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de triste memória na história da civilização.

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da negociação coletiva. O poder normativo ou arbitrai compulsório constitui, nessa hipótese, um fator de equidade social no conjunto das categorias.

Alguns juristas se insurgem contra a solução dos conflitos coletivos por tribunais do trabalho, porque não admitem que uma decisão do Judiciário possa ter, ao mesmo tempo, corpo de sentença e alma de lei. Mas, como ponderou Calamandrei, “No fundo, esta duplicidade de aspectos das decisões da magistratura do trabalho não é mais que uma projeção no campo processual da duplicidade de aspectos que, no campo do direito substantivo, apresenta o contrato coletivo”

(R e cu e i d ’étu d es s u r le s so u r s e s a u d ro it e m h o n n e u r d e F r a n c o is G ény.

Paris, 1938, p. 175).

A verdade é que os dados estatísticos pertinentes à magistratura do trabalho revelam que, não obstante suas imperfeições e das causas exógenas motivadoras de milhões de ações, ela funciona. E agora, com a Emenda Constitucional n° 45, de 2004, teve consideravelmente ampliada a sua competência. Por isto mesmo vem sendo criticada por aqueles que, numa orquestração suspeita, querem, num retrocesso inadmissível, desregulamentar a legislação de proteção ao trabalho, impondo a volta ao

la is s e r f a i r e

de triste memória na história da civilização.

A R E N O V A Ç Ã O D O P O D E R P E L O P O D E R D E R E N O V A Ç Ã O

José A u gu sto R od rigu es P in to*

1 A RENOVAÇÃO DO PODER E O PODER DE RENOVAÇÃO

A Justiça do Trabalho, neste setembro de 2006, tem justas razões para comemorar seus sessenta anos de inserção constitucional no Poder Judiciário brasileiro, orgulhando-se de um desempenho incansável e bem-sucedido da missão de suavizar o áspero antagonismo de classes latente nas relações capital/trabalho.

O maior preito de gratidão que, por isso, lhe pode prestar a sociedade brasileira é reconhecer a sabedoria com que contribui para a renovação do Poder com seu próprio poder de renovação.

Nunca em toda a história da civilização humana as instituições políticas brotaram por geração espontânea. Muito ao contrário, sempre simbolizaram o fecho de acontecimentos encadeados por um insondável determinismo que move a sociedade com mãos invisíveis, que ela pensa serem suas, para destinos imprevisíveis, que ela imagina dominar.

* T it u la r e P r e s i d e n t e H o n o r á r i o d a A c a d e m i a N a c i o n a l d e D i r e i t o d o T r a b a lh o . D e s e m b a r g a d o r F e d e r a l d o T r a b a lh o d a 5 a R e g iã o , a p o s e n ta d o .

4 2 Rev. T S T , B ra síl ia , vol. 7 2 , n º 3 , se t /d e z 2 0 0 6

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6 0 A N O S D E IN S E R Ç Ã O C O N S T IT U C IO N A L D A J U S T IÇ A D O T R A B A L H O

B e m - a v e n t u r a d a s a s i n s t i t u i ç õ e s q u e , a s s u m i n d o a c o n s c i ê n c i a d o d e te rm in is m o h is tó ric o d e s u a g e ra ç ã o , c o n s e g u e m o r ie n ta r se u s p a s s o s p e la b ú s s o la d o id e a l a q u e d e v e m o s o p r o d a v id a , m a n te n d o os o lh o s b e m a b e r to s p a r a a re la tiv id a d e d as o b ra s h u m a n a s .

T em o s firm e c o n v ic ç ã o d e q u e e s te é o c a s o d a n o s s a J u s tiç a d o T ra b alh o . D aí, ao te n tá ra m o s u m a sín te s e c r ític a d e s u a tra je tó ria , a o lo n g o d e s te m a is de m e io sé c u lo , e a p e r s p e c ti v a d e se u fu tu ro , q u e a f u g a c id a d e d e n o s s a e x is tê n c ia m a te ria l n ã o c o n s e n tirá q u e p a r tilh e m o s , la n ç a m o s m ã o d o s ú n ic o s m e io s p o s s ív e is d e ju n ta i- n o s s a p e q u e n in a v o z a o e c o d a sa u d a ç ã o u n ís s o n a d o s h u m ild e s a q u e d eu a b rig o , a g r a d e c e n d o a D e u s o p riv ilé g io f a z ê - la ouvir.

2 O S A N T E C E D E N T E S H IS T Ó R I C O S

N in g u é m d e s c o n h e c e e x is tê n c ia d e u m n e x o ló g ic o a e n l a ç a r as id é ia s de d ire ito e lib e rd a d e . P o r f a lta d e le , an tes d o tra b a lh o liv re n ã o h a v i a a tm o s f e r a q u e a re ja s s e n e m e s p a ç o q u e p e r m itis s e p re s tá - lo c o m alte rid a d e . E até q u e a R e v o lu ç ã o I n d u s tr ia l a p ro fu n d a s s e a p o d e r o s a sín tese d a e c o n o m ia c o m a te c n o lo g ia , c e le b ra d a ao a v a n ç o a v a s s a la d o r d a a t iv id a d e in d u s tria l, n ã o h o u v e c l a m o r s o c ia l p a r a a f o rm a ç ã o d e u m n o v o s is te m a r e g u la d o r d e r e la ç õ e s j u r íd ic a s d e tra b a lh o , q u e tiv e s s e p o r fu n d a m e n to a id é ia n u c le a r d e p r o te ç ã o d a d e b ilid a d e e c o n ô m ic a d e u m d o s seus su jeito s.

N o in s ta n te e m q u e , c o s tu ra d o s os p r im e iro s fio s d e d ire ito m a te r ia l u m n o v o s is te m a - o D ire ito d o T ra b a lh o - se fo rm o u , o u tro s fio s, d e d ire ito fo rm a l, lh e d e r a m u m c o m p le m e n to d e s o lu ç ã o d o s d e c o r r e n te s c o n f li to s , ig u a lm e n te in o v a d o r, s u s te n ta d o n o p r e c e ito f u n d a m e n ta l d a c o n c ilia ç ã o d o s in te re s s e s e n a i d é i a , a p r o v e i t a d a d o s C o n s e i l s d e P r u d ’h o m m e s d a I d a d e M é d i a , d a r e p r e s e n ta tiv id a d e d ir e ta d o s d e s a v in d o s n o s ó rg ã o s m e d ia d o re s .

T o d o e s te ap a ra to , c u ja m o n ta g e m c o m e ç o u , n a E u r o p a d o s é c u lo X V I I I e se co m p le to u n o m u n d o o c id e n ta l d o s é cu lo X IX , só a p o rto u n o B r a s il j á n a p r im e ira m e ta d e d o s é c u lo X X . E s te a tra s o h is tó ric o é e x p lic a d o p e lo e s tre ito v ín c u lo do D ire ito d o T ra b a lh o c o m o d e s e n v o lv im e n to e c o n ô m ic o in d u s tria l, im p o s s ív e l de se r e s ta b e le c id o e n q u a n to os p ila re s d e n o s s a a tiv id a d e e c o n ô m ic a p e r m a n e c e r a m s u s te n ta d o s n u m a e s tr u t u r a d e e x t r a tiv is m o e f o r n e c im e n to d e b e n s p r im á r io s m o v id o s p o r m ã o - d e - o b r a escrav a .

U m s ig n i f ic a t iv o im p u l s o d a r e v e r s ã o d e s s e s d o is f a to r e s , in ic ia d a m u ito f ra g ilm e n te n o s e s te r to r e s d o X I X , só v e io a te r lu g a r m a is v is í v e l n o p ó s - g u e r r a d e 1 9 1 8 , q u a n d o s e o r g a n i z a r a m a s p r i m e i r a s c a t e g o r i a s d e t r a b a l h a d o r e s (fe rr o v iá rio s , m a r í tim o s e s e rv id o r e s d e c o n c e s s io n á r ia s d e s e r v iç o s p ú b lic o s ) e s e c r i s t a l i z a r a m e m n o r m a s a l g u n s d ir e i to s t i p i c a m e n t e tr a b a l h i s t a s , c o m o a e s t a b i l i d a d e p a r a o s f e r r o v i á r i o s , e m 1 9 2 3 , a c r i a ç ã o d o s p r i m e i r o s ó r g ã o s j u r is d ic io n a is p a r a a s o lu ç ã o d e u m n o v o tip o d e c o n f li to s , c o m o o s tr ib u n a is r u ra is d o E s ta d o d e S ã o P a u lo , e m 1 9 2 2 e o C o n s e lh o N a c io n a l d o T ra b a lh o , v in c u la d o a o M in i s té r io d a A g ric u ltu ra , e m 1 9 2 3 , a m b o s r e f le t in d o f ie l m e n te a

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base agrícola, ainda preponderante na economia brasileira, precedidos por uma espécie de “bando anunciador” formado pelas leis de sindicalização rural, de 1903, e urbana, de 1907, sem eficácia prática, por falta de correlatos órgãos de fiscalização e de jurisdição especial.

O triunfo do golpe de Estado de 1930 e a visão política de seu líder Getúlio Vargas para tentar libertar o país dos grilhões carcomidos de sua economia rural,

fazendo a legislação se antecipar ao fato social, inspirou a outorga da dinâmica disciplinar diferenciada da relação de trabalho, antes que os trabalhadores se mobilizassem para conquistá-la, na medida da consolidação de uma consciência coletiva, pelos mesmos processos de luta característica da evolução européia. A conseqüência lógica dessa intenção seria completar o regramento das relações de direito material do trabalho com normas criadoras de procedimentos e organismos adequados à heterocom posição dos inevitáveis choques dos indivíduos e coletividades que se opunham dentro dela.

Assim foram reunidas as condições para o nascimento do que viria a ser a Justiça do Trabalho.

3 A GÊNESE E A METAMORFOSE

A gênese da Justiça do Trabalho - sem este nome de batismo, evidente­

mente - foi administrativa. Seu casulo se alojou no Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, criado ainda em 1930, a cuja estrutura aderiram dois anos mais tarde, as Juntas de Conciliação e Julgamento (Dec. Legislativo n°

22.132), com atribuição de solucionar os conflitos individuais do trabalho, e as Comissões Mistas de Conciliação (Dec. Legislativo n° 21.936), dedicados a solucionar os conflitos coletivos. O titular da Pasta dispôs do

p o d e r a v o c a tó r i o ,

que lhe permitia modificar decisões proferidas por aqueles órgãos administrati­

vamente subordinados. A competência para as fazer cumprir ou executar per­

maneceu com a Justiça Comum.

Surgiu, assim, uma espécie de organismo híbrido provido de

n o tio

limitada e desprovido de

im p e r iu m ,

conforme a precisa descrição de

C a m p o s B a ta lh a

Entretanto, podemos dizer que, mal saído do estado de crisálida, seu organismo iniciou um processo de metamorfose que lhe permitiu levantar-se da planície das simples engrenagens administrativas ao píncaro dos órgãos de poder do Estado.

Este processo de metamorfose logo se fez visível nas várias proposições dos constituintes de 1933, que determinaram a aprovação do art. 122 e parágrafo único do Título IV (“Da Ordem Econômica e Social”) da Magna Carta que escreveram.

Foi, entretanto, instituída a Justiça do Trabalho pela efêmera Constituição de 1934 com duas ressalvas que infirmaram sua própria denominação: a negação explicita de a incluir no Capítulo IV do Título I (“Do Poder Judiciário”) e a “livre nomeação

1 B A T A L H A , W ils o n d e S o u z a C a m p o s . T r a ta d o d e d ir e i to j u d i c i á r i o d o tr a b a lh o . S ã o P a u lo : LTr, 1 9 7 7 . p . 17 1 .

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p e l o G o v e r n o ” d o s p r e s i d e n t e s d o s tr ib u n a is d o tr a b a lh o e d a s c o m i s s õ e s d e c o n c ilia ç ã o , a s e r “ e s c o lh id o s d e n tre p e s s o a s d e e x p e r iê n c ia e n o tó r ia c a p a c id a d e m o ra l e in te le c tu a l” , o u se ja, s e m e x ig ê n c ia d e g r a d u a ç ã o e m d ire ito e d e s e le ç ã o e m c o n c u r s o p ú b l i c o . I d e n t i f i c a d o s , d e s s e m o d o , c o m o “ e x i l a d o s ” d o P o d e r Ju d ic iá rio , n e g o u - s e a o s n o m e a d o s a p r o te ç ã o d o s p r e d ic a m e n to s d a m a g is tra tu ra .

Tal to r tu o s id a d e c r io u n a s suas d o b ra s o e s tig m a d e u m a J u s tiç a d e s e g u n d a classe, d e s p o ja d a d a to g a e d a p o m p a do P o d e r Ju d ic iá rio , q u e ilh a s n e m tão p e q u e n a s d e ig n o râ n c ia e m á -f é n ã o se c o n s tra n g e m e m su b lin h ar, a té h o je .

E n tre ta n to , o p r o c e s s o d e m e ta m o rf o s e se g u iu se u c u r s o im p e r tu rb á v e l c o m a s a c i r r a d a s d i s c u s s õ e s d o u t r i n á r i a s t r a v a d a s e m t o r n o d o p r o j e t o d e l e i in fra c o n s titu c io n a l e n v ia d o ao C o n g r e s s o p e lo E x e c u tiv o , e m 1935, e n f im a p ro v a d o e m ju n h o d e 1937, p o r e m e n d a c a lc a d a n o p a r e c e r d e W a ld e m a r F e rre ira . A p ro v a ç ã o ta rd ia e in ó c u a, e m v is ta d o a b ru p to a tro p e la m e n to p e lo g o lp e d e E s ta d o d e 10 d e n o v e m b ro e p e la C a r t a C o n s titu c io n a l o u to r g a d a n o m e s m o d ia , q u e e s q u e c e u , ou n ã o q u is, in te g rá -la a o P o d e r J u d ic iá rio , c o m o se v ê n o se u art. 139 (“D a O rd e m E c o n ô m ic a ” ).

D e s q u a lif ic a d a p e la C a rta c o n s titu c io n a l d o to ta lita ris m o g e tu lis ta , a J u s tiç a d o T ra b a lh o g a n h o u d o m e s m o r e g im e u m a c a r ta d e a lfo rria s u r p re e n d e n te c o m o D e c r e t o - L e i n° 1 .2 3 7 , b a i x a d o e m 0 2 . 0 5 .1 9 3 9 p a r a t e r v i g ê n c i a a p a r t i r d e 0 1 .0 5 .1 9 4 0 . E c o n s id e r a m o s q u e es s e te x to a alfo rrio u , a p e s a r d e tã o e s p ú rio q u a n to a C a rta d e 10 d e n o v e m b ro , n ã o a p e n a s p o r lh e te r d a d o a c o n f o r m a ç ã o o rg â n ic a até h o je co n s e rv a d a , sa lv o n o to c a n te à rep re se n ta ç ã o das c lasse s no s seus co leg ia d o s, c o m o , so b re tu d o , p o r te r n u m só g o lp e c o r ta d o o c o r d ã o u m b il ic a l d a av o c a tó ria , q u e a s u b o r d in a v a ao P o d e r E x e c u tiv o , e p r o c e d id o à ju n ç ã o d a p le n itu d e d a n o tio , n o s d iss íd io s c o g n itiv o s , c o m o im p e r iu m n o c u m p rim e n to d as d e c is õ e s p ro fe rid a s , r o m p e n d o as a m a rra s d e d e p e n d ê n c ia d a J u s tiç a C o m u m , a d e s p e ito d a p e c a m in o s a in c o e rê n c ia d e c o n s e r v a r o d isc rim in a tó rio e x ílio c o n s titu c io n a l d o P o d e r Ju d ic iá rio .

S e m as p e ia s q u e tr a v a v a m se u s m o v im e n to s , a Ju s tiç a d o T ra b a lh o m o s tro u su a fo rç a re n o v a d o ra d a fu n ç ã o ju d ic a n te , nos asp ecto s fu n d a m e n ta is d a sim p lic id a d e e a g ilid a d e d o p r o c e s s o e d a a p ro x im a ç ã o d e seus ju lg a d o r e s c o m as p a rte s , d e v id a à se n s ib ilid a d e so c ia l m o d e rn iz a d a p e lo to q u e d e h u m a n is m o d o s p r in c íp io s do D ire ito d o T ra b a lh o q u e lh e s c u m p ria aplicar.

A o n d a lib e r tá r ia d o p ó s - g u e r ra d e 1945, q u e v a rre u d o B r a s il o r e g im e de e x c e ç ã o in s ta u ra d o so b o n o m e d e E s ta d o N o v o , n ão d e ix o u q u e se q u e r se es p e ra s s e o E sta tu to B á s ic o e m g e s ta ç ã o n a A s s e m b lé ia N a c io n a l C o n s titu in te , p a r a r e c o n h e c e r à J u s t iç a d o T r a b a l h o a e s s ê n c i a d e ó r g ã o d e p o d e r ju d i c a n t e . E f e tiv a m e n te , a n te c ip a n d o - s e a ele, o D e c re to - L e i n° 9 .7 9 7 , d e 0 9 .0 9 .1 9 4 6 , ain d a q u e d e m o d o ju r id ic a m e n te in c o rre to , c o n fe riu f o rm a lm e n te ao s seus ju íz e s to g a d o s , m e d ia n te ac ré sc im o do § 6o ao art. 6 5 6 d a en tão j o v e m CLT, as g ara n tias d e v id a s à m a g is tra tu ra d a q u a l n ã o e r a m m e m b ro s.

D e s s e m o d o , e m 18 d e s e te m b ro d e 1946, o ato d e in c lu s ã o d a J u s tiç a do T r a b a l h o n o C a p í t u l o I V d a C o n s t i t u i ç ã o F e d e r a l , c u j o s s e s s e n t a a n o s s ã o

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reverenciados homenageados, neste 2006, por todos que colheram na sua fronte a energia da esperança e depositam aos seus pés os louros da realização profissional, apenas recepcionou a legitimação exigida pelo clamor da consciência jurídica nacional precipitada pelo legislador ordinário.

4 AS CRISES EXISTENCIAIS

É muito próprio dos organismos jovens padecer crises existenciais justamente devidas à imaturidade ou à resistência do conservadorismo. A Justiça do Trabalho não fugiria a essa regra. Mas, venceu, uma a uma, todas que a sacudiram, indiferente à diversidade das origens.

Chamaríamos à primeira de

cr ise d e a fir m a ç ã o ,

que teve seu ciclo encerrado exatamente com a inserção no quadro constitucional do Poder Judiciário. Foi-lhe exigido, nos quase três lustros gastos na implantação do Direito do Trabalho no Brasil, até a outorga da Consolidação das Leis do Trabalho pelo Decreto-Lei n°

5.452, de 1º de maio de 1943, um enorme esforço de afirmação de credibilidade num percurso de urzes semeadas pela reação do

s ta b lis h m e n t

do poder econômico à autoridade de um ramo jurídico concebido para proteger a

m e n o s v a lia

social do trabalho, sem dispor de um sistema processual definido nem do reconhecimento da independência do poder político para julgar os conflitos e fazer cumprir os julgamentos.

Logrou vencê-la, manipulando habilmente alguns fatores decisivos, entre eles: a neutralização da aspereza do choque de classes pela conciliação dos conflitos do trabalho, que o domínio do processo industrial pela aliança tecno-econômica exacerbara; a confiança conquistada pela simplicidade e rapidez de solução dos dissídios a um baixo custo processual; a visão da presença participativa das próprias classes para a discussão e julgamento dos interesses em luta; a humanização de seus agentes que trocaram a solidão erudita dos gabinetes do poder pelo convívio linear com a massa operária espoliada pelo desprezo à dignidade na formulação e execução dos contratos.

A segunda, e pior delas, atingindo-a de fora para dentro, diríamos ter sido a

c r is e d o a b s o lu tis m o ,

que lhe sacudiu os próprios fundamentos. Provocou-a o fechamento político imposto pelo regime militar de 1964, radicalmente contrário à sua vocação para o igualitarismo social, e responsável por uma extensa reformulação legal do Direito do Trabalho, de seu processo e da seguridade social, ademais da submissão de todo o ordenamento jurídico às deformações de um “direito institucional” colocado acima da Constituição da República. Foi fundamental para superá-la sem capitular a dosagem da temperança na resistência à força bruta e a discreta contenção interpretativa dos institutos e normas criados, a exemplo do FGTS, ou alterados, a exemplo da Medicina e Segurança do Trabalho.

A mais recente, que bem merece o apodo de

c r is e d o n e o lib e r a lis m o ,

por sua força indutiva de uma formatação política ou, mais até, ideológica, da flexibilização da relação de trabalho e do arcabouço tutelar dos princípios e normas

4 6 R ev. T S T , B rasíli a, vol. 7 2 , n º 3 , se t /d e z 2 0 0 6

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do Direito do Trabalho, sob pretexto de ser um reflexo jurídico natural do choque de globalização produzido pelo

b o o m

tecnológico do terço final do século XX.

A impulsão extremada do fenômeno, denominado

d e s r e g u la m e n ta ç ã o ,

cujas garras lacerantes apareceram claramente no ato falho de plantar no art. 618 da CLT o espúrio

p r in c íp io d a p r e v a lê n c ia d o n e g o c ia d o so b r e o le g is la d o ,

chegou a desafiar o próprio Direito do Trabalho com o dilema de sucumbir, refluindo para o Direito Civil, ou reagir, expandindo-se da relação de emprego para todas as relações de trabalho. Na encruzilhada desta opção levantou-se poderosa onda de extermínio da Justiça do Trabalho com a mácula infamante de ser custosa, ineficiente e inútil.

Sua reação ao assédio para eliminá-la, cujo preço acabou reduzido à perda da representação classista pela Emenda Constitucional n° 24, de 09.12.1999, foi exemplarmente irônica. E que, na mesma época, o desespero do Executivo para irrigar os cofres da autarquia responsável pelo gerenciamento da Previdência Social, esvaída por uma vergonhosa sangria orçamentária, precipitou a proposta de um arremedo de reforma constitucional, entre cujas medidas salvacionistas se destacou a determinação da competência da Justiça do Trabalho - aquela que se queria eliminar por inoperância e inutilidade, jogou-lhe nos ombros o encargo de revitalizar a arrecadação das contribuições devidas ao órgão gestor do sistema, através da execução de suas sentenças.

Tal incoerência recebeu resposta fulm inante: em bora não tivessem especialização nem aparelhamento para o exercício da nova competência, privados até de regulamentação que lhes oferecesse um procedimento indispensável à eficiência do desempenho, os juízes do trabalho enfrentaram o desafio com uma gana que a levou a surpreendentes recordes de arrecadação por via da atividade jurisdicional. Esses resultados, além de calar as vozes do extermínio, causaram o que Roberto Campos um dia chamou de “reversão de expectativa” com a reformulação do art. 114 da Constituição de 1988 pela Emenda Constitucional n°

45, de 2004 que, em lugar de extinguir, ampliou enormemente seu campo de atuação.

De permeio ao que bem poderíamos chamar de

o n d a s c r ític a s,

a Justiça do Trabalho sofre uma espécie de

c r is e c r ô n ic a ,

a de crescimento ou, como prefere identificá-la

S ü s s e k i n d ,

de hipertrofia, que ele retrata em alguns números comparativos. Por exemplo: a estrutura organizacional, que era, em 01.05.1941, de 36 Juntas, 8 CRTs e saltou, até agora, para 1.100 Varas, 24 TRT’s e o TST2 Trata-se de uma crise inequivocamente devida à progressão do desenvolvimento econômico industrial da nação, fonte natural de relações de emprego e de inevitáveis conflitos causados pelo antagonismo atávico de seus sujeitos, acrescida da imigração do resto da família dos

c o n tr a to s d e a tiv id a d e

para a área de sua competência para irmanar-se ao contrato individual de emprego, Não esqueçamos também de agregar

2 S Ü S S E K I N D , A r n a l d o . H is t ó r i a d a J u s ti ç a d o T r a b a lh o - r e f l e x õ e s e p e r s p e c tiv a s . C o n f e r ê n c i a d e a b e r t u r a d o I S e m i n á r i o d e D i r e i t o I n t e r n a c i o n a l d o T r a b a lh o , p r o m o v i d o p e l o T r i b u n a l S u p e r i o r d o T r a b a l h o e p e l a A c a d e m i a N a c i o n a l d e D i r e i t o d o T r a b a lh o , e m B r a s í l i a , 0 2 . 0 2 .2 0 0 6 .

Rev. T S T , B rasíli a, vol. 7 2 , n º 3 , se t /d e z 2 0 0 6 4 7

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a e x e c u ç ã o d a s c o n trib u iç õ e s d e p r e v id ê n c ia so c ia l to r n a d a s e x ig ív e is p o r su a s s e n te n ç a s e a n o s s a c u ltu r a d o litíg io r e s p o n s á v e l p o r u m a u m e n to v e g e ta tiv o de c a u s a s tão in d e s e já v e l q u a n to d isp e n sá v e l.

5 O P O D E R D E R E N O V A Ç Ã O

A s u p e ra ç ã o d e s s a s d ific u ld a d e s , m u ltif o rm e s e p ro fu n d a s , im p o s s ív e is d e s o l u c i o n a r p o r p a n a c é i a s le g a is e, ta m b é m , a r á p i d a e c o n t i n u a a l te r a ç ã o d o o r d e n a m e n to p o s itiv o d o D ire ito m a te ria l e p r o c e s s u a l d o T ra b a lh o , a rm o u a J u s tiç a d o T ra b a lh o c o m n o tá v e l p o d e r d e re n o v a ç ã o , u s a d o p a r a r e s o lv e r as s u c e ssiv a s crises. C ite m -s e p o r a m o s tr a g e m alg u n s d o s o b s tá c u lo s q u e sa lto u : d a r e fe tiv id a d e a o c u m p r i m e n t o d a s d e c i s õ e s d e J u n t a s , d e p e n d e n d o d a e x e c u ç ã o c i v i l ; c o m p a t i b i l i z a r a a n t iju r id ic id a d e d e d is p o s itiv o s d e a to s i n s t itu c io n a is c o m a le g is la ç ã o so c ia l tra b a lh ista ; a d a p ta r-s e às m ú ltip la s m o d if ic a ç õ e s p ro c e d im e n ta is d a L e i n° 5 .4 4 8 /1 9 6 8 e d o D e c re to -L e i n° 7 7 9 /1 9 6 9 ; a d m in is tra r os d issíd io s o riu n d o s d a L e i n° 5 .1 0 7 /1 9 6 7 ; s is te m a tiz a r a so b r e c a r g a d as h o m o lo g a ç õ e s a d m in is tra tiv a s d e e x tin ç ã o c o n tra tu a l d a L e i n° 5 .5 6 2 , d e 1 2 .1 2 .1 9 6 8 ; e x e c u ta r c o n trib u iç õ e s d e p r e v id ê n c ia so c ia l e j u l g a r os d is s íd io s o riu n d o s d o s c o n tra to s c iv is d e a tiv id a d e.

S ão s itu a ç õ e s q u e e x i g e m g r a n d e m a le a b ilid a d e d e a tu a ç ã o , c o n d u ç ã o c ria tiv a d o s d is s íd io s e e x t r e m a p la s tic id a d e d a s d e c is õ e s p ro fe rid a s . P a r tic u la r m e n te d ig n a d e s a l i e n t a r , n o a s p e c t o , a c a p a c i d a d e d e a d a p t a ç ã o d e m o n s t r a d a p e l o s ó r g ã o s ju r is d ic io n a is , e ta m b é m a u x ilia re s, p a r a a s s im ila r le g is la ç ã o e p r o c e d im e n to s d e c á lc u lo e a r re c a d a ç ã o d a s co n trib u iç õ e s d e p re v id ê n c ia social, p a r a c u m p rir a ab ru p ta d e te r m in a ç ã o d e c o m p e tê n c ia d e E C -2 0 /1 9 9 8 , c o m e fic iê n c ia q u e d e v e ter o P o d e r E x e c u tiv o , e m is s á rio e b e n e f ic iá r io d e s s e p r e s e n te d e g re g o . E fi c iê n c i a q u e se c o n f ir m a n o a te n d im e n to d o tra s p a s s e d a c o m p e tê n c i a d a J u s tiç a e s ta d u a l p a r a c o n h e c e r d o s d is s íd io s d e c o rre n te s d a s r e la ç õ e s c iv is de tra b a lh o , s e m a p r u d ê n c ia d e r e s s a lv a r a c o m p e tê n c ia r e s id u a l d o s p r o c e s s o s j á a ju iz a d o s à é p o c a d e su a p r o m u lg a ç ã o .

6 A S P E R S P E C T IV A S

O p o d e r d e r e n o v a ç ã o d a J u s tiç a do T ra b a lh o a re v e s te os s e s s e n ta an o s d e in te g r a ç ã o ao P o d e r J u d ic iá r io c o m a m p la s p e r s p e c ti v a s d e a p r im o r a m e n t o d o d e s e m p e n h o d o p a p e l até a q u i c u m p rid o e m p r o l d o s ju r is d ic io n a d o s , q u e a in d a se c o n c e n t r a m n a s c a m a d a s m a is h u m i l d e s d a p o p u la ç ã o . C e r t o s p o n to s f r a c o s , e n tre ta n to , p r e c is a m s e r a ta c a d o s p a r a m e lh o r a r a in d a m a is a su a p e r fo rm a n c e , c o n f ir m a n d o -a c o m o o s e g m e n to m a is o p e ro s o e p r o d u tiv o d a J u s tiç a b rasileira.

O s p r in c i p a is d e s s e s p o n to s s e a l o ja m n o a p a r a to le g a l, q u e r d e d ire ito m a te ria l, q u e r d e p ro c e s s o .

N o s u b - ra m o d o D ire ito I n d iv id u a l d o T ra b a lh o o p r im e iro p la n o d e n o s s a p re o c u p a ç ã o é o c u p a d o p e la f a lta d a s s e g u in te s m e d id a s : re g u la m e n ta ç ã o d o in c iso I d o art. 7 º d a C o n s titu iç ã o d e 1988, n o to c a n te à m o tiv a ç ã o d a e x tin ç ã o d o a ju ste

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Rev. T S T , B rasília , vol. 7 2 , n º 3 , s e t /d e z 2 0 0 6

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60 A N O S D E IN S E R Ç Ã O C O N S T IT U C IO N A L D A J U S T IÇ A D O T R A B A L H O

in d iv id u a l; s e v e r a r e p r e s s ã o e c o n ô m ic a ao s ato s d e s tin a d o s a f r a u d a r d ire ito s do tr a b a lh a d o r, s o b r e tu d o n a á r e a d a te r c e ir iz a ç ã o e d o c o o p e r a tiv i s m o , as q u a is , c o n v e n ie n te m e n te sa n e a d a s , p o d e m c o n trib u ir p o s itiv a m e n te , ta n to c o m o e s tím u lo d a a t iv id a d e e c o n ô m i c a q u a n t o c o m a c r ia ç ã o d e o p o r t u n i d a d e s d e tra b a lh o ; su b s titu iç ã o d a m u lta in c id e n te so b re os d e p ó s ito s d e F G T S , n a d e s p e d id a s e m ju s t a ca u sa , p o r s u a in v a lid a ç ã o p u r a e s im p le s, se n ã o h o u v e r p r é v ia c o m p ro v a ç ã o d e re g u la rid a d e d o s d e p ó s ito s m e n sa is; re v is ã o do m e c a n is m o d a c o n c ilia ç ã o cria d o p e la L e i n° 9 .5 5 8 /2 0 0 0 , d e m o d o a c o n tro la r a lis u ra d a s r e s p e c tiv a s c o m is s õ e s e to rn ai- m a is s e g u ra a n e g o c ia ç ã o p a r a o e m p re g a d o .

N o s u b - ra m o d o D ire ito S in d ic a l e C o letiv o : a d e q u a ç ã o c o m p le ta d a g a ra n tia d e lib e r d a d e sin d ic a l à r e a lid a d e d o s p r in c íp io s q u e a s u s te n ta m ; re p r e s s ã o se v era d a m á g e s tã o s in d ic a l se ja n o â n g u lo e s trito d a a d m in is tra ç ã o d a s a s s o c ia ç õ e s , seja no â n g u lo a m p lo d e c o n d u ç ã o d a d e f e s a d o s in te g r a n te s d a c a te g o ria ; c o n c e itu a ç ã o cla ra d a s a titu d e s a n ti-s in d ic a is , e e n é r g ic a re p r e s s ã o à s u a p rá tic a .

N o D ir e ito P ro c e s s u a l se e n c o n tra m , s e m d ú v id a , os e n tra v e s m a is sé rio s à o tim iz a ç ã o d e r e s u lta d o s d a aç ã o d a J u s tiç a d o T ra b a lh o - o b s e rv a ç ã o q u e no s p a r e c e c o n f ir m a r a c irc u n s tâ n c ia de, n e s te in íc io de m ilê n io , e s ta r h a v e n d o m u ito m a io r p ro g re s s o n o rm a tiv o d o p ro c e s s o c o m u m d o q u e d o trab a lh ista. C o m o m e d id as i m e d i a t a s , c o n t r i b u i r i a m m u i t o p a r a u m a g e n e r o s a c o l h e i t a d e r e s u l t a d o s : a u n ific a ç ã o d o s p ro c e d im e n to s de co g n içã o m e d ia n te o a p e rfe iç o a m e n to sim p lifica d o r d o a g o r a d e n o m in a d o p r o c e d im e n to o rd in á rio ; o a g r a v a m e n to d a s a n ç ã o p e c u n iá ria à litig â n c ia d e m á -fé ; a im p le m e n ta ç ã o im e d ia ta d o F u n d o d e G a r a n tia d a E x e c u ç ã o T ra b a lh is ta in s titu íd o p e lo art. 3o d a E m e n d a C o n s titu c io n a l n° 4 5 , de 0 8 .1 2 .2 0 0 4 ; a e lim in a ç ã o d e to d o s os p r iv ilé g io s p r o c e s s u a is c o n f e rid o s à F a z e n d a P ú b lic a ; a e x i g ê n c ia d e p r o la ç ã o d e s e n te n ç a líq u id a , s a lv o im p e d i m e n t o c o m p r o v a d o ; a r e f o rm u la ç ã o d o s is te m a de re c u rs o s , c o m a m á x im a r e d u ç ã o d e se u n ú m e r o e p e s a d a s a n ç ã o e c o n ô m ic a a o e x e r c íc io p r o te la tó rio ; a e le v a ç ã o d o teto d o d e p ó s ito p r é v io , p a r ti c u la r m e n te n o s r e c u rs o s p a r a as in s tâ n c ia s e x t r a o r d i n á r ia s ( T S T e S T F ); o re c o n h e c im e n to da fo rm a ç ã o de c o is a j u l g a d a p e la s e n te n ç a d e liq u id a ç ã o , d e m o d o a im p e d ir , n a o p o r t u n i d a d e d o s e m b a r g o s à e x e c u ç ã o e d o r e c u r s o e v e n tu a lm e n te c a b ív e l, q u a lq u e r d is c u s s ã o d o v a lo r d a c o n d e n a ç ã o ; a e x i g ê n c ia de g a r a n tia d o ju í z o m e d ia n te d e p ó s ito e m d in h e iro p a r a a d m is s ã o do s e m b a rg o s à e x e cu ç ão .

N a á r e a d a o r g a n iz a ç ã o j u d ic iá r ia , e x t r e m a m e n te a f im à d o p r o c e s s o , o m e lh o r q u e p o d e r á se r fe ito é a d in a m iz a ç ã o o b je tiv a d a s r e g r a s q u e d e t e r m in a m o f u n c i o n a m e n t o d a s E s c o l a s d a M a g i s t r a t u r a , d a n d o ê n f a s e à f o r m a ç ã o d o c o n h e c im e n to e, p o r m e io d ele, da m e n ta lid a d e d o s j u íz e s d o tra b a lh o a c e rc a da im p o rtâ n c ia f u n d a m e n ta l p a ra a a firm a ç ã o so c ia l c re s c e n te d e s u a a tu a ç ã o o d o m ín io d a h e r m e n ê u ti c a , d o d ir e ito c o m p a r a d o , d a p s ic o lo g ia f o r e n s e e d a s o c io lo g ia j u r í d i c a , a s p e c to s l a m e n t a v e l m e n t e v o ta d o s a o d e s p r e z o t o ta l n o s c u r s o s d e g r a d u a ç ã o e a té m e s m o d e p ó s - g ra d u a ç ã o e m D ire ito .

C re m o s q u e tais m e lh o ria s d a rã o ao s a g e n te s d o P o d e r J u d ic iá rio tr a b a lh is ta n o v o a le n to a o p o d e r d e r e n o v a ç ã o , s o b r e tu d o d a m e n ta lid a d e d e se u s ag e n te s,

Rev. T S T , B rasíli a, vol. 7 2 , n º 3 , s e t / d e z 2 0 0 6 4 9

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instigando-lhes a capacidade e abrindo a consciência para esta verdade que deve ser inseparável da alma da Justiça: a interpretação e aplicação das normas jurídicas dependem da sintonia fina que souberem fazer com a dinâmica das condições econômicas e sociais. Dela é que vem a importância de não se satisfazer com juízes simplesmente técnicos, sem princípios, meros intérpretes passivos de textos, como, citando

M ic h e l Villey,

salientou

A r n a ld o S üs s e k in d

3 luminar e repositório vivo da história da Justiça do Trabalho brasileira.

7 O AMARGO REALISMO DA CONCLUSÃO

Não nos escondamos por trás de ilusões: a nação brasileira está hoje sufocada pelo mais sério processo de falência institucional e de espírito público, de uma carga letal nunca antes testemunhada. Em momentos assim, o cidadão, totalmente desarmado e impotente por sua fragilidade individual, clama pela restauração do brio nacional e do despertar coletivo da letargia moral, agarrando-se com toda a energia da esperança aos pilares que restem de dignidade e eficiência para a correção do rumo perdido.

A Justiça do Trabalho é, sem favor, um desses poucos pilares que ainda se mantêm de pé em meio à gangrena que se generaliza no caráter nacional. Por isso, o simbólico abraço comemorativo dos sessenta anos de inserção numa esfera do Poder do Estado essencial a qualquer obra de restauração das instituições públicas é também um voto de confiança no poder de renovação que trouxe intacta a pujança de sua atuação até aqui.

Esperemos que seus agentes se aferrem à certeza de que, por mais que tenham feito até aqui, é pouquíssimo diante do que a nacionalidade aflita lhes pede que façam por sua redenção. E mostrem, de uma vez por todas, que aquela Justiça de segunda classe de sessenta anos atrás é exatamente a que renovará o Poder a que foi tão relutantemente integrada, graças ao poder que sempre mostrou saber renovar-­

se a si mesma.

3 S Ü S S E K I N D , A r n a ld o , id e m .

5 0 Rev. T S T , B rasíli a, vol. 7 2 , n º 3 , s e t /d e z 2 0 0 6

Referências

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