bio im p lícita in fe rio r à de equilíbrio. T al resu lta d o d ep en d erá fu n d a m e n ta l­ m en te do sucesso de um ativo p ro g ra m a de pesquisa e extensão que ora se te n ta im p lem e n tar (22).

5. 4. Taxas im plícitas para tortas e óleos

P a ra com plem entação de nossas análises é neces­ sário e s tu d a r agora os pro d u to s in d u stria is derivados das sem entes oleaginosas. As boas p ersp ectiv as da d em an d a e capacidade de produção p a ra to rta , espe­ cialm ente de soja, dão a esta análise especial in ­

teresse.

Os dados básicos sobre a p la n ta in d u stria l foram retirad o s de um recen te estudo de p ré-p ro jeto s in ­ d u striais, realizado pela Com issão In te re sta d u a l da Bacia P aran á-U ru g u a i, sob encom enda das C entrais E létricas de São P aulo [7], e os resu ltad o s obtidos es­ tão apresen tad o s no quadro 11. A m etodologia se­ guida foi a igual à an terio r, ressalvando-se apenas duas m odificações: ao custo de insum os im portados necessários à produção de m atéria-p rim a, som ou-se o eq u iv alen te em dólares de 10% do custo do capital. E sta correção deve-se ao fato de que, em bora a p ro ­ dução de equipam entos seja to ta lm e n te nacional, existem insum os in d ireto s que são im portados; e n ­ tre ta n to , o le v an ta m en to exaustivo destes com ponen­ tes foi im possível, o que d eterm in o u a im putação de u m a certa percentagem . C ontatos feitos com enge­ n h eiro s in d u striais parecem in d icar que os 10% p ro ­ postos dão, folgadam ente, um lim ite superior. P o r ou­ tro lado, foi im possível tra b a lh a r-se com um a ta x a de salário única, na m edida em que o processo in d u stria l

27

(32) HA ainda que considerar a redução de risco derivada do aumento da produção local na oferta global. De fato, sendo o trigo um produto de consumo com hábitos muito arraigados, é difícil reduzir as im­ portações, dados os problemas no mercado mundial. As recentes

(22)
(23)

em questão exige m ão-de-obra qualificada, cu ja dis­ p o nibilidade re la tiv a é, obviam ente, d ife re n te da ex iste n te p a ra o pessoal não* qualificado. N a au sê n ­

cia de q u a lq u e r e stim a tiv a concreta, adotou-se a sugestão de Scitovsky [14] de su p o r o custo de o p o rtu n id ad e da m ão-de-obra q u alificad a ser o do­ bro da desqualificada. O bserva-se que a p eq u en a particip ação do trab a lh o no custo to ta l faz com que., q u a lq u e r que seja a m arg em de erro aq u i envolvida

pouco se distorça o resu ltad o final.

Os resu ltad o s obtidos seguem , a m esm a lin h a dos an terio res: as ta x as de câm bio obtidas são b a sta n te na m edida em que se colocam m uito p róxim as do que seria a ta x a de cam bio de equilíbrio (20% aci­ m a do m ercado). (23)

O m enor custo do am endoim deve-se, essencial­ m ente, a seu m aior ren d im en to em óleo, o que b a ra ­ teia o custo da m atéria-p rim a. De fato, p a ra se o b ter um a to n elad a de óleo de am endoim é necessário in ­ d u strializar-se 2,75 toneladas de fava,,, en q u an to que p a ra o soja esta relação é de 5,86. A cresce a isto que os custos de im portação são m enores p a ra o am en ­ doim, assim como o próprio custo em recursos do­ m ésticos é m enor n a obtenção das favas.

Q uando se considera o soja obtido por processos m ecanizados, a ta x a rele v a n te eleva-se um pouco, como d ecorrência dos m aiores custos dom ésticos n e s­

te processo.

Em resum o, os derivados do am endoim a p resen ta m um a situação de clara vantagem , en q u an to que o soja parece e sta r bem próxim o ao lim ite factív el da prom oção, nos term os sugeridos por B acha [1].

5. 5. Conclusões

A análise a n te rio r p ro cu ro u le v a n ta r os custos do­ m ésticos envolvidos na obtenção de divisas, a p a r tir dos p ro d u to s estudados. Vim os que, p a ra a quase

29

(23) O critério de rateio dos custos entre torta e óleo foi sua participa­ ção relativa na exportação quando se obtém uma tonelada de óleo

(24)

to ta lid a d e dos casos, a expansão das ven d as ao e x ­ te rio r a p rese n ta pelo m enos dois efeitos positivos: eleva-se a re c e ita cam bial, ao lado de u m a co rre ta alocação de recursos. O trigo, e n tre ta n to , está cla­ ra m e n te n u m a situação desfavorável, en q u a n to que o soja e seus derivados en co n tram -se n u m a posição lim ite. E n tre ta n to , cabe le m b ra r que esta c u ltu ra ain d a é nova no país, de so rte que os ganhos possí­ veis n a p ro d u tiv id a d e podem ser ain d a substanciais, en q u a n to que sua posição pode ser su p erestim ad a em v irtu d e da proteção aos fa b ric a n te s nacionais dos equ ip am en to s que são la rg a m e n te utilizados.

BIBLIOGRAFIA

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(15) Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo: Agricultura de São Paulo, vários números.

Referências

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