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MEIO AMBIENTE E TURISMO BUSCANDO SUSTENTABILIDADE E MELHORIA DA QUALIDADE DE VIDA. UM ESTUDO DE CASO DA APA DO LITORAL NORTE DA BAHIA

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MEIO AMBIENTE E TURISMO BUSCANDO SUSTENTABILIDADE E MELHORIA DA QUALIDADE DE VIDA. UM ESTUDO DE CASO DA APA DO LITORAL NORTE

DA BAHIA

Rosane Oliveira Barreto1 Lia da Costa Alvim Alvarenga2

Eixo Temático - Ensino, pesquisa e extensão em ecoturismo no Brasil Palavras Chave: Turismo Sustentável, meio ambiente, educação ambiental.

Introdução

O Litoral Norte foi a ultima região a ser habitada; há oito mil anos atrás, por grupos que deixaram vestígios conhecidos como sambaquis. Enormes depósitos de conchas, ferramentas e utensílios feitos na sua maioria de pedra, acumulados de geração a geração ao longo de centenas ou mesmo milhares de anos. Grupos construtores de sambaquis podem ter ocupado várias partes do extremo litoral baiano, mais cedo, sem que seus restos tenham sido encontrados até agora. Por volta de 500 anos depois de Cristo, grupos conhecidos como tupis passaram a chegar ao litoral da Bahia, misturando-se aos habitantes mais antigos ou expulsando–os para o interior (GAIA, 2004)

Na Bahia, a construção da cidade de Salvador em 1549 fez com que os portugueses se empenhassem em conquistar o litoral, para que depois o Litoral Norte passasse a fornecer para Salvador carne, leite, couro e peixe em especial o óleo da baleia, usado na iluminação urbana.

O Governo Geral doava grandes lotes de terra em sesmaria a quem fosse capaz de tomá-la dos índios, que escolhiam entre lutar pela terra, chegando muitas vezes a preferir a morte, a aceitar o domínio dos portugueses. Os que se submetiam aos portugueses ou os que eram capturados nos conflitos eram levados às missões religiosas fundadas pelos jesuítas.

Surgiram daí os povoados como Abrantes, Arembepe e Praia de Forte.

1Bióloga Licenciada das Faculdades Jorge Amado (BA), Guia de Turismo de Turismo.

rosanenani@yahoo.com.br / 7191795552

2 Mestre em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente_Conservação da Biodiversidade;

Professora das Faculdades Jorge Amado, Salvador BA lia.alvarenga@uol.com.br / 7188685162

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Em 1549, Garcia D’Ávila, conhecido por muitos como filho bastardo do Governador Geral, Tomé de Souza, ganhou terras que vinham desde Itapoã, em Salvador, até o Maranhão, surgindo uma vila que hoje é conhecida como Município de Mata de São João. Ali foram construídas armações de pescas e currais. Ao redor, viviam escravos e descendentes de índios que serviam como trabalhadores das terras que produziam mandioca, feijão, frutas e outros vegetais para o próprio consumo da família e renda do que fosse vendido (RISÉRIO, 2004).

Em 1551 D’Ávila constrói a sua casa no ponto mais alto do Litoral Baiano, conhecido pelos índios como Morro do Tatuapara, em Mata de São João para servir como fortaleza. Tal estratégia foi usada para fiscalizar o movimento de embarcações que se aproximavam do Porto da Bahia. A casa levou o nome de Casa da Torre ou Castelo Garcia D’Ávila dando origem à Vila de Praia do Forte (RISÉRIO, 2004).

Figura 1: Castelo Garcia D’Ávila

Ao longo do século XIX, os descendentes dos Ávilas foram perdendo o interesse pelas terras do Litoral Norte transferindo-se para o Rio de Janeiro no final do século.

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A enorme faixa de terra que cobria praticamente todo o Litoral Norte foi lentamente se dividindo, às vezes para formar grandes fazendas, outras para dar lugar a quintais e roças de pequenas comunidades rurais que passaram a produzir por conta própria nas terras abandonadas. A fazenda Praia do Forte foi uma das poucas que não foi dividida.

Atualmente “A Casa da Torre” é um importante local de visitação turística em Praia do Forte (AMARAL, 2002).

No período de 1950 a 1970 iniciou-se a fase de crescimento industrial, que resultou no crescimento urbano de Salvador e das sedes próximas aos campos de petróleo. Na década de 70 houve então a implantação da rodovia Litorânea BA 099 que teve como objetivo a criação de novos comércios expandindo assim a cidade do Salvador e dando margem a um intenso processo de especulação imobiliária. Criou-se, deste modo, condições para processos de expansão urbana sobre ambientes frágeis comprometendo a qualidade do ecossistema (GERCO, 2003).

De1950 até 1970 houve o início da exploração de petróleo, surgindo assim os Pólos Petroquímicos de Camaçari, retornando então o Litoral Norte a ser um ponto de economia e subsistência para a população local e para Salvador, dando margem então para o crescimento imobiliário na região. Passados os efeitos iniciais da Petroquímica, e com a expansão da Estrada do Coco e depois da Linha Verde, iniciou-se a ocupação centralizando o turismo na região. O crescimento do mercado turístico na área, tendo como privilégio a beleza natural que ali se encontra, atraiu sulistas e principalmente estrangeiros que vieram em busca de descanso e lazer e se apaixonaram retornando com o objetivo de investir o turismo na região. Esse processo permanece até os dias de hoje e por falta de ordenamento também o impacto ambiental. Foi dessa forma que surgiu O Praia do Forte Resort &Thalasso SPA, e que serviu de modelo para os novos empreendimentos e para as construções residenciais fazendo com que os empreendedores apostassem na nova economia do dito turismo sustentável, que deveria ter como base a intersecção do desenvolvimento social, do desenvolvimento econômico e da conservação ambiental, princípio bastante discutível no modelo de turismo presenciado. Assim sendo, nos últimos anos, o Litoral Norte do Estado da Bahia vem sendo palco de grande desenvolvimento econômico, tendo o turismo como “carro chefe”.

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Nos anos 90 até 2000 foi realizada a segunda etapa da BA 099 que leva ao Estado de Sergipe. Como conseqüência da nova acessibilidade foi implantado o Complexo Turístico Costa do Sauípe, abrindo mais uma vez espaço ao desenvolvimento turístico e fazendo com que o acesso Salvador – Sergipe viesse a ter um grande aumento de construções.

História Recente.

A cada dia que se passa Praia do Forte vem crescendo na área imobiliária, tanto em residências como em hotéis turísticos. Só em 2004 foi terminada a primeira fase do Complexo Hoteleiro Iberostar, que está inserido na fazenda Praia do forte com área total de 2.159.63 hectares registrada na matrícula nº15165 do Cartório de Registro de Imóveis da Comarca de Mata de São João (CRA - 2004).

No intuito de ordenar as construções feitas entre Salvador – Sergipe o trecho foi dividido em APAs (Área de Proteção Ambiental) tendo a partir do Município de Mata de São João o início da APA do Litoral Norte__ APA/LN, através do decreto Estadual nº 1046 de 17/03/1992 com área aproximadamente de 134.600 hectares e 142 km, situando nos municípios de Mata de São João, Entre Rios, Esplanada, Conde e Jandaíra, com praias, dunas, coqueiros e reservas florestais.

No ato da criação da APA__LN (Área de Proteção Ambiental Litoral Norte) foi organizado um grupo de trabalho sob a coordenação da CONDER (Companhia de Desenvolvimento da Região Metropolitana de Salvador) que no ano de 1998 foi passado para os cuidados da PRODESUR (Programa de Desenvolvimento Sustentável) que teve como objetivo aprimorar o modelo de gestão desta unidade de conservação para a promoção do seu desenvolvimento sustentável.

No início do ano 2000, por questões administrativas do governo, a gestão de todas as APAs da Bahia passam a ser centralizadas no CRA (Centro de Recursos Ambientais), órgão encarregado da execução da política ambiental do Estado da Bahia, que com isto assume a responsabilidade de implementar a PRODESUR.

Mais recentemente no ano de 2003, as APAs passaram para o controle da recém criada Secretaria de Meio Ambiente, que assume junto com o Centro de Recursos Ambiental e

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Companhia de Desenvolvimento da Região Metropolitana de Salvador a responsabilidade da gestão –(CRA e CONDER).

Com o crescimento da ação antrópica e as conseqüências devastadoras sobre os ecossistema da região, principalmente em áreas frágeis, é necessário que sejam criados mecanismos de regulamentação que freiem tamanho impacto.

Em 1992, com a criação da APA /LN (Área de Proteção Ambiental) o desenvolvimento de regras faz a população refletir sobre a atividade de subsistência como pesca, caça, retirada de madeiras e areias para construção e outras ameaças. As comunidades passaram a ter informações sobre a importância da conservação através de ações informativas e educativas, como conservação da fauna, flora, dunas, manguezais, lagoas, brejos que podem chegar à extinção caso não se leve a sério os cuidados necessários do meio ambiente (CONDER, 2003).

Os graus de fragilidade que os componentes ambientais têm em suportar modificações geradas pelas atividades antrópicas que estão ocorrendo com a intensificação da economia na área, devido à implantação da BA 099/ Linha Verde foram estabelecidos da seguinte forma. Praias atuais, bancos de arenitos, cordões de dunas, brejos e lagoas, espaços litorâneos com grau de início de urbanização e área de potencial paisagístico são espaços de alta fragilidade. Áreas úmidas, terraços fluviais, coqueirais em áreas litorâneas são espaços de fragilidade moderada. Formações de barreiras e loteamentos locais de baixa fragilidade.

Devido ao estudo das fragilidades que circundam o ecossistema no Litoral Norte o CRA (Centro de Recursos Ambientais) e CONDER (Companhia de Desenvolvimento da Região Metropolitana de Salvador) desenvolveram espaços conhecidos como zonas específicas, associadas às categorias de conservação e preservação ambiental. Todas as atividades a se instalarem na área de Proteção Ambiental do Litoral Norte, em quaisquer de suas zonas, deverão obter licença da entidade administrativa da APA, e nos casos previstos em lei ou neste zoneamento, licenciamento do órgão ambiental. São essas zonas: ZPR – Zona de Proteção Ambiental; ZME – Zona de Manejo Especial; ZOM – Zona de Orla Marítima; ZPV – Zona de Proteção Visual; ZOR E ZOR–E – Zona de Ocupação Rarefeita e Zona de Ocupação Rarefeita Especial; ZRE – Zona de Reserva Extrativista; ZUP – Zona de Urbanização Prioritária (CONDER, 2002).

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Com o intuito de buscar melhorias para o meio ambiente profissionais da área de biologia, geologia e tantas outras vêm desenvolvendo programas como lixo , produção de mudas, incentivo e formação de áreas verdes e educação ambiental.

Em Praia do Forte, principal pólo turístico do Litoral Norte apesar da formação de vários empreendimentos, ainda se tem a preocupação em se fazer presente a conscientização da ambiental, através da Fundação Garcia d’ Ávila, criada em 1981, que hoje é uma OSCIP (Organização da Sociedade Civil e de Interesse Público), com o objetivo de preservar a memória e a cultura brasileira, ligada a Casa da Torre de Garcia D’Ávila e ao meio ambiente natural promovendo o desenvolvimento sustentável da região.

Além do Castelo, a fundação mantém mais reservas ecológicas como a Reserva de manguezais do Rio Pojuca, das Lagoas Timeantube e Jauara, recifes de corais e a Reserva Sapiranga que faz parte de um remanescente de Mata Atlântica com área de 533 hectares, onde existem ambientes associados a mata como a restinga, corredeiras, manguezal do rio Pojuca e uma população local em torno de 50 famílias.

No dia 17 de março de 1992 a área da reserva foi decretada Zona de Proteção Ambiental/LN, pelo Decreto Estadual 1046 e em 05 de junho de 1996 tornando-se em RPPN (Reserva do Patrimônio Natural) que tem como objetivo a proteção dos recursos ambientais representativos da região. Atualmente a Reserva Sapiranga vem sendo utilizada para o desenvolvimento de atividade de cunho científico, ecológico, turístico, cultural, educacional, recreativo e de lazer.

Em Praia do Forte a Reserva Sapiranga faz parte do remanescente da Mata Atlântica, possuindo uma área de 447 hectares, onde existem ambientes associados à mata, como a restinga, corredeiras, manguezal do Rio Pojuca e uma população local em torno de 150 pessoas. No dia 17 de março de 1992 A área da reserva foi decretada Zona de Proteção Ambiental/ Litoral Norte, pelo decreto Estadual 1046 e em 05 de junho de 1996 passou a integrar então uma RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural) que tem como objetivo a proteção dos recursos ambientais representativos da região, e segundo o Artigo 3º poderão ser utilizadas para o desenvolvimento de atividade de cunho específico, cultural, educacional, recreativo e de lazer( Fundação Garcia D’Ávila, 1993).

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Em Sapiranga é desenvolvido também um projeto de condutores da reserva que tem como objetivo fazer a explanação da mata e da sua biodiversidade ambiental, conscientizando o visitante da área sobre a importância da conservação do espaço e da integração do homem com o ecossistema. O visitante tem conhecimento da fauna e da flora que lá se encontra e que está em vista de extinção como a Coruja (Tyto Alba) Tatu verdadeiro ( Dasypus novemcintus), lontra ( Lutra clogicandis) gato maracajá( Leopardus wiedié) e tantos outros como anuros, cobras, répteis. Na flora encontra-se uma grande diversidade de bromélias, figueiras, sucupira e orquídeas. Constituindo o ecossistema litorâneo em Mata de São João ainda se encontra vegetação de restinga onde se constitui uma das áreas mais alterada e explorada da região

Segundo o professor Dias (2005) nos seus estudos sobre a importância da conservação das restingas,

“Os habitats de restingas são ambientes frágeis com um solo pobre, muito arenoso e com alto grau de salinidade, com a matéria orgânica encontrada apenas em locais onde a vegetação se desenvolve. Em função dessas características, após o desmatamento na área, a recomposição das restingas é muito difícil. Algumas espécies de animais e de vegetais são de ocorrência exclusiva das restingas. Esses organismos que possuem características específicas para a sobrevivência nas restingas, não têm condições de sobreviver em outro tipo de ambiente e a destruição do seu habitat leva ao seu desaparecimento. Dentre os maiores fatores de impacto ambiental nas restingas podemos destacar a fragmentação do habitat caracterizada pela remoção de vegetação e ocupação do lugar por atividades antrópicas como a retirada de areia, urbanização local, conseqüências e construções de estradas com fluxo contínuo de veículos”

Praia do Forte conta também com Programas de Conservação e Preservação das espécies marinhas. Esses programas têm como finalidade desenvolver atividades de pesquisa, proteção e de conscientização ambiental, formando assim colaboradores ecológicos como visitantes pescadores e moradores da região.

Conforme já é de conhecimento de muitos na região da Praia do Forte, onde fica localizada uma concentração de empreendimentos, desovam em torno de 50% das fêmeas matrizes das populações de tartarugas marinhas da costa do Brasil (TAMAR). Em 1982 foi fundado na Praia do Forte o Projeto Tartarugas Marinhas (TAMAR) sendo a 1ª sede do Brasil, o projeto que tem como objetivo garantir a preservação e conservação de quatro das oito espécies ameaçadas de extinção (Caretta caretta, Eretmochelys imbricata, Lepidochelys

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olivacea, Chelonia mydas) e também deoutros animais marinhos como peixes,e equinodermos. Um processo de ocupação antrópica pode acarretar uma série de limitações para a nidificação dessas espécies através da presença de barreiras, lixo, luminosidades, poluição sonora.

Entre esses programas se encontra O Projeto TAMAR que desenvolve projeto de educação ambiental junto aos moradores de Praia do Forte, que antes matavam as tartarugas que ali chegavam em busca de reprodução e alimentação, com o objetivo de comercializar cascos para a confecção de armações de óculos, pentes e decoração. Destruíam-se também ninhos para comer os ovos, ou mesmo os animais.

Além dos benefícios gerados pela educação ambiental o Projeto ajuda a manter creche para as crianças da comunidade e promove a busca de alternativas de subsistência não predatória (artesanato) criando opções de renda para as comunidades através dos empregos que gera (TAMAR 2007). O Projeto TAMAR desenvolve também cursos ministrados por biólogos do projeto às crianças e adolescentes de Praia do Forte formando assim condutores que irão atuar no Centro de Visitantes do Projeto Tamar, atendendo à população local e aos turistas que ali chegam.

O IBJ (Instituto de Baleia Jubarte) foi fundado na Praia do Forte em 2000, devido à necessidade de estudos sobre os animais que migração para a nossa costa em busca de águas mais quentes para a reprodução e alimentação. O Instituto tem objetivo de pesquisa e desenvolver o turismo de observação das baleias, gerando assim valores econômicos que estarão colaborando com as pesquisas científicas e proteção das espécies. Com isso a observação tem que ser mantida sob constante monitoramento, para que não ocorram perturbações aos animais, principalmente aos filhotes, pois a atividade é realizada em áreas de reprodução (INSTITUTO BALEIA JUBARTE. 2007).

Construções e Impactos

Com o acelerado processo de ocupação da zona costeira faz-se necessário uma ação mais efetiva dos órgãos públicos relacionados às questão da ocupação litorânea como o CRA (Centro de Recursos Ambientais) CONDER (Companhia de Desenvolvimento da Região Metropolitana de Salvador), IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente) e a Secretaria de

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Meio Ambiente, evitando que processos urbanos e usos múltiplos, como atividades industriais, portuárias e turísticas, possam vir ao longo do tempo a comprometer a qualidade do Litoral Norte.

Com o aumento dos empreendimentos os impactos ambientais tendem a se intensificar, causando danos à flora como a destruição de espécies que se localizam em cordões de dunas, solos e rios; diminuição de alimentos para os animais; desequilíbrio da flora no ambiente e tantos outros impactos que trazem a degradação do ecossistema. Na fauna os impactos causam a alteração e diminuição dos ambientes de nidificação, reprodução e alimentação; desequilíbrios nos hábitos dos animais causados pala iluminação artificial;

destruição da vegetação mudando o deslocamento da fauna; destruição da micro-fauna do solo, alterando a fonte de energia para a cadeia alimentar e outros meios de destruição.

Figura 2: Empreendimento Hoteleiro em Praia do Forte

Na área em estudo, nota-se, além de condomínios residenciais, lojas, imobiliárias, pousadas e tantas outras construções, dois empreendimentos hoteleiros que se preocupam com as questões ambientais e deixam a entender que é possível o desenvolvimento com menor prejuízo para o meio ambiente. Através desses modelos nota-se a melhoria da qualidade de vida das populações locais, garantindo que as gerações futuras possam aproveitar os recursos naturais e o patrimônio histórico ambiental herdado. Segundo CRA para que se desenvolva uma mentalidade ecológica tais empreendimentos turísticos necessitam por em

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prática alguns objetivos conservacionistas como: I. Promover o desenvolvimento turístico de Praia do Forte, sem causar prejuízo ao meio ambiente natural; II. Liberar potencialidades de desenvolvimento turístico por iniciativas públicas e privadas mantendo um bom relacionamento com as comunidades; III. Respeitar os critérios para a conservação ambiental.

Para Minnini-medina (2000) “a Educação Ambiental é um processo que consiste em propiciar às pessoas uma compreensão crítica e global do ambiente, para elucidar valores e desenvolver atitudes que lhes permitam adotar uma posição consciente e participativa, a respeito das questões relacionadas com a qualidade de vida e a eliminação da pobreza extrema e do consumo desenfreado”.

No fundo, o que a Educação Ambiental pretende é: desenvolver conhecimento, compreensão, habilidades, motivação para adquirir valores, mentalidades, atitudes necessárias para lidar com questões, problemas ambientais e encontrar soluções sustentáveis (DIAS, 1992).

A educação ambiental, vem buscando cada vez mais a consciência das comunidades locais, visitantes da área, turistas, estudantes e empresários a importância da conservação de todas as espécies de forma que se alcance uma economia sustentável naquela área sem ter que prejudicar o ecossistema costeiro e toda a sua biodiversidade.

Espera-se que tais ações possam servir de exemplos em seus acertos para que os novos empreendimentos, já em processo de implantação na região do Litoral Norte da Bahia, possam ter consciência da importância das práticas de conservação para que o turismo local não se veja obrigado a mudar seu foco em função de um ambiente não mais exuberante e belo, nem mesmo de uma população empobrecida e desprovida de patrimônios históricos, culturais e ambientais.

Objetivo

Identificar os aspectos históricos de formação de parte do Litoral Norte da Bahia (Início da APA do Litoral Norte até o Complexo hoteleiro Iberostar Praia do Forte) pontuando as intervenções antrópicas que impactaram negativamente os biomas da região e avaliar a

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percepção de diferentes grupos quanto aos malefícios que o crescimento desordenado vem causando aos ecossistemas presentes.

Metodologia

Utilizou-se de registros escritos e fotográficos que possibilitaram conhecer o processo de formação histórica da área de pesquisa.

Posteriormente realizou-se pesquisa qualitativa através de questionário estruturado. O público participante da pesquisa foi composto de pequenos comerciantes, funcionários de hotéis, guias de turismo, turistas, comunidade local, alunos e professores na área de biologia.

Resultados e Discussão das Questões de Percepção

As questões aplicadas aos moradores, pequenos comerciantes, alunos de biologia, guias de turismo e turistas trazem respostas que permitem estabelecer alguns valores sobre a percepção dos problemas da região. Ao responderem sobre sua opinião a respeito das construções que estão sendo feitas no Litoral Norte 85 % afirmam que essas causam destruição ao meio ambiente e 15% afirmam que trazem trabalho para a população da região. Um morador fez a seguinte observação:

“As construções são ótimas para o turismo, porém elas causam o desmatamento e os animais saem da floresta para a cidade, a gente até vê os micos tomando sorvete na sorveteria da vila..”

A pergunta seguinte permitiu saber se o entrevistado acredita que tais empreendimentos causam impactos a natureza e em caso positivo o que você faria para amenizá-los. 90%

afirmam que sim e em sua maioria impediriam as construções junto à natureza embora tais ações não sejam presenciadas na vila. 10% afirmaram que não há impacto uma vez que a vegetação se recompõe (“cresce a todo o momento”). Destaca-se a observação de um turista Inglês (observador de pássaros) quando afirma: “ O campo de golfe passou a ser um bom lugar para observarmos pássaros já que não os vemos em outras áreas do hotel ditas preservadas”

Diante da chegada dos empreendimentos a comunidade local ganhou novo rumo de trabalho.

Os empreendimentos são válidos para a economia da comunidade? As respostas a essa pergunta mostraram que metade dos entrevistados acha válido porque geram empregos e a

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outra metade não os considera válidos, pois oferece trabalho, mas não cultiva os costumes tradicionais.

“Falar que os empresários geram trabalho e oportunidade de uma renda melhor para a comunidade é coisa do passado. Eles dizem que incentivam a cultura local quando chamam a comunidade para apresentar algum show folclórico, porém não dão condições de aperfeiçoamento. Tudo que os empresários querem é mostrar um show para que os turistas gostem e tirem fotos, acreditando que o hotel incentiva bastante a cultura da região”.

Bióloga que trabalha em Praia do Forte

Quando questionados sobre pontos positivos e negativos causados pelas construções em Praia do Forte os resultados mostraram que 80% mostraram como ponto positivo o fato de gerar de trabalho e 20% a divulgação do local através do turismo. No entanto 100% apontam como negativo a fato da destruição do Meio ambiente.

Em outras respostas pode-se perceber que 60% acreditam que nunca o turismo na região deixará de existir pelo menos na forma como está hoje, 30% acredita que se o turismo migrar para outras regiões a localidade entrará em colapso e 10% que acreditam que nesse caso a

vida volta a ser como era antes. “Se ainda tiver peixe vamos voltar a pescar para comer”

Pescador e morador de Praia do Forte

Conclusão

A cada dia, devido ao poder que a humanidade lhe outorga, os cidadãos relacionam-se de maneira equivocada com o meio onde estão inseridos, fazendo com que este usando de ambição nem perceba que está destruindo a sua própria vida e a qualidade de vida das gerações futuras. A Educação Ambiental proposta neste estudo não está vinculada à simples informação sobre o ecossistema litorâneo, e sim a uma proposta de conscientização e respeito para com a população local, suas práticas e crenças bem como ao meio em que vivem por parte dos que chegam de fora ainda percebendo-se conquistadores de novas terras. A natureza tem limites e o homem precisa entender isso.

De que adianta serem feitas leis que envolvam a questão das áreas que devem se manter intocáveis, se o próprio governo tem como prioridade o desenvolvimento turístico da região.

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Não existe assim garantia nenhuma de que essas áreas terão proteção ambiental, mesmo que sejam divididas em APAs, se não há possibilidade de fiscalização ambiental e obediência à essas leis por parte dos empreendimentos.

O que parece que não foi entendido ainda é que se o processo exploratório não for freado e regulamentado estarão pondo fim à riqueza cultural, cênica e ambiental que atrai o turista para o Litoral Norte.

Referências

AMARAL, Brás do. O Castello da Torre d’ Ávila. Salvador: IGBA, 2002.

CONDER, Área de Proteção Ambiental Litoral Norte: Proposta de Programa / Projetos (Mata Atlântica e seus ecossistemas associados). Salvador: CONDER, 2003

DIAS, E. J. .R.. & ROCHA, C. F. D. Os Répteis nas restingas da Bahia: Pesquisa e Ações para s sua Conservação: Instituto BIOMAS. Rio de Janeiro, 2005.

DIAS, Genebaldo Freire. Educação Ambiental, princípios e práticas. São Paulo: Gaia.

1992

GAIA, EIA / RIMA do Empreendimento Iberostar Praia do Forte. Mata de São João BA, 2004.

GERCO. Revisão do Diagnóstico Sócioambiental, consolidado numa proposta de zoneamento e plano de gestão. Salvador BA: GERCO Litoral Norte, 2003.

INSTITUTO BALEIA JUBARTE. Turismo de Observação de Baleias. Disponível em

<http://www.baleiajubarte.com.br/> acesso em: 25/07/2007

RISÉRIO, Antônio. Uma História da Cidade da Bahia. Rio de Janeiro; 2004.

TAMAR. História 1982: monitoramento da temporada reprodutiva nas três primeiras bases. Disponível em <http://www.tamar.org.br/t_hist.asp> acesso em:12/04/2007

primeira

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