• Nenhum resultado encontrado

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ CENTRO DE HUMANIDADES PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUÍSTICA APLICADA MESTRADO ACADÊMICO EM LINGUÍSTICA APLICADA

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2022

Share "UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ CENTRO DE HUMANIDADES PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUÍSTICA APLICADA MESTRADO ACADÊMICO EM LINGUÍSTICA APLICADA"

Copied!
244
0
0

Texto

(1)

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ CENTRO DE HUMANIDADES

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUÍSTICA APLICADA MESTRADO ACADÊMICO EM LINGUÍSTICA APLICADA

RAKEL BESERRA DE MACÊDO VIANA

UMA FOTOGRAFIA VARIACIONISTA DOS VERBOS EXISTENCIAIS HAVER/EXISTIR/TER NO PORTUGUÊS ORAL CULTO DE FORTALEZA-CE

FORTALEZA – CEARÁ 2018

(2)

UMA FOTOGRAFIA VARIACIONISTA DOS VERBOS EXISTENCIAIS HAVER/EXISTIR/TER NO PORTUGUÊS ORAL CULTO DE FORTALEZA-CE

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado Acadêmico em Linguísticas Aplicada do Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada do Centro de Humanidades da Universidade Estadual do Ceará como requisito parcial à obtenção do Título de Mestre em Linguística Aplicada.

Área de concentração: Linguagem e Interação Orientador (a): Prof.a Dr.a Aluiza Alves de Araújo

FORTALEZA – CEARÁ 2018

(3)

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Universidade Estadual do Ceará

Sistema de Bibliotecas

Viana, Rakel Beserra de Macêdo.

Uma fotografia variacionista dos verbos existenciais haver/existir/ter no português oral culto de Fortaleza-CE [recurso eletrônico] / Rakel Beserra de Macêdo Viana. - 2018.

1 CD-ROM: il.; 4 ¾ pol.

CD-ROM contendo o arquivo no formato PDF do trabalho acadêmico com 243 folhas, acondicionado em caixa de DVD Slim (19 x 14 cm x 7 mm).

Dissertação (mestrado acadêmico) - Universidade Estadual do Ceará, Centro de Humanidades, Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada, Fortaleza, 2018.

Área de concentração: Linguagem e Interação.

Orientação: Prof.ª Ph.D. Aluiza Alves de Araújo.

1. Verbos existenciais. 2. Sociolinguística Variacionista. 3. Falar culto. 4. PORCUFORT. 5.

Fortaleza-CE. I. Título.

(4)
(5)

A Deus, por ter me livrado da morte e de tantas outras mazelas, de tantas dificuldades. A Ele por me dar a oportunidade de viver tudo isso.

(6)

A Deus, antes de mais nada e acima de tudo.

Além de agradecer Aquele que me deu a vida e a força para superar todas as provas de minha vida, agradeço ainda a Ele, pelas várias pessoas que colocou ao meu lado antes, durante e depois desses anos de mestrado, pois tenho certeza, que ninguém passa por um período como esse sem a ajuda de Deus e de pessoas queridas.

Dentre as pessoas queridas, agradeço a meu esposo, Enivardo Viana, pelo amor e apoio incondicional a mim, por me socorrer com o Excel, nas minhas incursões ao programa durante a análise dos dados, e pelo companheirismo em cada etapa desse mestrado, desde os estudos iniciais até as conclusões.

A minha amada filha Laura, que compreendeu, em sua inocência, as vezes que estive estudando e, ainda, às vezes em que pegou meus livros para me ajudar a estudar e sentou comigo à mesa para escrever e ler.

Aos meus irmãos Felipe, Christiane e Samarion, e minha mãe Roseni, pelo apoio com minha pequena e aos dois primeiros, pelo incentivo e força dados mesmo antes da seleção.

A minha Diva acadêmica, Profa. Aluiza, minha orientadora, inspiração de ser humano e de profissional que carregarei para o fim dos meus dias. Sou-lhe grata pela confiança prestada, por cada orientação e pela dedicação com que tem me orientado na pesquisa acadêmica.

A uma grande parceira e amiga Lidiane, pessoa maravilhosa que o mestrado me trouxe, que mesmo sem me conhecer pessoalmente, foi fundamental no início dessa jornada e será, sempre, parceira acadêmica e amiga.

Às colegas da sociolinguística, Tatiane, Germana e Brenda com quem dividi esse tempo, dividi dúvidas, artigos, textos, minicursos e várias risadas. Obrigada, meninas por todo o apoio!

À Profa. Hebe, que foi muito solícita em me receber no Grupo de Pesquisa SOCIOLIN que se tornou fundamental para minha formação sociolinguística e pelas preciosas considerações na banca.

À Profa. Márluce, pelas valiosíssimas considerações na qualificação, na solicitude em ajudar- me com a pesquisa e na recepção no Grupo de Pesquisa SOCIOLIN.

Ao Prof. Luciano Pontes, pela alegria de sempre e pelas considerações muito bem vidas no meu texto de qualificação.

Aos meus colegas de trabalho, Djanine, Cibele, Erasmo, Armênia, Maria de Fátima e Ametista, que não mediram esforços para colaborar com meus atrasos às aulas devido às disciplinas do

(7)

pessoas como vocês!

Aos colegas da turma de Mestrado 2017, Davi, Fabrício, Geilson, Georgia, Ingrid, Jacyara, Kandice, Karine, Lia, Luciana, Míriam, Nayane, Nilson, Renata, Sammya, Sara, Susane, Talison, Tatiane Rodrigues, Tatiane Lima e Márcia, por serem a turma de colegas mais linda que já conheci.

Em especial, também, às colegas Mara e Marcela, por sempre estarem, literalmente, ao meu lado nas aulas, apresentações, disciplinas e caronas.

Ao colega Murilo, parceiro de todas as horas, artigos, aulas e desabafos acadêmicos, que esteve sempre me aperreando e me botando para cima, pela companhia, confiança e toda a ajuda dada.

Aos colegas do Grupo de Pesquisas Sociolinguísticas - SOCIOLIN-CE da UFC por compartilharem comigo seus conhecimentos, especialmente ao Jards, Lorena e Sávio.

À Profa. Dra. Elyne Vitório, por ter me cedido, seus e de outrem, valiosos textos sobre os verbos existenciais.

Aos professores do PosLA que me ajudaram nesse período em suas disciplinas, fundamentos de minha formação, Profa. Rosânia, Profa. Dilamar, Profa. Cibele, Prof. Expedito e Prof.

Wilson. A vocês minha gratidão.

À coordenação do PosLA, nas pessoas do Prof. Wilson, Profa. Cibele, Prof. João Batista, assim como à secretária Jamille e ao Ismael, que chegou depois, e seus bolsistas Raquel, Jéssica e Régis, que estiveram sempre, a postos para ajudar a mim e a meus colegas, sempre gentis e muito responsáveis.

Ao Leonardo Ávila e a Henrique Oliveira, por me ajudarem através da medicina e da terapia, que podemos ser as melhores versões de nós mesmos.

À Secretaria de Educação, pela liberação do afastamento que foi fundamental para meu sucesso acadêmico, nas pessoas de Simão e Raimundinha.

À Funcap, pela concessão da bolsa de estudos, também de fundamental importância como apoio a minha pesquisa.

Ao Prof. José Lemos Monteiro e sua equipe, pela iniciativa de iniciar um projeto tão grande quanto o PORCUFORT, que serviu como fonte de dados não só para a minha pesquisa, mas para a de dezenas de linguistas.

Aos informantes do PORCUFORT, pela gentileza de participar do projeto e ceder suas falas, suas vidas, a serviço da ciência linguística.

(8)

O linguista que entra no mundo só pode concluir que o ser humano é o herdeiro legítimo da estrutura incrivelmente complexa que nós agora estamos tentando analisar e compreender.

William Labov

No meio do caminho tinha uma pedra tinha uma pedra no meio do caminho

tinha uma pedra

no meio do caminho tinha uma pedra.

Nunca me esquecerei desse acontecimento na vida de minhas retinas tão fatigadas.

Nunca me esquecerei que no meio do caminho

tinha uma pedra

tinha uma pedra no meio do caminho no meio do caminho tinha uma pedra.

Carlos Drummond de Andrade

(9)

Esta pesquisa teve como objetivo geral investigar quais variáveis atuam, ainda, para a manutenção dos verbos haver e existir em construções existenciais na fala culta fortalezense juntamente a ter, variante inovadora. Para isso, utilizamos como aporte teórico-metodológico os pressupostos da Teoria da Variação e Mudança Linguística (WEINREINCH; LABOV;

HERZOG, 2006; LABOV, 1994, 2001, 2008) e as orientações de Guy e Zilles (2007) sobre as análises estatísticas do VARBRUL. Os dados utilizados foram extraídos da fala de 50 informantes, selecionadas a partir do banco de dados Projeto Descrição do Português Oral Culto de Fortaleza - PORCUFORT, distribuídos nas entrevistas do tipo D2 (Diálogo entre Dois Informantes), DID (Diálogo entre Informante e Documentador) e EF (Elocuções Formais).

Controlamos as variáveis linguísticas: traço semântico do sintagma nominal (doravante SN), preenchimento de elementos à esquerda do verbo, tipo de oração, posição do SN, peso do SN, tempo e modo verbal, presença de modalizador, repetição do verbo no mesmo enunciado, e concordância entre o verbo e o SN; e, as extralinguísticas: sexo, faixa etária e tipo de registro.

Chegamos a um total de 2.660 dados e confirmamos nossa hipótese inicial segundo a qual o verbo ter exibiria um índice percentual maior que dos demais verbos com (67,9%) dos dados, contra (17,3%) de haver e (14,7%) para existir. Testamos os grupos de fatores em doze análises binárias com haver vs. ter, existir vs. ter, haver vs. existir, sendo três dessas análises com dados gerais; três apenas com dados dos D2; três análises com dados dos DID; e as últimas três análises com dados dos EF. Verificamos que os fatores aliados de ter são os tempos do presente, presença de elementos à esquerda do verbo, tipo de registro D2, sexo masculino e a faixa etária I. Para o verbo haver, os fatores traço semântico do SN [-animado], os tempos no passado, a repetição do verbo no mesmo enunciado, o sexo feminino, a faixa etária III e o tipo de registro EF são os que lhe beneficiam. O verbo existir foi fortemente favorecido pelos fatores traço semântico [+animado], o tempo verbal presente, concordância verbo plural → SN plural, o sexo masculino e os tipos de registro EF e D2. Concluímos que o falar culto de Fortaleza-CE não se diferencia dos demais falares do país, ou seja, o fenômeno variável dos verbos existenciais apresenta-se unificado no PB, sendo que, no falar culto de Fortaleza-CE da década de 1990, constatamos apenas uma variação estável, além de considerarmos a variação em pauta, um marcador linguístico.

Palavras-chave: Verbos existenciais. Sociolinguística Variacionista. Falar culto.

PORCUFORT. Fortaleza-CE.

(10)

This research had as general objective to investigate which variables act, still, for the maintenance of the verbs, there to be and to exist in existential constructions in the fortalezense cultured speech, together to have, an innovative variant. For this, we use as theoretical- methodological contributions the assumptions of the Theory of Variation and Linguistic Change (WEINREINCH, LABOV, HERZOG, 2006, LABOV, 1994, 2001, 2008) and the orientations of Guy and Zilles (2007) on the statistical analyzes of VARBRUL. The data used were extracted from the speech of 50 informants, selected from the database Description of Cultured Oral Portuguese of Fortaleza Project – PORCUFORT, distributed in interviews of type D2 (Dialogue between Two Informants), DID (Dialogue between Informant and Documentary) and EF (Formal Dialogues). We controled the linguistic variables: semantic trait of the noun phrase (henceforth SN), filling of elements to the left of the verb, type of sentence, SN position, SN weight, time and verbal mode, presence of modalizer, repetition of the verb in the same sentence ,and agreement between the verb and the NS; and, the extralinguistics:

gender, age group and type of record. We arrived at a total of 2,660 data and confirmed our initial hypothesis that the verb to have would exhibit a greater percentage index than the other verbs with (67.9%) of data, against (17.3%) of there to be and (14.7%) for to exist. We tested factor groups in twelve binary analyzes with to there to be x to have, to exist x to have, there to be x to exist, been three of this analyzes with general data; three with D2 data only; three analyzes with DID data; and the last three analyzes with EF data. We verified that allied factors of to have are present times, presence of elements to the left of the verb, type of record D2, male sex and age group I. For the verb there to be, the semantic trait factors of the SN [-animated], the times in the past, the repetition of the verb in the same statement, the female gender, the age group III and the type of record EF are the ones that benefit it. The verb to exist was strongly favored by the factors semantic trait [+animated], the present tense verb, plural verb → plural SN, the male gender and the types of record EF and D2. We conclude that the cultured speech of Fortaleza-CE is not different from the other speeches of the country, that is, the variable phenomenon of existential verbs is unified in the brasilian portuguese, being that, in the cultured speech of Fortaleza-CE of the 1990s, only a stable variation, besides considering the variation in question, a linguistic marker.

Keywords: Existential verbs. Variationist Sociolinguistics. Cultured speech. PORCUFORT.

Fortaleza-CE.

(11)

Figura 1 - Trecho de Argote (1975) que trata de idiotismos da língua portuguesa ... 36

Figura 2 - Continuação do trecho de Argote (1975) que trata de idiotismos da língua portuguesa ... 36

Figura 3 - Trecho de Lobato (1770) referente à concordância verbal de haver ... 37

Figura 4 - Continuação do trecho de Lobato (1770) referente à concordância verbal de haver ... 37

Figura 5 - Variação Estável ... 52

Figura 6 - Mudança em progresso ... 53

Figura 7 - Classemas segundo Lopes (1995) ... 95

(12)

Quadro 1 - Achados históricos de ter e haver ... 31 Quadro 2 - Quadro síntese dos estudos sobre os verbos existenciais no PB ... 72 Quadro 3 - Quadro síntese dos fatores favorecedores de cada variante por trabalho

de nossa revisão de literatura ... 78 Quadro 4 - Distribuição dos informantes de acordo com as variáveis sociais

controladas na amostra analisada ... 89 Quadro 5 - Conclusão das pesquisas trazidas na revisão de literatura e nosso estudo .. 140 Quadro 6 - Variáveis selecionadas como favorecedoras da aplicação, na ordem de

relevância, para os dados gerais e dados dos D2 ... 181 Quadro 7 - Variáveis selecionadas como favorecedoras da aplicação, na ordem de

relevância, para os dados gerais e dados dos DID ... 197 Quadro 8 - Variáveis selecionadas como favorecedoras da aplicação, na ordem de

relevância, para os dados gerais e dados dos EF ... 211 Quadro 9 - Quadro síntese dos fatores favorecedores de cada variante em nosso estudo

... 215 Quadro 10 – Quadro comparativo das variáveis selecionadas como favorecedoras da

aplicação, na ordem de relevância, para os dados gerais e dados dos D2, DID e EF ... 219

(13)

Gráfico 1 - Frequências das variantes haver, existir e ter em nossa amostra ... 115 Gráfico 2 - Frequências de estudos com haver, existir e ter de nossa revisão de

literatura e nosso estudo ... 116 Gráfico 3 - Frequências dos trabalhos realizados com dados do NURC e nosso estudo

... 117 Gráfico 4 - Frequências de todos os estudos variacionistas de nossa revisão de

literatura e nosso estudo ... 119 Gráfico 5 - Frequências de dados por Tipo de Registro em nossa amostra ... 120 Gráfico 6 - Quantidade de ocorrências masculinas e femininas por faixa etária em

nossa amostra ... 123 Gráfico 7 - Frequências das variantes haver vs. ter em nossa amostra ... 126 Gráfico 8 - Frequências de haver por tipo de registro nos estudos de Dutra (2000),

Berlinck, Duarte e Oliveira (2009) e o nosso ... 136 Gráfico 9 - Número de ocorrências das variantes por tipo de registro ... 138 Gráfico 10 - Pesos relativos em função da faixa etária entre as variantes haver vs. ter.. 139 Gráfico 11 - Probabilidade de ocorrência das variantes haver vs. ter na análise ... 144 Gráfico 12 - Frequências das variantes existir vs. ter em nossa amostra ... 145 Gráfico 13 - Frequências dos trabalhos de Souza (2015), Viana (2018) e o nosso ... 146 Gráfico 14 - Pesos relativos em função da faixa etária entre as variantes existir vs. ter . 153 Gráfico 15 - Probabilidade de ocorrência das variantes existir vs. ter na análise ... 154 Gráfico 16 - Frequências das variantes haver vs. existir em nossa amostra ... 155 Gráfico 17 - Frequências do estudo de Souza (2015) e o nosso... 156 Gráfico 18 - Pesos relativos em função da faixa etária entre as variantes haver vs.

existir ... 165 Gráfico 19 - Probabilidade de ocorrência das variantes haver vs. existir na análise ... 166 Gráfico 20 - Frequências das variantes haver, existir e ter nos D2 em nossa amostra ... 168 Gráfico 21 - Frequências das variantes haver vs. ter nos D2 em nossa amostra ... 168 Gráfico 22 - Frequências das variantes existir vs. ter nos D2 de nossa amostra ... 169 Gráfico 23 - Frequências das variantes haver vs. existir nos D2 de nossa amostra ... 171 Gráfico 24 - Pesos relativos em função da faixa etária entre as variantes haver vs. ter

nos D2 ... 179

(14)

nos D2 ... 179 Gráfico 26 - Pesos relativos em função da faixa etária entre as variantes haver vs.

existir nos D2 ... 180 Gráfico 27 - Probabilidade de ocorrência das variantes nas três análises realizadas

com dados dos D2 ... 183 Gráfico 28 - Frequências das variantes haver, existir e ter nos DID de nossa amostra .. 184 Gráfico 29 - Frequências das variantes haver vs. ter nos DID de nossa amostra ... 185 Gráfico 30 - Frequências das variantes existir vs. ter nos DID de nossa amostra ... 186 Gráfico 31 - Frequências das variantes haver vs. existir nos DID de nossa amostra ... 187 Gráfico 32 - Pesos relativos em função da faixa etária entre as variantes haver vs. ter

nos DID ... 193 Gráfico 33 - Pesos relativos em função da faixa etária entre as variantes existir vs. ter

nos DID ... 194 Gráfico 34 - Pesos relativos em função da faixa etária entre as variantes haver vs.

existir nos DID ... 194 Gráfico 35 - Probabilidade de ocorrência das variantes nas três análises realizadas

com dados dos DID ... 196 Gráfico 36 - Frequências das variantes haver, existir e ter nos EF de nossa amostra .... 198 Gráfico 37 - Frequências das variantes haver vs. ter nos EF de nossa amostra ... 199 Gráfico 38 - Frequências das variantes existir vs. ter nos EF de nossa amostra ... 200 Gráfico 39 - Frequências das variantes haver vs. existir nos EF de nossa amostra ... 201 Gráfico 40 - Pesos relativos em função da faixa etária entre as variantes haver vs. ter

nos EF ... 209 Gráfico 41 - Pesos relativos em função da faixa etária entre as variantes haver vs.

existir nos EF ... 209 Gráfico 42 - Probabilidade de ocorrência das variantes nas três análises realizadas

com dados dos EF ... 212

(15)

Tabela 1 - Atuação da variável traço semântico do SN sobre o verbo haver (haver vs.

ter) ... 127

Tabela 2 - Atuação da variável tempo e modo verbal sobre o verbo haver (haver vs. ter) ... 129

Tabela 3 - Atuação da variável concordância entre o verbo e o SN sobre o verbo haver (haver vs. ter) ... 130

Tabela 4 - Atuação da variável repetição do verbo no mesmo enunciado sobre o verbo haver (haver vs. ter) ... 132

Tabela 5 - Atuação da variável presença de elementos à esquerda do verbo sobre o verbo haver (haver vs. ter) ... 133

Tabela 6 - Atuação da variável posição do SN sobre o verbo haver (haver vs. ter) ... 134

Tabela 7 - Atuação da variável tipo de registro sobre o verbo haver (haver vs. ter) ... 135

Tabela 8 - Atuação da variável faixa etária sobre o verbo haver (haver vs. ter) ... 138

Tabela 9 - Atuação da variável sexo sobre o verbo haver (haver vs. ter) ... 141

Tabela 10 - Atuação da variável posição do SN sobre o verbo existir (existir vs. ter) ... 147

Tabela 11 - Atuação da variável traço semântico do SN sobre o verbo existir (existir vs. ter) ... 148

Tabela 12 - Atuação da variável concordância entre o verbo e o SN sobre o verbo existir (existir vs. ter) ... 149

Tabela 13 - Atuação da variável tempo e modo verbal sobre o verbo existir (existir vs. ter) ... 151

Tabela 14 - Atuação da variável tipo de registro sobre o verbo existir (existir vs. ter) .... 151

Tabela 15 - Atuação da variável faixa etária sobre o verbo existir (existir vs. ter) ... 152

Tabela 16 - Atuação da variável tempo e modo verbal sobre o verbo haver (haver vs. existir) ... 157

Tabela 17 - Atuação da variável posição do SN sobre o verbo haver (haver vs. existir) . 159 Tabela 18 - Atuação da variável concordância entre o verbo e o SN sobre o verbo haver (haver vs. existir) ... 160

Tabela 19 - Atuação da variável presença de elementos à esquerda do verbo sobre o verbo haver (haver vs. existir) ... 161

Tabela 20 - Atuação da variável traço semântico do SN sobre o verbo haver (haver vs. existir) ... 162

(16)

haver (haver vs. existir) ... 162 Tabela 22 - Atuação da variável tipo de registro sobre o verbo haver (haver vs. existir) 163 Tabela 23 - Atuação da variável faixa etária sobre o verbo haver (haver vs. existir) ... 164 Tabela 24 - Atuação da variável traço semântico do SN para as análises binárias dos

D2 ... 172 Tabela 25 - Atuação da variável presença de elementos à esquerda do verbo sobre o

verbo haver (haver vs. existir nos D2) ... 173 Tabela 26 - Atuação da variável posição do SN para as análises binárias dos D2 ... 174 Tabela 27 - Atuação da variável tempo e modo verbal para as análises binárias dos D2

... 175 Tabela 28 - Atuação da variável repetição do verbo no mesmo enunciado sobre o verbo

haver (haver vs. ter nos D2) ... 176 Tabela 29 - Atuação da variável concordância entre o verbo e o SN para as análises

binárias dos D2 ... 176 Tabela 30 - Atuação da variável sexo sobre o verbo haver (haver vs. ter nos D2) ... 177 Tabela 31 - Atuação da variável faixa etária para as análises binárias dos D2 ... 178 Tabela 32 - Atuação da variável traço semântico do SN para as análises binárias dos

DID ... 188 Tabela 33 - Atuação da variável posição do SN para as análises binárias dos DID ... 189 Tabela 34 - Atuação da variável tempo e modo verbal para as análises binárias dos DID

... 190 Tabela 35 - Atuação da variável concordância entre o verbo e o SN sobre o verbo haver

(haver vs. existir nos DID) ... 191 Tabela 36 - Atuação da variável sexo para as análises binárias dos DID ... 192 Tabela 37 - Atuação da variável faixa etária para as análises binárias dos DID ... 193 Tabela 38 - Atuação da variável presença de elementos à esquerda do verbo para as

análises binárias dos EF ... 202 Tabela 39 - Atuação da variável posição do SN para as análises binárias dos EF ... 204 Tabela 40 - Atuação da variável tempo e modo verbal para as análises binárias dos EF

... 205 Tabela 41 - Atuação da variável concordância entre o verbo e o SN para as análises

binárias do EF ... 206 Tabela 42 - Atuação da variável sexo para as análises binárias do EF ... 207

(17)
(18)

1 INTRODUÇÃO ... 21

2 OS VERBOS TER, HAVER E EXISTIR NA HISTÓRIA DA LÍNGUA PORTUGUESA ... 26

2.1 BREVE PERCURSO HISTÓRICO ... 26

2.2 CONCEITO DE GRAMATICALIZAÇÃO NA LINGUÍSTICA CONTEMPORÂNEA: BREVES ACEPÇÕES ... 32

2.3 OS VERBOS EXISTENCIAIS E AS GRAMÁTICAS ... 34

3 TEORIA DA VARIAÇÃO E MUDANÇA LINGUÍSTICA ... 42

4 PESQUISAS SOBRE OS VERBOS EXISTENCIAIS NO PORTUGUÊS BRASILEIRO ... 59

5 METODOLOGIA ... 81

5.1 TIPO DE PESQUISA ... 81

5.2 COMITÊ DE ÉTICA ... 82

5.3 O CORPUS, A AMOSTRA E OS INFORMANTES ... 83

5.4 VARIÁVEIS ... 90

5.4.1 Variável dependente ... 92

5.4.2 Variáveis independentes ... 92

5.4.2.1 Variáveis linguísticas ... 93

5.4.2.1.1 Traço semântico do SN ... 94

5.4.2.1.2 Presença de elementos à esquerda do verbo ... 96

5.4.2.1.3 Tipo de Oração ... 97

5.4.2.1.4 Posição do SN ... 98

5.4.2.1.5 Peso do SN ... 99

5.4.2.1.6 Tempo e Modo Verbal ... 100

5.4.2.1.7 Presença de Modalizador ... 101

5.4.2.1.8 Repetição do verbo no mesmo enunciado ... 102

(19)

5.4.2.2 Variáveis extralinguísticas ... 103

5.4.2.2.1 Sexo ... 104

5.4.2.2.2 Faixa etária ... 106

5.4.2.2.3 Tipo de Registro ... 107

5.5 LEVANTAMENTO DE DADOS ... 107

5.6 CODIFICAÇÃO DOS FATORES ... 108

5.7 O PROGRAMA COMPUTACIONAL ... 109

6 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ... 113

6.1 RODADA EXPERIMENTAL ... 114

6.1.1 Considerações sobre a rodada experimental ... 125

6.2 ANÁLISES DE HAVER VS. TER ... 125

6.2.1 Traço semântico do Sintagma Nominal - SN ... 127

6.2.2 Tempo e modo verbal ... 129

6.2.3 Concordância entre o verbo e o Sintagma Nominal - SN ... 130

6.2.4 Repetição do verbo no mesmo enunciado ... 132

6.2.5 Presença de elementos à esquerda do verbo ... 133

6.2.6 Posição do Sintagma Nominal - SN ... 134

6.2.7 Tipo de Registro ... 135

6.2.8 Faixa etária ... 138

6.2.9 Sexo ... 141

6.2.10 Considerações sobre as análises de haver vs. ter ... 143

6.3 ANÁLISES DE EXISTIR VS. TER ... 145

6.3.1 Posição do SN ... 147

6.3.2 Traço semântico do SN ... 148

6.3.3 Concordância entre o verbo e o SN ... 149

6.3.4 Tempo e modo verbal ... 150

(20)

6.3.6 Faixa etária ... 152

6.3.7 Considerações sobre as análises de existir vs. ter ... 154

6.4 ANÁLISES DE HAVER VS. EXISTIR ... 155

6.4.1 Tempo e modo verbal ... 157

6.4.2 Posição do SN ... 158

6.4.3 Concordância entre o verbo e o SN ... 159

6.4.4 Presença de elementos à esquerda do verbo ... 160

6.4.5 Traço semântico do SN ... 161

6.4.6 Repetição do verbo no mesmo enunciado ... 162

6.4.7 Tipo de Registro ... 163

6.4.8 Faixa etária ... 164

6.4.9 Considerações sobre as análises de haver vs. existir ... 165

6.5 ANÁLISES DOS DIÁLOGOS ENTRE DOIS INFORMANTES – D2 ... 167

6.5.1 Considerações sobre as análises dos Diálogos entre Dois Informantes – D2 .. 180

6.6 ANÁLISES DOS DIÁLOGOS ENTRE INFORMANTE E DOCUMENTADOR – DID ... 183

6.6.1 Considerações sobre as análises dos Diálogos entre Informante e Documentador - DID ... 195

6.7 ANÁLISES DAS ELOCUÇÕES FORMAIS - EF ... 198

6.7.1 Considerações sobre as análises das Elocuções Formais - EF ... 210

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 214

REFERÊNCIAS ... 222

APÊNDICES ... 236

APÊNDICE A - CHAVE DE CODIFICAÇÃO DOS FATORES DA PESQUISA... 237

ANEXOS ... 239

ANEXO A – PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA DA UECE ... 240

(21)

ENTREVISTAS GRAVADAS... 243

(22)

1 INTRODUÇÃO

Todas as línguas apresentaram e apresentam variações em suas formas ao longo do tempo. A variação linguística é um fenômeno que está presente em todas as línguas do mundo e essa variação acontece, inicialmente, a partir de seu uso real, a fala, e se concretiza na escrita.

No português brasileiro (doravante PB) não é diferente. São muitos os estudos linguísticos que vêm ajudando a descrever o PB em suas modalidades oral e escrita, “o que tem permitido conhecer a realidade linguística do Brasil, que contrasta em muitos pontos com a descrição das gramáticas que servem de base ao ensino de Português.” (VIEIRA; FREIRE, 2014, p. 81).

Dentre as inúmeras pesquisas de fenômenos de variação linguística realizadas Brasil a fora, traremos aqui neste trabalho, a alternância entre os verbos ter, haver e existir1 no português falado por pessoas com nível superior completo, de uma das maiores capitais brasileiras: Fortaleza-CE. A alternância entre esses verbos é um dos fenômenos variáveis que merece mais estudos de descrição, pois, como nos lembra Labov (2008, p. 236), quanto mais se conhece uma língua, mais se pode descobrir sobre ela, o que acaba se tornando um “paradoxo cumulativo”, que vem guiando os estudos variacionistas.

Como podemos notar, os três verbos destacados apresentam, em um mesmo contexto, o sentido de existência, ou seja, podemos usar qualquer um deles para referirmo-nos à existência de algo ou alguém, embora saibamos que o verbo ter existencial não seja reconhecido pela gramática normativa, qual não aconselha seu uso, como encontramos, por exemplo, em Barbosa (1882), Cunha e Cintra (2010) e Bechara (2009).

Para conhecermos melhor esse fenômeno, vejamos as ocorrências de contextos existenciais em (1), (2) e (3), retiradas de nossa amostra.

(1) “e lá a gente via que era bom porque... tinha sempre um um GUIa... e aí ele contava aquela estória e aí que passava a ser interessante aquilo né?” (PORCUFORT, DID, 06)

(2) "que já tão aplicado esses exemplo ao nosso sistema solar havia umas sete mil teoria diferente... agora a teoria mais aceita...” (PORCUFORT, EF, 53)

(3) “FAZIA uma voz que:::... no mundo num existia... ele apesar de Homem”

(PORCUFORT, D2, 48, Inf. 1)2

Dessa forma, embora muitos estudos variacionistas já tenham sido realizados sobre o tema em questão (SILVA, 1999, 2001; CALLOU; AVELAR, 2000; DUTRA, 2000, 2004;

1 Sempre apresentaremos os verbos em estudo destacados em itálico.

2 A identificação usada por nós refere-se ao banco de dados usado, tipo de registro, número do inquérito e, nos inquéritos D2, o número do informante.

(23)

MARTINS; CALLOU, 2003; BERLINCK; DUARTE; OLIVEIRA, 2009; VITÓRIO, 2011;

BATISTA, 2012; VITÓRIO, 2011, 2012, 2013; RIBEIRO; SOARES; LACERDA, 2013;

OLIVEIRA, 2014; SOUZA, 2015; OLIVEIRA, 2017; VIANA, 2018) nenhum estudo foi desenvolvido, até então, sobre o falar culto da cidade de Fortaleza-CE. Para essa empreitada, utilizaremos o corpus do único banco de dados de fala culta fortalezense, até então, o Projeto Português Oral Culto de Fortaleza – PORCUFORT Fase I3 (doravante PORCUFORT), datado da década de 1990 (ARAÚJO, 2000; ARAÚJO; VIANA; PEREIRA, 2018a).

No falar cearense, os estudos pioneiros sobre os verbos existenciais foram os de Vitório (2006, 2007, 20084), na escrita, e os de Souza (2015) e Viana (2018), na fala. Vitório (2006, 2007, 2008) pesquisou o comportamento variável entre ter e haver na escrita de alunos da 5ª e 6ª séries de uma escola pública no município de Maracanaú-CE. Já Souza (2015) analisou a variação dos existenciais ter, haver e existir a partir de uma amostra de fala do corpus do Projeto Norma Oral Popular de Fortaleza, o NORPOFOR (ARAÚJO, 2011; ARAÚJO;

VIANA; PEREIRA, 2018b), enquanto que Viana (2018) analisou os verbos existir e ter também na fala popular de Fortaleza-CE. Ou seja, não há, ainda, uma análise em dados de fala culta, lacuna que pretendemos preencher com este trabalho.

Sabemos, ainda, que há na literatura sobre os verbos existenciais, trabalhos desenvolvidos pela teoria da Sociolinguística Paramétrica (DUARTE, 2016) que propõem uma leitura comparativa de resultados de pesquisas variacionistas, à luz do modelo teórico de Princípios e Parâmetros (P&P) formulado por Chomsky (1982, 1995). Dentre essas pesquisas, podemos citar a de Marins (2013), que analisa as repercussões da remarcação do Parâmetro do Sujeito Nulo (PSN) em um estudo diacrônico com ter e haver no PB e no Português Europeu (doravante PE); o de Duarte (2003), que estuda o sujeito expletivo e as construções existenciais;

assim como as pesquisas de Avelar (2006a, 2006b), Avelar e Callou (2007) e Franchi et al.

(1998) que também analisam as sentenças existenciais, mas, este último, a partir de construções impessoais.

De cunho geolinguístico e dialetológico, temos os estudos de Cardoso (2007, 2008) que fazem um mapeamento do uso dos três verbos existenciais em capitais nordestinas, apresentando uma análise diatópica, diageracional, diagenérica e diastrática, na qual a autora conclui que o fenômeno está passando por uma mudança em curso de ter sobre haver; ainda, a pesquisa de Ramos e Santos (2012) que se utiliza de uma amostra constituída pelo Atlas

3 Maiores considerações sobre o PORCUFORT serão feitas na seção sobre nossa metodologia.

4 A autora publicou três textos do mesmo fenômeno: os existenciais na escrita de alunos do município de Maracanaú: monografia, artigo e capítulo de livro.

(24)

Linguístico do Maranhão – ALiMA, para a análise de ter e haver, sob o viés da Geolinguística e Dialetologia e da Sociolinguística Variacionista; e o estudo de Santos e Araújo (2011) que também, com base no corpus do ALiMA, analisa ter e haver na perspectiva da Dialetologia.

Sob a perspectiva construcional, encontramos, ainda, o estudo de Costa (2018) que analisa ter, haver e existir a partir dos pressupostos teóricos-metodológicos da abordagem construcional e da Semântica de Frames e da Gramática de Construções.

Mesmo sendo conhecedores dos trabalhos mencionados anteriormente, traremos para discussão, nesta presente investigação, apenas aqueles estudos que, como o nosso, estejam embasados na Teoria da Mudança e Variação Linguística (LABOV, 2008; WEINREICH;

LABOV; HERZOG, 2006), além de terem, como objeto de análise, dados de fala do PB.

Portanto, com base na Teoria da Variação e Mudança Linguística e a partir de dados retirados da linguagem em uso de várias localidades do país, destacamos os estudos de Silva (1999), Callou e Avelar (2000), Dutra (2000), Silva (2001), o estudo de Martins e Callou (2003), Dutra (2004), o de Berlinck, Duarte e Oliveira (2009), de Vitório (2011, 2012, 2013), Batista (2012), Ribeiro, Soares e Lacerda (2013), de Oliveira (2014), de Souza (2015), Oliveira (2017) e Viana (2018) que serão melhor detalhados em nossa seção acerca dos estudos sobre os verbos existenciais.

Posto tudo isso, nosso objetivo é estudar a variação no uso dos verbos existenciais haver, existir e ter na amostra do PORCUFORT. Para tanto, procuraremos resolver os seguintes objetivos:

a) verificar qual verbo existencial é mais produtivo na amostra do PORCUFORT;

b) analisar das variáveis linguísticas, traço semântico do sintagma nominal (doravante SN), presença vs. ausência de elementos à esquerda do verbo, posição do SN em relação ao verbo, peso do SN, tipo de oração, presença de modalizador, tempo e forma verbal, concordância entre o verbo e o SN, tipo de oração e repetição do verbo no mesmo enunciado, quais beneficiam os verbos haver, existir e ter existenciais na amostra do PORCUFORT;

c) analisar das variáveis extralinguísticas, como sexo, faixa etária e tipo de registro, quais favorecem os verbos haver, existir e ter existenciais na amostra do PORCUFORT; e

d) analisar se o fenômeno em estudo representa um caso de variação estável ou de mudança em progresso, no sentido de ter existencial substituir haver existencial e existir na amostra do PORCUFORT.

(25)

Com base nas leituras de trabalhos anteriores sobre a variação de verbos existenciais, assim como no contato prévio com nosso corpus, traçamos algumas hipóteses para a variação de ter, haver e existir em contextos de existência na amostra extraída do corpus do PORCUFORT.

Primeiramente, acreditamos que a ocorrência geral de ter seja superior a haver e existir. A segunda hipótese é que os tempos do presente, a presença de elementos à esquerda do verbo, os tipos de registro D25, o sexo masculino e a menor faixa I sejam os fatores que mais favorecem o verbo ter.

Em terceiro, o verbo haver deve ser beneficiado pelos seguintes fatores: pelo traço semântico do SN [-animado], pelos tempos no passado, pela presença de modalizador, pela repetição do verbo no mesmo enunciado, através da presença da variável na fala do documentador, a partir do sexo feminino, a faixa etária III e pelo tipo de registro EF.

Nossa quarta hipótese é que, em relação ao verbo existir, os fatores traço semântico [+animado], o SN simples, o tempo verbal presente, a concordância verbo plural → SN plural, a presença da variável na fala do documentador, o sexo masculino e o tipo de registro EF sejam seus aliados.

Em último, como quinta hipótese, acreditamos que estamos diante de uma avançada mudança em progresso, onde ter existencial está suplantando o uso de haver existencial e o próprio verbo existir.

Pretendemos, dessa maneira, que essa pesquisa sociolinguística se some aos demais estudos já realizados sobre a fala do fortalezense, na perspectiva de contribuir para a descrição da língua falada de Fortaleza-CE e do PB. Além disso, pretendemos contribuir, ainda, para um ensino de língua materna pautado mais nas práticas de letramento que nas práticas de erro e nomenclaturas gramaticais, seguindo as orientações de autores como Bortoni-Ricardo e Rocha (2014), Bagno (2007, 2009) e Bortoni-Ricardo (2004, 2005), que trabalham para a “efetiva operacionalização de uma política educacional igualitária e democrática”, que “requer estudo criterioso dos fenômenos sociolinguísticos” (BORTONI-RICARDO, 2005, p. 29).

Por fim, porém não menos importante, nosso estudo está inserido no projeto de pesquisa Retratos sociolinguísticos de aspectos fonológicos, morfológicos e sintáticos do falar

5 Maiores detalhes sobre os tipos de registro Diálogo entre Dois Informantes – D2, Diálogo entre Informante e Documentador – DID e as Elocuções Formais – EF, na seção de Metodologia.

(26)

de Fortaleza-CE6 do Programa de Pós-Graduação de Linguística Aplicada da UECE, sob coordenação da Profa. Dra. Aluiza Alves de Araújo. Este projeto propõe a descrição e análise de fenômenos variáveis no plano fonológico, morfológico e sintático no português falado de Fortaleza, com o intuito de compreendermos os mecanismos linguísticos e sociais da variação estável e dos indícios de variação que envolve mudança em progresso.

Esta dissertação está organizada em sete seções acrescido das referências bibliográficas, anexos e apêndices por nós utilizados. Após esta introdução, a segunda seção nos traz um breve percurso histórico sobre os verbos existenciais no PB. A terceira aborda a teoria da Variação e Mudança Linguística, base teórica da pesquisa. A quarta seção é composta pela nossa Revisão de Literatura, o qual apresenta os principais resultados de dezesseis estudos variacionistas sobre o fenômeno que pesquisamos. Em quinto lugar está a seção que traz a metodologia utilizada, assim como a descrição do corpus e da ferramenta estatística empregada, além das variáveis testadas na análise. A sexta seção desta dissertação apresenta e discute os resultados encontrados na pesquisa. Em sétimo, a seção onde tecemos nossas considerações finais acerca dos resultados encontrados e, por fim, as referências bibliográficas utilizadas no texto, anexos e apêndices da pesquisa.

6 Maiores detalhes sobre o projeto de pesquisa encontram-se no site do PosLA:

<http://www.uece.br/posla/index.php/projetos-de-pesquisa/linha-02>.

(27)

2 OS VERBOS TER, HAVER E EXISTIR NA HISTÓRIA DA LÍNGUA PORTUGUESA

POEMA DESENTRANHADO DA HISTÓRIA DOS PARTICÍPIOS

A partir do século XVI

Os verbos ter e haver esvaziaram-se de sentido Para se tornarem exclusivamente auxiliares E os particípios passados

Adquirindo em consequência um sentido ativo

Imobilizaram-se para sempre em sua forma indeclinável.

Vinícius de Moraes (2005, p. 220)

2.1 BREVE PERCURSO HISTÓRICO

Como fala o poeta Vinicius de Moraes, na epígrafe acima, há muito tempo os verbos ter e haver vêm se modificando na língua portuguesa, na verdade, desde o latim clássico, como nos afirma Sampaio (1978).

Ter e haver são pois dois verbos que desde o latim clássico caminham paralelamente.

Devido à crescente perda da força expressiva de haver, a língua recorreu ao verbo ter, que o foi substituindo gradualmente, até usurpar-lhe todas as funções. [...] A língua não iria manter o inexpressivo haver, tendo o sonoro ter que lhe era afim.

(SAMPAIO, 1978, p. 32).

Nos propomos, nesta seção, apresentar um breve histórico dessa competição entre ter e haver com o sentido de existir. Lembramos que a ênfase dada aos verbos ter e haver se dá porque o verbo existir possui seu sentido pleno e não apresenta outra atribuição semântica que não seja sobre o sentido de existência propriamente dito. Dessa maneira, procuramos descrever o percurso linguístico histórico de ter e haver, verbos que, dentre outros sentidos semânticos, também apresentam significado de existência, apresentando-os ao leitor como são abordados nas gramáticas normativas, descritivas e em trabalhos históricos enquanto construções existenciais.

Para continuarmos essa seção histórica, tomamos por base diversas pesquisas que muito bem fizeram um aparato fundamentado em escritos latinos e portugueses, escritos esses, únicas fontes da língua portuguesa há séculos atrás, como os estudos de Sampaio (1978), Mattos e Silva (2002a, 2002b, 1992), Stein (2001), Hricsina (2017), Sibaldo e Correia (2014) e Costa (2010).

A etimologia de haver e ter nos aponta que haver é derivado da forma latina habere, com definições como possuir, obter, manter, reter, segurar, conter e também deter, assim como

(28)

o verbo ter se origina da forma latina tenere, com significados próximos a obter, manter, segurar, conter, deter e, ainda, reter.

Descrevendo um quadro da distribuição dos significados dos verbos ter e haver do Latim Clássico ao Português Arcaico (doravante PA), Almeida (2006) nos revela que, no latim clássico, o verbo haver era usado com os sentidos de possuir, obter, manter, reter, segurar, conter e deter, da mesma forma que o verbo ter era empregado com os sentidos de obter, manter, reter, segurar, conter e deter. A autora nos fala que, no PA, haver possui ainda o valor de posse e existência, ao passo que o verbo ter exibia, além desses, o valor existencial.

A trajetória histórica desses verbos nos lembra que, desde o latim clássico até o português atual, ter e haver são duas formas semanticamente em concorrência. Devido à perda de expressividade de haver, o verbo ter foi ganhando território na substituição de haver, ou seja, à medida em que haver foi se desgastando semanticamente, ter foi lhe substituindo pouco a pouco.

Concordamos, então, com Sampaio (1978), quando a estudiosa afirma, que

Desde o início, percebemos a impossibilidade de se estudar [o] verbo ter separado de haver, pois desde o latim clássico eram afins em muitos empregos. No português, eles sempre tiveram empregos paralelos e à medida que o verbo haver se foi desgastando e esvaziando semanticamente, foi sendo substituído por ter. (SAMPAIO, 1978, p. 2, grifos da autora).

Dessa forma, a autora, ao dizer que não é possível “se estudar verbo ter separado de haver”7, nos deixa claro que, ao estudar as sentenças existenciais, devemos nos ater às mudanças que vieram ocorrendo com ter e haver, em especial, o sentido de impessoalidade, inexistente a existir, verbo pessoal desde sempre.

Viotti (1998), analisando os verbos ter e haver, corrobora as acepções, assim como Almeida (2006), quando nos afirma que o verbo habere, no latim clássico, era empregado em vários sentidos. Como amostra dessas acepções, a autora nos traz exemplos como habere em sentido de habitar, por exemplo, em qui Syracusis habeí (quem habita em Siracusa), fazendo parte também de expressões como bene habet (está bem) (VIOTTI, 1998, p. 43). Além do mais, habere era usado em construções como em habere vestem (estar com um vestido)8 das quais nos faz deduzir ter se ocasionado o sentido de posse. Assim, habere fundum significava habitar um sítio, mas também significava ter a posse legal dele9. O uso de habere com sentido de posse se

7 VIOTTI, loc.cit., grifos da autora.

8 VIOTTI, loc.cit.

9 VIOTTI, loc.cit.

(29)

desenvolveu e passou a competir com a expressão esse + dativo, observando-se a variação de expressões como mihi est altquid e habeo ahquid (eu tenho dinheiro) (VIOTTI, 1998, p. 43).

Habere passara a ser, dessa maneira, um verbo que tomava o caráter de predicado em estruturas possessivas.

Saindo do latim clássico e passando para o PA, Mattos e Silva (1992), nos Diálogos de São Gregório (DSG), texto português do século XIV, nos mostra aver e teer eram verbos com o traço semântico de posse:

a) teer = posse

Ex: livros que tinha (4.12.9) b) teer = obter (passar a ter)

Ex: E assi parece que no outro mundo ha fogo de purgatorio per que se purgan os pecados veniaes e en que homen ten as peendenças que en este mundo non teve polos pecados que fez (4.37.10)

c) teer = deter, reter, manter (continuar a ter) Ex: vinho que tiinha no vaso (1.17.13) d) aver = posse

Ex: An verludcs (2.1.14), Ovelhas que cl avia (3.16.3)

Em sua análise nos DSG, a autora observou que a distribuição dos predicados teer e aver nas estruturas de posse estava condicionada à natureza semântica dos seus complementos, definida pela autora da seguinte forma:

a) bens adquiridos materiais: teer: 82% (arca, vinho, médio...) e aver: 20% (pan, casa, moeda...);

b) bens ou qualidades imateriais adquiridas: aver: 80% (fé, graça, poder, ira, medo...) e teer: 18% (só ocorre com fé);

c) qualidades inerentes ao possuidor: aver: 80% (barvas, ceguidade, enfermidade, idade...) e teer: 0% (não ocorrem casos de ter com qualidades inerentes) (1992, p. 90-91).

Observando os dados acima, podemos ver que o verbo aver português não possuía mais as mesmas acepções do habere latino. No PA, o verbo aver conservou o sentido de possuir, contudo perdeu outros significados para teer.

Um segundo exame, indica que aver especializou-se como verbo de posses inalienáveis e teer de posses materiais. Dos resultados encontrados pela autora, os 20% de ocorrências de aver em posses materiais podem ser entendidos como resíduos do período em

(30)

que aver possuía o mesmo sentido de habere. Já, os 18% de teer como posse inerente, apesar de somente ocorrerem com o item lexical fé, podem ser considerados como indícios de uma mudança futura de teer sobre todos os contextos possessivos, como aconteceu no português moderno.

Estudados os mesmos fatos em corpora português do século XV, Mattos e Silva (1992) conseguiu confirmar suas reflexões anteriores:

a) Em A lenda do rei Rodrigo (manuscrito escrito entre 1410-1420), o verbo teer aparece em expressões como ter filho; nos contextos de qualidades inerentes ao possuidor, só ocorre o verbo aver, já, os contextos de bens adquiridos materiais são expressos por teer e aver.

b) Em A crônica de D . Pedro de Fernão Lopes (manuscrito escrito entre 1418-1442), o verbo aver predomina, ainda, nas construções de posses inerentes, mas teer já aparece nos três tipos de estrutura, inclusive, nos contextos de qualidades inerentes ao possuidor: teer voz.

c) E em A linguagem da Imitação de Cristo (manuscrito escrito entre 1468-1477), o verbo teer acontece em todos os três contextos, se sobressaindo em aver: teer olhos (única ocorrência de qualidades inerentes ao possuidor); bens ou qualidades imateriais adquiridas são expressas por aver e teer, contudo, preponderando, teer:

ter paz\ aver nenhuma cousa, ter cousas; e com teer em contextos de bens adquiridos materiais, prevalecendo, ainda, o teer.

Viotti (1998) verificou, ao pesquisar a história dos verbos ter e haver, em textos do séc. XIV, uma situação equivalente à investigação realizada por Mattos e Silva (1992). O verbo ter também não foi encontrado com um complemento com significado de propriedade ou estado, apenas encontrou ter acompanhado de fé; no contexto de qualidades inerentes ao possuidor, identificou ocorrências dessa forma verbal ao lado de entendimento, boa vontade, falsidade, como nos exemplos extraídos de Viotti (1998).

a. E lã gram falsidade tem a Santa Jgreia que fazen estes ataes... ( AX 383.1089)

b. Em estes teverão muy neycio entendimento... (AX 415-17) (VIOTTI, 1998, p. 45)

Viotti (1998) encontrou no século XVI, 86% das sentenças predicativas com ter, onde no século anterior, século XV, a frequência de uso de ter se aproximava da percentagem de haver: cerca de 42% das sentenças que realizavam a predicação possessiva eram construídas com ter.

(31)

No século XV, a frequência de uso do verbo ter já se aproximava da frequência do uso de haver: cerca de 42% das sentenças que realizavam a predicação “possessiva”

eram construídas com o verbo ter. No século XVI, ter passa a ser o verbo predominante nessas construções, realizando quase 86% das sentenças. Nesse mesmo período, ter começa a ser usado em construções impessoais de sentido existencial. (VIOTTI, 1998, p. 46, destaques da autora)

Após a concorrência nos tempos simples, ter e haver começaram a ganhar terreno nos tempos compostos, nas chamadas perífrases verbais.

Sampaio (1978) viu que no latim a forma flexionada do presente perfectivo dos verbos transitivos foi gradativamente substituída pela perífrase habere + particípio passado que revelava o espaço deixado pelo tempo aoristo, do indo-europeu, que os latinos não possuíam.

A representação de posse, trazida por habere, era muito importante para compreensão dessa perífrase de particípio. Essa ideia de posse dentro da perífrase foi, como passar do tempo, conquistando espaço na língua portuguesa e o verbo habere, nesse contexto, transformou-se também em um verbo auxiliar desprovido de conteúdo semântico. Assim, o verbo habere predicativo foi perdendo a significação específica de posse e começou a agregar construções predicativas de aspecto genérico, como o é até hoje.

Já, Mattos e Silva (1992), diz que haver e ter, nos DSG, ocorriam em construções haver/ter + particípio passado, sempre de natureza transitiva, mas, ressalta que haver e ter já variavam neste contexto no período do PA, sem que se afirmasse a predominância de ter sobre haver.

Analisando haver, ter e ser nas estruturas de tempo composto, Ribeiro (2018) procurou estudar o fenômeno variável baseada na teoria gerativa de princípios e parâmetros.

Considerou em termos formais esses verbos tanto nas construções locativas (existencial, possessiva e locativa), quanto em construções de particípio passado com o objetivo de explicar, mais detalhadamente, como se deu o processo de gramaticalização dessas formas como verbos auxiliares no desenvolvimento diacrônico dos tempos compostos no português.

A conclusão a que Ribeiro (2018) chegou é que

(i) Haver um verbo lexical semanticamente pleno no latim, já aparece no português arcaico (PA) como um auxiliar funcional em construções de posse inalienável, e como verbo auxiliar nas formas perifrásticas e nas construções existenciais. No PB contemporâneo falado haver se reduziu a um afixo gramatical de futuro, desaparecendo de todos os outros contextos.

(ii) Ter é um verbo lexical semanticamente pleno no PA, compete com haver como verbo auxiliar nas perífrases perfectivas e nas construções existenciais ocupando hoje todos esses contextos.

(32)

(iii) Ser caracteriza-se no PA sempre como um auxiliar verbal, nas perifrásticas passivas e ativas, e nas construções existenciais e locativas. No PB contemporâneo conserva só o seu estatuto de auxiliar nas perífrases passivas. (RIBEIRO, 2018, p.

295-296, destaques das autoras).

José Roca Pons (1958 apud SAMPAIO, 1978) considera as modificações sofridas pelos verbos ter e haver como um caso de gramaticalização. A esse respeito, Pons fala que

O verbo auxiliar serve, essencialmente, para expressar uma modalidade determinada de um conceito verbal. O processo seguido por um verbo até chegar a ser um verdadeiro auxiliar é um caso de gramaticalização. Sem embargo, nem sempre se chega a uma perda completa de sentido concreto. Com frequência conserva-se algum caráter do significado originário. E se delineia, naturalmente, o problema dos limites.

Creio que, segundo o maior ou menor grau de “vacuidade” significativa e outras circunstâncias, pode-se estabelecer alguns grupos fundamentais.

Um caso extremo e especial é o verbo haver na língua moderna para a formação dos tempos compostos da voz ativa ou da chamada “conjugação perifrástica de obrigação”.

Aqui temos, abandonada e olvidada a idéia de posse, um puro instrumento gramatical.

O verbo é inusitado em outro emprego, exceto em alguns arcaísmos e em seu valor como impessoal. (PONS, 1958 apud SAMPAIO, 1978, p. 32, destaque do autor)

Resumindo, aqui, a história entre ter e haver em textos dos séculos XIII ao XX, apresentarmos o Quadro 1 baseados nos estudos mencionados.

Quadro 1 - Achados históricos de ter e haver

(continua) Século XIII Para expressar a posse, aparecem tanto haver como ter

Haver ou Ter mais particípio passado

Século XIV

Haver e Ter como expressões da posse

Haver e Ter em perífrases com particípios (o pretérito mais-que- perfeito composto; pretérito Perfeito Composto; e antepretérito) Haver impessoal

Haver e Ter e seus diversos sentidos

Haver usado como auxiliar em perífrase de infinitivo Século XV

O verbo Ter e Haver como símbolos da posse Ter ou Haver mais particípio

Ter ou Haver como auxiliares da conjugação composta (pretérito mais-que-perfeito composto; pretérito perfeito composto)

Século XVI

Ter indicando posse

Ter e Haver e seus diversos sentidos

Ter e Haver na formação dos tempos compostos Ter invade a esfera da oração existencial Século XVII

O verbo ter indicando posse

Haver e Ter usados na oração existencial Haver e ter na formação dos tempos compostos Século XVIII

O verbo Ter indicando posse

Ter e Haver como auxiliares dos tempos compostos Ter e Haver usados na oração existencial

Século XIX

Haver e Ter e seus diversos sentidos

Ter e Haver na formação dos tempos compostos e em locuções perifrásticas

Ter e Haver na oração existencial

(33)

(conclusão) Século XX

Os verbos Ter e Haver na conjugação composta e em locuções perifrásticas

Ter e Haver na oração existencial Fonte: Elaborado pela autora.

Através do Quadro 1, vemos que é a partir do século XVI que ter invade a esfera existencial ao lado de haver, e, no século seguinte, haver perde sua acepção de posse. Desde o século XIII, ter e haver vêm travando uma longa batalha em busca de lugar no português, sendo que, este último, vem perdendo espaço significativo e crescente, seja por esvaziamento semântico (SAMPAIO, 1978), seja por processo de gramaticalização (PONS, 1958 apud SAMPAIO, 1978).

2.2 CONCEITO DE GRAMATICALIZAÇÃO NA LINGUÍSTICA CONTEMPORÂNEA:

BREVES ACEPÇÕES

Traremos a nosso texto esse conceito de gramaticalização, para que possamos compreender o que alguns autores como Dutra (2000), Roberts (1993) e Vitório (2015) falam de gramaticalização relacionados ao verbo haver.

Há divergentes pontos de vista a respeito do conceito de gramaticalização na linguística contemporânea. Essa divergência está presente, inclusive, na nomenclatura conceitual para esse processo. Há autores que o denominam gramaticização, enquanto outros nomeiam-no gramaticalização. Algumas denominações vêm sendo utilizadas em diversos postulados teóricos para se reportarem à gramaticalização enquanto “apagamento semântico, condensação, enfraquecimento semântico, esvaimento semântico, morfologização, reanálise, redução, sintaticização” (DUTRA, 2000, p. 50, destaque da autora).

De um modo geral, os pesquisadores compreendem a gramaticalização como um processo no qual um item lexical passa a conter, ou mesmo, exercer, uma função gramatical na língua. Ainda que o termo gramaticalização seja agregado em todos os níveis gramaticais, muitos linguistas preferem usá-lo apenas para referir-se à concepção morfológica; mesmo assim, ainda encontramos outros linguistas que o aplicam com relação à mudança de estruturas da pragmática à sintaxe.

Roberts (1993) é um dos linguistas que se refere à gramaticalização como o processo pelo qual um item lexical, com conteúdo semântico, se transforma em um elemento gramatical. Ele percebe a gramaticalização como uma mudança partindo de uma categoria

(34)

lexical para uma categoria funcional, acompanhada de esvaziamento semântico (semantic hleaching). Para o linguista, os estágios desse processo quanto aos verbos, seria da seguinte forma: verbo pleno > construção predicativa > forma perifrástica > aglutinação. O autor assinala, ainda, que a diferença entre verbo pleno e forma perifrástica é que, apenas o verbo pleno confere papéis temáticos.

Roberts (1993) distingue três concepções para a teoria da mudança sintática:

a) Steps (passos) que versam sobre o surgimento de uma nova sentença, ou sobre uma mudança significativa de uma sentença, em diversos textos;

b) Reanálise Diacrónica, quando uma determinada sentença muda uma estrutura S de um dado período P, para uma estrutura S* # S no período P\;

c) E a Mudança Paramétrica, trazida pela teoria dos princípios e parâmetros, que explica diversas mudanças quanto a remarcação do valor dado a um único parâmetro.

Ou seja, das três concepções de Roberts (1993), somente a mudança paramétrica está relacionada com a eliminação de uma ou mais sentenças da gramática de uma língua. Os steps modificam algumas sentenças em sentenças raras, entretanto não as elimina completamente, pois o sistema gramatical aceita sua realização. Quanto às reanálises diacrônicas, estas resultam em sentenças inéditas, análogas a sentenças mais antigas, que não são extinguidas dos textos, mesmo que apresentem pouca frequência de uso.

Afirmando que a reanálise diacrônica e a correspondente eliminação do movimento são ocasionadas pelo fato de que estruturas mais simples são preferíveis a estruturas mais complexas, Roberts (1993) assinala que as estruturas mais simples são aquelas com menor número de posições em cadeia, ocorrendo devido a estratégia de aquisição - Least Effort Strategy - que ressalta a preferência de crianças em processo de aquisição por representações cujas cadeias possuam um menor número de elos.

Estudando a evolução dos tempos do futuro e do condicional das línguas românicas, o autor analisa construções provenientes de sentenças do latim clássico com infinitivo habere e tenta provar que esse é um caso típico de gramaticalização: o verbo pleno habere foi transformado em um afixo e, semanticamente, em um marcador de tempo futuro ou condicional.

A gramaticalização de habere, como marca de futuro, impulsiona uma separação do léxico, na qual habere permanece em outros contextos em sentido pleno e em outros contextos mantendo, ainda, o sentido de posse.

Voltando a Viotti (1998), a autora procura demonstrar que os princípios gerais da gramática, pressupostos teóricos do Programa Minimalista, desenvolvido por Chomsky (1995),

(35)

são satisfatórios para esclarecer as mudanças de categoria que ocorrem em um processo de gramaticalização, como o processo sofrido pelos verbos haver e ter. A mudança de categoria acontece em consequência do esvaziamento semântico pelos quais passam verbos, o que faz com que haver e ter percam a competência temática. Os princípios gerais de economia linguística apresentam uma preferência por derivações mais simples, ou seja, aquelas em que tenham havido um menor número de movimentos. Dessa forma, as formas verbais em processo de gramaticalização iniciam a derivação em posições mais altas na estrutura da língua.

A proposta de trabalho de Viotti (1998) assemelha-se à hipótese de Roberts (1993) sobre a gramaticalização, na medida em que, ambos, preconizam que o processo de gramaticalização envolve a mudança de natureza de uma categoria para outra, como a que passa de lexical à funcional. Mas, a hipótese de Viotti (1998) se diferencia da hipótese de Roberts (1993) quanto à causa de mudança de categoria. Enquanto Roberts (1993) afirma que essa mudança é o resultado de reanálise motivada por uma estratégia de aquisição específica, onde está agregado um semantic bleaching, Viotti (1998) considera então, assim como Roberts (1993), que o “esvaziamento semântico é o início e a causa necessária para que ocorra essa transformação do elemento lexical, posto que é essa perda de sentido que admite que um certo item não precise ser gerado dentro de um domínio temático”. (DUTRA, 2000, p. 61).

2.3 OS VERBOS EXISTENCIAIS E AS GRAMÁTICAS

O termo gramática pressupõe diversos significados, dentre eles, a de gramática normativa, que é vista como um manual onde se encontram todas as regras de bom uso da língua, com o objetivo de que cada indivíduo se comunique de forma correta e polida. Trazendo uma explicitação sobre gramática normativa, Travaglia (2003) nos diz que

A gramática normativa, que é aquela que estuda apenas os fatos da língua padrão, da norma culta de uma língua, norma essa que se tornou oficial. Baseia-se, em geral, mais nos fatos da língua escrita e dá pouca importância à variedade oral da norma culta, que é vista, conscientemente ou não, como idêntica à escrita. [...] a gramática normativa apresenta e dita normas de bem falar e escrever, normas para a correta utilização oral e escrita do idioma, prescreve o que se deve e o que não se deve usar na língua. Essa gramática considera apenas uma variedade da língua como válida, como sendo a língua verdadeira (TRAVAGLIA, 2003, p. 30).

Para a gramática normativa, como nos fala Travaglia (2003), só existe apenas uma variedade da língua, a correta, a válida, a verdadeira, em qualquer um de seus usos. Assim, ela se torna a lei e a ordem quando se trata de falar ou escrever a língua, ditando o que pode e o

(36)

que não pode ser feito pelos falantes. A descrição da língua é fundamentada pelo uso que é feito por bons escritores, ou escritores consagrados, ignorando características de uso da fala e da escrita, que estão sujeitas à situação comunicacional, fala essa, sendo horas mais formal, horas mais informal. Dessa maneira, Vitório (2010a, p. 92), vem corroborar esse posicionamento, pois, para a autora, “A língua é descrita na variedade dita culta e todas as outras formas de uso da língua são consideradas desvios, deformações e degenerações da língua, sendo, portanto, a variedade padrão o modelo a ser seguido por todos os falantes”.

Observemos que até aqui, o que Travaglia (2003) e Vitório (2010a) chamam de norma culta podemos compreender como norma padrão.

Em se tratando inicialmente do verbo haver, as primeiras considerações regidas por inúmeras gramáticas normativas da língua portuguesa, de Argote (1725) a Bechara (2009), o verbo haver, em sentido existencial, só pode ser usado na impessoalidade. A seguir, falaremos mais das questões relacionadas ao verbo ter.

Na opinião de Castro (2002), linguista português, mesmo que as gramáticas normativas se apoiem em escritores antigos para justificar as regras propostas pela gramática normativa atual, e haja registro de pluralização de haver, tanto na fala, quanto na escrita, até mesmo em escritores renomados, ainda vigora a rejeição de haver em flexão plural. Castro (2002) encontrou a pluralização de haver como no exemplo “houveram risadas” em um manuscrito de obra Tragédia da Rua das Flores, de Eça de Queiroz, mesmo após várias correções.

Gramáticos portugueses como Argote (1725) e Lobato (1770), ainda no século XVIII, já referenciam o fato de não se registrar a pluralização de haver, como podemos ver nos excertos apresentados nas figuras abaixo e, na sequência, na transcrição dos trechos.

(37)

Figura 1 - Trecho de Argote (1975) que trata de idiotismos da língua portuguesa

Fonte: Argote (1725, p. 268)

Figura 2 - Continuação do trecho de Argote (1975) que trata de idiotismos da língua portuguesa

Fonte: Argote (1725, p. 269, continuação)

M. Continuay os Idiotismos.

D. Ha Idiotismos nos adverbios, proposiçoens, conjunçoens, &c. que o uso facilmente enfina, e se percebem cõ facilidade.

M. Continuay.

Referências

Documentos relacionados

Abra o zíper que se encontra na parte interna das costas puxando para fora o mecanismo de acionamento (disparo). Pressione o sistema de absorção de impactos

Diante deste cenário e com o objetivo de ampliar negócios no Brasil, entre os dias 24 e 25 de novembro, cerca de 100 líderes empresariais italianos dos setores de

Para obter mais informações sobre esse serviço de rede, entre em contato com a operadora. Atualizar o software do telefone usando

O vereador Junior agradeceu o aparte de todos, retomando concordo com o vereador Fi, nessa atuação por parte do prefeito, precisa ver o problema, é que se

Taquaritinga – CONTRATADA: New Construtora Ltda- ME – OBJETO: execução de recapeamento asfáltico em diversas vias do município de Taquaritinga/SP, com fornecimento

Em 2020 o Plano de Gestão Administrativa da PREVEME efetuou o pagamento de R$ 445.894 com despesas de pessoal referente ao rateio das despesas com a folha de pagamento dos

É descrito um modelo de OLTC (&#34;on-load tap changer&#34;) para controle de tensão e de transformador &#34;phase-shifter&#34; para controle de fluxo de potência ativa, feito

Os sete manuais analisados cumprem a tarefa empírica ao discutirem a história do ensino de história entendida como uma forma de compreender os processos de ensino e de