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Revisão do conceito de que a raiva é sempre fatal

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Academic year: 2017

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Dr. Moacyr R. Nilsson ’ .

São selecionadas referências da literatura dos tempos de Pas- teur a nossos dias, relativas a casos de raiva com recuperacão, dando-se destaque maior ao cCo entre os animais domésticos, aos morcegos entre os selvagens e aos camundongos entre os de laboratório.

A raiva é considerada urna doenca abso- lutamente fatal. Assim a caracterizarn os tratados, que se referem, no entanto, quase todos, às excccões, mas considerando-as des- prezíveis por muito reduzidas. Sabemos que muitas vezes as regras sáo justificadas pelas excec$es. Náo obstante, somos de opiniáo que um único caso de cura da raiva, por mais milagroso que pudesse parecer, seria suficiente para náo mais deíini-la como uni- formemente fatal. Poder-se-ia no máximo

dizer “quase sempre fatal”.

Despertados que fomos para o assunto por trabalhos mais recentes e pela experiên- cia pessoal com animais de laboratório, re- solvemos revê-lo. Náo pudemos ir muito longe pelas deficiências que normalmente sáo encontradas em todas as revisóes. Esta, como as demais, náo tem a profundidade e a extensáo que a importância do tema estava a exigir.

Ninguem melhor que Pasteur (1) para encabecar a lista dos pesquisadores que assi- nalaram casos de cura espontânea de cáes, depois da manifestacáo dos sintomas. Sua primeira experiência foi com 3 cáes inocu- lados em 1881, dos quais 2 morreram de raiva e 1 se curou depois de manifestados os primeiros sintomas. Reinoculado um ano depois, náo contraiu a raiva.

Em 1884, Offenberg (2), em sessáo da

ITrabalho apresentado no X Congresso Brasileiro de Medicina Veterinária, realizado de 12 a 18 de fevereiro de 1967, em Goiânia, Estado de Goiás, Brasil. aVeterinlrio, chefe substituto de Seccão de Enzoo- tias do Instituto Biológico da Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo, Brasil.

Academia de Ciencias de Paris, apresentou um caso de cura de raiva numa jovem que * havia sido mordida 60 dias antes e que fôra tratada pelo curare até à dose paralisante. Esse caso foi objeto da tese que apresentou - em 1875 em Berlim, intitulada “Contribui- cáo ao Estudo do Tratamento da Raiva Humana”. Segundo êsse autor, que baseou - seu diagnóstico nos sintomas e na história da mordedura, a paciente em questáo náo podia ter tido “lissofobia”, histeria ou epi- T lepsia e náo tinha antecedentes de moléstia nervosa. Conclui o autor: “Em detinitivo, a raiva náo é mais urna doenca absoluta- mente mortal”.

Décroix (3, 4)) em 1890, além de relatar casos de raiva curada observados por varios outros autores, refere que de 1860 a 1862 h em Argel trabalhou com 13 cáes raivosos, dos quais 2 se curar-am espontaneamente. Nos debates travados por Décroix, alguns ’ aceitaram o Tato e outros o negaram. Dé- croix, desde 1863, afirmava que a raiva era curável e mencionou em seu artigo que 0 F- Dr. Menécien, em Marselha, inoculara um cao que adoecera com sintomas típicos, in- I clusive paralisia dos maxilares. Dr. Mené- ciem retirara saliva dêsse animal e inoculara em um coelho e em 2 cáes. 0 animal fôra . melhorando até curarse. Durara vários meses no canil. Os animais inoculados com

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de cura, sendo que 7 haviam recebido antes 0 tratamento pasteuriano.

Esses trabalhos e outros anteriores e da mesma época, apesar de interessantes e su- gestivos, sofreram as limitacoes próprias do tempo, urna vez que náo contavam com os recursos diagnósticos surgidos mais tarde.

Remlinger e Effendi (6), em 1904, refe- rem-se a dois cáes inoculados pela via intra- craniana que contraíram a raiva, inclusive com paralisia do u-em posterior, e se recupe- raram; foram inoculados pela via IC 2 meses depois com vírus fixo e permaneceram nor- mais. 0 mesmo Remlinger (7, S), em 1907, apresentou um caso de cura da raiva em um cáo, transmitir-a-a a cobaia a partir da saliva. Ainda nesse trabalho, em que sáo citadas outras importantes referências, o autor comprovou ser a saliva infectante pelo menos até 5 dias depois da cura. Rem- linger lembrou o dogmatismo arraigado nos espíritos sôbre o prognóstico fatal da raiva e também os casos de histeria rabiforme.

Dammann e Hasenkamp (9)) em 1908, reportam a recuperacáo de um cáo após a inoculacáo com vírus fixo, sendo o diagnós- tico confirmado pela reproducáo da doenca em um coelho inoculado com a saliva do cáo doente.

Em 1909, comparece Koch (10) com 3 recuperacóes espontâneas de 40 cáes infec- tados experimentalmente, sendo os 3 inocula- dos com a mesma amostra de vírus de rua.

Em 1912, Fermi (II) na Itália e, em 1913, Harris (12) nos Estados Unidos re- ferem-se a casos de raiva humana curada, o primeiro com a utilizacáo do 606 e o se- gundo com quinmo. Ambos os trabalhos pecam pelos mesmos motivos de outros já mencionados, isto é, basearam-se ùnica- mente no diagnóstico clínico. Moon (13)) também em 1913, atribui a cura da raiva em 3 cáes inoculados com o vírus à administra- cáo de bissulfato de quinmo pela via oral, na ocasiáo do aparecimento dos primeiros sin- tomas. Mesma insuficiência dos anteriores : falta demonstracáo evidente.

Remlinger (14), novamente em 1919,

relata a cura espontânea de um coelho ino- culado com vírus furo pela via IC, depois de ter ficado paralítico dos quatro membros,

14 dias após a infeccáo.

A seguir, em 1921, vêm dois casos inte- ressantes, um o de Konradi (1.5) na Ale- manha, que pode ser assim resumido: 2 cáes nascidos de máe imunizada foram inoculados com vírus de rua pela via intramuscular, um contraiu a raiva 25 dias mais tarde e mor- reu em 3 dias e o ouiro apresentou sinto- mas a partir do 15” dia, mas se restabeleceu paulatinamente, tendo a paralisia do trem posterior persistido durante 6 semanas. 0 segundo é o de Philips e colaboradores (16)) nos Estados Unidos, e diz respeito a um cáo raivoso que se cura, sendo a sua saliva virulenta para animais de laboratório.

Em 1924, surgem dois artigos importan- tes, o primeiro sôbre a recupera@0 de um coelho experimentalmente infectado, cuja saliva 16 dias após a trepana@0 era viru- lenta (17) e o segundo de Forst (18)) na Tchecoslováquia, demonstrando que o cáo pode sobreviver à forma abortiva da raiva e tornar-se portador, com a saliva virulenta 6-7 dias após a cura.

Thiéry (19), em 1929, narra a história de uma môca que, mordida por um cáo, adoeceu 55 dias depois, morreu 3 dias mais tarde e o diagnóstico foi confirmado pelo encentro de inclusóes de Negri. 0 cáo con- tinuou sadio e foi sacrificado 2 anos depois em virtude de urna bronquite cr&ica.

Em 1930, Koch (20), numa revisáo sôbre a raiva, dedica um capítulo inteiro à chamada raiva abortiva e inclui alguns casos pessoais .

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caram com suas irrefutáveis experiências urna verdadeira revolucáo no terreno da raiva e, principalmente, neste campo do portador sadio, modificando radicalmente a epizootiologia da doenca. 0 fato foi muito refutado, mas a verdade triunfou.

Halasz (24), em 1934, na Hungria, veri- ficou pela primeira vez em bovino um caso

de cura, sendo o diagnóstico da raiva con- tkmado pela inoculacáo da saliva em 12 coelhos pela via IM, com períodos de incuba- cáo de 12 a 32 dias nestes animais. Oito dias depois da cura, a saliva era virulenta para o coelho.

Jonnesco (25,26), de 1934 a 1938, estu- dou a questáo da imunidade natural em rela- cáo à raiva de alguns cáes, que resistem até mesmo às inoculacóes IC. Inclui em suas pesquisas o caso de um cáo que, inoculado com vírus íixo, contraiu a raiva e se curou. A reinoculacáo matou êsse animal, mas seu cérebro foi negativo à inoculacáo em outros animais.

Na China, Yu (27), em 1941, descreve casos de pessoas mordidas por cáes normais; morreram de raiva nessas condicóes 18 indi- víduos, 5 dos quais sem ferimento.

Em 1942, Webster (28), em seu livro sO- bre a raiva, e Schoening (29), no 6 0 Con- gresso Científico do Pacítico, defendem o ponto de vista do cáo portador sadio e fazem referências a casos de recuperacáo, próprios e de outros.

Remlinger e Bailly (30) voltam ao tema em 1946, num artigo sôbre a presenta do vírus rábico em cáes sadios, no qual fazem apanhado dos principais trabalhos dados à publicidade até entáo e alertam que êsses fatos têm sido postos sistemàticamente em dúvida, por ter a fatalidade do prognóstico sido transformada em dogma.

Em 1946, na Espanha, Pérez-González (31) narra 0 seguinte caso: uma crianca foi mordida no pescoco por um cáo da vizi- nhanca e sucumbiu 2 meses mais tarde com raiva típica. Náo havia sido tratada, porque o animal, diariamente observado, náo apre- sentara qualquer anomalia. Esse mesmo cáo

mordeu outro, que contraiu a raiva e su- cumbiu, após ter mordido outro, que tam- bém morreu de raiva. 0 primeiro cáo mor- dedor ainda estava sadio um ano após a morte do menino.

Em 1947, em um total de 223 cobaias vacinadas e depois submetidas à acáo do vírus de rua, Jacotot e Dinh-Lam (32) ob- servaram que 29 se curaram depois de mani- festarem sintomas de raiva.

Cornejo (33) na Co%mbia, em 1950, refere-se & história clínica de um cáo raivoso aparentemente sáo que infectou várias pessoas.

D’Silva (34)) em 1952, na fndia, assinalou que duas cobaias recuperaram-se após trata- mento antirrábico. Fragmento do cérebro de uma delas, retirado ll dias após o apare- cimento dos sintomas, revelou vírus na 2” passagem em camundongos, mas náo mais 32

dias depois.

Nesse mesmo ano, Starr e colaboradores

(351, nos Estados Unidos, comunicam a

aparente recuperacáo de um cáo raivoso. Constantinesco e colaboradores (36)) em 1955, descrevem a inoculacáo de 9 camun- dongos pela via IC com 100 DL de virus fixo, recebendo cada um 1 CC de vacina dià- riamente até o aparecimento dos sintomas. Oito animais morreram de raiva após 5-6 dias, mas o restante apresentou sintomas até o 10” dia, recuperando-se completa- mente após 3 semanas.

Em 1957, na Etiópia, Andral e Sérié (37), em experiências muito bem conduzidas, de- monstraram náo só através da eletroforese, mas também pela retirada da saliva de um cáo paralítico e inoculacáo em camundongos

e ratos, reproduzindo-se nestes a doenca, a possibilidade de cura espontânea da raiva, uma vez que 0 cáo após urna regressáo da paralisia, se recuperou inteiramente, achando-se ainda sadio 20 meses depois.

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da doensa nos camundongos atingidos por paralisias. Adiantam ainda que o síndrome paralítico é de natureza rábica e se distingue bem dos processos de desmielinizacáo se-

qüêntes ao tratamento antirrábico. Concluem atimando que a raiva se comporta nos or- ganismos parcialmente imunizados como qualquer outra infec@io por vírus auto- esterilizante e curável, como as encefalites ou a poliomielite. Em relacáo à auto-esteriliza- Fáo, Johnson (39) observa que esta pode ocorrer quando a doenca é de longa dura@ío. Johnson afirmou também que cáes inocula- dos pela via IM com Wus de rua contraem, muitas vezes raiva paralítica e se recuperam. Bolin (40), nos Estados Unidos, em 1959, injetou 40 cobaias com vírus de rua, 37 morreran de raiva e 3 sobreviveram. Urna destas 3 teve raiva paralisante náo fatal. Três meses após a infeccáo, a cobaia tinha anticorpos neutralizantes.

Alguns autores, Thiodet e colaboradores (41,42), entre outros, foram levados a ten- tar uma “nova” terapêutica em pessoas e animais raivosos. Utilizaram a curarizacáo máxima, a respira@0 artificial controlada, o eletrochoque com a halidade de provocar ataques epileptiformes e a soroterapia, sós ou associados, mas seus resultados foram frus- trados, apesar de darem alguma esperanca, pois alguns casos obtiveram um aumento da sobrevida.

Broz e Phan-Trin (43) trouxeram tam- bém sua contribuicáo ao problema do cáo portador sadio do vírus da raiva, através do seguinte caso: uma mulher vietnamita que fora mordida por um cáo 60 dias antes, morreu de raiva atípica, sem sintomas. Esse mesmo cáo mordeu, em um período de 26 dias, 10 pessoas, das quais duas morreram de raiva. Sete dias depois de morder a 10” pessoa, isto é, 22 dias após a primeira, o cáo foi sacriiìcado sem nunca ter mostrado sinais de raiva. Infelizmente náo foi feito exame de laboratório do animal.

Em 1962, Yurkovsky (44) faz uma aná- lise dos trabalhos dos Institutos Pasteur da Uniáo Soviética e revela que, desde 1947,

em diferentes repúblicas ou regióes do terri- tório, ocorreram 21 casos de raiva em pes- soas mordidas por cáes aparentemente sa- dios. Nesses casos o período de incuba@0 variou de 1 mês a 2 anos, sendo o diagnós- tico baseado principalmente no quadro clí- nico, mas em 5 de 6 examinados post-

mortem foram encontrados corpúsculos de Negri no cérebro. Os exames clínicos dos 21 cáes responsáveis pelas mordeduras re- velaram que todos permaneceram bem de- pois que suas vítimas contraíram a raiva. Baseado nesse inquérito, o autor proclama a necessidade de fazer o exame das glândulas salivares para determinar o perigo de um animal mordedor; e de que no caso de exame negativo, náo há necessidade do tratamento.

Em relacáo a camundongos que se recu- peraram de raiva, podemos acrescentar ainda 2 casos de Webster (45), um em que o camundongo paralisado se curou e perma- neceu bem por 3 meses, após ter sido inocu- lado pela via IM com vírus de rua a 1: 80; e outro em que, inoculado com dilui@o a 1:40 pela mesma via, o camundongo per- maneceu paralítico durante 40 dias, ao fim dos quais morreu. Jelesic e Atanasiu (46) também dedicaram ate@0 às paralisias de camundongos imunizados nos testes de pro- tecáo de diferentes vacinas, encontrando constantemente casos de recuperaqáo e de dura@0 prolongada das paralisias. Quase tôdas as citacóes de recupera@0 de camun- dongos com raiva se referem a vacinados. Como ficou bem demonstrado por Constan- tinesco e Birzu (38)) Webster (45) e Jele- sic e Atanasiu (46), os camundongos vaci- nados, parcialmente imunizados, oferecem mais resistencia à a@ío do vírus e alguns se recuperam após apresentar paralisias, en- quanto outros permanecem nesse estado du- rante muito tempo antes de morrer.

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camundongos, Bell encontrou percentagens de sobreviventes com seqüelas de 2 a 33 %, conforme a amostra de virus utilizada. Com vírtrs 8x0 de alto título náo houve sobrevi- ventes. As taxas de mortalidade também variaram de 5 a 66%. As percentagens de sobreviventes, após o aparecimento dos pri- meiros sintomas, mas sem seqüelas, variar-am de 4 a 45%. Em testes de comprovacáo (“challenge”) IC em camundongos que per- maneceram normais ou sobreviveram com se-

qüelas à inoculacáo prévia de virus de rua pela via IP, obteve Bell os seguintes resulta- dos: camundongos normais (os que náo apresentaram rea@0 à inocula&0 prévia) , 91 a 98% de mortes; e camundongos com seqüelas, 7 a 10% de mortes. Os índices de neutraliza@0 dos Gros dos camundongos com seqüelas foram altos, alguns maiores do que 4, 15. Concluiu Bell (46)) com muita propriedade, que a sobrevida é uma ocorrên- cia comum, reprodutivel, previsível. É um fenômeno que deve trazer um maior grau de otimismo no prognóstico, em lugar do pre- sente fatalismo. A reprodutividade da raiva abortiva pode proporcionar uma base segura para permitir um melhor estudo do fenômeno. Kitselman (48), em 1964, constatou a recuperacáo de um rato que, inoculado experimentalmente, apresentara sintomas de raiva.

Náo podemos deixar de incluir nestas consideracóes a importante contribui$o de Martin (49)) do Instituto Pasteur do Marro- cos, que fêz uma revisáo sobre os varios aspectos do problema, discutindo-o muito bem e sugerindo exames adicionais para a diferencia&0 do que He chama de raiva doenca e raiva infeccáo, como, por exemplo, a eletroforese para pesquisa de globulina alfa 2, sinal de suspeicáo de raiva e pesquisas mais constantes do vírus na saliva de animais suspeitos.

Entre outras referências recentes, gosta- ríamos de incluir tuna de Kauker (50), que infelizmente náo ternos completa, sôbre a recupera@0 espontânea de um bovino rai-

voso, mas sem isolamento de vtius e sòmente com a verificacáo de anticorpos neutralizan- tes no sôro; e outras de autores russos, das quais ternos referencias apenas indiretas, como, por exemplo, a de Buchnev e Niko- laeva (51) em experiências de soroterapia em animais com sinais clínicos de raiva, que podem ser assim resumidas: 16 cáes e 1 gato foram infectados pela via intracraniana com vírus íixo. Foi administrado sôro imune em altas doses, 1 a 3 dias após a infec@o, e repe- tidas estas doses no aparecimento dos sin- tomas. Oito dos 16 cáes e o gato sobrevi- veram.

Zintchenko (52) refere-se a formas cro- nicas da raiva, que apresentaram quadro clí- nico de esclerose disseminada e de encefalo- mielite crônica.

Constantine (53)) que revolucionou a epi- demiologia da raiva com suas experiências sôbre a transmissáo pela via aérea, relata a recuperacáo de um cáo que apresentou anti- corpas no sôro com índice de 1/1.325 28 dias depois.

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lar vírus da saliva nem reproduzir a raiva em camundongos mordidos pelos paralíticos. 0 . numero reduzido destas nossas observacóes

deve ter contribuído para êsse resultado ne- gativo. Talvez muitos camundongos para- F líticos morram de inanicáo, por se acharem

impedidos de alcancar o aliento em virtude da incapacidade funcional. É nossa opiniáo _* que o advento da imunofluorescência possi- biiitará uma investigacáo mais racional e menos problemática sôbre a presenta de vírus na saliva dêsses camundongos.

Parece-nos que todos êstes fatos que aca- bamos de mencionar constituem excqáo * demais para tuna regra só, motivo pelo qual sugerimos que a raiva náo seja mais consi- derada uma doenca invariavehnente fatal, porém fatal na maioria dos casos. No meio leigo, o conceito ama1 da letalidade da raiva deve ser mantido para evitar a possibilidade L de consequências adversas da sua alteracáo, mas cienticamente cumpre reformulá-lo, pois náo se justifica a negacáo da evidência. T Para concluir gostaríamos de lembrar a

todos os veterinarios, principalmente aos clí- nicos, a necessidade de dar mais atencáo aos casos suspeitos, inclusive aos atipicos, pois talvez já tenham excluído o diagnóstico da raiva de animais infectados que se recupe- raram. Achamos que em qualquer caso sus- I peito um exame da saliva se impóe.

É nossa opiniáo também que os novos mé- todos diagnósticos existentes ou que venham a existir-e como exemplo mais ftisante co- locamos a imunofluorescência-traráo em futuro próximo esclarecimentos adicionais e 7 conclusivos sôbre o assunto.

0 mesmo diriamos com relacáo à tera- pêutica: com o desenvolvimento das técnicas I de cultura de tecidos no estudo da raiva, o

que já é urna realidade, deveremos contar

prkimamente com um incremento das pes- quisas de substâncias inibidoras do vírus- inclusive o “interferon”, talvez a base funda- mental da questáo-que possibilitaráo a so- lucáo do problema da cura da raiva.

Resumo

Sáo revistas algumas referências da li- teratura do tempo de Pasteur a nossos dias, relacionadas a casos de cura da raiva. Fo- ram observados casos de raiva abortiva ou curada em varias especies animais, sobretudo nos morcegos, cuja restabelecimento após a infeccáo rábica ninguém mais põe em dú- vida, os cáes, a respeito dos quais a litera- tura já assinala varios casos de recuperacáo, alguns carentes de melhor demonstracáo, mas outros bem comprovados; e nos animais de laboratório, dos quais o que melhor tem sido estudado é o camundongo. Têm-se ob- servado com freqüência casos de recupera- $0 de raiva nesta ultima espécie, tanto em camundongos vacinados prèviamente, quanto em camundongos náo vacinados; podendo- se, inclusive, prever mis casos, principal- mente quando os camundongos sáo injetados com pequenas doses de v’rus e pela via peri- férica. Incluem-se também alguns dados próprios, embora muito reduzidos, de ca- mundongos vacinados que contraíram raiva e se recuperam.

Sugere-se a retilicacáo do conceito da raiva sempre fatal, com base nos dados da literatura. Chama-se também atencáo para a necessidade de maiores estudos, principal- mente com a utilizacáo dos novos recursos diagnósticos, dentre os quais se destaca a imunofluorescência, com a linalidade de es- clarecer melhor o problema da recuperacáo de casos de raiva. Ei

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Revisión del concepto de que la rabia es siempre morlal (Resumen)

Se analizan algunos datos bibliográficos rela- tivos a las publicaciones habidas desde los tiempos de Pasteur hasta nuestros días, rela- cionadas con casos de cura de rabia. Se observaron casos de rabia abortiva o curada en diversas especies animafes, sobre todo en los murciélagos, cuyo restablecimiento después de una infección de rabia ya nadie pone más en duda; en los perros, con respecto a los cuales las publicaciones ya indican varias ocasiones de restabIecimiento, algunas carentes de mejor demostración pero otras bien comprobadas; así como en los animales de laboratorio, de los cuales el que mejor ha sido estudiado es el ratón. En esta última especie se han observado frecuentes casos de restablecimiento de la rabia, tanto en ratones que habían sido previamente vacunados como en los no vacunados, habién-

dose podido prever, inclusive, tales casos, prin- cipahnente cuando a los ratones se les inyectaron pequeiías dosis de virus por vía cutánea. También se incluyen algunos datos propios, si bien muy reducidos, de ratones vacunados que contrajeron rabia y se res- tablecieron.

Conforme a los datos observados en las publicaciones, se sugiere la rectificación del concepto de que Ia rabia es siempre mortal. También se llama la atención acerca de la necesidad de estudios más extensos, prin- cipalmente utilizando dos nuevos medios diagnósticos, entre los cuales se destaca la inmunofluorescencia, con el fin de escIarecer mejor el problema del restablecimiento de los casos de rabia.

1s rabies always fafal? (Summury)

The author reviews referentes in the litera- ture mentioned above records severa1 cases of ture conceming cases of cures of rabies from recovery, some not well-substantiated, but the time of Pasteur to date. Cases of abortive others proven; and also in laboratory animals of or cured rabies have been observed in various which the best studied have been mice. Cases animal species especially in bats, whose re- of recovery from rabies have frequently been covery from the infection can no longer be observed in mice, both in those previously

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those cases can even be forecasted, especially in ture, he suggests that the thesis that rabies is mice that had been innoculated with small always fatal needs to be revised. He emphasizes doses of virus by the peripheral route. It also the need for further studies, principally the use includes a short account of his own findings of new diagnostic resources, including immuno- concerning vaccinated mice that contracted fluorescente, in order to clarify the problem of rabies and recovered. recovery from rabies.

In the light of the cases recorded in litera-

Révision de la notion que la rage est toujours fatale (Résumé)

Le rapport passe en revue quelques ouvrages se rapportant à des cas de guérison de la rage, depuis l’époque de Pasteur jusqu’à nos jours. On a relevé des cas de rage abortive OU guérie parmi diverses espèces animales, en particulier les chauvesouris dont le rétablisse- ment après l’infection rabique ne peut plus être mis en doute; chez les chiens concernant lesquels les ouvrages ont déjà signalé différents cas de guérison dont certains n’ont pas pu être complètement vérifiés mais d’autres ont été confirmés; parmi les animaux de labora- toires qui ont pu être étudiés le mieux, le rapport mentionne les souris. On a constaté fréquemment des cas de guérison de la rage parmi cette dernière espèce, tant chez les souris vaccinées antérieurement que chez les

souris non vaccinées; on peut même prévoir de tels cas, en particulier lorsque les souris sont injectées avec de petites doses de virus par voie sous-cutanée. Le rapport fournit également

quelques données concretes, bien que tres limitées, concernant les souris vaccinées qui ont contracté la rage et qui ont été guéries. L’auteur propose de rectifrer la notion selon laquelle la rage est toujours fatale, en s’appuyant sur les renseignements parus dans un certain nombre d’ouvrages. 11 souligne également la nécessité d’entreprendre des études approfondies en utilisant notamment deux nouvelles méthodes de diagnostic parmi lesquelles il mentionne l’immunofluorescence,

aíin de mieux élucider le probleme de la guérison de cas de rage.

VIGILANCIA EPIDEMIOLÓGICA DE LA RABIA EN LAS AMÉRICAS

Al publicar su boletín mensual, en febrero de 1970, el Centro Panamericano

de Zoonosis había recibido informes sobre la vigilancia de la rabia procedentes de 18 países u otras regiones. Se notiíkaron casos de rabia en animales en Belice, Bolivia, Brasil, Colombia, Costa Rica, Chile, Estados Unidos, Guatemala, Hon- duras, México, Nicaragua, Paraguay, Perú, República Dominicana y Venezuela. No se observó ningún caso en Surinam, Trinidad y Tabago, y Uruguay.

Del total de 1,255 casos ocurridos en febrero solo se conoce la distribución por especies en 98 1, la que incluye 693 perros y 204 bovinos.

En el boletín figuran asimismo casos de rabia en animales notificados en enero de 1970 en Argentina, Ecuador, El Salvador, Granada y Haití.

En abril de 1970 se notificaron 10 casos de rabia en humanos, así como 3 casos de complicaciones neuroparalíticas posvacunales.

Referências

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