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DESEMPENHO DA PAVIMENTAÇÃO INTERTRAVADA: ANÁLISE DA EXECUÇÃO DA BASE E SUB-BASE COM AGREGADO RECICLADO

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DESEMPENHO DA PAVIMENTAÇÃO INTERTRAVADA: ANÁLISE DA

EXECUÇÃO DA BASE E SUB-BASE COM AGREGADO RECICLADO

ADRIANA D. SÁ1*, SÉRGIO R. PEREIRA1, CARLINDO A. NETO1, SELHO T. SILVA1

1: Universidade Potiguar (UnP)

Av. Nascimento de Castro, 1597 – Dix-Sept Rosado, Natal - RN, 59054-180

adrianadominique@gmail.com*, professorsergio@hotmail.com.br, carlindo.bezerra@unp.br, selho.torquato@unp.br, www.unp.br

Palavras-chave: Agregado Reciclado, Reciclagem, RDC, Pavimentação, Normativas

Resumo O agregado reciclado gerado através da reciclagem dos Resíduos da Construção e

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1. INTRODUÇÃO

A eliminação dos Resíduos da Construção e Demolição (RCD) no meio ambiente é uma precária forma de destino final e, tal atitude, vem ocorrendo de forma frequente e disseminada nas cidades brasileiras. Quando procura-se reverter esse quadro algumas ações benéficas surgem: o meio ambiente deixa de receber entulhos; as reservas naturais são preservadas; milhares de empregos são criados dentro das grandes empresas que trabalham na reciclagem; a economia se fortalece com o giro comercial do produto reciclado; os produtos da construção civil tendem a baratear, aquecendo a economia.

A Reciclagem no Brasil ainda é lenta, embora já existam grandes usinas espalhadas pelo território brasileiro. Pereira [1] traz estudos realizados no Nordeste, mais precisamente no Estado do Rio Grande do Norte. Lá encontram-se duas empresas que trabalham com a reciclagem de resíduos da construção civil. A pioneira é a usina ECOBRIT, que se encontra no município de São Gonçalo/RN. Essa companhia já é capaz de processar 80 toneladas de RCD por hora. A outra empresa, Duarte Usina de Reciclagem, segue alinhada no mesmo caminho. Para complementar, tem ainda a Companhia de Serviços Urbanos de Natal (URBANA). Trata-se de um órgão público responsável pela coleta regular do lixo domiciliar no município, porém, a mesma só recolhe materiais. Pereira [1] traz um esquema emblemático (Figura 1) que traduz as etapas seguidas por tais empresas dentro do Estado, facilitando a compreensão do leitor.

Figura 1. Esquema referente a destinação do RCD gerado no município de Natal. Fonte: Pereira [1] Já na região Sudeste, o Sindicato da Indústria da Construção Civil (SINDUSCON) de São Paulo, trabalha no levantamento de dados através de pesquisas direcionados ao RCD, a fim de ressaltar suas classificações, traçando indicativos das fontes geradoras, abrangendo todo o tipo de entulho, seja ele advindo da construção, reforma, demolição ou desastres naturais. Intercalando os olhares para os diversos tipos de construção industrial, residencial, comercial, entre outras. Em suas análises do mercado brasileiro, o órgão lançou o resultado exporto na Figura 2.

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trabalham com a reciclagem desse tipo de material.

O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) [3] na Resolução de número 703 estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil, disciplinando as ações necessárias de forma a minimizar os impactos ambientais. Diante dessas novas implicações, as empresas da construção civil precisaram se adaptar e, com isso, algumas empresas se lançaram como pioneiras na produção de agregados advindos dessas reciclagens. Todavia, havia ainda necessidade de normatizar estes produtos. Dessa forma, em 2004, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) aprovou algumas normatizações que vieram delimitar as produções e uso do RCD: NBR 15.112, NBR 15.113, NBR 15.113, NBR 15.114, NBR 15.115, NBR 15.116, as quais regulamentam toda a produção e aplicação do agregado reciclado na área da construção e pavimentação.

O estudo desenvolvido é correspondente a uma metodologia voltada ao estudo bibliográfico, aplicado sobre grandiosas obras literárias que abrangem a pavimentação intertravada e o RCD até sua produção em agregado. Todo esse estudo tem o propósito de consolidar a compreensão da aplicação do agregado reciclado na pavimentação em estudo. Por consequência, para justificar este trabalho sobre o uso do agregado nas camadas de base e sub-base, atentou-se para fatos relevantes já inseridos em pesquisas.

O projeto Entulho Bom, o qual desenvolveu um livro na área da reciclagem do RCD, levanta enfoques sobre o agregado reciclado no assentamento da pavimentação, são detalhadas análises realizadas com amostras do agregado reciclado, as quais foram favoráveis e comprovam a eficiência do produto. Em uma nova oportunidade, os autores desse estudo têm a premissa de desenvolver novas análises para dar continuidade a essa pesquisa, no intuito de complementar as possíveis lacunas. Todo este aparato intelectual ofereceu um panorama amplo sobre a utilização do agregado reciclado no assentamento da pavimentação intertravada, como também, os benefícios sociais e ecológicos que essa cultura da reciclagem pode trazer para o local de estudo e para o mundo.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

A área da construção civil libera uma parcela considerada do volume total dos resíduos sólidos urbanos produzidos nas grandes cidades. Segundo Buttler, Correa e Ramalho [4], apontaram que “a geração de resíduos de construção e demolição (RCD), segundo estatísticas de onze municípios brasileiros, representa cerca de 60% do volume total de resíduos sólidos produzidos”.

2.1. Normatizações do agregado reciclado na área da construção civil e pavimentação

Com o desenvolvimento do comércio voltado para a utilização dos agregados recicláveis na execução da pavimentação intertravada, coube aos órgãos competentes adotarem medidas para assegurar a preservação do meio ambiente, como também, a destinação, armazenamento, produção e qualidade de produção do agregado proveniente do RCD.

No que se refere a proteção do meio ambiente, Schneider [5], cita alguns órgãos que defendem essa bandeira:

 SISNAMA – Sistema Nacional do Meio Ambiente, estabelecido pela lei nº 6.938 de 31 de agosto de 1981;

 Órgão superior – Conselho de Governo;

 Órgão consultivo e deliberativo – Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA);  Órgão Central – Ministério do Meio Ambiente (MMA);

 Órgão Executivo – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA).

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Segundo dados da Revista Concreto [6], “o Brasil é um dos países pioneiros na elaboração de Normas para utilização de agregados reciclados em pavimentos e concreto simples”. Complementa, na reportagem, que as primeiras Normas brasileiras publicadas pelo CB-18 da ABNT, disciplina e orienta o consumo sustentável da construção civil e demonstra a atualidade e comprometimento da tecnologia nacional com o meio ambiente. As principais Normas vigentes no Brasil para regulamentar os resíduos de construção e demolição vieram a ser publicadas em 2004. Algumas delas estão relacionadas com o nosso estudo, por exemplo:

 NBR 15112/04 - Resíduos de construção civil e resíduos volumosos Áreas de transbordo e triagem - diretrizes para projeto, implantação e operação.

 NBR 15113/04 - Resíduos sólidos da construção civil e resíduos inertes Aterros; Diretrizes para projeto, implantação e operação.

 NBR 15114/04 - Resíduos sólidos da construção civil; Áreas de reciclagem; Aterros; Diretrizes para projeto, implantação e operação.

 NBR 15115/04 - Agregados reciclados e resíduos sólidos da construção civil; Execução de camadas de pavimentação – Procedimentos.

 NBR 15116/04 - Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil; Utilização em pavimentação e preparo de concreto sem função estrutural – Requisitos.

Frente a todas essas regulamentações, o construtor passa a ficar mais confiante no momento em que opta em fazer o uso do agregado reciclado. Pode-se destacar que a NBR 15115 [7] abrange a execução de camadas de pavimentação e procedimento, nos dando subsídios sólidos acerca da execução da pavimentação intertravada. Esta Norma tem o objetivo de estabelecer os critérios para execução de camadas de reforço do subleito, sub-base e base de pavimentos, bem como camada de revestimento primário, com agregado reciclado de resíduo sólido da construção civil, denominado “agregado reciclado”, em obras de pavimentação. NBR 15115 [7]

Os requisitos específicos sobre os agregados expostos na Norma 15116 [8], determinam sua classificação quanto ao tipo de emprego na execução de camadas de pavimentos, segundo parâmetros de capacidade de suporte e expansibilidade, conforme Tabela 1.

Tabela 1. Para agregado reciclado destinado a pavimentação. Fonte: ABNT NBR 15116 [8]

Aplicação ISC (CBR)

%

Expansibilidade % Energia de

compactação Material para execução de

reforço de subleito

≥ 12 ≤ 1,0 Normal

Material para execução de revestimento primário e sub-base

≥ 20 ≤ 1,0 Intermediária

Material para execução de base de pavimento

≥ 60 ≤ 0,5 Intermediária ou

modificada Permitido o uso como material de base somente para vias de tráfego com N ≤ 106

repetições do eixo padrão de 8,2tf (80KN) no período de projeto.

Os materiais que não atenderem aos requisitos da Tabela 1 podem ser estabilizados granulometricamente ou pela adição de cimento Portland ou cal hidratada, conforme ABNT NBR 15115 [7].

2.2. Estrutura da pavimentação intertravada

A pavimentação intertravada é considerada flexível, pois todas as camadas sofrem deformações elásticas significativas sob o carregamento aplicado e, portanto, a carga se distribui em parcelas aproximadamente equivalentes entre as camadas.

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uma estrutura constituída após a terraplenagem e destinada, econômica e simultaneamente em seu conjunto, a resistir e distribuir ao subleito os esforços verticais do tráfego; melhorar as condições de rolamento quanto à comodidade e conforto; resistir aos esforços horizontais (desgastes), tornando mais durável a superfície de rolamento.

Quando a pavimentação intertravada é evidenciada, é notório seu destaque cada vez maior entre os demais concorrentes, ao que se refere a pavimentação. As características deste apontam como uma ótima opção para diversos locais, entre eles estão áreas industriais, galpões, pátios, ruas com tráfego leve, condomínios, conjuntos habitacionais, praças, calçadas e estacionamentos. Como vemos, todos os locais que trafegam veículos de pequeno porte.

A pesquisa tem como objetivo a comprovação da eficácia do uso do agregado reciclado, advindo do RCD, na fase de execução da pavimentação no estilo intertravado através de um estudo bibliográfico. Nesta perspectiva, se faz necessário expor alguns conhecimentos sobre as principais etapas do pavimento intertravado, que Portland [10], chama de seção:

 Subleito: Constituído de solo natural ou proveniente de empréstimo (troca de solo). Deve ser compactado em camadas de 15 cm, dependendo das condições locais.

 Base: Constituída de material granular com espessura mínima de 10 cm. A camada deve ser compactada após a finalização do subleito.

 Camada de assentamento: Camada composta por material granular, com distribuição granulométrica definida, que tem a função de acomodar as peças de concreto, proporcionando correto nivelamento do pavimento e permitindo variações na espessura das peças de concreto.  A areia de assentamento nunca deve ser usada para corrigir falhas na superfície da camada de

base.

 Camada de revestimento: Camada composta pelas peças de concreto e material de rejuntamento, e que recebe diretamente a ação de rolamento dos veículos, tráfego de pedestres ou suporte de cargas.

Essa estrutura com seus respectivos conceitos é determinada pela a equipe da Portland [10] como sendo uma estrutura típica para o estilo de pavimento intertravado. A Figura 3 mostra a localização de cada parte desta estrutura.

Figura 3. Estrutura típica do pavimento intertravado. Fonte: Portland [10]

A ABNT NBR 15115 [5], determina algumas características exigidas para a camada de revestimento primário, com utilização de agregado reciclado:

 Espessura máxima da camada compactada de revestimento primário: 20 cm;

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 Grau de compactação (%) deve ser de no mínimo 100% em relação ao ensaio de compactação (energia normal).

Em suma maioria, essas camadas são compostas de areia média, brita, areia fina, peças de concreto para pavimentação e concreto para contenções internas. Todos esses materiais podem ser produzidos com aplicação de agregado reciclado em sua composição. Utilizando como aporte o estudo de Pereira [1], observa-se toda a destinação que pode ser dada ao agregado reciclado em variadas granulometrías, no caso, o material e seu reuso (Tabela 2).

Tabela 2. Agregados reciclados de RCD e seu uso potencial. Fonte: ECOBRIT

Material Reuso

Areia Reciclada (pó de pedra) Argamassa de assentamento de alvenaria de

vedação, contrapiso, blocos, tijolos de vedação, solo-cimento.

Bica Corri Cascalhamento, pavimentação de vias, aterros e

acerto topográfico de terrenos, obras de base e sub-base de pátios industriais e semelhantes

Brita reciclada Fabricação de concretos não estruturais, drenagens,

cobertura de solos de estacionamento, pisos e contrapisos.

Cascalhinho Fabricação de artefatos de concreto, pisos e

contrapisos.

Pedra Reciclada (Rachão) Terraplenagem, drenagem, aterros, pavimentação de

vias, alicerce.

Agregados de reciclados mistos Terraplenagem, aterros, pavimentação de vias,

preenchimento de baldrames.

A areia de rejunte tem a função de diminuir as deflexões, causando assim, um aumento na capacidade desse apoio, fazendo o papel da argamassa usada em alguns tipos de pavimentação. O intertravamento depende de uma capacidade adequada de suporte da base. A contenção lateral tem o nome popular de meio-fio ou guias. Segundo Portland [10], as guias têm a função de "impedir o deslocamento lateral dos blocos da camada de rolamento, promovendo o intertravamento", propiciando a ação de intertravamento durante a vida útil do pavimento.

Já Gondinho [11] diz que deve ser constituída de material puramente granular, de maneira a proporcionar aumentos de resistência global da estrutura a custos menores.

A preparação do subleito deve ser acompanhada de perto, pois será a camada que vai dar base a todo o piso intertravado. Isto, seguindo as orientações de Portland [10].

Após a retirada de todos os objetos estranhos à via e da remoção de todas as plantas, raízes e matéria orgânica, o subleito deve ser adequadamente compactado até 60 cm de profundidade, no mínimo. A compactação, segundo Portland [10], deve ser especificada de modo a se obter, no mínimo, 100% da massa especifica aparente máxima seca obtida no ensaio de compactação na energia normal.

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uma alusão sobre as etapas envolvidas nas estruturas citadas.

Figura 4. Execução de pavimentos intertravados. Fonte: Portland [12]

O vídeo monstra a facilidade de aplicação desse tipo de pavimento, apesar de que, é uma explicação básica que não demonstra o trabalho efetivo realizado na base e sub-base, servindo para dar uma concepção superficial sobre a execução do pavimento.

2.3. Vantagens e propriedades do agregado reciclado usado na base e sub-base

Quando as qualidades dos agregados advindos do RCD são analisadas, algumas características benéficas que enaltecem seu uso são evidenciadas. De uma forma geral, os agregados obtidos na reciclagem do entulho são mais porosos que os naturais, o que implica uma absorção de água mais elevada. Por outro lado, os resíduos de construção reciclados apresentam componentes com algumas propriedades relevantes para o desempenho de materiais de construção.

Os autores Carneiro, Burgos e Alberte [13] expõem algumas vantagens para o aproveitamento do agregado reciclado na pavimentação:

 Utilização de quantidade significativa de material reciclado tanto na fração miúda, quanto na graúda;

 Simplicidade dos processos de execução do pavimento e de produção do agregado reciclado (separação e britagem primária), contribuindo para a redução dos custos e a difusão dessa forma de reciclagem;

 Possibilidade de utilização dos diversos materiais componentes do entulho (concretos, argamassas, materiais cerâmicos, areia, pedras, etc.);

 Utilização de parte do material em granulometrias graúdas reduzindo o consumo de energia necessário para a reciclagem do entulho.

Os autores Silva et al. [14], após uma identificação visual e posterior separação manual dos componentes do agregado reciclado, como pode-se observar na Figura 5, passaram a classificar como: cimentícios, materiais cerâmicos, materiais graníticos; materiais indesejáveis. Após essa denominação determinou-se a porcentagem em massa de cada material.

Figura 5. Composição do agregado reciclado. Fonte: Silva et al., [14]

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material cimentício tem maior concentração (63,45%), seguido de materiais cerâmicos (31,07%). Mesmo assim, atestaram que o agregado reciclado apresenta materiais indesejáveis de diferentes naturezas. Os contaminantes encontrados foram: gesso, metais, madeira, plástico, papel, tecido/fibras. Verificou-se que a quantidade total em massa de materiais contaminantes presente foi de 0,28%.

Segundo Portland [10], para a base e sub-base utiliza-se brita lavada com Abrasão Los Angeles menor que 40, determinado de acordo com a norma brasileira NBR NM 51 - Agregado graúdo - Ensaio de abrasão “Los Angeles”. É necessário um Índice de Suporte Califórnia (CBR) de pelo menos 80%, determinado de acordo com a norma brasileira NBR 9895 - Solo: Índice de Suporte Califórnia. A capacidade de atuar como reservatório de água da base e sub-base vai depender do índice de vazios do agregado, que é determinado de acordo com a Norma Brasileira NBR NM 45 - Agregados - Determinação da massa unitária e do volume de vazios que deve ser de, no mínimo, 32%.

O projeto Entulho Bom realizou algumas analises para investigar o comportamento e propriedades do agregado reciclado graúdo e miúdo, tanto misturados entre si, quanto com solos típicos da região de Salvador/BA, pelo método MCT (Miniatura, Compactado, Tropical). Os autores Carneiro, Burgos e Alberte [13] comprovaram os resultados obtidos permitindo comprovar a viabilidade técnica e econômica do agregado reciclado na execução de pavimentos e, assim, contribuir para a difusão desta forma de reciclagem. Os ensaios foram definidos em:

 Forma Granulométrica: o material deve satisfazer “Granulometria Contínua”, ou seja, na sua constituição deve apresentar tamanhos variados de partículas, dentro de um determinado intervalo granulométrico, fazendo com que se permita uma maior compactação entre os grãos menores do material, se encaixando com mais facilidade nos vazios intergranulares, constituindo, assim, um material compacto, ou seja, mais resistente e menos deformável.

Limites de Consistência ou de Atterberga: é observado o teor de umidade, da esfericidade, do arredondamento e da composição química e mineralógica das partículas. A NBR 11804 estabelece, para a execução de base e sub-base de pavimentos, valores máximos admissíveis para o limite de liquidez (< 25%) e o índice de plasticidade (< 6%), buscando evitar a perda de suporte ou a expansão excessiva da camada do pavimento.

Equivalente de Areia: esse ensaio indica o teor de areia em relação à fração argila presente em um material. Consiste na relação volumétrica dada pela razão entre as alturas do nível superior da areia e da suspensão argilosa de uma amostra de solo ou de agregado miúdo, numa proveta, em condições estabelecidas pela NBR 12052.

Abrasão Los Angeles: tem o objetivo de avaliar o desgaste do material quando submetido a ações de impacto e de atrito. A NBR 6465, que apresenta o ensaio para determinação dessa propriedade, indica que a interpretação dos resultados deve considerar a origem do material, sua estrutura mineralógica e a respectiva aplicação. O valor máximo estabelecido pela NBR 11804 para base e sub-base de pavimentos é de 55% de perda de material.

 Limites de liquidez: permite identificar a umidade de transição entre os estados líquido e plástico de um determinado material. Limite de plasticidade: indica a umidade de transição entre o estado plástico e o semi-sólido. Por fim, o índice de plasticidade é obtido pela diferença entre esses dois limites.

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 Massa específica: é um método de estabilização obtido pela transferência de energia a solos e agregados, através de processos manuais ou mecânicos (impacto, vibração, compressão estática ou dinâmica). Esses processos atuam conferindo ao material maior massa específica seca máxima (massa do metro cúbico de material sujeito a uma determinada compactação), aumentando sua resistência ao cisalhamento e diminuindo o seu índice de vazios, sua permeabilidade e sua compressibilidade.

 Compactação: pode ser realizado utilizando-se diferentes energias (Proctor Normal, Intermediário e Modificado). Quanto menor a energia de compactação empregada, menor será o valor do teor de umidade ótima, e maior será o valor de massa específica seca máxima. A escolha da energia é feita em função do uso que será dado ao material analisado.

Degradação: tem como objetivo analisar o comportamento do material em função do desgaste sofrido durante a compactação [...] obtido através do deslocamento médio da curva granulométrica da amostra degradada pelo ensaio de compactação, em relação à amostra inicial, e apresenta-se como um parâmetro para avaliação, em laboratório, do desempenho de materiais compactados.

Trata-se de um processo importantíssimo, pois, no momento em que se opta por um material desse porte, deve-se prever algumas alterações no projeto, que Bennert et al [15] explica dizendo, como o material não é fornecido com uma característica constante podem ser necessárias modificações de projeto durante a execução, ressaltando a importância de um controle tecnológico bem feito, principalmente quando se trata de material reciclado.

2.4. Resultados de análises envolvendo o uso de agregados reciclados nas camadas de base e sub-base de pavimentos

Para a comprovação da eficiência do uso do agregado reciclado nas camadas de base e sub-base de vias urbanas se faz necessário o uso de rigorosas análises. Assim, os estudos realizados pelos técnicos da Usina de Asfalto da Prefeitura Municipal de São Paulo na área de pavimentação, baseiam-se em metodologias adequadas as características específicas dos solos tropicais típicos da região estudada (solo laterítico e solo saprolítico).

Os resultados indicaram que, ao se utilizar o agregado reciclado em substituição ao agregado convencional, foi possível reduzir a quantidade de material necessário para atingir a mesma capacidade de suporte, conforme Pinto [16].

Os autores Carneiro, Burgos e Alberto [13] atestam que no momento em que foi retratada a situação das misturas de solo e agregado reciclado, a estabilização da camada com utilização de solo laterítico apresentou resultados satisfatórios, com baixas adições de resíduo reciclado (20 a 30%), produzindo, assim, expressiva elevação da capacidade de suporte, aumento de até 100% do CBR CARNEIRO. Estes autores argumentam que os técnicos atestaram bons resultados com o CBR que foi verificado, o resíduo de construção reciclado, sendo material não expansivo, ao ser adicionado ao solo, contribui para a redução da taxa de expansão da mistura. A massa específica do material praticamente não se altera com a mistura, diminuindo, então, a possibilidade de segregação dos materiais.

No que se refere aos teores de umidade ótima do agregado reciclado, também apresentaram comportamento similar ao do solo, simplificando o processo de execução da camada do pavimento, por possibilitar melhor homogeneização dos materiais e menor dispersão da umidade para qualquer teor da mistura solo / agregado reciclado, Pinto [16].

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constituídos de areia (grossa, média e fina) e pedregulho, respectivamente, ambos apresentando baixos percentuais granulométricos de argila e silte. Esse resultado indica que o agregado reciclado se apresenta como material adequado para ser utilizado em base e sub-bases de pavimentos, Carneiro et al [17].

Em análise realizada no projeto “Entulho Bom”, segundo Carneiro, Burgos e Alberte [13], o agregado reciclado miúdo apresenta limites de consistência e equivalente de areia de acordo com as especificações da NBR 11804. Devido à ausência de plasticidade, o agregado reciclado apresenta comportamento adequado para a estabilização de solos plásticos, como é o caso do solo saprolítico. Suas características granulométricas e seu coeficiente de permeabilidade também indicaram a possibilidade de utilização desse material na execução de camadas drenantes de pavimentos, ou em locais onde o lençol freático é elevado. Além disso, o agregado reciclado graúdo apresentou 45% de desgaste no ensaio de abrasão Los Angeles. Esse material atendeu às especificações da NBR 11804 para sub-base e base de pavimentos (< 55%).

Ainda ressaltando os resultados expostos no projeto Entulho Bom, a umidade ótima das misturas que continham agregado reciclado miúdo e solo laterítico tenderam a crescer na medida em que houve o aumento da proporção de material reciclado na dosagem. Nas misturas de agregado reciclado miúdo e solo saprolítico, o comportamento foi inverso. Nesse caso, a redução da umidade ótima pode ser atribuída ao decréscimo significativo de partículas finas presentes na mistura, visto que o agregado reciclado apresenta partículas finas com melhor qualidade (não plásticas). Comparando-se, ainda, as massas específicas secas máximas do solo saprolítico e suas respectivas misturas, pode-se perceber que houve um ganho de densificação até aproximadamente 70% de adição do agregado reciclado miúdo. Através da análise dos resultados de CBR obtidos para as misturas de solo laterítico e saprolítico com agregado reciclado miúdo apresentaram-se adequadas à utilização em sub-bases de pavimentos, por ter sido obtidos valores de CBR acima de 20%, conforme a especificação da NBR 11804. Os valores de CBR alcançados para as misturas que continham solo laterítico e agregado reciclado miúdo mostraram-se satisfatórios.

Além disso, o agregado reciclado é um material pouco estudado e com características diferentes dos agregados naturais. Nesse sentido, as especificações desenvolvidas para materiais tradicionais não devem ser consideradas como fatores limitantes para utilização do material, e sim como referência para a análise do desempenho desses insumos alternativos.

Como esperado, a mistura que continha agregado reciclado miúdo e solo saprolítico apresentou maior valor de Mini-CBR (umidade de moldagem) que a mistura contendo apenas solo. As misturas que continham solo laterítico não apresentaram diferença significativa de capacidade de suporte. Esse comportamento mostra que a adição do agregado reciclado melhorou as propriedades do material, no caso das misturas com solo saprolítico, e não alterou significativamente suas propriedades, no caso das misturas com solo laterítico, fato confirmado pelo método tradicional. 3. CONCLUSÃO

O agregado reciclado não está totalmente difundido pelo Brasil e, em determinadas regiões ele ainda não aparece com frequência. Essa situação que vem acontecendo nas principais cidades do país devido a alguns fatores, tais como a falta de investimento privado e a falta de incentivos fiscais por parte do governo. Todavia, diante de todas as dificuldades da aceitação e uso do material reciclado na construção civil e pavimentação, é sentido ainda uma certa aversão a este tipo de produto.

Tendo em vista os parâmetros estudados e, consequentemente, estabelecidos por norma, foi conclusiva a constatação que o material reciclado atende às exigências determinadas pelas normas brasileiras 15115 e 15116, as quais regulamentam a produção e execução do agregado reciclado na pavimentação.

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nas análises dos RCD produzidos no Estado do Rio Grande do Norte, como também, sua implantação na construção civil dentro desta região.

4. REFERÊNCIAS

[1] Pereira, S. et al., 2016. “Cenário da reciclagem e reuso de resíduos da construção e demolição em Natal, RN” – Brasil. SBE16 Brazil & Portugal. Natal.

[2] SINDUSCON – Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo., 2005. “Gestão Ambiental de Resíduos da construção Civil: a experiência do SINDUSCON-SP”. Coordenador: Tarcíso de Paula Pinto. Obra Limpa: I&T.

[3] CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente, 2002. “Critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil”. Resolução Nº 307, de julho de 2002. Ministério das Cidades, Secretaria Nacional de Habitação. Publicada no Diário Oficial.

[4] Buttler, A.; Correa, M.; Ramalho, M., 2017. “Agregados reciclados na produção de artefatos de concreto”. São Paulo. Revista Concreto, n.37,2005 p.24-27. Disponível em: < http://ibracon.org.br/publicacoes/revistas_ibracon/rev_construcao/pdf/Revista_Concreto_37.pdf>. Acesso em: 23 nov. 2017.

[5] Schneider, D., 2003. “Deposições Irregulares de Resíduos da Construçao Civil na Cidade de São Paulo”. Dissertação Universidade de São Paulo – Faculdade de Saúde Pùblica. São Paulo.

[6] Concreto, Comitê Técnico do Meio Ambiente, 2005. “8 anos de vitórias e contribuições à sustentabilidade da construção civil”. No 37. Disponível em: http://ibracon.org.br/publicacoes/revistas_ibracon/rev_construcao/pdf/Revista_Concreto_37.pdf. Acesso em: 18 nov. 2017.

[7] Associação Brasileira de Normas Técnicas, 2004. NBR 15115. “Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil – Execução de camadas de pavimentação – Procedimentos”. Rio de Janeiro.

[8] Associação Brasileira de Normas Técnicas, 2004. NBR 15116. “Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil – Utilização em pavimentação e preparo de concreto sem função estrutural – Requisitos”. Rio de Janeiro, 4p.

[9] DNIT – Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, 2006. “Manual de pavimentação”. 3º ed. Rio de Janeiro, 95p.

[10] Portland, Associação Brasileira de Cimento, 2010. “Manual de Pavimento Intertravado: Melhores Práticas Pavimento Intertravado Permeável”. Associação Brasileira de Cimento Portland – ABCP, São Paulo.

[11] Godinho, D., 2009. “Pavimento Intertravado: uma reflexão sob a ótica da durabilidade e sustentabilidade”. Belo Horizonte: Dissertação (Mestrado), Universidade Federal de Minas Gerais Escola de Arquitetura.

[12] Portland, 2017. “Passo a passo do assentamento de pisos intertravados”. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Q3SMhNxzxCE. Acesso em: 25 nov.

[13] Carneiro, A.; Burgos, P; Albert, E.; 2001. “Características do entulho e do agregado reciclado in CASSA”, J. C. Silva; CARNEIRO, A. P.; BRUM, I. A. S. (Orgs). “Reciclagem de entulho para a produção de materiais de construção”. Salvador: EDUFBA; Caixa Econômica Federal, Cap VI, p. 188 – 201.

[14] Silva, V., 2016. “Estudo da aplicação de RCD oriundos de obras na UFCG em misturas asfálticas”. 42º Reunião anual de Pavimentaçao (RAPv). Paraíba.

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demolition debris under traffic-type loading in base and subbaseapplications”. Transportation Research Record, Washington, n.1714, p.33-39.

Referências

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