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PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO DECISÃO MONOCRÁTICA

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Academic year: 2021

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Registro: 2015.0000911701

DECISÃO MONOCRÁTICA

Agravo de Instrumento Processo nº 2248839-19.2015.8.26.0000 Relator(a): Mauro Conti Machado

Órgão Julgador: 9ª Câmara de Direito Privado

VOTO Nº: 31671

AGRV.Nº: 2248839-19.2015.8.26.0000 COMARCA: Santo André

JUIZ 1ª INSTÂNCIA: Fernanda de Almeida Pernambuco

AGTE. : Bernardina Alves Santos de Macedo Interdita (inventariante), Denise dos Santos Rodrigues (curadora do inventariante e do interdito) e João Pessoa de Macedo (espólio)

AGDO. : Shirlei de Macedo Fracarola

Agravo de instrumento. Inventário e Partilha. Sucessão testamentária à qual concorre viúva, que era casada com o "de cujus" sob o regime da separação obrigatória de bens, com outros herdeiros. Impossibilidade de partilha dos bens imóveis que foram adquiridos anteriormente ao matrimônio realizado com separação de total de bens. Decisão mantida.

Tutela recursal indeferida.

Trata-se de recurso de agravo de instrumento interposto contra a r. decisão proferida à fl. 61, que determinou à inventariante cumprir o requerido pelo Ministério Público, ou seja, a retificação diante de erro de pagamento, pois os imóveis de itens 6.1 e 6.2 não devem ser partilhados, pois adquiridos anteriormente ao

CF3EC.

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matrimônio realizado com separação obrigatória de bens (fl. 18) do “de cujus” e a inventariante.

Sustenta a inventariante que se mantida a r. decisão, será encaminhada ao abandono, bem como sua sobrevivência econômica e a garantia de permanecer no imóvel.

Afirma que cabível a aplicação da Súmula de nº 377, do STF que, embora destinada a casos de divórcio, também está sendo interpretada para discussões sobre sucessão, devendo a inventariante concorrer igualmente na herança, com o prosseguimento do inventário e a manutenção da viúva em sua meação do quinhão relativo ao espólio já em partilha.

Recurso tempestivo.

É a suma do necessário.

O recurso não comporta provimento.

Isto porque, conforme consta expressamente da certidão de casamento, copiada à fl. 69 destes autos, o casamento entre Bernardina e o falecido João Pessoa, se realizou, por imposição legal, sob o regime da separação de bens.

Dessa forma, não há o que se discutir a respeito da r. decisão hostilizada, que determinou o cumprimento da recomendação do Ministério Público.

Nesse sentido, é o entendimento deste Tribunal:

CF3EC.

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“Agravo de Instrumento Inventário Sucessão do cônjuge supérstite casado no regime da comunhão parcial de bens Há filhos do primeiro e do segundo casamento O inventariado recebeu, antes do segundo casamento, certo imóvel de herança de seu pai O cônjuge supérstite não concorre com os descendentes nesse bem particular A interpretação literal do art. 1829, I, do CC (concorrência do cônjuge com os descendentes nos bens particulares) viola o princípio da autonomia da vontade dos nubentes, que optaram por manter a incomunicabilidade de certos bens (poderiam eles ter casado pelo regime da comunhão universal, mas não o fizeram) Precedente do e. STJ Dá- se provimento ao recurso.”1

“AGRAVO DE INSTRUMENTO. INVENTÁRIO. RETIFICAÇÃO DAS ÚLTIMAS DECLARAÇÕES. DESNECESSIDADE. O CÔNJUGE SUPÉRSTITE, CASADO NO REGIME DA COMUNHÃO PARCIAL DE BENS, NÃO CONCORRE COM DESCENDENTES QUANTO AOS BENS PARTICULARES DEIXADOS PELO DE CUJUS, SOB PENA DE VIOLAÇÃO DO PRINCÍPIO DA AUTONOMIA DA VONTADE. ATUAL ENTENDIMENTO DO STJ. DECISÃO REFORMADA. RECURSO PROVIDO.”2

Da mesma forma é o entendimento do Colendo Superior Tribunal de Justiça que, segundo a Ministra Nancy Andrighi no REsp n. 1.377.084 (DJe 15.10.2013) restou decidido que:

“02. Como a morte põe fim aos vínculos que unem alguém aos seus bens, assim também dissolve o casamento e a união estável, a lei estabelece a imediata transferência da propriedade dos bens do falecido aos seus herdeiros legítimos e testamentários (art. 1.784 do CC/02), a fim de preservar o patrimônio no domínio do mesmo grupo familiar, ou no de quem com aquele, ao menos em tese, nutre laços de afetividade.

03. Até o advento da Lei n.º 6.515/77 (Lei do Divórcio), vigeu no Direito brasileiro, como regime legal de bens, o da comunhão universal, que confere ao cônjuge a meação sobre a totalidade do patrimônio do casal, ficando excluído o consorte

1 Agravo de Instrumento n. 2093266-22.2014.8.26.0000 7ª Câmara de DireitoPrivado TJ-SP Rel. Mary Grün j. 28.11.2014, v.u..

2 Agravo de Instrumento n. 2229964-35.2014.8.26.0000 2ª Câmara de Direito Privado TJ-SP Rel. Neves Amorim j. 10.03.2015, v.u..

CF3EC.

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04. A partir da vigência da Lei do Divórcio, contudo, o regime legal de bens no casamento passou a ser o da comunhão parcial, o que foi referendado pelo art. 1.640 do CC/02, e segundo o qual se comunicam os bens que sobrevierem ao casal, na constância do casamento, consideradas as exceções legais previstas no art. 1.659 do CC/02 (art. 1.658 do CC/02). 05. Essa mudança do regime legal, no entanto, fez surgir uma preocupação, externada na Exposição de Motivos do Supervisor da Comissão Elaboradora e Revisora do CC/02, prof. Miguel Reale, de que 'especial atenção devia ser dada aos direitos do cônjuge supérstite em matéria sucessória' (informação extraída da página eletrônica do Senado Federal:

http://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/70319/7434

15.pdf?sequence=2, p. 57), evidenciando, com isso, a

influência que a autonomia da vontade exercida com a escolha do regime de bens exerce sobre o direito de herança. Afirmou, então, o jurista: 'Seria, com efeito, injustificado passar do regime da comunhão universal, que importa a comunicação de todos os bens presentes e futuros dos cônjuges, para o regime da comunhão parcial, sem se atribuir ao cônjuge supérstite o direito de concorrer com descendentes e ascendentes. Para tal fim, passou o cônjuge a ser considerado herdeiro necessário, com todas as cautelas e limitações compreensíveis em questão tão delicada e relevante, a qual comporta diversas hipóteses que exigiram tratamento legal distinto'.

06. De fato, se o espírito dessa mudança foi evitar que um consorte fique ao desamparo com a morte do outro, essa celeuma não se resolve simplesmente atribuindo-lhe concorrência na partilha apenas dos bens particulares, quando houver, porque podem eles ser insignificantes, se comparados aos bens comuns existentes e amealhados durante toda a vida conjugal.

07. Nesse contexto, mais justo e consentâneo com aquela preocupação é permitir que o sobrevivente herde, em concorrência com os descendentes, a parte do patrimônio que ele próprio construiu com o falecido, porque é com a respectiva metade desses bens comuns que ele pode contar na falta do outro, assim na morte como no divórcio.

08. Não lhe devem tocar, pois, os bens particulares; justamente aqueloutros que, no exercício da autonomia da vontade, os nubentes optaram seja por não terem elegido regime diverso do legal, seja pela celebração do pacto antenupcial por manter incomunicáveis, excluindo-os expressamente da comunhão, como preveem os arts. 1.659 e 1.661 do CC/02 para o regime da comunhão parcial de bens.

CF3EC.

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09. Se esses bens exclusivos de um cônjuge não são partilhados com o outro no divórcio, pela mesma razão, não o devem ser após a sua morte, sob pena de infringir o que ficou acordado entre eles no momento em que decidiram se unir em matrimônio.

10. Ademais, a partilha dos bens particulares entre os descendentes e o consorte pode gerar a indesejável transferência desse patrimônio de que era titular apenas o falecido, frise-se a terceiros que em nada contribuíram para sua formação ou que nenhuma relação de parentesco ou afetividade tinham com o de cujus. Vale dizer, acaso o cônjuge sobrevivente, com filhos, venha a se casar novamente o que não é incomum, abre-se a possibilidade, em se adotando o regime legal de bens, de o novo consorte vir a ser proprietário de fração do patrimônio particular herdado do falecido do primeiro casamento, em detrimento, inclusive, dos próprios filhos deste.

11. Então, se a vontade for a de compartilhar todo o seu patrimônio, a partir do casamento, assim devem instituir os nubentes em pacto antenupcial, o que não exclui, evidentemente, a possibilidade de qualquer dos dois dispor, por testamento, de seus bens particulares, desde que respeitada a legítima, reservando-os ou parte deles ao consorte sobrevivente. Assim, mantém seu patrimônio exclusivo, em caso de divórcio, mas resguarda o cônjuge supérstite, acaso venha a antes dele falecer.

12. Outrossim, a permanecer a interpretação conferida por parte da doutrina, de que o cônjuge casado sob o regime da comunhão parcial herda em concorrência com os descendentes, inclusive no tocante aos bens particulares, teremos no Direito das Sucessões, em verdade, a transmutação do regime escolhido em vida comunhão parcial de bens nos moldes do Direito Patrimonial de Família, para o da comunhão universal, somente possível de ser celebrado por meio de pacto antenupcial por escritura pública. A adoção desse entendimento viola a essência do próprio regime estipulado”.

Todavia, se houver prova contrária, não se aplica a Súmula 377, como apontam Thetonio Negrão e Outros, verbis:

"Segue a interpretação da jurisprudência para essa Súmula: 'Em se tratando de regime de separação obrigatória (CC, art.

CF3EC.

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adquiridos na constância do casamento pelo esforço comum. O enunciado n. 377 da Súmula do STF deve restringir-se aos aquestos resultantes da conjugação de esforços do casal, em exegese que se afeiçoa à evolução do pensamento jurídico e repudia o enriquecimento sem causa' (RSTJ 39/413, STJ-RT 691/194, STJ-RF 320/84). No mesmo sentido: RT 846/256. 'Apesar de o casamento haver sido contraído pelo regime de separação der bens no exterior, os bens adquiridos na constância da vida comum, quase à totalidade transcorrida no Brasil, devem se comunicar, desde que resultantes do esforço comum. Exclusão, portanto, do patrimônio existente em nome da viúva, obtido em labor individual, doação ou herança, incorporando-se os demais ao espólio do cônjuge varão, para partilha e meação, a serem apurados em ação própria' (STJ-4ªT., REsp 123.633, Min. Aldir Passarinho Jr., j. 17.3.09, maioria, DJ 30.3.09)."3

Logo, relativamente aos imóveis a que se determinou a exclusão da partilha não há que se falar em comunicação, em aquestos, mediante aplicação direta da Súmula 377/STF.

Entendimento sumular, que, de resto, por configurar exceção à regra geral de que os patrimônios, no regime da total separação, não se comunicam (art. 1.687 do Código Civil), há de ser interpretada restritivamente.

Assim, em que pese entendimento diverso, a viúva meeria, no caso, não é herdeira dos bens adquiridos anteriormente ao matrimônio realizado com separação total de bens, ficando mantida, portanto a r. decisão hostilizada.

Posto isto, indefere-se a tutela recursal.

Oficie-se ao MM. Juízo “a quo”, com o traslado desta decisão.

São Paulo, 1 de dezembro de 2015.

3 Código Civil, 33ª ed., pág. 612.

CF3EC.

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Mauro Conti Machado Relator

CF3EC.

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