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PRODUÇÃO E DISTINÇÃO NA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO: ANÁLISE DOS BOLSISTAS DE PRODUTIVIDADE EM PESQUISA NÍVEL 1 DO CNPQ :: Brapci ::

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XIV Encontro Nacional de Pesquisa em Ciência da Informação (ENANCIB 2013)

GT 7: Produção e Comunicação da Informação em CT&I

Comunicação Oral

PRODUÇÃO E DISTINÇÃO NA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO: ANÁLISE DOS BOLSISTAS DE PRODUTIVIDADE EM PESQUISA NÍVEL 1 DO CNPQ

Murilo Artur Araújo da Silveira – UFPE/UFRGS Leilah Santiago Bufrem – UFPE/UNESP

Sônia Elisa Caregnato – UFRGS

Resumo

Discute as atividades de produção e distinção dos pesquisadores da Ciência da Informação no Brasil, com base nas concepções teóricas de Bourdieu sobre o campo científico. Analisa as atividades relacionadas à produção e distinção dos bolsistas de produtividade em pesquisa do CNPq nível 1 na área de Ciência da Informação, de 2003 a 2012. Utiliza o método cientométrico e a técnica de análise de conteúdo, configurando uma pesquisa documental e exploratória. Apresenta como principais resultados: a) concentração de produção científica em poucos bolsistas; b) sinais de distinção concentrados em poucos pesquisadores e em níveis diferentes; c) formação de três grupos de bolsistas na categoria analisada no que se refere à produção e distinção. A partir dos resultados, constata que as relações de força que regem as atividades de produção e distinção na Ciência da Informação no Brasil são sensíveis, permitindo que se distingam poucos pesquisadores.

Palavras-chave: Ciência da Informação. Produção Científica. Distinção Científica. Bolsistas de Produtividade em Pesquisa do CNPq. Brasil.

Abstract

It discusses the activities of production and distinction of Information Science researchers in Brazil, based on Bourdieu's theoretical conceptions about the scientific field. Aims to investigate the activities related to the production and distinction of receivers of Scholarships in Research Productivity of CNPq level 1 in the area of Information Science, 2003-2012. It uses the method scientometric and techniques of content analysis, comprising a documentary and exploratory research. The main results are: a) concentration of scientific production in a few scholars, b) distiction activities concentrated in only some researchers and on different levels c) formation of three groups of scholars in the category analyzed regarding production and distinction. From the results, it notes that the power relations that govern the activities of production and distinction in Information Science in Brazil are sensitive, allowing it to distinguish few researchers.

Keywords: Information Science. Scientific Production. Scientific Distinction. Scholarships in Research Productivity of CNPq. Brazil.

1 INTRODUÇÃO

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expressão do esforço científico realizado por pesquisadores nas diversas áreas do conhecimento.

O processo mobilizador, que está no centro das relações de produção científica, envolve o sujeito na sua relação com os objetos de saber, com os outros sujeitos, com a conjuntura e consigo mesmo. Essa relação se dá por atividades que, por sua vez, se prestam a diferentes sentidos gnosiológicos, políticos, ideológicos, explícitos ou implícitos. Portanto, a reflexão sobre esses modos de produção não prescinde do conhecimento das relações de poder engendradas nos macro e micro contextos de agenciamento e de condicionamento de estruturas e sujeitos no campo de conhecimento (BOURDIEU, 2004).

Em estudo sobre a comunicação científica, Meadows (1999) comenta a imprecisão quanto à ocorrência da primeira pesquisa científica. No entanto, o surgimento da imprensa contribuiu de forma significativa para o processo de divulgação da ciência que se fortaleceu ao longo do tempo até a introdução dos periódicos científicos no contexto da produção científica. Esse acontecimento causou uma expansão considerável dos registros do conhecimento, provocando nos pesquisadores a necessidade de atualização em ritmo proporcional a esse avanço, assim como as consequentes repercussões de caráter psicológico pelo sentimento de impossibilidade de não se poder dominar todo o conhecimento produzido.

Assim, a necessidade de melhor conhecer os resultados das pesquisas científicas e de sua comunicação em dado campo de produção científica implica estudos sobre os cenários e os atores na conjuntura, suas competências específicas, seus referenciais, suas posições ideológicas e seus trânsitos entre outros atores e cenários. Nesse contexto ocorrem os acontecimentos que contribuem para o crescimento no processo de produção e comunicação científica, tais como eventos, editais de fomento, subvenções financeiras, ritos de iniciação científica e os níveis subsequentes, normas e leis que regulamentam essa produção (WHITLEY, 1974). E esse movimento de forças vivas, na sua complexidade, é ao mesmo tempo mobilizado e mobilizador das relações de força provocadas pelos atores, instituições, acontecimentos e características do cenário, entre as quais, as mais evidentes são as de confronto, de coexistência e de cooperação, cujas repercussões desdobram-se em modos de competição, de colaboração, de domínio, de igualdade ou de subordinação.

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que se compreenda como os cientistas fazem ciência, como se utilizam de seu capital e de seus saberes, como comunicam os resultados do fazer científico e quais os postulados e as formas de produção do conhecimento científico, tanto do ponto de vista da sua natureza, como de seu processo.

Inspirada nas concepções de Bourdieu (1998; 2007) sobre as relações de poder no campo científico, Bufrem (2013) indica as possibilidades de estudo sobre a efetividade das práticas em relação aos processos de produção, reprodução e distinção em seus desdobramentos na Ciência da Informação.

Esses desdobramentos do poder legitimam sujeitos, domínios e práticas, instituindo uma cultura permeada por valores de troca, pela qual os sujeitos criam e produzem em forma de livros, capítulos, artigos e comunicações em congressos e desenvolvem atividades que representam as forças no campo científico. Semelhante a uma moeda de troca, o capital

científico oferece aos seus detentores um poder simbólico sobre a ciência que “administram”

e avaliam, por meio do qual atribuem valor e definem padrões.

Dentro deste contexto, insere-se o capital cultural, a competência cultural e linguística herdada, sobretudo, da família, facilitadores do bom desempenho na aprendizagem e na pesquisa. Assim, ao usar linguagem e cultura pertencentes aos herdeiros desses bens, criando padrões e critérios de avaliação fundamentados em decisões burocráticas, a instituição cometeria uma violência simbólica ao impor, ao conjunto dos pesquisadores, valores que pertencem a um único grupo, impedindo o acesso daqueles que não adquiriram o necessário capital cultural (BOURDIEU, 2007).

A busca de reconhecimento é mencionada por Le Coadic (1996) quando defende que embora nem sempre seja movido por retorno de caráter financeiro, o pesquisador procura na comunicação científica o reconhecimento da comunidade. Desse modo, o processo de transferência da informação e do conhecimento, resultado do trabalho dos pesquisadores, é

caracterizado como “doação”, enquanto o reconhecimento é colocado como condição

necessária para sua existência:

Mas essa doação só pode existir na medida em que a comunidade científica fornece, por sua vez, uma contrapartida, que é a afirmação do indivíduo como cientista. Primeiramente, há um reconhecimento interpessoal pela comunidade em questão, depois, uma confirmação maior que é institucional e que se faz merecida por causa de um volume intenso e constante de publicações originais. (LE COADIC, 1996, p. 30).

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acadêmica e da instituição na qual está inserido. Como defende Le Coadic (1996), a afirmação do pesquisador tem na comunicação científica um importante instrumento que é o canal pelo qual ele veicula os resultados das pesquisas para que a comunidade e a sociedade tomem conhecimento do estágio dos resultados alcançados.

Seus produtos passam a fazer parte do mercado dos bens simbólicos que tem na escola, em todos os níveis, a principal estrutura objetiva que molda mentalidades e comportamentos (BOURDIEU; PASSERON, 1970). Embora se reconheça que o sistema educacional reproduz as desigualdades sociais, considera-se aqui seu poder de transformação oriundo das criações de caráter científico inovador que nas instituições de ensino e pesquisa se realizam.

A escola superior faz parte dessa estrutura objetiva, situando-se como lócus especial tanto para a produção desse tipo de conhecimento inovador, quanto para a reprodução das construções científicas e sua inserção no mercado, e posterior consagração que distingue autor e obra. Para Nogueira (2004):

Hoje, em ritmo de globalização capitalista e informacionalização, o conhecimento também se tornou um bem de mercado: pode e deve ser “comprado” para que seja possível, às pessoas, uma melhor adaptação ao mundo. O conhecimento virou uma mercadoria e passou a integrar o mesmo circuito de produção e circulação de mercadorias. Com isto, tudo aquilo que, na universidade, existe para produzir e transmitir conhecimento sofre uma drástica alteração: aulas, pesquisas, relações entre alunos e professores, teses e monografias, adquirem novos sentidos e significados. A produção se torna mais importante do que a transmissão, o acúmulo de informações ganha destaque diante da reflexão, os resultados passam a ser mensurados com obsessão e segundo critérios estranhos à própria lógica do conhecimento, os relacionamentos são formatados para gerar respostas no curto prazo, não para promover efetivos intercâmbios intelectuais, o quanto se faz fica mais relevante do que o como se faz e o porquê se faz. Instala-se um quadro sustentado pelo cálculo, pelo custo-benefício, por uma racionalidade “irracional”, pouco compatível com a razão crítica que alimenta a ciência.

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aparência de neutralidade dessas instituições ou formas institucionalizadas de exercício de poder, quando na realidade condicionam os pesquisadores de acordo com os critérios e decisões das elites que controlam o sistema de produção e creditação científica.

Contudo, o foco na tríade conhecimento, produção e comunicação científica e na convicção de que a genuína criação se situa como ruptura no campo, quais os indícios de produção e distinção como modos de representação do conhecimento científico? A partir dessa questão propõe-se como objetivo investigar, segundo as concepções de Bourdieu, as atividades relacionadas à produção e distinção dos bolsistas de produtividade em pesquisa do CNPq nível 1 na área de Ciência da Informação, de 2003 a 2012.

A reivindicação para realização dessa pesquisa partiu da sugestão de estudos anteriores que apontam a oportunidade de análises sobre as relações de poder oriundas das estruturas e forças de produção e as instâncias de consagração. O estudo de Wainer e Vieira (2013) descreve, por meios quantitativos, a realidade brasileira sobre as solicitações, renovações e denegações das bolsas de produtividade em pesquisa do CNPq em todas as áreas do conhecimento, demonstrando assim a urgência para a discussão do tema de forma panorâmica e transversal.

Torna-se oportuno justificar que a proposta em tela busca refletir sobre o nível de institucionalização da pesquisa científica na Ciência da Informação brasileira, suas circunstâncias de produção e distinção, objetivando debater sua dinâmica de constituição disciplinar no âmbito das agências de fomento (WHITLEY, 1980). Coloca-se ainda que o estudo pretende lançar elementos para construção de um instrumento teórico-metodológico para aplicação a outras áreas do conhecimento, salvaguardando as especificidades do fazer científico.

2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

O universo de bolsistas analisados é composto por 16 pesquisadores vinculados a instituições públicas e a programas de pós-graduação em Ciência da Informação brasileiros e com experiência profissional reconhecida, considerados ativos no ano de 2013, na página do CNPq.

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Etapa 1: Elaboração do Modelo Dimensional

a) Escolha das atividades acadêmicas e científicas relacionadas às dimensões produção e distinção;

b) Definição do modelo dimensional em consonância com as atividades escolhidas.

Etapa 2: Levantamento de Informações sobre as Bolsas e os Bolsistas de Produtividade em Pesquisa Nível 1

a) Coleta e análise dos documentos normativos para concessão e manutenção de bolsas de produtividade em pesquisa no sítio eletrônico do CNPq;

b) Captura das informações disponíveis sobre os bolsistas de produtividade em pesquisa nível 1 ativos em 2013.

Etapa 3: Organização das Informações dos Bolsistas de Produtividade em Pesquisa Nível 1

a) Consulta e coleta das informações dos bolsistas levantados no CNPq na Plataforma Lattes, com base nas informações constantes nos curriculos até o dia 30 de maio de 2013; b) Disposição das informações coletadas nos currículos dos bolsistas no modelo

dimensional elaborado, em referência às atividades acadêmicas e científicas.

Etapa 4: Análise e Discussão dos Resultados

a) Organização dos dados coletados nas tabelas e quadros com base no modelo dimensional produção e distinção;

b) Elaboração das tabelas, quadros e representações cartográficas para a realização das análises;

c) Análise e discussão dos resultados com base nas informações constantes nos quadros e gráficos.

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Quadro 1: Modelo Dimensional das Atividades Dimensões de

Avaliação

Atividades Avaliadas

Discriminação das Atividades Avaliadas

Produção

Produção Bibliográfica

Artigos em Periódicos Livros e Capítulos de Livros Trabalhos Completos e Resumos em Eventos

Produção Técnica Itens de Produção Técnica

Orientações

Projetos de IC TCC Dissertações

Teses Pós-doutorado

Distinção

Atividades Editoriais Membro de Corpo Editorial Revisor de Periódico

Participação em Bancas

TCC Mestrado Doutorado

Comissões Julgadoras Participação em Comissões

Fonte: Os autores (2013).

Diante do exposto, a próxima sessão apresenta as análises dos resultados obtidos da coleta e organização das informações presentes nos documentos, voltadas ao entendimento das questões produtivas e de distinção do conjunto.

3 PRODUÇÃO E DISTINÇÃO NA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO

As análises das dimensões produção e distinção são realizadas em dois momentos. O primeiro discute a distribuição das bolsas com base nas informações constantes no sítio do CNPq, e o segundo foca as atividades realizadas pelos bolsistas PQ-1 (1A, 1B, 1C e 1D) ativos em 2013, utilizando-se os registros por eles mantidos na Plataforma Lattes.

O Gráfico 1 apresenta a distribuição 46 bolsas ativas em 2013 em todos os níveis e faixas contemplados pelo CNPq.

Gráfico 1: Distribuição das Bolsas de Produtividade em Pesquisa do CNPq Ativas em 2013 para a Área da Ciência da Informação (n=46)

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O gráfico 1 aponta a UNESP como a instituição com o maior número de bolsas PQ, dez no total, seguida pelo IBICT e UNIRIO, com cinco bolsas cada uma. Em seguida, aparecem a UNB, a USP e a UFF com quatro bolsistas de cada uma. Com duas bolsas figuram a UFMG, a UFPB, a UFPE e a UFSC, e com uma bolsa, a UFSCAR, a UEL, a UFC, a UFBA, a FIOCRUZ e a UNIGRANRIO.

A representação gráfica acima demonstra concentração acentuada das bolsas na Região Sudeste, com destaque para as instituições dos Estados de São Paulo (UNESP, USP e UFSCAR) e Rio de Janeiro (IBICT, UNIRIO, UFF, FIOCRUZ e UNIGRANRIO). As Regiões Centro-oeste, Nordeste e Sul apresentam poucas bolsas em relação à Região Sudeste, e juntas representam 1/3 das bolsas ativas do quadro total. Tal panorama pode ser explicado pela quantidade de programas de pós-graduação no Sudeste, bem como pelo tempo de funcionamento dos mesmos, concentrando assim recursos humanos experientes em atividades de pesquisa. Do grupo de 46 pesquisadores bolsistas, 16 encontram-se no nível 1, divididos em quarto faixas. O Quadro 1 exibe o perfil dos bolsistas PQ-1 do CNPq e as faixas do nível analisado pela pesquisa.

Quadro 2: Perfil dos Bolsistas de Produtividade em Pesquisa do CNPq Nível 1 Ativos em 2013

Nome Nível Vigência Instituição

Início Término

MNGG PQ-1A 01/03/2012 28/02/2017 IBICT

RMM PQ-1A 01/03/2010 28/02/2015 FIOCRUZ

SPMM PQ-1A 01/03/2011 29/02/2016 UNB

EJS PQ-1B 01/03/2012 29/02/2016 UNB

JACG PQ-1B 01/03/2012 29/02/2016 UNESP

LVRP PQ-1B 01/03/2012 29/02/2016 IBICT

RFS PQ-1B 01/03/2012 29/02/2016 IBICT

MSLF PQ-1C 01/03/2010 28/02/2015 UNESP

MLGL PQ-1C 01/03/2010 28/02/2014 USP

BVC PQ-1D 01/03/2012 29/02/2016 UFMG

GOO PQ-1D 01/03/2010 28/02/2014 IBICT

IT PQ-1D 01/03/2012 29/02/2016 UNIRIO

LSB PQ-1D 01/03/2013 28/02/2017 UFPE

NYK PQ-1D 01/03/2013 28/02/2017 USP

SA PQ-1D 01/03/2010 28/02/2014 IBICT

SAA PQ-1D 01/03/2010 28/02/2014 UNB

Fonte: CNPq (2013).

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instituições a que pertencem e o período de vigência das bolsas. Identificam-se três pesquisadores na faixa A, quatro na faixa B, dois na faixa C e sete na faixa D, com bolsas ativas no período de quatro a cinco anos de vigência. Nas faixas A e C, o período de concessão é de cinco anos, com exceção da bolsa do pesquisador MLGL, e nas faixas B e D, o período da vigência da bolsa é de quatro anos. Nota-se também que em determinados períodos de tempo, as concessões são maiores que em outros, sendo, portanto, uma sinalização importante de demandas desse grupo social e de incrementos eventuais na cota de bolsas ofertada pela agência.

Para complementar a discussão, traz-se o Gráfico 2, que ilustra a distribuição institucional dos bolsistas PQ-1 da Ciência da Informação.

Gráfico 2: Distribuição das Bolsas de Produtividade em Pesquisa do CNPq Nível 1 Ativas em 2013 para a Área de Ciência da Informação (n=16)

Fonte: CNPq (2013).

O gráfico demonstra a concentração de bolsas PQ-1 na Região Sudeste de forma acentuada, correspondendo a 75% do total. Os outros 25% das bolsas estão distribuídas nas Regiões Centro-oeste (18,75%) e Nordeste (6,25%). Das bolsas concedidas, visualizam-se as posições privilegiadas dos pesquisadores vinculados ao IBICT, à UNB, à UNESP e à USP, reforçando a ideia da presença significativa dos recursos humanos mais experientes do campo, porque há mais longo período de tempo exercendo suas atividades nos principais programas de pós-graduação do país.

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produtividade dos bolsistas, mesmo porque ela é dependente de diversos fatores. O que se pretende é demonstrar as relações de forças que governam o fluxo das atividades materializadas.

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Tabela 1: Atividade dos Bolsistas de Produtividade em Pesquisa do CNPq Nível 1 na Dimensão Produção (2003-2012) Produção PQ 1 PQ 2 PQ 3 PQ 4 PQ 5 PQ 6 PQ 7 PQ 8 PQ 9 PQ 10 PQ 11 PQ 12 PQ 13 PQ 14 PQ 15 PQ 16 Produção Bibliográfica

Artigos Publicados em

Periódicos 13 23 20 33 13 21 47 19 49 4 10 15 15 8 16 12

Livros Publicados 2 0 1 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 2 2

Livros Organizados 0 4 0 5 2 2 5 3 1 0 0 7 0 5 1 0

Capítulos de Livros 14 15 14 46 9 5 46 12 24 5 4 6 13 15 9 3

Trabalhos Completos

em Eventos 11 18 8 34 24 23 50 24 47 21 18 23 15 16 27 12

Resumos em Eventos 6 4 0 17 1 22 38 4 45 5 9 24 0 6 14 1

Produção Técnica Itens de Produção

Técnica 98 18 13 150 4 195 278 122 60 9 26 112 9 20 68 23

Orientações

Projetos de IC 3 12 0 18 0 17 16 6 39 0 0 0 3 7 13 2

TCC 15 0 0 20 1 41 29 21 31 2 0 0 15 0 37 9

Dissertações 18 12 15 11 23 14 17 10 18 18 3 6 18 12 20 7

Teses 7 9 10 8 13 5 6 2 6 10 4 12 7 1 5 12

Pós-doutorado 0 0 0 1 4 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Fonte: Plataforma Lattes (2013).

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Do quadro geral evidenciado pela Tabela 1, destacam-se os bolsistas PQ3, PQ5 e PQ10 com contribuições significativas no processo de formação de recursos humanos qualificados ao campo, nos níveis e mestrado e doutorado e pós-doutorado. Em seguida, enfatiza-se a contribuição dos bolsistas PQ4, PQ6, PQ7, PQ8, PQ9 e PQ15 em relação às orientações nos primeiros níveis de formação dos estudantes (projetos de iniciação científica e trabalhos de conclusão de curso). Visualiza-se que dois pesquisadores (PQ4 e PQ5) realizaram atividades de supervisão de pós-doutorado na área, diferenciando-se dos demais na dimensão produção.

Os números demonstram as orientações e supervisões concluídas pelos bolsistas PQ-1 no período de 2003 a 20PQ-12, em cinco níveis distintos de formação. Percebe-se que boa parte dos pesquisadores costuma orientar nos primeiros níveis de formação acadêmica (projetos de iniciação científica e trabalhos de conclusão de curso), sendo que alguns empreendem maiores esforços em relação aos demais.

Evidencia-se o equilíbrio no número de orientações de alunos de mestrado dentre os 16 pesquisadores no período, mas que não pode ser observada em relação à orientação de alunos de doutorado. Tal situação revela que alguns desses bolsistas começaram a orientar no nível de doutorado recentemente, além de demonstrar a pouca oferta de cursos nessa modalidade de formação na área da Ciência da Informação no Brasil. Registram-se ainda as supervisões de pós-doutorado concluídas, indicando uma tendência a ser acompanhada e incentivada pelas agências nos próximos anos.

Sobre a produção técnica, visualiza-se um padrão semelhante de frequência nos esforços realizados pelo grupo, em relação à produção bibliográfica. Assim, destacam-se os PQ4, PQ6 e PQ7 como os mais produtivos neste item avaliado, constituindo-se como um grupo distinto por conta dos números expressivos de produção. Merece atenção, ainda, os bolsistas PQ1, PQ8, PQ9, PQ12 e PQ15 pela produção técnica, configurando-se como o conjunto intermediário. Os outros pesquisadores formam o grupo menos produtivo no item produção técnica, com um número maior de integrantes (8 pesquisadores bolsistas).

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Tabela 2: Atividade dos Bolsistas de Produtividade em Pesquisa do CNPq Nível 1 na Dimensão Distinção (2003-2012) Distinção PQ 1 PQ 2 PQ 3 PQ 4 PQ 5 PQ 6 PQ 7 PQ 8 PQ 9 PQ 10 PQ 11 PQ 12 PQ 13 PQ 14 PQ 15 PQ 16 Periódicos Atividades Editoriais 9 8 13 8 4 11 14 1 10 6 6 11 3 17 15 15

Bancas

Bancas de TCC 33 0 1 40 0 1 65 34 87 3 0 39 0 0 17 15

Bancas de Mestrado 47 21 17 71 7 45 64 25 95 17 8 67 17 23 16 26

Bancas de Doutorado 18 12 26 35 8 24 23 7 26 23 10 12 24 15 4 24

Comissões Comissões Julgadoras 24 1 9 31 1 32 25 8 77 11 0 9 11 1 18 11 Fonte: Plataforma Lattes (2013).

Do conjunto de pesquisadores analisados, os bolsistas PQ4 e PQ9 podem ser considerados os mais distintos no período, por suas contribuições diversificadas em várias frentes de trabalho. Em atividades editoriais, os PQ14, PQ15 e PQ16 foram os que desempenharam o maior número de funções relativas à editoração de periódicos. Os bolsistas que se destacam em participações como membros de bancas examinadoras são os PQ4 e PQ9 de forma mais expressiva, e os PQ3, PQ7 e PQ12 em menor número. Por fim, apontam-se os PQ4, PQ6 e PQ9 como os mais solicitados para atuação em comissões julgadoras no período.

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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao se pensar as dimensões da produção do conhecimento e todas as questões que circundam essas ações, o exercício da crítica por todos os segmentos envolvidos reforça momentos de ruptura dos processos reprodutivos. Essa crítica permite visualizar as disputas e as relações de força entre os grupos antagônicos, que em muitos casos são desiguais. Nesse sentido, todas as instâncias devem empreender esforços concentrados para o entendimento dos fluxos que governam as práticas socioculturais de produção e distinção na ciência, para fins de regulação das desigualdades.

No cenário científico, as áreas do conhecimento estabelecem disputas internas e externas que determinam o nível das posições ocupadas e os privilégios e benefícios alcançados. Essas posições e subvenções são conquistadas pelo esforço realizado e os créditos conferidos pela contribuição do esforço, alimentando e retroalimentando a dinâmica das trocas simbólicas, e reforçando as ações reprodutoras de manutenção.

Entendendo a Ciência da Informação como campo de produção de conhecimentos, que participa do circuito de disputas, é importante conhecer e entender as forças que governam os fluxos e as tensões, com vistas à minimização das assimetrias, à reorganização das estruturas sociais e à redefinição dos padrões e instrumentos da atividade científica. Dentro dessa perspectiva, esta pesquisa direcionou suas atenções à compreensão de uma parte que compõe o sistema produtivo e distintivo da Ciência da Informação, os bolsistas de produtividade em pesquisa nível 1 do CNPq.

Em linhas gerais, o panorama exibido evidencia uma expressiva produção científica do grupo, concentrada em um número reduzido de pesquisadores, em diferentes níveis de atividades realizadas. Do ponto de vista da distinção, percebe-se também que há um número reduzido de bolsistas que se destacam nas atividades contempladas pela análise. Registra-se ainda que maioria significativa dos bolsistas está vinculada às instituições da Região Sudeste, onde há mais forte tradição de pesquisa e de formação de recursos humanos em nível de pós-graduação.

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Desse modo, a pesquisa fornece indícios para ampliação e aprofundamento da avaliação das diversas atividades dos bolsistas de produtividade em pesquisa do CNPq, nas dimensões produção e distinção. Os resultados sinalizam um quadro resultante das informações fornecidas pelos pesquisadores, estando, portanto, condicionados à atualidade e fidedignidade dos registros efetuados. Logo, o estudo aponta um retrato parcial de trajetórias profissionais realizadas e registradas, identificando os perfis de um grupo social específico, eximindo-se da prerrogativa de verdade absoluta.

Sugere-se assim que a comunidade discuta com mais ênfase a configuração do que se entende por produção técnica, uma vez que os registros coletados são diversificados, sem denominações fixas como a produção bibliográfica, acarretando em equívocos e prejuízos de natureza produtiva. A mesma sugestão se aplica às comissões julgadoras, tendo em vista as inúmeras possibilidades de manifestações do item, não contempladas pela Plataforma Lattes.

Em relação ao escopo e alcance da pesquisa, indica-se: a) a análise das citações da produção bibliográfica dos pesquisadores bolsistas, como elemento de distinção, tendo em vista a relevância de suas contribuições para o corpo de conhecimentos do campo; b) o estabelecimento de vínculos entre as dimensões produção e distinção, partindo do princípio de sua indissociabilidade dentro da lógica de produção de conhecimento.

REFERÊNCIAS

BOURDIEU, P. A distinção: crítica social do julgamento. São Paulo: EDUSP; Porto Alegre: Zouk, 2007.

BOURDIEU, P. A economia das trocas simbólicas. São Paulo: Perspectiva, 1999.

BOURDIEU, P. Os usos sociais da ciência: por uma sociologia clínica do campo científico. São Paulo, Ed. UNESP, 2004.

BOURDIEU, P.; PASSERON, J. A reprodução: elementos para uma teoria do sistema de ensino. Lisboa: Veja,1970.

BUFREM, L. S. Produção, reprodução, distinção: três faces da pesquisa científica no campo da Ciência da Informação. João Pessoa: UFPB, 2013. Aula Magna no PPGCI-UFPB em 11 de março de 2013.

LE COADIC, Y. F. A ciência da informação. Brasília: Briquet de Lemos,1996.

MEADOWS, A. J. A comunicação científica. Brasília: Briquet de Lemos, 1999.

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WAINER, J.; VIEIRA, P. Correlations between bibliometrics and peer evaluation for all disciplines: the evaluation of Brazilian scientists. Scientometrics, v. 96, n. 2, p. 395-410, 2013.

WHITLEY, R. Cognitive and social institucionalization of scientific specialities and research areas. In: WHITLEY, R. (Ed.). Social processes of scientific development. London: Routledge and Kegan, 1974. p. 69-95.

Imagem

Gráfico 1: Distribuição das Bolsas de Produtividade em Pesquisa do CNPq Ativas em 2013 para a Área da Ciência da  Informação (n=46)
Gráfico 2: Distribuição das Bolsas de Produtividade em Pesquisa do CNPq Nível 1 Ativas em 2013 para a Área de  Ciência da Informação (n=16)
Tabela 1: Atividade dos Bolsistas de Produtividade em Pesquisa do CNPq Nível 1 na Dimensão Produção (2003-2012)  Produção  PQ 1  PQ2  PQ3  PQ4  PQ5  PQ6  PQ7  PQ8  PQ9  PQ10  PQ11  PQ 12  PQ 13  PQ 14  PQ 15  PQ 16  Produção  Bibliográfica  Artigos Publica
Tabela 2: Atividade dos Bolsistas de Produtividade em Pesquisa do CNPq Nível 1 na Dimensão Distinção (2003-2012)  Distinção  PQ 1  PQ2  PQ3  PQ4  PQ5  PQ6  PQ7  PQ8  PQ9  PQ10  PQ 11  PQ12  PQ13  PQ 14  PQ 15  PQ 16  Periódicos  Atividades Editoriais  9  8

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