A internacionalização das
empresas e os preços de
transferência
2
•
Integração económica das unidades jurídicas (sociedades) numa única empresa
plurissocietária
•
Activos e know-how específico irrepetíveis (ausência de comparáveis)
•
Tipos de relações e transacções entre sociedades do grupo que se não encontram em
mercado
•
Quando se encontram comparáveis, a mais das vezes são em pequeno número, com
margens que podem ir, por exemplo, de 2% aqui, 5% ali e 8% acolá
– bandas de
variação enormes (entre 2 e 8, de 400%), que se prestam a juízos para todos os gostos
(espaço para uma litigiosidade endémica; potenciador de duplas tributações por falta de
entendimento entre as AT das jurisdições relevantes
•
Dito de outro modo, ausência de base de apoio em grandes números que permitam
resultados estatisticamente relevantes
•
Cfr. H
AGEN
L
UCKHAUPT
, M
ICHAEL
O
VERESCH
&
ULRICH
SHREIBER
, “The OECD Approach to
Transfer Pricing: a Critical
Assessment”
”,
in
“Fundamentals of International Transfer
Pricing in Law and Economics”
Semapa
– Áreas de negócio
99,89%
4
Portucel
– Pegada mundial – Produção, I&D e comercialização
Localização da produção, de subsidiárias com funções de comercialização, e de
unidades dedicadas a I&D e a viveiros florestais
• Amsterdão
• Bruxelas
• Cacia - Aveiro
• Colónia
• Eixo - Aveiro
• Figueira da Foz
• Geneva
• Londres
• Madrid
• Paris
• Pegões - Palmela
• Setúbal
• Verona
• Viena
• Varsóvia
• Norwalk, CT
• Casablanca
2011
Portugal
Exterior
Imposto Corrente
43.489.969
41.817.598
1.672.371
Provisões
5.107.598
5.107.598
-
Imposto Diferido
5.460.337
5.460.337
-
54.057.904
52.385.533
1.672.371
Réditos
1.487.884.293
241.136.043
1.246.748.250
RAI
250.403.760
244.862.389
5.541.371
Imposto esperado
72.617.090
29,00%
Alteração tx IRC
12.830.272
5,12%
Provisão
5.107.598
2,04%
Diferenças defin.
(23.028.531)
(9,20%)
Benefícios Fiscais
(13.468.525)
(5,38%)
54.057,904
21,59%
6
Repartição % das Vendas, Activos tangíveis e Pessoal do grupo Portucel em 2011
% Vendas % activos % colaboradores % Gastos pessoal Alemanha 12,1% 0,0% 0,7% 1,3% Áustria 1,0% 0,0% 0,2% 0,6% Bélgica 2,4% 0,0% 0,0% 0,1% Bulgária 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% Chipre 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% Dinamarca 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% Eslováquia 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% Eslovénia 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% Espanha 10,1% 0,0% 0,7% 0,9% Estónia 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% Finlândia 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% França 9,4% 0,0% 0,5% 1,2% Grécia 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% Holanda 3,6% 0,0% 0,4% 0,7% Hungria 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% Irlanda 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% Itália 6,6% 0,0% 0,4% 0,7% Letónia 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% Lituânia 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% Luxemburgo 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% Malta 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% Polónia 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% Portugal 48,5% 100,0% 96,7% 93,8% Reino Unido 6,2% 0,0% 0,4% 0,7% República Checa 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% Roménia 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% Suécia 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%
Possíveis remédios: CCCTB na UE
•
Apura-se um resultado único para a empresa plurissocietária: consolidação de
resultados que ignora transações intra-grupo
•
O lucro tributável único é dividido pelas jurisdições interessadas de acordo com os
seguintes critérios electivos e de ponderação:
•
Localização do factor laboral, com um peso de 22,5% para o número de
trabalhadores e de outros 22,5% para o montante dos salários, num total de 45%;
•
Localização dos activos (excluindo-se intangíveis e financeiros) com um peso de
45%
•
Localização do destino das vendas, com um peso de 10%
•
Cada jurisdição fixa a sua taxa de tributação e aplica-a
•
O que se mantém: predominância dos interesses do Estado da residência/localização
da produção (no global, peso de 90%) por oposição ao Estado do consumo (10%)
8
Possíveis remédios: CCCTB na EU (Cont.)
•
O que desaparece: necessidade de determinar preços de transferência nas
transacções intragrupo
•
O que é atenuado: concorrência fiscal entre Estados, que deixa de se fazer numa
lógica de “atrair lucros” e passa a restringir-se mais ao plano mais substancial da lógica
de atrair empresas/produção através do uso da faculdade de fixar a taxa de imposto
•
O que se sacrifica: reconhecimento da diferenciação de margens/rentabilidade da
actividade entre diferentes jurisdições (equidade entre nações)
•
No limite, não obstante prejuízos da actividade numa jurisdição, esta continua a tributar
(só resultado consolidado conta) e, simetricamente, as jurisdições onde ocorre
actividade mais rentável tributam menos
•
Estimativa de aplicação do CCCTB em 2011 preparada pela E&Y para o grupo Portucel
Soporcel abrangendo os 27 Estados membros mostra que jurisdições de localização de
subsidiárias com funções financeiras (poucos activos e pouca mão de obra) e poucas
vendas locais (Bélgica) vêm diminuído o lucro tributável por si apropriável
Possíveis remédios: CCCTB na EU (Cont.)
•
A mesma estimativa de aplicação do CCCTB revela ainda que o factor
“destino das
vendas”, mesmo com o peso reduzido que lhe é atribuído pelo CCCTB (10%), provoca
significativos aumentos do lucro tributável apropriável pelas jurisdições de destino
(grandes mercados de destino das vendas como a Alemanha, França e Reino Unido)
•
No caso de Portugal há uma redução em 12% do lucro tributável apropriável, em
resultado de dois factores:
a redução do lucro global apurado em razão da
consolidação
; a distribuição do lucro tributável em razão, agora também, da
ponderação do factor “destino das vendas”
•
O factor
“destino das vendas” (atribuição do lucro ao mercado onde se realizam as
vendas) é sem dúvida, se sair da actual modesta posição que ocupa (10% da
ponderação) o mais capaz de revolucionar a alocação do lucro tributável entre países
•
As indústrias exportadoras passariam a ver os seu lucros tributados sobretudo lá fora
(mercado de destino da venda) e em teoria (se se universalizasse a regra) os países
com défice comercial tenderiam a ver o lucro aí tributável aumentar
10
Possíveis remédios: CCCTB na EU (Cont.)
•
O reporte de resultados e vendas segregadamente por país tornará transparente o que
cada jurisdição fiscal perde ou ganha entre manter-se a actual preponderância da
localização da produção e a mudança para um cenário de maior peso da localização do
factor vendas.
Resultado tributável actual
Resultado tributábel CCCTB
antes de alocação Vendas Activos Colaboradores
Gastos com pessoal Factor CCCTB após alocação Alemanha ,40 ,43 176,90 ,10 15,00 1,60 1,7% 2,82 Áustria ,10 ,08 15,00 - 5,00 ,70 0,3% ,48 Bélgica 3,40 4,06 35,40 - 1,00 ,10 0,3% ,46 Bulgária - - - - - - 0,0% -Chipre - - - - - - 0,0% -Dinamarca - - - - - - 0,0% -Eslováquia - - - - - - 0,0% -Eslovénia - - - - - - 0,0% -Espanha 3,90 3,90 148,00 ,10 15,00 1,10 1,4% 2,32 Estónia - - - - - - 0,0% -Finlândia - - - - - - 0,0% -França ,20 ,17 137,30 - 11,00 1,50 1,3% 2,25 Grécia - - - - - - 0,0% -Holanda ,10 ,08 53,10 - 9,00 ,90 0,6% 1,05 Hungria - - - - - - 0,0% -Irlanda - - - - - - 0,0% -Itália ,10 ,07 96,50 - 10,00 ,80 0,9% 1,54 Letónia - - - - - - 0,0% -Lituânia - - - - - - 0,0% -Luxemburgo - - - - - - 0,0% -Malta - - - - - - 0,0% -Polónia - - - - - - 0,0% -Portugal 179,10 160,66 708,60 1.146,50 2.210,00 112,90 92,7% 157,16 Reino Unido ,10 ,08 90,20 - 9,00 ,80 0,9% 1,45 República Checa - - - - - - 0,0% -Roménia - - - - - - 0,0%
12
O modelo CCCTB no grupo Portucel
Taxa IRC Factor
Resultado tributábel CCCTB antes de alocação Carga fiscal actual Resultado tributável CCCTB Carga fiscal CCCTB Diferença Alemanha 33,0% 1,7% ,43 ,13 2,82 ,93 ,80 Áustria 25,0% 0,3% ,08 ,03 ,48 ,12 ,09 Bélgica 34,0% 0,3% 4,06 1,16 ,46 ,16 (1,00) Bulgária 10,0% 0,0% - - - - -Chipre 10,0% 0,0% - - - - -Dinamarca 25,0% 0,0% - - - - -Eslováquia 19,0% 0,0% - - - - -Eslovénia 20,0% 0,0% - - - - -Espanha 30,0% 1,4% 3,90 1,17 2,32 ,70 (,47) Estónia 21,0% 0,0% - - - - -Finlândia 26,0% 0,0% - - - - -França 34,4% 1,3% ,17 ,07 2,25 ,77 ,71 Grécia 20,0% 0,0% - - - - -Holanda 25,0% 0,6% ,08 ,03 1,05 ,26 ,24 Hungria 19,0% 0,0% - - - - -Irlanda 12,5% 0,0% - - - - -Itália 31,4% 0,9% ,07 ,03 1,54 ,48 ,45 Letónia 15,0% 0,0% - - - - -Lituânia 15,0% 0,0% - - - - -Luxemburgo 21,0% 0,0% - - - - -Malta 35,0% 0,0% - - - - -Polónia 19,0% 0,0% - - - - -Portugal 25,0% 92,7% 160,66 44,78 157,16 39,29 (5,49) Reino Unido 26,0% 0,9% ,08 ,03 1,45 ,38 ,35 República Checa 19,0% 0,0% - - - - -Roménia 16,0% 0,0% - - - - -Suécia 26,3% 0,0% - - - - -100,0% 169,53 47,41 169,53 43,09 (4,32)
Outro possível remédio: fórmulas também, mas focando-se na transacção
•
Cfr. H
AGEN
L
UCKHAUPT
, M
ICHAEL
O
VERESCH
& U
LRICH
S
HREIBER
,
“The OECD Approach
to Transfer Pricing: a Critical Assessment”
”
em
“Fundamentals of International Transfer
Pricing in Law and Economics”: descrição e referência a várias propostas neste sentido
•
A ideia é: focagem principal não na transacção atomizada, mas no conjunto de
operações envolvidas no processo que culmina com a venda a um terceiro (fora do
grupo), para evitar o problema maior dos comparáveis em transacções intragrupo
•
A distribuição do lucro (ou prejuízo) entre jurisdições fiscais opera com respeito ao lucro
(ou prejuízo) apurado por referência a esse “pacote de transacções”
•
Depois entram as fórmulas de distribuição, que em abstracto podem ser construídas
para todos os gostos. Caso se priviligie em absoluto o
“point of sale” (mercado para
onde se vende), as transacções intragrupo precedentes far-se-ão para efeitos fiscais
simplesmente a “preços de custo” e o vendedor para fora do grupo fica com o lucro (ou
prejuízo)
14