GERMINAÇÃO IN VITRO DE PIMENTÃO CASCADURA IKEDA EM
DIFERENTES CONCENTRAÇÕES DE 6-BENZILAMINOPURINA (BAP) Ana Luísa N. Aquino ¹, Bruna N. Aquino ², Maria G. Teixeira ³, Luís Gustavo M. Santos
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. RESUMO
O presente trabalho avaliou a influência da citocinina 6-benzilaminopurina (BAP) na germinação e desenvolvimento das plântulas de pimentão Ikeda cascadura in vitro. Após 28 dias as plântulas foram pesadas e a parte aérea e a as raízes tiveram seus tamanhos medidos para verificação da influência do BAP. Foi verificado que o aumento da concentração do BAP influencia de forma negativa no desenvolvimento das plântulas, pois ocasionou uma redução do peso e do tamanho tanto da parte aérea como das raízes.
INTRODUÇÃO
O pimentão cascadura Ikeda possui coloração verde escura, formato cônico, polpa espessa, tem polinização aberta, é uma planta rústica e vigorosa, podendo medir de 60 a 75 cm de altura. Este cultivar tem rápido desenvolvimento inicial e produção estável ao longo do ciclo produtivo. O fruto possui alto teor de vitamina C, além de apresentar vitaminas A, B e minerais como Ca, Fe e P (Ribeiro & Cruz, 2002). A produção de uma muda de qualidade é fundamental na cadeia produtiva, pois esta terá forte influência na produtividade da cultura. Uma das alternativas para a produção de mudas com alta qualidade é a propagação in vitro.
A propagação in vitro de plantas, chamada também de micropropagação, é uma técnica para propagar plantas dentro de tubos de ensaios ou similares de vidro (por isso, o termo in vitro), sob adequadas condições de assepsia,
1
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais – Câmpus Machado.
Machado/MG, email: analuisa.aquino@yahoo.com.br;
²
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais – Câmpus Machado.
Machado/MG, email: brunan.aquino@hotmail.com;
³
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas – Câmpus Machado. Machado/MG, email: mariagessiteixeira@hotmail.com;
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Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais – Câmpus Machado.
nutrição e fatores ambientais como luz, temperatura, oxigênio e gás carbônico (BARRUETO, 2000).
A propagação in vitro pode ser útil na produção de plantas com alta qualidade sanitária, isentas de vírus, além de ser uma ferramenta importante para a manutenção e o intercâmbio de
germoplasma (ASSIS, 1999; FLETCHER; FLETCHER, 2001).
Os meios nutritivos utilizados na propagação in vitro são formados por múltiplos componentes, como a água, os sais inorgânicos, a fonte de carbono e energia, vitaminas e substâncias reguladoras de crescimento. Estas possuem papel fundamental no processo. Um grupo importante de reguladores vegetais usados são as citocininas.
As citocininas formam um grupo de reguladores de crescimento muito importante para o cultivo in vitro. Na fase de estabelecimento do processo de micropropagação, este grupo de reguladores de crescimento não só é favorável como necessário para o desenvolvimento do explante. A citocinina no meio de cultura é indispensável para o desenvolvimento de gemas neoformadas (FORNI, 1993). Das citocininas disponíveis no mercado, a 6-benzilaminopurina (BAP) é a que geralmente resulta em melhor.
O presente estudo teve como objetivo a germinação in vitro de sementes de pimentão cv. cascadura ikeda em meios com diferentes concentrações da citocinina BAP.
METODOLOGIA
O projeto foi desenvolvido no Laboratório de Biotecnologia do IFSULDEMINAS – Câmpus Machado, onde sementes de pimentão cv. Cascadura Ikeda foram descontaminadas no fluxo laminar por 1 minuto em álcool 70% sob agitação, imersas em Hipoclorito 2.5% por 20 minutos e enxaguadas por 3 vezes. Em seguida as sementes foram inoculadas em meio de cultura MS (MURASHIGE; SKOOG, 1962) com 20% dos sais, 60 gL-1 de sacarose e diferentes concentrações de BAP ( 0, 1, 5 e 10 mg L-1). foram utilizados 20 tubos de ensaio para cada tratamento, cada um contendo uma semente. Os meios foram solidificados em Agar, o pH foi regulado em 5,8, os meios foram autoclavados, e após a inoculação foram levados para sala de crescimento. As observações de germinação foram realizadas
ao 8º e ao 15º dia após a inoculação. A análise de massa e tamanho da raiz e parte aérea foram realizadas ao 28º dia após a inoculação.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
No experimento observou-se que os meios com maiores concentrações de BAP germinaram mais tardiamente do que os meios com menores concentrações. Na primeira contagem (8º dia após a inoculação), por volta de 50% das sementes que não foram tratadas com BAP já tinham germinado, por outro lado, as sementes que foram tratadas com 5 e 10 mg de BAP apresentaram 0% de germinação. Nestes tratamentos, a germinação foi detectada somente no segundo dia de observação (15º dia após a inoculação).
O efeito do BAP no desenvolvimento das plântulas de pimentão no 28º dia também foi negativo (Figura 1). Observou-se que os meios com maiores concentrações de BAP tiveram menor média de desenvolvimento da raiz e da parte aérea. Portanto, o aumento da concentração de BAP provocou redução do peso fresco das plântulas.
Figura 1: Influência da concentração de BAP no desenvolvimento da parte aérea e da
Os reguladores vegetais na maioria das vezes agem de acordo com a interação com os outros reguladores. A relação entre auxinas/citocininas, por exemplo, pode determinar a inibição ou o desenvolvimento das raízes. Maiores concentrações de citocinina somadas à menores concentrações de uma auxina induzem a formação de brotos adventícios, e o inverso induz a formação de raízes (TAIZ; ZEIGER, 2006). Quando aplicados de forma isolada podem apresentar efeitos diferenciados e concentrações maiores podem ter efeitos inibitórios
A concentração do regulador vegetal é fundamental no papel que ele desenvolverá na plântula. Portanto, serão necessários novos estudos, com concentrações menores de BAP e também a aplicação conjunta com outros reguladores vegetais.
CONCLUSÃO
O aumento da concentração de BAP afeta de forma negativa o desenvolvimento das plântulas de pimentão cv Cascadura Ikeda propagadas in vitro, provocando a diminuição da massa e do tamanho das plântulas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARRUETO CID, L.P. (Ed.). Introdução aos hormônios vegetais. Brasília:
Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, 2000. 205 p.
ASSIS, M. de. Novas tecnologias na propagação de batata. Informe Agropecuário. Batata: produtividade com qualidade. Anais... Belo Horizonte, v.20, n.197, p.30-33, mar./abr. 1999.
FLETCHER, P.J.; FLETCHER, J.D. In vitro virus elimination in three Andean root crops: oca (Oxalis tuberosa), ulluco (Ullucus tuberosus Caldas) and arracacha (Arracacia xanthorrhiza). New Zealand Journal of Crop and Horticultural Science, Auckland, v.29, n.1, p.23-27, 2001.
FORNI, P.C. Níveis de “MS”, BAP, número de gemas do explante e período de repicagem na produção de brotos, folhas e material seca e, níveis de 2,4-D e
cinetina área tamanho e fenótipo de calos de Coffea arábica L. cv. Catuaí Vermelho ch 2077-2-5-44. Lavras: ESALQ, 1993 (Dissertação de Mestrado em Fitotecnia).
MURASHIGE, T. SKOOG, F. A. A revised medium for rapid growth and bioassays withtabacco tissue cultures. Physiologia Plantarum, v.15, p.473-497, 1962.
TAIZ, L.; ZEIGER, E. Plant Physiology.Trad. Santarén, 3.ed. Porto Alegre: Artmed, 2006 719p.