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TEORIA DA HISTÓRIA: CONSTRUÇÃO E DESCONSTRUÇÃO DA RACIONALIDADE

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TEORIA DA HISTÓRIA:

CONSTRUÇÃO E DESCONSTRUÇÃO DA

RACIONALIDADE

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LUIZ HENRIQUE TORRES

TEORIA DA HISTÓRIA:

CONSTRUÇÃO E DESCONSTRUÇÃO DA RACIONALIDADE

2017

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de Luiz Henrique Torres.

Gravura da capa: Rio Grande.

Criação da Arte, composição e diagramação: Luiz Henrique Torres.

Revisão: Rejane Martins Torres.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

T3144 Teoria da História: construção e desconstrução da racionalidade. / Luiz Henrique Torres. Rio Grande: Pluscom Editora, 2017.

140p.

Bibliografia

ISBN: 978-85-9491-016-5

1. História - Filosofia2. História - Teoria3. História – Estudo e ensino. I. Torres, Luiz Henrique. II. Título

CDU : 08-07451 CDD:901

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SUMÁRIO

A TRAJETÓRIA DA TEORIA DA HISTÓRIA/7 CONCEITUAÇÕES/9

POR QUE ESTUDAR HISTÓRIA E TEORIA DA HISTÓRIA?/12 AMPLIANDO A CONSTELAÇÃO CONCEITUAL/14

MEMÓRIA & HISTÓRIA/15 TEMPO E HISTÓRIA/18 SENTIDO DA HISTÓRIA/21

OBJETIVIDADE E SUBJETIVIDADE DO CONHECIMENTO HISTÓRICO/23 FILOSOFIA DA HISTÓRIA/27

CIÊNCIAS NATURAIS E A HISTÓRIA /28 LUGARES DE MEMÓRIA/32

O ALVORECER DA RAZÃO HISTÓRICA/34 HISTORIOGRAFIA MEDIEVAL E MODERNA/34 O RACIONALISMO ILUMINISTA/35

ILUMINISMO E VAMPIRISMO/38

CONCEPÇÃO IDEALISTA DA HISTÓRIA/39 HISTÓRIA ROMÂNTICA/41

XIX: O SÉCULO DA HISTÓRIA/43

MATERIALISMO HISTÓRICO E DIALÉTICO: OS FUNDAMENTOS/44 MATERIALISMO HISTÓRICO E DIALÉTICO: VERTENTES/47

O POSITIVISMO E A ESCOLA METÓDICA/53 HISTORICISMO/60

HERMENÊUTICA/64

CONCEPÇÃO DA HISTÓRIA EM NIETZSCHE/66 RELATIVISMO HISTÓRICO OU PRESENTISMO/68 EXISTENCIALISMO E HISTÓRIA/70

MOVIMENTO DOS ANNALES: PRIMEIRA GERAÇÃO/73

MOVIMENTO DOS ANNALES: BRAUDEL E AS MENTALIDADES/76 MOVIMENTO DOS ANALLES: TERCEIRA GERAÇÃO/80

AMPLIANDO A CONSTELAÇÃO CONCEITUAL/84 NOVA HISTÓRIA CULTURAL/87

IRRACIONALISMO PÓS-MODERNO/92 O QUE É HISTÓRIA/94

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ESPECIALIDADES E ABORDAGENS DO CAMPO DA HISTÓRIA/95 REFLEXÕES PARA O TEMPO PRESENTE/99

A HISTÓRIA E A LITERATURA/101

RETOMANDO A HISTÓRIA NARRATIVA/112

CRISES DO PENSAMENTO OCIDENTAL: REFLEXÕES/113 CONSTRUÇÃO E DESCONSTRUÇÃO DA RACIONALIDADE/115 BIBLIOGRAFIA/119

ANEXO I - LEITURAS PARALELAS PARA REFLEXÃO/128 ANEXO II - SÍNTESE COMPARATIVA DAS CONCEPÇÕES/136

Edvard Munch, O Grito, 1893.

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A TRAJETÓRIA DA TEORIA DA HISTÓRIA

A Teoria da História está voltada a desvelar quais são os fundamentos da ciência histórica e como foi organizado o pensamento histórico desde a antiguidade greco-romana. Caminhada intelectual exaustiva e inesgotável que busca colocar um pouco de clareza no caos de fragmentos historiográficos dos últimos 2.500 anos. Para esclarecer podemos pensar a historiografia como este conjunto de obras já publicadas voltadas a pesquisa histórica; e a Teoria da História como a análise deste complexo material historiográfico, buscando sistematizar a produção, analisar os fundamentos epistemológicos (referenciais conceituais para construção deste saber) e buscar aproximações e distanciamentos nas interpretações teórico- metodológicas (organizar em concepções ou escolas do pensamento, em paradigmas epistemológicos etc). Enfim, refletir sobre como o historiador constrói o conhecimento e produz interpretações sobre o passado.

São múltiplas as formas de construir o conhecimento histórico e que se expressam em interpretações historiográficas diferenciadas (centenas de milhares de artigos e livros tratando de temas que buscam desvelar historicidades dos homens organizados socialmente no passado), neste sentido, há inúmeras “Teorias da História” e não um ente singular como o título deste livro que é usado como “tradição”.

Pensar o passado enquanto processo do acontecer humano no tempo/espaço pode ser feito por diferentes caminhos: filosófico, sociológico, teológico, teleológico, mítico etc. A Teoria da História aqui referida está relacionada com a construção intelectual que buscou alicerces explicativos racionais e que remonta a construção da História enquanto conhecimento sistematizado: a partir de Heródoto e Tucídides na Grécia Antiga.

Ao longo desta construção que se estenderia até o estatuto de ciência obtido no século XIX (e que é fator de questionamento até o presente), a História esteve próxima de áreas do conhecimento como a Literatura e a Filosofia, vagando entre o uso pragmático da pesquisa histórica para justificar títulos de nobreza ou controle de terras (como na Idade Média) até a emancipação dos homens da opressão do Antigo Regime na Idade Moderna.

Quero deixar claro que escrevi este livro para ser um guia preliminar para os acadêmicos encaminharem leituras mais avançadas de Teoria da História, as quais são sugeridas na bibliografia. Outro esclarecimento é que quando me perguntam qual o paradigma1 explicativo que utilizo nos meus escritos sempre afirmo “a fonte”. Ou seja, é a partir da documentação disponível que busco o cerco mais adequado para dialogar com o passado. A abordagem teórica é construída/apropriada do manancial historiográfico já existente a partir desta construção dialogal com os fragmentos das historicidades passadas. Certamente, as visões de mundo naquela contemporaneidade estarão presentes e a escolha interpretativa se fará a partir da constelação de leituras e inclinações do presente. Nesta abordagem não há espaço para reprodução dogmática, mas, sim uma abertura para novas leituras que questionem o saber estático e o raciocínio redundante.

A dimensão subjetiva desta caminhada é que os textos aqui apresentados são às leituras que fiz a partir da Graduação em História e que tiveram importância para a reflexão sobre “a arte de construir o conhecimento histórico”. Citações de autores aqui contempladas são fragmentos desta caminhada reflexiva que pode ser útil para aqueles que estão buscando uma primeira aproximação com o complexo campo da Teoria da História, mas fique claro: são as minhas escolhas reflexivas entre tantas outras que podem ser buscadas pelos leitores! Fundamental ressaltar que estou colocando algumas discussões de Teoria da História almejando que o leitor busque na bibliografia o aprofundamento dos temas e desta forma avance nas discussões cada vez mais complexas e reflexivas!

1 Paradigma é o complexo de postulados, conceitos e procedimentos mínimos que distinguem, pela maior ou menor adesão por parte dos autores da área, um enfoque de outro no seio da problemática epistemológica da história. RUDIGGER, Francisco Ricardo. Paradigmas do estudo da história. Porto Alegre: IEL/IGEL, 1991, p. 13.

(8)

Além do interesse em fornecer uma base paradidática inicial para os acadêmicos (uma difusão reflexiva do saber historiográfico), este livro foi feito para valorizar a inteligência humana em sua busca para interpretar as energias que fluem da ação humana no planeta e que edificaram multifacetadas civilizações. O conhecimento científico é uma busca repleta de caminhos que se abrem e de novas trevas que se lançam a cada descoberta ou reflexão. Não se chega à resposta última ou ao caminho que chegou ao fim, mas a respostas provisórias, satisfatórias ou insatisfatórias, que exigirão novas reflexões e aprofundamentos. Alguns destes pensadores que lançaram novos horizontes de perspectivas para o conhecimento serão aqui citados exaustivamente. Referenciá-los para que sejam lidos é uma forma de homenagear estas trajetórias de vida passada que renascem a cada releitura de seus escritos.

A invenção da imprensa, por Gutenberg, no século XV propiciou a difusão dos livros que no período iluminista ampliaram as discussões sobre a natureza da historicidade humana no planeta. Os livros/revistas e hoje o meio digital, são atores fundamentais para levar as discussões para horizontes de leitores multifacetados culturalmente, mas, unificados no objetivo de investigar, refletir, interpretar e produzir conhecimento.

Dizer o que é Teoria da História se constitui numa explicação complexa Mas questionar o que Teoria da História não é, parece bem mais simples? Ela não é um receituário explicativo do tempo passado, no sentido em que misturamos ingredientes e condições físico-químicas e iremos desfrutar de um “belo bolo caseiro”. As fatias poderão ser saborosas, porém, sempre se poderá questionar que o chocolate ficou fraco ou que o açúcar foi excessivo, que ficou tostado ou levemente cru...

Especialmente porque o bolo feito por inúmeros historiadores ou filósofos (influenciados por seu espaço- tempo cultural) e sempre terá um componente diferenciado de sabor, textura ou aparência. A Teoria da História é uma construção sem linearidade, mas, com grande poder reflexivo para não esquecer que as reflexões da antiguidade continuam presentes com outras embalagens; que o homem atual não é um ser - que devido a maquiagem da sociedade tecnológica- paira acima da condição de homo sapiens e todas as suas mazelas psico-sociais e de microfísicas do poder.

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CONSTELAÇÃO CONCEITUAL

História: A história refere-se às ações e/ou práticas humanas concretas, a historicidade do acontecer no espaço-tempo. Também pode ser lida como:

“ciência ou disciplina do acontecido, isto é, história-conhecimento; história como notícia dos fatos e história como fatos acontecidos, ou seja, história- processo”. No estudo da história devem ser levadas em conta, principalmente, duas dimensões: a História como “acontecer” - res gestae, ou seja o complexo dos fatos humanos no seu curso temporal; e a História como "conhecimento" - narratio rerum gestarum, ou seja o relato desses fatos humanos históricos.

Epistemologia da História: A epistemologia (do grego episteme, conhecimento) se refere ao campo filosófico das teorias do conhecimento. Essa área diz respeito a como sabemos o que quer que seja. Nesse sentido, a história integra outro discurso, a Filosofia, tomando parte na questão geral do que é possível saber com referência à própria área de conhecimento da história – o passado. 2

Historiografia: A historiografia remete às interpretações feitas pelos historiadores, ou seja, à reflexão sobre a produção dos historiadores. A produção intelectual no campo do conhecimento histórico, a historiografia, é realizada pelo crítico historiográfico. “Refletir sobre a escritura da história, sobre a história da história (historiografia), significa perguntar sobre as origens de nossa civilização ocidental. História do passado ou do presente, a história desempenha um papel importante na construção das identidades coletivas e das sociedades humanas”.3

Filosofia da História: ramo da Filosofia que investiga o significado da historicidade humana e especula sobre um fim teleológico de seu desenvolvimento. Questiona da existência de um princípio ou finalidade do processo histórico. Interroga se a história é cíclica ou linear, evolutiva ou fundada no progresso, além de questionar o conceito de verdade histórica. A interpretação busca ajustar o processo histórico a concepções filosóficas.

Por vezes, a Filosofia da História é associada à construção de grandes sitemas e de esquemas teóricos empenhados em explicar ou interpretar a totalidade do processo histórico.4 Divide-se em Filosofia Especulativa da História (reflexões sobre o caráter científico da história) e Filosofia Crítica da História (análise dos acontecimentos buscando o curso dos acontecer e possíveis sentidos para o processo histórico).5

Teoria do Conhecimento ou Epistemologia: domínio da Filosofia que aborda a questão da natureza (o que é) do conhecimento, das fontes (onde procurá-lo) e da validação (como comprová-lo).6

2 JENKINS, Keith. A História Repensada. São Paulo: Contexto, 2011, p. 30.

3 CAIRE-JABINET, Marie-Paule. Introdução à Historiografia. Bauru, SP: EDUSC, 2003, p. 7-48.

4 GARDINER, Patrik. Teorias da História. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1966, p. xxxviii.

5 Reiterando a Filosofia da História é o ramo da Filosofia que concerne ao significado da história humana investigando sobre um fim teleológico de seu desenvolvimento, ou seja, pergunta-se se há um esboço, um propósito, princípio director ou finalidade no processo da história humana. Busca desvelar se a história é linear ou cíclica, discutir a verdade e o progresso da humanidade.

6 OLIVA, Alberto. Teoria do Conhecimento. Rio de Janeiro: Zahar, 2011, p. 7.

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Teoria da História: Ampla variedade de definições são encontradas nos estudos de especialistas. Ao longo do tempo os objetos, abordagens e limites de investigação foram sendo modificados ou adaptados a diferentes correntes de pensamento, daí a diversidade conceitual.

►“A Teoria da História situa-se no amplo contexto da Filosofia da Ciência e da Epistemologia de cada ciência particular, e examina a prática da comunidade científica dos historiadores, comparando-a com a prática das demais comunidades e atentando nas relações que com elas mantém. Pode dizer-se que, de momento, as questões que ocupam mais constantemente os teóricos são: a análise do território do historiador, os contatos reais mantidos com pesquisadores de outras áreas científicas, o papel das teorias e a polissemia deste termo nas ciências humanas, a conceitualização, a explicação e a descrição”;7

“A partir da breve conceituação do termo teoria e do primeiro significado da palavra, ou seja, como disciplina praticada pela comunidade de historiadores, pode-se interpretar o termo Teoria da História como o estudo ou um modo de compreender a área do conhecimento que investiga as ações dos homens no tempo: preocupa-se com o que e como o historiador transforma os documentos em um livro de história, por exemplo, ou como os feitos se tornam fatos. Teoria da História, dessa perspectiva, pretende compreender os mecanismos de elaboração, distribuição, recepção e legitimidade de um conhecimento histórico acadêmico aceito como relevante entre os praticantes do ofício”;8

► “A palavra história designa tanto uma disciplina científica quanto sua matéria de conhecimento. O segundo sentido refere-se aos processos sociais em seu devir, enquanto o primeiro remete ao seu estudo metódico, aos seus procedimentos de investigação. A expressão Teoria da História carrega consigo essa ambigüidade, na medida em que pode se referir tanto a um conjunto de hipóteses sobre a estrutura e sentido de determinados processos sociais (historicidade9), quanto à reflexão conceitual sobre o saber histórico (historiografia). O território da reflexão teórica sobre os fundamentos e natureza dos estudos históricos corresponde ao que conviria denominar mais corretamente de Epistemologia da História; isto é, a pesquisa, estudo e análise da estrutura lógica e conceitual (metodologia) através da qual se produz o conhecimento histórico, através da qual se elabora uma historiografia. Conseqüentemente, caberia reservar à expressão Teoria da História a designação do conjunto de conceitos através dos quais os historiadores procedem à interpretação e análise do seu campo de pesquisa”;10

►“O fato de História ser um conceito histórico básico parece decorrer da própria palavra. Mas a expressão possui sua própria história, a qual somente ao final do século XVIII lhe permitiu ascender à condição de conceito mestre, político e social. Abrangendo tanto passado quanto futuro, ‘a História’ se transformou num conceito regulador para toda a experiência já realizada e ainda a ser realizada. Desde então, a expressão ultrapassa em muito os limites de simples narrativa ou de ciência histórica. (...) Desde a descoberta de que nossa Terra é uma esfera, a contemporaneidade do não- contemporâneo se transformou numa experiência de todos os povos que habitam este globo. Desde então, a História é temporalizada, em um sentido genuíno. O tempo passa a ser estratificado, não mais só como vivenciado ao natural, mas também como forma de realização e resultado da ação

7 SILVA, Maria Beatriz Nizza da. A Teoria da História e sua Problemática. In: Ciência e Filosofia. São Paulo: USP, 1979, n.1, p.60.

8 MELLO, Ricardo Marques de. O que é Teoria da História? Três significados possíveis. História e Perspectivas: Uberlândia (46): 365-400, jan./jun. 2012, p.372.

9 Ações humanas colocadas numa perspectiva de movimento espaço-temporal. Aquilo que existe no tempo histórico.

10 RÜDIGER, Francisco. Propedêutica à Teoria da História. In: Estudos Ibero-Americanos. Porto Alegre: PUCRS, v. XXIII, n.1, 1997, p. 155.

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humana, da cultura humana e, sobretudo, da técnica humana (...). História - como conceito legitimador – vai muito além de sua aplicação científica. Ela conseguiu reunir as experiências e as esperanças da Era Moderna numa só palavra, a qual conseguiu se tornar, desde então, termo de discórdia e palavra de ordem e nossa linguagem político-social”;11

►”A Teoria da História constitui um campo de estudos fundamental para a formação do historiador. Não é possível desenvolver uma adequada consciência historiográfica, nos atuais quadros de expectativas relacionados ao nosso ofício, sem saber se utilizar de conceitos e hipóteses, sem compreender as relações da História com o Tempo, com a Memória ou com o Espaço, ou sem conhecer as grandes correntes e paradigmas teóricos disponibilizados aos historiadores através da própria história da historiografia”.12

Uma forma simplificada de pensar estes conceitos é reconhecer a polissemia (vários significados) dos termos e constatar que as fronteiras de investigação podem ser etéreas sendo necessária uma peregrinação neste espaço indiviso. Poderíamos pensar a História enquanto o processo humano no passado; a historiografia como a ciência da História e a Teoria da História ou Historiologia (na acepção de José Ortega y Gasset) como a Epistemologia da História, ou seja, as reflexões sobre como os historiadores teorizam/produzem o conhecimento científico.

11 KOSELLECK, Reinhart (Org.). O Conceito de História. Belo Horizonte: Autêntica, 2013, p. 39-40.

12 BARROS, José D’Assunção. Teoria da História: princípios e conceitos fundamentais. Petrópolis: Vozes, vol. I, 2011, p.11.

Salvador Dali. A Persistência da Memória (1931).

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POR QUE ESTUDAR HISTÓRIA E TEORIA DA HISTÓRIA?

Refletir sobre o processo histórico e suas diferentes interpretações remete a necessidade de preservação da “memória” e da “trajetória de experiências” civilizatórias e pessoais. As ênfases podem variar entre a história contemplação, história enquanto revolução, história enquanto desvelamento das raízes culturais, mas essencialmente, a busca da compreensão do passado procura a reflexão/interpretação sobre os processos, as práticas, a vida cotidiana, os referenciais do poder e das lógicas de organização em sociedade. Pode representar a justificativa intelectual/ideológica de um status quo ou a crítica a um sistema de valores/práticas vigente. A história, apesar de se perder nas brumas do passado, produz um conhecimento

“quente/contemporâneo de escolhas” e nunca “neutro”. A vida em sociedade é repleta de escolhas e direcionamentos, sendo inviável pairar acima de olhares de comprometimento frente ao caminhar cronológico da existência humana e de suas realizações materiais e simbólicas.

“O passado não deve ser estudado como um objeto morto, como uma ruína, nem como uma autoridade, mas como uma experiência. Uma experiência apreendida e consolidada. Por mais arrogante que seja o presente, nele se inserem forças do passado, sem cujo conhecimento a compreensão do presente é incompleta”.

RODRIGUES, José Honório. A Tradição, a memória e a história.

Brasil Tempo e Cultura 3. João Pessoa: Secretaria da Educação e Cultura do Estado da Paraíba, 1980, p. 212-3.

“Defino de bom grado a história como uma necessidade da humanidade, a necessidade de cada grupo humano, em cada momento da sua evolução, procurar e valorizar no passado os fatos, os eventos, as tendências que preparam o tempo presente, que permitem compreendê-lo e ajudam a vivê-lo”. Lucien Febvre citado por MANDROU, R. Estatuto Científico da História In:

História e Historicidade. Lisboa: Gradiva, 1988, p. 15.

“O dom de despertar no passado a centelha de esperança é privilégio exclusivo do historiador convencido de que também os mortos não estarão em segurança se o inimigo vencer. E esse inimigo não tem cessado de vencer”. BENJAMIM, Walter. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. São Paulo:

Brasiliense, vol. 1, 1994, p. 225.

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►Lucien Febvre: “E dado que tenho à felicidade de ver nesta sala jovens decididos a consagrar a sua vida à pesquisa histórica, é com segurança que lhes digo: para fazer história virai decididamente às costas ao passado e vivei primeiro. Misturai-vos à vida. À vida intelectual, sem dúvida, em toda a sua variedade. Historiadores, sede geógrafos. Sede juristas também, e sociólogos e psicólogos; não fechais os olhos ao grande movimento que, perante vós, transforma num ritmo vertiginoso as ciências do universo físico. Mas vivei também uma vida prática. Não vos contenteis em contemplar da orla, preguiçosamente, o que se passa no mar em fúria. E isto é tudo? Não. Não é mesmo, nada se deveis continuar separando a vossa ação do vosso pensamento, a vossa vida de historiador da vossa vida de homem. Entre a ação e o pensamento não há separação. Não há barreira estanque. É preciso que a história deixe de vos aparecer como uma necrópole adormecida, onde perpassam apenas sombras despojadas de substancia. É preciso que, ardentes de luta, ainda cobertos de poeira do combate, do sangue coagulado do monstro vencido, penetreis no velho palácio silencioso onde ela dormita, e que, abrindo as janelas de par em par, reacendendo as luzes e reanimando o barulho, acordeis com a vossa própria vida, com a vida quente e jovem, a vida enregelada da princesa adormecida (...) Perdoai-me o jeito que tomou esta palestra. Dirijo-me, sobretudo aos historiadores. Se acaso eles estiverem tentados a achar que lhes falar assim é não lhes falar como historiador, eu lhes suplico que reflitam antes de formular essa censura. Ela é mortal.”13

Fernand Braudel: “A história se encontra, hoje, diante de responsabilidades temíveis, mas também exaltantes. Sem dúvida porque jamais cessou, em seu ser e em suas mudanças, de depender de condições sociais concretas. “A história é filha de seu tempo”. Sua inquietude é, pois, a própria inquietude que pesa sobre nossos corações e nossos espíritos. E se seus métodos, seus programas, suas respostas mais precisas e mais seguras ontem, se seus conceitos estalam todos de uma só vez, é sob o peso de nossas reflexões, de nosso trabalho e, mais ainda, de nossas experiências vividas”.14

► George Duby: “(...) estou convencido de que nosso ofício perde o sentido se permanecer fechado em si próprio. A história, a meu ver, não deve ser principalmente consumida por aqueles que a produzem (...). Mas não tenho ilusões, não atingirei a maior parte do público. Este prefere, e com razão, a fábula ou o inquérito policial, em vez do que eu lhe posso contar. Mesmo assim faço tudo para que a minha voz produza efeitos. Como as perguntas que faço não me dizem respeito só a mim, como as regras pesquisadas pelos historiadores me parecem formar o espírito no rigor crítico, desejo evidentemente que os ecos do meu discurso se repercutam no sistema de educação, e luto para que o lugar da História, da boa História, não se reduza, antes se amplie no interior dele. Desejo também que o máximo de pessoas me ouça. Porque gosto de comunicar o enorme prazer que sinto no meu ofício e, sobretudo, porque o creio útil. Creio na utilidade da História bem feita. Isto é – a proporção justa e difícil -, com lucidez e paixão.”15

*Na ciência histórica o início de uma reflexão sistemática por historiadores se dá com o francês J. B. Buchez (1865, positivista) e com J. G.

Droysen (1884, historicista). O positivismo se apegou a noção de “causalidade kantiana” (Crítica da Razão Pura, 1781) reduzindo o conhecimento histórico à fixação de fatos positivos submetidos a relações de causalidade. A unidade metodológica das Ciências em geral valeria também para o campo da História. Já o historicismo buscou na “vontade kantiana” a explicação da História como uma realidade própria que distingue as Ciências Históricas e a insere nas Ciências Humanas e não nas Ciências Naturais.

13 Vivre l’histoire. In: Combats pour l’Histoire. 2.ed., Paris, A. Colin, 1965, p. 32-33. Citado em Febvre: história. MOTA, C.G. (Org.). São Paulo: Ática, 1978, p.7-8.

14 Lição inaugural no Collège de France a 1 de dezembro de 1950. In: BRAUDEL, Fernand. Escritos sobre a História. São Paulo: Perspectiva, 1978, p. 17.

15 DUBY, George & LARDREAU, Guy. Diálogos sobre a nova história. Lisboa-Portugal: Publicações Don Quixote, 1989, p. 162.

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AMPLIANDO A CONSTELAÇÃO CONCEITUAL

Para compreender os discursos científicos é preciso remeter a compreensão de corpo teórico e conceitual. Frequentemente, nas obras individuais, não se observa a aplicação rigorosa de um fundamento geral de uma concepção e sim adaptações ou novos olhares do objeto. É importante destacar, que as generalizações referentes às correntes historiográficas (que serão visitadas neste livro) são necessárias para uma compreensão

“didática” preliminar dos enfoques teóricos em História. Somente o estudo específico de cada intelectual ou obra, permitirá captar a trajetória historiográfica do autor frente ao seu tempo e o seu legado reflexivo para o presente.

No campo da ciência, os conceitos são poderosas bagagens explicativas que buscam desvelar o objeto investigado. São construções mentais que não pairam acima da condição humana (até por que não devem se converter em dogmas), mas ferramentas essências para dialogar com o espaço e o tempo das construções materiais e simbólicas.

José D’Assunção Barros utiliza os seguintes conceitos basilares para o estudo da Teoria da História:

→Escola Histórica: Grandes conjuntos coerentes de historiadores, unidos por um programa de ação em comum e por mecanismos apropriados de difusão para seus trabalhos, como revistas e instituições;

→Campo Histórico: Modalidades no interior da História, que estabelecem conexões umas com as outras diante dos vários objetos de estudo dos historiadores. Subespecializações da História (História Econômica, História Cultural etc);

→Matriz disciplinar: Conjunto de preceitos e atributos da História (forma de conhecimento) que é aceito pela ampla maioria dos historiadores;

→Paradigma Historiográfico: Grandes linhas dentro da historiografia (e de sua Matriz Disciplinar) que apresentam uma forma específica de conceber e lidar com a História (ex: Positivismo, Historicismo, Materialismo Histórico);

→Filosofia da História: Conjunto coerente de especulações filosóficas sobre a História; modalidade da Filosofia que reflete sobre a História;

→Escola: pode ser entendida no sentido de uma “corrente de pensamento”, sempre que ocorre um padrão ou programa mínimo perceptível no trabalho de um grupo formado por um número significativo de praticantes de determinada atividade ou de produtores de certo tipo de conhecimento.

Também é preciso que haja uma intercomunicação entre esses praticantes e a constituição de uma identidade em comum;

→Teoria da História: 1)Campo de Estudos que examina todos os aspectos teóricos envolvidos na produção do conhecimento histórico e na análise de questões históricas específicas; 2)Grandes correntes de concepção da História no interior de cada paradigma (ex: variações do Materialismo Histórico), ou mesmo “entre” os paradigmas e até independentes deles; 3)Sistemas coerentes para a compreensão de processos históricos específicos (a Revolução Francesa, o Nazismo etc.) desenvolvidos por um ou mais historiadores.16

→Cultura Histórica: “Entendo por cultura histórica os enraizamentos do pensar historicamente que estão aquém e além do campo da historiografia e do cânone historiográfico. Trata-se da intersecção entre a história científica, habilitada no mundo dos profissionais como historiografia, dado que se trata de uma saber profissionalmente adquirido, e a história sem historiadores, feita, apropriada e difundida por uma plêiade de intelectuais, ativistas, editores, cineastas, documentaristas, produtores culturais”. 17

16 BARROS, José D’Assunção. Teoria da História: princípios e conceitos fundamentais. Petrópolis: Vozes, vol. I, 2011, p.163

17 FLORES, Elio Chaves. Dos feitos e dos ditos: História e Cultura Histórica. In: Saeculum – Revista de História, ano 13, n°. 16. João Pessoa: Departamento de História/ Programa de Pós-graduação em História/ UFPB, jan./ jun. 2007, p. 95.

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MEMÓRIA & HISTÓRIA

Os gregos já buscavam preservar a memória de seu passado para não se perder no passar implacável do tempo, dos homens e das civilizações.

Preservar parte da memória seria uma forma de sobrevivência e de manter o legado para as novas gerações. O que fica da ação humana no tempo está nos documentos escritos ou digitais, na cultura material, na oralidade, nas ações cotidianas que nem sempre são percebidas cognitivamente, mas, que remetem a práticas dos antepassados. A capacidade de produzir artefatos ramifica a memória do campo da habilidade cerebral para a formação material e simbólica da vida humana e possibilitou, nos últimos milênios, a preservação de parte destas experiências e obras que modelaram a natureza. A “história conhecimento” nasceu questionando o esquecimento e buscando memorizar os atos para rememorá-los futuramente, não na ritualização pagã, mas no reconhecimento intelectual da observação percuciente.

Conforme o neurocientista Ivan Izquierdo “memória são as ruínas de Roma e as ruínas de nosso passado; memória tem o sistema imunológico, uma mola e um computador. Memória é nosso senso histórico e nosso senso de identidade pessoal (sou quem sou porque me lembro quem sou). Há algo em comum entre todas essas memórias: a conservação do passado através de imagens ou representações que podem ser evocadas. (...)Desde um ponto de vista prático, a memória dos homens e dos animais é o armazenamento e evocação de informação adquirida através de experiências; a aquisição de memórias denomina-se aprendizado. As experiências são aqueles pontos intangíveis que chamamos presente. Não há memória sem aprendizado, nem há aprendizado sem experiências. Não inventamos memórias. As memórias são fruto do que alguma vez percebemos ou sentimos”.18

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18 IZQUIERDO, IVAN. Memórias. In: Estudos Avançados. São Paulo: USP, vol.3 n.6, maio/agosto,1989, p. 89. A Musa da História Clio. Pintura de Pierre Mignard (1689).

Clio é uma das nove musas que habita o monte Hélicon.

Eram filhas de Zeus e de Menamónia (deusa da memória). As musas presidem as artes e as ciências e buscam inspirar os governantes para a paz. Clio é a musa da história e da criatividade, aquela que divulga e celebra as realizações. Preside a eloqüência, sendo a mediadora das relações políticas entre homens e nações

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Na abordagem de José D’Assunção Barros19 memória, na sua designação “mais habitual, vulgar e cotidiana, corresponde muito habitualmente a um processo parcial e limitado de lembrar fatos passados, ou aquilo que um indivíduo representa como passado”. Porém, memória não é apenas um atualização mecânica de vestígios mas um fenômeno complexo: “não envolve apenas a ordenação de vestígios, como também a releitura de vestígios (...) A memória, e ainda nos referimos aos processos mnemônicos relativos ao Indivíduo, dá-se de maneira ativa e dinâmica, envolvendo diversos aspectos, tal Com isso, vemos que a Memória, mesmo no âmbito da vida biológica individual, vai deixando de ser concebida como passiva para cada vez mais ser compreendida como um processo ativo, dinâmico, complexo, interativo”. Barros, fundamentado na interpretação de Maurice Halbwachs,20 enfatiza a mútua interpenetração entre a memória individual e a memória coletiva: “mesmo o indivíduo que se empenha em reconstituir e reorganizar suas lembranças irá inevitavelmente recorrer às lembranças de outros, e não apenas olhar para dentro de si mesmo em conexão com um processo meramente fisiológico de reviver mentalmente fatos já vivenciados. Isso sem considerar o que é ainda mais importante: a memória individual requer como instrumental palavras e ideias, e ambas são produzidas no ambiente social. Dito de outra forma, se no caso da Memória Individual são os indivíduos que, em última instância, realizam o ato de lembrar, seriam os grupos sociais que determinariam o que será lembrado, e como será lembrado”.

Halbwachs relaciona dois tipos de memória: “memória coletiva” ou também chama de “memória histórica” (partilhada por todos os indivíduos da sociedade) com a “memória autobiográfica” (elaborada individualmente ao longo da própria vida). Ou seja, nossa trajetória não é uma caminha apenas individual, mas, também social, recebendo influências da Cultura Histórica de cada época (divulgados pelos meios políticos, de comunicação, lugares de memória, difusão de mitos etc).

Astor Diehl apresenta outro enfoque para o emergir das memórias no presente: “A atualidade do tema memória vincula-se também à falência da ação e das leituras entrópicas, promovidas por pensadores modernos, que remetiam o imaginário social ao projeto de segurança e de um mundo presente quase perfeito no futuro. Nesse caso, a certeza científica e as filosofias especulativas da história do futuro cegaram as possibilidades de existir a contingência na história. Evidentemente que essa reorientação não é feita de forma indolor. Há uma espécie de desespero frente àquilo que a memória possa nos revelar. Em suas múltiplas leituras possíveis, a memória revela os escombros, as ruínas e os processos de desintegração, tornando- se ela um testemunho do passado, no qual o progresso rompera com as estruturas tradicionais. O passado passa a ser percebido como um imenso espaço temporal, constituído de coisas desconhecidas, porém disponíveis para um processo de reconstituição inventiva. Frente à diversidade reveladora da memória social, escrita e oral, o historiador já não consegue mais ter a certeza absoluta sobre o reconstituir e o significar o passado”.21 Algumas reflexões:

→A memória são os fragmentos da realidade, as observações e pontos de vista pessoais ou coletivos, espontâneos ou premeditados, que buscam explicar certa experiência histórica. A memória está ligada a historicidade de um indivíduo ou grupo que está ideologicamente interagindo com

19 BARROS, José D’Assunção. História e memória – uma relação na confluência entre tempo e espaço. In: Mouseion. Canoas: UNILASALLE, vol. 3, n.5, Jan-Jul/2009, p. 35-67.

20 HALBSWACHS, Maurice. Memórias Coletivas. São Paulo: Centauro, 2006.

21 DIEHL, Astor. Idéias de futuro no passado e cultura historiográfica da mudança In: História da Historiografia. Ouro Preto: UFOP, n.1, agosto de 2008.

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o meio. A memória pode ficar gravada através da oralidade, da documentação, da bibliografia, das fontes materiais (como monumentos, praças, ruas), das críticas historiográficas. A memória é fruto do trabalho e da imaginação criativa humana que é expressa em obras, como um livro ou um prédio;

→O ato de escrever está associado a uma visão de mundo do discursante, a um lugar social frente ao processo histórico, a limites cognitivos, psicológicos, sociais e intelectuais de quem escreve, mas essencialmente, expressa uma construção do objeto a partir de uma abordagem edificadora de representações referentes a personagens ou processos históricos. O discurso apresenta uma fundamentação epistemológica enquanto ato de construção intelectual, e o ato discursivo busca a história processo mas constrói a memória historiográfica;

→A história trabalha com a sistematização dos fragmentos buscando leituras científicas do processo histórico, utilizando a memória como fonte para a elaboração de interpretações sobre o acontecer humano no espaço e no tempo. Porém todo conhecimento histórico está fadado a se tornar memória, ou seja, uma explicação da realidade fundada numa interpretação que é uma forma de criação humana. A historiografia é está memória acumulada das experiências intelectuais buscando a interpretações mais amplas do processo histórico;

→Constata-se os limites da história enquanto ciência e a compreensão da verdade enquanto um processo de inesgotável construção, onde os intelectuais não são neutros, mas estão interagindo no processo histórico. A memória é a expressão do limite humano na explicação da realidade. A memória, como propriedade de conservar certas informações, remete-nos em primeiro lugar a um conjunto de funções psíquicas, graças às quais o homem pode atualizar impressões ou informações passadas, ou que ele representa como passadas. Aspectos do estudo da memória, nos campos da psicologia e psiquiatria, podem evocar, de forma metafórica ou de forma concreta, traços e problemas da memória histórica e da memória social;

→Conforme Jacques Le Goff22, a memória é um fenômeno individual e psicológico, que está ligado à vida de uma sociedade. Esta varia em função da presença ou ausência da escrita e é objeto da atenção do Estado que, para conservar os traços de qualquer acontecimento do passado, produz diversos tipos de documento/monumento, faz escrever a história, acumular objetos. A apreensão da memória depende deste modo do ambiente social e político: trata-se da aquisição, de regras de retórica e também da posse de imagens e textos que falam do passado, em suma, de certo modo de apropriação do tempo. Nesta direção a memória historiográfica produzida pelos historiadores não é neutra assim como todo documento faz parte de uma construção intelectual consciente ou inconsciente;

→ Joël Candau distingue três tipos de memória: a protomemória (memória social incorporada nos gestos, nas práticas e na linguagem, cujo exercício é realizado quase automaticamente, sem um julgamento prévio onde o passado é uma ação espontânea); a memória propriamente dita, que é evocada ou recordada voluntariamente com extensão nos saberes enciclopédicos, nas crenças, nas sensações e nos sentimentos; a metamemória, constitui-se naquela forma de memória reivindicada a partir de uma filiação ostensiva. Esta última diz respeito à construção identitária, sendo a representação que fazemos das próprias lembranças, o conhecimento que temos delas.23

22 LE GOFF, Jacques. História e Memória. Campinas: Ed. da Unicamp, 1994.

23 CANDAU, Joël. Memória e Identidade. São Paulo: Contexto, 2011.

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TEMPO E HISTÓRIA

O tempo é tão importante para os historiadores que Marc Bloch afirmou que a História é a “ciência dos homens no tempo” e que o tempo histórico é “o próprio plasma em que banham os fenômenos e como que o lugar da sua inteligibilidade”, neste sentido, “a atmosfera em que o seu pensamento respira naturalmente é a categoria da duração”.24

Inicialmente, podemos destacar duas dimensões de temporalidade: a dimensão interna, do tempo subjetivo, heterogêneo e descontínuo; a dimensão externa do tempo físico, um tempo linear e irreversível, matemático, exterior ao que acontece no seu interior. Duas concepções ligadas a Física, são fundamentais para a elaboração de paralelos com a discussão do conhecimento histórico. A concepção de Isaac Newton é de que há um tempo absoluto que existe em si e por si mesmo como duração pura, independentemente dos objetos materiais e dos acontecimentos, o tempo seria uma substância imutável, autodeterminada, ontologicamente independente da matéria, de estrutura uniforme em todo o universo, caracterizada por ser duração pura. Para Newton “o tempo é absoluto (independente), verdadeiro, matemático e flui sempre igual por si mesmo e por sua natureza, sem relação com nenhuma coisa externa”.25 A concepção de Albert Einstein (desenvolvida entre 1905-1916) propõe a inexistência de um tempo e espaço absolutos, isto é, que pudessem ser objeto de medidas absolutas. A noção do contínuo espaço-temporal passou a permitir a percepção do universo real quadridimensional e envolvendo a massa dos objetos. O tempo transcorre com mais lentidão próximo a um objeto de grande massa, e se dilata nas velocidades que se aproximam à da luz. A teoria da relatividade refuta a noção de um tempo absoluto, independente das coisas e dos processos, e propõe a indissociabilidade entre espaço-tempo.26

Trazendo a discussão para o campo da História, a concepção de Newton (prevalente entre os séculos XVII até final do XIX) é de um tempo absoluto que existe por si mesmo como duração pura e independente dos objetos materiais e acontecimentos (tempo universal, absoluto e homogêneo). O positivismo, idealismo e historicismo voltaram-se a esta concepção e a posição de Kant. A posição kantiana é de um tempo e espaço que se definem como formas apriorísticas da percepção sensorial, sendo absolutos e eternos, porém, não existiria o “tempo das coisas em si” de Newton. A noção de tempo só teria sentido na esfera das determinações ligadas a contemplação e a subjetividade da alma humana que se expressa no sistema cognitivo.27 Ainda no século XIX a concepção marxista considerou o tempo e o espaço com “existência objetiva, não como substâncias ou essências independentes, mas sim como formas de existência da matéria em movimento. O curso do tempo – nos seus aspectos de duração e sucessão- estaria ligado, portanto, à eterna cadeia dos atos de porvir que exprimem as mudanças sucessivas dos acontecimentos quanto à sua existência, ao

24 BLOCH, Marc. Introdução à História. Lisboa: Publicações Europa-América, 1986, p. 29-30.

25 NEWTON, Isaac. Princípios Matemáticos de Filosofia Natural. Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1973.

26 CARDOSO, Ciro Flamarion. Ensaios Racionalistas. Rio de Janeiro: Campus, 1988, p. 26-29.

27 CARDOSO, Ensaios, p. 28.

Um ponto não tem superfície nem volume; é intangível e fugaz. É curioso que, em ambas concepções do tempo, o futuro (ou o passado) sejam conseqüências de algo quase imaterial como é o presente; de um simples ponto. Esse ponto evanescente, porém, é nossa única posse real: o futuro não existe ainda (e a palavra ainda é uma petição de princípio) e o passado não mais existe, salvo sob a forma de memórias. Não há tempo sem um conceito de memória; não há presente sem um conceito do tempo; não há realidade sem memória e sem uma noção de presente, passado e futuro. Ivan Izquierdo, Memórias, 1989.

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futuro como processo de nascimento e desaparecimento”.28 O rompimento com a concepção metafísica29 de tempo absoluto se consolida com a teoria da relatividade e com a mecânica quântica, onde a noção de espaço-tempo varia na dependência da matéria/energia dos objetos e seus movimentos, massa e relações. A inexistência do espaço-tempo uno instigou os historiadores a trabalhar com a diversidade temporal e aprofundar a pesquisa sobre os níveis de temporalidade de curta a de longa duração, para investigar o tempo rápido e o tempo imóvel além dos diversos ritmos de desenvolvimento de processos históricos. “Se o tempo é concebido como externo às coisas e processos (tempo essência newtoniano), como pura duração etc, ou ainda como forma inata de percepção sensorial, evidentemente só pode ser visto como sendo único e homogêneo. Uma vez derruba esta barreira, estava aberto o caminho para a percepção da multiplicidade do tempo nas suas diversas acepções”.30

Esta indissociabilidade entre o espaço e o tempo é que conduz o trânsito dos eventos históricos. As experiências históricas são associadas ao passar do tempo, mas, que de fato são apenas referenciais norteadores entre diferentes eventos que encontram significado com a reflexão sistemática ou científica. No campo do conhecimento histórico o tempo possui um significado radical na construção textual e na interpretação: os eventos podem ser analisados nas dimensões do tempo instantâneo (jornalístico), curto (alguns meses ou poucos anos de eventos), médio (cerca de 30 anos) e longa duração (séculos, que permitiriam observar o “tempo imóvel” das estruturas mentais). As opções de abordagem temporal levarão a edificação de explicações factuais, mentais e estruturais. Dilapida-se o fato ou o personagem, busca-se a amplidão dos processos temporais ou o recorte de eventos de curta duração. Um recorte de curta duração não necessariamente se transformará num relato positivista fundado no fato político (monocausalidade explicativa!). Mesmo o recorte biográfico ou de eventos marcados temporalmente, poderá sofrer um viés explicativo que transcenda a factualidade se considerar a cultura e os imaginários como história a ser desvelada. Mas a opção pelo tempo curto já evidencia o afastamento da busca de sistematizações mais amplas e explicações voltadas à meta-narrativas que abarquem amplas experiências humanas no tempo. Ao usarmos uma lupa poderemos observar detalhes ricos de um processo histórico de personagens, mas, ameniza-se/perde-se as variáveis mais amplas; ao usar o telescópio ampliamos demasiadamente o campo de visão e os inúmeros processos envolvidos poderão ser minimizados a explicações gerais sistematizadoras. Isto pode tornar superficial a interpretação e impor o princípio da generalização explicativa (na política, no econômico, nas relações sociais ou culturais, etc). Cada opção levará a limitações explicativas que podem ser mediadas (mas não resolvidas) por um esforço em trazer a amplidão da historicidade para dentro do específico e inserir o objeto específico nas conjunturas e processos mais amplos. Fazer história é fazer opções; é aceitar criticamente os limites; é projetar o perfil psico-social individual na pesquisa a partir da aceitação das mediações racionais e normativas da historiografia de cada comunidade.

Reflexões sobre o Tempo:

→Duas noções de tempo pré-relativístico: o tempo cíclico é o de maior longevidade na história humana. Relaciona imanência e transcendência, eternidade, início e fim e tempo teleológico. Forças superiores e não explicáveis estão em ação: mitos, metafísicas e religiões, que mantinha o tempo como um mistério a ser mediado por um sistema de crenças. Já o tempo linear se funda na imanência que busca ser explicada pela filosofia e pelas ciências ao longo das Idades Moderna (1453-1789) e Contemporânea (1789-...), com grande desenvolvimento a partir do pensamento iluminista. No

28 CARDOSO, Ensaios, p. 29.

29 Metafísica: trata da natureza, realidade e existência dos entes. Ente é tudo aquilo que existe, sendo o conceito mais amplo da Filosofia.

30 CARDOSO, Ensaios, p. 37.

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século XIX, Hegel, Kant e Marx trazem à transcendência a interpretação das sociedades enquanto um “progresso no tempo histórico”, pois o homem e a história progridem indefinidamente e sem limites, com ênfase explicativa na metafísica ou no materialismo, dinamizadas no desenvolvimento da ciência e da técnica;31

→O filósofo Ernildo Stein enfatiza a relação historicidade/temporalidade: “O homem é essencialmente histórico. Sua temporalidade radical é historicidade. Esta brota de três dimensões do tempo que nós, na dimensão cotidiana, determinamos como sucessivas: passado, presente e futuro.

Estes três êxtases do tempo são mutuamente determinados e dependentes, mas não como movimento sucessivo. O tempo da historicidade emerge do futuro. Somente porque o homem é um ser para a morte ele se volta para o passado e se ocupa do presente. A morte como limite, como última possibilidade faz com que o homem explore seu poder ser e procure realizar as possibilidades que lhe são dadas no espaço de tempo de sua história. À volta ao passado não é nada mais do que a busca das possibilidades que me foram dadas com meu fato de ser, com meu nascimento”;32

→Antonio Campilo reflete a dinâmica temporal na perspectiva pós-moderna: “Nem sucessão do diferente, nem repetição do idêntico, nem progressão do diferente no idêntico; nem linha reta nem círculo fechado, nem linha que se curva até alcançar a perfeição do círculo (...) o tempo é, para o pensamento pós-moderno, uma linha espiral que avança e regressa simultaneamente, sem chegar nunca a ser linha reta nem círculo fechado. Temos permanecido, pois às voltas com o tempo, mas as idéias de variação e de ambigüidade nos impedem de pensar em um domínio completo e definitivo do mesmo. Nos mantemos fiéis a idéia de criação, mas esta ideia se encontra agora, como na Grécia, com um novo limite: a ação humana não é plenamente dona de sua origem nem de seu destino, não parte do centro nem se move em uma única direção. Em definitivo nossas criações não nos pertencem por completo. Estão imersas em um redemoinho que as sobrepõe. O tempo não é só uma construção do homem, não é só história ou, dito de outra maneira, a história não a constituem homens livres e racionalmente, e sim que a constituem sem dominá-la nem compreendê-la de todo, movidos por uma força que os perpassa e cujo segredo se lhes oculta. O tempo é variação, não mera repetição nem mera sucessão, mas um e outro ao mesmo tempo”;33

→“Senhor, então não existiu um tempo em que nada fizeste, porque o tempo é a duração de tuas criaturas; quando as criaste, criaste com elas sua duração longa ou breve. Mas no homem o tempo é vivo: duração da minha alma que se distende para o passado como memória; distende-se para o futuro como desejo; ela é, pois, presente do passado e presente do futuro; ela mesma é presente que escorrega para o passado a cada instante que passa”. Santo Agostinho, Confissões, L.XI.

Parodiando Marc Bloch, podemos dizer que a História é o estudo do homem no tempo e “no espaço”. “As ações e transformações que afetam aquela vida humana que pode ser historicamente considerada dão-se em um espaço que muitas vezes é um espaço geográfico ou político, e que sobretudo, sempre e necessariamente constituir-se-á em espaço social.”34

31 PEGORARO, Olinto. Sentidos da História. Petrópolis: Vozes, 2011, p. 12-13.

32 STEIN, Ernildo. História & Ideologia. Porto Alegre: Editora Movimento, 1981, p. 26.

33 CAMPILLO, Antonio. Adiós al progreso – uma meditación sobre la historia. Barcelona: Ed. Anagrama, 1985, p. 115-6.

34 BARROS, José D’Assunção. A Expansão da História. Petrópolis: Vozes, 2013, p. 137.

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O SENTIDO DA HISTÓRIA

A busca do sentido universal para a História é uma das ênfases da Filosofia da História. Nesta acepção o sentido é pensado como categoria evolutiva que abarca as culturas de todos os tempos. O sentido apresenta uma conotação teleológica35 de domesticação da natureza pela razão explicativa/generalizante.

No caminhar filosófico encontramos muito do caminhar da história. Os historiadores estão inseridos nos contextos do pensamento de cada época: assimilam, criticam e modificam um referencial de pensamento adaptando as necessidades da ciência histórica. Partamos desta macro contextualização abordada brevemente:

►Concepção filosófica do sentido da História por Olinto Pegoraro:36

→O mito do eterno retorno: o universo existe desde sempre e todas as coisas, divinas e humanas, nascem e renascem, desaparecendo para novamente voltar em ciclos de milhares de anos. Para Platão a volta será para se aperfeiçoar e para os estóicos repetiremos o ciclo passado. Frente à fugacidade do tempo e o caminhar para o ocaso o eterno retorno foi um alento frente ao inexorável passar do tempo;

→As teorias do destino: a natureza é dotada de uma força fatal, causadora de todos os acontecimentos importantes ou não, constituindo leis fixas que se chocam com a liberdade humana. Liberdade seria aceitar o destino inexorável e submeter-se;

→O acaso: teoria oposta ao destino e que sustenta que não existem causas eficientes e tudo acontece de forma aleatória.

→A providência: o cristianismo lançou as bases da providência sobrenatural, transcendente e extra cósmica, acima das forças da natureza. A força criadora colocou leis inalteráveis na natureza e ao ser humano, que é sua imagem, ensinou a bem conduzir-se na vida, o que leva o nome de virtude da prudência. O conflito humano se faz na relação natureza estável e inteligência livre;

→O progresso sem fim: a partir dos séculos XVI-XVII, a ciência liberta-se da tutela da metafísica medieval e se torna filosofia crítica da razão imanente, com independência de teólogos e filósofos. A ética torna-se autônoma fundada na liberdade autolegislativa, sendo a razão livre que estabelece a norma da moralidade que orienta os comportamentos. As teorias da modernidade não incluem a transcendência e ocupam-se da flecha do tempo progressivo, a transcendência intracósmica é o progresso. A filosofia passa a elaborar teorias parciais como a crítica da razão (Descartes e Kant), teoria da história como progresso da liberdade (Hegel) e teoria da nova sociedade sem classes (Marx). Quem conduz a história é a razão e o sentido está no progresso indefinido, impulsionado pela tecnociência que produz artefatos e objetos de consumo. A transcendência é linear, está em progredir sempre mais em bem-estar material pela criação de utilidades e resultados positivos.

►O sentido da História para os historiadores:

→Marc Bloch: ”Por trás dos grandes vestígios sensíveis da paisagem, os artefatos ou as máquinas, por trás dos escritos aparentemente mais insípidos e as instituições mais desligadas daqueles que as criaram, são os homens que a História quer capturar. Quem não conseguir isso será apenas, no máximo, um serviçal da erudição. Já o bom historiador se parece com o ogro da lenda. Onde fareja carne humana, sabe que ali está sua caça”;37

35 Crença ou doutrina que busca o sentido último para a humanidade e a natureza. Como se fosse possível prever o desenrolar dos eventos futuros.

36 PEGORARO, Sentidos..., p. 17-23.

37 BLOCH, Marc. Apologia da História ou o ofício do historiador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001, p. 54.

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→Estevão de Rezende Martíns: “A filosofia da história como atribuidora de sentido passou a ser vista como uma arma na luta por poder [cristianismo, revolução, Lênin, etc], na qual o sentido da história que a filosofia da história pode ter apreendido, proposto, hipostasiado, elaborado, deixa de ser relevante. Critérios racionais universalistas acabam sendo desmistificados, revelados como particularidades generalizadas ideologicamente.

Suas respectivas pretensões de racionalidade, universalidade, neutralidade afinal permitiram perceber a vontade de poder de grupos particulares, cujos interesses próprios passaram a ser incondicionalmente generalizados, colocando outros interesses — sobretudo os divergentes — em posição de subordinação, por bem ou por mal. A diversidade cultural e a diferença empírica entre pessoas, grupos ou mesmo sociedades são niveladas mediante critérios universais, de modo que a hegemonia de uma determinada cultura sobre as demais se efetive e consolide ideologicamente”;38

→Remo Bodei: “Hoje são poucos os que crêem, por raciocínio e não por fé, que a história tenha um sentido. As expectativas de mudança revolucionária, de progresso ou de catástrofe iminente revelaram-se todas falazes e a linha que deveria ter ligado os acontecimentos durante uma seqüência orientada foi rompida. Seguiu-se uma desilusão amarga, que se transforma em vontade surda de negar qualquer sentido à história, apontada enfim ou como um torvelinho caótico de fatos desconexos, uma poeira que ofusca a vista, ou como um romance, cuja trama pode ser escrita à vontade.

(...) O que hoje entrou em crise não são efetivamente a ideologia ou as filosofias da história, mas sim a aliança, estabelecida no final do século XVIII e em vigor até há poucos anos, entre história e utopia. A ideia de que uma lógica intrínseca aos acontecimentos –explicável segundo os seus próprios princípios- percorra esta “história civil” feita pelos homens não encontra acolhida. Por isso, ela parece atualmente cindir-se e bifurcar-se de novo em duas partes: na história sacra, reproposta pelos assim chamados “fundamentalismos”, que celebram a derrota do projeto moderno e a construção de uma história totalmente imanente; no pós-moderno, que registra o fim das ilusões emancipatórias e do impulso propulsor da modernidade”;39

→José Carlos Reis: “O momento atual é desencantamento do mundo, isto é, da perda de representações globais, unificadoras, do sentido histórico. Predomina uma “experiência irresponsável”, leve e alegre, da história: o passado não ensina e o futuro não realiza. Nietzsche talvez estivesse certo: a consciência feliz é a que não tem sentido histórico e esquece, para estar sempre reiniciando a vida, envolvida e fascinada pela intensidade e pelo brilho do efêmero.”40

38 MARTÍNS, Estevão de Rezende. Que sentido para a história e a historiografia? Propostas quanto à razão, ao contra-senso, à narrativa e à cultura. In: Textos de História. Brasília: PPGHistória UNB, vol. 10, ng 1/2,2002, p. 144.

39 BODEI, Remo. A História tem um Sentido? São Paulo: EDUSC, 2001, p. 76-77.

40 REIS, José Carlos. História e Teoria: historicismo, modernidade, temporalidade e verdade. Rio de Janeiro: Editora FGV, p. 62.

A história tem um sentido? Não há construção de sentido fora de reflexões que estão fundamentadas em concepções do conhecimento. Há vários sentidos, inclusive “a defesa da falta de sentido”, mas a unicidade do sentido se transforma em dogma teleológico, científico ou religioso.

Referências

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