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O perfil socioeconômico cultural das famílias com crianças na faixa etária entre 08 a 10 anos de idade, atendidas pelo projeto "criança futuro no presente" no centro comunitário da LBV (Legião da Boa Vontade) - filial Estreito - Florianópolis/SC

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ANA RITA COELHO FENGLER

MARIA ELIZABETE LATRONICO

O PERFIL SOCIOECONÔMICO E CULTURAL DAS FAMÍLIAS COM CRIANÇAS NA FAIXA ETÁRIA ENTRE 08 A 10 ANOS DE IDADE, ATENDIDAS PELO PROJETO “CRIANÇA FUTURO NO PRESENTE” NO CENTRO COMUNITÁRIO

DA LBV (LEGIÃO DA BOA VONTADE) – FILIAL ESTREITO – FLORIANÓPOLIS/SC

Palhoça 2009

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MARIA ELIZABETE LATRONICO

O PERFIL SOCIOECONÔMICO E CULTURAL DAS FAMÍLIAS COM CRIANÇAS NA FAIXA ETÁRIA ENTRE 08 A 10 ANOS DE IDADE, ATENDIDAS PELO PROJETO “CRIANÇA FUTURO NO PRESENTE” NO CENTRO COMUNITÁRIO

DA LBV (LEGIÃO DA BOA VONTADE) – FILIAL ESTREITO – FLORIANÓPOLIS/SC

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Serviço Social da Universidade do Sul de Santa Catarina - UNISUL, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Serviço Social.

Orientadora: Profª. Dra. Darlene de Moraes Silveira

Palhoça 2009

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MARIA ELIZABETE LATRONICO

O PERFIL SOCIOECONÔMICO E CULTURAL DAS FAMÍLIAS COM CRIANÇAS NA FAIXA ETÁRIA ENTRE 08 A 10 ANOS DE IDADE, ATENDIDAS PELO PROJETO “CRIANÇA FUTURO NO PRESENTE” NO CENTRO COMUNITÁRIO

DA LBV (LEGIÃO DA BOA VONTADE) – FILIAL ESTREITO – FLORIANÓPOLIS/SC

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado à obtenção do título de Bacharel em Serviço Social e aprovado pelo Curso de Serviço Social da Universidade do Sul de Santa Catarina.

Palhoça, 06 de novembro de 2009.

___________________________________________ Profª. e orientadora Dra. Darlene de Moraes Silveira

Universidade do Sul de Santa Catarina

___________________________________________ Prof. Regina Panceri

Universidade do Sul de Santa Catarina

___________________________________________ Prof. Carolina Hoeller da Silva Boeing

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Ana Rita Coelho Fengler

Dedico este trabalho às famílias das crianças atendidas pelo Projeto “Criança Futuro no Presente” da LBV, pela troca de experiências e pelo carinho demonstrado durante a entrevista.

Maria Elizabete Latronico

Dedico este trabalho a minha sobrinha, filha de coração, amiga, companheira, Giglione Zanela, por ser um exemplo de superação pessoal, bem como pelo incentivo e orientação constante durante todo o Curso e, inclusive, na oportunidade de elaboração deste Trabalho de Conclusão de Curso.

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“O valor das coisas não está no tempo em que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis,coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis.” (Fernando Pessoa)

Ana Rita Coelho Fengler:

Agradeço a DEUS, por ter encontrado nele refúgio, amparo e proteção. Ao meu esposo, Adêmio Fengler, pelo companheirismo.

Ao meu filho Antônio Augusto, pela alegria contagiante, e ao meu filho Pedro, grande incentivador desta conquista. Obrigada por vocês existirem na minha vida!

Aos meus pais, Antônio Rodrigues da Silva (in memoriam) e Esmeralda Coelho da Silva (in memoriam), pela vida e exemplo de humildade e simplicidade que carrego em minha constante caminhada.

Aos meus irmãos, especialmente à Martha Lucia Coelho Teixeira e à Maria Coelho S. Freitas, que além de irmãs, companheiras e incentivadoras constantes são verdadeiras amigas. Obrigada por vocês existirem na minha vida!

A todos os colegas de faculdade que comigo compartilharam todos os momentos da vida acadêmica, especialmente a Betinha, por quem tenho um carinho imenso, pelas palavras de apoio (na hora certa, uma irmã), a Elizete, a Ivonete e a todas as outras que torceram por mim.

A Professora e Orientadora Darlene, pela competência, conhecimentos transmitidos, enriquecendo tanto o meu lado pessoal como acadêmico. Não tenho palavras. Sempre serás lembrada com carinho!

Maria Elizabete Latronico:

Agradeço a DEUS pela vida, saúde e pela coragem nos momentos difíceis.

Aos meus pais (in memoriam), Antônio Latronico e Inácia Silveira Latronico, lembrados sempre com muita saudade; aos meus irmãos e as minhas

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compreender as minhas ausências durante toda a faculdade, bem como a todos os meus sobrinhos.

Ao meu querido sobrinho Davi, que de perto ou de longe sempre me incentiva a continuar nessa caminhada.

Ao Rodrigo da Gigli, meu socorro de informática, pela sua cumplicidade, paciência e alegria contagiante.

Aos amigos do antigo BESC, pelo incentivo diário.

A todos os amigos da faculdade, com carinho especial à Ana, pelo companheirismo, à Elizete, pelo compartilhar de todas as horas, e à Ivonete, pela amizade.

A Professora Vera Nícia Fortkamp de Araújo que com seus ensinamentos e suas valiosas palavras de reconhecimento e elogio muito enriqueceu nossos trabalhos e nos impulsionou na concretização desta jornada.

A professora Andréia de Oliveira (minha conterrânea) pelo carinho, atenção e amizade demonstrada aos longos desses anos.

Agradecimentos comuns:

A Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL; a Coordenação do Curso de Serviço Social na pessoa da Professora Regina Panceri, pelo incentivo constante, elegância e sabedoria; e a todos os professores do Curso de Serviço Social da UNISUL, grandes mestres na arte de ensinar.

A Instituição LBV – Legião da Boa Vontade, pela oportunidade de estágio e por constituir fonte de inspiração e dados para a realização deste Trabalho de Conclusão de Curso.

A Assistente Social da LBV, Cristina Niles, pela experiência e dedicação com o Projeto “Criança Futuro no Presente”.

A colega de classe Rosângela Castro, pelo exemplo de superação que nos fortalece diariamente e nos ajuda a superar todos os nossos problemas da forma mais tranqüila possível.

E, finalmente, agradecemos, com imenso carinho e gratidão, a Professora e Orientadora Darlene, pelo comprometimento com os valores do Serviço Social e da educação, bem como pelo incentivo e colaboração despendidos durante a confecção deste trabalho de Conclusão de Curso.

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“Gosto de ser gente porque, mesmo sabendo que as condições materiais, econômicas, sociais e políticas, culturais e ideológicas em que nos achamos geram quase sempre barreiras de difícil superação para o cumprimento de nossa tarefa histórica de mudar o mundo, sei também que os obstáculos não se eternizam”.

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Este trabalho de conclusão de curso versa sobre o perfil socioeconômico e cultural das famílias com crianças na faixa etária entre 08 a 10 anos de idade, atendidas pelo projeto “Criança Futuro no Presente” no Centro Comunitário da LBV (Legião da Boa Vontade) – filial Estreito – Florianópolis/SC. Para tanto, foi realizada uma pesquisa quantiqualitativa com o universo de 44 famílias atendidas pelo projeto “Criança Futuro no Presente”. Esta pesquisa foi originada a partir do Serviço Social da LBV voltado para a identificação das demandas familiares e com o propósito de subsidiar a organização de projetos ou programas institucionais com famílias.Desta feita, este trabalho apresenta a Instituição LBV – Legião da Boa Vontade, localizada no panorama das percepções que envolvem o terceiro setor. Também são focalizadas as concepções acerca do universo da família na perspectiva das mudanças sociais e do Serviço Social. Para tanto, apresentam-se algumas noções introdutórias sobre a família; a família e as suas características contemporâneas e, ainda, o Serviço Social e as famílias: aproximações ético-políticas; teórico-metodológicas e técnico-operativas. Por conseguinte, na apresentação e análise dos dados coletados, pautados nas seguintes categorias de análise: famílias e os arranjos familiares, renda familiar, situação de trabalho, procedência familiar, escolaridade e a inserção das famílias na política de assistência social. Já no que tange à LBV, constatou-se que a maioria das famílias matricula as crianças na LBV em virtude do trabalho dos pais; valoriza “tudo” o que a LBV oferece; não apresenta insatisfação em relação à LVB e, ainda, não tem sugestões para a instituição. Com isso, ressalta-se a importância da LBV para as famílias pesquisadas, considerando que os entrevistados demonstraram satisfação com o trabalho realizado pela instituição.

(9)

Gráfico 1 – Arranjo familiar dos responsáveis ... 52

Gráfico 2 – Número de componentes por residência ... 53

Gráfico 3 – Faixa etária dos filhos ... 54

Gráfico 4 – Situação de trabalho dos homens ... 56

Gráfico 5 – Situação de trabalho das mulheres ... 56

Gráfico 7 – Local de residência das famílias ... 61

Gráfico 8 – Procedência geográfica das famílias ... 62

Gráfico 9 – Tempo de moradia no local... 63

Gráfico 10 – Situação das moradias ... 64

Gráfico 11 – Tipo de construção das moradias ... 65

Gráfico 12 – Escolaridade dos responsáveis homens ... 67

Gráfico 13 – Escolaridade dos responsáveis mulheres ... 67

Gráfico 14 – Freqüência escolar dos filhos ... 69

Gráfico 15 – Participação em programas assistenciais ... 70

Gráfico 16 – Motivo da matrícula na LBV ... 72

Gráfico 17 – O que valoriza na LBV ... 73

Gráfico 18 – Insatisfação com a LBV ... 74

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1 INTRODUÇÃO ... 11

2 O TERCEIRO SETOR E A INSTITUIÇÃO LBV – LEGIÃO DA BOA VONTADE .. 13

2.1 BREVES NOÇÕES SOBRE O TERCEIRO SETOR ... 13

2.2 A LBV – LEGIÃO DA BOA VONTADE ... 18

2.3 O PROGRAMA LBV – CRIANÇA: FUTURO NO PRESENTE! ... 26

3 A FAMÍLIA NA PERSPECTIVA DAS MUDANÇAS SOCIAIS E DO SERVIÇO SOCIAL ... 31

3.1 NOÇÕES INTRODUTÓRIAS SOBRE AS FAMÍLIAS ... 31

3.2 A FAMÍLIA E SUAS CARACTERÍSTICAS CONTEMPORÂNEAS ... 35

3.3 O SERVIÇO SOCIAL E AS FAMÍLIAS: APROXIMAÇÕES ÉTICO-POLÍTICAS; TEÓRICO-METODOLÓGICAS E TÉCNICO-OPERATIVAS ... 40

4 O PERFIL SOCIOECONÔMICO E CULTURAL DAS FAMÍLIAS COM CRIANÇAS NA FAIXA ETÁRIA ENTRE 08 A 10 ANOS DE IDADE, ATENDIDAS PELO PROJETO “CRIANÇA FUTURO NO PRESENTE” NO CENTRO COMUNITÁRIO DA LBV (LEGIÃO DA BOA VONTADE) – FILIAL ESTREITO – FLORIANÓPOLIS/SC ... 46

4.1 APRESENTAÇÃO DA PESQUISA: TEMA, OBJETIVOS E UNIVERSO ... 46

4.2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ... 47

4.3 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS ... 50

4.3.1 As Famílias ... 51

4.3.1.1 Arranjo familiar ... 51

4.3.1.2 Número de componentes por residência ... 52

4.3.1.3 Faixa etária dos filhos ... 53

4.4.2 Situação de Trabalho ... 54

4.4.2.1 Situação de trabalho dos homens e das mulheres ... 55

4.4.2.2 Renda familiar ... 57

4.4.3 Procedência Familiar ... 60

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4.4.3.3 Tempo de moradia no local ... 62

4.4.3.4 Situação da moradia... 63

4.4.3.5 Tipo de construção da moradia ... 64

4.4.4 Escolaridade ... 65

4.4.4.1 Escolaridade dos responsáveis homens e mulheres ... 66

4.4.4.2 Freqüência escolar dos filhos ... 68

4.4.5 Famílias Inseridas na Política de Assistência Social ... 69

4.4.6 As Famílias e a LBV ... 71 4.4.6.1 Motivo da matrícula na LBV ... 71 4.4.6.2 O que valoriza na LBV ... 72 4.4.6.3 Insatisfação com a LBV ... 73 4.4.6.4 Sugestão para a LBV ... 74 5 CONCLUSÃO ... 77 REFERÊNCIAS ... 81 ANEXO ... 86

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1 INTRODUÇÃO

“O respeito à autonomia e a dignidade de cada um é um imperativo e ético e não um favor que podemos ou não conceder uns aos outros.” (Paulo Freire)

A evolução e as conseqüentes transformações do mundo vêm causando relevante impacto nas famílias e nas sociedades contemporâneas como um todo, principalmente no que tange à formação pessoal e social das crianças e dos adolescentes.

O papel da família e das instituições públicas e privadas mostra-se essencial na formação da personalidade do indivíduo, especialmente na fase da infância e da adolescência, quando são consideradas, pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, como pessoas em condição peculiar de desenvolvimento.

Por conseguinte, verifica-se que o Serviço Social, por meio do suporte teórico metodológico, técnico operativo e ético político da profissão, desempenha um importante trabalho junto às famílias.

É nesse contexto que se insere o tema do presente Trabalho de Conclusão de Curso, qual seja: “o perfil socioeconômico e cultural das famílias com crianças na faixa etária entre 08 a 10 anos de idade, atendidas pelo projeto “Criança Futuro no Presente” no Centro Comunitário da LBV (Legião da Boa Vontade) – filial Estreito – Florianópolis/SC”.

Por oportuno, registra-se que o tema acima mencionado surgiu quando da realização do Estágio Supervisionado na Instituição LBV (Legião da Boa Vontade) – filial Estreito – Florianópolis/SC, numa conjugação entre a demanda institucional e as observações da prática de estágio curricular, oportunidade em que foi possível vivenciar alguns relevantes aspectos da prática profissional.

Sublinha-se que a relevância da pesquisa, por seu turno, consiste na análise do perfil socioeconômico e cultural das famílias com crianças na faixa etária entre 08 a 10 anos de idade, atendidas pelo projeto “Criança Futuro no Presente” no Centro Comunitário da LBV (Legião da Boa Vontade) – filial Estreito – Florianópolis/SC, assim como na abordagem dos principais aspectos do Terceiro

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Setor e da Instituição Legião da Boa Vontade, bem como da família na perspectiva das mudanças sociais e do Serviço Social.

Nesse passo, ressalta-se que o tipo de pesquisa utilizada na construção desta pesquisa consiste na técnica bibliográfica exploratória, baseada no levantamento bibliográfico acerca do tema, assim como na pesquisa de campo, tendo em vista que, para coleta dos dados, junto às 44 famílias pesquisadas, foi utilizado um formulário com perguntas abertas e fechadas.

Ademais, sublinha-se que o presente trabalho de conclusão de curso encontra-se estruturado em cinco capítulos, a saber:

Inicialmente tem-se a presente introdução, capítulo de abertura reservado para apresentação do tema, dos objetivos, justificativa do trabalho e dos procedimentos metodológicos utilizados na construção da pesquisa.

O segundo capítulo, por seu turno, é destinado à análise do Terceiro Setor e da Instituição LBV – Legião da Boa Vontade. Nesse momento, apresentam-se as breves noções sobre o Terceiro Setor; a LBV – Legião da Boa Vontade e o Programa Criança Futuro no Presente, desenvolvido pela Instituição.

O capítulo terceiro, por conseguinte, apresenta a família na perspectiva das mudanças sociais e do Serviço Social. Para tanto, apresentam-se algumas noções introdutórias sobre a família; a família e as suas características contemporâneas e, ainda, o Serviço Social e as famílias: aproximações ético-políticas; teórico-metodológicas e técnico-operativas.

O quarto capítulo, por fim, apresenta a sistematização dos dados e a respectiva análise da pesquisa acerca do “perfil socioeconômico e cultural das famílias com crianças na faixa etária entre 08 a 10 anos de idade, atendidas pelo projeto “Criança Futuro no Presente” no Centro Comunitário da LBV (Legião da Boa Vontade) – filial Estreito – Florianópolis/SC”. Desta maneira, apresenta-se, inicialmente, o tema, os objetivos e o universo da pesquisa; os procedimentos metodológicos e, finalmente, a apresentação e análise dos dados.

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2 O TERCEIRO SETOR E A INSTITUIÇÃO LBV – LEGIÃO DA BOA VONTADE

“A educação não transforma o mundo. A educação muda as pessoas e as pessoas transformam o mundo”. (Paulo Freire)

O Reconhecimento institucional da LBV – Legião da Boa Vontade é o objetivo principal deste capítulo monográfico. Entretanto, para introdução do tema, julga-se importante, inicialmente, estudar as linhas gerais do terceiro setor.

Em seguida, anotam-se os aspectos históricos e institucionais da LBV – Legião da Boa Vontade, bem como do programa “Criança: Futuro no Presente”, desenvolvido pela instituição.

2.1 BREVES NOÇÕES SOBRE O TERCEIRO SETOR

É sabido que o conceito de terceiro setor refere-se a um espaço de “[...] participação e experimentação de novos modos de pensar e agir sobre a realidade social”.1 É, todavia, antes de adentrar no estudo da definição, relevante destacar alguns aspectos históricos do terceiro setor.

Nesse sentido, verifica-se a sua “[...] procedência norte-americana, contexto onde associativismo e voluntariado fazem parte de uma cultura política e cívica baseada no individualismo liberal”.2

De acordo com Carlos Montaño, o conceito de terceiro setor foi cunhado, em 1978, nos Estados Unidos da América, por John D. Rockefeller III. Já no Brasil, a idéia chegou através de um funcionário da fundação Roberto Marinho.3

Segundo o mesmo autor,

1

CARDOSO, Ruth. Fortalecimento da sociedade civil. In: IOSCHPE, Evelyn Berg (org.). 3° setor: desenvolvimento social sustentável. São Paulo: Editora Paz e Terra, 1997. p. 8.

2 LADIM, [s/d] apud MONTAÑO, Carlos. Terceiro setor e questão social: crítica ao padrão

emergente de intervenção social. São Paulo: Cortez, 2000. p. 53.

(15)

Seria, portanto, um exercício de ingenuidade pensar que a origem norte-americana do termo e sua relação com instituições ligadas diretamente ao grande capital sejam apenas dadas de curiosidade. O conceito “terceiro setor” foi cunhado por intelectuais orgânicos do capital, e isso sinaliza clara ligação com os interesses de classe, nas transformações necessárias à alta burguesia.4

Denota-se que “o terceiro setor é um conceito, uma expressão de linguagem entre outras. Existe, portanto, no âmbito do discurso e na medida em que as pessoas reconheçam o seu sentido num texto ou numa conversação”.5

Acerca das denominações utilizadas nos Estados Unidos para designar o terceiro setor, registra-se:

Nos Estados Unidos, costuma ser usada paralelamente a outras expressões, entre as quais duas se destacam: a primeira diz “organizações sem fins lucrativos” (non profit organizations), significando um tipo de instituição cujos benefícios financeiros não podem ser distribuídos entre seus diretores e associados; a segunda, “organizações voluntárias”, tem um sentido complementar ao da primeira.6

A lei inglesa, por seu turno, utiliza a expressão antiga ‘caridades’ (charities) para denominar o terceiro setor. Essa noção “[...] remete à memória religiosa medieval e enfatiza o aspecto da doação (de si, para o outro) que caracteriza uma boa parte das relações idealizadas nesse campo”. Ademais, a idéia de “‘filantropia’ [...] também aparece com freqüência, sobretudo na literatura anglo-saxã. “Mecenato” é outra palavra correlata, que nos faz lembrar a Renascença e o prestígio derivado do apoio generoso às artes e ciências”.7

Na Europa continental verifica-se “o predomínio da expressão ‘organizações não-governamentais’ (ONGs), cuja origem está na nomenclatura do sistema de representações das Nações Unidas”.8

Já na América Latina, inclusive no Brasil, mostra-se “[...] mais abrangente falar-se de “sociedade civil” e de suas organizações. Esse é um conceito do século XVIII que desempenhou papel importante na filosofia política moderna, sobretudo

4

MONTAÑO, 2000, p. 53.

5

FERNANDES, Rubem César. O que é o terceiro setor? In: IOSCHPE, Evelyn Berg (org.). 3° setor: desenvolvimento social sustentável. São Paulo: Editora Paz e Terra, 1997. p. 25.

6

FERNANDES, 1997, p. 25.

7

FERNANDES, 1997, p. 25-26.

(16)

entre autores da Europa continental”.9

A despeito de todas essas designações, sublinha-se que o termo terceiro setor é composto da seguinte idéia:

Assim, o termo é construído a partir de um recorte do social em esferas: o Estado (“primeiro setor”), o mercado (“segundo setor”) e a “sociedade civil” (“terceiro setor”). Recorte este, como mencionamos, claramente neopositivista, estruturalista, funcionalista ou liberal, que isola e autonomiza a dinâmica de cada um deles, que, portanto, desistoriciza a realidade social. Como se o “político” pertencesse à esfera estatal, o “econômico” ao âmbito do mercado e o “social” remetesse apenas à sociedade civil, num conceito reducionista.10

Na tentativa de conceituar o terceiro setor, Rubem César Fernandes apresenta a seguinte definição em seu artigo intitulado “O que é o terceiro setor?”:

Em resumo, pelo o que foi visto até aqui, pode-se dizer que o Terceiro Setor é composto de organizações sem fins lucrativos, criadas e mantidas pela ênfase na participação voluntária, num âmbito não-governamental, dando continuidade às práticas tradicionais de caridade, da filantropia e do mecenato e expandindo o seu sentido para outros domínios, graças, sobretudo, a incorporação do conceito de cidadania e de suas múltiplas manifestações na sociedade civil.11

Segundo Carlos Montaño, o terceiro setor diz respeito, “em contraposição ao ‘primeiro’ (Estado), e o ‘segundo’ (mercado), e de acordo com os autores, à sociedade civil. [...]. O ‘terceiro setor’ seria, para seus autores, o conjunto de organizações mais ou menos formais da ‘sociedade civil’”.12

Para Lester Salamon, no artigo “estratégias para o fortalecimento do terceiro setor”, este segmento enfoca organizações:

• Que não integram o aparelho governamental;

• Que não distribuem lucros a acionistas ou investidores, nem têm tal finalidade;

• Que se autogerenciam e gozam de alto grau de autonomia interna; e • Que envolvem um nível significativo de participação voluntária, deparamos com algumas verdades intrigantes sobre o Terceiro Setor. Em especial, nos sete países onde pudemos compilar dados estatísticos completos durante a primeira rodada de trabalho (Estados Unidos, Reino Unido, França, Alemanha, Itália, Hungria e Japão).13

9 FERNANDES, 1997, p. 26. 10 MONTAÑO, 2000, p. 53. 11 FERNANDES, 1997, p. 27. 12 MONTAÑO, 2000, p.182.

(17)

Nesse sentido, Carlos Montaño afirma que:

Numa reflexão mais crítica e profunda dos textos sobre o “terceiro setor”, podemos observar que, no fundo, mesmo sem explorar criticamente e mitificando tais aspectos, há uma constante referência ao fenômeno como se tratando de:

1. Atividades públicas desenvolvidas por particulares: são as “iniciativas particulares com um sentido público” (cf.Fernandes,1994:127), “iniciativas privadas com sentido público” (Cardoso,in Ioschpe,1977:8) conformados por “todas aquelas instituições sem fim lucrativos que, a partir do âmbito privado, perseguem propósitos de interesse público” (Thopson,in Ischpe,1977:41); “são organizações orientadas para a ação”(Kisil, in Ischpe,1997:142);

2. Função social de resposta às necessidades sociais: Para Thompson, no atual contexto “ganha peso uma percepção funcional do [“terceiro setor”] em lugar de uma percepção político-ideológico [que dividiria este setor em dois blocos: o tradicional-conservador assistencialista e o alternativo-moderno das ONGs] (in loschoe,1997:44-5); ou nos termos de kisil, “geralmente fazem um papel intermediário: ligam o cidadão comum em entidades e organizações que podem participar da solução de problemas identificados”, fornecendo algum tipo de serviço (in Ioschpe,1997:142);

3. Valores de solidariedade local, auto ajuda e ajuda mútua: segundo Salamon, os valores do “terceiro setor” incluem “altruísmo, compaixão, sensibilidade para com os necessitados e compromisso com o direito de livre expressão” sendo o “terceiro setor” um conjunto de instituições que encarnam os valores da solidariedade e os valores da iniciativa individual em prol do bem público ( in Ioschpe,1997:92).14

Sobre os valores do terceiro setor, Lester Salamon afirma que eles são múltiplos, “decerto: incluem altruísmo, compaixão, sensibilidade para com os necessitados e compromisso com o direito de livre expressão”.15

Nesse viés, diz-se que “o Terceiro Setor é, em primeiro lugar, um conjunto de instituições que encarnam os valores da solidariedade e os valores da iniciativa individual em prol do bem público”. Por outro lado, “isso não significa que tais valores não sejam evidentes também em outros domínios, mas sim que no Terceiro Setor eles alcancem à plenitude”.16

No Brasil, segundo dados apresentados por Carlos Montaño, existem atualmente aproximadamente 400 mil organizações não governamentais.17 Ademais, de acordo com a Receita Federal, em 1991, havia cerca de 220 mil entidades registradas como “sem fins lucrativos”, sendo que: 29,1% eram beneficentes, religiosas e assistenciais; 23,3% esportivas ou recreativas; 18,6% culturais

(org.). 3° setor: desenvolvimento social sustentável. São Paulo: Editora Paz e Terra, 1997. p. 93-94.

14 MONTAÑO, 2000, p. 184. 15 SALAMON, 1997, p. 92. 16 SALAMON, 1997, p. 92. 17 MONTAÑO, 2000, p. 205.

(18)

científicas e educacionais; 4,4% associações e sindicatos de empregadores; 1,8% associações de autônomos ou profissionais liberais; e 19% outros.18

A atividade voluntária, também denominada de doação por tempo de trabalho, no Brasil, “reúne 16% da população acima de 18 anos”.19

A antropóloga Ruth Cardoso, ao tratar do tema terceiro setor no artigo “Desenvolvimento Social Sustentável”, realiza a seguinte reflexão:

A grande contribuição que está sendo dada pelo Terceiro Setor é a busca e experimentação, ainda que em escala pequena, de soluções inovadoras para os problemas que ele se propõe a enfrentar. É essa construção de novas formas de agir na área social que distingue a atuação do Terceiro Setor da ação governamental. Organizações da sociedade civil ganharam uma competência no modo de se relacionar com e intervir junto a grupos sociais específicos, como, por exemplo, crianças em situação de risco. Para serem bem-sucedidas, iniciativas voltadas para estes grupos mais frágeis e vulneráveis requerem regras e modos de atuação que só se constroem através da ação e experimentação. É essa eficácia que o governo precisa aprender, daí a importância dessa interação entre atores diferentes.20

Segundo Lester Salamon, as qualidades das organizações sem fins lucrativos contribuem de modo diferencial para a vida social e para os processos de desenvolvimento. Por isso, são especialmente equipadas para:

• Mobilizar as energias populares;

• Identificar novos problemas e trazê-los a público; • Mobilizar recursos humanos e financeiro paralisados; • Promover mudanças;

• Formar novos líderes;

• Contribuir para legitimar e garantir o apoio popular às políticas exigidas e, dessa forma, implementá-las.21

Desta maneira, denotam-se as principais características do terceiro setor, bem como a sua relevância para a sociedade e para o desenvolvimento de determinadas atividades essenciais para a população. Por conseguinte, após essas abordagens de ordem conceitual sobre o terceiro setor, passa-se a análise da instituição LBV – Legião da Boa Vontade, entidade sem fins lucrativos integrante do terceiro setor, responsável pelo programa “criança: futuro no presente”.

18 MONTAÑO, 2000, p. 205-206. 19 MONTAÑO, 2000, p. 206. 20 CARDOSO, 1997, p. 8-9. 21 SALAMON, 1997, p. 97.

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2.2 A LBV – LEGIÃO DA BOA VONTADE

A Legião da Boa Vontade - LBV, instituição sem fins econômicos, nasceu de um programa de rádio, a “Hora da Boa Vontade”, apresentado por Alziro Zarur, seu fundador, através dos microfones da Rádio Globo, em 4 de março de 1949.22

O mencionado programa de rádio era “endereçado ESPECIALMENTE AOS EMPAREDADOS, cegos, paralíticos, doentes do Mal de Hansen, cancerosos, todos aqueles que se viram condenados à vida entre quatro paredes”, conforme destaca a obra “Livro de Deus: religião, filosofia, ciência e política de Deus”, de Alziro Zarur [grifos no original].23

Nesse sentido, extrai-se da referida obra publicada pela própria instituição:

A verdade, entretanto, é que OS DOENTES DA ALMA SÃO EM NÚMEROS INFINITAMENTE MAIOR QUE OS ENFERMOS DO CORPO. Todos reclamavam aquelas mensagens de fé, esperança e caridade, Pois foi assim, de um programa organizado para os que sofrem, que nasceu a Legião da Boa Vontade. O ponto alto é, sem dúvida, a Cruzada de Religiões Irmanadas – a solução de todos os problemas do Brasil e da Humanidade [grifos no original].24

Registra-se que a LBV, a partir de 1994, foi à primeira organização do terceiro setor do Brasil a associar-se ao Departamento de Informação Pública das Nações Unidas (DPI).25

Segundo obra editada pelo fundador Alziro Zarur, a LBV foi instituída para exercer, sem finalidades lucrativas, suas atividades, diretamente ou por intermédio dos seus órgãos Constitucionais, no Brasil e no Mundo, tendo por fim:

a) estabelecer a CAMPANHA da Boa Vontade, por um Brasil melhor e uma humanidade mais feliz, [...];

b) promover a fraternidade real, [...];

c) estabelecer os homens e mulheres de todas as camadas sociais sobre o CRISTIANISMO DO NOVO MANDAMENTO, [...];

22

ZARUR, Alziro. Livro de Deus: religião, filosofia, ciência e política de Deus. 15. ed. São Paulo: Legião da Boa Vontade – LBV, [s/d]. p. 76.

23 ZARUR, [s/d], p. 76. 24

ZARUR, [s/d], p. 76.

25

LEGIÃO DA BOA VONTADE – LBV: Educando com espiritualidade ecumênica. Disponível em: <www.lbv.org.br>. Acesso em: 29 ago. 2009.

(20)

d) respeitar e fazer respeitar as religiões de todos os legionários da Boa Vontade de Deus, [...];

e) estabelecer o TEMPLO DA BOA VONTADE, [...];

f) colaborar com os poderes constituídos, divulgando os preceitos da Moral Cristã, [...];

g) instituir o NATAL PERMANENTE, [...];

h) prestar, sempre de graça, a todas as criaturas necessitadas, especialmente aos doentes e aos velhos, às mães desamparadas e, muito particularmente, à infância desvalida, toda a assistência possível, sem quaisquer preconceitos, sejam, de religião, classe social, raça ou cor; i) apoiar, moral e espiritualmente, as instituições da caridade e assistência social [...];

j) efetivar com o simbólico BANCO DA BOA VONTADE, que reúne todos os órgãos de Assistência Social da LBV no Brasil, [...];

l) trabalhar pela alfabetização espiritual do povo, [...];

m) pugnar pela mais ampla difusão do idioma internacional Esperanto[...]; n) prestigiar as emissoras de rádio e televisão, editoras, revistas e jornais que divulguem assuntos de UTILIDADE REAL, [...];

o) incentivar a prática da Caridade, [...];

p) manter as EMISSORAS DA BOA VONTADE e do NOVO MANDAMENTO, [...];

q) restaurar a Verdade da BÍBLIA SAGRADA, [...];

r) intensificar, por toda a parte, a criação dos NÚCLEOS FAMILIARES DA RELIGIÃO DE DEUS e a realização da CRUZADA DO NOVO MANDAMENTO NO LAR, [...];

s) liderar com o CLUBE DA PAZ, [...];

t) publicar, por meio da EDITORA DA BOA VONTADE, o “ JORNAL DE DEUS”, [...];

u) congregar no CLUBE DA BOA VONTADE todos os compositores e interpretes da Arte, [...];

v) instalar a BIBLIOTECA DA BOA VONTADE, [...];

x) lutar pela fraternal união de todos os povos e nações em torno do Cristo, [...];

z) preparar o Brasil e o Mundo para a Volta Triunfal do Cristo, [...].26

Em 1999, “a LBV tornou-se a primeira associação civil brasileira a conquistar na ONU o status consultivo geral no Conselho Econômico e Social (Ecosoc)”. Já no ano de 2000, a instituição “passou a integrar a Conferência das ONGs, com Relações Consultivas para as Nações Unidas (CONGO), em Viena, na Áustria”.27

Nesse passo, registra-se que, de acordo com o art. 1º do seu Regimento Interno, a LBV é “uma associação civil de direito privado, beneficente, filantrópica, educacional, cultural, filosófica, ecumênica e altruística, sem fins econômicos, reconhecida internacionalmente por sua atuação na área socioeducacional”.28

26

ZARUR, [s/d], p. 79.

27 LEGIÃO DA BOA VONTADE – LBV: Educando com espiritualidade ecumênica. Disponível em:

<www.lbv.org.br>. Acesso em: 29 ago. 2009.

28 LEGIÃO DA BOA VONTADE – LBV. Regimento Interno: SSE – Superintendência

Socioeducacional; DSA – Departamento Socioassistencial: Centros Comunitários e Educacionais da LBV. São Paulo: 2008. p. 2.

(21)

Ademais, sublinha-se que a LBV foi reconhecida como de Utilidade Pública Federal pelo Decreto nº 39.424, de 19/6/1956; possui sua sede Central na Rua Sérgio Tomás, 740, Bom Retiro, São Paulo, Capital, e tem como Diretor – Presidente, atualmente, José de Paiva Netto.

No que tange à missão da LBV, ressalta-se que a instituição desenvolve suas atividades buscando:

Promover Educação e Cultura com Espiritualidade, para que haja Alimentação, Saúde, e Trabalho para todos, na formação do Cidadão Ecumênico, colaborando, dessa forma, para difusão dos artigos contidos Declaração Universal dos Direitos Humanos, fazendo valer os direitos de cada indivíduo, bem como o conscientizando de seus deveres para com a sociedade.29

Desta maneira, denota-se que a LBV “[...] investe no protagonismo social, na melhoria da qualidade de vida e na capacitação dos indivíduos e das populações em situações de vulnerabilidade social”.30

Nesse viés, registra-se, ainda, que as ações da LBV,

[...], pautadas pela Solidariedade, voltam-se à assistência social, tendo como olhar especial a centralidade da família para a concepção de programas e projetos que garantam a participação efetiva dela na sociedade. Nesse sentido, a LBV atua em parcerias com governos, empresas socialmente responsáveis, organismos internacionais e a sociedade civil; propicia oportunidades para que cidadãos de boa vontade possam contribuir para o progresso do País; e ainda promove por meio da Rede Sociedade Solidária, intercambio de experiência e iniciativa conjugadas entre as diversas organizações integrantes dessa rede, objetivando o bem-estar coletivo.31

Segundo informações colhidas no sítio da LBV, na internet, o trabalho desenvolvido pela instituição procura implementar os oito objetivos de desenvolvimentos do Milênio (ODMs), estabelecidos pela ONU em uma relação assinada por mais de 190 Países membros da entidade, “a qual prevê um conjunto de iniciativas a serem efetivadas até 2015 para garantir a sustentabilidade do

29

LEGIÃO DA BOA VONTADE – LBV: Educando com espiritualidade ecumênica. Disponível em: <www.lbv.org.br>. Acesso em: 29 ago. 2009.

30 LEGIÃO DA BOA VONTADE – LBV: Educando com espiritualidade ecumênica. Disponível em:

<www.lbv.org.br>. Acesso em: 29 ago. 2009.

31

LEGIÃO DA BOA VONTADE – LBV: Educando com espiritualidade ecumênica. Disponível em: <www.lbv.org.br>. Acesso em: 29 ago. 2009.

(22)

Planeta”.32

Ressalta-se que, em 2007, a LBV prestou 6.181.596 atendimentos às populações no Brasil. Segundo a política da instituição, “mais do que oferecer o alimento material necessário para sobrevivência dessas pessoas, a LBV trabalha para a construção” de estruturas pautadas na justiça, na solidez e na auto-sustentação, firmadas na Economia da Solidariedade Humana.33

Os objetivos e finalidades da LBV, de acordo com o Regimento Interno da Instituição, consistem em:

I – Cumprir o Estatuto Social da Legião da Boa Vontade, em Especial o artigo 3º, abaixo transcrito.

Art.3º - A LBV é uma obra de Solidariedade Universal e exerce suas atividades, sem quaisquer preconceitos e discriminações, sejam de religião, correntes filosófica, ideológica ou cientifica, condições sócio econômica, gênero, etnia, ou cor, por intermédio dos seus órgãos Constitucionais, de acordo com os seus recursos, tendo por fim:

a) oferecer serviços de proteção social gratuito e permanente aos usuários da Assistência Social e a quem dela necessitar, mediante conhecimento dos riscos, das vulnerabilidades sociais e pessoas a que estão sujeitos, de forma planejada,diária, e sistemática, não se restringindo apenas à distribuição de bens, benefícios e a encaminhamentos, dando assim, cumprimento à sua missão: Promover Educação e Cultura, com Espiritualidade, para que haja Alimentos, Saúde e Trabalho para todos, na formação de Cidadão Ecumênico, E Colaborando com a difusão dos artigos contidos na declaração Universal dos Direitos Humanos, fazendo valer os direitos de cada indivíduo, bem como o conscientizando de seus deveres para com a sociedade.

II – Trabalhar em concordância com os objetivos da assistência social descritos na Lei Orgânica da Assistência Social – Loas, em seu artigo 2º, inciso I e II:

Art. – 2º A assistência social tem por objetivos: I – a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e a velhice; II – o amparo às crianças e adolescentes carentes [grifos no original].34

Ademais, de acordo com o Regimento Interno, art. 6º, a LBV, para cumprir seus objetivos, desenvolverá um ou mais dos seus Programas Socioassistenciais, a saber: “I – LBV: Crianças Futuro no Presente!; II – LBV: Esporte é Vida!; III – Cidadão Bebê; IV – Ronda da Caridade; V – Capacitação Profissional; VI – Espaço

32

LEGIÃO DA BOA VONTADE – LBV: Educando com espiritualidade ecumênica. Disponível em: <www.lbv.org.br>. Acesso em: 29 ago. 2009.

33 LEGIÃO DA BOA VONTADE – LBV: Educando com espiritualidade ecumênica. Disponível em:

<www.lbv.org.br>. Acesso em: 29 ago. 2009.

34 LEGIÃO DA BOA VONTADE – LBV. Regimento Interno: SSE – Superintendência

Socioeducacional; DSA – Departamento Socioassistencial: Centros Comunitários e Educacionais da LBV. São Paulo: 2008. p. 2.

(23)

de Convivência; VII – Plantão Social”.35

Quanto ao público beneficiário, o art. 7º do Regimento Interno aduz que a LBV atenderá a pessoa em situação de vulnerabilidade ou risco pessoal e social, de diferentes faixas etárias, conforme o programa desenvolvido:

I – LBV: Crianças Futuro no Presente! Criança dos 6 anos aos 11 anos e 11 meses.

II – LBV: Esporte é Vida! Crianças e adolescentes dos 6 anos aos 18 anos. III – Cidadão Bebê: Gestantes: crianças de 01 a um ano de vida e suas mães.

IV – Ronda da Caridade: Todas as faixas etárias, nas famílias das comunidades.

V – Capacitação Profissional: pessoas a partir dos 14 anos.

VI – Espaço de Convivência: adolescentes e jovens, adultos e idosos. VII – Plantão Social: adolescentes e jovens, adultos e idosos.36

No que se refere à estrutura, as unidades da LBV, segundo o Regimento Interno, “deverá atender a todos os requisitos previstos para um bom funcionamento e atendimento do público beneficiado”.37

Para tanto, as unidades da LBV, de acordo com o tamanho e disposição arquitetônica, deverão conter, no mínimo, as seguintes dependências:

I - Recreação: no saguão ou hall do CCOE38, para recepção de pessoas. II - Administração: Sala do Gestor Social.

III - Equipe Técnica: sala do Assistente Social, Pedagogo, Psicólogo ou outros profissionais técnicos do CCOE.

IV - Atendimentos: sala para atendimento técnico individual. V - Reuniões: sala de reuniões da equipe de trabalho do CCOE. VI - Atividades: Sala para as atividades dos programas.

VII - Cursos Técnicos: sala de aula para cursos técnicos.

VIII - Cozinha: para o preparo de alimentos para funcionários e beneficiários.

IX - Refeitório: para os serviços de alimentação dos funcionários e empregados

X - Escovódromo: para escovação de dentes das crianças participante dos programas desenvolvido.

XI - Almoxarifado: para a guarda de material de uso, de limpeza e outros. XII - Despensa: para a guarda de alimentos não perecíveis.

35

LEGIÃO DA BOA VONTADE – LBV. Regimento Interno: SSE – Superintendência

Socioeducacional; DSA – Departamento Socioassistencial: Centros Comunitários e Educacionais da LBV. São Paulo: 2008. p. 2.

36 LEGIÃO DA BOA VONTADE – LBV. Regimento Interno: SSE – Superintendência

Socioeducacional; DSA – Departamento Socioassistencial: Centros Comunitários e Educacionais da LBV. São Paulo: 2008. p. 3.

37 LEGIÃO DA BOA VONTADE – LBV. Regimento Interno: SSE – Superintendência

Socioeducacional; DSA – Departamento Socioassistencial: Centros Comunitários e Educacionais da LBV. São Paulo: 2008. p. 3.

(24)

XIII - Lavanderia: para a utilização dos profissionais de limpeza da unidade. XIV - Banheiros: separados, para uso dos beneficiários (masculino e feminino) e dos empregados (masculino e feminino), em número adequado

ao tamanho da unidade.39

Em relação ao atendimento, diz o Regimento que “os usuários e pessoas que procuram o CCOE da LBV deverão ser recebidas e tratadas com atenção respeito e dignidade”. Desta maneira, “o Assistente Social, outros profissionais e técnicos deverão atender os usuários dos programas conforme a metodologia, atividades e procedimentos de cada um”.40

Quanto à alimentação servida aos usuários, o art. 22 do Regimento declara que a mesma “[...] deverá seguir cardápio previamente elaborado para a unidade, considerando as características regionais e priorizando uma alimentação balanceada e saudável”. Além disso, “o Assistente Social deverá, no ato de matrícula de cada beneficiário dos programas desenvolvidos no CCOE, verificar necessidade de alimentação especial”.41

Nesse passo, vale destacar o equívoco de nomenclatura cometido pelo Regimento Interno da LBV na redação acima mencionada, considerando a utilização da expressão “Assistência Social” quando o correto é “Serviço Social”.

Já no que tange ao quadro de pessoal, a unidade da LBV deve ser constituída de: I – Gestor Social; II – Recepcionista; III – Assistência Social; IV – Pedagogo; V – Psicólogo; VI – Educador Social; VII – Auxiliar de Educador Social; VIII –Instrutor de Esportes; IX – Instrutor de Música; X – Instrutor de Cursos Livres; XI – Auxiliar de Escritório; XII – Motorista; XIII – Porteiro; XIV – Cozinheiro; XV – Auxiliar de Cozinha; XVI – Serviços Gerais e XVII – Auxiliar de Limpeza.42

Por oportuno, sublinha-se que o art. 29 elenca as atribuições do Assistente Social junto à unidade da LBV, a saber:

Art. 29 – São atribuições do Assistente Social:

39 LEGIÃO DA BOA VONTADE – LBV. Regimento Interno: SSE – Superintendência

Socioeducacional; DSA – Departamento Socioassistencial: Centros Comunitários e Educacionais da LBV. São Paulo: 2008. p. 4.

40

LEGIÃO DA BOA VONTADE – LBV. Regimento Interno: SSE – Superintendência

Socioeducacional; DSA – Departamento Socioassistencial: Centros Comunitários e Educacionais da LBV. São Paulo: 2008. p. 5.

41

LEGIÃO DA BOA VONTADE – LBV. Regimento Interno: SSE – Superintendência

Socioeducacional; DSA – Departamento Socioassistencial: Centros Comunitários e Educacionais da LBV. São Paulo: 2008. p. 5.

42 LEGIÃO DA BOA VONTADE – LBV. Regimento Interno: SSE – Superintendência

Socioeducacional; DSA – Departamento Socioassistencial: Centros Comunitários e Educacionais da LBV. São Paulo: 2008. p. 6.

(25)

I- Realizar e acompanhar atividades teóricas e práticas dos programas socioeducacionais desenvolvidos, de acordo com sua função.

I-a) Elaborar Planos e Projetos da área social, em conformidade com os programas institucionais, que visem a melhoria da qualidade dos atendimentos prestados e procurem responder as demandas do usuários; I-b) Elaborar e conduzir pesquisas sociais, a fim de conhecer a realidade social e o publico alvo de suas ações;

I-c) Participar de cursos, seminários, congressos e afins, relacionados a área social, buscando somar conhecimentos e representando a LBV, quando necessário;

I-d) Auxiliar e sugerir atividades aos educadores, voluntários e estagiários, que atuem nos diversos programas, dentro do ponto de vista socioeducacional e sempre que observada esta necessidade;

I-e) Auxiliar e colaborar na busca de parcerias em beneficio dos usuários, desde que a atividade não interfira na rotina e na qualidade dos atendimentos prestados.

I-f) Assegurar a integridade física, a dignidade e o respeito para com os usuários.

II-Realizar o acompanhamento social aos usuários dos programas socioeducacionais e suas famílias.

II-a) Dar ênfase dentre as ações propostas no plano de trabalho, aquelas que visem o apoio e a emancipação familiar;

II-b) Realizar visitas domiciliares com a finalidade de estreitar relacionamento com as famílias e/ou verificar situação sócio-econômica; II-c) Utilizar-se de técnicas e instrumental profissional, com vistas ao desenvolvimento das atividades dos programas;

II-d) Elaborar relatórios, pareceres e laudos técnicos quando solicitado; II-e) Realizar atendimentos individuais e em grupo às famílias;

II-f) Realizar avaliações, diagnósticos e estudos sociais, sempre que necessário;

II-g) Zelar pelo registro dos atendimentos realizados e pela organização de prontuários dos usuários;

II-h) Elaborar e atuar em projetos em relação ao futuro, dentro das necessidades e interesses das crianças e adolescentes;

II-i) Realizar encaminhamentos, conforme as necessidades;

III- Relacionar-se com os Conselhos de Direitos, órgãos públicos e organizações e afins quanto ao trabalho socioeducacional desenvolvido; III-a) Relacionar-se com o Conselho Municipal da Criança e do Adolescente, Conselho Tutelar e outros órgãos para tratar de assuntos técnicos sobre as crianças e adolescentes atendidos.

III-b) Relacionar-se com os Conselhos Municipais e/ou estaduais, a fim de manter-se atualizado quanto às leis, exigências, políticas e recomendações sociais.

III-c) Acompanhar e informar ao gestor social e a SSE quanto a necessidades e providencias relacionadas a registros e outros documentos funcionais.

III-d) Analisar o trabalho local a partir das exigências legais e políticas sociais e sugerir providencias.

IV -Supervisionar, acompanhar e orientar profissionais voluntários e estagiários de Serviço Social.

IV-a) Elaborar plano de trabalho para estagiários e voluntários, determinando as atividades que poderão ser efetuadas por estes profissionais.

IV-b) Solicitar, quando voluntário, a comprovação de formação acadêmica, registro ativo no Conselho de Serviço Social e demais documentos necessários;

IV-c) Acompanhar as atividades realizadas por voluntários e estagiários de forma a orientá-los quando necessário e identificar possíveis condutas incorretas;

(26)

teóricos sobre temas relacionados ao trabalho que é desenvolvido no Lar; IV- e) Elaborar documentos necessários para a execução do estagio, cumprindo as solicitações da Unidade Educacional a qual o estagiário esteja vinculado.

V-Realizar avaliações dos Programas, conforme os instrumentos e períodos estabelecidos.

V-a) Aplicar e responder os instrumentos de avaliação dos programas, nas épocas estabelecidas;

V-b) Acompanhar impacto, desenvolvimento e evolução de intervenções na sua área de atuação.

VI – Elaborar relatório mensal de trabalho conforme instrumentos estabelecidos encaminhando-os a SSE.

VI-a) Elaborar o relatório mensal descrevendo as atividades realizadas que venham ao encontro dos objetivos traçados no planejamento anual;

VI-b) Elaborar relatório mensal de casos, conforme a necessidade.

VII – Colaborar e acompanhar o preenchimento e registro, no sistema social, de formulários de controle dos programas sociais.43

Após a apresentação das principais características da LBV, em função do objetivo principal deste trabalho monográfico, destaca-se o surgimento da unidade da LBV de Florianópolis.44

Preambularmente, sublinha-se que a idéia de criação da unidade de Florianópolis foi proposta na noite de 03 de julho de 1955, numa roda de amigos, pelo estudante de medicina, Ney Gonzaga.45

De acordo com registros da instituição, consubstanciados na “lembrança da inauguração oficial do núcleo n. 20 da LBV de Florianópolis”, nos dias seguintes ao surgimento da idéia, “[...] encabeçou o movimento o dinâmico Ten. Octavio M.Ulysséa, criando, desde logo, uma Comissão Pró-Fundação do núcleo e efetuando, semanalmente, reuniões preparatórias, com explanações sobre os elevados ideais e propósitos da LBV”.46

Por conseguinte, em 05 de janeiro de 1956, às 20 horas, no Clube 15 de outubro, realizou-se uma assembléia geral para fundação da instituição na capital de Santa Catarina. Nesse sentido, anota-se que:

Compareceram cerca de duzentas pessoas de todas as classes sociais e de

43

LEGIÃO DA BOA VONTADE – LBV. Regimento Interno: SSE – Superintendência

Socioeducacional; DSA – Departamento Socioassistencial: Centros Comunitários e Educacionais da LBV. São Paulo: 2008. p. 7.

44

LEGIÃO DA BOA VONTADE – LBV: Lembrança da inauguração oficial do núcleo n. 20 da LBV de Florianópolis, em 02.06.57.

45 LEGIÃO DA BOA VONTADE – LBV: Lembrança da inauguração oficial do núcleo n. 20 da LBV de

Florianópolis, em 02.06.57.

46

LEGIÃO DA BOA VONTADE – LBV: Lembrança da inauguração oficial do núcleo n. 20 da LBV de Florianópolis, em 02.06.57.

(27)

várias religiões e correntes filosóficas. Presidindo à mesa, o Ten. Ulysséa concitou a assistência a manter a mais estrita imparcialidade, abstendo-se de todo sectarismo religioso, visto assim o requerer o caráter universalista da grande Causa Legionária. Falaram vários oradores, após o que foi constituída a primeira Diretoria Provisória.

Por nimia gentileza da Direção do Clube Quinze de Outubro, da qual era presidente o Subten. João Pedro Nunes, ficou a sede social do Núcleo estabelecida, provisória e gratuitamente. Naquele local fixando-se a quinta feira de cada semana para as reuniões públicas, às 20 hs.47

Por fim, destaca-se que a unidade da LBV de Florianópolis foi efetivamente instituída em 02 de junho de 1957, constituindo o Núcleo nº 20 da instituição Legião da Boa Vontade.48

2.3 O PROGRAMA LBV – CRIANÇA: FUTURO NO PRESENTE!

Conforme já mencionado, um dos programas desenvolvidos pela LVB é aquele denominado “Criança: Futuro no Presente!”.

O objetivo geral deste programa consiste em colaborar para o “[...] protagonismo de crianças de 6 a 11 anos e 11 meses, considerando sua história de vida e singularidades, por meio de atividades que despertem competências e habilidades, promovam a vivência de valores e integrem a família”.49

Já os objetivos específicos, por seu turno, são os seguintes:

1. Acompanhar o desenvolvimento humano e social das crianças.

2. Refletir sobre valores éticos, morais e espirituais favorecendo a formação da cidadania ecumênica.

3. Desenvolver o raciocínio lógico, coordenação motora, memorização, musicalização e criatividade, por meio de oficinas artísticas e culturais (música, dança, teatro, artes plásticas e literatura) e/ou também do uso de computadores.

4. Promover o brincar, de forma criativa e prazerosa, por meio de brincadeiras e jogos recreativos, brinquedos e jogos pedagógicos.50

47 LEGIÃO DA BOA VONTADE – LBV: Lembrança da inauguração oficial do núcleo n. 20 da LBV de

Florianópolis, em 02.06.57.

48

LEGIÃO DA BOA VONTADE – LBV: Lembrança da inauguração oficial do núcleo n. 20 da LBV de Florianópolis, em 02.06.57.

49 LEGIÃO DA BOA VONTADE – LBV: Projeto do Programa “Criança: Futuro no Presente!” do núcleo

de Florianópolis.

50

LEGIÃO DA BOA VONTADE – LBV: Projeto do Programa “Criança: Futuro no Presente!” do núcleo de Florianópolis.

(28)

Crianças de 6 anos a 11 anos e 11 meses, em situação de vulnerabilidade social, constituem o público alvo do programa.51

Nesse quadrante, cumpre destacar o art. 2º do Estatuto da Criança e do Adolescente: “Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade”.52

Como justificativa, o programa “Criança: Futuro no Presente!” apresenta:

Considerando que a educação é um processo social e contínuo, este programa aborda aspectos que contribuem com a escola e a família na formação integral das crianças. Todas as suas práticas contribuem com a proteção e defesa dos direitos da criança. De uma forma lúdica e prazerosa o programa visa entrosar a criança com as práticas educativas, oportunizando sua melhoria e aperfeiçoamento cognitivo. As diversas oficinas elaboradas e trabalhadas com as crianças as tornam protagonistas de sua própria história no contexto social em que está inserida.53

No que se refere à metodologia, registra-se que, quanto à estrutura de funcionamento, o programa acontece de segunda a sexta-feira, das 8h00 às 12h00 e das 13h00 às 17h00, no período inverso ao escolar. Entretanto, deve-se priorizar as idades afins para formação das turmas, isto é, 6, 7 e 8 anos e 9, 10 e 11 anos. As turmas são formadas por 20 a 25 crianças para um educador, respeitando-se o espaço físico de cada local.54

Denota-se que tais disposições encontram-se em consonância com o Estatuto da Criança e Adolescente, na forma como dispõe o art. 3º deste diploma legal:

Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de

51 LEGIÃO DA BOA VONTADE – LBV: Projeto do Programa “Criança: Futuro no Presente!” do núcleo

de Florianópolis.

52 BRASIL. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do

Adolescente e dá outras providências. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil/LEIS/L8069.htm>. Acesso em: 10 set. 2009.

53 LEGIÃO DA BOA VONTADE – LBV: Projeto do Programa “Criança: Futuro no Presente!” do núcleo

de Florianópolis.

54

LEGIÃO DA BOA VONTADE – LBV: Projeto do Programa “Criança: Futuro no Presente!” do núcleo de Florianópolis.

(29)

dignidade.55

Frisa-se que, a cada 15 dias, a equipe técnica se reúne para atividades de planejamento e avaliação do programa.56

As vagas, por seu turno, são divulgadas nas escolas da região e comunidade e as inscrições são realizadas a partir de uma triagem que define quais as crianças que serão matriculadas no programa. Para tanto, as famílias das crianças são visitadas pela Assistente Social.57

No ato da matrícula, os pais e/ou responsáveis apresentam documentos e recebem o regulamento de Funcionamento do PCFP – Programa Criança Futuro no Presente!. Um dos critérios para participar do Programa é estar inserido na rede de Ensino.58

Quanto às atividades, em salas e ambientes externos são realizadas: Oficina do Saber, Oficina dos Arteiros, Oficina Cultural, Oficina de Cultura Ecumênica, Recreação, Espaço do Brincar e outras atividades, desenvolvidas por profissionais e voluntários. São também realizados encontros e palestras com as famílias das crianças.59

Desta forma, o programa pode ser analisado sob o ponto de vista preconizado no Estatuto da Criança e do Adolescente que contempla o seguinte:

Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.

Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende:

a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias; b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública;

c) preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas; d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção à infância e à juventude.60

55

BRASIL, 1990.

56 LEGIÃO DA BOA VONTADE – LBV: Projeto do Programa “Criança: Futuro no Presente!” do núcleo

de Florianópolis.

57

LEGIÃO DA BOA VONTADE – LBV: Projeto do Programa “Criança: Futuro no Presente!” do núcleo de Florianópolis.

58 LEGIÃO DA BOA VONTADE – LBV: Projeto do Programa “Criança: Futuro no Presente!” do núcleo

de Florianópolis.

59

LEGIÃO DA BOA VONTADE – LBV: Projeto do Programa “Criança: Futuro no Presente!” do núcleo de Florianópolis.

(30)

No que tange aos demais atendimentos disponibilizados pelo programa, ressalta-se:

Atendimento social: As necessidades identificadas pela equipe técnica são passadas ao Assistente Social, que fará acompanhamento junto à criança e sua família.

Atendimento psicológico: As necessidades identificadas pela equipe técnica são passadas ao Psicólogo, que fará acompanhamento junto à criança e sua família.

Atendimento Técnico: Além do acompanhamento social pode haver atendimento de outros profissionais como: psicopedagogo, pedagogo, dentista, pediatra, etc.

Encaminhamentos: Havendo necessidade os usuários são encaminhados à rede de serviços.

Visitas Institucionais: Visitas a escolas e centros de atendimento especializados, com a finalidade de estabelecer acordos para as atividades dos programas [grifos no original].61

Como benefícios, são fornecidos, aos participantes do programa, no turno da manhã, café da manhã, almoço e materiais como: material pedagógico, brinquedos, kit de higiene, etc., e, no turno da tarde, almoço, lanche da tarde e materiais como: material pedagógico, brinquedos, kit de higiene, etc.62

Acerca dos objetivos específicos das atividades, ressalta-se:

Atendimento Social: intervenção individual a partir de situações observadas no cotidiano da criança.

Atendimento Psicológico: Atendimento psicológico, a partir de situações identificadas e de comum acordo com o trabalho do Assistente Social Encaminhamentos: Encaminhamentos diversos

Atendimento técnico: Dentista, Pediatra etc. Eventos Internos: Confraternização, festas, etc.

1 Acompanhar o desenvolvimento humano e social das crianças. Eventos Externos: Passeios, visitas, etc.

2. Refletir sobre valores éticos, morais e espirituais favorecendo a formação da cidadania ecumênica.

Oficina de Cultura Ecumênica: diálogos, discussões, debates,

dramatizações, fóruns.

Oficina dos Arteiros: pintura em tela, tecidos, desenho, origami; modelagem; mosaico; escultura etc; confecção de fantoches e jogos educativos; trabalho com sucata;

Oficina Cultural: leitura de livros, dramatização de histórias, documentários culturais, filmes, teatro, dança e musicalização.

Oficina do Saber: realização das tarefas escolares.

Inclusão digital: softwares e jogos educativos, produção de textos, entre outros instrumentos.

61 LEGIÃO DA BOA VONTADE – LBV: Projeto do Programa “Criança: Futuro no Presente!” do núcleo

de Florianópolis.

62

LEGIÃO DA BOA VONTADE – LBV: Projeto do Programa “Criança: Futuro no Presente!” do núcleo de Florianópolis.

(31)

3. Desenvolver o raciocínio lógico, coordenação motora, memorização, musicalização e criatividade, por meio de oficinas artísticas e culturais e/ou do uso de computadores.

Coral Ecumênico Infantil: musicalização e canto coral.

Recreação: brincadeiras recreativas, jogos cooperativos e competitivos, brincadeiras de roda e cantadas.

4. Promover o brincar, de forma criativa e prazerosa, por meio de brincadeiras e jogos recreativos, brinquedos e jogos pedagógicos. Espaço de Brincar: Brincadeiras com jogos e faz de conta [grifos no original]. 63

A avaliação é realizada através de “[...] questionários estruturados, preenchidos periodicamente pelos beneficiários e profissionais”. 64

Pelo exposto, denotam-se as principais diretrizes do Programa “Criança: Futuro no Presente!” desenvolvido pela LBV. Por conseguinte, registra-se que foi nesse espaço que as autoras deste trabalho de conclusão de curso desenvolveram o estágio obrigatório durante a graduação em Serviço Social. 65

Ademais, ressalta-se a importância do programa mencionado para a efetivação dos direitos da criança previstos no ordenamento jurídico brasileiro, especialmente no Estatuto da Criança e do Adolescente, bem como para a valorização do direito à convivência familiar e comunitária, tema que será melhor analisado no capítulo seguinte desta pesquisa.

Assim, em continuidade, registra-se que, no próximo capítulo, apresentar-se-á uma análise sobre os conceitos de família, com o intuito de construir um fundamento teórico para a análise dos resultados obtidos com a pesquisa de campo realizada com o fim de estudar “o perfil socioeconômico e cultural das famílias com crianças na faixa etária entre 08 a 10 anos de idade, atendidas pelo projeto “Criança: Futuro no Presente” no centro comunitário da LBV (Legião da Boa Vontade) – Filial Estreito – Florianópolis/SC”. 66

63 LEGIÃO DA BOA VONTADE – LBV: Projeto do Programa “Criança: Futuro no Presente!” do núcleo

de Florianópolis.

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LEGIÃO DA BOA VONTADE – LBV: Projeto do Programa “Criança: Futuro no Presente!” do núcleo de Florianópolis.

65 LEGIÃO DA BOA VONTADE – LBV: Projeto do Programa “Criança: Futuro no Presente!” do núcleo

de Florianópolis.

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LEGIÃO DA BOA VONTADE – LBV: Projeto do Programa “Criança: Futuro no Presente!” do núcleo de Florianópolis.

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3 A FAMÍLIA NA PERSPECTIVA DAS MUDANÇAS SOCIAIS E DO SERVIÇO SOCIAL

“[...] existe um tempo para melhorar, para se preparar e planejar; igualmente existe um tempo para partir para a ação”. (Amyr Klink)

Tratar de família significa “rememorar a identidade e o espaço mais íntimo de existência; é tocar no lócus que dá origem à história de cada pessoa”.67

Desta maneira, sublinha-se que este capítulo tem como propósito principal estudar os principais aspectos que envolvem as concepções de família, bem como apresentar uma reflexão sobre as aproximações ético-políticas; teórico-metodológicas e técnico-operativas do Serviço Social junto às famílias.

3.1 NOÇÕES INTRODUTÓRIAS SOBRE AS FAMÍLIAS

A família, uma das instituições mais antigas da história da humanidade, sempre ocupou papel de destaque na sociedade. Nesse contexto, sublinha-se que “o acasalamento sempre existiu entre os seres vivos, seja em decorrência do instinto de perpetuação da espécie, seja pela verdadeira aversão que todas as pessoas têm à solidão”.68

Entretanto, analisando a história, verifica-se que, “entre os vários organismos sociais e jurídicos, a família foi, sem sombra de dúvida, uma das principais organizações que se alteraram no curso do tempo e da história.69

No Brasil do século XVI a família era baseada no matrimônio e no patriarcado, ou seja, na incapacidade jurídica da mulher e na soberania do marido

67

CARVALHO, Maria do Carmo Brant de et al. Serviços de proteção social às famílias. 2. ed. rev. e ampl. São Paulo: IEE/PUC-SP, 1998.

68 DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 4. ed., rev. atual. e ampl. São Paulo:

Revista dos Tribunais, 2007. p. 27.

69

AKEL, Ana Carolina Silveira. Guarda compartilhada: um avanço para a família. São Paulo: Atlas, 2008. p. 3.

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perante a família. Nesse período a mulher não tinha o direito de substituir o marido em suas decisões, mesmo quando este se encontrava ausente.70

Nessa sociedade conhecida como “conservadora”, “os vínculos afetivos, para merecerem aceitação social e reconhecimento jurídico, necessitavam ser chancelados pelo que se convencionou chamar de matrimônio”.71

Contudo, “a partir da segunda metade do século XIX, o processo de modernização e o movimento feminista provocaram outras mudanças na família e o modelo patriarcal passou a ser questionado”. 72

José Bernardo Ramos Boeria, através de sua doutrina, explica essa transformação:

A denominada ‘grande família’, com caráter patriarcal e hierarquizado, centrada no matrimônio, sofreu transformações que foram constatadas e reveladas por sociólogos, historiadores e juristas, chegando para muitos a ser considerada como um processo de desintegração familiar. Este processo é resultado de profundas mudanças das estruturas sociais, econômicas, políticas e culturais, tais como a Revolução Industrial, grandes concentrações urbanas, inserção da mulher no processo de produção e

emancipação feminina.73

Diante disso, passa-se, então, a se delinear o conceito de família conjugal moderna, “[...] na qual o casamento se dá por escolha dos parceiros com base no amor romântico, tendo como perspectiva a superação da dicotomia entre amor e sexo, e novas formulações para os papéis do homem e da mulher no casamento”.74

Assim, a indissolubilidade do casamento perde espaço para as separações e para o divórcio que, por sua vez, passa a fazer parte da vida cotidiana.

Nesse viés, anota-se que as mudanças das formas da vida conjugal traduzem-se “[...] no aumento da monoparentalidade ‘predominantemente feminina’ e da taxa de divórcios e re-casamentos, com a conseqüente recomposição do casal. Isso resultou numa desinstitucionalização do casamento, segundo aqueles autores”. Verifica-se, portanto, uma transformação na família, “[...] pois o que se observa é o surgimento de novos modos e ser entre homens e mulheres e seus filhos,

70 GUEIROS, Dalva Azevedo. Família e proteção social: questões atuais e limites da solidariedade

familiar. In: Revista Serviço Social e Sociedade Ano XXII nº 71. São Paulo, Ed Cortez, 2002. p. 106.

71 DIAS, 2007, p. 27-28. 72 GUEIROS, 2002, p. 107.

73 BOEIRA, José Bernardo Ramos. Investigação de paternidade: posse de estado de filho –

paternidade socioafetiva. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 1999. p. 22.

Referências

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