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Rev. esc. enferm. USP vol.23 número2

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PROCEDIMENTO SISTEMATIZADO DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA DE ENFERMAGEM À PUÉRPERAS COM INGURGiTAMENTO MAMARIO**

Isília Aparecida Silva*

SILVA, I. A. Procedimento sistematizado de assistência de enfermagem à puérpe-ras com ingurgitamento mamario. Rev.Esc.EnfUSP, São Paulo, 23(2): - ,

ago. 1989.

A autora avalia a aplicação de um método de assistência de enfermagem como meio de tratamento do ingurgitamento mamario, verificando-se também o tipo de ingurgitamento mais freqüente, setores mamarios mais acometidos e al-guns fatores de interferência na evolução do ingurgitamento mamario.

UNITERMOS: Ingurgitamento mamario. Assistência de enfermagem. Amamentação.

INTRODUÇÃO

O aleitamento materno tem sido aclamado pelas suas vantagens como o mé-todo ideal para o lactente. Acreditamos, também, que este período de amamenta-ção deva ser vivenciado pela mãe, não só como a funamamenta-ção de fornecer o melhor alimento para seu filho, mas também como uma fase de prazer e realização em sua vida.

Sabe-se que o processo de instalação e manutenção da lactação, na espécie humana, pode ser determinado pela estrutura anatômica do tecido mamario, al-véolos, duetos e mamilos, e pela ejeção ou propulsão do leite para os mamilos. Estes processos também dependem do bem-estar orgânico e psicológico da puér-pera, pois o reflexo psicossomático da lactação pode ser inibido como conseqüên-cia de conflitos emocionais, medo, ansiedade, dor, fadiga, desconhecimento, etc (6, 16, 17, 24,26, 34).

Na nossa vivência profissional, temos sido testemunhos dos esforços de muitas mães para amamentarem seus filhos, apesar de algumas dificuldades,

origi-E n l e r m e i r a P r o f e s s o r A s s i s t e n t e d o D e p a r t a m e n t o d e origi-E n f e r m a g e m M a t e r n o - I n f a n t i l e P s i q u i á t r i c a d a E s c o l a d e E n f e r m a g e m d a U S P .

R e s u m o d e d i s s e r t a ç ã o d e m e s t r a d o a p r e s e n t a d a à E s c o l a c E n f e r m a g e m d a D S P c m U 2 / d e z / 1 9 £ 7 .

(2)

nacías desde a fase de adaptação ao recém-nascido, assim como problemas advin-dos do processo de lactação.

A rigidez de horários das maternidades impostas pelas instituições ou qual-quer outra experiência desagradável, podem causar insegurança à mãe, levando-a freqüentemente, ao fornecimento apressado de fórmulas artificiais e, consequen-temente, ao desmame precoce (32).

Entre as várias dificuldades enfrentadas pela nutrizes, o ingurgiíamerúo ma-mario destaca-se como um dos problemas mais freqüentes nas unidades de puerpe-rio, e que pode influenciar de maneira negativa na continuidade de amamentação. O ingugirtamento pode começar com a retenção de leite nos alvéolos que se tornam distendidos e comprimem os duetos lácteos. Isso leva à obstrução dos ca-nais galactóioros ocorrendo maior distensão dos alvéolos e maior obstrução dos duetos. Se o processo não íor resolvido pode levar a estase secundária vascuiar e linfática. Com o aumento da pressão na porção obstruída da mama cessa gra-dualmente a secreção do leite, e, eventualmente, pode ser reabsorvido (25).

A dor é sem dúvida uma das causas que poderá levar à inibição do retlexo de ejeção de leite, ocasionando gradativa diminuição do mesmo.

A puérpera com ingurgitamento mamario, em geral, refere que a dor por ela sentida, ao amamentar seu filho, provoca diminuição no prazer que deveria expe-rimentar, prejudicando assim, as interações iniciais do binômio mãe-filho (Fig. 1).

FIGURA 1

di

d i f i c u l d a d e d e

l r e n a g e m l á c t e a d o m u m i Io n a s u c ç ã o ¡ m a i o r s o l i c i t a ç ã o I p e l o r e c é m - n a s c i d o I

d c s c s t f m u l o d o r e c é m - n a s c i d o

n o s u g a r

\

' d e s m a m e p r e c o c e i

(3)

Considera-se o período em que a puérpera se encontra na maternidade como sendo mais recomendado para se promover a cura do ingurgitamento mamario pois, é quando pode receber o tratamento e orientações adequados.

Essas mulheres, na maioria das maternidades, são submetidas ao tratamento do ingurgitamento mamario, que tradicionalmente constitui-se de massagem ma-nual nas mamas, retirada do leite por meio de bombas de ordenha ou expressão manual das mamas, aplicação de frio ou de calor local e medicação ejetoláctea. Todos esses métodos, no entanto, sofrem críticas por parte das puérperas que ale-gam serem eles extremamente desconfortáveis, dolorosos e nem sempre atingindo plenamente sua finalidade. Na prática temos sentido grande dificuldade no trata-mento do ingurgitatrata-mento mamario devido ao autrata-mento da sensibilidade dolorosa da mama quando acometida desse processo.

Observamos, ainda, que esta dificuldade, muitas vezes, é agravada pelo es-vaziamento insuficiente das mamas pelo recém-nascido, que dorme durante as mamadas ou que, sendo muito pequeno, suga menos leite por vez.

A massagem das mamas, clasicamente utilizada para o tratamento do ingur-gitamento mamario, visa pressionar o leite através dos duetos, estimular as células mioepiieliais para o aumento da ejeção láctea, aliviar a tensão da mama pelo au-mento da circulação e desobstrução dos duetos (3, 5, 6 , 7 , 8, 22,29, 30).

No entanto, pela nossa experiência, sabemos que as puérperas que apresen-tam ingurgiapresen-tamento mamario, queixam-se de dor quando submetidas à massagem das mamas. Preocupados em proporcionar a puérpera com ingurgitamento mama-rio, um tratamento com o nimimo de reação dolorosa, optamos pela forma de mas-sagem por vibração nas mamas, em substituição ao método clássico de massagens teita com as mãos.

Isto se deveu ao fato de que, segundo LEITÃO (19), entre os tipos de mas-sagens conhecidos, a forma de massagem por vibração se caracteriza pelo efeito analgésico na região onde é aplicada. O autor afirma que esta é talvez a única ma-nobra de massagem que justifica o uso de um vibrador mecânico para a sua execu-ção.

Assim, diante dessas considerações, pareceu-nos importante estudar propos-tas alternativas para fundamentar ações de enfermagem que possam contribuir para o tratamento do ingurgitamento com o mínimo possível de dor e o máximo de re-sultados positivos.

(4)

Pro-cedimento Sistematizado de Assistência de Enfermagem às Puérperas com lngur-gitamento Mamario.

Assim, diante do que foi apresentado propomo-nos a efetuar uma pesquisa, para a qual detinimos os seguintes objetivos:

1. Identificar o tipo de ingurgitamento mamario presente nas puérperas.

2. Identificar os setores da mama acometidos no processo do ingurgitamento

ma-mario.

3. Verificar se o peso e a atividade de sucção do recém-nascido interferem na evolução do ingurgitamento mamario.

4. Verificar a influência da aplicação do Procedimento Sistematizado de Assis-tência de Enfermagem no evolver do ingurgitamento mamario.

METODOLOGIA

Local

A unidade de alojamento conjunto, onde foi realizada esta pesquisa, locali-za-se no município de São Paulo, em um hospital governamental usado como campo de estágio para os alunos do Curso de Graduação em Enfermagem e Obs-tetrícia da Escola de Enfermagem da USP. Destina-se, principalmente, a prestar assistência às pessoas que não possuem benefícios à saúde.

População

A população deste estudo íoi composta por puérperas de parto normal ou operatorio, e de seus filhos recém-nascidos com idade gestacional igual ou acima de 38 semanas, segundo avaliação do pediatra, internados na unidade de aloja-mento conjunto do hospital acima citado.

Foram selecionadas 25 puérperas que não estavam fazendo uso de medica-ções gaiactógenas ou ejetolácteas, que apresentaram ingurgitamento mamario du-rante a sua nospitalização, cujos mamilos tivessem capacidade de protrair, livres de traumatismos ou inflamação. Foram excluídas da população as puérperas que apresentaram contra indicações para amamentar, decorrentes de alguma enfermi-dade ou cujos tilnos recém-nascidos tenham apresentado intercorrências clínicas ou defeitos físicos que pudessem interferir na sucção.

Instrumento de coleta de dados.

A coleta de dados foi realizada pela pesquisadora no período de janeiro de 1986 a março de 1987 em horários que incidiram ente 6 e 21 horas.

(5)

O instrumento de coleta de dados consistiu de um formulario dividido em três partes (ANEXO 1). Na primeira parte do formulario foram anotados os dados gerais da puérpera e do recém-nascido, (perguntas de número 1 a 6), obtidos do prontuario da puérpera. Os ftens restantes (perguntas de número 7 a 14), foram anotados pela pesquisadora durante a entrevista com a puérpera e são referentes aos antecedentes mamarios e de lactação da mesma.

Na segunda parte do formulário (ANEXO 1), foram anotados os dados refe-rentes a achados na inspeção e palpação mamaria da puérpera.

A terceira parte do formulário destinou-se para o registro dos dados referen-tes ao ingurgitamento mamario pelas puérperas: sua detecção, tratamento e evolu-ção. Na coluna destinada às observações, anotou-se as respostas das puérperas à pergunta que lhe era formulada após a aplicação do vibrador elétrico para massa-gens que era a seguinte: "O que a senhora sente quando é aplicado o vibrador pa-ra massagear sua mama?".

Coleta de dados.

A pesquisadora, inicialmente, verificava no prontuário os dados relativos à puérpera e ao recém-nascido, necessários para a seleção prévia da população. As puérperas que preenchiam os requisitos propostos, identificados no prontuário, eram abordados pela pesquisadora.

No primeiro contato com as puérperas, que fizeram parte da população deste estudo, a pesquisadora esclareceu os objetivos do mesmo, indagando o desejo de-las em participarem desta pesquisa. Foi dada plena liberdade de participação ou recusa.

Ainda, neste primeiro contato, as puérperas foram orientadas quanto à técni-ca de amamentação utilizada neste estudo.

A seguir, durante o exame de rotina, a pesquisadora procedeu à inspeção e palpação mamaria. Estas eram realizadas com a finalidade de verificar as condi-ções da mama, e do mamilo e a presença de nodulos ou tumoracondi-ções. Ao verificar qualquer anormalidade excluia-se a puérpera da população, porém, caso apresen-tasse ingurgitamento rnamário, continuava a ser assistida pela pesquisadora.

A primeira inspeção e palpação mamarias foram realizadas dentro das pri-meiras 24 horas pós-parto.

As puérperas foram submetidas a nova palpação mamaria a cada 24 horas, após a primeira mamada de cada dia, até o momento da alta hospitalar ou quando constatado ingurgitamento mamario. Este foi classificado pela sistematização de SHIMO et alii 3 1, no qual o indicador e a presença de pontos dolorosos detectados

poi meio da palpação, onde se considera:

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diferentes locáis da mama, indicando um ou mais lóbulos cheios de leite.

Ingurgitamento Lobar - quando se observa um Lobo ou mais cheios de leite. A puérpera refere dor em uma ou mais regiões da mama que se localizam desde a base até a região areolar.

Ingurgitamento ampolar - ocorre quando os seis galactóforos estão cheios de leite. À palpação, a puérpera refere dor na região areolar. Apresenta edema que geralmente não ultrapassa a borda areolar.

Ingurgitamento glandular - este é detenninado por enchimento de todos os lobos, portanto, toda a glândula mamaria está comprometida. A palpação, a puér-pera refere dor em toda a mama.

Assim, a e seo lha pelo método clinico da palpação para diagnóstico e classi-ficação de ingurgitamento mamario, foi feita por ser este um método classicamente preconizado para o exame da mamas para detecção de processos anormais, sendo feita esta escolha baseada na nossa experiencia e na literatura consultada.

RESULTADOS E COMENTARIOS

Caracterização das puérperas.

A população deste estudo foi constituída de 25 puérperas selecionadas segundo os critérios descritos na metodologia.

A idade das puérperas deste estudo variou de 15 a 42 anos. Constatamos que 12 (48,0%) puérperas encontravem-se na faixa etária entre 15 e 25 anos, o que nos permite considerar que parte das mulheres desta população situam-se no pe-ríodo da vida considerado ótimo para reprodução. Essas mulheres, acrescidas das outras 10 (40,0%), com idade entre 26 e 30 anos, podem ser consideradas estando na faixa de idade propícia para o parto ( 4 , 9 , 2 8 ) .

Quanto à paridade, entre as mulheres deste estudo, encontramos predomi-nância de primíparas e secundiparas, 7(82,0%) e 8(32,0%) puérperas respectiva-mente. Isto nos leva a considerar que as mulheres com estas paridades podem estar mais predispostas ao ingurgitamento mamario, pois elas estariam mais sujeitas à falta de informação ou ao desconhecimento sobre o aleitamento materno.

Quanto ao tipo de parto, encontramos uma predominância de 16 (64,0%) partos normais, seguidos de 7 (28,0%) cesáreas e 2 (8,0%) fórcipes.

Neste estudo, a idade gestacional dos recém-nascidos variou de 38 a 41 se-manas, tendo sido considerados a termo. Isso se justifica porque para LUB-CHENCO 2 1 - ZIEGEL & CRANLEY 3 5 o recém-nascido é maduro ou de termo

(7)

O peso dos recém-nascidos deste estudo vanou de 2650 a 3900 gramas. Conforme pode ser verificado na Tabela 1, a maioria destes recém-nascidos esta-vam na maior faixa de peso, 2650 e 3000 gramas, sendo esta inferior à média de peso citada pela literatura para recém-nascidos considerados a termo. Apenas 2 (8%) superam o peso médio já apreciado.

TABELA 1.

D I S T R I B U I Ç Ã O D O S R E C É M - N A S C I D O S S E G U N D O O P E S O

P E S O R E C É M - N A S C I D O S

( e m g r a m a s ) N? %

2 6 5 0 3 0 0 0 1 2 4 8 , 0

3 0 0 0 3 3 0 0 7 2 8 , 0

3 3 0 0 3 6 0 0 4 1 6 , 0

3 6 0 0 3 9 0 0 2 8 , 0

T O T A L 2 5 1 0 0 , 0

Dados relativos ao ingurgitamento mamario.

Segundo a sistemaüzação de SHIMO et alii 3 1, já descrita anteriormente na

metodologia deste trabalho, esperávamos encontrar quatro tipos de ingurgitamento mamario. Verificamos, no entanto, três tipos de engurgitamento: lobar, lobar asso-ciado ao ampolar (lobar/ampolar) e glandular. Observa-se, portanto, que não foi constatado nenhum caso de ingurgitamento lobular (Tabela 2).

TABELA 2

D I S T R I B U I Ç Ã O D A S P U É R P E R A S , S E G U N D O T I P O D E I N G U R G I T A M E N T O M A M A R I O

T I P O D E I N G U R G I T A M E N T O P U É R P E R A S

T I P O D E I N G U R G I T A M E N T O

N2 %

L o b a r 14 5 6 , 0

L o b a r / A m p o lar 6 2 4 , 0

G l a n d u l a r 5 2 0 , 0

(8)

Analisando a Tabela 2, verificamos que o ingurgitamento mamario lobar apresentou a maior freqüência entre os três tipos de ingurgitamento mamario neste estudo, 14 (56,0%) puérperas. As outras 6 (24,0%) puérperas apresentaram ingur-gitamento lobar/ampolar e 5 (20,0%) estavam com toda a mama comprometida ca-racterizando o ingurgitamento glandular.

É possível que se tenha encontrado maior freqüência de ingurgitamento lobar por termos feito palpalção mamaria diária, propiciando o diagnóstico precoce do ingurgitamento. Podemos inferir que o processo do ingurgitamento pode ou não se dar em etapas progressivas, por exemplo, os lobos serem acometidos em primeiro lugar, (ingurgitamento lobar), e assim podendo evoluir para os outros tipos de in-gurgitamento.

Embora neste estudo, o maior número de ingurgitamento mamario tenha sido o lobar, 14 (56,0%) puérperas, não podemos afirmar que todo ingurgitamento mamario obedece esta ordem de acontecimentos. Na literatura, até o momento, não tomamos conhecimento de outros estudos que possam esclarecer tal fato.

Outro fato que merece comentário é não ter aparecido nenhum caso de in-gurgitamento ampolar isolado sendo que este só apareceu associado ao lobar. Isso nos leva a crer que a dificuldade de esvaziamento das ampolas lactíferas pode le-var à conseqüente retenção ascendente de leite pelos duetos e lobos.

Esta observação é feita com base em autores que afirmam ser a causa do in-gurgitamento mamario a retenção do leite e a dificuldade de drenagem do mesmo ( 1 , 5 , 2 0 , 25, 33).

Nesta pesquisa, pudemos verificar os diversos setores da mama que são acometidos pelo ingurgitamento mamario. Assim, apresentamos na Tabela 3 o nú-mero de quadrantes comprometidos nas puérperas deste estudo.

T A B E L A 3

N Ú M E R O D E Q U A D R A N T E S A C O M E T I D O S N A S P U É R P E R A S C O M I N G U R G I T A M E N T O M A M A R I O , E M R E L A Ç Ã O A O P E S O D O S R E C É M - N A S C I D O S

P E S O Q U A D R A N T E S »

( e m g r a m a s ) ( e m g r a m a s )

Q S E Q S I Q I E Q I I

D E D E D E D E

N- N2 N9 N2 N9 N5 N ? N<?

2 6 5 0 — 3 0 0 0 9 7 4 6 11 1 2 5 5

3 0 0 0 — 3 3 0 0 5 5 1 2 6 7 5 3

3 3 0 0 — 3 6 0 0 3 3 1 1 4 4 1

3 6 0 0 — 3 9 0 0 1 2 1 1 2 2 2 2

T O T A L 18 17 7 1 0 2 3 2 5 1 3 1 0

% ( 7 2 , 0 ) ( 6 8 , 0 ) ( 2 8 , 0 ) ( 4 0 , 0 ) ( 9 2 , 0 ) ( 1 0 0 , 0 ) ( 5 2 , 0 ) ( 4 0 , 0 )

* A l g u m a s puérperas t i v e r a m m a i s q u e u m q u a d r a n t e a c o m e t i d o .

(9)

Os dados encontrados, em relação aos quadrantes inferiores externos (QIE), concordam com o referido por FERNANDES & FERNANDES que afirmaram ser nesses quadrantes a localização mais freqüente do ingurgitamento mamario. Por este estudo, constatamos que as 25 (100,0%) puérperas acometidas de ingurgita-mento mamario apresentaram o quadrante inferior externo esquerdo (QIEE) com-prometido e 23 (92,0%), o comprometimento do quadrante inferior externo direito (QIED). Assim, para a população deste estudo, concluímos que a face inferior da mesma foi mais sujeita ao ingurgitamento mamario. Isso se deve, talvez, à dificul-dade de trânsito do leite na face inferior da mama, devendo haver maior cuidado na drenagem do leite residual dessas regiões.

Observamos a seguir que os quadrantes superiores externos direito e esquer-do apresentam menores freqüências de mgurgitamento, respectivamente 18 (72,0%) e 17 (68,0%). Segundo GARDNER et a l i i( 1 2 ) os quadrantes superiores

externos contêm maior massa de tecidos glandular, explicando, talvez, a diferença de freqüência encontrada nos quadrantes superiores internos esquerdo (QSIE) e direito (QSID), respectivamente 10 (40,0%) e 7 (28,0%). A razão pela qual possi-velmente os quadrantes superiores laterais não apresentaram ingurgitamento tão freqüente quanto os inferiores externos, apesar de maior massa glandular, pode ser explicado pela possível facilidade de drenagem propiciada pela posição dos duetos na face superior mamaria.

Verificamos ainda, pela Tabela 3, que quanto menor o peso do recém-nasci-do maior é o número e quadrantes comprometirecém-nasci-dos. Isso pode ser confirmarecém-nasci-do ao examinarmos a Tabela 4.

T A B E L A 4

D I S T R I B U I Ç Ã O D O S T I P O S D E I N G U R G I T A M E N T O M A M A R I O . S E G U N D Ó O S P E S O S D O S R E C É M - N A S C I D O S

P E S O D O

( e m g r a m a s )

T I P O D E I N G U R G I T A M E N T O P E S O D O

( e m g r a m a s ) L o b a r

N2 %

L o b a r / A m p o l a r

N= %

G l a n d u l a r

N2 %

T o t a l

N2 %

2 6 5 0 — 3 0 0 0

3 0 0 0 — 3 3 0 0

3 3 0 0 — 3 6 0 0

3 6 0 0 — 3 9 0 0

N'-' 5 5 0 , 0

% 4 2 , 8

N ? 5 7 1 , 4

% 3 5 , 7

N'-' 2 5 0 , 0

% 1 4 , 3

N9 1 5 0 , 0

% 7 , 2

3 2 5 , 0

5 0 , 0

1 1 4 , 3

1 6 , 6

2 5 0 , 0

3 3 , 4

3 2 5 , 0

6 0 , 0

1 1 4 , 3

2 0 , 0

1 5 0 , 0

2 0 , 0

12 1 0 0 , 0

4 8 , 0

7 1 0 0 , 0

2 8 , 0

4 1 0 0 , 0

1 6 , 0

2 1 0 0 , 0

8 , 0

T O T A L %

14 5 6 , 0

1 0 0 , 0

6 2 4 , 0

1 0 0 , 0

5 2 0 , 0

1 0 0 , 0

2 5 1 0 0 , 0

1 0 0 , 0

Verificamos pela Tabela 4 que das 25 (100,0%) puérperas com ingurgita-mento mamario, 12 (48,0%) tinham filhos na menor faixa de peso (2650 a 3000 g), 7 (28,0%) tinham recém-nascidos que estavam na faixa de peso 3000 a 3300 g.

(10)

Das 14 (56,0%) puérperas com ingurgitamento mamario lobar, 6 (42,8%) ti-nham filhos que pesavam entre 2650 e 3000 g. Verificamos, também, pela Tabela 4, que das 5 (20,0%) puérperas que apresentaram ingurgitamento mamario glan-dular, 3 (60,0%) tinham recém-nascidos na menor faixa de peso.

Ressaltamos que P H I L I P( 2 7 ) afirma que a necessidade de ingestão do

recém-nascido é determinada pela capacidade gástrica calculada em 5 ml/kg de peso do recém-nascido, em cada mamada, no primeiro dia; 10 ml/kg de peso no segundo dia e 15 ml/kg no terceiro dia, sendo que a maioria das crianças mamam de 15 a 30 ml de leite em cada mamada, no primeiro e segundo dia respectivamente.

Assim, podemos compreender porque nos três tipos de ingurgitamento ma-mario a freqüência de cada um deles foi maior em mães cujos recém-nascidos ti-nham peso entre 2650 e 3000 g.

Portanto, é importante que se proceda a drenagem artificial das mamas, após a sucção do recém-nascido, com maior vigilância quanto menor for o seu peso até que se estabeleça um equilíbrio entre a oferta (produção de leite) e o que o recém-nascido consegue sugar, enquanto este ainda não for capaz de esvaziá-la.

Outro íator importante apontado pelos resultados deste estudo é que a ativi-dade de sucção do recém-nascido, ou seja, o tempo de sucção em cada mama e consequentemente a quantidade de leite retirada desta estão associados ao peso do recém-nascido e pode determinar um maior comprometimento da mama.

Considera-se que, nos primeiros cinco minutos de sucção, o recém-nascido obtém de cada mama 75,0% do ieite disponível. Assim, se não sugar durante esse tempo ou mais, além tíe não ter suas necessidades satisfeitas, não consegue esva-ziar a mama, podendo também levar ao ingurgitamento mamario (10,14).

Para este trabalho, classificamos os recém-nascidos em duas categorias con-forme a atividade de sucção: recém-nascido sonolento, que suga por periodo

me-nor que cinco minutos em cada mama ou que não consegue mamar as duas mamas em cada mamada e recém-nascido ativo, que suga por mais de cinco minutos em

cada mamada, conforme mostra a tabela 5.

T A B E L A 5

D I S T R I B U I Ç Ã O D O S R E C É M - N A S C I D O S , S E G U N D O A A T I V I D A D E D E S U C Ç Ã O E M R E L A Ç Ã O A O S T I P O S D E I N G U R G I T A M E N T O M A M A R I O .

R E C É M - N A S C I D O ( a t i v i d a d e d e s u c ç ã o )

T I P O D E I N G U R G I T A M E N T O M A M A R I O R E C É M - N A S C I D O

( a t i v i d a d e

d e s u c ç ã o ) L o b a r L o b a r / A m p o l a r G l a n d u l a r T O T A L

R E C É M - N A S C I D O ( a t i v i d a d e d e s u c ç ã o )

NS % N2 % N 5 % Nü %

s o n o l e n t o Ny

%

5 3 8 , 4

3 5 . 7 4 3 0 , 8 6 6 . 6

4 3 0 , 8

80.0 1352 100,0 ,0

a t i v o N *

%

9 75,0

6 4 , 3

2 1 6 , 6

3 3 , 4

1 8,4

20,0 1248 10Ô7T~ ,0

T O T A L 14 5 6, 0

(11)

Pelos dados fornecidos pela Tabela 5, podemos verificar, por exemplo, que dos 5 (100,0%) recém-nascidos cujas mães apresentaram ingurgitamento glandu-lar, 4 (80,0%) pertenciam à categoria "sonolento" e, das 6 (100,0%) puérperas com ingurgitamento lobar/ampolar, 4 (66,6%) eram dessa mesma categoria. Quanto às puérperas com ingurgitamento lobar, encontramos um maior número de recém-nascidos "ativos". No entanto, este tipo de ingurgitamento, abrangia, neste trabalho, pequenas áreas da mama e muitas vezes, uma única área de um só qua-drante.

Isto nos leva a crer que a capacidade de sucção do recém-nascido dificulta o esvaziamento das mamas, o que nos leva a considerar que a sucção do recém-nas-cido tem importância fundamental no comprometimento das mamas quando estão acometidas pelo ingurgitamento.

DADOS RELATIVOS AO TRATAMENTO DO INGURGITAMENTO MAMARIO PELO PROCEDIMENTO SISTEMATIZADO DE

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM

O tratamento básico do ingurgitamento mamario neste estudo consistiu de massagem nas mamas com vibrador elétrico, estímulo da sucção do recém-nascido e expresso manual das mamas, a cada mamada até a regressão do ingurgitamento. Ao procedermos a massagem com o vibrador elétrico e a drenagem das ma-mas por meio de expressão manual, observamos que o número de mamadas que requeriam o tratamento completo variou conforme o tipo de ingurgitamento e o intervalo entre as mamas solicitadas pelos recém-nascidos. Isso pode ser verifica-do na Tabela 6.

T A B E L A 6

D I S T R I B U I Ç Ã O D A F R E Q Ü Ê N C I A D E A P L I C A Ç Ã O D O P R O C E D I M E N T O S I S T E M A T I Z A D O D E A S S I S T Ê N C I A D E E N F E R M A G E M , S E G U N D O O T I P O D E I N G U R G I T A M E N T O M A M A R I O E

O I N T E R V A L O E N T R E A S M A M A D A S

T I P O D E I N G U R G I -T A M E N -T O

F R E Q Ü Ê N C I A D E A P L I C A Ç Ã O D O P R O C E D I M E N T O S I S T E M A T I Z A D O D E

A S S I S T Ê N C I A D E E N F E R M A G E M

I N T E R V A L O E N T R E A S M A M A D A S

( e m h o r a s ) T I P O D E

I N G U R G I -T A M E N -T O

n - m á x . n2 m f n . m é d i a

I N T E R V A L O E N T R E A S M A M A D A S

( e m h o r a s )

L o b a r 4 1 2 , 5 3 h 3 0 m i n - 4 h

LobatoAmpolar 5 3 3 , 5 3 h - 3 h 3 0 m i n

G l a n d u l a r 6 4 4 , 4 2 h - 3 h

(12)

número de aplicações de Procedimento Sistematizado de Assistência de Enferma-gem às puérperas com ingurgitamento mamario, para promover a drenaEnferma-gem láctea, foi maior quanto maior o acometimento da glândula mamaria. Observamos ainda, que o número de aplicações deste Procedimento foi maior nos casos de ingurgita-mento glandular, em média 4,4 vezes.

Outro ponto importante a ser considerado é o tempo de regressão total dos sintomas do ingurgitamento mamario, exibidos na Tabela 7.

T A B E L A 7

D I S T R I B U I Ç Ã O D O T E M P O M Í N I M O , M Á X I M O E M É D I O D E R E M I S S Ã O D O I N G U R G I T A M E N T O M A M A R I O D E A C O R D O C O M O T I P O D O M E S M O .

T i p o d e

i n g u r g i t a m e n t o

T e m p o ( e m h o r a s ) T i p o d e

i n g u r g i t a m e n t o m í n i m o m á x i m o m é d i a

L o b a r 3 1 2 6 h 5 4 m i n

L o b a r / A m p o l a r 6 13 8 h 3 0 m i n

G l a n d u l a r 7 1 6 l l h

Ao analisar a Tabela 7, verificamos que a remissão total do ingurgitamento mamario, conforme o tipo do mesmo, foi em média, de 6h 54min para o tipo Lo-bar, 8h 30min e 1 lh para os tipos Lobar/Ampolar e Glandular, respectivamente.

Na literatura, encontramos referências sobre o tempo considerado por alguns autores, para a regressão do ingurgitamento mamario, o qual pode variar entre 24 e 48h, ou até mesmo alguns dias (10). FERNANDES & FERNANDES n, ao

tra-tarem 129 puérperas com ingurgitamento mamario com ocitocina intra-nasal, obti-veram resultados de regressão em 24h em 60 (46,5%) casos. Em 48 (37,2%) puér-peras, os autores afirmaram que o ingurgitamento persistiu por 5 a 6 dias. Co-mentam ainda que para 9 (6,9%) puérperas a amamentação só era possível com o uso prévio da ocitocina e 12 (9,4%) apresentaram intercorrências com fissuras mamilares, mamas sangrantes e dor.

Assim, comparando nossos achados com os da literatura consultada sobre o tratamento do ingurgitamento mamario, consideramos que o método empregado em nosso estudo foi responsável pela diminuição em média de 8 a 19h no tempo de regressão dos sinais e sintomas do ingurgitamento mamario.

(13)

propicia, pela rapidez da regressão dos sintomas, que a puérpera tenha alta hospi-talar livre das dificuldades advindas do ingurgitamento.

Por esse motivo, achamos relevante a análise do tempo encontrado para a re-gressão do ingurgitamento mamario obtido na nossa pesquisa e relacioná-lo a al-guns fatores que julgamos ter interferido no tratamento do mesmo.

Podemos inferir, por exemplo, que o tempo médio de l l h para-a regressão dos casos de ingurgitamento glandular (Tabela 7) está ligado não só a maior área comprometida da mama, mas também ao peso do recém-nascido (Tabela 4) e ati-vidade de sucção do mesmo, conforme observamos na Tabela 8, que exibe os da-dos relativos ao tempo de remissão do ingurgitamento mamario nos três tipos es-tudados, para as duas categorias de atividade de sucção do recém-nascido (sono-lento e ativo).

T A B E L A 8

T E M P O M É D I O D E R E M I S S Ã O D O I N G U R G I T A M E N T O M A M A R I O N O S T I P O S L O B A R , L O B A R / A M P O L A R E G L A N D U L A R R E L A C I O N A D O S C O M A S C A T E G O R I A S D E

A T I V I D A D E S D E S U C Ç Ã O D O R E C É M - N A S C I D O .

R E C É M - N A S C I D O ( a t i v i d a d e d e

s u c ç ã o )

T E M P O M É D I O D E R E M I S S Ã O D O I N G U R G I T A M E N T O ( e m h o r a s )

R E C É M - N A S C I D O ( a t i v i d a d e d e

s u c ç ã o )

L o b a r L o b a r / A m p o l a r G l a n d u l a r

s o n o l e n t o a t i v o

9 h 5 h 2 4 m i n

lOh 8 h

1 2 h 7 h

Diante dos dados verificamos na Tabela 8, que o tempo obtido para a regres-são total do ingurgitamento mamario mostrou-se sempre maior nas puérperas cujos recém-nascidos foram classificados na categoria "sonolento". Assim, para o in-gurgitamento lobar o tempo médio de regressão foi de 9h para as puérperas cujo recém-nascido foi classificado como "sonolento" e 5h 24min para os considerados "ativo"; nos casos de ingurgitamento lobar/ampolar encontramos o tempo médio de lOh para puérperas com recém-nascidos da categoria "sonolento" e 8h para puérperas com recém-nascidos classificados na categoria "ativo". Para os casos de ingurgitamento glandular, observamos um tempo médio para regressão de 12h e 7h para as mães cuios recém-nascidos foram classificados nas categorias "sono-lento" e "ativo", respectivamente.

(14)

Pela nossa vivência, sabemos que há queixas por parte do pessoal de enfer-magem que diz não dispor de tempo necessário para dedicar-se a uma puérpera e desenvolver um tratamento individualizado como o caso do ingurgitamento mama-rio. Dessa forma pareceu-nos de máxima importância verificar o tempo gasto nas massagens das mamas com o vibrador elétrico e a expressão manual para a orde-nha do leite, o qual foi computado separadamente. No entanto, julgamos que o que interessa para o estudo é o tempo gasto em cada mamada para se efetuar o tratamento integral com os dois procedimentos, uma vez que estes eram feitos em seqüência.

Observou-se que o tempo gasto para aplicação do método em cada mamada diminuía e que a drenagem láctea se fazia com maior facilidade à medida que ocorria a diminuição das áreas ingurgitadas. No gráfico 1, apresentamos a média de tempo gasto com a aplicação do Procedimento Sistematizado de Assistência de Enfermagem em cada mamada, para cada tipo de ingurgitamento mamario.

40

d í ir*f i 11 i

(15)

Analisando o gráfico 1, constata-se que a maior média de tempo gasto com a aplicação do método foi nas primeiras mamadas nos casos de ingurgitamento glandular e lobar/ampolar - 40 min. Isto se deve ao fato de que nesses dois tipos de ingurgitamento a aréola apresenta tanto a tensão como a sensibilidade dolorosa aumentadas, tornando-se mais difícil a ordenha das ampolas lactíferas. Ainda, no ingurgitamento mamario glandular há maior área que deve ser m a s s a g ^ a d a Esses

fatores tomam mais tempo pára executar o Procedimento Sistematizado de Assis-tência de Enfermagem proposto nesta pesquisa.

Tomando os dados apresentados no gráfico 1 procedemos à soma do tempo gasto, pela pesquisadora, com cada puérpera para efetuar o tratamento do ingur-gitamento mamario. Dessa forma, constatamos que nos casos de inguringur-gitamento glandular esse resultado foi de 2h 13min, seguido por lh 52min e lh 24min para lobar/ampolar e lobar, respectivamente.

Assim, o maior tempo gasto pela pesquisadora, para o tratamento das puér-peras com ingurgitamento mamario obtido neste estudo, foi menor que o tempo preconizado por ALCALÁ 2 que é de 4h 30min/enfermagem para cada paciente

adulto que requer cuidado mterrnediário.

Consideramos ainda, que a própria puérpera tem condições de aplicar o mé-todo de massagem com o massageador elétrico e proceder à expressão manual proposta neste estudo. Portanto, caberia à enfermeira fazer o diagnóstico, a orien-tação e a supervisão do tratamento do ingurgitamento mamario.

Observamos, também, que a colaboração da puérpera, deste estudo, submeti-da ao tratamento do ingurgitamento mamario, crescia à medisubmeti-da que se sentia me-lhor após cada mamada. Essa inferencia foi feita pela pesquisadora, a partir do procura da própria puérpera para que se procedesse a massagem e ordenha, e pelo interesse dela em aprender aplicar o vibrador elétrico para massagear suas mamas.

Todas as puérperas deste estudo afirmaram "não sentir dor'\ quando foi aplicado, pela pesquisadora, o vibrador elétrico para massagens, no tratamento do ingurgitamento mamario.

Corrobora a vantagem do uso do vibrador elétrico para masssagear e da téc-nica da expressão manual da aréola, não só o bem estar da puérpera, como a au-sência de intercorrências que comumente estão presentes no período da amamen-tação.

Como se sabe é amplamente enfatizado na literatura o aparecimento de fissu-ras mamilares, sempre presentes nos casos de ingurgitamento mamario (5, 11,13,

18, 23).

Neste estudo, nenhuma puérpera desenvolveu fissura mamilar ou qualquer outra intercorrência mamaria. Podemos inferir que isso ocorreu pela rapidez da re-gressão do ingurgitamento e pela técnica de expressão aureolar utilizada.

(16)

Embora esta pesquisa tenha sido feita com base em aplicação técnica de pro-cedimentos, queremos deixar registrado que o mérito do uso do vibrador está em proporcionar à mulher a possibilidade de amamentar seu filho alminuindo ao má-ximo possível a sensação dolorosa do ingurgitamento mamario e seu tratamento. Acreditamos no aleitamento materno não somente como obrigação materna em su-prir as necessidades nutricionais da criança, mas como uma fase de satisfação que se propaga para toda a família.

Com base nos objetivos definidos no presente estudo, foram as seguintes as conclusões extraídas dos resultados obtidos:

1. Os tipos de ingurgitamento mamario identificados foram: lobar 14 (56,0%), seguido de lobar/ampolar 6 (24,0%) e glandular 5 (20,0%).

2. Os setores da mama mais comprometidos pelo ingurgitamento mamario fo-ram os quadrantes inferiores externos esquerdo (QIEE) e direito (QIED), que apresentaram uma freqüência de 25 (100,0%) e 23 (92,0%) respectivamente. Quanto aos quadrantes superiores, os externos direito (QSED) e esquerdo (QSEE) apresentaram freqüência de 18 (72,0%) e 17 (68,0%), respectivamente.

3. A maior freqüência de ingurgitamento mamario, nos três tipos estudados, foram em puérperas cujos recém-nascidos estavam na menor faixa de peso; das 25 (100,0%) puérperas deste estudo, 12 (48,0%) tinham filhos na menor faixa de pe-so (2650 a 3000g); 7 (28,0%) puérperas os filhos pesavam entre 3000 e 3300 g, 4 (16,0%) puérperas tinham recém-nascidos com peso entre 3300 e 3600 g e 2 (8,0%) puérperas os filhos estavam na faixa de peso entre 3600 e 3900g.

A atividade de sucção do recém-nascido interferiu no tratamento do ingur-gitamento mamario. Para mães cujos recém-nascidos foram classificados como "sonolento", o tempo de regressão dos sintomas foi maior em relação os recém-nascidos categorizados "ativo". Para o ingurgitamento lobar o tempo médio de remissão foi de 9h para "sonolento" e 5h 24min para "ativo". Quanto ao lo-bar/ampolar o tempo médio foi de lOh para "sonolento" e de 8h para "ativo". Já em relação ao ingurgitamento glandular, o tempo médio foi de 12h para "sono-lento" e de 7h para "ativo".

4. À medida que o Procedimento Sistematizado de Assistência de Enferma-gem foi aplicado, houve uma diminuição do setor mamario comprometido e do tempo em cada mamada para aplicação do método.

O tempo constatado para regressão total dos sintomas do ingurgitamento mamario foi de 6h 9min para o tipo lobar, 8h 5min para lobar/ampolar e 1 lh para o glandular.

A eficácia do tratamento proposto foi comprovado pelo fato de que nenhum

(17)

caso de ingurgitamento mamario apresentou agravo dos sintomas mas, sim, remis-são.

A aplicação do vibrador elétrico possibilitou a execução de massagens em todos os setores da mama, sem provocar queixa de sensação dolorosa pelas puér-peras.

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