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Academic year: 2018

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Pressões respiratórias máximas e capacidade vital: comparação

entre avaliações através de bocal e de máscara facial*

Max im al re s pirat o ry pre s s u re s an d v it al capacit y : co m paris o n m o u t hpie ce an d

f ace - m as k e v alu at io n m e t ho ds

JULIO FLAVIO FIORE JUNIOR, DENISE DE MORAIS PAISANI, JULIANA FRANCESCHINI,

LUCIANA DIAS CHIAVEGATO, SONIA MARIA FARESIN(TE SBPT)

Introdução: A medida das pressões respiratórias máximas e a capacidade vital são importantes na avaliação da função pu lmon ar, n o en t an t o, variações met odológicas podem interferir na interpretação dos resultados obtidos.

Objetivo: Comparar os valores das pressões respiratórias máximas e da capacidade vital, obtidos através de bocal e de máscara facial.

Método: Foram estudados 30 pacientes (16 homens), com idade de 55,9 ± 15,7 anos, em período pré- operatório de ciru rg ia a b d o m in a l. As va riá veis p ressã o in sp ira t ó ria máxima, pressão expirat ória máxima e capacidade vit al foram avaliadas através de um bocal rígido achatado e de uma máscara facial, em ordem randomizada.

Resultados: A avaliação com máscara facial não alterou de forma significativa os valores de capacidade vital e pressão inspiratória máxima, porém a pressão expiratória máxima foi significantemente menor do que quando avaliado com bocal rigido. A presença de escape aéreo ao redor da máscara d u ra n t e a m ed id a d a p ressã o exp ira t ó ria m á xim a fo i observada em 60% das avaliações. Quando consideradas apenas as medidas de pressão expiratória máxima avaliadas sem a presença de escape de ar, os valores com o uso da máscara foram maiores do que os com o bocal.

Conclusão: A avaliação da pressão inspiratória máxima e capacidade vital pode ser realizada com uso de máscara facial, sem interferência nos resultados obtidos. A avaliação da pressão expiratória máxima através de máscara facial mostrou- se adequado quando foi possível evitar o escape de ar ao redor da máscara, porém a grande prevalência de vazamentos e a conseqüente redução dos valores obtidos na avaliação tornam seu uso limitado.

J Bras Pneumol 2004; 30(6) 515- 20.

De s crito re s : Test es d e fu n ção resp irat ó ria. Ven t ilação voluntária máxima. Músculos respiratórios.

* Tra b a lh o rea liza d o n a Discip lin a d e Pn eu m o lo g ia . Un iversid a d e Fed era l d e Sã o Pa u lo / Esco la Pa u list a d e Med icin a

En d ereço p a ra co rresp o n d ên cia : J u lio Fla vio Fio re J u n io r. Ru a On ze d e J u n h o , 6 4 3 - Ap t o 1 5 3 . CEP 0 4 0 41 - 0 5 2 . Sã o Pa u lo – SP, Bra sil. Tel: 5 5 - 11 9 9 0 9 1 5 3 3 . E- m a il: ju lio fio re@ ig .co m .b r

Receb id o p a ra p u b lica çã o , em 5 / 5 / 0 4 . Ap ro va d o , a p ó s revisã o em 1 9 / 8 / 0 4 .

Background: Measurement of maximal respiratory pressures an d vit al capacit y are essen t ial in evalu at in g respirat ory function. However, methodological variations may interfere with the interpretation of results.

Objective: To compare values obtained using mouthpiece and face- mask evaluation methods in the measurement of maximal respiratory pressures and vital capacity.

Method: We studied 30 patients (16 male), with a mean age of 55.9 ± 15.7, in the preoperative phase of abdominal su rg e ry. Ma xim a l in sp ira t o ry p re ssu re a n d m a xim a l expiratory pressure, as well as vital capacity, were evaluated using either a rigid flanged mouthpiece or a face mask, in randomized order.

Results: Evaluation with a face mask did not significantly alter vital capacity and maximal inspiratory pressure values, a lt h o u g h m a xim a l e xp ira t o ry p re ssu re va lu e s w e re sig n ifican t ly lo wer t h an wh en m easu red u sin g a rig id mouthpiece. During measurement of maximal expiratory pressure, air leakage from around the mask was observed in 6 0 % o f ca ses. Wh en m a xim a l exp ira t o ry p ressu re measurements in which there was no such leakage were considered in isolation, face- mask values were higher than those obtained with the moutpiece

Conclusion: With a face mask, maximal inspiratory pressure and vital capacity can be accurately evaluated. Maximal expiratory pressure can also be adequately evaluated using a face mask, provided t hat air leakage from t he mask edges can be avoided. However, su ch leakage an d t he consequent reduction in the values obtained are common and limit the use of this method of evaluation.

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INTRODUÇÃO

A monitorização da função pulmonar é utilizada p ara d et erm in ar a g ravid ad e, as co n seq ü ên cias fu n cion ais e o progresso de diversas disfu n ções pu lm on ares e n eu ro- m u scu lares. Avaliações das p r e s s õ e s r e s p ir a t ó r ia s m á xim a s (P RM) e d a capacidade vit al (CV) são recu rsos freqü en t emen t e u t ilizados para est e fim(1). A avaliação das PRM

con sist e n a medida da máxima pressão in spirat ória e expirat ória qu e o in divídu o pode gerar n a boca. Por se t rat ar de u m a m an obra est át ica, com a via aérea oclu ída, a pressão bu cal avaliada reflet e a pressão qu e est á sen do gerada n os alvéolos pela a çã o d o s m ú scu lo s resp ira t ó rio s(2 - 5 ). A p ressã o

in spirat ória máxima (PImáx) e a pressão expirat ória m áxim a (PEm áx) são ext en sivam en t e u sad as p ara o d i a g n ó s t i c o d e f r a q u e z a d o s m ú s c u l o s respirat órios em pacien t es com doen ças n eu ro-m u scu lares(6 ,7 ), d o en ças p u lm o n ares(8 ), o u ain d a

c o m o p a r â m e t r o p r e d i t i vo d e s u c e s s o n a descon t in u ação da ven t ilação m ecân ica(9). A CV é

defin ida com o o m áxim o volu m e de ar expirado a p a rt ir d o p o n t o d e in sp ira çã o m á xim a(1 0 ). Su a

redu ção é u ma an ormalidade bast an t e eviden t e em p a c i e n t e s c o m f r a q u e z a d e m ú s c u l o s respirat órios(11) ou alt erações de mecân ica pu lmon ar

qu e levam à sobrecarga desses m ú scu los(1).

Em bora a avaliação das PRM e da CV t en ham su a import ân cia bem est abelecida n a lit erat u ra, as variações m et odológicas e o grau de cooperação do pacien t e podem in t erferir n a perform an ce das m an obras e afet ar as m edidas(2,7,12,13). A avaliação

d e am b o s o s p arâm et ro s é realizad a g eralm en t e com o u so de u m a peça bu cal rígida achat ada a co p la d a e n t re o s lá b io s d o in d ivíd u o , a p ó s u n iformização de seu posicion amen t o e do volu me pu lmon ar a part ir do qu al a man obra é in iciada(2,12).

O escape de ar ao redor do bocal foi u m problem a en con t rado em algu n s est u dos(7,14,15), especialmen t e

qu an do eram avaliados pacien t es port adores de d o en ça s n eu ro - m u scu la res o u em p resen ça d e alt erações den t árias qu e afet avam a oclu são labial. Du ran t e a realização d a m an o b ra p ara o b t en ção d a PEm áx, o escap e aéreo p o d e est ar p resen t e m esm o n a avaliação de in divídu os hígidos devido ao alt o n ível de pressão posit iva a qu e a cavidade oral é su bm et ida(13,14).

A m áscara facial pode ser u m m eio alt ern at ivo de acoplam en t o en t re o aparelho de m edida e o in divídu o avaliado para a m edida das PRM e da

CV. O u so da m áscara pode ser ú t il para redu zir o risco de escape de ar du ran t e a avaliação, porém é n e c e s s á r io ve r if ic a r s e e s t e é u m r e c u r s o met odologicamen t e aplicável e se exist e diferen ça en t re o s d ad o s o b t id o s at ravés d est e m ét o d o em relação ao con ven cion al. Sen do assim , o objet ivo dest e est u do foi com parar os valores obt idos das PRM e da CV at ravés de bocal e de m áscara facial.

MÉTODO

Pa rt icip a ra m d o e st u d o 3 0 p a cie n t e s, se n d o 1 6 d o sexo m a scu lin o , co m id a d e m éd ia d e 5 5 ,9 ± 1 5 , 7 a n o s , in t e r n a d o s n a En f e r m a r ia d e Ga s t r o c ir u r g ia d o Ho s p it a l Sã o P a u lo , n o p e r í o d o d e a b r i l a d e z e m b r o d e 2 0 0 2 . O p ro t o co lo d e e st u d o fo i p re via m e n t e a p ro va d o p e lo co m it ê d e é t ica d a in st it u içã o .

Todos os pacien t es avaliados en con t ravam - se em período pré- operat ório e n ão apresen t avam q u a lq u e r sin t o m a o u a n t e ce d e n t e d e d o e n ça cárdio- respirat ória ou n eu ro- muscu lar.

Os pacien t es foram su bm et idos à m edida de PRM e CV u t ilizan do- se bocal e m áscara facial. Para a avaliação com bocal, u t ilizou - se u m a peça rígida achat ada (Figu ra 1), acoplada en t re os lábios d o p a cie n t e , e e ra so licit a d a a re a liz a çã o d e preen são labial su ficien t e para evit ar escape de ar ao redor da m esm a. Um obt u rador n asal evit ou o e sca p e d e a r p e lo n a riz d o p a cie n t e . Pa ra a avaliação at ravés de m áscara, foi u t ilizada u m a m á sca ra fa cia l p lá st ica co m b o rd a p n eu m á t ica in flável Vit al Signs Inc. Adult - 5 (Figu ra 2), u t ilizada para aplicação de ven t ilação n ão- in vasiva. A ordem d e a p lica çã o d o b o ca l e d a m á sca ra fa cia l fo i ran domizada, assim como a seqü ên cia de avaliação d a s va r i á ve is CV, P Im á x e P Em á x . Fo r a m est abelecidos in t ervalos de aproxim adam en t e u m m in u t o en t re cada m an obra. Todas as m edidas fo ram realizad as p elo m esm o avaliad o r.

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m á x im a r e s p e c t iva m e n t e . O in d iví d u o e r a in c e n t iva d o p e lo a va lia d o r d u r a n t e t o d a a m a n o b ra p a ra q u e a t in g isse esfo rço s m á xim o s. F o r a m c o n s i d e r a d a s a s p r e s s õ e s m á x i m a s su st e n t a d a s p o r n o m ín im o u m se g u n d o . As m ed id a s fo ra m rea liza d a s p o r n o m á xim o seis vezes, a t é q u e fo ssem o b t id o s t rês va lo res co m va ria çã o m en o r q u e 5 %, sen d o co n sid era d o p a ra a a n á lise o m a io r va lo r o b t id o .

A CV foi medida com u m ven t ilômet ro Ohmeda Resp iro m et er, m o d elo 1 2 1 , co n ect a d o a o b o ca l plást ico rígido ou à m áscara facial, e det erm in ada a p a rt ir d e u m a in sp ira çã o a t é a ca p a cid a d e p u lm o n a r t o t a l, se g u id a d e e xp ira çã o a t é o vo lu m e re sid u a l. As m e d id a s t a m b é m f o ra m rea liza d a s p o r n o m á xim o seis vezes, a t é q u e fo ssem o b t id o s t rês va lo res co m va ria çã o m en o r q u e 5 % , se n d o co n sid e ra d o p a ra a a n á lise o m a io r va lo r o b t id o .

As medidas foram realizadas com os in divídu os sen t ados e o avaliador era respon sável por evit ar qu alqu er t ipo de vazam en t o, ot im izan do o aju st e do bocal n os lábios do pacien t e ou o acoplamen t o da m áscara sobre su a face.

A an álise est at íst ica dos dados foi realizada a t ra vés d o t est e t d e St u d en t , co m p a ra n d o o s valo res d e PIm áx, PEm áx e CV o b t id o s at ravés d a m áscara e do bo cal. Foi est abelecido com o n ível de sign ificân cia o valor de 0,05 ou 5%.

RESULTADOS

As m éd ia s d o s valo res d as PIm áx, PEm áx e CV o b t id as at ravés d a avaliação co m m áscara e co m b ocal são descrit as n a Tabela 1. Os valores das PEmáx foram sign ificat ivamen t e men ores qu an do est a variável foi avaliada at ravés d a máscara facial (p < 0 ,01 ). Os d ad o s referen t es à PIm áx e à CV m o st raram n ão ser in flu en ciad o s p elo m eio d e acoplam en t o en t re o pacien t e e o in st ru m en t o de m edida (p > 0,05).

Du ra n t e a m e d id a d a P Em á x a t ra vé s d a m á sca ra fa cia l fo i o b serva d o va za m en t o d e a r a o redor da máscara em 60% dos pacien t es avaliados. Esse vazam en t o ocorreu prin cipalm en t e n a região p ró xim a à b a se d o n a riz, e p ersist ia m esm o a p ó s a o t im iza çã o d o a co p la m en t o d a m á sca ra à fa ce d o p a cie n t e . Du ra n t e a a va lia çã o d a s d e m a is variáveis, o u seja, PEm áx at ravés d e b o cal, PIm áx e CV a t ra vé s d e m á sca ra e b o ca l, n ã o fo ra m o b serva d o s va za m en t o s.

Se con sideradas apen as as m edidas das PEm áx avaliadas sem a presen ça de escape de ar, a an álise est a t íst ica m o st ra q u e o s va lo res o b t id o s co m o u so d a m áscara fo ram sig n ificat ivam en t e m aio res d o q u e o s o b t id o s a t ra vés d o b o ca l (p < 0 ,0 5 ).

DISCUSSÃO

Nos ú lt im os an os, gran des esforços vêm sen do realizados para a u n iform ização dos m ét odos de

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a n á lise d a fu n çã o p u lm o n a r(1 6 ,1 7 ). As va ria çõ es

met odológicas preju dicam a reprodu t ibilidade das avaliaçõ es(13,17), porém são n ecessárias qu an do os

in divídu os avaliados são in capazes de realizá- las do m odo est abelecido pela lit erat u ra.

Se g u n d o Fiz e t a l.(7 ), m u it o s re cu rso s d e

avaliação respirat ória n ão podem ser u sados em pacien t es com paralisia facial devido ao escape de ar ao redor do bocal, o qu e t orn a impossível avaliar o est ado fu n cion al do pu lm ão e da m u scu lat u ra

respirat ória dest es pacien t es. O problema est en de-se a pacien t es com dificu ldade n a preen são labial, especialm en t e idosos e in divídu os com alt erações ou au sên cia de arcada den t ária.

Os dados obt idos n o presen t e est u do most ram qu e n ão exist e diferen ça sign ificat iva n os valores das PImáx e CV quando essas variáveis são avaliadas at ravés de bocal ou de máscara facial. Nest es casos, port an t o, a máscara facial pode ser u t ilizada como m e io d e a co p la m e n t o e n t re o p a cie n t e e o s

TABELA 1

Valo res in d ivid u ais, m éd ias, e d esvio s p ad rão d as variáveis CV, PIm áx e Pem áx, e in d icação d a p resen ça d e escap e aéreo d u ran t e a avaliação d a PEm áx co m m áscara

CV: cap acid ad e vit al; Pim áx: p ressão in sp irat ó ria m áxim a; Pem áx: p ressão exp irat ó ria m áxim a. * p < 0 ,01

1 1,25 1,25 - 30 - 40 20 40 sim

2 1,55 1,55 - 70 - 60 75 75 n ã o

3 3 3,75 - 25 - 35 55 50 n ã o

4 2,75 3 ,1 - 65 - 75 90 130 sim

5 2,8 2,5 - 65 - 75 90 130 sim

6 1,4 1,5 - 60 - 25 65 65 n ã o

7 1,4 1,1 - 75 - 30 25 50 sim

8 2,05 2,56 - 75 - 90 30 120 sim

9 1,5 1,8 - 75 - 50 70 100 sim

10 1 ,2 1,35 - 70 - 40 50 60 sim

11 1 ,3 1,34 - 25 - 50 30 70 sim

12 2 ,5 2 ,1 - 100 - 90 50 75 sim

13 1,85 1 ,4 - 40 - 40 50 50 n ã o

14 3 ,1 3,35 - 90 - 110 100 100 n ã o

15 1,97 1,97 - 40 - 30 40 40 n ã o

16 1,87 2 ,8 - 45 - 25 20 30 sim

17 2,11 2,14 - 125 - 80 55 80 sim

18 3,07 3,47 - 60 - 50 80 65 n ã o

19 2,07 5,92 - 25 - 35 60 60 n ã o

20 2 ,9 3,18 - 75 - 70 55 75 sim

21 2,77 2,92 - 60 - 75 25 50 sim

22 3,5 2,8 - 65 - 95 65 50 n ã o

23 2 ,5 3,05 - 30 - 30 30 50 sim

24 4,73 3,07 - 130 - 125 150 125 n ã o

25 2,4 1,9 - 30 - 20 30 55 sim

26 3 ,7 3,75 - 75 - 75 55 60 sim

27 3 2,75 - 80 - 75 65 55 n ã o

28 2,75 2 ,7 - 40 - 25 40 80 sim

29 4 3,75 - 55 - 60 75 75 n ã o

30 3,26 2 ,9 - 75 - 75 65 75 sim

Méd ias 2 ,4 7 2 ,5 9 - 6 2 ,5 - 5 8 ,5 5 7 71 ,3 * Desvio Pad rão ± 0 ,8 8 ± 1 ,0 2 ± 2 7 ,0 9 ± 2 7 ,7 ± 2 7 ,9 9 ± 2 7 ,1 6

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in st ru men t os de medida u t ilizados. A u t ilização da máscara facial du ran t e a medida da PImáx e da CV t orn a est e t ipo de avaliação acessível a pacien t es qu e n ormalmen t e apresen t am sérias dificu ldades p ara su a realização . A p reen são lab ial t o rn a- se desn ecessária qu an do a avaliação é realizada com a máscara, o qu e permit e qu e est as variáveis sejam avaliadas sem qu e haja escape aéreo.

A a va lia ç ã o d a P Em á x m o st ro u - se se r significativamente influenciada pela utilização da máscara facial. O vazamento de ar ao redor da máscara, presen t e em 60% dos pacien t es, foi o prin cipal inconveniente encontrado durante a avaliação, sendo responsável pelos baixos valores encontrados.

O e sca p e d e a r a o re d o r d e m á sca ra s d e ve n t ila çã o n ã o - in va siva , co m o a s u t iliz a d a s e m n o sso est u d o , fo i o fo co d o est u d o d e Sch et t in o

e t a l.(1 8 ). O e st u d o , re a liz a d o co m a p lica çã o d e

ve n t ila ç ã o n ã o - in va s iva e m u m m o d e lo d e p u lm ã o m e câ n ico , ve rifico u q u e o va z a m e n t o d e a r e ra d e se n ca d e a d o e sp e cia lm e n t e q u a n d o o in t e rio r d a m á sca ra e ra su b m e t id o a n íve is d e p r e s s ã o a c im a d e 1 5 c m H2O. O e s f o r ç o e xp ira t ó rio d o s p a cie n t e s a va lia d o s e m n o sso e st u d o g e ro u p re ssã o p o sit iva m é d ia d e 7 0 cm H2O n o in t e rio r d a m á sca ra , o u se ja , b e m a c im a d o n í ve l p r e s s ó r ic o p o s s í ve l d e s e r m a n t id o co m a u sê n cia d e va z a m e n t o s. Du ra n t e a a va lia çã o d a CV, q u e exig e esfo rço exp ira t ó rio se m g e ra r a lt o s n íve is d e p re ssã o , e d a PIm á x, q u e e xig e e sfo rço in sp ira t ó rio co m g e ra çã o d e p re ssã o n e g a t iva , o s va z a m e n t o s n ã o f o ra m o b serva d o s. A a u sên cia d e esca p e a éreo d u ra n t e a a va lia ç ã o d a P Em á x e m a lg u n s p a c ie n t e s d e ve - se p o ssive lm e n t e à a n a t o m ia fa cia l m a is fa vo rá ve l a o a co p la m e n t o d a m á sca ra .

Qu an do foi possível avaliar a PEm áx at ravés de m áscara sem a presen ça de escape de ar os va lo res o b t id o s co m o u so d a m á sca ra fo ra m sig n ifica t iva m en t e m a io res d o q u e o s o b t id o s at ravés do bocal. Para explicarm os est e resu lt ado, sem dú vida su rpreen den t e, devem os n os rem et er ao t ipo de bocal u t ilizado n o est u do. Segu n do Ko u lo u ris et a l.(1 3 ) e Co o k et a l.(1 4 ), d u ra n t e a

a va lia çã o d a PEm á x é co m u m a p re se n ça d e discret o escape aéreo ao redor do bocal achat ado, m esm o qu an do são avaliados in divídu os hígidos e capazes de gerar preen são labial aparen t em en t e adequ ada. A presen ça de escape aéreo ao redor do bocal, port an t o, é u ma possível explicação para

os m en ores valores obt idos du ran t e a avaliação da PEmáx at ravés dele. Qu an do foi possível avaliar a PEm áx at ravés d a m áscara sem a p resen ça d e vazam en t o de ar, a ausên cia de qu alqu er escape aéreo provavelmen t e, permit iu qu e maiores valores fossem alcan çados. Cabe cit ar qu e o vazam en t o de ar ao redor do bocal é geralmen t e impercept ível, ao con t rário do vazam en t o qu e ocorre com o u so d a m á sca ra , q u e em it e u m so m ca ra ct eríst ico qu an do o ar u lt rapassa a in t erface en t re a pele e a su a borda de silicon e. O u so da m áscara facial, port an t o, m ost ra- se m ais adequ ado do qu e o u so do bocal qu an do é possível evit ar escape aéreo a o red o r d ela , p o rém a g ra n d e p reva lên cia d e vazam en t os t orn a su a aplicação lim it ada.

O est u do de Kou lou ris et al. (13) m ost rou qu e

o s va lo res en co n t ra d o s n a a va lia çã o d a s PRM podem variar con form e o m eio de acoplam en t o en t re o p a cien t e e o m a n o va cu ô m et ro . Fo ra m com parados dois t ipos de peça bu cal: u m bocal circu lar de borracha, com 4 cm de diâm et ro, qu e é acoplado ext ern am en t e aos lábios do pacien t e, e u m b o ca l se m i- ríg id o a ch a t a d o , a co p la d o in t ern amen t e aos lábios. O bocal circu lar permit iu u m a m elhor avaliação das PRM já qu e perm it e valores sign ificat ivam en t e m aiores. Est a variação d e valo res d as PRM en t re o b o cal circu lar e o achat ado, segu n do Green M. et al.(2), n ão deve ser

c o n sid e ra d a c lin ic a m e n t e , já q u e o s b o c a is con ven cion ais (achat ados) são m ais acessíveis e de mais fácil u t ilização. Em n osso est u do opt amos pela u t ilização do bocal rígido achat ado por ser a peça de m aior dispon ibilidade n o m ercado e de m aior u t ilização n a prát ica clín ica.

Os va lo res d a s PRM en co n t ra d o s n o p resen t e e st u d o , se ja m a va lia d o s a t ra vé s d e b o ca l o u m á sca ra fa cia l, p o d em p a recer b a ixo s em rela çã o a o s va lo re s d e re f e rê n c ia p a ra a p o p u la ç ã o b ra s ile ira(3 , 4 ). De ve - s e le m b ra r, p o r é m , q u e

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resp ira t ó rio so b re a s m ed id a s(1 3 ). Seg u n d o Green

et al.(2),a avaliação das PRM a part ir da capacidade

resid u a l fu n cio n a l, d e m a n eira co m o a rea liza d a n o p resen t e est u d o , p o d e ser m a is a cu ra d a p a ra u t iliza çã o em est u d o s cien t ífico s, p o is exclu i a in flu ên cia gerada pelas forças de ret ração elást ica. Na t en t at iva d e se ad ap t ar as avaliaçõ es d e fu n ção respirat ória a pacien t es com paralisia facial, Fiz et al.(7) realizaram u m est u do prospect ivo com

1 7 p a cien t es p o rt a d o res d e p a ra lisia fa cia l d e d iversa s et io lo g ia s. A a va lia çã o d a PEm á x fo i re a liz a d a d e t rê s f o rm a s: c o m o s p a c ie n t e s p ressio n a n d o o s lá b io s m a n u a lm en t e co n t ra o bu cal; com os avaliadores pression an do os lábios do pacien t e con t ra o bu cal; e sem aju da ext ern a. O est u do con clu iu qu e a aju da ext ern a, t an t o pelo próprio pacien t e qu an t o pelo avaliador, perm it e u m a m e lh o r a va lia çã o d a PEm á x. Ut iliz a n d o m et odologia sem elhan t e, Fiz et al (15) m o st raram

qu e, mesmo em in divídu os hígidos, a aju da ext ern a p erm it e q u e m a io res va lo res d e PEm á x seja m o b t id o s d evid o , p o ssivelm en t e, à p reven ção d o escape de ar ao redor do bocal. Est e parece ser o m eio m ais ad eq u ad o p ara a avaliação d a PEm áx, seja em in divídu os hígidos ou com dificu ldade para realizar preen são labial de form a adequ ada.

Os resultados obtidos neste estudo indicam que as avaliações da PImáx e da CV podem ser realizadas com uso de máscara facial sem que haja interferência n o s resu lt ad o s o b t id o s. A avaliação d a p ressão expiratória máxima através de máscara facial mostrou-se adequada quando foi possível evitar o escape de ar ao redor da máscara, porém a grande prevalência de vazamentos e a conseqüente redução dos valores obtidos na avaliação tornam seu uso limitado.

REFERÊNCIAS

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