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ALFABETIZAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

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Academic year: 2021

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ALFABETIZAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

O pleno desenvolvimento do cidadão é assegurado como dever do Estado e direito de todo brasileiro, de acordo com a Constituição Federal de 1988, em seu Artigo 205:

Artigo 205: A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

Artigo 208: O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de: educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria

§ 1º - O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito

público subjetivo. (BRASIL, 1988, p. 2)

Como forma de reforçar esse direito constitucional à educação, em 20 de dezembro de 1996, foi promulgada a Lei nº. 9.394, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), que em seu artigo 37, trata da educação de jovens e adultos, determinando a garantia da educação àqueles que não puderam usufruir desse direito na idade regular, conforme descrito a seguir:

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A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria.

§ 1º Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos jovens e aos adultos, que não puderam efetuar os estudos na idade regular, oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as características do alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames.

§ 2º O Poder Público viabilizará e estimulará o acesso e a permanência do trabalhador na escola, mediante ações integradas e complementares entre si. (BRASIL, 1996, p. 11-12)

A democratização da gestão influencia diretamente no direito garantido a uma educação para todos, com controle e acompanhamento social para que ocorra uma melhoria na organização e gestão da educação. Para que haja uma construção democrática tem que haver a construção da cidadania, dando enfoque à qualidade social relativa ao processo educativo, estimulando saberes tecnológicos, científicos, sócio-histórico, e compreendendo as necessidades do mundo do trabalho assim como os elementos da subjetividade existente em um campo educacional.

Dentro desse contexto que surgiu o Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos - PROEJA, a partir da necessidade de garantir o direito à educação de jovens e adultos, aliando a elevação da escolaridade à formação profissional de qualidade desses cidadãos.

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O PROEJA é um programa do governo federal que proporciona a integração entre a formação profissional e a escolarização de jovens e adultos, no sentido de contribuir para a inclusão dos cidadãos que não tiveram oportunidades de concluir seus estudos, dando-lhes o direito à educação básica e a uma formação profissional de qualidade.

A Educação de Jovens e Adultos é caracterizada pelo Ministério da Educação (MEC):

[...] a EJA, em síntese, trabalha com sujeitos marginais ao sistema, com atributos sempre acentuados em consequência de alguns fatores adicionais como raça/etnia, cor, gênero, entre outros. Negros, quilombolas, mulheres, indígenas, camponeses,

ribeirinhos, pescadores, jovens, idosos,

subempregados, desempregados, trabalhadores informais são emblemáticos representantes das múltiplas apartações que a sociedade brasileira, excludente, promove para grande parte da população desfavorecida econômica, social e culturalmente.

(BRASIL, 2007, p. 13).

Num sentido mais amplo a implementação deste Programa compreende a construção de um projeto possível de sociedade mais igualitária e fundamentas nos eixos norteadores das políticas de educação profissional do atual governo: a expansão da oferta pública de educação profissional; o desenvolvimento de estratégias de financiamento público que permitam a obtenção de recursos para um atendimento de qualidade; a oferta de educação profissional dentro da concepção de formação integral do cidadão – formação esta que

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combine, na sua prática e nos seus fundamentos científico-tecnológicos e histórico-sociais, trabalho, ciência e cultura - e o papel estratégico da educação profissional nas políticas de inclusão social. (BRASIL, 2007).

A educação de jovens e adultos no Brasil sempre foi marcada por descontinuidades em suas políticas públicas, que não garantiam o cumprimento legal dos direitos dos cidadãos no que diz respeito ao acesso à educação, diferentemente do que ocorria com o ensino regular, onde se observava um alargamento nas ofertas de matrículas para o ensino fundamental e médio. Ao mesmo tempo, no campo da educação profissional também se observava um déficit na inclusão de jovens e adultos que eram atendidos pelo sistema público de educação profissional. (BRASIL, 2007).

As bases do PROEJA foram articuladas especialmente a partir do ano de 2004, com a revogação do Decreto n° 2.208/1997 e a promulgação do Decreto nº 5.154/2004, num momento onde muito se almejava a superação da dicotomia entre formação profissional e educação geral. O Decreto 2.208/1997 separava formalmente o ensino técnico da formação básica, proibindo a formação integrada e regulamentando formas fragmentadas de educação profissional em função das necessidades do mercado. O Decreto nº 5.154/2004 possibilitou então a tão sonhada integração entre formação profissional e a educação básica. (BRASIL, 2004).

No ano seguinte, através da Portaria nº 2.080 de 13 de junho de 2005, o MEC estabeleceu, no âmbito das instituições federais de educação tecnológica, as diretrizes para a oferta de cursos de educação profissional integrada com o ensino médio na modalidade de educação

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de jovens e adultos. Ainda nesse ano, foi promulgado o Decreto nº 5.478/2005, que instituiu o então Programa de Integração da Educação Profissional ao Ensino Médio na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos. (BRASIL, 2005).

Em 2006, este Decreto foi revogado pelo Decreto nº 5.840/2006, no contexto do governo Lula, mostrando a decisão governamental de atender a uma demanda de jovens e adultos por meio da educação profissional técnica de nível médio. O Decreto n° 5.840/2006 alterou o nome do PROEJA para Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos e trouxe também novas e importantes mudanças como: a ampliação do Programa para todos os sistemas públicos de ensino e para as instituições do Sistema Nacional de Aprendizagem Social (Sistema S) e a possibilidade dos mesmos atuarem como proponentes do Programa; maior abrangência para toda a educação básica na modalidade de educação de jovens e adultos; inclusão da possibilidade de oferta de cursos na forma concomitante, além da forma integrada; previsão de conclusão dos estudos e a respectiva certificação a qualquer tempo, desde que demonstrado o domínio dos conteúdos do nível de ensino; e instituição de um Comitê Nacional para acompanhamento e controle social da implementação nacional do PROEJA. (BRASIL, 2006).

Para Pasetto (2008), a Educação de Adultos no Brasil se originou muito mais como produto para combate da miséria social do que para o desenvolvimento. São consequências dos males do sistema público regular de ensino e das precárias condições de vida da maioria da população, que acabam por interferir no aproveitamento da escolaridade na época apropriada. A miséria social é um marco condicionante que

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define as diversas maneiras de pensar e realizar a Educação de Jovens e Adultos. É uma educação para pobres, para jovens e adultos das camadas populares, para aqueles que são maioria nas sociedades do Terceiro Mundo, para os excluídos do desenvolvimento e dos sistemas educacionais de ensino. Mesmo sabendo-se que aqueles que conseguem ter acesso aos programas da EJA são os com melhores condições entre os mais pobres, isto não retira a constatação da validade intencional do seu direcionamento aos excluídos.

A Educação de Jovens e Adultos é uma ação educativa dirigida a um indivíduo de escolarização básica incompleta ou nem ao menos iniciada e que procura os bancos escolares na idade adulta ou na juventude. A interrupção ou impedimento de sua trajetória escolar não lhe ocorre, porém, apenas como um fato isolado de não acesso a um serviço, mas num contexto mais amplo de exclusão social e cultural, e que, em grande medida, condicionará também as possibilidades de re-inclusão que se farão nessa nova, ou primeira oportunidade de escolarização. (PASETTO, 2008).

A legislação prevê a necessidade de uma capacitação para trabalhar com a educação de jovens e adultos. Segundo o Conselho Nacional de Educação (CNE) as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos (DCNs) que indica:

[...] o preparo de um docente voltado para a EJA deve incluir, além das exigências formativas para todo e qualquer professor, aquelas relativas à complexidade diferencial desta modalidade de ensino. Assim esse profissional do magistério deve estar preparado para

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interagir empaticamente com esta parcela de estudantes e de estabelecer o exercício do diálogo. Jamais um professor aligeirado ou motivado apenas pela boa vontade ou por um voluntariado idealista e sim um docente que se nutra do geral e também das especificidades que a habilitação como formação sistemática requer. (BRASIL, 2000, p. 56)

Di Pierro (2004) relata um estudo feito no ano de 2003 pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) que sinaliza a grande defasagem de profissionais para atuarem junto aos jovens e adultos.

Dos 1.306 cursos de pedagogia existentes no Brasil no ano de 2009, apenas 16 (1,22%) ofereciam habilitação específica para educação de jovens e adultos: 7 deles (43,75%) eram oferecidos por instituições de ensino superior localizadas na Região Sul do Brasil; no Nordeste havia 6 cursos (37,5%); 2 no Sudeste (12,5%) e 1 no Centro-Oeste (6,25%). Assim, há um enorme déficit de profissionais da educação com formação inicial adequada para atuar junto a jovens e adultos.

Os docentes que atuam com os jovens e adultos são, em geral, os mesmos do ensino regular. A rotatividade de docentes e a inexistência de equipes especialmente dedicadas à educação de jovens e adultos prejudicam a formação de um corpo técnico especializado e dificulta a organização de projetos pedagógicos específicos para essa modalidade, o que limita as possibilidades e os resultados de eventuais iniciativas de capacitação em serviço. (DI PIERRO, 2004).

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Laffin (2006) afirma que as dificuldades de compreensão das especificidades dos alunos da modalidade EJA têm levado à busca do ensino regular como formato a ser aplicado nas turmas em uma configuração resumida do ensino fundamental ou médio, no qual o jovem e o adulto são vistos como se fossem crianças. Em outras palavras, se considera que uma vez não tendo realizado as séries da educação básica na época adequada, os alunos da EJA, entendidos como “atrasados”, deveriam ter acesso aos mesmos conteúdos, porém compactados, sem levar em consideração os seus objetivos específicos.

Uma educação básica de boa qualidade continua sendo a condição mais relevante para a evolução social. É um requisito mínimo de decência social. Tanto no Brasil como em qualquer parte do mundo onde as condições educacionais da população têm sérias implicações nas taxas de produtividade, no desenvolvimento econômico, na melhoria das condições de vida e na construção de uma cidadania mais participativa.

Finalmente, é importante destacar que a Educação de Jovens e Adultos vai cumprir seu papel de destaque, além de uma formalidade educacional do indivíduo, quando, inclusive, souber enxergar e alcançar sua forma de vida, seu modo de sobrevivência e tipo de trabalho, possibilitando a essa pessoa uma mudança na visão do futuro.

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REFERÊNCIAS

1. BRASIL. Constituição Federal da República Federativa do Brasil. Brasília: Congresso Nacional, 1988.

2. Senado Federal. Lei 9.394/2006. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília, DF, 20 dez. 1996.

3. Conselho Nacional de Educação (CNE). Parecer CNE/CEB nº11/2000. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos. Brasília, DF, mai. 2000. 4. Decreto N° 5.154, de 23 de julho de 2004. Regulamenta o § 2º do artigo 36 e os arts. 39 a 41 da Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, e dá outras providências. Brasília, DF, 23 jul. 2004.

5. Decreto Nº 5.478, de 24 de junho de 2005. Institui, no âmbito das instituições federais de educação tecnológica, o Programa de Integração da Educação Profissional ao Ensino Médio na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos – PROEJA. Brasília, DF, 24 jun. 2005.

6. Decreto N° 5.840, de 13 de julho de 2006. Institui, no âmbito federal, o Programa de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos – PROEJA e dá outras providências. Brasília, DF, 13 jul. 2006.

7. Ministério da Educação. Programa de Integração da Educação Profissional Técnica de Nível Médio ao Ensino Médio na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos – PROEJA. Documento Base. Brasília, DF, 2007.

8. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Programa Nacional de Integração da Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e adultos: educação profissional técnica de nível médio. Brasília: MEC, 2007.

9. DI PIERRO, Maria Clara; ABBONIZIO, Aline Cristina de Oliveira; GRACIANO, Mariângela (Org.). Seis anos de educação de jovens e adultos no Brasil. São Paulo: Ação Educativa, v. 1. 2004.

10. LAFFIN, M. H. L. F.; SCHEIBE, L. A constituição da docência entre professores de escolarização inicial de jovens e adultos. Florianópolis: CED/UFSC, v. 1. 2006.

11. PASETTO, Sheila Aparecida de Oliveira. Relação entre a evasão na EJA e o ensino da matemática. São Paulo: Centro Federal de Educação Tecnológica de São Paulo, 2008.

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